Aquecimento global: Parte 4 – Créditos de carbono O aquecimento do planeta é um fenômeno que esta acontecendo e que deve ser tratado com ênfase por todos, pois compromete a sobrevivência das gerações atuais e pode ser crucial para as gerações futuras. A maior emissão de gases causadores do efeito estufa e também de gases destruidores da camada de ozônio é realidade. Os seus efeitos estão sendo sentidos cada vez mais e com conseqüências catastróficas que comprometem a sobrevivência humana. Entretanto, o que se pode fazer para minimizar tais impactos? O que fazer para que as gerações futuras possam desfrutar do planeta sem serem relegados a viver somente em algumas partes do planeta? Existem algumas ações que devem ser concretizadas o mais rápido possível para que se possa frear o aquecimento global e num futuro próximo, tornar o planeta mais sustentável. A crescente emissão de gás carbônico (CO2) ao longo dos anos é o principal agente causar do fenômeno efeito estufa e que contribui definitivamente para o aquecimento global. Sabendo de tal situação, a comunidade científica enfatiza a necessidade de se diminuir a emissão de CO2 e também de retirar parte deste gás da atmosfera para que se minimize o efeito estufa e o aquecimento global. A presença de gases na atmosfera é importante, pois se não houvessem tais gases, a radiação solar que é refletida pelo planeta iria diretamente ao cosmos. Estes gases funcionam como uma barreira para esta radiação, mantendo-a dentro do planeta, o que faz com que o planeta fique aquecido, caso contrário, a radiação refletida pela terra iria para o cosmos e o planeta estaria submetido a temperaturas baixíssimas, até mesmo, impedindo a sobrevivência humana. A fim de incentivar a redução na emissão de gases de efeito estufa para a atmosfera ou de se retirar parte destes da atmosfera, tem-se vislumbrado o tema “créditos de carbono”, o qual visa permitir que algumas pessoas possam continuar emitindo grandes quantidades de carbono via CO2 para o ar e, para isto, pague para alguém plantar e manter árvores a fim de que estas, pelo processo de fotossíntese, retirem o CO2 que foi emitido por quem adquiriu tais créditos de carbono. Trata-se de um mecanismo compensatório. Alguém produz o CO2 e em contrapartida, dá um retorno financeiro (crédito de carbono) para quem seqüestra o CO2 produzido da atmosfera. Portanto, o credito de carbono é algo importante que esta se fazendo, entretanto, não resolve o problema, pois se as emissões se CO2 não forem reduzidas e controladas, se chegará a um ponto em que não haverá compensação entre emissão de CO2 e retirada deste pelos vegetais. O seqüestro de carbono nada mais é de que a retirada de CO2 da atmosfera e a sua retenção em alguma estrutura ou tecido. A maneira mais barata e eficaz de realizar o seqüestro de carbono é realizar o cultivo de plantas, principalmente de árvores. As plantas retiram o CO2 do ar, realizando o seqüestro de carbono, e utilizam este para o crescimento celular (para as plantas crescerem e produzirem raízes, galhos, folhas, frutos, sementes). A realização de manejos conservacionistas de solo, tal como o Sistema Plantio Direto, também atuam no sentido do seqüestro de carbono. Neste tipo de manejo o solo não é revolvido, o que faz com que as plantas que estão sobre o solo sejam mantidas sobre este após seu manejo, não sendo incorporadas. Este fato reduz a taxa de decomposição da palha das plantas e com isso tem-se o aumento no teor de matéria orgânica do solo. Sabe-se que a matéria orgânica do solo contém aproximadamente 58% de carbono, portanto a sua não decomposição pelos microrganismos do solo promove o seqüestro de carbono. Portanto, o plantio de árvores e o manejo conservacionista do solo são fundamentais para a retirada de CO2 e redução da sua concentração na atmosfera. O crédito de carbono poderá trazer benefícios para quem plantar árvores e quem realizar o manejo conservacionista do solo, entretanto, devem ser buscadas informações sobre tal para que se possa fazer um contrato de responsabilidade entre o emissor do CO2 e quem vai realizar o manejo para seqüestrar o carbono produzido. Mas o ponto mais importante é que se deve reduzir drasticamente a emissão de CO2 para a atmosfera para que o planeta possa se recuperar e assim frear o aquecimento global e, isso somente será possível se as pessoas andarem na mesma direção, controlando a emissão de gases e aumentando as fontes que podem seqüestrar carbono, além de buscar alternativas para a substituição da matriz energética atual por fontes que sejam menos poluentes, fato que aturará definitivamente na redução do aquecimento global. • Anderson Rhoden - Engenheiro Agrônomo • Mestre em Ciência do Solo • Professor do curso de Agronomia da FAI-Faculdades • Publicado no Jornal Força do Oeste – 01 de março de 2007. Será que o aquecimento global é o único problema do planeta? Tanto se