n+ negócios mais. edição especial E S P E C I A L I S TA S Explicam o que é a “customer analytics” EM PRE SAS Revelam as suas estratégias Este suplemento é parte integrante do Jornal de Negócios n.º 2004, de 17 de Maio de 2011, e não pode ser vendido separadamente VEJA MAIS EM NEGOCIOS.PT Empresas procuram equilíbrio de poder Numa altura em que o poder parece estar todo do lado dos clientes, a “customer analytics” é a resposta Os clientes estão mais próximos, mais informados e cada vez mais imunes ao marketing. Perante isto, resta às empresas aproximarem-se, informarem-se e adaptarem a sua estratégia aos seus clientes. Miguel Baltazar II | Edição Especial | Jornal de Negócios | Terça-Feira, 17 de Maio de 2011 . Especial “Customer analytics” CON F E RÊ N CI A “Customer analytics” apresenta: o marketing do futuro Na era da informação, a relação com os clientes tem que ter em conta, cada vez mais, os dados fornecidos por estes FRANCISCO CARDOSO PINTO [email protected] Há uma cena particular de um conhecidoefuturistafilmedeSteven Spielberg que retrata de forma – percebe-se agora– premonitóriaa relação entre empresas e os seus clientes.Nessacena,passadanuma estação de metro de um qualquer país (ultra) desenvolvido, as pessoas, ao entrarem na carruagem, são, de imediato, “segmentadas” por um aparelho de leiturade retinasqueidentificatodosossujeitos. Combasenessaidentificação,apublicidade que durante a viagem é exibidaépessoal,namedidaemque procuraresponderàsactuaiseefectivas necessidades de cada consumidor. No fundo, trata-se de um “marketingdireccionado”, em que acomponente de atrair as pessoas para o consumo de determinado produto é diminuta, umavez que a marcajádispõedeinformaçãoque lhe permite saber se a pessoa em causa é ou não susceptível de ser atraída. Apublicidade deixade ser direccionadaatodos, parapassara sê-lo apenas àqueles que “interessa”.Odesperdíciodemeiosémenor e o sucesso das campanhas será muito maior. Ofilmeemcausaretrataumperíodo distante no futuro, mas fá-lo utilizando uma técnica que – aparelhos de leiturade retinaàparte – assume uma relevância cada vez maiornavidadasempresas:a“customeranalytics”. A“customeranalytics”éadisciplinadesegmentarosclientesepotenciais clientes de uma empresa com base na informação que eles fornecem a esta (através dos seus hábitos de consumo ou dainteracção com a própria empresa) para dessaformaajustarasuaoferta. ParaPeterDorrington, director de marketing estratégico da SAS e um dos oradores da conferência promovidapelo Negócios emparce- riacom aAccenture e aSAS, “aescolade marketingdos anos 80 está praticamentemorta”.“Omarketing tradicional é cada vez menos susceptível de trazer bons resultados, à medida que vamos ficando mais beminformadosemaisresistentes aestímulos”, conclui. E os estímulossãomuitos:“emmédia,umapessoavê cinco mil mensagens publicitáriaspordia”,revelaNatalieKouzeleas, responsável pela área de “Customer&Retention”daAccenture. Kouzeleas partilhado entendimento de Dorrington: “passado umtempo,apessoapuraesimplesmente desligadesses estímulos”. Comodecorrerdotempoecom o avanço datecnologia, os clientes foramdispondodecadavezmaisinformação,oquefazcomqueconsigam ter uma ideia exacta daquilo quequerem,criandoconsequentementeumacrescenteimunidadeàs estratégias de marketing tradicionais. O responsável da SAS chega mesmo a afirmar que “hoje são os clientes que estão adefinir as nossas competências de trabalho. São osclientesquenosdizemcomovamosserbem-sucedidos”.Maspara que as empresas percebam aquilo queosclientes“dizem”éprecisosaber“ouvi-los”. Ainformação de que os clientes dispõem sobre as empresas e os seusprodutosnãoécorrespondida pela informação que as empresas dispõem sobre os seus clientes, e é pararesponderaessedesequilíbrio entreainformaçãodequeunseoutros dispõem que a “customer analytics”surge.NatalieKouzeleas ePeterDorringtonapontarampara umamudançadeestratégiaemque aretenção de clientes assumatantaoumaisimportânciaqueaangariaçãodeclientes. “Hámuitovalor que jáestádentro