DEPRESSÃO OBJETIVO: O objetivo principal deste trabalho é

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DEPRESSÃO
OBJETIVO:
O objetivo principal deste trabalho é fornecer informações significativas sobre o tema depressão
para que o profissional em saúde mental e o paciente, e/ou seu responsável, após a primeira
consulta, na qual se identificou essa perspectiva, possam, munidos de um conhecimento mínimo
necessário, estabelecer um diálogo inicial.
Nesse diálogo devem ser definidos:
1) Os passos seguintes para um diagnóstico médico definitivo;
2) Os exames complementares necessários à definição deste diagnóstico;
3) As formas de tratamento necessárias e possíveis para aquele paciente, naquele momento e
segundo sua realidade;
4) Um prognóstico;
5) A necessidade de um acompanhamento médico, e/ou psicológico, e/ou de outros profissionais;
6) A definição dos papéis do médico, do paciente e de seus responsáveis durante a evolução do
tratamento;
7) A medicação e os possíveis efeitos colaterais dos mesmos e como enfrentá-los;
8) Os custos;
9) Outras possibilidades que necessitam esclarecimento inicial em cada caso particular.
INTRODUÇÃO:
A palavra DEPRESSÃO tem sido usada de forma indevida pela comunidade em geral e mesmo
entre os profissionais em saúde mental. Ela pode indicar, na linguagem popular, tanto uma
doença depressiva (que tem maior gravidade e duração) e que merece tratamento especializado
quanto simples episódios transitórios de tristeza (que a maioria das pessoas experimenta em
variados graus).
Assim, a palavra "depressão" pode significar para as pessoas em geral um estado de "fossa", de
"baixo astral", "preguiça", uma resposta inadequada frente a uma situação desagradável da vida.
Quando o profissional em saúde mental a utiliza: "você está com depressão", ele quer afirmar que
você é portador de uma "DOENÇA", que necessita diagnóstico e tratamento adequados.
Na prática, portanto, quando o profissional em saúde mental diz ao paciente ou a seu responsável
que o mesmo está com depressão (o diagnóstico já foi feito pela entrevista e pelos dados
retirados dos exame físico e dos exames complementares daquele caso específico) e já
identificada uma "doença" (que necessita de confirmação diagnóstica e tratamento), apesar do
paciente ou seu responsável, na maioria da vezes, ainda continuar querendo entender a situação
do mesmo como "uma tristeza de menor gravidade".
A Depressão como doença constitui um dos quatro transtornos psiquiátricos mais frequentes.
Estima-se que 8% dos homens adultos e que 25% das mulheres adultas sofram de uma doença
depressiva em algum período da vida.
Não possuímos dados exatos sobre sua frequência no Brasil. Pesquisas indicam nos Estados
Unidos que a população adulta afetada deverá estar em torno de 6 milhões de pessoas (o que
deve ser algo semelhante em nosso País). Como a Depressão afeta o bem-estar e a felicidade
dos pacientes e de seus familiares, reduz a capacidade de trabalho, e, em consequência, a
produtividade do indivíduo na sociedade, mesmo apesar de ser muito relativa a avaliação do custo
do sofrimento humano numa visão socioeconômica, não é difícil imaginar o impacto e a
importância da depressão em nosso meio.
A maioria das pessoas com depressão não procura ajuda porque não reconhece que tem uma
doença que pode ser tratada.
As doenças depressivas por interferirem no desempenho normal causam sofrimento não somente
para aqueles que estão doentes, mas também aos seus familiares e aos que os rodeiam.
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A depressão não tratada frequentemente pode destruir a vida familiar, a vida profissional e
mesmo a vida do paciente.
Felizmente, graças a anos de pesquisas produtivas, encontram-se, hoje, medicamentos
disponíveis e terapias psicossociais que aliviam a dor e ajudam efetivamente a maioria das
pessoas com depressão, mesmo aquelas com distúrbios mais graves.
