ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DAS FRATURAS DE FACE EM PACIENTES COM ATÉ 18 ANOS, DE 1998 A 2002, NO HOSPITAL CRISTO REDENTOR, DE PORTO ALEGRE / RS EPIDEMIOLOGIC STUDY ABOUT FACIAL FRACTURES IN PATIENTS BETWEEN 0 TO 18 YEARS OLD, FROM 1998 TO 2002, IN THE HOSPITAL CRISTO REDENTOR, IN PORTO ALEGRE / BRAZIL 1 Ângela Ehlers Bertoja 2 Flávio Augusto Marsiaj Oliveira Um estudo epidemiológico das fraturas de face em pacientes de zero a 18 anos de idade foi realizado, a partir dos prontuários de internação no HCR, em Porto Alegre/RS, no período entre 1998-2002. Nesta investigação analisaram-se as seguintes variáveis, encontrando-se os seguintes resultados: a prevalência, em relação ao total de pacientes, excluídas as fraturas nasais e dentoalveolares, foi de 3,17%; quedas foram o principal agente etiológico (24,2%); pacientes com idades entre 6 e 18 anos sofreram mais fraturas de face do que os com até 5 anos de idade; pacientes do gênero masculino foram os mais acometidos (68,2%); o mês de maior ocorrência foi outubro (16,7%); a mandíbula foi o principal sítio de instalação de fraturas (71,21%); o tratamento cruento foi a modalidade terapêutica mais utilizada (62,0%); grande parte dos pacientes foi proveniente do interior do estado do Rio Grande do Sul (72,2%). Palavras-chave: fraturas faciais, traumatologia bucomaxilofacial, epidemiologia. INTRODUÇÃO Estudos epidemiológicos servem para auxiliar profissionais da área da saúde a compreenderem melhor determinada entidade mórbida, que no caso desta investigação são as fraturas de face em pacientes pediátricos, a fim de que a mesma possa ser tratada e minimizada, principalmente por medidas preventivas. Para que se possa estudar a população pediátrica na sua totalidade, recorrese à UNICEF no Estatuto da Criança e do Adolescente (título 1, art. 2º), que considera criança, para efeitos legais, a pessoa com até 12 anos de idade incompletos e adolescente aquela entre 12 e 18 anos de idade incompletos. A comparação entre estudos epidemiológicos de fraturas de face em pacientes pediátricos é difícil de ser realizada devido à variação no limite superior de idade instituído e também pelo fato de alguns autores incluírem fraturas dentoalveolares e/ou nasais enquanto outros não o fazem 1. Foi objetivo desta pesquisa realizar um estudo epidemilógico retrospectivo das fraturas de face ocorridas em pacientes com até 18 anos de idade que foram internados para tratamento no Hospital Cristo Redentor de Porto Alegre /RS, no período entre 1998 e 2002. Nesta investigação analisaram-se as seguintes variáveis: prevalência, etiologia, idade do paciente na época do acidente, gênero, período do ano em que houve o acidente, sítio de acometimento, tipo de tratamento instituído e procedência dos pacientes. Arquivos em Odontologia, Belo Horizonte, v.40, n.2, p.111-206, abr./jun. 2004 139 METODOLOGIA Inicialmente foram analisados os registros de todos os pacientes internados para tratamento no Serviço de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial do Hospital Cristo Redentor (HCR) no período de 1º de janeiro de 1998 até 31 de dezembro de 2002, por meio de listagem computadorizada. O projeto de pesquisa foi aprovado pela Comissão Científica e de Ética em 10 de junho de 2002, protocolado sob nº 0008/02. Foram separados os registros dos pacientes com até 18 anos de idade, os quais tiveram análise individualizada em relação aos seus prontuários. Eliminou-se da amostra os pacientes que tiveram fraturas dentoalveolares e/ou nasais isoladas, pois, tais fraturas geralmente são atendidas em caráter ambulatorial, não havendo, portanto, registro de internação hospitalar2. Era necessário um período mínimo de internação hospitalar de 24 horas. Em um primeiro momento, analisaram-se 62 prontuários. Porém, foram eliminados da amostra 12 pacientes por apresentarem fraturas dentoalveolares e nasais isoladas. Sendo assim, a amostra ficou constituída de 50 