Nutrição escolar consciente: oficinas de culinária para alunos do ensino fundamental das escolas públicas do município de Duque de Caxias/RJ. Silva MX, Almeida DF, Ruiz AS, Soares B, Almeida F, Silva JXS, Pedrosa C, Pierucci APT RESUMO O Brasil passa pela transição nutricional caracterizada pela presença de alimentação inadequada. O padrão alimentar brasileiro tem apresentado mudanças, com maior consumo de alimentos industrializados, em substituição à comida caseira. Estudos recentes demonstram que crianças e adolescentes estão aderindo a esse comportamento alimentar dos adultos com o aumento do consumo de produtos com alto teor energético e redução de frutas, verduras e cereal. Devido à inadequação das práticas alimentares entre crianças, devem ser adotadas estratégias educativas, informativas e motivacionais que enfatizem os benefícios da adoção de uma dieta equilibrada, no ambiente escolar. Esse estudo visa, por meio de atividades lúdico-didáticas para crianças, possibilitar o aprendizado a respeito de alimentação saudável, fornecendo condições para escolhas por alimentos que beneficiem a saúde. Esse trabalho objetivou avaliar o efeito de intervenção educativa a respeito de alimentos e alimentação saudável entre alunos do primeiro ciclo do ensino fundamental de escolas municipais de Duque de Caxias/Rio de Janeiro. Foram selecionadas duas escolas, com amostra de 135 alunos, divididos em: Controle: 79 e Intervenção: 56. Utilizou-se como metodologia a aplicação de oficinas de culinária, aulas informativas e gincanas educativas. A avaliação por meio de jogos possibilitou maior descontração entre os alunos para revelarem seus conceitos. O rendimento da aprendizagem foi de 70% na escola intervenção. As oficinas e as aulas expositivas obtiveram adesão e interesse das turmas, que demonstravam prazer enquanto aprendiam os novos conceitos. O modelo experimentado integrou técnicas construtivistas que resultaram em aprendizado para os alunos envolvidos, podendo ser adotado como prática educativa para promoção da alimentação saudável em outras escolas. Palavras-chave: nutrição, escolas, estudantes, educação nutricional. ABSTRACT Brazil is going through a nutritional transition characterized by inadequate food. The Brazilian food pattern has been changing, with greater consumption of processed foods, instead of homemade food. Recent studies show that children and teens are jumping into the feeding behavior of adults with increased consumption of products with high energy and reduction of fruit, vegetables and cereal. Due to inadequate dietary practices among children, educational strategies should be adopted, informative and motivational to emphasize the benefits of adopting a balanced diet in school. This study aims, through recreational activities for children, enable learning about healthy eating choices by providing conditions for choice of foods that benefit health. This study aimed to evaluate the effect of educational intervention on food and healthy eating among students of the first cycle of basic education in municipal schools in Duque de Caxias / Rio de Janeiro. Two schools were selected with a sample of 135 students, divided into: Control: 79 and Intervention: 56. The methodology used was cooking workshops, informative lectures and educational competitions. The assessment through games allowed greater relaxation among the students to prove their concepts. The efficiency of learning was 70% in the intervention school. The workshops and lectures gained membership and interest groups, which showed pleasure while learning new concepts. The model tested integrated constructivist techniques that resulted in learning for the students involved, and may be adopted as an educational practice to promote healthy eating at other schools. Keywords: nutrition. Schools, students, nutrition education 1 - INTRODUÇÃO O Brasil, como vários países em desenvolvimento, passa pelo fenômeno de transição nutricional que é caracterizada pela presença de alimentação inadequada. A última Pesquisa de Orçamento Familiar revelou que o risco de desnutrição foi reduzido enquanto houve aumento da obesidade tanto em homens quanto em mulheres (IBGE 2004). O padrão alimentar brasileiro tem apresentado mudanças, decorrentes do maior consumo de alimentos industrializados, em substituição às tradicionais comidas caseiras. Estas transformações provocadas pelo estilo de vida moderna levam a utilização excessiva de preparações gordurosas, açúcares, doces e bebidas açucaradas (com elevado índice glicêmico) e à diminuição da ingestão de cereais e/ou produtos integrais, frutas e verduras, os quais são fontes de fibra¹. Estudos recentes acerca do consumo alimentar de crianças e adolescentes brasileiros demonstram que estes refletem o comportamento alimentar dos adultos como aumento do consumo de produtos com alto teor calórico e redução de frutas, verduras e cereal ². Hábitos alimentares saudáveis desde a infância promovem o crescimento ideal e