A RELAÇÃO CORPO/MENTE NA FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA A Inteligência Artificial e o Problema Difícil da Consciência FAVRETO1, Elemar Kleber 1Universidade Estadual de Roraima – UERR [email protected] RESUMO: Esta comunicação tem por objetivo apresentar as discussões desenvolvidas pela Filosofia da Mente contemporânea acerca da relação corpo/mente, tendo em vista, principalmente, as controvérsias entre dualistas e materialistas. O tema é de suma importância para a filosofia, já que aborda um dos principais pilares da racionalidade ocidental: a subjetividade. A abordagem é puramente teórica e está pautada exclusivamente na revisão bibliográfica. Esperase, com essa comunicação, mostrar que aquilo que chamamos de “Eu” ainda é um conceito em aberto, já que não há uma abordagem única a respeito de sua aparente identidade. PALAVRAS-CHAVE: Subjetividade, Identidade Pessoal, Inteligência Artificial. INTRODUÇÃO: A consciência parece ser aquilo que constitui e conserva a forma do “Eu”, da identidade pessoal, afinal, ela não apenas conhece o mundo através dos sentidos dispostos num corpo orgânico, como é o caso do homem, mas também conhece a si mesma nesse processo. Portanto, a questão sobre o conhecimento parece estar intimamente ligada ao problema da consciência e da natureza da mente. Assim, se o conhecimento é o processo de trazer um objeto à consciência, não parece ser a própria consciência algo mais fundamental? Aquilo que daria origem à busca por conhecimentos e sentidos aos objetos do mundo? Aquilo que, mesmo que tudo mudasse, seria a única coisa que ainda seria a mesma? Através das leituras de Daniel Dennett, Richard Dawkins e David Chalmers, pretendemos explorar os principais argumentos que corroboram com o posicionamento da corrente materialista, de um lado, e da corrente dualista, de outro. Os principais argumentos percorrem desde o problema da consciência até a Inteligência Artificial, mostrando que aquilo que chamamos de “Eu” pode ter diversas interpretações. MATERIAL E MÉTODOS: O material a ser utilizado será composto, em grande parte, da bibliografia de Daniel Dennett, Richard Dawkins e David Chalmers, principalmente as obras que tratam de uma discussão sobre a relação corpo/mente, a subjetividade, a individuação, o cérebro e do processo de atualização das singularidades em corpos artificiais. As principais obras a serem abordadas são: de Daniel Dennett: “Tipos de mentes: rumo a uma compreensão da consciência” (1997) e “Consciousness Explained” (1992); Richard Dawkins: “O gene egoísta” (1976); David Chalmers: “The Conscious Mind” (1996). Tais obras nos apontam caminhos diversos para a interpretação acerca da mente e a sua relação com o corpo, de modo que a discussão não se esgota simplesmente na leitura desses autores, mas alcança neles argumentos suficientes para buscar novas interpretações acerca dessa relação. A metodologia de trabalho consistirá no estudo e análise da bibliografia já citada, para que possamos dar ênfase aos mecanismos e processos de interpretação do “Eu” (consciência subjetiva). Desse modo, o método de análise a ser empregado será o descritivo-interpretativo, já que nos preocuparemos com uma leitura, análise e interpretação dos textos filosóficos. Como a pesquisa é de natureza exclusivamente teórica, pretendemos destacar os termos principais, articular Realização: Rua Sete de Setembro, nº 231 – Bairro Canarinho Tel.: (95) 2121-0944/2121-0943 CEP: 69.306.530 – BOA VISTA – RR conceitos, premissas e inferências, demonstrando argumentos e teses. Seguindo, sempre, a ordem das razões do texto a fim de torná-lo claro, destacando suas teses e consequências filosóficas. Assim, o nosso método será aquele preconizado por Martial Gueroult e destacado por Victor Goldschimidt como método por excelência da filosofia: ler e analisar os textos segundo a ordem das razões. RESULTADOS E DISCUSSÃO: O principal resultado esperado com esta comunicação é a reflexão acerca da natureza do “Eu” e de como podemos pensá-lo, tendo em vista que o problema da consciência dentro da Filosofia da Mente ainda é um campo em aberto. As principais discussões giram ao redor de dois principais posicionamentos: 1) de que o “Eu” é uma ficção, isto é, que não existe uma identidade pessoal que perdure com o tempo, algo separado do organismo e que possa, inclusive, residir em outros corpos (posição materialista defendida por Dennett e Dawkins); 2) de que a mente e a consciência são manifestações nãofísica e que, portanto, formam a identidade do “Eu”, de modo que seria possível separar conceitualmente o “Eu” (mente/consciência) do corpo físico (posição dualista defendida por Chalmers). Entretanto, o que podemos observar é que tanto os materialistas quanto os dualistas contemporâneos (dualismo de propriedades) estão embasados em uma visão fisicalista, ou seja, de que a mente é uma propriedade que surge a partir de corpos físicos, mesmo que seja uma propriedade não física. CONCLUSÕES: A relação corpo/mente e a questão da consciência são discussões em aberto, não podemos saber com certeza como a mente funciona e como ela está relacionada com o corpo, mas podemos, através da razão e da Inteligência Artificial, desvendar alguns de seus mistérios, demonstrando a sua operacionalidade. Tanto os materialistas quanto os dualistas acreditam que o estudo do cérebro, através da Neurociência, é a melhor forma de podemos descobrir a real natureza da mente. REFERÊNCIAS: CHALMERS, D. The Conscious Mind: In Search of a Fundamental Theory. Oxford: Oxford University Press, 1996. DAWKINS, R. O gene egoísta. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia, 2001. DENNETT, D. C. Tipos de mentes: rumo a uma compreensão da consciência. Trad. Alexandre Tort. Rio de Janeiro: Rocco, 1997. _____. Consciousness Explained. Boston: Little Brown, 1991. Realização: Rua Sete de Setembro, nº 231 – Bairro Canarinho Tel.: (95) 2121-0944/2121-0943 CEP: 69.306.530 – BOA VISTA – RR