davossaempresa”, avisaDorrington, que aproveita para descansar os interessados: “aboanotíciaéquenãotêmqueinvestirlogo100milhõesdedólaresà cabeça”. O marketing tradicional é cada vez menos susceptível de trazer bons resultados. PETER DORRINGTON Director de marketing estratégico da SAS Em média, uma pessoa vê cinco mil mensagens publicitárias por dia. NATALIE KOUZELEAS Responsável pela área “customer & retention” da Accenture Iniciativa | Conferência organizada pelo Negócios em parceria com a Accenture e Jornal de Negócios | Terça-Feira, 17 de Maio de 2011 | Edição Especial | III . Miguel Baltazar I D E I A S - C H AV E PASSOS PARA IMPLEMENTAR A “CUSTOMER ANALYTICS” 1 REUNIR INFORMAÇÃO SOBRE OS CLIENTES A informação sobre os clientes está presente em todas as interacções desta com aqueles. Desde hábitos de consumo, até testemunhos em redes sociais, tudo serve para melhor compreender os clientes. 2 SEGMENTAR A BASE DE CLIENTES DA EMPRESA Com base na informação recolhida, a empresa tem de proceder a uma segmentação da sua base de clientes, consoante o comportamento do cliente e as necessidades reveladas por esse comportamento. 3 AJUSTAR OFERTA À PROCURA SEGMENTADA Identificadas as necessidades dos segmentos de clientes, compete à empresa ajustar a sua oferta a essas necessidades. A coincidência entre a oferta e a procura será, em condições normais, maior. 4 ACOMPANHAMENTO CONTÍNUO A proximidade entre empresas e clientes (e entre estes) leva a que o acompanhamento dos clientes seja contínuo. O ajustamento da oferta à procura tem de ser constante, e feito com base nos “insights” dos clientes (exemplo: através das redes sociais). 5 RETENÇÃO É TÃO IMPORTANTE COMO A ANGARIAÇÃO A estratégia de marketing da empresa tem que dar igual importância à angariação de clientes novos e à retenção de clientes actuais. a SAS ajudou a perceber o conceito de “customer analytics”. “Começámos por uma pergunta básica: quem são os nossos clientes?” A TAP já utiliza a “customer analytics” e apresenta resultados FRANCISCO CARDOSO PINTO [email protected] Aexperiênciarecente daTAP no quedizrespeitoàestratégiaderelação com os clientes oferece um bom exemplo daimportânciada “customer analytics” no actual contextoecomeçoucomumaperguntasimples:“Quemsãoosnossoclientes?” Luís Monteiro, director de marketing da companhia aérea, referiu naconferênciaque, após fazerem um estudo que procurava conhecer melhor os clientes, chegaram aumaconclusão “surpreendente”. O resultado “surpreendeu-nosporqueacreditávamos que éramos uma empresa com um transporte maioritariamente de lazer, o que, de facto, já não era verdade”, revelou Luís Monteiro. “Reparámos que 45% dosnossospassageiroseramdelazer e 55% eram passageiros que viajavamcommotivaçãodenegócio”. A descoberta levou a companhiaaéreanacional a“iniciarum processo muito forte de mudança”,queresultounumaadaptação dosprodutosdaempresaàutilização que maioritariamente é feita pelos seus clientes através de novosprodutos. Os novos produtos, dos quais Luís Monteiro destacou o “TAP Executive”o“TAPPlus”eo“TAP Discount”, obedecem àsegmentaçãodaprocurapreconizadapela “customeranalytics”eprocuram satisfazerasdiferentesnecessidades dos passageiros da companhia.Nocasodo“TAPExecutive” o objectivo é corresponderàprocura“dotradicionalpassageirode negócios”enquantoo“’TAPPlus’ é um produto feito para aquele passageiro que viajaem negócios masnãonecessariamenteemexecutiva”. OestudofeitopelaTAPfezcom queaempresaapostassetambém Luís Monteiro, director de marketing da TAP, ficou a conhecer melhor a sua empresa. Acreditávamos que éramos uma empresa de transporte de lazer, o que já não era verdade. no mercado de viajantes “low cost”,oqueresultounacriaçãodo produto “TAP Discount”. Este produto“fezcomqueaTAPcrescesse mais do que todas as ‘lowcost’ juntas no aeroporto de Lisboa”, avançou o director de marketingdaTAP. Internet é a fonte por execelência A nova estratégia resultante da análise da procura e dos hábitos dessa procura levou também a “um grande crescimento de vendas pela