ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE A

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ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE A INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA
AQUÁTICA E EM SOLO NA LESÃO CEREBELAR
Samya Nazareth da Costa Soares** – NOVAFAPI
Adriana Cavalcante M. Matos*** – NOVAFAPI
Bruno Henrique Rabelo de Sousa* – NOVAFAPI
Teylon de Alencar Cartaxo* - NOVAFAPI
INTRODUÇÃO:
Cerebelo é um órgão que esta situada na fossa ou andar posterior da cavidade
craniana. Baseado na filogênese, o cerebelo divide-se: 1) arquecerebelo, sua parte mais
primitiva, formada pelo lóbulo flóculo-nodular; 2) paleocerebelo, constituído pelo parafloco,
úvula, pirâmide e porção vermiana do lóbulo anterior e 3) neocerebelo, sua parte mais
desenvolvida, é formado pelas porções laterais e vermiana da parte média do lóbulo posterior.
O paleocerebelo e neocerebelo compõem o corpo cerebelar, separando em lóbulo anterior e
posterior e pela cissura primária (DANGELO FATTINI, 2005).
Segundo PORTO (2005), no cerebelo observa-se um manto cortical de cor cinzenta,
denominada córtex cerebelar, o qual envolve a substância branca, constituída pelas fibras
aferentes e eferentes que transitam pelos pendúculos cerebelares inferior, médio e superior em
ambos os lados da linha média, formações esta que fixam o cerebelo ao tronco cerebral. Na
substância branca estão situados os quatros pares de núcleo cerebelares: denteado, globosa,
emboliforme e fastigial.
Embora seja perfeitamente possível a vida sem o cerebelo, este órgão funciona como
um computador especialmente programado para interferir de modo fundamental no
mecanismo de controle dos movimentos (PORTO, 2005).
O cerebelo é considerado o órgão essencial da coordenação motora. Quando os
impulsos nervosos envolvidos em determinado movimento partem do córtex cerebral com
destino aos motoneurônios, existem fibras que, deixando o córtex cerebral, transmitem
simultaneamente informações ao cerebelo. Por outro lado, o cerebelo recebe fibras aferentes
provenientes de todas as regiões do corpo. Tem maior importância na atividade motora
àqueles que provêm dos fusos musculares e dos órgãos tendíneo, que são receptores sensíveis
às variações de comprimento e de tensões musculares, respectivamente o cerebelo recebe
ainda importantes informações do labirinto e núcleos vestibulares e da formação reticular do
tronco (NITRINI, 2005).
As porções medianas do cerebelo, denominado vermes têm poucas referencias do
córtex cerebral e projeta-se principalmente sobre a formação reticular do tronco e sobre
núcleos vestibulares na lesão de vermes cerebelar predominam os distúrbios do equilíbrio. As
porções laterais, denominadas hemisférios cerebelares projetam seus impulsos ao córtex
cerebral e tem maior importância na coordenação da motricidade voluntária dos membros.
Devido à disposição das fibras aferentes e eferentes cada hemisfério cerebelar está ligado à
motricidade do hemicorpo ipsilateral. As fibras provenientes do córtex cerebral decurssam
antes de atingir o hemisfério cerebelar, enquanto as provenientes do hemicorpo chegam ao
hemisfério cerebelar ipsilateral através dos tratos espinocerebelar. Como as fibras eferentes do
cerebelo decurssam antes de se projetarem sobre o córtex cerebral, compreende-se por que
cada hemisfério cerebelar relaciona-se com o hemisfério cerebral contra lateral e, portanto,
com o hemicorpo ipslateral (NITRINI, 2005).
Segundo NITRINE (2005), o equilíbrio altera-se bastante nas lesões cerebelares, para
compreender as razões do desequilíbrio é importantes reordenar que para a manutenção da
postura ereta, é necessário que os músculos envolvidos exerçam tensão constante que seja
contrabalanceada por músculos antagonistas assim a tensão exercida sobre o tendão de
Aquiles durante a postura ereta deve ser constante e contrabalanceada pelas tensões exercidas
pelos músculos anteriores da perna. A constância da tensão de um músculo não pode ser
mantida a custa da atividade das mesmas unidades motoras, pois rapidamente ocorria fadiga.
Há necessidade de rodízio freqüente entre as unidades motoras, sem que a atenção se altere.
