UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC CURSO DE NUTRIÇÃO JOANA STEINER MARTINS CIRURGIA BARIÁTRICA: TRATAMENTO NA REDE PÚBLICA DE SAÚDE CRICIÚMA, JULHO DE 2009 JOANA STEINER MARTINS CIRURGIA BARIÁTRICA: TRATAMENTO NA REDE PÚBLICA DE SAÚDE Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado para obtenção do grau de Bacharel no curso de Nutrição da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC. Orientador(a): Prof. (ª) MSc.Rita Suselaine Viera Ribeiro CRICIÚMA, JULHO DE 2009 2 JOANA STEINER MARTINS CIRURGIA BARIÁTRICA: TRATAMENTO NA REDE PÚBLICA DE SAÚDE Trabalho de Conclusão de Curso aprovado pela Banca Examinadora para obtenção do Grau de Bacharel, no Curso de Nutrição da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC. Criciúma, 02 de Julho de 2009. BANCA EXAMINADORA Prof. Rita Suselaine Vieira Ribeiro - (Especialista) - Orientador Prof. Paula Rosane Vieira Guimarães - Mestre - (UNESC) Prof. Renan Antônio Ceretta - Mestre - (UNESC) 3 Agradeço a Deus em primeiro lugar por minha saúde e disposição para ter realizado este trabalho. Agradeço também aos meus familiares e a minha Orientadora Prof. Rita por me oferecerem o suporte necessário para finalizar meu trabalho de conclusão de curso. 4 AGRADECIMENTOS Agradeço aos meus familiares, amigos e colegas que de certa forma se envolveram para que este trabalho fosse concluído. Agradeço a minha Professora e orientadora Rita Suselaine Vieria Ribeiro por me ajudar a concluir mais este desafio em minha vida. Agradeço muito as quatro voluntárias que aceitaram participar da pesquisa, sem elas não teria como finalizar meu trabalho de conclusão de curso. Aos Professores Paula Rosane Vieira Guimarães e Renan Antônio Ceretta por constituírem a minha banca examinadora. Muito Obrigada! 5 “O futuro pertence àqueles que acreditam na beleza de seus sonhos”. (Autor desconhecido) 6 RESUMO A obesidade é considerada um dos problemas mais graves de saúde pública na sociedade moderna. Como a obesidade é uma condição médica crônica de etiologia multifatorial, seu tratamento envolve vários tipos de abordagens. Considerando a transformação nos padrões nutricionais da população brasileira, a alta prevalência da obesidade mórbida, sem resposta aos tratamentos habituais, e os riscos à saúde e limitações da qualidade de vida que ela acarreta aos seus portadores, e considerando a necessidade de ampliar a oferta de tratamento cirúrgico na área de gastroplastia, quando tecnicamente indicado, foi aprovado o Protocolo de Indicação de Tratamento Cirúrgico da Obesidade Mórbida-Gastroplastia no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) (FILHO, 2006). O atual estudo teve como objetivo investigar como a Rede Pública de Saúde, em Criciúma, SC, presta assistência para as pessoas que realizaram a Cirurgia Bariátrica. A pesquisa foi submetida e aprovada pela comissão de ética da Universidade de Criciúma- UNESC. Realizou-se um relato de caso das informações coletadas com quatro pacientes do sexo feminino que realizaram a Cirurgia Bariátrica pelo SUS. Cada voluntária participou de uma entrevista no qual respondeu a perguntas abertas e fechadas de um instrumento semi-estruturado. Todas as quatro voluntárias do estudo, afirmam se sentirem satisfeitas com a sua saúde e estética depois de terem realizado a Gastroplastia pelo SUS, porém, há reclamações em relação à assistência prestada pelo SUS, devido à falta de uma equipe multiprofissonal completa necessária para prestar o auxílio necessário. Entretanto, para que o procedimento cirúrgico se torne um sucesso duradouro, é fundamental que sejam obedecidos rigorosos critérios de seleção de candidatos à Cirurgia Bariátrica e que o acompanhamento clínico pré e pósoperatório seja criteriosamente realizado e continuado para o resto da vida. Palavras-chave: Cirurgia Bariátrica. Sistema Único de Saúde. Nutrição. 7 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CAPS – Centro de Apoio Psicossocial CEREST – Centro de Referência em Saúde do Trabalhador IMC – Índice de Massa Corporal MEC – Ministério da Educação e Cultura OMS – Organização Mundial da Saúde SBCB – Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica SUS – Sistema Único de Saúde UTI – Unidade de Terapia Intensiva 8 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................11 2 JUSTIFICATIVA.....................................................................................................13 3 OBJETIVOS...........................................................................................................14 3.1 Objetivo Geral....................................................................................................14 3.2 Objeticos Específicos .......................................................................................14 4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .............................................................................15 4.1 Transição Nutricional........................................................................................15 4.2 Obesidade ..........................................................................................................16 4.3 Cirurgia Bariátrica .............................................................................................18 4.4 Tipos de Cirurgia ...............................................................................................19 4.4.1 Cirugias Restritivas........................................................................................19 4.4.1.1 Técnicas Restritivas....................................................................................19 4.4.2 Cirurgias Disabsortivas .................................................................................20 4..4.2.1 Técnicas Disabsortivas..............................................................................20 4.4.3 Cirurgias Mistas .............................................................................................22 4.4.3.1 Técnicas Mistas ...........................................................................................22 4.5 Aspectos Nutricionais.......................................................................................23 4.6 Sistema Único de Saúde...................................................................................24 4.6.1 Funcionamentos do SUS ...............................................................................25 4.6.2 Cirurgia Bariátrica e o SUS............................................................................27 5. METODOLOGIA ...................................................................................................32 5.1 Desenho do Estudo...........................................................................................32 5.2 População e Amostra........................................................................................33 5.3 Critérios de Inclusão e Exclusão .....................................................................34 5.4 Instrumento de Obtenção de Dados ................................................................34 5.5 Forma de Obtenção de Dados..........................................................................34 5.6 Forma de Análise de Dados .............................................................................34 5.7 Aspectos Éticos ................................................................................................35 5.8 Limitações do Estudo .......................................................................................35 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES..........................................................................36 6.1 Perfil Socioeconômico das entrevistadas.......................................................36 9 6.2 Hábitos Alimentares anteriores a cirurgia ......................................................36 6.3 Motivos que levaram as entrevistadas a realizar a cirurgia ..........................39 6.4 Profissionais que prestaram assistência no pré e pós-operatório...............41 6.5 Tratamento Nutricional Pós Cirurgico.............................................................44 7. CONCLUSÃO .......................................................................................................47 REFERÊNCIAS.........................................................................................................49 APÊNDICE................................................................................................................52 ANEXO .....................................................................................................................55 10 1. Introdução No Brasil, inúmeros são os desafios encontrados para que a população alcance um nível ótimo de nutrição. A complexidade dos problemas alimentares, advindos da transição nutricional ocorrida neste ultimo século que é direcionada para alimentos de origem animal, refinados, com redução no consumo de carboidratos complexos e fibras, tem sido apontada com um fator fundamental do crescente número de casos de obesidade (FERREIRA e MAGALHÃES, 2007; TRAEBERT, et.al., 2004). A obesidade é considerada um dos problemas mais graves de saúde pública na sociedade moderna. É uma doença multifatorial, dispendiosa, vitalícia e potencialmente letal. Sua prevalência vem crescendo assustadoramente nos últimos anos, o que levou a doença à condição de epidemia global (BONAZZI, et. al., 2007). O acúmulo anormal ou excessivo de gordura sob forma de tecido adiposo e que causa males à saúde, denomina-se obesidade. Porém sabe-se que a obesidade está claramente dividida em fatores ambientais, falta de atividade física e principalmente à dieta e que juntos, explicam o acúmulo de gordura corporal em grande parte da população (BONAZZI, et. al., 2007). Como a obesidade é uma condição médica crônica de etiologia multifatorial, seu tratamento envolve vários tipos de abordagens. A orientação dietética, a programação de atividade física e o uso de fármacos antiobesidade são os pilares principais do tratamento. Entretanto, o tratamento convencional para a obesidade grau III (mórbida) continua produzindo resultados insatisfatórios, com 95% dos pacientes recuperando seu peso inicial em até dois anos. Devido à necessidade de uma intervenção mais eficaz na condução clínica de obesos graves, a indicação das cirurgias bariátricas vem crescendo nos dias atuais (SEGAL e FANDIÑO, 2002). A cirurgia bariátrica é o ramo da medicina que cuida do controle do peso, incluindo a gastroplastia, que é um procedimento cirúrgico no qual o tamanho do estômago é reduzido (LEMOS, 2006). 