desenvolvimento intelectual e, conseqüentemente, previnem deficiências e doenças crônicas não transmissíveis, tais como obesidade 3,4, cardiopatias, dislipidemias e diabetes tipo II, que refletem a exposição acumulativa a fatores de risco, dentre esses, a dieta em diferentes fases da vida5. Portanto, devido à inadequação das práticas alimentares entre crianças, devem ser adotadas estratégias educativas que enfatizem os benefícios da adoção de uma dieta equilibrada6. Porém, as práticas educativas desenvolvidas em educação nutricional priorizavam o ensinamento de informações sobre alimentos, alimentação e prevenção de problemas nutricionais, porém isso não tem mostrado mudança de comportamento, pois não auxilia a formação para tomada de decisões. O acesso à informação é, sem dúvida, muito importante, mas não parece ter grande efeito para a construção de práticas alimentares saudáveis. É importante capacitar os indivíduos para que tenham condições de decidir sobre escolhas alimentares saudáveis. Nesse aspecto, a educação alimentar assume um papel fundamental para o exercício e fortalecimento de conhecimentos sobre os alimentos. Quando é ensinado ao indivíduo como preparar alimentos saudáveis, esse se torna sujeito participativo 7 O aprendizado deve envolver assuntos que façam parte do cotidiano e se desenvolver em grupo. Assim haverá estímulo à assimilação do conhecimento, que possibilitará a capacitação para escolhas saudáveis8,9. Foram realizadas diversas atividades voltadas para a promoção de alimentação saudável, nos últimos quinze anos, porém, a avaliação dessas mostrou que se deve motivar de forma prática a construção coletiva do conhecimento, o que é uma técnica de educação denominada Construtivismo10. Os construtivistas dizem que só se aprende o que tem significado: “A aprendizagem se dá através do ativo envolvimento do aprendiz na construção do conhecimento; as idéias prévias dos estudantes desempenham um papel fundamental no processo de aprendizagem, já que essa só é possível a partir do que o aluno já conhece”. O ensino a respeito de alimentos e alimentação saudável deve ser aplicado de maneira participativa. Connors e colaboradores (2001) reforçam que o ensino fundamental que usa as experiências concretas antes das abstratas tem melhor resultado 11. Outro fator que beneficia aprendizado de pessoas sobre a alimentação saudável é a aplicação da mesma em um ambiente social12, portanto a escola constitui o ambiente apropriado para ações preventivas na área de educação nutricional, pois representa o mais importante grupo social após a família13. Como “espaço do saber” é ideal como local para o desenvolvimento de atividades culinárias voltadas para educação nutricional de crianças e adolescentes inseridas no ensino regular. O gosto em preparar seu próprio alimento é aprendizado que se leva para toda a vida7. Esse estudo visa, por meio de oficinas de culinária para crianças e adolescentes, possibilitar o aprendizado acerca de alimentação saudável, fornecendo condições que podem privilegiar melhores escolhas por alimentos saudáveis. A atividade culinária faz parte da vida de todos e torna-se interessante, a medida que,envolve vários saberes, não só se limitando à execução de uma receita, mas, também desenvolvem conceitos ligados à vários outros assuntos como: higiene pessoal, à Matemática (medidas), Português (verbalização e leitura das receitas) e todas as demais Ciências. Os alunos poderão verificar que o alimento inicia a preparação com um aspecto visual, olfativo e tátil e se transforma em outro produto. O envolvimento com a execução das preparações, provavelmente, despertará mais interesse para o consumo do produto final7, pois manipular, preparar e provar alimentos pode estimular seu consumo13. 2-METODOLOGIA Participaram de estudo alunos matriculados no primeiro ciclo, que corresponde de 1º ao 5º ano do ensino fundamental de duas escolas municipais de Duque de Caxias/Rio de Janeiro, sendo um grupo controle com 79 alunos, sendo do sexo masculino 63,29 % e do feminino 36,71% e o outro experimental com 56 alunos, sendo do sexo masculino 53,57 % e do feminino 46,43% . . As escolas participantes foram escolhidas pela Secretaria Municipal de Educação de Duque de Caxias, sendo que nenhuma das escolas sofreu intervenção prévia acerca de alimentação. Pertencem ao 2º e 4º distritos de Duque de Caxias: Campos Elíseos e Xerém, respectivamente e possuem características socioeconômicas semelhantes. Apenas uma escola de cada local participou do estudo. Será denominada a escola do Grupo Experimental como Escola “1” e a do Grupo Controle como Escola “2”. Foram excluídas do estudo crianças com necessidades especiais e os demais alunos que não estavam presentes quando foi feita a primeira avaliação com os jogos, embora tenham participado de todas as atividades propostas à amostra, por se tratarem de atividades educativas que utilizaram métodos lúdico-didáticos. Este projeto recebeu o apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), por