A informação, aqui, apresentada, resumidamente, pode ajudá-lo, após compreender melhor a
extensão deste tema "Depressão", a tomar uma iniciativa de procurar ajuda efetiva para salvar
sua própria vida ou a de uma outra pessoa que, a seu ver, esteja nestas condições e por falta de
esclarecimento não possa se defender, necessitando assim de sua pessoa para orientá-la e
estimulá-la a se submeter a um diagnóstico e a um tratamento adequados.
Sabe-se que esta ajuda efetiva de alguém que já tenha passado por um processo depressivo ou mesmo
de um não-portador bem esclarecido é fundamental, no contexto de uma sociedade, como elemento
identificador e propiciador de diagnóstico e tratamento bem sucedidos, ou seja constitui um elo entre os
pacientes necessitados de ajuda e os profissionais e/ou serviços de saúde mental.
O QUE É DEPRESSÃO ?
Durante muito tempo as pessoas com "depressão" (doença) foram tratadas pelos semelhantes (nãoprofissionais e profissionais de saúde mental) como pessoas "fracas" frente à luta pela vida, ou como se
elas pudessem por conta própria superar aquele estado, por exemplo, com uma vontade firme ou com
um determinado esforço. Esta discriminação fez com que estas pessoas procurassem e ainda
procuram esconder seu sofrimento acarretando uma natural agravação com o passar do tempo, sem
um diagnóstico exato e um tratamento eficaz, porque não recebem o respeito e a consideração das
outras pessoas para com "aquilo" que estão enfrentando.
Atualmente, está absolutamente confirmado pela ciência ser a "depressão" um distúrbio bioquímico
detectável e passível de correção, após um diagnóstico e tratamento corretos, por medidas
equilibradoras, na maioria dos casos. Apesar disto, constata-se, diariamente, nos consultórios e
serviços de saúde mental, a imensa discriminação dos próprios pacientes e de seus familiares e
mesmo de profissionais não conscientes, com a compreensão desta doença. Deste fato surgem as
orientações incorretas, muitas vezes, repletas de boas intenções, distantes, porém, da verdadeira
essência do tema.
Se um paciente apresentar uma doença detectável por um meio complementar qualquer (por exemplo,
uma radiografia, um exame laboratorial ou outro exame ou procedimento qualquer oficializados pela
tecnologia), ele mesmo, ou seu responsável, facilmente aceita a existência da doença ou a
necessidade de seu tratamento.
"Olha, você está com úlcera péptica, ou colite, ou pneumonia ou câncer, etc"- o paciente aceita o
diagnóstico muitas vêzes após constatar um exame complementar que o confirme e passa a aderir ao
tratamento médico especializado instituido.
A depressão, porém, pode ser diagnosticada apenas por uma entrevista bem feita por um profissional
competente e não necessita frequentemente de qualquer exame complementar para sua confirmação e
isso pode ser difícil de ser compreendido tanto pelo paciente quanto pelos seus responsáveis.
Ninguém costuma negar um diagnóstico e/ou um tratamento necessário que pode ser comprovado
materialmente por dados concretos oriundos do uso da tecnologia desenvolvida pelo conhecimento
humano (que indubitavelmente trouxe um significativo e necessário avanço para a humanidade, apesar
de ainda não poder ser utilizada para todos, mesmo quando absolutamente necessária). Este culto à
tecnologia cada dia mais necessariamente estimulado pela ideologia dominante faz parecer que
somente as doenças detectáveis por um aparato tecnológico moderno são realmente existentes. As
doenças como a "depressão" que dependem para sua caracterização de uma abordagem interpessoal
mais do que de uma grande assistência de aparelhos, apesar de sua imensa importância, são cada
dia mais desprestigiadas e mesmo invalidadas e renegadas a um segundo plano, pelos pacientes,
pelos familiares, pelos planos de saúde, pelas políticas de saúde.