fala no aquecimento do planeta, sendo este fenômeno considerado um dos principais vilões do século e que irá interferir definitivamente sobre a vida na terra. Entretanto, será que devemos nos preocupar somente com este fenômeno? O que mais pode estar acontecendo com planeta e que pode comprometer a sobrevivência dos seres humanos? A temperatura do planeta está aumentando em função da crescente emissão de gases causadores do efeito estufa. O desenvolvimento das populações, seu crescimento e necessidades fazem com que se maximize o uso dos fatores de produção, entretanto, o sinal de alerta foi acionado, precisa-se fazer algo para frear a emissão de gases e reduzir sua concentração na atmosfera, amenizando o aquecimento do planeta ao longo dos anos. Outro fator importante e que regula a vida é a água. Sua disponibilidade é fator determinante para a qualidade de vida das populações e para sua sobrevivência. A história das civilizações está atrelada à disponibilidade de água. Sabe-se que a água em quantidade e, principalmente, em qualidade é fator limitante para o crescimento socioeconômico das populações, além de ser questão de sobrevivência e segurança nacional. A água é uma dádiva que abençoa o planeta. Sua existência permite que se tenha vida nos mais diferentes lugares. O mundo já sabe disso e é por isso que o assunto disponibilidade de água também se torna importante e imperativo nas discussões voltadas a sobrevivência do planeta. Num futuro próximo a água será um dos bens mais valorizados, pois sem água não há vida. O Brasil é um dos países que possui grande disponibilidade de água, tanto águas superficiais como águas subterrâneas. Ainda existe água em quantidade e qualidade para abastecer as populações, entretanto, o mau uso e manejo dos recursos hídricos vêm lastimando cada vez mais as informações sobre a disponibilidade de água potável. Vejam bem, temos água em abundância, entretanto, esta pode não ser potável, o que limita seu uso. Clima irregular, enxurradas num dia e no outro temperaturas elevadas e estiagem, o clima em caos, os rios desprotegidos, assoreamento, zonas de recarga de aqüíferos e águas superficiais desprotegidas, rios sendo usados como meio de dissolução e carreamento dos poluentes, entre tantos outros impactos, vislumbram que os seres humanos também sentirão a falta de água potável num futuro próximo. Especialistas afirmam que, se não forem tomadas devidas providencias a tempo para frear o aquecimento global e proteger as águas, haverá grandes disputas entre as nações pelos recursos hídricos. Enfim, a sobrevivência dos seres humanos esta novamente nas mãos dos próprios seres humanos. O destino do planeta esta entregue a humanidade. Sua consciência e ação para contornar esses problemas é que vai decidir o futuro do planeta. Outro fator importante e que pouco vem sendo comentando esta voltado à produção de alimentos, não pela sua produção e produtividade, os quais vão muito bem, mas sim pelos seus fatores de produção. Sabe-se que as principais fontes de alguns nutrientes para as plantas são os adubos químicos (adubos minerais), sendo que alguns são produzidos a partir de rochas. Rochas fosfatadas são fonte de fósforo, rochas potássicas, fonte de potássio. Essas rochas são encontradas na natureza em jazidas (locais de seu acúmulo), de onde são industrializadas e vendidas sob a forma de fertilizante. São recursos naturais finitos, assim como o petróleo e a água potável, podendo sua fonte ser esgotada. O aumento no uso de adubos químicos a fim de aumentar a produção e produtividade das lavouras, além do aumento da área plantada com a abertura das fronteiras agrícolas, vem contribuindo para um rápido consumo destas rochas, promovendo seu desgaste e redução de sua reserva. O fósforo, nutriente essencial aos seres vivos, é um dos nutrientes cuja fonte é uma rocha. Assim, chegando-se ao fim das jazidas, finda-se a disponibilidade deste nutriente mineral. Portanto, o aquecimento global não é o único fator preponderante para a sobrevivência humana no planeta, mas sim é o que mais preocupante, pois afeta sobremaneira todos os ecossistemas terrestres, além de estar diretamente ligado a disponibilidade hídrica. A disponibilidade de água, não somente em quantidade, mas também em qualidade, é um fator decisivo a sobrevivência humana, somando-se a estes, a possibilidade de esgotamento das fontes minerais de nutrientes, fato que põem em risco a produção de alimentos e que coloca o planeta num futuro ainda mais incerto. Assim sendo, temos que ver o mundo com outros olhos, pensar nos recursos naturais escassos de maneira global e discutir sua necessidade e uso para que não se comprometa à sobrevivência dos seres humanos no planeta. • Anderson Rhoden - Engenheiro Agrônomo • Mestre em Ciência do Solo • Professor do curso de Agronomia da FAI-Faculdades Publicado no jornal Força do Oeste – 29 de março de 2007.