meio do Programa de apoio à melhoria do Ensino das Escolas Publicas do Estado do RJ – E-26/110.212/2-7, e faz parte de um estudo desenvolvido desde 2004 pelo Grupo de Desenvolvimento de Alimentos para Fins Especiais e Educacionais (Dafee), laboratório do Instituto de Nutrição Josué de Castro da Universidade Federal do Rio de Janeiro, cujas pesquisas envolvem a participação de escolas municipais do Rio de Janeiro. O objetivo da pesquisa foi o de avaliar o quanto atividades lúdico-didáticas podem contribuir para a aquisição de conhecimentos a respeito de alimentos e de alimentação saudável em escolares matriculados em duas escolas da rede municipal de Duque de Caxias/Rio de Janeiro. Utilizou-se para estimar o conhecimento dos alunos, jogos lúdico-didáticos, que têm a habilidade de avaliá-los de maneira descontraída, possibilitando veracidade nas suas respostas14. Tanto o Grupo Experimental, Escola “1” quanto o Grupo Controle, Escola ”2” participaram de duas avaliações com os jogos. A primeira no início da pesquisa e a segunda, um mês após o término da intervenção. No primeiro contato com os alunos foi feita avaliação nutricional, por meio de pesagem e mensuração da estatura, para cálculo do IMC. Essa avaliação foi realizada por equipe composta por três nutricionistas e duas alunas de iniciação científica treinadas. Procedeu-se a pesagem dos alunos por meio de com balança digital Plenna, graduada de 100 em 100 gramas, peso máximo 150 kg e a mensuração da estatura, em duplicata, com estadiômetro Sunny. Tanto na escola do Grupo Experimental como na escola do Grupo Controle, procedeu-se a avaliação nutricional dos alunos, os quais foram pesados usando o uniforme de educação física (short e blusa de malha) e descalços, posicionando-se no meio da balança, com os braços soltos ao longo do corpo. A balança sempre retornou ao marco zero antes de cada pesagem. Para mensuração da altura os estudantes, de meias ou descalços, mantiveram os calcanhares juntos, coluna e joelhos eretos e cabeça no plano horizontal, utilizando-se o esquadro do estadiômetro para a localização exata da medida no mesmo. Os dados foram anotados em planilha para cálculo posterior, do estado nutricional. Foi utilizada a metodologia descrita por Mahan e Escott-Stump (1998)15. Após a avaliação antropométrica os alunos seguiram para suas salas e foram convidados a jogar. Foi-lhes determinado que os jogos fossem executados individualmente, reforçando o conceito de que uma das características dos jogos é que haja regras aceitas em comum acordo entre seus participantes14. A intervenção foi aplicada na Escola “1”. Foi utilizado como eixo estruturante oficinas de culinária, completadas por palestras informativas e gincanas educativas. A Escola “2” participou apenas dos jogos avaliativos, no início e no final da pesquisa. 2.1-Material utilizado para avaliar os alunos Foram selecionados em livros didáticos específicos16, 17, jogos individuais, interessantes para a faixa etária da amostra e de fácil compreensão. As atividades propostas nos jogos são de ligar figuras, no Jogo da Boquinha e do Carrinho; desenhar e escrever, no Jogo do Prato e colar no Jogo da Pirâmide. 2.2-Critérios para avaliação do conhecimento dos alunos a respeito de alimentos e alimentação saudável A avaliação global dos conceitos abordados foi realizada com base no cálculo da média ponderal por grupo, adotando-se os seguintes parâmetros de avaliação: 90-100% de acertos - Excelente (E); 80-89% de acertos - Muito Bom (MB); 70-79% de acertos Bom (B); 50-69% de acertos - Regular (R); <50% de acertos - Insuficiente (I). Seria considerada efetiva a intervenção, quando o aluno obtivesse um rendimento igual ou acima de 70% de acertos. Atividades desenvolvidas com a Escola “1” / Grupo Experimental 2.3-Oficinas Culinárias O convívio da criança com os demais colegas na escola possibilita sua socialização e trocas de vivências do seu cotidiano. O ambiente escolar é ideal para o ensino voltado para saúde e formação de hábitos de vida saudáveis18. O ensino de novos conteúdos deve se apoiar em conhecimentos pré-existentes e com significado, valorizando experiências que o indivíduo traz consigo, para que haja uma continuidade conduzindo o aluno a experiências novas19. Logo, o aprendizado estrutura-se como redes de conexão com sentido para o aprendiz: “Reelaborando associações singulares que se ampliam e ganham novos sentidos à medida que é capaz de desenvolver novas relações, envolver-se na resolução de problemas que esclarecem novas questões abrindo-se para aprendizagens mais complexas”20. Segundo Piaget a cooperação no convívio social favorece o crescimento moral da criança. Estudos demonstraram que a capacidade para controle do comportamento e autoconhecimento surge no “jogo do convívio coletivo” em que diversas situações conduzem a consciência das diversidades e similaridades dos indivíduos, quando se elabora soluções de problemas o que desempenha o papel de desenvolver