Internet”, o que, como apontou Luís Monteiro, é extremamenteimportantedopontode vistada“customeranalytics”,uma vez que as vendas virtuais “enriquecemprofundamenteabasede dados dos nossos [daTAP] clientes”. As alterações ocorridas naestratégiadaempresalevaramaque as vendas daempresapelaInternet tivessem aumentado 40%, o que,paraalémderepresentarum acréscimo nafacturação, faz aumentar de forma significativa o fluxodeinformaçãosobreosclientes. IV | Edição Especial | Jornal de Negócios | Terça-Feira, 17 de Maio de 2011 . Especial “Customer analytics” Fotos: Miguel Baltazar SU ZAN A F E RRE I RA, DI RECTORA DE M ARCA DA CG D “A nossa exposição às marcas é muitas vezes asfixiante” A CGD reconhece que a exposição às marcas por vezes é exagerada e que as redes sociais são um veículo a utilizar pelas empresas. Resta saber como... Suzana Ferreira, directora de marcaecomunicaçãodaCGD,admite que as estratégias tradicionaisdemarketingpoderãoestara perder o efeito e aponta o caminho preconizado pelo banco do Estado. A importância da “customer analytics” é hoje maior do que no passado? Porquê? Aimportância desta metodologiatemvindoacrescer,nomeadamente, e desde logo, pelasofisticaçãoeexigênciadoconsumidor mais informado e das técnicas de marketing, que acompanharam este novo “consumidor”. É mais difícil hoje manter a fidelidade dos clientes? A“fidelidade”estámuitorelacionada com a confiança que o consumidor tem namarcaao nível dasuareputação, serviço/relaçãoebenefíciostangíveis.Sefor fraca em qualquer um destes eixos, a“relação” com amarcafica fragilizada, logo maior probabilidadetemdeprocuraralternativa. Concorda que os consumidores estão cada vez mais imunes às estratégias tradicionais de marketing? Énaturalqueosconsumidores estejam saturados do “barulho” queasmarcasfazemnosmaisvariados“media”natentativadeestarem presentes navidados consumidores. Anossaexposição às marcas é muitas vezes asfixiante nosdiasdehoje,e,paranãosermos “desligados”dassuasvidas,temos queconhecerbemociclodevidae as necessidades dos nossos clientes,assuaspreocupaçõeseexpectativas,paramantermosumrelacionamento de alta satisfação aproximando-nos deles quando pudermos ser úteis na sua vida, mantendoumposicionamentode honestidade,transparência,compromisso com valores que, sabemos, são a base de identificação dosclientescomasmarcas. Que papel têm as redes sociais na importância crescente que é dada à “customer analytics”? São mais uma plataforma de encontro social onde as marcas podem estar ou não presentes, semprecomaspreocupaçõesque referi anteriormente. As movimentaçõesdosconsumidoresnas redessociaisdevemserutilizadas, noqueserefereaestilosdevidae comportamentos,comoinformação relevante para a “customer analytics”. Ainda não sabemos bemcomo.Agoraconcordoqueas marcasparasefazerem“lembradas”devemterumapresençanas redessociaiscomrelevânciaeutilidadeosseusclienteseconsumidores.Vamosterdeperceberqual amelhorformaparao fazer. O que é que tem sido feito na Caixa no sentido de aproveitar a capacidade analítica já instalada? A “customer analytics” tem permitidoaumentarovalordarelação com os clientes e detectar oportunidades e cadências de contacto com os clientes, melhorando o conhecimento que estes têm das nossas diversas propostas de valor e potenciando aconcretização pelos nossos comerciais dessas oportunidades. FCP É natural que os consumidores estejam saturados do “barulho” que as marcas fazem nos “media”. As marcas devem ter uma presença nas redes sociais (...). Vamos ter de perceber a melhor forma de o fazer. PERFI L DA ADVOCACIA AO MARKETING, PASSANDO PELO JORNALISMO Antes de ser directora de comunicação e marca da Caixa Geral dos Depósitos, Suzana Ferreira fez um pouco de tudo. Entre 1987 e 1994, fez consultoria jurídica no Banco de Fomento e Exerior e na Ernst & Young, e exerceu advocacia em nome próprio. Em 1990 envereda pela área do jornalismo, começa por ser membro do conselho-geral da Sociedade Tipográfica para, em 1991, assumir a direcção da revista “Valor”. Em 1994 assume a direcção de