Portanto, este estado de equilíbrio aparentemente simples resulta de mecanismos complexos
onde a participação do cerebelo é essencial.
Nas lesões cerebelares é possível descrever que, durante a postura ereta, os tendões de
Aquiles e do tibial anterior ressaltam irregularmente, numa característica dança dos tendões.
As oscilações do equilíbrio estático muitas vezes obrigam a que o paciente mantenha os pés
afastados entre si para ampliar a base de sustentação. A conclusão palpebral praticamente não
afeta o equilíbrio, pois a visão não tem papel importante no controle de tensões e variações de
comprimento das fibras musculares (NITRINI, 2005).
Durante a marcha as pernas mantêm-se afastadas, os passos são irregulares, ora muitos
amplos, com abdução exagerada da coxa, e ora pequenos e sem excesso de abdução, o que
impede a marcha em linha reta e caracteriza a marcha ebriosa. Em lesões unilaterais do
cerebelo, há tendência a desvios para o lado afetado durante a marcha. Os testes de
coordenação entre tronco e membros são mais afetados nas lesões vermes cerebelar. Ao
levantar-se do leito as pernas se elevam, impossibilitando que o paciente sente-se no leito sem
o auxilio das mãos. Nas lesões dos hemisférios cerebelares ocorrem decomposição de
movimentos, erros de medida disdiadococinesia. Estes distúrbios resultam da falta de
contração de músculos agonistas, a sinergistas, fixadores das articulações e de antagonistas. A
incoordenação cerebelar pode afetar todas as atividades motoras voluntárias. Os movimentos
dos olhos podem apresenta-se decompostos, com erros de medida, e a fala também pode se
modificar, tornando-se ora lenta e monótona, ora brusca e explosiva (NITRINI, 2005).
Trabalhos informam que o córtex do motor, o cerebelo, e o gânglio basal estão
envolvidos no controle voluntário da postura e de tarefas postural diferentes de aprendizagem.
Entretanto, estas estruturas jogam papeis diferentes de aprendizagem postural. (IOFF, 2006).
OBJETIVOS GERAIS:
Mostrar a intervenção da fisioterapia aquática e no solo na lesão cerebelar, demonstrando
um melhor prognóstico da pessoa com lesão cerebelar no que diz respeito a alterações sensitivomotoras, posturais, coordenações, equilíbrio e aumento de amplitude de movimento.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
1)Melhorar a marcha em superfícies normais e irregulares; 2)facilitar a dissociação de
pelve e tronco com rotação; 3)Fortalecer os músculos de membros inferiores bilateralmente:
quadríceps, tríceps sural, semitendinoso, semimembranoso e bíceps femoral; 4)Melhorar a
propriocepção; 5)Restaurar os movimentos automáticos e voluntários; 6)Treinar a
coordenação motora fina; 7)Melhorar a cognição e a interação social; 8) Adequar a paciente
as suas atividades da vida diária a mais funcional possível.
METODOLOGIA:
Trata de uma pesquisa explorativa do tipo relato de caso baseado na observação direto da
paciente M.F.L.S., sexo feminino, quatro anos de idade, com lesão cerebelar. O presente
estudo está sendo realizado na clinica escola de fisioterapia da Novafapi, Teresina, Piauí. A
mãe da paciente concordou em participar do estudo assinando o termo de compromisso livre e
esclarecido. Inicialmente foi realizada uma consulta onde se observou no exame clinico
funcional o déficit de marcha e equilíbrio além de limitação da coordenação motora fina,
estrabismo, assimetria escapular, escapula direita alada, ausência de contratura e espasmos
muscular, trofismo normal e ausência de deformidade. Após a avaliação do paciente elaborouse um projeto de intervenção fisioterapêutica com os seguintes procedimentos: 1) Trabalho de
equilíbrio na prancha de propriocepção (latero/lateral e ântero/posterior); 2) Maturação das
reações de equilíbrio, propriocepção estimulando a rotação de tronco sentado na bola suíça; 3)
Fortalecimento da musculatura de membros inferiores (quadríceps, isquiotibiais e
gastrocnêmico) na cama elástica grande; 4) Subida e descida de rampa e degraus com e sem
apoio; 5) Deambulação sobre bastões coloridos dispostos paralelamente de frente para o
espelho; 6) Exercícios de marcha circular, lateral, para frente e para trás na cama elástica; 7)
Treinamento da marcha em colchonetes empilhados; 8) Treino de marcha automática na
velocidade de 0,8km/h no tempo de 0,5 minutos; 9) Favorecer o controle neuromuscular
postural na prancha em hidroterapia; 10) Manutenção e melhoria do equilíbrio, coordenação e
postura com o uso do macarrão; 11) Aumento de amplitude de movimento do membro
superior direito com o uso da bola; 12) Aperfeiçoamento dos músculos de membros
superiores com o uso de alteres contra a resistência da água; 13) Ganho de força da
musculatura enfraquecida do membro inferior aumentando sua tolerância com a utilização da
resistência da água; 14) Ajustes da marcha e equilíbrio com e sem turbulência em pé;
A paciente mantem-se em tratamento fisioterapêutica duas vezes por semana, durante
cinqüenta minutos em um mesmo turno, na prática da disciplina Clínica Fisioterapêutica
Pediátrica.