como força interna a capacidade do controle voluntário do comportamento19. O aprendizado em grupo, também denominado de aprendizagem social, é um processo de aprendizado para modificação de comportamento indesejado que ocorre por meio de imitação, situação que se observa entre grupos de escolares21. As oficinas culinárias foram propostas como veículo para estimulação do aprendizado a respeito de alimentos e alimentação saudável nesta pesquisa, porque têm a possibilidade de proporcionar atividade desenvolvida em grupo, de maneira cooperativa e divertida, favorecendo troca de idéias e experiências8. Ocorreram com freqüência semanal na Escola “1”, e contaram quatro eventos, nos quais os alunos, separados por turma, eram encaminhados ao refeitório escolar, procediam à vestimenta de um gorro e avental descartáveis e higienização das mãos, com o uso de sabonete líquido, escova de unhas e, após o enxágüe, a aplicação de álcool gel22. Após esse evento, os estudantes posicionavam-se em torno da uma grande mesa. E era iniciada a oficina: a receita era anunciada e seus ingredientes mostrados para que localizassem cada um em uma grande pirâmide alimentar, confeccionada para esta atividade. Logo os ingredientes da receita eram colocados em uma bacia plástica que seria passada por cada aluno para que misturasse todos os produtos. As receitas escolhidas eram compostas por preparações de forno, de baixo custo e eram adequadas a lanches. Foram preparados: pão recheado com legumes, biscoito de aveia, pizza vegetariana e bolo de banana com casca. Finalizando cada intervenção procedia-se a degustação da preparação elaborada pelos alunos. 2.4-Material utilizado em sala de aula Após cada oficina de culinária, enquanto as preparações assavam e esfriavam a turma seguia para sua sala de aula para desenvolver outras atividades com a utilização dos seguintes materiais: 1º) Palestra informativa Foi realizada nos dois primeiros encontros com a Escola “1”, do Grupo Experimental, para informar a respeito de conceitos acerca de alimentos e alimentação saudável. O material era exposto à frente da sala de aula para visualização da turma. a) Pôster Ilustrado: “Alimentos, de onde vêm, o que são e o que contém”, cartaz que aborda a respeito da origem dos alimentos, medindo 199,5 X 50 cm, e mostra figuras acerca da origem dos alimentos, como são apresentados para o consumidor e quais os nutrientes predominantes. A denominação de cada nutriente é encaixada no cartaz, possibilitando a sua mostra no momento oportuno. b) Pirâmide dos Alimentos: Apresentada com quatro faces coloridas e medindo 58 (base) X 65 cm (lados do triângulo) dividida em quatro níveis e oito grupos de alimentos, totalmente preenchida por gravuras dos mesmos, plastificada para possibilitar o livre manuseio pelas estudantes. Esta pirâmide também foi empregada nas oficinas de culinária a fim de correlacionar e localizar os produtos utilizados nas preparações executadas pelos alunos, dentro dos grupos de alimentos. 2º) Gincana Educativa Foi realizada nos dois últimos encontros com a Escola “1”, do Grupo Experimental, para informar e estimular a assimilação a respeito de conceitos acerca de alimentos e alimentação saudável. Os grupos vencedores foram premiados com os adesivos de frutas e hortaliças. a) Cartaz da Pirâmide dos Alimentos, medindo 66 X 50 cm, mostrava a gravura de uma pirâmide com os quatro níveis e oito grupos, porém totalmente em branco. Neste jogo a turma foi dividida em quatro grupos que recebia um envelope com 8 gravuras, recortadas de encartes de propaganda de supermercados, para colagem, com cada gravura representando um grupo de alimentos da pirâmide. Cada colagem correta forneceria um ponto ao grupo. Foi utilizado um cartaz por cada evento com as turmas da Escola “1”, do Grupo Experimental. O evento possibilitou a abordagem da identificação da figura dos alimentos, seus respectivos grupos e as quantidades adequadas de consumo diário. b) Cartaz do Prato Saudável. Essa atividade foi realizada após a gincana que empregou o cartaz da pirâmide dos alimentos, portanto, manteve-se a divisão da turma feita anteriormente, em quatro grupos. Utilizou-se quatro pôsteres, um para cada grupo, medindo 33 X50 cm que mostrava a gravura de um prato vazio centralizado, intitulado “Prato Saudável”. Cada um dos quatro grupos recebeu um envelope com dez figuras, recortadas de encartes de propaganda de supermercados, com alimentos das quais deveriam escolher as que comporiam uma grande refeição saudável. Nesta atividade há a abordagem dos seguintes conceitos: da adequação de quantidades às necessidades do organismo; de que todos os nutrientes devem ser ingeridos diariamente e que os nutrientes que integram a alimentação devem guardar a proporção entre si. 2.5-Palestra com os pais/responsáveis e professores nas Escolas”1” e “2” Foi ministrada em cada escola, um mês após a segunda aplicação dos jogos, uma palestra sobre alimentação saudável aos pais/responsáveis dos alunos. Ao