Marketing do BNU, de onde, em 2000, ingressa na Caixa Geral dos Depósitos. Começa por assumir a coordenação da área de comércio electrónico, para, em 2006, assumir a direcção de comunicação e marca. Jornal de Negócios | Terça-Feira, 17 de Maio de 2011 | Edição Especial | V . FERN AN DO AM ARO, DI RECTOR DO M ON TEPI O GERAL “A marca tem de entrar na esfera emocional do cliente” O responsável do Montepio defende que a relação entre empresa e cliente deixou de ser feita só num sentido, o que traz novos desafios às marcas ParaFernando Amaro, director-geraldemarketingdoMontepio Geral, não restamdúvidas: “o paradigmadarelação[entreempresae cliente] mudou”. Odirigentedefendequetodaa comunicação que se encontra subjacente a essa relação sofreu alterações. “Não é apenas amarca que comunica com o cliente, mas estes dialogam entre si” ao mesmo tempo que “as empresas têm‘feedback’quaseinstantâneo sobreosseusprodutoseserviços”. No Montepio, o objectivo declaradoporFernandoAmaroéde “conhecercadavezmelhorascaracterísticas e necessidades dos clientes”e,nessesentido,obanco “utilizahámaisdecincoanosmodelos de análise de clientes, segmentaçãoepropensãoàcompra”. Aformade captarafidelidade dosclientestambémmudou:para Amaro,“afidelizaçãojánãopode serprocuradasimplesmenteatravésdaofertadeprodutosedasua comunicação.Amarcaprecisade entrar na esfera emocional do cliente”, esclarece. Comunicação passou a ser bilateral e paralela Amudançadeumacomunicação unilateral, em que apenas a empresa comunicava, para uma comunicaçãobilateral,naqualos clientespassamaterumapalavra adizer,eatéparaumacomunicação paralela(entre clientes) tem uma vantagem: desta forma “as empresas têm acesso a informaçãocomportamentaldosclientes quepodeedevecomplementaros seus modelos”. Esta “informação comportamental”éachaveparaqueaapostana“customeranalytics”sejafeita. De tal formaque o director de marketingdo Montepio que, nos tempos que correm, “a primeira empresaaagirnosentidodaprevisão danecessidade do cliente e delheproporcionarumasolução adequadanomomentocerto,ganharealmentevantagem”.A“customer analytics” é importante porque“actuanapreparaçãodessaabordagem,estudandoainformação disponível de cadacliente e prevendo o seu comportamen- to”, defende Fernando Amaro. Parao dirigente do Montepio, acrescente importânciada“customer analytics” não quer dizer necessariamentequeomarketing tradicional estejaaperder efeito juntos dos consumidores. Fernando Amaro defende que adisciplina é uma “ferramenta de marketing,quecontribuiparaníveisdefidelizaçãomaissustentáveis,complementandoosinstrumentostradicionalmenteutilizados e igualmente importantes, como apublicidade”. Questionadosobreasuaperspectivano que tocaao aproveitamentoqueasempresasportuguesasfazemdo“insight”analíticode que dispõem, Fernando Amaro defendeque“asempresasprocuramcadavez mais ‘insight’ analíticoparasuportaratomadadedecisões”. De resto, “análises estruturadas assentes em dados que permitampreveresimulararealidadedaformamaisaproximada possível” são hoje uma “exigência” para o responsável do Montepio. A fidelização já não pode ser procurada apenas através da oferta de produtos e da sua comunicação. Montepio utiliza há mais de cinco anos modelos de segmentação e análise de clientes. PERFI L DEPOIS DA UNICRE... O MONTEPIO Fernando Centeno Amaro exerce funções como director da direcção de marketing do Montepio, desde Junho de 2008. Antes disso, desempenhou funções como director do departamento de marketing estratégico do Montepio, tendo desenvolvido projectos tais como: Estratégia de desenvolvimento e planeamento de negócio; CRM; implementação de gestor de clientes particulares e de negócios; abertura de balcões; desenvolvimento da nova imagem do Montepio e do novo “layout” dos balcões. Em 1999, na Unicre, desempenhou funções como coordenador da área de gestão da distribuição da direcção de emissão (cartões de crédito Unibanco). VI | Edição Especial | Jornal de Negócios | Terça-Feira, 17 de Maio de 2011 . Especial “Customer analytics” J OAN A RI BE I