A "depressão" é uma doença como outra qualquer desencadeada quando fatores genéticos herdados
pelo paciente se somam a fatores psicológicos (por exemplo, uma baixa auto-estima) e a fatores
ambientais (por exemplo, estresse prolongado) traduzidos numa redução ou num excesso de certas
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substâncias bioquímicas denominadas neuroreceptores.
A alteração destes neuroreceptores
(endorfinas) traduz-se em sinais e sintomas desagradáveis experimentados pelo paciente no quadro da
doença depressiva e necessitam de reequilibração através de psicoterapia, medidas gerais, tratamento
com medicamentos, eletroconvulsoterapia (em casos muito especiais), e a ajuda de outras medidas
complementares
oriundas da terapia
corporal, ginástica, caminhadas, exercícios aeróbicos,
biofeedback, relaxamento, terapia artística,
condicionamento físico, homeopatia, antroposofia,
acupuntura, etc.
A "Depressão" é uma doença "do corpo como um todo", que compromete seu corpo, humor e
pensamento.
Ela afeta a forma como você se alimenta e dorme, como se sente em relação a si próprio e como pensa
sobre as coisas.
Uma doença depressiva não é uma "fossa", ou um "baixo astral" passageiro, também não é sinal de
fraqueza, ou uma condição que possa ser superada pela sua vontade isoladamente ou por um
determinado esforço unicamente.
As pessoas com doença depressiva não podem simplesmente recompor-se e melhorar por conta
própria; também não é uma condição que umas férias, ou a sorte numa loteria ou mesmo a resolução
de um suposto problema pessoal possa resolver.
As pessoas com doença depressiva necessitam de um diagnóstico e de um tratamento adequados,
porque sem eles os sinais e sintomas podem durar semanas, meses ou anos.
SINTOMAS E SINAIS DA DEPRESSÃO:
Classicamente, o termo "sintoma" caracteriza a vivência subjetiva de uma doença ou de um mal-estar
qualquer, e a palavra "sinal" representa sua manifestação objetiva. Sintoma é o que se sente, é
subjetivo; sinal, o que se vê, é objetivo.
Nem todas as pessoas com depressão apresentam todos os sinais e sintomas relacionados a seguir.
Algumas apresentam poucos, outras, muitos. A gravidade dos sintomas também varia de indivíduo para
indivíduo.
Assinale com um "x", no espaço referente a pouco, médio ou bastante de cada sinal ou sintoma de
depressão relacionados abaixo ou deixe a linha em branco se você não o apresentar. A avaliação deste
resultado final fornecerá uma relativa confirmação de doença depressiva e de sua intensidade. Se
você tiver dúvida na compreensão de qualquer um destes termos, por favor, esclareça seu significado
antes de sua resposta.
TABELA DE SINAIS E SINTOMAS DA DEPRESSÃO:
SINAIS/SINTOMAS
TRISTEZA PERSISTENTE
ANSIEDADE
SENSAÇÃO DE VAZIO
SENTIMENTOS DE DESESPERANÇA
PESSIMISMO
SENTIMENTOS DE CULPA
INUTILIDADE
DESAMPARO
PERDA DO INTERESSE OU PRAZER
EM PASSA-TEMPOS E ATIVIDADES QUE
ANTERIORMENTE CAUSAVAM PRAZER
PERDA DO INTERESSE OU PRAZER NA
ATIVIDADE SEXUAL
INSÔNIA
ACORDAR CEDO E NÃO CONSEGUIR MAIS DORMIR
SONOLÊNCIA EXCESSIVA DURANTE O DIA
PERDA DO APETITE E CONSEQUENTE PERDA DE PESO
EXCESSO DE APETITE E CONSEQUENTE GANHO DE PESO
POUCO MÉDIO
BASTANTE
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DIMINUIÇÃO DA ENERGIA
FADIGA
SENSAÇÃO DE DESÂNIMO
IDÉIAS DE MORTE ( pensamentos persistentes do tipo
"se eu morresse seria melhor "; "não estou suportando mais",etc)
IDÉIA OU TENTATIVA DE SUICÍDIO
INQUIETAÇÃO
IRRITABILIDADE
DIFICULDADE PARA CONCENTRAR-SE
DIFICULDADE DE MEMÓRIA
DIFICULDADE DE TOMAR DECISÕES
DOR DE CABEÇA persistente que não responde aos tratamentos
DISTÚRBIOS DIGESTIVOS (tipo azia, dor ou queimação no
"estomago", empachamento)
DOR CRÔNICA resistente a vários tratamentos
De um modo geral, a doença depressiva manifesta-se com sinais e sintomas alterados no
comportamento humano evidente pela esferas afetiva (humor), cognitiva (elaboração do pensamento,
atenção, memória) e fisiológica (sono, apetite, sexualidade).