pacientes. Após a seleção da amostra, foi elaborada uma ficha de cadastro padronizada para a coleta dos dados de cada paciente individualmente. Foram analisados os seguintes itens na amostra selecionada: gênero, idade no momento do acidente, procedência dos pacientes, datas de internação e alta hospitalares, mês da internação hospitalar, ano da internação hospitalar, local da(s) fratura(s) no esqueleto facial, tipo de tratamento instituído e fator etiológico. RESULTADOS E DISCUSSÃO Existe uma pretensa imunidade das crianças às fraturas de face que contrasta com a sua natureza aventureira e impetuosa, com as constantes atividades físicas e com a menor capacidade de prever as conseqüências de seus atos3. Sendo assim, elas deveriam apresentar uma incidência bem maior de fraturas de face do que realmente acontece4. Existe um consenso na literatura no fato de que as fraturas de face em crianças são enos freqüentes que em adultos 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11. A amostra, composta inicialmente por 62 pacientes com até 18 anos de idade, foi reduzida para 50 após a 140 Arquivos em Odontologia, Belo Horizonte, v.40, n.2, p.111-206, abr./jun. 2004 exclusão dos casos de fraturas dentoalveolares e nasais isoladas. Nesta amostra foram observadas 66 fraturas dos ossos da face. A prevalência dos indivíduos com fraturas de face com até 18 anos de idade (50 pacientes) em relação ao total de pacientes (1.589) menos os indivíduos excluídos da amostra (12) foi de 3,17%. Em uma revista da literatura de língua inglesa dos últimos 25 anos, percebeu-se que na maior parte das investigações, os acidentes automobilísticos são a principal etiologia das fraturas de face destes pacientes. Outras causas como quedas, prática de esportes e jogos e agressão física aparecem em primeiro lugar em alguns estudos, porém, em menor número 12. Esta etiologia tende a variar de acordo com o local avaliado e às características da população estudada2. Em relação ao fator etiológico das fraturas de face nota-se que a queda de altura (bicicleta, degraus e brinquedos de escalar) é a principal causa da mesma: 16 fraturas (24,2%). A segunda maior causa de fraturas de face são os atropelamentos, com oito fraturas (12,1%). Ferimentos por arma de fogo (FAF) e coice de cavalo foram as etiologias de sete fraturas cada (10,6%). Foram observados também: cinco fraturas (7,6%) devido a acidente de trânsito, quatro fraturas (6,1%) por agressão física e queda da própria altura, três fraturas (4,5%) por queda de objeto sobre o corpo e uma fratura (1,5%) por mordida de cavalo. Em 11 casos não foi possível a identificação do fator etiológico, pois não havia nenhum relato no prontuário do paciente. Quando se analisa a etiologia das fraturas faciais em relação à faixa etária, nota-se que ela difere muito. Enquanto acidentes de trânsito, atropelamentos e coices de cavalo somente aparecem em indivíduos com até 12 anos de idade, FAF e agressão física são a causa de fraturas de face apenas nos pacientes com mais de 13 anos. Existe risco de se incluírem indivíduos com mais de 15 anos de idade em estudos epidemiológicos de fraturas de faces em crianças devido à distinção nos mecanismos que geram as fraturas 13. Arquivos em Odontologia, Belo Horizonte, v.40, n.2, p.111-206, abr./jun. 2004 141 Tabela 1. Distribuição do número de fraturas segundo seus agentes etiológicos e a faixa etária, na amostra investigada, em Porto Alegre, no período de 1998-2002 Idade Etiologia Acidente de trânsito Agressão física Atropelamento Coice de cavalo Ferimento por arma de fogo Mordida de cavalo Não-disponível Queda de objeto sobre o corpo Queda própria altura Queda Total Até 5 anos 6 a 12 anos 13 a 18 anos 2 (25,0%) 1 (12,5%) 2 (25,0%) 1 (12,5%) 1 (12,5%) 1 (12,5%) 8 (100%) 3 (10,0%) 7 (23,3%) 5 (16,7%) 1 (3,3%) 5 (16,7%) 3 (10,0%) 6 (20,0%) 30 (100%) 4 (14,3%) 7 (25,0%) 5 (17,9%) 3 (10,7%) 9 (32,1%) 28 (100%) Total 5 4 8 7 7 1 11 3 4 16 66 Houve um