RO DA SI LVA, DI RECTORA DE M ARKE TI N G DA OPTI M U S “Conhecimento do cliente pode aumentar muito o sucesso das acções” Oferta da Optimus é largamente condicionada pelas necessidades dos clientes Fotos: Miguel Baltazar PERFI L NA OPTIMUS DESDE O INÍCIO Joana Ribeiro da Silva exerce a função de directora de marketing particulares da Optimus desde Janeiro de 2010, tendo ingressado na operadora em 1998 para o projecto de lançamento. Antes de ingressar no grupo Sonae, foi consultora na Andersen Consulting, em Lisboa. Entre 1998 e 2011 desempenhou vários cargos na Optimus, designadamente directora de marketing e vendas Kanguru, directora de serviços de Internet e multimedia e responsável pela equipa de desenvolvimento de oferta particulares no projecto de lançamento. Nesse período, esteve um ano fora da Optimus para a realização de MBA e nos dois anos seguintes foi responsável por diferentes “start-ups” na Internet (portal de viagens exit.pt; portal de leilões miau.pt, etc…). “Oconhecimentodoclienteécrítico paraaconstrução de propostas de valorvencedoras e únicas e aindaparaaactuaçãosegmentada juntodabasedeclientesejuntode potenciaisclientes”.Comestafrase,JoanaRibeirodaSilva,directorademarketingdaOptimus,resume a importância da “customer analytics”. Noseuentender,adisciplinadá “umconhecimentodoclienteque pode aumentarmuito significativamenteosucessodasacções”que aempresadesenvolve. Estandonumaáreacomelevado desenvolvimento tecnológico, aOptimusestánumaposiçãoprivilegiadanoqueàimplementação da“customeranalytics”dizrespeito. “Na Optimus temos o privilégio de ter imensa informação sobre os nosso clientes”, assegura JoanaRibeiro daSilva, que deixa doisexemplosdeprodutosqueforam fruto da análise da informação fornecida pelos clientes: o “BoomerangFive” e o “TAG”. O primeiro produto nasceu da conclusãoaqueaempresachegou de que haviaum “grupo de clientes que tendia a fazer chamadas mais longas”. Assim, o “Boomerang Five” veio oferecer um tarifário adaptado a esse segmento dos clientes daOptimus, umavez queoferece“chamadasmaisbaratas após o primeiro minuto”. O“TAG”,porseuturno,apareceu depois de os responsáveis da marcaseteremapercebidoqueos seusclientesfalavammaioritariamente com um grupo restrito de pessoas. Este produto veio oferecer“chamadasilimitadasparaesse grupo” de pessoas. AapostadaOptimusna“customeranalytics”está,assim,emfase avançadadeimplementação.Adirectorade marketingdaempresa refere mesmo que são lançadas “semanalmente cercade 40 campanhas que exigemumasegmentação muito fina e um conhecimento muito aprofundado das apetências dos clientes”. Essasegmentaçãoé,naopinião deJoanaRibeirodaSilvaessencial ao sucesso da empresa, uma vez que as “estratégias de comunicaçãomassivatêmhojeumimpacto inferiorquandocomparadascom estratégias de comunicação mais dirigidas”. Redes sociais tornaram clientes “muito mais participativos” Aresponsáveldaoperadoradetelemóveis reconhece importância ao fenómeno das redes sociais, uma vez que vieram tornar os clientes “muito mais participativos no processo de desenvolvimento de produtos e de avaliação dos mesmos”. “Antes as empresas controlavam a informação que queriam passar parao exterior. Hoje tambémosclientescontrolamoqueé dito”, defende Joana Ribeiro da Silva. O poder está agora repartidoentreempresaeclienteenoentenderdaresponsável“asempresasdevemagiremconformidade”, utilizando a informação para ter “um melhor conhecimento do cliente”. FCP 40 2 CAMPANHAS OPTIMUS A operadora da Sonae lança semanalmente cerca de 40 campanhas que exigem uma segmentação e um conhecimento aprofundado das apetências dos clientes. EXEMPLOS DE PRODUTOS BEM SUCEDIDOS O “Boomerang Five” e o “TAG” foram dois exemplos apontados por Joana Ribeiro da Silva de produtos que obedeceram a uma análise rigorosa das necessidades dos seus clientes. Estratégias de comunicação massiva têm hoje um impacto inferior, quando comparadas com estratégias mais dirigidas. Antes as empresas controlavam a informação que queriam passar para o exterior. Hoje também os