final da palestra, foram transmitidos aos pais presentes os resultados da pesquisa. Disponibilizou-se às escolas esses resultados, para que fossem, posteriormente, transmitidos aos pais que, não estavam presentes à reunião. Ao final do estudo, foi feita uma reunião com os professores, coordenador e diretor de cada escola, onde foram transmitidos e discutidos os resultados desta pesquisa. A família e a escola são duas instituições que exercem um papel de grande importância para o desenvolvimento do indivíduo. A família vista como 'nicho ecológico' que proporciona sobrevivência e socialização às próximas gerações é a primeira mediadora entre o homem e a cultura, constituindo, assim, a unidade dinâmica das relações de cunho afetivo, social e cognitivo de um dado grupo social23. A escola, por outro lado, também é um espaço de socialização e é o ambiente principal de transmissão do conhecimento sistematizado. É de extrema importância, para que um trabalho desenvolvido com crianças dê certo, a participação dos seus responsáveis. Porém esses só darão continuidade ao que foi ensinado se o assunto abordado tiver significado pessoal24. As recomendações do Ministério da Saúde foram abordadas na palestra com os pais/responsáveis e com os professores. Também foram abordados assuntos como a importância das recomendações do Guia Alimentar cujas principais mensagens incluem: consumo de alimentos variados, em 4 refeições ao dia; manutenção de um peso saudável; praticar atividade física diariamente; Utilizar legumes e vegetais folhosos, diariamente; preferir frutas como sobremesa; reduzir o açúcar; ingerir pouco sal; usar óleos e azeite ao invés de outras gorduras; tomar leite e comer produtos lácteos, com baixo teor de gordura, pelo menos três vezes por dia e outras orientações que melhorem a qualidade de vida23. 2.6-Análise Estatística Análise estatística dos dados antropométricos utilizou o Programa Excel, 2007 e para os resultados dos jogos os Testes de Wilcoxon e t de Student (p valor < 0,05) Foi utilizado o programa SPSS, versão 18. 3- RESULTADOS e DISCUSSÃO 3.1-AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA Tabela 1-Escola Controle Escola Controle Meninos Meninas Total Desnutridos 35 67,31% 13 48,15% 48 60,76% Eutróficos 16 30,77% 11 40,74% 27 34,18 Obesos 1 1,9% 3 11,1% 4 5,06% Total 52 27 79 Tabela 2-Escola Experimental Escolas Experimental Eutróficos 6 19,35% Obesos 2 6,45% Total Meninos Desnutridos 23 74,19% 17 70,83% 7 29,17% 0 0% 24 Meninas 40 72,73% 13 23,64% 2 3,64% 55 Total 31 3.2-Avaliação por meio de jogos As Escolas “1” e “2” dos grupos experimental e controle obtiveram a participação voluntária de todos os alunos das turmas escolhidas aleatoriamente. Na Escola”1” as turmas pertenciam ao 2º, 3º e 4º anos e na Escola “2”, ao 1º, 4º e 5º anos do primeiro ciclo do ensino fundamental. As crianças das turmas de 1º e 2º anos por não estar alfabetizadas, demonstraram dificuldade na compreensão dos enunciados dos jogos, o que foi solucionado pelo grupo da pesquisa. Os demais alunos, de turmas com faixa etária maior, fizeram as atividades sem problemas. Os jogos são indicados para avaliação do conhecimento dos alunos a acerca do assunto que se deseja estudar, sendo revelador no contexto pedagógico e psico-pedagógico em atividades de diagnóstico e intervenção, porque promoverão o desenvolvimento e a aprendizagem, sobretudo em crianças, no início do ensino fundamental25. As oficinas culinárias foram aplicadas ao grupo experimental (Escola”1”) durante um mês, com intervalo de uma semana entre cada evento e ocorriam durante uma hora, alcançaram a participação de todos os estudantes, que demonstravam satisfação desde o momento de vestimenta dos uniformes, os quais faziam questão de guardar, após os episódios, e higiene das mãos para as quais se enfileiravam de maneira cooperativa. Todos faziam questão de manusear os alimentos e correlacioná-los na pirâmide alimentar. A garantia de comportamento emocional satisfatório favorece o engajamento do estudante à atividade proposta. Esta integração entre a escolha adequada da técnica de ensino de educação nutricional e o ambiente propício para aplicá-la facilita o aprendizado25, pois estimula funções cognitivas relacionadas a emoção e ao prazer. Por meio das oficinas culinárias foi possível proporcionar uma experiência de vivência e reflexão sobre as relações entre alimentação e saúde, valorizando, assim, conceitos inerentes a cada indivíduo participante do grupo, o que tornou o experimento próximo da realidade de cada sujeito, favorecendo, além do aprendizado, a troca de experiências e a possibilidade de aplicação dos conceitos desenvolvidos durante as atividades8. As atividades em sala de aula também contaram com a participação de todos durante a abordagem da pirâmide alimentar e do cartaz a respeito da origem dos alimentos. O nível de dificuldade começou a diminuir a partir do segundo encontro, e as professoras das turmas dos alunos de 1º e 2º anos confirmaram a