11 A indicação do tratamento cirúrgico deve ser baseada em uma análise abrangente de múltiplos aspectos clínicos do paciente. Estes pacientes devem passar por uma avaliação e ter um acompanhamento no pré e pós-operatório por uma equipe multidisciplinar composta por endocrinologistas, nutricionistas, cardiologistas, pneumologistas, psiquiatras, psicólogos e cirurgiões (SEGAL e FANDIÑO, 2002). A Cirurgia Bariátrica tem sua legislação definida pelo Ministério da Saúde e pelo Conselho Federal de Medicina. A Portaria nº 628, de 26 de abril de 2001, considerando a transformação nos padrões nutricionais da população brasileira, a alta prevalência da obesidade mórbida, sem resposta aos tratamentos habituais, e os riscos à saúde e limitações da qualidade de vida que ela acarreta aos seus portadores, e considerando a necessidade de ampliar a oferta de tratamento cirúrgico na área de gastroplastia, quando tecnicamente indicado, aprova o Protocolo de Indicação de Tratamento Cirúrgico da Obesidade Mórbida-Gastroplastia no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) (FILHO, 2006). 12 2. Justificativa Nas últimas décadas o Brasil vem passando por uma transição nutricional onde os padrões alimentares mais tradicionais como cereais, tubérculos, raízes, foram sendo substituídos por uma alimentação com consumo de alimentos mais ricos em gorduras e açúcares. Esta transição aliada com a diminuição da prática de exercícios físicos tem gerado o aumento do número de sobrepeso e obesidade, colocando a população em maior risco de doenças crônicas. (MARINHO, HAMANN e LIMA, 2007). A obesidade mórbida (grau III) é uma condição com alta morbidade e mortalidade que está associada a piora da qualidade de vida, a alta freqüência de comorbidade, a redução da expectativa de vida e a grande probabilidade de fracasso dos tratamentos menos invasivos. Neste contexto, a cirurgia bariátrica passa a ser uma intervenção eficaz no tratamento desta doença (SEGAL e FANDIÑO, 2002; SOARES e FALCÃO, 2007). Para favorecer uma perda de peso com saúde o acompanhamento nutricional é indispensável para evitar deficiências nutricionais e corrigir erros alimentares antes e após a cirurgia, além do monitoramento por uma equipe multidisciplinar para potencializar os resultados e a adesão ao tratamento (QUADROS, 2007). Com isso, é necessário verificar como a Rede Pública de Saúde presta assistência no pré e pós-operatório de pacientes que realizaram a Cirurgia Bariátrica, para verificar se estas pessoas possuem um acompanhamento multidisciplinar a fim de proporcionar um resultado e tratamento eficaz e uma melhor qualidade de vida, conforme é preconizado pelo Ministério da Saúde. 13 3. Objetivos 3.1 Objetivo geral • Investigar como a Rede Pública de Saúde presta assistência para as pessoas que realizaram a Cirurgia Bariátrica. 3.2 Objetivos específicos • Descrever como eram os hábitos alimentares das pessoas; • Identificar o perfil socioeconômico dos investigados; • Verificar o motivo que levaram as pessoas a realizar a cirurgia; • Verificar quais profissionais acompanham as pessoas pré e pósoperatório; • Descrever como ocorre o tratamento pré e pós-cirúrgico. 14 4. Fundamentação teórica 4.1 Transição Nutricional Dentro do conceito fisiológico, a fome é uma necessidade visceral de introduzir alimentos no estômago; e apetite é o desejo de comer determinados alimentos. Os animais selvagens comem o necessário para satisfazer suas necessidades energéticas, sendo muito difícil ultrapassá-las. Já o homem procura alimentos não só para suas necessidades viscerais, como também para atender aos seus desejos de ingerir certas preparações, simplesmente pelo fato de serem agradáveis, saborosas, de aroma atraente, ou porque são conhecidas como extremamente apetitosas. Este é um fator predisponente à obesidade, pois não considera adequadamente os aspectos nutricionais. A sensação de fome faz com que procuremos alimentos e é influenciada desde o meio ambiente imediato, como a variação do clima, da companhia, do local, etc., sendo que tudo isso influenciará tanto na qualidade como na quantidade de alimentos ingeridos (LEMOS, 2006). Práticas alimentares têm repercussões importantes no estado de saúde. Sabe-se que as alterações das práticas alimentares fazem parte das metas para atingir a saúde. São necessárias mudanças baseadas na escolha e no preparo dos alimentos de maneira que requererem a adoção de uma alimentação mais saudável (MARINHO, HAMANN e LIMA, 2007). A transição na alimentação ocorrida neste último século direcionada para uma alimentação mais rica em gorduras, principalmente de origem animal, açúcares e alimentos refinados, com uma redução de carboidratos complexos e fibras aliada com uma diminuição de exercícios físicos, tem sido responsável pelo aumento do número de sobrepeso e obesidade. Este fato tem colocado a população em maior risco de doenças crônicas (TRAEBERT, ET AL., 2004) Ainda, a relação dos fatores mencionados anteriormente com as alterações demográficas, socioeconômicas e epidemiológicas mostra uma 15 redução progressiva da desnutrição e aumento da obesidade (TRAEBERT, et al., 2004). 4.2 Obesidade Define-se obesidade como o aumento de peso corporal devido ao excesso de gordura acumulada. Esta definição fica excluída para as pessoas com peso elevado devido à retenção de líquidos, como as pessoas que apresentam edemas ou ascite (NUNES, 2006). Existem itens objetivos para definir a obesidade, mas pode-se dizer que uma pessoa é obesa quando seu peso ultrapassa o limite compatível com sua saúde física e mental e com as expectativas normais de vida. A palavra obesidade deriva do latim obesus que significa “engordar por comer” (NUNES, 2006). A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica a obesidade baseando-se no Índice de Massa Corporal (IMC) e no risco de mortalidade associada. Assim, Quando o IMC encontra-se acima de 30 kg/m2 fala-se em sobrepeso grau II ou obesidade. Quanto à gravidade, a OMS define obesidade grau I quando o IMC situa-se 30 e 34,9 kg/m2, obesidade grau II quando o IMC está entre 35 e 39,2 kg/m2 e obesidade grau III quando o IMC ultrapassa 40kg/m2 (SEGAL e FANDIÑO, 2002). A obesidade mórbida está relacionada com uma alta incidência de doenças degenerativas e maior mortalidade. Estudos atuais observaram mortalidade de 60% em grupos de adultos jovens. Isto ocorre porque existe uma relação direta entre o excesso de peso e a presença de comorbidades, como diabetes, doenças cardiovasculares, hipertensão arterial sistêmica, câncer e osteoartroses, entre outras (SOARES e FALCÃO, 2007). A prevalência da obesidade vem aumentando em quase todos os países, a ponto de ser considerada, atualmente, uma epidemia de grandes proporções. Esse aumento, particularmente nas últimas décadas do século XX, ocorreu claramente no Brasil. Os dados mais recentes indicam que 8,9% dos 16 homens e 13,1% das mulheres apresentam obesidade (IBGE, 2005) (NUNES, 2006). Em alguns países da América Latina que apresentaram rápido crescimento econômico nas últimas décadas, observou-se tendência temporal de diminuição da desnutrição infantil associado ao aumento da prevalência da obesidade. No Brasil, esta transição nutricional ainda não é muito evidente, porém existem relatos de que a prevalência de obesidade supera a de desnutrição infantil (BUENO e FISBERG, 2006). As iniciativas de prevenção primordial e primária são as mais eficazes, provavelmente se forem iniciadas antes da idade escolar e mantidas durante a infância e a adolescência. Deve haver um esforço significativo no sentido de direcioná-las à prevenção da obesidade já na primeira década de vida (MELLO, et al., 2004). Entre os fatores que têm sido associados ao aumento de sobrepeso/obesidade, destaca-se, na vertente do consumo, a disponibilidade de uma ampla variedade de produtos gostosos, baratos, porém ricos em energia e servidos em largas porções. Na vertente do gasto energético, ocorre o baixo encorajamento para a realização de atividade física na sociedade moderna (FERREIRA, 2007). A etiopatologenia da obesidade é clara em um ponto: o aporte energético é cronicamente maior que o gasto energético. A causa desse distúrbio no balanço energético é menos clara. Na teoria, esse desequilíbrio poderia ocorrer de um aumento no aporte energético, uma diminuição do gasto energético ou uma combinação dos dois fatores. Embora os mecanismos de ação não sejam esclarecidos, alguns fatores conhecidos podem favorecer o excesso de peso, definindo a obesidade como doença multifatorial: 1) fatores genéticos que têm ação permissiva para os fatores ambientais (genes de susceptibilidade); 2) fatores ambientais, como a inatividade física e má alimentação, 3) fatores psicológicos, psicossociais e culturais (obesidade psicogênica). O fato de que o peso, na maioria dos indivíduos, é relativamente estável ao longo do tempo, e de que um defeito em um único gene pode alterar o equilíbrio energético sugerem a existência de um sistema fisiológico complexo de regulação do balanço energético (NUNES, 2006). 