Na doença depressiva destacamos:
como pertubações da afetividade:
- o humor disfórico (uma tristeza que se caracteriza por desânimo, desesperança e desamparo);
- o desinteresse e falta de alegria;
- a ansiedade (o ansioso está, todas as horas do dia, preocupado com o que lhe poderá acontecer e
tem, em relação ao futuro, uma antevisão do pior). O paciente ansioso está preso ao presente em
melancolia, ligado ao passado em culpa e sem a mínima perspectiva de futuro.
como pertubações cognitivas:
- a falta de concentração;
- as alterações do pensamento;
- as idéias de culpa;
- as idéias de morte e suicídio.
como pertubações fisiológicas:
- as pertubações do sono (insônia - deitar na cama para dormir e não conseguir após meia hora;
acordar várias vezes durante a noite; acordar cedo e não mais conseguir conciliar o sono; não
conseguir levantar-se pela manhã por sonolência excessiva; etc);
- as pertubações do apetite (perda ou excesso do apetite e consequentes alterações do peso
corporal);
- as pertubações sexuais (perda da vontade sexual, impotência, ejaculação precoce, dificuldade de
atingir o orgasmo, etc);
- as pertubações fisiológicas diversas do tipo "viver constantemente fadigado", ou "se cansar rápida e
injustificadamente", "não ter força para nada", queixas de "dor de cabeça vaga e difusa", ou "de um
aperto incômodo na cabeça", ou "de um mal-estar indefinido tomando conta de todo o corpo", etc;
- as pertubações das atividades sócio-ocupacionais (diminuição do desempenho das atividades
rotineiras sociais e profissionais);
- a variação diurna na intensidade dos sinais e sintomas da doença depressiva:
Nas depressões herdadas, a intensidade dos sinais e sintomas é mais evidente pela manhã,
principalmente no momento em que o paciente acorda. Caracteriza seu estado de ânimo nesse
momento por acentuado desânimo, falta de força, a ponto de não querer ou não conseguir sair do leito,
apesar de sem sono.
Nas depressões não herdadas, secundárias aos estímulos estressantes do meio ambiente ou a perdas
afetivas ou de poder os sinais e sintomas são mais evidentes à tarde, quase ao anoitecer.
TIPOS DE DEPRESSÃO:
As doenças depressivas manifestam-se de diversas maneiras, da mesma forma que outras doenças.
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Existem três tipos mais frequentes de doença depressiva. Entretanto, dentro deles, ocorrem variações
quanto ao número, gravidade e duração dos sintomas.
TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR:
Caracteriza-se por uma combinação de sinais e sintomas (relacionados anteriormente), variáveis em
número e intensidade para cada caso, mas que interfere significativamente na capacidade de trabalhar,
dormir, alimentar-se e desfrutar de atividades anteriormente consideradas agradáveis pela pessoa.
Estes episódios depressivos são incapacitantes e podem ocorrer uma, duas ou várias vezes durante a
vida de um paciente.
DISTIMIA:
É um tipo menos grave de depressão com sinais e sintomas não tão incapacitantes na sua intensidade
mas prolongados e persistentes, de evolução crônica, e que impedem a plena capacidade de ação do
paciente ou que ele se sinta bem. Às vezes, pessoas com Distimia, evoluem para um episódio de
Depressão maior.