satisfação dos alunos em participar dos eventos com o relato de que questionavam quando haveria outras oficinas culinárias. Nas gincanas educativas as turmas foram divididas em equipes de 4 ou 5 alunos e cada grupo recebeu envelopes com gravuras de alimentos para colagem na pirâmide alimentar, em branco (8 figuras, uma de cada grupo) e outro envelope com gravuras para escolha e colagem a fim de compor o cartaz do prato saudável (8 gravuras para escolha e rejeição para composição do prato). Os cartazes da pirâmide eram afixados a frente da sala de aula. Desde o momento da recepção dos envelopes os grupos demonstravam interesse e comportamento cooperativo, debatendo a respeito das escolhas que julgavam acertadas. Durante a colagem, executada por uma equipe por vez, havia a mesma problematização entre os estudantes. O aprendizado dos alunos mostrou-se homogêneo, pois o resultado das gincanas ocorria, sempre, com empate de duas equipes e cuja diferenças das demais foi de, apenas, um ponto no placar. Segundo Cortez (1996), atividades lúdicas propostas no ambiente escolar podem: estimular a cooperação dentro do grupo, criando vínculos de convivência e de trocas de experiências entre os alunos, desenvolvendo alegria e auto-estima; favorecem o aprendizado e a interdisciplinaridade de diferentes áreas do conhecimento; socializam os alunos estimulando o sentimento de cooperação, educando-os de maneira integral, o que reforça o conceito da escola como espaço do saber em vários campos do desenvolvimento humano 8. Para o filósofo holandês John Huizinga (1971): “O jogo é uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e de espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de primeira consciência de ser diferente da vida cotidiano” 8. Ao término das atividades das atividades com o grupo experimental ocorria a degustação. Os resultados foram os seguintes: Escola “1”/ Séries 2º ano 3º ano 4º ano Pão de legumes Biscoito de aveia Pizza vegetariana Bolo de banana Gostou-100% Gostou-100% Gostou-100% Gostou-100% Não gostou-0% Não gostou-0% Não gostou-0% Não gostou-0% Não provou-0% Não provou-0% Não provou-0% Não provou-0% Gostou-100% Gostou-100% Gostou-100% Gostou-100% Não gostou-0% Não gostou-0% Não gostou-0% Não gostou-0% Não provou-0% Não provou-0% Não provou-0% Não provou-0% Gostou-100% Gostou-80% Gostou-95% Gostou-100% Não gostou-0% Não gostou-20% Não gostou-0% Não gostou-0% Não provou-0% Não provou-0% Não provou-5% Não provou-0% . Ao término da degustação os alunos perguntavam qual seria a receita da semana seguinte, o que seria surpresa, porém precedendo a última oficina culinária, foi-lhes revelada qual seria a preparação: bolo. Dois alunos do 4º ano discutiram: _ “Será bolo de chocolate?” e o outro corrigiu: _” Não pode ser de chocolate porque é bolo saudável. Esse diálogo foi uma amostra de que os alunos estavam construindo o conhecimento de acordo com a proposta de educação nutricional. Segundo Paulo Freire, a construção do conhecimento deve ser feita com a problematização das idéias do grupo 27, fato observado no diálogo citado. A última oficina culinária foi a única em que os alunos não prepararam manualmente massa, pois foi utilizado o multiprocessador da marca Wallita e batedeira planetária Arno, mas os estudantes puderam adicionar cada ingrediente nos recipientes utilizados, participando, assim da elaboração do produto, fator importante para motivar a construção do conhecimento coletivo a respeito de alimentação saudável 8. A segunda aplicação dos jogos Um mês após a última oficina a equipe de pesquisa retornou às Escola “1” (Grupo Experimental), para repetir a aplicação dos jogos lúdico-didáticos a fim de avaliar o conhecimento adquirido pelos estudantes. O procedimento foi o mesmo da primeira aplicação, porém houve um diferencial: no primeiro evento o tempo médio para o término dos quatro jogos em cada turma foi de 60 minutos e desta vez, os estudantes demoraram cerca de 40 minutos. Terminada essa etapa, marcamos com as professoras e a direção uma reunião com os pais para o próximo mês. Quatro meses após o primeiro evento de jogos na Escola “2” (Grupo Controle), a equipe de pesquisa retornou a este local para aplicação dos jogos lúdico-educativos. A turma C1 (1º ano) demonstrou as mesmas dificuldades de entendimento do que estava sendo proposto e foi necessário acompanhamento por parte da equipe da pesquisa aos alunos. Os estudantes das turmas C2 e C3 (4º e 5º anos) participaram do evento sem dificuldades. Foi marcada com a direção dessa escola uma reunião para os pais dos alunos para o mês seguinte, correspondente ao quinto mês da pesquisa. a) A reunião entre a equipe da pesquisa e os responsáveis pelos alunos A reunião na escola que participou da intervenção (Escola “1”) ocorreu no período da manhã. Compareceram vinte e duas mães de alunos (43%) na Escola “1”, do primeiro e segundo turno. Foi apresentada palestra, com trinta e oito “slides”, intitulada Alimentação Saudável, ministrada pela