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O que é filosofia?
A filosofia é uma atividade interrogativa (dimensão teórica) que tenta responder a
problemas e questões que nos são comuns, discutindo-os e analisando-os. Questões como
“O que é o conhecimento?”, “O que é a arte?”, “Será que Deus existe”, “ Qual o melhor
regime político?”, “O que é uma ação correta?”.
A filosofia também é uma atitude crítica e reflexiva perante a vida e o mundo (dimensão
prática)
Como se desenvolve o trabalho filosófico?
O trabalho filosófico desenvolve-se através de argumentos, o mais claros e rigorosos
possível. É através dos argumentos que o filósofo fundamenta, justifica e clarifica as suas
teorias. O trabalho filosófico é assim uma trefa de interpretação, formulação e avaliação
de argumentos.
Como constrói o filósofo esses argumentos?
Recorrendo a instrumentos lógicos e linguísticos que estão subjacentes ao discurso em
geral e ao discurso filosófico em particular: conceito, juízo e raciocínio
Como se articulam na filosofia os problemas, com as teorias e
argumentos?



Os problemas, como objeto da filosofia, são sempre o ponto de partida inicial da
prática da filosofia.
As teorias filosóficas são as respostas dadas a esses problemas com base no
método filosófico da reflexão crítica.
Os argumentos são as razões dadas para defender as teorias que respondem aos
problemas
Se há vários problemas filosóficos há várias disciplinas filosóficas.
Quais? (apenas coloquei as disciplina abordadas no 10º ano
Disciplina
Filosofia da Ação
Objeto de estudo
Questões abordadas
Reflete-se sobre a ação humana. Tem O que são ações?
como objetivo a análise e compreensão É o livre-arbítrio compatível com o
do agir humano.
determinismo?
Análise e compreensão da experiência
valorativa.
O que são valores?
Há valores objetivos ou são os valores
subjetivos?
Partindo da experiência da vida em
sociedade, é uma disciplina filosófica
onde se reflete sobre determinado tipo de
regras que devem orientar a ação
humana.
Como devemos agir?
Porque razão devemos agir de forma
moral?
Haverá padrões morais universais ou
todas as normas morais são relativas?
Reflete sobre o direito e a política.
Como deveremos viver em sociedade?
Será o estado necessário? O que legitima
a autoridade o Estado?
Como é possível uma sociedade justa?
Estética ou Filosofia
da Arte
Reflete sobre a dimensão estética da
experiência humana. Tem como objetivo
a compreensão da arte como uma das
dimensões da ação humana.
O que é a arte? O que distingue uma obra
de arte?
Por que razão damos valor à arte?
Como se deve avaliar uma obra de arte?
Filosofia da Religião
Reflete sobre a dimensão religiosa da
experiência humana. Tem como objetivo
compreender de que forma a experiência
religiosa é significativa na ação humana.
Serão as crenças religiosas passíveis de
discussão racional?
Será que Deus existe?
É possível justificar racionalmente a
existência de Deus?
Lógica
Estuda a argumentação válida (lógica)
O que distingue validade de verdade?
O que é um bom argumento?
Como se distingue a indução da
dedução?
Que erros de raciocínio podemos
cometer?
Metafísica e
Ontologia
Reflete sobre a realidade, a verdade e o
sentido da existência.
Que tipo de entidades há?
Tem a existência sentido?
Como encontrar o sentido da existência
se somos finitos?
Axiologia
Ética ou Moral
Filosofia Política
A filosofia apresenta duas dimensões nas quais faz sentir os seus
efeitos. Quais são?

Uma dimensão teórica, relacionada com:
o
o
o
o
o

A procura do conhecer a essência da realidade
A procura de uma visão integradora do real
Uma reflexão sobre os problemas/saberes por suscitados ela realidade.
Questionamento das nossas crenças fundamentais.
A procura dos fundamentos dessas crenças apreciando a sua racionalidade.
Uma dimensão prática, relacionada com:
o Sermos autónomos e agir de forma responsável
o O saber intervir a nível social e político
o O saber argumentar a favor das nossas ideias e avaliar criticamente as dos
outros
Qual era o método socrático?

Sócrates defendia que o método da filosofia para descobrir a verdade fosse o
diálogo crítico.

Nesse diálogo Sócrates levava os seus interlocutores a realizarem uma análise
conceptual das suas crenças acerca de conceitos básicos, procurando uma
definição verdadeira dos mesmos.

A defesa e refutação dessas definições era feita com base em argumentos em que
se procuravam exceções às definições dadas.

Esse diálogo dividia-se em duas fases/momentos:
o A ironia: durante a qual se leva o interlocutor a reconhecer a sua ignorância
e a prepará-lo para a descoberta da verdade.
o A maiêutica: durante a qual se leva, pelo diálogo, o interlocutor a descobrir
a verdade por si mesmo
Como se caraterizam os problemas filosóficos?
•
São gerais e abstratos, isto é, são problemas englobantes que ultrapassam os
limites espácio-temporais
•
São conceptuais, isto é, são problemas teóricos acerca do sentido e do valor de
determinadas realidades (conhecimento, ação, religião)

São problemas quem, em princípio interessam a toda a humanidade, na medida em
que dizem a respeito a questões existenciais (questões sobre o sentido da existência)
•
Não podem ser respondidos pela observação ou experiência, isto é, só podem ser
respondidos pelo pensamento, através da análise conceptual e da argumentação racional
Se a filosofia é uma disciplina conceptual cujos problemas só
podem ser resolvidos recorrendo ao pensamento, então as
informações empíricas não servem para nada em filosofia?