Estes pacientes muitas vezes manifestam seu quadro depressivo com sintomatologia denominada por
alguns autores como psicossomática e apesar de deprimidos e necessitados de tratamento
antidepressivo evoluem com passagens em vários especialistas por queixas em vários sistemas sendo
submetidos a vários tratamentos específicos até que seu quadro depressivo básico seja valorizado
devidamente e tratado adequadamente.
TRANSTORNO BIPOLAR:
Antigamente denominada doença maníaco-depressiva. Não é tão frequente quanto as outras formas de
doenças depressivas.
Caracteriza-se por ciclos de depressão e euforia ou mania. Estas oscilações de humor, em geral,
ocorrem gradualmente; porém, as vezes, são abruptas e acentuadas. Tanto no ciclo depressivo, quanto
no ciclo maníaco o paciente pode apresentar alguns ou todos os sinais e sintomas correspondentes a
cada um destes ciclos.
A mania, em geral, afeta o pensamento, o julgamento (senso crítico) e o comportamento social,
causando graves problemas e constrangimentos. Por exemplo, uma pessoa em fase de mania pode
tomar decisões profissionais ou financeiras insensatas. O distúrbio bipolar, frequentemente, é uma
condição crônica recorrente (ocorre repetidamente).
Os sinais e sintomas de mania são:
- euforia inadequada (alegria exagerada e sem inibição em relação às circunstâncias e ao ambiente);
- irritabilidade inadequada;
- insônia grave;
- idéias de grandeza;
- aumento do discurso (tagarelice);
- pensamentos desconexos ou muito rápidos;
- aumento do interesse sexual;
- aumento acentuado da energia;
- redução do senso crítico;
- comportamento social inadequado.
O Transtorno bipolar mostra, na prática, claramente, uma herança definida (vários membros da
mesma família tiveram a mesma sintomatologia) e há uma nítida dificuldade na evolução de tratamento
destes pacientes pois os mesmos não aceitam o diagnóstico de sua doença e não aderem ao
tratamento orientado pelo médico assistente e costumar resister, mais ainda, ao tratamento de
manutenção necessário para controlar seu humor em nível adequado sem grande variações nas
expressão de tristeza ou de euforia, que é uma constante nestes casos.
CAUSAS DA DEPRESSÃO:
Certos tipos de depressão ocorrem repetidamente em algumas famílias, indicando que a vulnerabilidade
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biológica pode ser herdada. Parece ser o caso do Transtorno bipolar. Estudos de famílias, nas quais
membros de cada geração desenvolvem este distúrbio, mostraram que aqueles com a doença possuem
constituição genética um tanto diferente dos que não adoecem. Entretanto, o inverso não é verdadeiro:
nem todos com constituição genética que determina a vulnerabilidade do Transtorno bipolar apresentam
a doença. Aparentemente, fatores adicionais - possivelmente um ambiente estressante - estão
envolvidos no desencadeamento da doença.
Em algumas famílias, o Transtorno depressivo maior, também, parece ocorrer de geração em geração.
Entretanto, pode igualmente manifestar-se em indivíduos que não possuem história familiar de
depressão. Herdada ou não, o Transtorno depressivo maior está frequentemente associado à redução
ou excesso de certas substâncias neuroquímicas.
A constituição psicológica também desempenha papel na vulnerabilidade à depressão. Pessoas com
baixa auto-estima, que se vêem sistematicamente a si mesmas e ao mundo com pessimismo, ou que se
deixam facilmente abater pelo estresse, são predispostas à depressão.
Uma perda importante, uma doença crônica, conflitos de relacionamento, dificuldades financeiras ou
qualquer alteração indesejada na vida também podem desencadear um episódio depressivo. Com
frequência a combinação de fatores genéticos, psicológicos e ambientais está presente no
desenvolvimento da doença depressiva.
