Cirurgia bariátrica pode não representar fim da obesidade Para combater a obesidade, considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma epidemia, especialistas destacam que é necessário melhorar os hábitos alimentares e estimular medidas preventivas. Hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, dislipidemia, artroses, varizes e síndrome metabólica são algumas das consequências da obesidade. Com a intenção de se livrar do problema, é cada vez mais comum no Brasil a realização de cirurgias bariátricas, também conhecidas como redução do estômago. “No entanto, o que muita gente não sabe é dos riscos que se corre com esse procedimento e das contraindicações”, destaca a médica nutróloga da Agemed, Sabrina Floriani. A cirurgia é indicada apenas nos casos em que a obesidade está estável há pelo menos cinco anos, em pessoas com IMC (Índice de Massa Corpórea) maior ou igual a 40 ou maior ou igual a 35 com doenças desencadeadas ou agravadas pela obesidade e que ameacem a vida e ainda com falha comprovada ao tratamento clínico (dieta associado a atividade física e terapia comportamental). “Complicações como infecções na parede abdominal, ruptura dos pontos internos do estômago e intestino, desnutrição crônica ou déficit de vitaminas por falta de absorção são comuns no pós- operatório, podendo levar a morte caso não identificados e tratados adequadamente”, alerta Sabrina. Para se submeter a esse tipo de cirurgia, há necessidade de tratamento prévio por dois anos com nutricionista, psicólogo, educador físico e médico. O paciente deve ter tentado tratamento clínico antes. “A cirurgia não é indicada para emagrecimento por estética, que é o que, em alguns casos, é vendido pelos cirurgiões. Muitos são pacientes jovens que não sabem o verdadeiro risco desta cirurgia”, ressalta a nutróloga. Maioria volta a ganhar peso depois da cirurgia Um índice alarmante: 60% das pessoas que fazem a cirurgia voltam a ganhar peso, sendo que 10% engordam novamente até 20 kg. “Diferente dos que as pessoas imaginam, a cirurgia não ‘cura’ a obesidade e seu sucesso depende da mudança de hábitos. Não é incomum que indivíduos que não fizeram acompanhamento psicológico prévio apresentarem desvio da compulsão alimentar para outras vias, como o alcoolismo, ou então procurar alimentos de fácil esvaziamento gástrico e de alta concentração calórica que são consumidos durante todo o dia resultando em aumento de peso, como leite condensado, sorvete, doces e refrigerantes”, explica Sabrina. Conheça algumas desvantagens da cirurgia bariátrica - Necessidade de reposição nutricional para o resto da vida - Custo elevado de suplementos alimentares para o resto da vida - Desconforto gástrico ao se alimentar - Diarréia crônica - Não ser definitiva em muitos casos, havendo casos frequentes de recirurgia - Alto índice de complicações e mortalidade de cerca de 1% (a mesma porcentagem de cirurgias de grande porte, abdominais, em pacotes com comorbidades)