grande número de fraturas de face nas quais o fator etiológico não foi relatado no prontuário do paciente (16,7%). Isto pode ser devido à questão de maus tratos e, então o profissional não querendo envolvimento com a justiça sonega a informação, o que denota omissão (14); pode-se tratar de envolvimento do paciente com atos ilícitos e ele não querer relatar o ocorrido; o paciente pode ter feito uma travessura e por medo de represália dos pais se nega a falar; ou mesmo por displicência do profissional que está fazendo a anamnese do paciente, o que dificulta em muito os trabalhos de investigação epidemiológica que têm como fonte de informação os registros hospitalares. Para se analisar a população desta pesquisa, instituiu-se o limite superior de idade em 18 anos incompletos, da mesma forma que outros autores 9, 11, 15. A faixa etária até 18 anos foi inicialmente dividida em três: até 5 anos de idade, de 6 a 12 anos e de 13 a 18 anos. Observou-se que, das 66 fraturas de face, 8 (12,1%) acometiam o grupo de crianças com até 5 anos de idade, 30 (45,5%) o grupo entre 6 e 12 anos de idade e 28 (42,4%) o grupo entre 13 e 18 anos de idade. Notou-se, neste estudo, que a faixa etária de zero a 5 anos de idade foi a menos acometida (12,1%), o que vem ao encontro dos achados de alguns estudos4, 8, 15,16. Este fato pode ser devido à proteção familiar e às características anatômicas craniofaciais destes indivíduos. Assim como a literatura, encontrou-se uma maior prevalência de fraturas de face em crianças com mais de 6 anos de idade, porém sem diferença significativa entre 142 Arquivos em Odontologia, Belo Horizonte, v.40, n.2, p.111-206, abr./jun. 2004 as faixas etárias de 6 a 12 e 13 a 18 anos, o que pode ser decorrente do início da vida escolar e da participação das crianças em jogos perigosos 3, 4, 9, 15, 16. Pode, ainda, ser pela maior autonomia da criança em ir e vir, não tendo ela, ainda, a capacidade real de discernimento do perigo. Assim como na maioria dos estudos, neste também foi observada uma predominância do gênero masculino, com 45 fraturas (68,2%), em relação ao gênero feminino que possui 21 fraturas (31,8%), o que estabelece uma relação de 2,14:1 4, 6, 9, 12, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21. Isto pode ser devido à índole masculina, mais aventureira e agressiva, e da uma maior atividade dos meninos em jogos perigosos 10, 22. O verão é o período do ano no qual mais ocorrem fraturas de face, pois os dias são mais longos e se tem mais tempo ao ar livre para prática de esportes e brincadeiras, além de as famílias se deslocarem mais de carro para viajar, o que aumenta o número de fraturas de face por acidentes automobilísticos 4, 9, 17, 20 23, 24, 25. Analisando os meses de maior ocorrência de fraturas de face nos pacientes da amostra, notou-se que o mês de maior acometimento é o de outubro, com 16,7% dos casos, seguido dos meses de novembro e fevereiro com 13,6% cada. A seguir vieram março (12,1%), julho (10,6%), abril (7,6%), junho e janeiro (6,1% cada), agosto e setembro (4,5% cada), dezembro (3%) e maio (1,5%). Se se visualizarem os meses em períodos de primavera/verão e outono/inverno, ver-se-á que o primeiro foi responsável por 43 fraturas e o segundo por 23, sendo que sete ocorreram apenas no mês de julho. Nesta investigação, também notou-se uma maior incidência das fraturas de face nos períodos de primavera e verão. Porém, existe uma incidência considerável no mês de julho, e isto pode-se dever ao fato de que nesse mês as crianças estão em férias escolares e, portanto, com mais tempo livre para diversão e exposição ao risco de traumatismos. Fraturas de nariz, dentoalveolares, mandibulares, zigomáticas e maxilares são as principais fraturas de face em pacientes pediátricos, em ordem de ocorrência. Porém, as duas primeiras geralmente ficam fora das investigações epidemiológicas de pacientes internados para tratamento de fraturas de face pois, na maioria das