17 Estima-se que os fatores genéticos possam responder por 24 a 40% da variância no IMC, por determinarem diferenças em fatores como taxa do metabolismo basal, resposta à superalimentação e outros. Acredita-se que as mudanças de comportamento alimentar e os hábitos de vida sedentários atuando sobre os genes de susceptibilidade são o determinante principal do crescimento da obesidade no mundo. É provável que a obesidade surja como resultante de fatores poligênicos complexos e um ambiente obesígeno (NUNES, 2006) Sendo a obesidade uma doença crônica de etiologia multifatorial, seu tratamento envolve várias abordagens: nutricional, farmacológica e aumento da atividade física. Entretanto, vários pacientes não respondem a estas manobras terapêuticas, necessitando de uma intervenção mais eficaz (SOARES e FALCÃO, 2007). Neste contexto, a cirurgia bariátrica é aceita, atualmente, como a ferramenta mais eficaz no tratamento e controle da obesidade mórbida. Dentre os principais benefícios decorrentes desta cirurgia, pode-se salientar a perda e manutenção do peso em longo prazo, melhora ou controle das doenças associadas, com conseqüente melhora na qualidade de vida (LEITE, 2003). São candidatos à cirurgia bariátrica, segundo critérios do consenso do National Institute of Health (NIH, 1991), pacientes com IMC igual ou acima de 40 kg/m2 ou com IMC entre 35 kg/m2 e 39,9 kg/m2 com alguma comorbidade associada à obesidade. Vale ressaltar que o conhecimento das técnicas cirúrgicas bariátricas preconizadas, dos complexos sintomas que os pacientes são acometidos no pós-operatório, associados à utilização de uma conduta nutricional adequada é fundamental para a prevenção de carências nutricionais decorrentes do procedimento cirúrgico (LEMOS, 2006). 4.3 Cirurgia Bariátrica A cirurgia bariátrica (do gredo Barus: peso e Intrake: tratamento) é uma cirurgia realizada em paciente com obesidade mórbida, a fim de provocar uma 18 perda importante de peso nos primeiros anos, mantendo-o, assim como reduzir as enfermidades associadas à obesidade mórbida (LEMOS, 2006). A cirurgia para o tratamento da obesidade grave vem sendo empregada há quase 50 anos. Iniciaram-se na década de 1950 com operações que causavam má absorção, abandonos no fim da década de 1970 pelos seus efeitos indesejáveis graves e freqüentes, tais como: diarréia, desidratação, vômitos, dor abdominal, problemas hepáticos e cirrose. A partir de então, passaram a predominar os procedimentos que limitam a ingestão de alimentos, seja pela simples restrição da capacidade do estômago, seja por sua divisão e anastomose ao jejuno proximal (CRUZ e MORIMOTO, 2004). 4.4 Tipos de Cirurgia 4.4.1 Cirurgias Restritivas Neste tipo de procedimento cirúrgico, a quantidade de alimento que o paciente ingere em cada refeição é limitada pela capacidade reduzida do estômago para obter a perda de peso desejada, ou seja, mediante a uma redução gástrica se obtém uma saciedade (CUPPARI, 2005). 4.4.1.1 Técnicas Restritivas A gastroplastia vertical com bandagem foi introduzida por Mason em 1982. É uma operação restritiva rápida, simples que possui baixos índices de complicações e mortalidade. O procedimento consiste no fechamento de uma porção do estômago através de uma sutura, levando a uma diminuição importante do reservatório gástrico. Um anel de contenção é colocado no orifício de saída, tornando o esvaziamento desta pequena câmara mais lento. Contudo, este procedimento apresenta uma alta incidência do retorno da 19 obesidade apos 10 anos de seguimento, motivo pelo qual ela vem sendo abandonada mundialmente (SEGAL e FANDIÑO, 2002). A implantação laparoscópica da banda gástrica é uma técnica que consiste na colocação de um dispositivo regulável na porção alta do estômago, diminuindo, assim, a área que funciona como reservatório de alimentos. Esta banda tem conexão com um dispositivo colocado sob a pele e permite a regulagem do tamanho de orifício de saída conforme a necessidade do paciente. Dentre as vantagens destacam-se: baixo índice de complicações e reintervenções; mínima taxa de mortalidade; pouquíssima interferência na fisiologia digestiva; ausência da síndrome de dumping; não comprometimento da absorção de cálcio, ferro e vitaminas e outros micronutrientes; acessibilidade do trato digestório à investigação diagnóstica; fácil reversibilidade e ajuste individualizado; adequação à videolaparoscopia; alta precoce; rápida recuperação e pouca dor no pós-operatório. Já as desvantagens constatadas são: ausência de controle qualitativo, com possibilidade de ingestão de líquidos hipercalóricos; perspectiva de menor perda de peso que nas outras técnicas; maior necessidade da cooperação do paciente, principalmente em relação à mudança de hábitos; ocorrência de regurgitações e vômitos na fase de adaptação com possibilidade de complicações que podem necessitar de reversão cirúrgica, em 5% dos casos (SOARES e FALCÃO, 2007). 4.4.2 Cirurgias Disabsortivas Neste procedimento cirúrgico é modificada a anatomia intestinal para reduzir a sua superfície absortiva. Estas foram às primeiras cirurgias utilizadas para o tratamento da Obesidade Mórbida. Estas eram muito efetivas na redução do peso dos pacientes. Porém pelo grande número de complicações relacionadas à perda de proteínas, eletrólitos, cálcio e bile, pela incidência de doenças renais por depósito de cálcio e insuficiência hepática a médio prazo, foram abandonadas progressivamente pelas equipes cirúrgicas no final da década de 1970 (MERCEAL, et al., 1998). 20 4.4.2.1 Técnicas Disabsortivas As técnicas mais comuns são as derivações bílio-pancreática de Scopinaro e a duodenal de Switch (SOARES e FALCÃO, 2007). Dentre as técnicas disabsortivas, as principais são realizadas pela cirurgia de Scopinaro. Nestas cirurgias, o estômago, que também tem o seu tamanho reduzido, porém em menor grau, permanece com capacidade para cerca de 500 ml, sendo a disabsorção, causada pelo encurtamento intestinal, o principal fator emagrecedor. Conhecida também como derivação bíliopancreática parcial com gastrectomia distal, esta cirurgia é uma técnica que promove uma discreta restrição da ingestão e relativa má absorção, e o paciente é capaz de comer quantidades razoáveis de nutrientes, sem limitação do tipo de alimento (SOARES e FALCÃO, 2007). As vantagens são as maiores perdas de peso da literatura, até 80% do excesso de peso; perda mantida em longo prazo, até 18 anos; melhor resolução ou minimização das comorbidades como, por exemplo, as dislipidemias e o diabetes; possibilidade de ingestão de volumes maiores; pouca necessidade de restrição dietética; ausência de dumping e o efeito pode ser revertido com uma nova cirurgia, pois a parte do estômago que é retirada não interfere nos hábitos de vida (SOARES e FALCÃO, 2007). Suas desvantagens são: retirada definitiva de parte do estômago; comprometimento da absorção de cálcio, ferro e vitaminas, necessitando de reposição e controle; aumento do ritmo intestinal, com duas a quatro evacuações diárias e em 5% dos casos pode aparecer diarréia; fezes e gases com odor muito fétido podendo ocasionar problemas sociais em metade dos pacientes; exclusão de duodeno e jejuno de exames de investigação diagnóstica; alta hospitalar tardia, com lenta recuperação, principalmente por causa das grandes incisões cirúrgicas; maior risco de complicações tardias, como por exemplo, anemias, úlceras, osteoporose e desnutrição protéicocalórica. Alguns autores preconizam esta cirurgia em pacientes extremamente 21 obesos ou portadores de compulsão alimentar, já que a técnica não restringe a ingestão alimentar (SOARES e FALCÃO, 2007). A outra técnica disabsortiva é a Derivação Bilipancreática com Duodenal Switch ou cirurgia de Hess na qual é realizada uma ressecção longitudinal do estômago. Neste procedimento é preservada a anatomia básica do estômago e sua fisiologia no esvaziamento do alimento do estômago. Outra adição à técnica é a preservação de uma pequena faixa do duodeno (primeira porção do intestino delgado). Esta pequena faixa de duodeno favorece a absorção de inúmeros nutrientes incluindo proteínas, cálcio, ferro e vitamina B12. O que não acontece nas outras cirurgias para perda de peso. Vem sendo considerada uma evolução das cirurgias. O componente disabsortivo (desvio intestinal) do duodenal switch faz com que o alimento venha por um caminho enquanto os sucos digestivos (bile e suco pancreático) venham por outro. Eles se encontram apenas a 100 cm de acabar o intestino delgado. Isto inibe a absorção de calorias e nutrientes levando a um emagrecimento importante (BONAZZI, 2007). As principais vantagens desta cirurgia são: 1) seu estômago foi diminuído sem a presença de bandas ou anéis; 2) a cirurgia pode ser totalmente revertida (com exceção da faixa de estômago que foi retirada); 3) não é retirada nada do seu intestino como é proposto em outras técnicas; 4) alguns nutrientes são absorvidos na pequena faixa de duodeno preservada; 5) o volume de alimento que vai poder ingerir em alguns meses de pós-operatório vai ser praticamente normal e finalmente; 6) a perda de peso é consistente e duradoura (BONAZZI, 2007). Em estudos recentes pode-se comprovar que a qualidade de vida dos pacientes submetidos a este procedimento apresentam maior satisfação a longo prazo (BONAZZI, 2007). 4.4.3 Cirurgias Mistas Neste procedimento cirúrgico são associadas às características de ambas os procedimentos cirúrgicos (componente restritivo e desabsortivo) que 22 consistem na redução da capacidade gástrica associada a uma derivação gastroentérica (COUTINHO apud GARRIDO JUNIOR, 2002). 