É verdade que os factos empíricos não são decisivos na resolução desses
problemas
Contudo não é verdade que os dados empíricos não sejam necessárias, porque
mesmo não sendo decisivos os filósofos não podem prescindir deles porque:

Não só mutas questões filosóficas são levantadas a partir de situações
empíricas, sem as quais não seriam levantados. Por exemplo, com o avanço
da tecnologia médica podemos prolongar a vida de alguém artificialmente,
mas devemos fazê-lo?

Os filósofos também não podem discutir questões, por exemplo, sobre a
arte, sobre a religião, sobre a vida e a morte, ou sobre o conhecimento
científico sem conhecerem essas realidades.
Qual o valor ou utilidade da filosofia?
•
A filosofia promove uma atitude crítica, isto é, de não-aceitação passiva das
ideias/crenças, qualquer ideia/crença tem de ser sempre bem avaliada nos seus
fundamentos (razões) para verificar se é verdadeira ou falsa.
•
A filosofia promove a nossa autonomia/independência mental, isto é, exige que
ao criticarmos as ideias exige que pensemos por nós mesmos sobre os assuntos, e que
tomemos uma posição fundamentada (apoiada em razões) sobre os mesmos.
•
A filosofia promove nossa autoconfiança/responsabilidade, na medida em que
após o exame crítico e autónomo das ideias/crenças estaremos mais confiantes em que as
ideias, as nossas ou as alheias, são verdadeiras ou falsas e que merecem ser aceites ou
não.
•
Por último a filosofia desenvolve as capacidades argumentativas e comunicativas:
em filosofia aprende-se a avaliar e a discutir com rigor e coerência os problemas e
argumentos, e a formular os nossos próprios argumentos e a comunicá-los
O que é o conceito?
É a representação mental abstrata e geral que se aplica a um conjunto de seres que
partilham propriedades comuns. A sua importância decorre do facto de possibilitar reunir
sob um conjunto de propriedades comuns uma grande número de elementos pertencentes
a uma classe. A sua expressão verbal é o termo ou palavra. Com os termos construímos
as frases com que expressamos os nossos pensamentos.
Que relação existe entre o juízo e a proposição?
O juízo corresponde à relação entre conceitos e a proposição que é a sua expressão verbal
Que tipo de proposições existem?
Categóricas: aquelas em que o predicado é afirmado ou negado em relação ao sujeito
de forma incondicional. Exemplo: Todo o homem é mortal. Nenhum homem é mortal
Condicionais: aquelas em que é declarado que uma determinada situação acontece na
condição de outra ocorrer. Exemplo: Se estudar, estou preparado para o teste.
Qual a forma canónica das proposições?
Categóricas
Quantificador
Sujeito
Predicado
Cópula
Condicionais
Se
Proposição antecedente
então
Proposição consequente
Como negar proposições?
Nas proposições categóricas nega-se o quantificador e a cópula: se o quantificador for
universal, passa-se a particular e vice-versa. Se a cópula não aparece negada, passa a ser
negada e vice-versa.
Exemplo: “Todo o S é P” passa a “Algum S não é P”
“Nenhum S é P” passa a “Algum S é P “
Nas proposições condicionais, a proposição a seguir à partícula “SE”, mantém na mesma.
A proposição a seguir à partícula “ENTÃO”, altera-se, se aparece negada passa a
afirmada, se aparece afirmada passa a negada. Elimina-se o “SE” e o “ENTÃO” é
substituído por “E” ou “MAS”
Exemplo:
“Se não P, então não Q” passa a “não P e Q”
“Se P, então não Q”
passa a
“P e Q”
“Se P, então Q”
passa a
“P e não Q”
O que é o raciocínio?
É uma relação entre juízos ou proposições. É um processo de inferência através do qual
se chega a uma ideia (conclusão) através de outras que a justificam (premissas). A sua
expressão verbal é o argumento
O que é um argumento?
É um conjunto de proposições relacionadas entre si de tal modo que umas devem oferecer razões
para aceitar uma outra. As proposições que servem de razões designam-se por “premissas”. À
proposição que se pretende defender a partir das premissas chama-se “conclusão”
Qual a forma canónica de um argumento?
Premissa
Premissa
___________
Conclusão
Distingue verdade de validade.

A validade é uma propriedade dos argumentos, e que se refere à sua forma, isto é ao
modo como as proposições estão encadeadas entre si e com a conclusão.

A verdade é uma propriedade só das proposições – não dos argumentos – que se refere
ao seu conteúdo, isto é, à correspondência entre o que elas declaram e uma
determinada realidade.
Distingue argumentos dedutivos de argumentos não dedutivos

Argumento dedutivo é aquele em que a verdade das premissas garante a verdade
da conclusão desde que seja válido. Este argumento só é válido quando as
premissas oferecem um apoio completo à conclusão, de tal modo que é impossível
as premissas serem verdadeiras e a conclusão ser falsa

Argumento não dedutivo, é aquele em que a verdade das premissas apenas sugere
a probabilidade da verdade da conclusão desde que seja válido. As premissas
apenas dão um suporte parcial à conclusão, não a garantindo necessariamente.
Este argumento só é válido quando é improvável que as premissas sejam
verdadeiras e a conclusão falsa.
Como sabemos se um argumento é válido?
Um argumento diz-se válido quando a sua conclusão decorre necessariamente das premissas, ou
seja, quando é impossível as premissas serem todas verdadeiras e a conclusão falsa. Um
argumento é inválido quando a conclusão não decorre necessariamente das premissas. Nenhum
argumento inválido é um bom argumento, mesmo que as suas premissas sejam verdadeiras.
O que é um bom (sólido) argumento?
É um argumento que além de ser válido tem as premissas todas verdadeiras. Nenhum argumento
inválido é bom.
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