- Caetano Marchesini

Propaganda
Tratamento psiquiátrico auxilia na cura da obesidade
Para algumas pessoas não basta apenas fechar a boca e
fazer atividade física para emagrecer. No caso de muitos homens e
mulheres a obesidade é uma condição que merece atenção de
diversas especialidades, inclusive da psiquiatria e da psicologia.
Isso porque fatores psicológicos podem levar ao aumento de peso e
a obesidade.
Pessoas deprimidas têm grandes chances de ganhar peso,
porque ficam sedentárias e costumam consumir mais alimentos
calóricos. O sedentarismo e o consumo destes alimentos provocam
aumento de peso, desmoralização e mais depressão, em um ciclo
que se perpetua.
Conflitos internos também podem colaborar para que o
indivíduo compense seus problemas, aumentando o consumo de
determinados alimentos gordurosos e altamente calóricos, como
doces e chocolates.
A ciência está comprovando que pessoas obesas têm menor
saciedade e uma necessidade maior de consumir alimentos
calóricos para compensar esta deficiência. Isso porque o excesso
de gordura corporal libera várias substâncias tóxicas para todo o
organismo, inclusive para o cérebro, provocando prejuízos às áreas
que controlam a sensação de saciedade e a capacidade de resistir
ao consumo de alimentos gordurosos.
Não se trata apenas de não ter competência para se controlar,
mas as pessoas obesas sofrem de efeitos tóxicos da obesidade
sobre o cérebro, provocando alterações na maneira como elas se
alimentam, pensam e se emocionam.
Tendo em vista que a obesidade é uma doença de causa
multifatorial e envolve questões psíquicas, os pacientes acabam
procurando as mais variadas formas de cura.
Uma das soluções mais eficazes para o problema da
obesidade mórbida é a cirurgia bariátrica. Em contrapartida, este
tipo de procedimento cirúrgico - que muda a vida do paciente obeso
de uma hora para outra - também exige um preparo psicológico e
acompanhamento psiquiátrico.
A minha linha de trabalho é encaminhar sempre para a
avaliação psiquiátrica todos os pacientes que desejam fazer a
redução de estômago. A consulta com o psiquiatra irá detectar
qualquer distúrbio que possa prejudicar a boa evolução do paciente
no período pré-operatório e pós-operatório.
O profissional procura investigar se o candidato à cirurgia
bariátrica sofre de algum transtorno por uso de substâncias
químicas e outras condições psiquiátricas como depressão e
transtorno bipolar. Além disso, a personalidade e o temperamento
do paciente são avaliados para sabermos se ele tem condições
mentais e emocionais para se beneficiar da cirurgia bariátrica, ou,
se a operação não passará a ser um problema a mais em sua vida.
O preparo para o pós-operatório imediato inclui estratégias
para enfrentar as mudanças que a cirurgia causará na vida do
paciente, como a privação alimentar.
Já o preparo para o pós-operatório tardio visa recuperar
habilidades que os pacientes deixaram de desenvolver ou
interromperam devido a obesidade.
A cirurgia bariátrica é o melhor tratamento para a obesidade
mórbida, mas o sucesso também depende muito da participação
ativa do paciente no tratamento.
O paciente passará por uma mudança importante na sua
maneira de viver e o acompanhamento psiquiátrico auxilia na sua
motivação e engajamento neste processo de mudança.
Agora, se a depressão já se instalou, o melhor a fazer, além
do descrito acima, é procurar ajuda profissional. Psiquiatra não é
“médico de gente doida” e ele poderá identificar o problema a tempo
e procurar dar um fim em todos os transtornos. O mais importante
é ter sempre em mente que a sua saúde é o seu bem mais
precioso, mesmo que você não use tamanho 38.
Caetano Marchesini é Cirurgião Bariátrico e Endoscopista especializado
em Obesidade , Membro da Federação Internacional de Cirurgia para
Obesidade, Membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica
e Metabólica e Membro titular da Sociedade Brasileira de Endoscopia
Digestiva.
Download