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA E TRATAMENTO:
O primeiro passo, após a entrevista inicial, antes de se iniciar o tratamento apropriado são os exames
físico e psicológico com os quais se pode determinar se você tem uma doença depressiva e de que tipo,
ou simplesmente uma reação depressiva passageira e menos complexa sem necessidade de
medicalização e possível de responder com aconselhamento apropriado ou com outras técnicas
terapêuticas não alopáticas.
Dependendo das características de seu caso clínico atual, sua história passada, seus antecedentes
familiares, os dados fornecidos pelo seu exame físico, o médico costuma, de imediato, pedir alguns
exames complementares necessários e discutir com você ou com um de seus responsáveis as
possibilidades de seu tratamento (medicamentoso isoladamente ou associado com psicoterapia de
apoio ou a necessidade de se associar outros métodos terapêuticos complementares, a nivel
ambulatorial, ou sob regime de internação).
Certos medicamentos (reserpina, propranolol, L-dopa, contraceptivos orais, corticosteróides,alfametildopa, abstinência de anfetaminas, drogas psicotrópicas), algumas doenças endócrinas
(hipotireoidismo,síndrome de Cushing, síndrome de Addison, diabete melito, transtornos imunológicos,
lupus eritematoso sistêmico), alguns transtornos neurológicos (esclerose múltipla, tumor do lobo frontal,
encefalite, cerebrite, Parkinson, Huntington, acidentes vasculares cerebrais), infecções
(mononucleose,hepatite,gripe), deficiências vitamínicas (deficiência de vitamina B12, deficiência de
folato, pelagra) podem causar sintomas ou estar associados com depressão, e o exame médico pode
verificar estas possibilidades através da entrevista e dos exames físico e laboratorial.
Uma boa avaliação diagnóstica também deve incluir a história completa de seus sinais e sintomas,
como por exemplo, quando começaram, há quanto tempo duram, qual a intensidade deles e se já
ocorreram antes, e, neste caso, se você fez tratamento e de que tipo.
Seu médico deve perguntar sobre o uso de álcool e drogas, e se você pensa em morte ou suicídio.
Além disso, a avaliação deve incluir perguntas sobre a ocorrência da doença depressiva em seus
familiares e eventuais tratamentos que eles possam ter recebido para depressão e qual sua eficácia.
Por último, a avaliação diagnóstica deverá incluir um exame de seu estado mental para determinar se o
seu padrão de pensamento ou discurso (conversa) e a memória estão afetados, como frequentemente
ocorre no caso dos Transtornos do humor ( Transtorno depressivo maior, distimia, Transtorno bipolar,
ciclotimia, melancolia, Transtorno depressivo induzido por substâncias, Transtorno depressivo
relacionados a outras doenças).
O tratamento de escolha dependerá do resultado da avaliação.
Existe uma variedade de medicamentos antidepressivos e de psicoterapias que podem ser empregados
para tratar distúrbios depressivos.
Dependendo do diagnóstico e da gravidade de seu quadro depressivo, você poderá receber
medicamentos e/ou ser tratado com uma das formas de psicoterapia reconhecidamente eficazes no
tratamento da depressão.
Às vezes a eletroconvulsoterapia (ECT) é útil, particularmente em indivíduos cuja depressão é grave ou
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representa risco de vida, ou naqueles que não podem tomar medicamentos antidepressivos.
Veja com seu médico os possíveis efeitos colaterais dos medicamentos antidepressivos, dos
ansiolíticos (calmantes), e dos hipnóticos (remédios para dormir) e/ou de outros necessários no seu
caso particular e como enfrentá-los.
EFEITOS COLATERAIS DOS ANTIDEPRESSIVOS:
Os antidepressivos podem causar efeitos colaterais discretos e, geralmente, transitórios em algumas
pessoas.