mestranda, com o uso de notebook Acer e projetor multimídia Sony Foram abordados assuntos como a importância das recomendações do Guia Alimentar28 cujas principais mensagens incluem: consumo de alimentos variados, em 4 refeições ao dia; manutenção de um peso saudável; praticar atividade física diariamente; Utilizar legumes e vegetais folhosos, diariamente; preferir frutas como sobremesa; reduzir o açúcar; ingerir pouco sal; usar óleos e azeite ao invés de outras gorduras; tomar leite e comer produtos lácteos, com baixo teor de gordura, pelo menos três vezes por dia e outras orientações que melhorem a qualidade de vida22. Após a apresentação dos “slides” foi perguntado ao público se havia dúvidas ou comentários a respeito do assunto abordado e cinco mães comentaram, espontaneamente, que os filhos têm ajudado no preparo de alimentos, uma das mães perguntou: “Que alimentos são bons para os ossos?” e outra relatou que a filha gostou tanto das oficinas culinárias que guardou o uniforme utilizado nos eventos como “lembrança importante” (termo usado pela mãe da aluna). A demonstração de todas as mães foi de que seus filhos apreciaram as oficinas culinárias. Embora tenha havido uma presença minoritária dos responsáveis nesta escola, todos prestaram atenção no que foi abordado, demonstrando interesse. Na escola do Grupo Controle a reunião também ocorreu no período matinal, porém o comparecimento foi de apenas quatro responsáveis (5,06%). A direção sugeriu que os alunos assistissem à palestra. Os estudantes participaram bastante, estimulados pela mestranda que pedia que levantassem o dedo para indicar: se adoçavam sucos e bebidas lácteas com açúcar refinado (85% indicaram que sim), quem faz refeição assistindo televisão ou jogando (90% indicaram que sim). Os alunos suspiraram quando foi mostrado o “slide” dos doces, abordando esse grupo da pirâmide, mas foi ressaltado que uma salada de frutas bem colorida também é muito saborosa, enfatizando que a alimentação saudável não deve ser sinônimo de comida sem sabor e com aparência desagradável, que deve ser colorida, saborosa e com visual atraente. Ao término da palestra todos aplaudiram, demonstrando satisfação pela participação no evento. Resultado dos jogos apresentado aos pais durante a reunião que finalizou a pesquisa nas Escolas “1” e “2” Escola “1” A B+ BC+ CD+ PRATO 1 9,1% 20,0% 0,0% 18,2% 3,6% 29,1% D- 20,0% PRATO 2 30,9% 21,8% 1,8% 9,1% 9,1% 21,8% 5,5% Escola“1” E MB B R PIRÂMIDE 1 9,1% 20,0% 14,5% 32,7% PIRÂMIDE 2 54,5% 21,8% 9,1% 9,1% I 23,6% 5,5% Escola “2” A B+ BC+ CD+ D- PRATO 1 15% 32% 0% 18% 3% 13% 18% BOCA 1 40,0% 23,6% 12,7% 14,5% 9,1% BOCA 2 63,6% 29,1% 3,6% 1,8% CARRO 1 49,1% 16,4% 14,5% 12,7% CARRO 2 76,4% 14,5% 1,8% 5,5% 1,8% 7,3% 1,8% PRATO 2 8% 15% 3% 32% 3% 13% 25% Escola “2” PIRÂMIDE 1 PIRÂMIDE 2 BOCA 1 BOCA 2 CARRO 1 CARRO 2 E MB B R I 5% 27% 8% 20% 40% 8% 22% 15% 32% 23% 40% 10% 10% 23% 17% 58% 15% 7% 5% 15% 40% 28% 5% 7% 20% 62% 17% 5% 7% 10% 4- CONCLUSÃO A avaliação do conhecimento dos estudantes por meio de jogos lúdicopedagógicos obteve resultados fidedignos, pois segundo Cortez (1996) durante esses eventos os alunos não se sentem avaliados e respondem espontaneamente. A dificuldade de se avaliar a dieta humana tem induzido pesquisadores a utilizar vários tipos de inquérito alimentar para conhecer assuntos relacionados à alimentação29, embora este estudo não tenha sido direcionado a avaliação do consumo alimentar, mas a avaliação do conhecimento dos alunos a respeito de alimentos e alimentação saudável, poderia ter sido utilizado um questionário com perguntas diretas e objetivas, contudo, esse tipo de avaliação implicaria no uso da capacidade de responder conceitos acerca de nutrição, habilidade adquirida por volta de 7 ou 8 anos, e nesta pesquisa trabalhamos com alunos a partir de 6 anos. Crianças mais jovens teriam dificuldades de entender e se expressar, caso houvesse a aplicação de um teste formal para avaliar seus conhecimentos a respeito de nutrição. Como a dieta consiste em assunto pessoal e subjetivo 8, poderiam se sentir obrigadas a fornecer respostas consideradas corretas, não procedendo de maneira natural, como ocorreu enquanto participavam dos jogos. Os resultados dos jogos do prato e da pirâmide demonstraram que ambos os grupos, o controle e o experimental, apresentavam pouco conhecimento a respeito de alimentos e alimentação saudável. Já os jogos da boquinha e do carrinho foram executados com facilidade, o que pode ser explicado pelo fato de que os alimentos pontuados como saudáveis nestes jogos de ligar (leite, ovos, frutas e hortaliças), são comumente ofertados na merenda escolar aos alunos, e que suas gravuras nos impressos foram sugestivas aos estudantes, que, quando as visualizaram, influenciaram-se em suas escolhas, durante a execução. A construção do conhecimento pode ser comprovada pelos resultados da segunda aplicação dos jogos, quando o grupo que participou da intervenção obteve grande melhora dos resultados, enquanto