RESULTADOS:
Após os atendimentos, foi feita uma reavaliação clinica onde se observou melhora da
marcha em superfície regular e irregulares, diminuindo o numero de quedas durante a
deambulação, aumentando o equilíbrio, a coordenação e a propriocepção de movimentos
automáticos e voluntários, maior equilíbrio sem apoio na cama elástica, subidas e descidas de
degraus sem apoio, melhoria da dissociação da cintura pélvica e tronco, aumentando
consideravelmente a amplitude de movimento para o padrão extensor do membro superior
direito, adequando-se ao afeto, interação social e atenção ao meio.
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
A intervenção fisioterapêutica foi feita com revisão de literatura conservante e chama
à atenção para a mais importância e conhecimento desta patologia, daí sugeriu por
desenvolvimento de mais estudos por causa da restrita abordagem cinético-funcional.
A conduta terapêutica aquática e no solo apresentou grande importância no tratamento
da lesão cerebelar, já que foi observada tanto por parte dos profissionais, acadêmicos e
familiares uma boa evolução da paciente com o tratamento adotado.
Palavra-chave: Paralisia cerebelar, ataxia, hidroterapia, intervenção fisioterapeutica.
REFERÊNCIA:
AMSGREN, L; BALDWIN, L, GOETZINGER-FALK; C; ERIKSON, A;
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32 indicidual with congenital ataxia.Dae Med Chiend Neural. 2005.
HIRATA, TANAKA, H, ZENG, X.H, HOZUMI,A;ARAJ,M.The Oj Basal Ganglia And
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IOFFE, M.E; USTSNOVA, K.I; CHERNIKOVA, L.A; KULIKOU, M.A; Supervised
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Cerebelar Ataxia. Exp Brain Res. 2006.
NITRINI, Ricardo; BACHESCHI, Luiz Alberto. A Neurologia que todo medico deve
saber. 2 ed. São Paulo: Atheneu, 2005. 490.
PORTO, Celmo Celeno. Semiologia medica. 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 2005. 1317.
ROWLAND, Lewis P. Merrit: Tratado de Neurologia 10 ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2002.887.
UMPHRED, Darcy A. Reabilitação Neurológica. 4 ed. Barueri: Manole, 2004.1118.
DANGELO, Jose Geraldo; FATTINI, Carlo Américo. Anatomia básica dos sistemas
orgânicos. 0 ed. São Paulo: Atheneu, 2005. 493.
*** Samya N. da Costa Soares, acadêmica do 7° bloco de Fisioterapia da Faculdade de Saúde,
Ciências Humanas e Tecnológica do Piauí – NOVAFAPI. [email protected]
** Adriana Cavalcante M. Matos, Professora da Disciplina Clinica Fisioterapeutica
Pediátrica do Curso de Clinica Fisioterapeutica da Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e
Tecnológica do Piauí-NOVAFAPI, especialista em Fisioterapia Músculo-Esquelética,
Fisioterapia Pediátrica e Neurológica e orientadora da pesquisa [email protected].
* Bruno Henrique Rabelo de Sousa, acadêmico do 5° bloco de Fisioterapia da Faculdade de
Saúde, Ciências Humanas e Tecnológica do Piauí – NOVAFAPI. [email protected]
* Teylon de Alencar Cartaxo, acadêmico do 5° bloco de Fisioterapia da Faculdade de Saúde,
Ciências Humanas e Tecnológica do Piauí – NOVAFAPI. [email protected]
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