vezes, consegue-se suas reduções em caráter ambulatorial2. Quando as fraturas de nariz e dentoalveolares não estão presentes nas investigações, a mandíbula é o principal sítio de acometimento das fraturas de face em pacientes pediátricos 4, 6, 9, 11,19, 21. Arquivos em Odontologia, Belo Horizonte, v.40, n.2, p.111-206, abr./jun. 2004 143 As fraturas do esqueleto facial foram divididas, primeiramente, em fraturas de mandíbula e osso zigomático. As fraturas de mandíbula foram, então, subdivididas em: corpo, ângulo, côndilo, parassínfise e sínfise. Já as fraturas dos ossos zigomáticos foram subdivididas em: corpo, arco, assoalho de órbita e parede lateral de órbita. Não houve nenhum caso de fratura de maxila. Analisando-se as fraturas de face dos pacientes pediátricos, notou-se que a maioria delas ocorria na mandíbula, não importando a faixa etária avaliada. Este resultado também é válido para outros autores 4, 9, 11, 19, 21. A região de parassínfise foi a mais acometida entre as crianças com até 5 anos de idade (37,5%), a região de corpo mandibular foi a mais freqüente na faixa etária de 6 a 12 anos (20,0%) e a região de ângulo da mandíbula foi a mais envolvida na faixa dos 13 aos 18 anos de idade (25,0%). Todavia, estes resultados discordam de outros autores que consideram a região condilar a mais afetada6,9,19 Em 1968 já relatava-se que os traumatismos de terço fixo da face são raros em crianças com menos de 8 anos de idade 3. Esta é uma região protegida da face nos primeiros anos de vida devido à sua retração e à proeminência do crânio9. Este fato também é percebido nesta investigação, uma vez que não foi encontrada nenhuma fratura de zigoma em crianças com idade inferior a 6 anos. Tabela 2. Distribuição do número de fraturas segundo a sua localização no esqueleto facial em relação à idade do paciente na amostra investigada, em Porto Alegre, período de 1998-2002 Local da Fratura Mandíbula ângulo Mandíbula corpo Mandíbula côndilo Mandíbula parassínfise Mandíbula sínfise Zigoma arco Zigoma assoalho órbita Zigoma corpo Zigoma órbita parede lateral Total Até 5 anos Idade 6 a 12 anos 13 a 18 anos 2 (25,0%) 1 (12,5%) 1 (12,5%) 3 (37,5%) 1 (12,5%) 8 (100%) 4 (13,3%) 6 (20,0%) 5 (16,7%) 4 (13,3%) 2 (6,7%) 2 (6,7%) 1 (3,3%) 6 (20,0%) 30 (100%) 7 (25,0%) 6 (21,4%) 3 (10,7%) 3 (10,7%) 1 (3,6%) 1 (3,6%) 5 (17,9%) 2 (7,1%) 28 (100%) Total 13 13 9 10 2 3 7 3 6 66 Fonte: dados da pesquisa (HCR/2003) 144 Arquivos em Odontologia, Belo Horizonte, v.40, n.2, p.111-206, abr./jun. 2004 Durante o tratamento das fraturas de face em pacientes pediátricos, deve-se objetivar, o mais breve possível, o retorno à função e o reestabelecimento da oclusão, lembrando que existe uma tolerabilidade maior nas crianças ao alinhamento dos fragmentos ósseos e à reabilitação da oclusão 26. O tratamento instituído nos pacientes avaliados nesta investigação, em 62,1% dos casos, foi o de redução cruenta da fratura. Já o tratamento incruento foi realizado em 37,9% das fraturas, pois considera-se vital obedecer aos princípios básicos de tratamento de fraturas como para pacientes adultos, ou seja, deve-se reduzir e imobilizar a fratura 7. Dependendo do local e da extensão da fratura o tratamento instituído poderá variar desde apenas um controle da consistência da dieta, passando pela confecção de um bloqueio maxilomandibular (BMM), geralmente goteira fixada por cerclagem, até reduções cruentas com osteossíntese a fio de aço ou fixação interna rígida (FIR) com uso de placas e parafusos reabsorvíveis ou não. Analisando especificamente as reduções cruentas das fraturas de mandíbula nota-se que metade delas não necessitou de fixação interna, 36,7% foram feitas com FIR usando miniplacas e parafusos e 13,3% utilizaram osteossíntese a fio de aço. Já as fraturas dos ossos zigomáticos não necessitaram de fixação interna em 54,5% das vezes, mas utilizaram FIR em 4,8% e osteossíntese em 9,1%. Acredita-se que quaisquer formas de tratamento