Costumam ser incômodos, porém, não são graves. Entretanto, efeitos colaterais incomuns ou que
interfiram no seu desempenho devem ser relatados a seu médico. Alguns efeitos colaterais podem ser
controlados pela redução da dosagem ou evitados através de seu aumento gradual.
Os mais frequentes e a maneira de lidar com eles são:
- boca seca: beba bastante água; mastigue goma de mascar sem açucar; escove os dentes várias
vezes ao dia; bochechar com guaraná da antártica ou mate-couro (porque têm malte), em pequenas
quantidades, várias vezes ao dia, costuma aliviar a sensação de boca seca por um tempo prolongado.
Para os casos sérios de boca seca, pode ser criada uma solução com 1% de pilocarpina misturando-se
a solução a 4% disponível como colírio com outras três partes de água. Podem ser feitos bochechos por
alguns minutos, 30 minutos a cada 1 hora antes que um aumento na salivação seja esperado. Por
exemplo, os pacientes podem usar esse preparado antes de dar uma conferência. O betanecol em
tabletes de 5 mg ou 10 mg pode ser administrado de forma sublingual, obtendo um efeito semelhante.
- constipação ("intestino preso"): coma cereais integrais "com fibras", ameixas, frutas e verduras e
legumes, laranja com bagaço, mamão: mastigue o alimento várias vezes durante suas refeições; use
dois a três litros de líquidos ao dia; procure caminhar quando possível uma hora por dia. Se passar mais
de dois dias sem evacuar use dois comprimidos de complexo 46 Almeida Prado, ou de lacto-purga, ao
deitar. Se não fizer efeito comunique com seu médico para que o mesmo prescreva outras medidas
inclusive as vezes o uso rotineiro durante todo o tratamento de laxantes ou em algumas eventualidades
o uso de lavagem intestinal;
- problemas vesicais: pode ocorrer dificuldades para urinar e o jato urinário pode ficar mais fraco; as
vezes pode ser necessário para ajudar na eliminação inicial da urina, assentar-se no vaso sanitário e
apertar com as mãos espalmadas a bexiga por pressão abaixo do umbigo. Entre em contacto com seu
médico se sentir dor. Este efeito de retardo urinário pode ser melhorado com a administração de
betanecol, uma substância procolinérgica, em doses de 25 a 50 mg ao dia, dadas de 3 a 4 vezes por
dia.
- problemas sexuais: o desempenho sexual pode alterar-se; se esta situação o incomodar, discuta-a
com seu médico;
- visão embaçada ou borrada: este efeito passará logo; não adquira óculos novos por isso. Pode ser
tratada com colírio pilocarpina a 4% ou com betanecol, via oral. Somente os pacientes que, de certo
modo, sentem-se bem no tratamento de manutenção com antidepressivos tricíclicos e que, portanto,
provavelmente usem a medicação há algum tempo, podem necessitar uma alteração na sua receita de
óculos para corrigir sua visão.
- tontura: levante-se (da posição deitada ou sentada) devagar. O mecanismo de controle da pressão
arterial na mudança da posição deitada ou sentada para uma de pé fica levemente comprometido,
inicialmente, pelos antidepressivos. Portanto, para se passar de uma posição deitada ou sentada para
uma de pé, deve-se não agir rapidamente, e sim respeitando o tempo necessário para que se
estabeleça um novo equilíbrio pressórico. Para aqueles pacientes que desenvolvem hipotensão
ortostática importante e resistente aos principais antidepressivos, deve-se usar a nortriptilina (pamelor)
muitas vezes é uma alternativa útil.
- sonolência: este efeito passará logo; não dirija ou trabalhe com equipamentos pesados se você se
sentir sonolento ou sedado, principalmente, nos primeiros quinze dias de tratamento antidepressivo.
- ganho de peso: constitui um importante efeito colateral possivelmente anti-histamínico dos
antidepressivos tricíclicos. Deve-se nestes casos manter e aconselhar uma dieta e em alguns casos
mudar para fluoxetina, ou sertralina ou paroxetina (prozac, tolrest, aropax) pode ser a única maneira de
manter um efeito antidepressivo e promover a redução de peso.