4.4.3.1 Técnicas Mistas Atualmente, dentre as técnicas mistas utilizadas, o padrão-ouro em cirurgias bariátricas é a gastroplastia redutora com bypass gástrico em Y de Roux ou Bypass Gástrica de Fobbi-Capella por sua boa eficácia e baixa morbimortalidade. Este tipo de cirurgia está associada a uma saciedade precoce e aversão a alimentos doces, com perda de peso significativamente maior do que nas outras gastroplastias. A aversão a doces seria gerada pela síndrome de dumping que acontece após ingestão de refeições hipertônicas, principalmente dietas líquidas ou pastosas, ocorrendo rápido esvaziamento gástrico, suplantando a capacidade absortiva do intestino. Entretanto, aversão a doces não é a regra. Tanto assim que, após cinco a 10 anos, 15% dos enfermos retornam à faixa de obesidade, e alguns até mesmo à de obesidade mórbida, quase sempre por conta da ingestão de alimentos hipercalóricos, inclusive doces, pois o micro-estômago aparentemente se dilata globalmente nesta fase tardia, aceitando melhor qualquer tipo de alimento (SOARES e FALCÃO, 2007). As vantagens desta cirurgia são: rápida perda de peso, até 70% em dois a três anos, sendo 30 a 40% do peso ou 40 a 60% do excesso de peso no primeiro ano; excelente controle das comorbidades; controle qualitativo da dieta; moderada necessidade de restrição dietética e poucas complicações em longo prazo. Dentre as desvantagens destacam-se: maior taxa de complicações no período pós-operatório imediato; absorção comprometida de cálcio, ferro e vitaminas, porém em menor grau do que nas técnicas disabsortivas; estômago e duodeno inacessíveis à investigação diagnóstica; difícil reversibilidade; moderada incidência de regurgitação e vômitos na fase de adaptação; dificuldades na abordagem videolaparoscópica e alta hospitalar tardia. (SOARES e FALCÃO, 2007). 23 4.5 Aspectos nutricionais no período pré e pós-operatório O acompanhamento nutricional no período pré-operatório está inteiramente relacionado com o aumento do potencial de sucesso no pósoperatório. Além disso, tem como finalidade promover a perda de peso inicial, reforçar a percepção do paciente de que a perda de peso é possível quando o balanço energético se torna negativo, identificar erros e transtornos alimentares, promover expectativas reais de perda de peso e preparar o paciente para a alimentação adequada no pós-operatório (BONAZZI, 2007). Para que se tenha um sucesso duradouro no tratamento cirúrgico é de fundamental importância o acompanhamento clínico-nutricional pós-operatório, e que este seja criteriosamente realizado e continuo para o resto de suas vidas. Um dos aspectos mais importantes é a informação, e todo paciente deve ser exaustivamente conscientizado quanto ás mudanças na alimentação e nos seus hábitos de vida (LEITE, 2003). 4.6 Sistema Único de Saúde O Sistema Único de Saúde (SUS), no Brasil é um sistema composto por muitas partes e, por mais diferentes que pareçam, tem uma finalidade comum: cuidar e promover a saúde de toda a população, melhorando a qualidade de vida dos brasileiros (MINISTÉRIO DA SAÚDE). O SUS existe há pouco tempo. Surgiu como resposta à insatisfação e descontentamento existente em relação aos direitos de cidadania, acesso, serviços e forma de organização do sistema de saúde. Nos anos 70 e 80, vários médicos, enfermeiros, donas de casa, trabalhadores de sindicatos, religiosos e funcionários dos postos e secretarias de saúde levaram adiante um movimento, o "movimento sanitário", com o objetivo de criar um novo sistema 24 público para solucionar os inúmeros problemas encontrados no atendimento à saúde da população. O movimento orientava-se pela idéia de que todos têm direito à saúde e que o governo, juntamente com a sociedade, tem o dever de fazer o que for preciso para alcançar este objetivo (MINISTÉRIO DA SAÚDE). A Constituição Federal de 1988 determinou ser dever de o Estado garantir saúde a toda a população. Para tanto, criou o Sistema Único de Saúde. Em 1990, o Congresso Nacional aprovou a Lei Orgânica da Saúde, que detalha o funcionamento do Sistema. Portanto, o SUS resultou de um processo de lutas, mobilização, participação e esforços desenvolvidos por um grande número de pessoas (MINISTÉRIO DA SAÚDE). 4.6.1 Funcionamento do SUS SUS é um sistema público, organizado e orientado no sentido do interesse coletivo, e todas as pessoas, independente de raça, crenças, cor, situação de emprego, classe social, local de moradia, a ele têm direito (MINISTÉRIO DA SAÚDE). As diferentes situações de vida dos vários grupos populacionais geram problemas de saúde específicos, bem como riscos e/ou exposição maior ou menor a determinadas doenças, acidentes e violências. Isto significa, portanto, necessidades diferenciadas, exigindo que as ações da gestão do sistema e dos serviços de saúde sejam orientadas para atender a essas especificidades. Entretanto, como o SUS oferece o mesmo atendimento a todas as pessoas, algumas não recebem o que necessitam, enquanto outras têm além do satisfatório, o que aumenta as desigualdades. No SUS, situações desiguais devem ser tratadas desigualmente. Baseia-se, portanto, no princípio da eqüidade (MINISTÉRIO DA SAÚDE). O SUS tem o papel de cuidar de todas as necessidades da área da saúde. E cuidar da saúde não é apenas medicar os doentes ou realizar cirurgias, é preciso garantir vacinas à população, dar atenção aos problemas das mulheres, crianças e idosos, combater a dengue e outras doenças. Este é o princípio de integralidade, ou seja, realizar todas as ações necessárias para a 25 promoção, proteção e recuperação da saúde de todos (MINISTÉRIO DA SAÚDE). Para ter uma boa saúde, é preciso ter boa alimentação, possuir uma casa, morar num local com rede de esgoto, luz e água, trabalhar, ter um meio de transporte bom e barato, desfrutar de programas de lazer. Assim, para que as pessoas tenham uma boa qualidade de vida, não depende apenas do setor saúde. Compreende-se que “os níveis de saúde da população expressam a organização social e econômica do país”. Ou seja, há o reconhecimento de que os indicadores de saúde das pessoas devem ser tomados para medir o nível de desenvolvimento do país e do bem-estar da população (MINISTÉRIO DA SAÚDE). O Sistema Único de Saúde tem seus serviços administrados pelos governos federal, estaduais e municipais e por organizações cujo objetivo é garantir a prestação de serviços gratuitos a qualquer cidadão (MINISTÉRIO DA SAÚDE). Em locais onde há falta de serviços públicos, o SUS realiza a contratação de serviços de hospitais ou laboratórios particulares, para que não falte assistência às pessoas. Desse modo, esses hospitais e laboratórios também se integram à rede SUS, tendo que seguir seus princípios e diretrizes (MINISTÉRIO DA SAÚDE). Devido às significativas diferenças existentes entre as várias regiões e municípios brasileiros, o Ministério da Saúde criou formas de descentralizar a prestação dos serviços públicos de saúde, repassando responsabilidades diferenciadas aos diferentes municípios. A mudança foi grande, pois ocorreu a unificação de comando, representada pela transferência ao Ministério da Saúde de toda a responsabilidade pela saúde no plano federal. Da mesma forma nos estados e municípios, onde a responsabilidade fica a cargo das respectivas secretarias estaduais e municipais de saúde. Sob outro aspecto, o princípio da universalidade representou a inclusão de todos no amparo prestado pelo SUS, ou seja, qualquer pessoa passa a ter o direito de ser atendido nas unidades públicas de saúde, lembrando que antes apenas os trabalhadores com carteira registrada faziam jus a esses serviços (MINISTÉRIO DA SAÚDE). 26 Nem sempre é possível ao município executar sozinho todos os serviços de saúde. Pequenos municípios carecem de recursos humanos, financeiros e materiais, e sua população é insuficiente para manter um hospital ou serviços especializados. Por isso, a descentralização dos serviços implica também na sua regionalização. Num país imenso como o Brasil, para evitar desperdícios e duplicações faz-se necessário organizar os serviços, visando dar acesso a todos os tipos de atendimento (MINISTÉRIO DA SAÚDE). O sistema de saúde é ainda um sistema hierarquizado: compõe-se de várias unidades interligadas, cada qual com suas tarefas a cumprir. Num primeiro nível, estão os centros de saúde, que todos podem procurar diretamente; em seguida, há outros estabelecimentos que ofertam serviços mais complexos, como as policlínicas e hospitais. Quando necessário, as pessoas serão encaminhadas para eles, sempre referenciadas a partir dos centros de saúde. Para os casos de urgência e emergência, há um prontosocorro próximo (MINISTÉRIO DA SAÚDE). O SUS, como não poderia deixar de ser, está em constante processo de aperfeiçoamento. A promoção da saúde à população estará sofrendo sempre transformações, pois, como as sociedades são dinâmicas, a cada dia surgem novas tecnologias que devem ser utilizadas para a melhoria dos serviços e das ações de saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE). 4.6.2 Cirurgia Bariátrica e o Sistema Único de Saúde O crescimento da cirurgia bariátrica mostrou a necessidade de se definir Bases Legais e Éticas. É necessário que os princípios da bioética sejam obedecidos: trazer benefícios para o paciente; não determinar efeitos colaterais proibitivos; estar disponível para as pessoas sem preconceito; o paciente possa optar pelo tratamento. O Ministério da Saúde e o Conselho Federal de Medicina regulamentaram as indicações para o tratamento operatório, as operações que podem ser realizadas e as necessidades da equipe multidisciplinar para um Centro de Referência em Cirurgia Bariátrica. 