clientes controlam o que é dito. Jornal de Negócios | Terça-Feira, 17 de Maio de 2011 | Edição Especial | VII . RU I F RE I RE , ADM I N I STRADOR E XECU TI VO DA U N I CE R “O marketing é cada vez mais necessário” Rui Freire considera que a “customer analytics” dá um “importante contributo” PERFI L ADMINISTRADOR EXECUTIVO DE MARKETING DESDE 2009 Rui Fernando Santos Henriques Freire é membro da comissão executiva da Unicer Bebidas, SA, com o pelouro do marketing desde Abril 2009. Tendo ingressado na Unicer como director-geral de marketing, foi nomeado administrador executivo de marketing em Novembro de 2009. Entre 1989 e 2007 desempenhou vários cargos na Fima/VG, designadamente “business director”, director de marketing e vendas “out-of-home”, “bakery” e “food service”, director de marketing para bebidas. Acumulou ainda responsabilidade sobre as vendas do canal de distribuição, e “marketing manager” também com responsabilidade sobre a mesma estrutura de vendas, gestor de grupo de produtos, gestor de produto. OadministradorexecutivodaUnicer,RuiFreire,explicouao Negócios aestratégiadaempresanarelação que estabelece com os seus clientes. Emtempos de crise, a“customer analytics” assume uma importânciamaior. Qual a importância da “customer analytics” no actual contexto económico e social? Em tempos recessivos ou de baixasperspectivasdecrescimento, aumenta a exigência quanto à formacomo aplicamos os nossos recursos. Nesse sentido, é hoje cadavezmaisprementeamedição doretornodoinvestimentoquefazemos,sejajuntodosclientes,seja juntodoconsumidorfinal.Quandoosrecursossetornammaisescassos,oseuvalorrelativoaumentae é necessário garantir que são bemaplicados. Os consumidores estão a ficar imunes às estratégias de marketing tradicionais? Não sei o que são estratégias tradicionais.Paramim,oqueéimportanteéquesejamboaseeficazes. Aformacomo comunicamos temvindoatransformar-seaolongo do tempo e assim continuaráa acontecer. Hoje acomunicação é mais interactiva, mais relacional, mais participada. Não há lugar paraummarketing“panfletário”, arrogante e distante. Mas estes não são traços de uma estratégia tradicional, e simde umaestratégiaerrada... Temos plataformas digitais com umafortíssimaparticipação de consumidores, com uma base de dados de quase 400.000 pessoas e um perfil de facebookcom cercade 150.000 fãs. Não considera então que o marketing esteja a perder o seu efeito de captação de clientes... Não. Um marketing capaz de desenvolver marcas fortes é cada vez mais necessário. E paraisso é preciso continuar a inovar, a comunicar e adesenvolver relações com os clientes e consumidores. Mas é também necessário que os investimentossejammonitorizados,avaliadosequetenhamretorno. Nesse sentido, a “customer analytics” dá-nos um importante contributo.Masnãoéumdogma. É, sim, mais umaferramentaque nosajudaaoptimizarasnossasdecisões. O que é que a Unicer está a fazer no sentido de utilizar essa “ferramenta”? AUnicerfezrecentementeum trabalho muito aprofundado sobre o seu negócio, nomeadamente em termos de segmentação de clientes e portefólio. Essa é uma condiçãoessencialparaqueaaplicaçãodeferramentasdeavaliação seja eficaz. Estamos neste momentoaimplementaressemodelo,doqualresultatambémumainformaçãodegestãomaisdetalhadaemaisorientadaparaaacção.E os resultados de negócio estão a surgir. Aliás, em 2010 tivemos os melhoresresultadosdesempreda UnicerBebidas,oquecomprovaa validade das nossas opções. FCP 400 mil 150 mil NÚMERO DE PESSOAS PRESENTES NA BASE DE DADOS DA UNICER A Unicer parece estar a fazer o seu trabalho no campo da “customer analytics”. Quanto maior o número de sujeitos presentes na base de dados, mais fiel será a informação. NÚMERO DE FÃS DA EMPRESA NO FACEBOOK As redes sociais são, hoje, um veículo privilegiado para as empresas comunicarem com os seus clientes. A Unicer já conta com 150 mil “amigos”. Hoje, a comunicação é (...) mais relacional. Não há lugar para um um marketing “panfletário”. Um marketing capaz de desenvolver marcas fortes é cada vez mais necessário.