o grupo controle mantevese abaixo da pontuação considerada como efetiva igual ou acima de 70% de acertos, havendo piora nos jogos do prato e pirâmide. As atividades desenvolvidas com o grupo experimental despertaram muito interesse dos alunos, que se identificaram com os eventos, demonstrando empenho crescente em participar ativamente, questionando sempre seus professores a respeito do retorno da equipe da pesquisa e de quais seriam os alimentos para prepararem no próximo evento, cooperando com a valorização da higiene pessoal (higiene das mãos) e uso do uniforme. As oficinas de culinária estimularam a curiosidade dos estudantes pela composição dos alimentos preparados, na medida em que conheciam seus ingredientes antes do preparo e os correlacionavam à pirâmide alimentar. A prática desta atividade em grupo pode incentivar a cooperação entre os alunos, que aceitavam trocar o material utilizado com o colega. A degustação foi apreciada pelos alunos que puderam testar ser possível o preparo de alimentos saborosos utilizando-se ingredientes saudáveis, além de estimular sua auto-estima, pois puderam provar o que prepararam e, em alguns casos, levar para casa para oferecer para algum familiar, multiplicando, assim, o interesse por alimentos saudáveis. As atividades desenvolvidas em sala de aula proporcionaram a informação de forma interativa, a partir do momento em que as crianças foram questionadas a respeito do que estava sendo exibido no pôster e na pirâmide dos alimentos, situando alimentos conhecidos do seu cotidiano, em ambos os materiais e separando os mesmos por grupos, de acordo com as divisões da pirâmide. Durante as gincanas educativas houve cooperação entre os membros dos grupos, que discutiam quais gravuras deveriam escolher para proceder à colagem, com interesse de demonstrar conhecimento para vencer o jogo e receber o brinde (cartela com adesivos de frutas e legumes), caracterizando o comportamento de integração desenvolvido durante jogos de maneira geral14. As oficinas culinárias proporcionaram o aprendizado de maneira lúdica, pois foi um momento de descontração em que os alunos fizeram abordagens a respeito de sua relação com os alimentos, qual o significado da comida para cada um, utilizando produtos conhecidos que os alunos denominavam com facilidade e a possibilidade de conhecerem alimentos novos, como o açúcar mascavo, ricota e a farinha de trigo integral, além de desenvolverem outras atividades durante o evento, como a correlação dos ingredientes na pirâmide dos alimentos, a abordagem acerca da composição nutricional das preparações, o estímulo sensorial pela manipulação dos produtos e a degustação, quando cada estudante pode comprovar a possibilidade de se preparar alimentos saborosos e nutritivos, em momentos prazerosos. Segundo Castro (2007), práticas educativas em saúde que utilizam conteúdo informativo e motivador, como as oficinas culinárias desenvolvidas em seu estudo, privilegiam a construção coletiva do conhecimento. O ato culinário é uma prática de integração social, que valoriza o aspecto simbólico da alimentação e relaciona o preparo do próprio alimento como uma atitude direcionada para a saúde e para a educação alimentar (Castro et al, 2007), valorizando desde a higiene necessária para essa prática até a escolha dos produtos e da técnica do seu preparo, o que sempre se enfatizou nas oficinas culinárias desenvolvidas nesta pesquisa. A reunião com os responsáveis obteve presença menor nas escolas do grupo controle (5,06%) do que no grupo experimental (43%), o que demonstrou pouca disponibilidade dos pais em participar de eventos como este, seja por dificuldades no seu horário pessoal ou desinteresse pelo assunto, porém isso não foi avaliado nessa pesquisa. A pesquisa demonstrou que atividades lúdicas e didáticas para avaliar e ensinar a respeito de alimentos e alimentação saudável são efetivas, pois obteve rendimento iguais ou acima de 70% no grupo experimental. Contudo, mais eventos relacionados à educação nutricional devem ser estimulados no ambiente escolar, na tentativa de contribuir para redução na progressão da transição nutricional que atinge o Brasil, possibilitando o aprendizado a respeito de saúde e alimentação saudável entre crianças e adolescentes, grupo em formação de hábitos de vida, possibilitando suas escolhas por alimentos e estilo de vida saudáveis. Dentre as limitações deste estudo é preciso considerar o pequeno número de participantes, abrangendo seis turmas, que totalizaram uma amostra de 135 alunos do primeiro ciclo do ensino fundamental, contudo os procedimentos utilizados foram suficientes para enfatizar que a abordagem a respeito de nutrição saudável entre estudantes de 1º ao 5º ano por meio de atividades lúdico didáticas tem efeito satisfatório, estimulando o conhecimento de maneira construtiva e prazerosa. Referências Bibliográficas 1.Carvalho CMRG, Nogueira AMT, Teles JBM, Paz SMR, Sousa RML. 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