27 A Cirurgia Bariátrica tem sua legislação definida pelo Ministério da Saúde e pelo Conselho Federal de Medicina. Pelo Ministério da Saúde O Anexo I contem o Protocolo Clínico, com as seguintes indicações (FILHO, 2006): • “Obesidade de grandes proporções, de duração superior a dois anos, com Índice de Massa Corpórea (IMC) superior a 40kg/m² e resistente aos tratamentos conservadores (dietoterapêuticos, psicoterapêuticos, medicamentosos, por exercícios físicos) realizados continuamente há pelo menos dois anos; • Pacientes obesos, com IMC superior a 35kg/m², portadores de doença crônica associada (diabetes, hipertensão, artropatias, hérnia de disco, apnéia do sono) cuja situação clínica é agravada pelo quadro de obesidade. A confirmação das indicações acima só deve ser feita após a exclusão de: - Patologias endócrinas específicas; - Transtorno mental, adicção a drogas ou álcool, outros transtornos.; - Condições físicas/clínicas que contra-indiquem cirurgias de grande porte (cirrose hepática, cardiopatias, pneumopatias, insuficiência renal crônica e outras)”. O anexo II define normas para cadastramento de Centros de Referência em Cirurgia Bariátrica, que deve ter um responsável técnico, um médicocirurgião com título de especialização em cirurgia bariátrica, reconhecido pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica (SBCB) ou com título de cirurgião emitido pelo Colégio Brasileiro de Cirurgiões ou com Residência Médica em Cirurgia, reconhecida pelo MEC (Ministério da Educação), com experiência profissional em cirurgia bariátrica. A equipe cirúrgica deve ter o mesmo tipo de formação necessária para o responsável técnico. O Centro de Referência deve dispor de uma Equipe Multiprofissional composta por: endocrinologistas, nutricionistas, enfermeiros, anestesistas, intensivistas, fisioterapeutas, 28 professores de educação física, psicólogos e assistentes sociais (FILHO, 2006).. A Portaria nº 545, de 18 de março de 2002, inclui na tabela de procedimentos dos SUS a Cirurgia Plástica Corretiva pós-Gastroplastia e a Dermolipectomia Abdominal pós-Gastroplastia, somente podendo ser efetuadas mediante indicação pelo Serviço que realizou a Gastroplastia, em unidades hospitalares habilitadas e por cirurgiões plásticos com título de especialista reconhecido pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica ou Certificado de Residência Médica em Cirurgia Plástica, reconhecido pelo MEC (FILHO, 2006). A portaria nº 1.075, de 4 de julho de 2005, institui diretrizes para atenção ao portador de obesidade, a serem implantadas em todas as unidades federadas, respeitadas as competências das três esferas de gestão, buscando: I. Desenvolver estratégias de promoção, proteção e recuperação da saúde e prevenção de danos, protegendo e desenvolvendo a autonomia e a eqüidade de indivíduos e coletividades; II. Organizar a linha de cuidados da atenção da obesidade grave, em todos os níveis de atenção, promovendo, desta forma, a integralidade da atenção; III. Identificar os principais determinantes e condicionantes que levam à obesidade e ao desenvolvimento de ações transetoriais de responsabilidade pública, sem excluir as responsabilidades de toda a sociedade; IV. Definir critérios técnicos mínimos para o funcionamento e avaliação dos serviços públicos e privados que realizam cirurgia bariátrica, bem como os mecanismos de sua monitoração com vistas a diminuir os riscos aos quais fica exposto o paciente após a realização da cirurgia; V. Ampliar cobertura no atendimento, garantindo à universalidade, a equidade, a integralidade, o controle social e o acesso às diferentes modalidades de atenção aos portadores de obesidade no Brasil; VI. Fomentar, coordenar e executar projetos estratégicos que visem ao estudo do custo-efetividade, eficácia e qualidade, bem como a incorporação tecnológica do tratamento da obesidade; VII. Contribuir para o desenvolvimento de processos e métodos de coleta, análise e organização dos resultados das ações decorrentes das diretrizes para 29 a atenção ao portador da obesidade, permitindo que a partir de seu desempenho seja possível um aprimoramento da gestão, disseminação das informações e uma visão dinâmica do estado de saúde das pessoas com obesidade e aqueles em acompanhamento pós-cirúrgico; VIII. Promover intercâmbio com outros subsistemas de informações setoriais, implementando e aperfeiçoando permanentemente a produção de dados e garantindo a democratização das informações; e IX. Qualificar a assistência e promover a educação permanente dos profissionais da saúde envolvidos com a implantação e a implementação das diretrizes para a atenção ao portador de obesidade, em acordo com os principais da integralidade e da humanização. As diretrizes para a atenção ao portador de obesidade, de que trata esta Portaria, devem ser operacionalizadas a partir dos seguintes componentes fundamentais: I. Atenção Básica, que realizar a ações de caráter individual e coletivo, voltadas para a promoção da saúde e prevenção dos danos, bem como as ações clínicas para o controle da obesidade e suas comorbidades que possam ser realizadas neste nível, as quais terão lugar na rede de serviços básicos da saúde (Unidades Básicas de Saúde e Equipes da Saúde da Família); II. Média Complexidade, que realizar a atenção diagnóstica e terapêutica especializada, garantida a partir do processo de referência e contra-referência do portador de obesidade, ações essas que devem ser organizadas segundo o planejamento de cada unidade federada e os princípios e diretrizes de universalidade, equidade, regionalização, hierarquização e integralidade da atenção à saúde; III. Alta Complexidade, que garantirá o acesso e assegurará a qualidade das cirurgias bariátricas, visando alcançar impacto positivo na sobrevida, na morbidade e na qualidade de vida e garantirá equidade na realização da cirurgia, e cuja assistência se dará por meio dos hospitais credenciados como Unidades de Assistência de Alta Complexidade ao Portador de Obesidade Grave; 30 IV. Regulamentação suplementar e complementar por parte dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, com o objetivo de regular a atenção ao portador de obesidade; V. A regulação, o controle e a avaliação de ações de atenção ao portador de obesidade serão de competência das três esferas de governo; VI. Sistema de informação que possa oferecer ao gestor subsídios para a tomada de decisão para o processo de planejamento, regulação, fiscalização, controle e avaliação e promover a disseminação da informação; VII. Protocolos de conduta em todos os níveis de atenção que permitam o aprimoramento da atenção, regulação, controle e avaliação; e VIII. Educação permanente e capacitação das equipes de saúde de todos os âmbitos da atenção, a partir de um enfoque estratégico promocional, envolvendo os profissionais de nível superior e os de nível técnico, em acordo com as diretrizes do SUS e alicerçada nos pólos de educação permanente em saúde (FILHO, 2006). 31 5. Metodologia 5.1 Desenho do estudo O presente trabalho é caracterizado quanto a sua natureza como sendo uma pesquisa pura (básica). Em relação aos seus objetivos é definida como descritiva, quanto ao procedimento técnico é caracterizada como pesquisa de campo. Sua abordagem é considerada qualitativa e seu período de tempo é transversal, com coleta de dados primários. Segundo (LEOPARDI, 2002) em uma pesquisa pura, o pesquisador tem como meta o saber sobre os fundamentos dos fatos estudados, buscando satisfazer uma necessidade intelectual de conhecimento e a explicação sobre o que está estudando. Está destinada a contribuir com uma determinada área do conhecimento científico, sem produzir necessariamente resultados de utilidade prática. Pode ser aplicada a um âmbito mais abrangente de situações, pois procura desenvolver teorias mediante a descoberta de generalizações, de princípios amplos. Quanto uma pesquisa busca descrever uma realidade, sem nela interferir, damos o nome a ela de pesquisa de descritiva. A pesquisa descritiva observa, registra, analisa e correlacionada fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los (APPOLINÁRIO, 2006; CERVO, 1996). A pesquisa de campo é aquela que, pela natureza do seu objetivo de estudo, não pode ser realizada num laboratório. O nome pesquisa de campo engloba todo tipo de investigação feita fora de um laboratório (GUEDES, 1997). A pesquisa qualitativa é apropriada se o interesse não está focalizado em contar o número de vezes em que uma variável aparece, mais sim o que elas apresentam. Neste tipo de pesquisa, tenta-se compreender um problema da perspectiva dos sujeitos que o vivenciam, ou seja, parte de sua vida diária, sua satisfação, desapontamentos, surpresas e outras emoções, sentimentos e desejos, assim como na perspectiva do próprio pesquisador (LEOPARDI, 2002). 32 Pesquisa transversal possui um tempo de realização extremamente curto, sendo que os dados coletados não apresentem o mesmo grau de fidedignidade da pesquisa longitudinal (APPOLINÁRIO, 2006). 5.2 População e amostra Este estudo foi realizado na cidade de Criciúma, sendo que esta foi colonizada principalmente por italianos, possui uma população aproximada de 175.000 habitantes, sendo que destes 89,8% concentram-se na área urbana, e os demais na área rural. (IBGE, 2007) Localizada no litoral sul do estado de Santa Catarina, Criciúma possui uma área de 209,8 km2, está afastada 202 km da capital do estado, Florianópolis e 291 km de Porto Alegre capital do Rio Grande do Sul. O carvão foi a principal fonte de renda dos criciumenses na década de 60, hoje, a cerâmica, o vestuário, a metalmecânica e o plástico, são as principais fontes de renda, sendo que a indústria ceramista é que mais se destaca (IBGE, 2007). A rede de saúde pública do município é ampla, contando com quarenta e duas unidades básicas de saúde. Deste total, vinte e três estão implantadas na Estratégia de Saúde da Família. O município conta com cinco Unidades de Especialidades, três Serviços de Pronto Atendimento 24 h, sendo que destes um destina-se ao atendimento infantil, e dois para adultos, uma Unidade de Referência Materno-infantil, uma Unidade de Saúde da Mulher e dois Centros de Apoio Psicossocial (CAPS), um Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST), uma Central de Agendamento de Consultas, uma Central de Vigilância à Saúde, onde está localizada a Vigilância Epidemiológica, Vigilância Nutricional e a Vigilância Sanitária e uma UTI Neonatal, desde 1996 o Sistema Único de Saúde (SUS) está em Gestão Plena. (SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE, 2007). A população deste estudo foram quatro pessoas autônomas que realizaram cirurgia bariátrica, e aceitarão participar do estudo. Para estas pessoas foi atribuído nome de Deusas Gregas quando utilizada suas falas no presente trabalho. 33 5.3 Critérios de inclusão e exclusão Foi critério de inclusão ter realizado cirurgia bariátrica, pelo Serviço Público de Saúde, e que aceitou participar da pesquisa voluntariamente. 5.4 Instrumento de obtenção de dados Foi construído um instrumento semi-estruturado, com perguntas abertas e fechadas para a realização das entrevistas (APÊNDICE 1). 5.5 Forma de obtenção de dados A partir das Unidades Referenciais de Saúde, onde estas pessoas realizam o acompanhamento elas foram contactadas, assim convidadas a participar voluntariamente do estudo. Foi solicitado à Secretaria de Saúde para a realização das entrevistas nas Unidades de Saúde. As entrevistas foram gravadas. 