O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (PFL/PE pronuncia o seguinte discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados: Acaba de chegar-me às mãos o ensaio dos economistas José Raimundo Oliveira Vergolino e Aristides Monteiro Neto – o primeiro, professor adjunto do Departamento de Economia da Universidade Federal de Pernambuco, e o segundo técnico do IPEA, atualmente no Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (SP), - sobre a economia de Pernambuco no limiar do século XXI, com uma agenda das oportunidades de desenvolvimento para o meu Estado natal. Trata-se de um estudo do melhor nível acadêmico, escrito em linguagem acessível e baseado em pesquisas desde 1960 sobre a formação do PIB (Produto Interno Bruto) de Pernambuco e da região Nordeste. É uma análise isenta de preconceitos, pois os autores não estão vinculados a Partidos políticos, que eu saiba, nem a Sindicatos ou Associações fora do meio acadêmico, que possam comprometer as conclusões que avançam, fruto da mais pura constatação técnica e empírica. Partindo do exame da economia de Pernambuco desde o Império, quando florescia a cultura canavieira implantada ainda na Colônia, os autores mostram o declínio da base industrial do Estado até meados do século XX, quando – nos anos 60 – o Estado despontou como líder do processo de industrialização regional, impulsionado pelos incentivos fiscais e financeiros administrados pela SUDENE e Governo do Estado e utilização da potência instalada da CHESF. 2 Hoje, passados 42 anos desse surto industrial, a economia pernambucana já não recebe os efeitos multiplicadores daqueles incentivos, que se encontram dissipados, e o setor terciário – a prestação de serviços – assume uma importância fundamental: mais de 70% para a formação do PIB estadual. Ora, isto é preocupante na medida em que se sabe que o setor de serviços não agrega valor; e que é o setor industrial o mais dinâmico em qualquer economia, embora não se possa desprezar o dinamismo das modernas agroindústrias, porém a resposta do investimento na agricultura é comprovadamente bem mais lenta do que na indústria. O que teria ocorrido para essa perda gradativa de importância do setor industrial na formação do PIB de Pernambuco? Os técnicos e analistas econômicos apontam, de um lado, a baixa expectativa (falta de estímulo) dos agentes produtivos locais; e, de outro, o comportamento das lideranças políticas do Estado. Sei que o Governador Jarbas Vasconcelos, que depois de melhorar a infra-estrutura do Estado no 1º mandato, e que procura viabilizar projetos estruturadores neste 2º, vai refletir sobre o assunto. E sou de opinião que caberia até um debate, a nível do Governo estadual e dos governos municipais, de suas conclusões e da agenda proposta. A conclusão do estudo é taxativa: “A ausência de um planejamento estratégico, a médio e longo prazos, para a economia estadual, por parte dos administradores que se sucederam, a partir da segunda metade dos anos 80, especialmente no contexto das reformas administrativa e fiscal... 3 constituiu-se no fator endógeno vital para o declínio da participação de Pernambuco no contexto regional.” O que ressalta de positivo nesse estudo é a sugestão de que, em termos de políticas públicas, os escassos recursos de investimento devem ser orientados para setores com potencial mais rápido de resposta, isto é, geração de renda e emprego. E enumera os setores: 1. Produtos gerados na área da cultura (incluindo a criação de uma Universidade das Artes no Estado); 2. A transformação do Porto do Recife em grande área de lazer; 3. A ampliação do turismo, incluindo o turismo ecológico e o histórico; 4. O reforço do Porto Digital do Recife e do Pólo Médico; 5. Maiores investimentos no Pólo Farmacêutico, com expansão do Lafepe na produção de genéricos; 6. Circuito de segurança pública para o setor de hotelaria nas praias e nas cidades serranas (Circuito do Frio); 7. Formação de recursos humanos para o setor de hotelaria e gastronomia; 8. Modernização da coleta do lixo na Região Metropolitana do Recife e nas “cidades-pólos” do interior do Estado; 9. Implantação de um sistema de esgotamento sanitário em todo o arco costeiro do Estado de Pernambuco, para evitar a degradação do litoral; 10. Urbanização das margens dos rios Capibaribe e Beberibe e utilização dos seus leitos (principalmente do Capibaribe) como vias navegáveis; 11. Investimentos no IPA e no CEPATSA em Petrolina, para dar apoio tecnológico à pecuária e à agricultura; 12. Expansão da área de irrigação no sub-médio São Francisco (indústria processadora de frutas; indústria 4 processadora de peixe); 13. Instalação de “fazendas de peixe” e de “fazendas de camarão” em barragens já existentes ou através dos estímulos a projetos da iniciativa privada (via PRODEP). Finalmente, no setor industrial – que vem mostrando uma preocupante tendência de declínio – o estudo dos economistas aqui mencionados propõe o direcionamento de investimentos privados, com estímulos do PRODEP e do Sistema SUDENE/FINOR/BNB, para os seguintes ramos: indústria metalmecânica, indústria de couros e calçados, indústria processadora de alimentos, indústria de minerais não-metálicos, complexo têxtil (fiação, tecelagem, confecções), indústria de fármacos e indústria de equipamentos de computação. São estas, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, as linhas básicas dessa “Agenda de Pernambuco”, que espero sirva de matéria de reflexão para todas as lideranças do meu Estado, preocupadas com o futuro das atuais e novas gerações, e também de objeto de análise dos políticos e administradores com responsabilidades nos planos regional e nacional. Muito obrigado! Sala das Sessões, em 30 de abril de 2003. Deputado INOCÊNCIO OLIVEIRA