de redução cruenta das fraturas de face com uso de FIR ou osteossíntese a fio de aço, desde que sejam bem indicadas e executadas, trarão resultados satisfatórios 19. Tabela 3. Distribuição do número de fraturas segundo o tratamento específico instituído na amostra investigada, em Porto Alegre, no período de 1998-2002 Tratamento FIR Osteossíntese Sem fixação interna Total Mandíbula Zigoma Total 11 (36.7%) 4 (13.3%) 15 (50.0%) 30 4 (4.8%) 1 (9.1%) 6 (54.5%) 11 15 5 21 41 Fonte: dados da pesquisa (HCR/2003) Arquivos em Odontologia, Belo Horizonte, v.40, n.2, p.111-206, abr./jun. 2004 145 Em relação à procedência do paciente, 72,7% dos casos eram provenientes do interior do estado do Rio Grande do Sul, principalmente da Grande Porto Alegre, e 27,3% da capital do estado. A falta de hospitais preparados e profissionais capacitados para o atendimento de fraturas de face nas cidades do interior gaúcho no atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS), induzem esta migração de pacientes vítimas de tal tipo de traumatismo para os hospitais da capital do estado. CONSIDERAÇÕES FINAIS De acordo com os objetivos propostos e com a metodologia utilizada neste estudo epidemiológico das fraturas de face em pacientes com até 18 anos de idade, excluídas as fraturas nasais e dentoalveolares, internados para tratamento no HCR de Porto Alegre, no período de 1998 até 2002, pode-se concluir que: a) a prevalência dos indivíduos com fraturas de face na população estudada em relação ao total de pacientes foi de 3,17%; b) quedas são o principal fator etiológico das fraturas de face na amostra investigada, sendo responsáveis por 24,2% das mesmas; c) crianças menores de 5 anos de idade foram as menos acometidas em relação aos traumatismos faciais, sendo que a proporção de indivíduos com idades entre 6 e 18 anos, vítimas de fraturas faciais praticamente se equivaleram; d) houve predominância do gênero masculino sobre o feminino, em uma relação de 2,14:1; e) o mês de maior ocorrência da fraturas de face foi outubro (16,7%). Se se considerar períodos de maior ocorrência, ver-se-á que o compreendido entre os meses de outubro e março foi o mais prevalente, correspondendo ao período de primavera/verão; f) a mandíbula foi o principal sítio de acometimento de fraturas faciais nesta amostra de pacientes; g) o tratamento cruento foi a modalidade terapêutica mais utilizada para redução das fraturas de face nesta amostra (62,1%); h) a maior parte dos pacientes era proveniente do interior do estado do Rio Grande do Sul (72,2%); 146 Arquivos em Odontologia, Belo Horizonte, v.40, n.2, p.111-206, abr./jun. 2004 CONCLUSÃO Este estudo e outros futuros, na mesma linha de pesquisa, podem influir para a inclusão da Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial nas estatísticas de saúde pública, contribuindo, desta for ma, para o reconhecimento de sua importância perante à comunidade. ABSTRACT An epidemiologic study about facial fractures in patients between 0 to 18 years old was held through medical records in the Hospital Cristo Redentor in Porto Alegre, Brazil, from1998 to 2002. In this investigation the following variates were analysed and the following results were found: the prevalence, related to the total amount of patients eliminating nasal and dento-alveolar fractures, was of 3,17%; falls were the main aetiologyc agent (24,2%); patients from 6 to 18 years old suffered more face fractures than the ones up to 5 years old; male patients were more frequent (68,2%); October was the month with more incidents (16,7%); the main spot of fractures installation was the mandible (71,21%); surgical treatment was the most common therapeutic procedure (62,0%); the great majority of the patients were from the countryside of Rio Grande do Sul (72,2%). Key words: facial fractures, epidemiology. REFERÊNCIAS 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. James D. 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