5.6 Forma de análise dos dados Terminadas as entrevistas, estas foram transcritas e assim analisadas as falas, sendo estas divididas em categorias na tentativa de responder os objetivos deste estudo. 34 5.7 Aspectos éticos Sendo este um projeto de pesquisa que envolve seres humanos, o mesmo foi encaminhado para a avaliação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do extremo Sul Catarinense – UNESC de acordo com a resolução 196 de 10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde. Todas as pessoas convidadas, tiveram que assinar um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO 1), para participar deste trabalho. Estas foram esclarecidas dos objetivos da pesquisa, bem como participaram de forma voluntária e anônima, a qualquer momento da entrevista poderão desistir de sua participação. 5.8 Limitações do estudo Este estudo descreveu a assistência prestada às pessoas que realizaram cirurgia bariátrica no Sistema Público de Saúde. A assistência prestada a pessoas que realizaram a cirurgia bariátrica com outro convênio ou de forma particular não foram investigadas. 35 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES 6.1 Perfil socioeconômico das entrevistadas Foram entrevistadas quatro pessoas, todas do gênero feminino, residentes na cidade de Criciúma. A renda mensal das pessoas entrevistadas variou de R$ 1.000,00 a R$ 2.000,00. A quantidade de residentes que moravam nas casas das pessoas entrevistadas variou de três a quatro pessoas, sendo que a renda média per capta foi de R$491,66 (± 110,1332). A grande maioria dos domicílios urbanos brasileiros têm rendimento per capita de até dois salários mínimos, segundo estudo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em sua Síntese de Indicadores Sociais, a entidade aponta que 72,6% dos lares urbanos no País tinham em 2007 rendimentos de até R$ 760 por pessoa (IBGE, 2009). Em relação à escolaridade todas as mulheres tiveram a oportunidade de entrar em uma escola, porém nenhuma delas possui nível superior completo. Três das mulheres relataram que não possuem profissão e no momento não trabalham, sendo que apenas uma possui trabalho autônomo como costureira. 6.2 Hábitos alimentares anteriores à cirurgia Ter um bom hábito alimentar é oferecer o alimento de modo balanceado, com ingredientes saudáveis, naturais e de preferência sem aditivos químicos, sem esquecer que esse alimento deve cobrir as necessidades nutricionais que cada faixa etária exige (STÜRMER, 2004). O excesso alimentar provoca a obesidade, que está se tornando rapidamente uma epidemia mundial em razão de atitudes equivocadas no consumo de alimentos inadequados e da diminuição da atividade física, graças aos equipamentos da vida moderna que levam ao sedentarismo. (GALIZA E ESPERANÇA, 2008) 36 A nutrição adequada é essencial para o bem-estar de qualquer sociedade ou indivíduo. A pouca variedade, os desequilíbrios na qualidade e na quantidade de alimentos disponíveis, assim como o padrão irregular de ingestão alimentar, podem afetar profundamente a saúde. (MARTINS, 2008). O aconselhamento nutricional no pré-operatório de Cirurgias Bariátricas proporciona um aumento do potencial de sucesso no pós-operatório e objetiva uma perda de peso inicial, facilitando o ato cirúrgico e diminuindo os riscos de complicações no pós-operatório imediato, além reforçar a percepção do paciente de que a perda de peso é decorrente do balanço energético negativo, identificar erros e transtornos alimentares, como também promover a expectativa real de perda de peso e preparar o paciente para a alimentação no pós-cirúrgico, verificando o potencial do paciente para o sucesso da cirurgia. (MOREIRA e CHIARELLO, 2008) Pode ser verificado nas falas abaixo como eram os hábitos alimentares de três das quatro mulheres entrevistadas: “Meus hábitos alimentares eram assim: Eu fazia apenas duas refeição por dia, eu não tomava café da manhã, mais em compensação na hora do almoço era um exagero, comida demais, passava a tarde sem comer nada, quando chegava a noite seja sete horas ou oito ou as dez a hora que eu chegava ai eu comida exageradamente então assim eu tinha um mau hábito, eu comia duas vezes por dia em grandes quantidades ai meu organismo armazenava aquela caloria devido as horas que eu ficava sem comer”. (Afrodite) “Eu comida de tudo só que eu era muito desregrada eu comia muito fora de hora e comida muito, mas sempre fora de hora eu nunca fui assim de comer uma grande quantidade tipo três cachorros quentes ou para alguns obesos até comem quase um frango inteiro daqueles assados eu nunca fiz um exagero desse eu nunca repeti meu prato, nunca em toda a minha vida, só que eu era muito desregulada eu comia fora de hora eu saia da mesa e já voltava de novo eu comia muito doce, tudo completamente fora né? Fora do correto”. (Ártemis) “Era...Era bem descontrolado eu comia muita, muita coisa frita, muita..muita bobiça, muita, comia um prato e não me sustentava eu fazia outro, comia muito mesmo. Tudo fora de hora, comia de tudo, de tudo que via pela frente em comia”. (Deméter) Pode-se observar através das falas que todas as entrevistadas possuíam hábitos alimentares inadequados, ingerindo grandes quantidades de alimentos muito calóricos, com gorduras, sendo estes pobres em qualidade de nutrientes. 37 A maioria delas não eram regradas em relação a horários, passando praticamente o dia inteiro ingerindo alimentos. A alimentação exerce grande influência no indivíduo, uma pessoa mal nutrida, com alimentação pouco variada, é fraca, irritadiça, desanimada, sem vontade de trabalhar, andar, pensar, enfim, de realizar qualquer atividade que dependa de esforço muscular ou cerebral. As pessoas com excesso de peso não podem, tampouco, ser consideradas bem nutridas, uma vez que a obesidade resulta em desânimo, cansaço fácil, além de ser fator de risco para muitas outras doenças, dentre as quais podemos citar, entre as mais comuns, o diabetes e a hipertensão arterial. (GALIZA e ESPERANÇA, 2008) Segundo o Ministério da Saúde para ter uma alimentação saudável deve ser seguido os seguintes passos: • Fazer pelo menos 3 refeições (café da manhã, almoço e jantar) e 2 lanches saudáveis por dia. Não pular as refeições; • Incluir diariamente 6 porções do grupo do cereais(arroz, milho, trigo pães e massas), tubérculos como as batatas e raízes como a mandioca/macaxeira/aipim nas refeições. Dar preferência aos grãos integrais e aos alimentos naturais; • Comer diariamente pelo menos 3 porções de legumes e verduras como parte das refeições e 3 porções ou mais de frutas nas sobremesas e lanches; • Comer feijão com arroz todos os dias ou, pelo menos, 5 vezes por semana. Esse prato brasileiro é uma combinação completa de proteínas e bom para a saúde; • Consumir diariamente 3 porções de leite e derivados e 1 porção de carnes, aves, peixes ou ovos. Retirar a gordura aparente das carnes e a pele das aves antes da preparação torna esses alimentos mais saudáveis; • Consumir, no máximo, 1 porção por dia de óleos vegetais, azeite, manteiga ou margarina. Ficar atento aos rótulos dos alimentos e escolher aqueles com menores quantidades de gorduras trans; 38 • Evitar refrigerantes e sucos industrializados, bolos, biscoitos doces e recheados, sobremesas doces e outras guloseimas como regra da alimentação; • Diminuir a quantidade de sal na comida e retirar o saleiro da mesa. Evitar consumir alimentos industrializados com muito sal (sódio) como hambúrguer, charque, salsicha, lingüiça, presunto, salgadinhos, conservas de vegetais, sopas, molhos e temperos prontos; • Beber pelo menos 2 litros (6 a 8 copos) de água por dia. Dar preferência ao consumo de água nos intervalos das refeições; • Praticar pelo menos 30 minutos de atividade física todos os dias e evitar as bebidas alcoólicas e o fumo. Manter o peso dentro de limites saudáveis; Assim, cuidar da alimentação é cuidar de uma necessidade básica do ser humano, de extrema importância em sua vida. Saber alimentar-se conforme suas necessidades significa “comer para viver” e não “viver para comer”. . (GALIZA e ESPERANÇA, 2008) 6.3 Motivos que levaram as entrevistadas a realizar a cirurgia Segundo (GALIZA E ESPERANÇA, 2008), a obesidade é uma doença médica crônica que afeta cada vez mais crianças e adultos, de países pobres e ricos. No Brasil, o número de obesos já é maior do que o de desnutridos. Ela é um fator predisponente para outras doenças, entre elas hipertensão arterial, arteriosclerose e diabetes e, na maioria dos casos, pode ser evitada, adotandose hábitos de vida saudáveis desde a infância, como alimentação equilibrada e atividade física regular. Como a obesidade é uma condição médica crônica de etiologia multifatorial, esta disponível uma ampla variedade de tratamentos, incluindo controle dietético, atividade física, modificação comportamental, tratamento farmacológico e cirurgia. (OMS, 2004) 39 Antes de realizarem a cirurgia as entrevistadas disseram realizar os seguintes tratamentos: “Eu fiz vários tratamentos, eu fiz tratamentos à base de ervas à base de drogas sintetizadas, eu fiz tratamento até nutricional, com nutricionista nada deu certo tratamento psicológico, vigilante do peso tudo, até é um absurdo eu comentar mais assim desde curandeiros essas coisas a gente procura tudo. Hoje eu vejo assim quantas coisas absurdas eu fiz devido a uma coisa que era simples, era só um hábito alimentar”. (Afrodite) “Todos. Todos os possíveis, imagináveis eu tomei todo tipo de medicação eu fiz todos. Eu tinha resultados, até conseguia perder bastante peso, mais nunca consegui atingir a meta e na metade do caminho eu parava e já começava a ganhar peso de novo. Nunca conseguia chegar assim na manutenção, eu sempre ia até um pedaço e nunca consegui”. (Ártemis) “Tomei Moderex e emagreci 50 quilos, aí ganhei tudo de volta quando terminei o remédio, porque daí tirava a fome totalmente, e eu não comia só bebia água, água, água, cheguei a ficar doente aí depois virei a tomar vitamina, vitamina, vitamina e ganhei tudo de volta. Fui em nutricionista, mais eu não queria, eu queria saber era de comer”. (Atenas) A cirurgia bariátrica é o tratamento mais efetivo para obesidade grau III. A finalidade do tratamento cirúrgico consiste em melhorar não somente a qualidade, como também o tempo de vida do obeso, resolvendo os problemas de ordem física e psicossocial que o excesso de peso acarreta. (COSTA et al., 2009) Estudos recentes mostram que o tratamento clínico e nutricional, dietas e reeducação alimentar, em adultos gravemente obesos, não apresentam resultados significativos a longo prazo, assim a cirurgia bariátrica é, atualmente, a ferramenta mais eficaz no controle e tratamento da obesidade mórbida. Dentre seus princípios benefícios, podem-se salientar a perda e manutenção de peso a longo prazo, melhora das comorbidades, tais como diabetes, hipertensão, colesterol elevado, apnéia do sono, incontinência urinária, dores de cabeça crônicas, doenças do fígado, artrites associadas e conseqüente melhora na qualidade de vida. (RAVELLI et al.; 2007) 40 6.4 Profissionais que prestaram assistência no pré e pós-operatorio A Portaria n° 628,de 26 de abril de 2001 apresenta os seguintes itens mencionados abaixo: a - Responsável Técnico O Serviço de Cirurgia Bariátrica do Centro de Referência deverá ter um responsável técnico - médico cirurgião com título de especialização em cirurgia bariátrica reconhecido pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica – SBCB ou com título de cirurgião emitido pelo Colégio Brasileiro de Cirurgiões ou com Residência Médica em Cirurgia reconhecida pelo Ministério da Educação MEC, com experiência profissional em cirurgia bariátrica; b - Equipe Cirúrgica Possuir, além do responsável técnico, equipe de cirurgiões composta por médicos com título de especialização em cirurgia bariátrica reconhecido pela SBCB, ou com título de cirurgião emitido pelo Colégio Brasileiro de Cirurgiões ou com Residência Médica em Cirurgia reconhecida pelo Ministério da Educação - MEC, com experiência profissional em cirurgia bariátrica; c - Equipe Multiprofissional Dispor de nutricionistas, equipe multiprofissional enfermeiros, composta anestesistas, por: intensivistas, endocrinologistas, fisioterapeutas, professores de educação física, psicólogos e assistentes sociais. Sobre os profissionais que prestaram assistência no pré e pós operatório as entrevistas relataram: “Antes da cirurgia eu estive em um psicólogo que foi o primeiro, estive em um endócrino endocrinologista, cardiologista, ahh..em um médico gastro, gastro né? De estomago que eu falei e nutricionista”. (Afrodite) “Após a cirurgia a nutricionista a qual até hoje eu tenho que ir, mantenho e o psicólogo eu estive para algumas sessões então este foram os profissionais e a nutricionista é constante é sempre é a vida inteira porque são hábitos que a gente tem que manter”. (Afrodite) “Eu fui eu acho que em oito, porque eu fui em um psicólogo, num cardiologista, numa nutricionista, num endócrino, ai eu não me lembro, não eu acho que foi isso porque o resto foram exames assim tipo, exames. Todos os exames foram realizados aqui na região de Criciúma”. (Ártemis) 41 “Não. Eu volto ainda no X que foi o cirurgião de seis em seis meses, e depois da cirurgia eu fiquei ainda uns dois anos com a psicóloga, mais a psicóloga não é pelo SUS, a psicóloga fui eu que fui atrás. O SUS diz que vai ter acompanhamento, vai ter mais não tem, não tem acompanhamento algum, a gente faz a cirurgia e vem para cá e depois só vai voltar se conseguir como foi meu caso”. (Ártemis) “Foi em Criciúma e o único medico que eu fui, foi só depois de Florianópolis eles me encaminharam para cá de novo daí eu fui na psicóloga só, não fui em nutricionista nada. Passei por médico cardio, fiz endoscopia..foi só”. (Deméter) “Eu só fui daí no cirurgião, voltei no cirurgião para tirar os drenos para tirar os pontos e fui em três consulta até agora só, nele. Uma consulta pelo SUS, e uma particular. É difícil marcar”. (Deméter) Pode-se concluir que entre as entrevistadas há contradição em relação aos profissionais que o Sistema Único de Saúde oferece, os quais elas deveriam todas ter tido acesso. Em quanto uma delas relatou que teve toda a assistência necessária em relação aos profissionais no pré-e pós-cirurgico, outra relatou que ficou muito insatisfeita com o serviço, pela demora dos agendamentos, fazendo com que ela bancasse suas próprias consultas com médicos necessários no pré e pós-operatório. O SUS trabalha arduamente pela consolidação de seus princípios doutrinários (universalidade, equidade, e integralidade nos serviços e ações de saúde), bem como dos princípios que dizem respeito a sua operacionalização (descentralização dos serviços, regionalização e hierarquização da rede e participação social). (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2000) O princípio da universalidade diz que a saúde é um direito de todos e é um dever do Poder Público a provisão de serviços e de ações que lhe garanta. A universalização não quer dizer somente a garantia imediata de acesso às ações e os serviços de saúde. A universalização, diferentemente, coloca desafio da oferta destes serviços e ações de saúde a todos que deles necessitam, todavia, enfatizando a ações preventivas e reduzindo o tratamento de agravos. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2000) O princípio da integralidade é um dos mais preciosos em termos de demonstrar que a atenção à saúde deve levar em consideração as necessidades específicas de pessoas ou grupo de pessoas, ainda que minoritários em relação ao total da população. Ou seja, a cada qual de acordo 42 com suas necessidades, inclusive no que pertence aos níveis de complexidade diferenciados. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2000) O princípio da equidade vem com a necessidade de se reduzir as disparidades sociais e regionais existentes no Brasil. Este princípio reafirma que essa necessidade deve dar-se também por meio de ações e dos serviços de saúde. Ainda são grandes as disparidades regionais e sociais do Brasil. No entanto, já a sinergia e uma série de externalidades positivas geradas a partir da melhora das condições de saúde da população o que faz concluir que o fato a saúde é fundamental na busca de uma maior equidade. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2000) Segundo (PEDUZZI, 2001), o trabalho em equipe multiprofissional consiste uma modalidade de trabalho coletivo que se configura na relação recíproca entre as múltiplas intervenções técnicas e a interação dos agentes de diferentes áreas profissionais. Por meio da comunicação, ou seja, da mediação simbólica da linguagem, dá-se a articulação das ações multiprofissionais e a cooperação. Observa-se pela literatura que o trabalho em equipe é a base para ações integrais na saúde e para atender com qualidade as necessidades dos usuários de acordo com cada situação e experiência já adquirida. A abordagem do paciente no seu contexto biopsicossocial é facilitada, pois o cliente é atendido por todos os membros da equipe que também o envolve na resolução do seu problema, incentivando a sua autonomia para os cuidados em saúde. (OLIVEIRA E SPIRI, 2006) A abordagem do trabalho em saúde é essencial para o aprimoramento e desenvolvimento do Sistema Único de Saúde (SUS). O movimento para construir o trabalho multiprofissional, conceitualmente e na prática concreta dos serviços, pode levar para além de um trabalho técnico hierarquizado, um trabalho com interação social entre os trabalhadores, com maior horizontalidade e flexibilidade dos diferentes poderes, possibilitando maior autonomia e criatividade dos agentes e, maior integração dos trabalhadores. (OTENIO, et al., 2008). 43 6.5 Tratamento Nutricional Pós Cirúrgico Segundo a tabela de procedimentos SIH/SUS o fluxo assistencial mostra: d- Evolução Trans e Pós-operatória – O Centro de Referência que realizar o procedimento deverá anotar no item “III” do Protocolo os dados relevantes do trans-operatório e, no acompanhamento pós-cirúrgico, a evolução clínica do paciente. Decorridos 12 (doze) meses da realização do procedimento, o Centro de Referência deverá enviar ao Ministério da Saúde / Secretaria de Assistência à Saúde/Departamento de Sistemas e Redes Assistenciais/Coordenação-Geral de Sistemas de Alta Complexidade, completamente preenchido, cópia do Protocolo aprovado por esta Portaria e constante deste Anexo I. Os Centros cadastrados deverão realizar o acompanhamento clínico dos pacientes submetidos à cirurgia bem como garantir, em caso de intercorrência, a devida assistência hospitalar. Segundo (CRUZ e MORIMOTO 2004), é de grande importância o Aconselhamento Nutricional cuidadoso no pós-operatório, pois o paciente passará por inúmeras modificações de hábitos alimentares. Somente o acompanhamento nutricional adequado garante o sucesso da cirurgia, evitando complicações, como vômitos, intolerância alimentar e perda de peso insuficiente. A respeito do tratamento nutricional pós-cirúrgico as entrevistas relataram: “Mudou bastante porque assim devido a cirurgia eu tenho que me alimentar poucas quantidade e mais vezes então aquele hábitos que eu tinha de duas refeições mudou para seis refeições hoje, então hoje a cada três ou quatro horas eu to comendo to me alimentando e como o estomago ficou reduzido muito pouco eu tenho que dar prioridade por ex assim se eu fosse sentar meu almoço hoje se eu for comer meu almoço era x salada, pizza, cachorro quente hoje não, hoje eu tenho que dar prioridade para o arroz, o feijão a carne e a salada né? Por daí o que acontece eu tenho um espaço reduzido e se eu não me nutrir pelo menos na refeição principal que é o almoço 44 estes nutrientes vão fazer falta para o meu organismo, não que eu não coma eu como uma pizza um cachorro quente mais é esporadicamente é eu tenho que escolher hoje o que eu me alimento da prioridade para as coisas que vão me trazer melhor qualidade. Então isso mudou, além de também eu ter que comer a cada três horas mais no início é de quinze em quinze min. São pequenas quantidades e daqueles copinhos pequeninhos de café aquilo ali a cada quinze minutos tomar o suco naquilo ali a água a sopa é medida pelos três copinhos daquilo ali a sopa batia. No começo é bem difícil à adaptação eu tive e tem pessoas que não tem mais eu tive muitos vômitos e ate hoje eu tenho, até hoje eu tenho rejeição de certos alimentos, se eu não mastigar bem o alimento ele volta, então assim até hoje eu tenho certas limitações na arte de se alimentar mais assim, hoje eu do prioridade par as coisas mais saudáveis”. (Afrodite) “Eu como normal, tudo normal em dosagens menores, só que a comida em si eu tenho dificuldade na digestão, talvez eu coma muito rápido eu não sei não me faz muito bem. E o que eu notei que mudou depois da cirurgia é que eu gosto mais de tomar café com pão coisa que eu não gostava. Isso que às vezes me faz ganhar peso porque como eu não como muito bem na hora do almoço e da janta eu fico sempre com fome, então eu capricho mais no meu café é aonde eu me perco, entende? Mais eu já to isso eu já to controlando, os horários segui certinho seis refeições diárias”. (Ártemis) “Depois da cirurgia é liquido né? Depois no sólido, eu mesmo que faço agora eu mesma que vi o que eu podia comer o que eu não podia comer, no começo eu vomitava muito, eu acho que às vezes alguma coisa eu comia que não era para comer, aí voltava, ai eu vomitei muito, muito, muito, muito. Assa muito tudo né? Muita frutas muito legume, muito pouca fritura, bem fritura mesmo eu quase não como porque me faz mal. O organismo não aceita fritura. Quando eu to em casa eu como assim..de uma em uma hora eu vou ali e faço uma coisa..uma boquinha como diz o outro né? Mais eu saiu muito, aí eu fico até quatro horas, três horas sem comer nada”. (Deméter) No pós-operatório imediato, após a liberação do jejum, inicia-se dieta líquida em uma fase de adaptação. A introdução dos alimentos é feita gradativamente, iniciando com água, chás, sucos, sopas e leite; o paciente deve ser orientado a ingerir pequenas porções por vez. No momento da alta hospitalar, o paciente deve estar recebendo dieta líquida, fracionada em 15 refeições/dia, oferecendo aproximadamente 1000 kcal/dia, e deverá mantê-la durante aproximadamente 30 dias. (MOREIRA e CHIARELLO, 2008) O acompanhamento no pós-operatório tardio exige também conhecimento da técnica cirúrgica empregada, ou seja, uma boa interação entre toda a 45 equipe envolvida no tratamento cirúrgico da obesidade. Torna-se necessário, após a cirurgia, um acompanhamento clínico nutricional sistemático e laboratorial precoce. (MOREIRA e CHIARELLO, 2008) O número de pacientes submetidos à cirurgia bariátrica está aumentando, havendo um maior número de pacientes obesos internados na UTI. As alterações fisiológicas da obesidade, juntamente com as complicações de um paciente crítico, são desafios para a prática médica. Portanto, é relevante conhecer a fisiopatologia da obesidade, o tratamento rotineiro das complicações no pós-operatório de cirurgia bariátrica (SANCHES, 2007). 46 7. CONCLUSÃO Analisando os relatos das quatro pessoas entrevistadas, percebe-se que há contradições entre as respostas, mesmo todas terem realizado a Cirurgia Bariátrica pelo Sistema Único de Saúde. Todas as voluntárias do estudo, afirmam se sentirem satisfeitas com a sua saúde e estética depois de terem realizado a Gastroplastia pelo SUS, porém, há reclamações em relação à assistência prestada. Em relação à assistência prestada pelo SUS em pacientes submetidos à Cirurgia Bariátrica, conclui-se que para ter acesso ao acompanhamento dos profissionais depende muito de cada pessoa, em relação à vontade da mesma em buscar aquilo que deseja. Ao mesmo tempo em que uma das entrevistadas relata que não há reclamações e obteve toda a assistência necessária dos profissionais de saúde, outra relata que ficou muito insatisfeita com o serviço, principalmente pela falta de médicos e pela demora dos agendamentos, sendo que para haver um acompanhamento necessário, a mesma bancou os custos de consultas particulares com os respectivos profissionais. O protocolo que diz respeito à Cirurgia Bariátrica e o SUS, em Criciúma, é implantado, porém não de forma clara para quem necessita dessa assistência, não existe um serviço de suporte específico, composto por equipe multidisciplinar, para os indivíduos que realizaram o procedimento. Conclui-se que para o procedimento cirúrgico se torne um sucesso duradouro, é fundamental que sejam obedecidos rigorosos critérios de seleção de candidatos à Cirurgia Bariátrica e que o acompanhamento clínico pré e pósoperatório seja criteriosamente realizado e continuado para o resto da vida. A conclusão da cirurgia não finaliza o tratamento da obesidade, pelo contrário, é o início do período de mudanças alimentares e comportamentais, e deve ser supervisionado por uma equipe multiprofissional. É de suma importância a consolidação de uma equipe multiprofissional de referencia para o município, onde os usuários dos serviços públicos de saúde encontrem profissionais capacitados para este acompanhamento, no pré-operatório, no período intra-hospitalar e pós-operatório. A garantia do 47 agendamento para o tratamento é condição sine qua non para o sucesso do procedimento e tratamento da obesidade. É de competência do profissional Nutricionista a assistência de Nutrição a esta pessoa, sendo que esta pode ser desenvolvida de forma individual, personalizada e coletiva, com a implantação do trabalho em grupo. Pode ser organizado um protocolo de tratamento nutricional detalhado, levando em consideração a realidade local. Neste é importante conter a periodicidade em que devem ocorrer as consultas, o objetivo de cada uma e os elementos mínimos para a avaliação do estado nutricional e identificação de mudança de hábitos ou recaídas. Ações de educação alimentar e nutricional devem permear os encontros. Diante da epidemia de obesidade as ações de promoção de saúde são essenciais. Para prevenir a obesidade é necessário que uma alimentação saudável seja incentivada desde a infância, evitando que a criança apresente peso acima do normal. Além disso, atividades físicas, lazer e uma estrutura familiar organizada são as melhores formas de prevenir a obesidade. Fica evidente que existe demanda para o trabalho do nutricionista em Saúde Pública, e este apresenta-se como o profissional mais preparado, uma vez que as modificações incluem o aspectos nutricionais tanto em serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, necessitando de grande conhecimento técnico e científico em nutrição e dietética. Desta forma, faz-se necessária à inclusão deste profissional na atenção básica, para que se torne possível o desenvolvimento de ações voltadas à alimentação e nutrição. Outros estudos são necessários, já que este procedimento e/ou tratamento de Cirurgia Bariátrica e no SUS é recente, muito importante e conforme estabelecido a Rede Pública de Saúde, tem caráter universal e gratuito, isto é, todos os cidadãos têm direito a assistência pelo Sistema Único de Saúde. 48 Referências APPOLINÁRIO, F. Metodologia da ciência: filosofia e prática da pesquisa. São Paulo: Thomson, 2006. 209 p. BONAZZI, C.L. et al. A intervenção nutricional no pré e pós operatório na cirurgia bariátrica. Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, São Paulo, v.1, n.5, p. 59-69, set./out. 2007. BUENO, M. B. and FISBERG, R. M. Comparação de três critérios de classificação de sobrepeso e obesidade entre pré-escolares. Rev. Bras. Saude Mater. Infant. [online]. 2006, vol.6, n.4, pp. 411-418. 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Qual foi seu tempo de internação (que você permaneceu no hospital)? 53 Quais profissionais que acompanharam você no hospital? Você teve algum custo com o procedimento? 3. Perguntas relacionais ao Pós - Cirúrgico Após a cirurgia em quais profissionais você foi, e qual a periodicidade? Como você se sentiu no pós - cirúrgico? Como são seus hábitos alimentares após a cirurgia? Daqui a cinco anos como você se vê? 54 ANEXO 55 Anexo 1: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Você está sendo convidado a participar da pesquisa sobre: Cirurgia Bariátrica: Tratamento na Rede Pública de Saúde. Sua participação não é obrigatória. A qualquer momento você pode desistir de participar e retirar seu consentimento não necessitando apresentar nenhuma justificativa, bastando, para isso, informar sua decisão a pesquisadora. Sua recusa não lhe trará nenhum prejuízo em relação o pesquisador ou a instituição. O objetivo deste estudo é investigar como a Rede Pública de Saúde presta assistência para as pessoas que realizaram a Cirurgia Bariátrica. Sua participação nesta pesquisa consistirá em preencher um questionário que contêm perguntas referentes á cirurgia realizada. Não há risco ou ônus na sua participação nessa pesquisa. Da mesma forma, você também não terá bônus. Os dados obtidos serão confidenciais e asseguramos o sigilo de sua participação durante todas as fases da pesquisa, inclusive após a publicação da mesma. Os dados não serão divulgados de forma a denegrir sua imagem, pois o objetivo principal é investigar como a Rede Pública de Saúde presta assistência para as pessoas que realizaram a Cirurgia Bariátrica. O seu anonimato será preservado por questões éticas. Você receberá uma cópia deste termo onde consta o telefone do pesquisador para localizá-lo a qualquer tempo e uma cópia do trabalho final. Meu nome é Joana Steiner Martins. A pesquisa acontece sob supervisão da professora Rita Suselaine Vieira Ribeiro. Meu telefone para contato é (048) 9984-2591. Considerando os dados acima, confirmo ter sido informado por escrito e verbalmente dos objetivos deste estudo científico. Desta forma, Eu aceito voluntariamente participar desta pesquisa e declaro que entendi os objetivos, riscos e benefícios de minha participação. Criciúma, _____ de ____________ de 200___. Nome e assinatura do pesquisador Nome e assinatura do sujeito pesquisado 56