PSICOTERAPIAS:
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Há vários tipos de psicoterapias que podem ser eficazes para ajudar pessoas com depressão, entre
elas, as psicoterapias breves (duração de 10 a 20 semanas).
Terapias "verbais" ajudam o paciente a se conscientizar de seus problemas e a encontrar soluções
para eles através da interação verbal com o terapeuta. Terapias comportamentais auxiliam o paciente a
aprender como obter mais satisfação e gratificação através de suas próprias ações e a desaprender
padrões de comportamento que contribuem para a sua depressão.
Duas das psicoterapias breves, que as pesquisas demonstraram ser úteis em determinadas formas de
depressão, são a terapia interpessoal e a terapia cognitivo-comportamental. Os profissionais que
empregam a terapia interpessoal concentram-se em distúrbios de relacionamento pessoal do paciente,
que tanto causam como pioram a depressão. Os terapeutas cognitivo-comportamentais ajudam o
paciente a mudar os estilos negativos de pensamento e comportamento, geralmente associados à
depressão.
Terapias psicodinâmicas, algumas vezes usadas para tratar depressão, procuram resolver conflitos
psicológicos internos, que se consideram ser originados na infância.
Em geral, as doenças depressivas graves, particularmente as recorrentes (que se repetem), necessitam
de medicamentos em associação com psicoterapias para se obter melhor resultado. Em certas
condições especiais, é necessária a associação da eletroconvulsoterapia.
AJUDANDO-SE A SI MESMO:
Os distúrbios depressivos fazem você se sentir exausto, desvalorizado, desamparado e sem esperança.
Estes pensamentos e sentimentos negativos fazem com que algumas pessoas queiram desistir de tudo.
É importante compreender que a visão negativa faz parte da depressão e não reflete, de forma exata,
sua condição. O pensamento negativo desaparece quando o tratamento começa a surtir efeito. Neste
meio-tempo, recomendam-se algumas atitudes:
- Não se imponha metas difíceis e nem assuma demasiadas responsabilidades;
- Divida as grandes tarefas em tarefas menores, estabeleça algumas prioridades e faça apenas o que
puder e do modo que pude;
- Não espere demais de si mesmo; isto só aumentará sua sensação de fracasso;
- Procure ficar com outras pessoas; geralmente é melhor do que ficar sozinho;
- Participe de atividades que possam fazer você se sentir melhor;
- Você deve tentar praticar exercícios leves, ir ao cinema, a jogos ou participar de atividades sociais ou
religiosas;
- Não exagere ou se preocupe se o seu humor não melhorar logo. Isso às vezes pode demorar um
pouco;
- Não tome grandes decisões, tais como mudar de emprego, casar-se ou divorciar-se sem consultar
pessoas que o conheçam bem e que possam ter uma visão mais objetiva de sua situação. Resumindo,
é aconselhável adiar decisões importantes até que sua depressão tenha desaparecido;
- Não espere que sua depressão passe de um momento para outro, pois isso raramente ocorre. Ajudese o quanto puder e não se culpe por não estar "cem por cento";
- LEMBRE-SE: não aceite seus pensamentos negativos. Eles são parte da depressão e desaparecerão
à medida que sua depressão responder ao tratamento.
A FAMÍLIA E OS AMIGOS PODEM AJUDAR:
Como a depressão pode fazer com que você se sinta exausto e desamparado, você desejará e
provavelmente necessitará da ajuda de outras pessoas. Entretanto, quem nunca sofreu um distúrbio
depressivo pode não compreender completamente seus efeitos.
As pessoas não têm a intenção de magoá-lo, mas poderão dizer e fazer coisas que magoam. É
interessante que as pessoas que lhe são mais próximas leiam este trabalho para que possam
compreendê-lo melhor e ajudá-lo.
AJUDANDO AO DEPRIMIDO:
A coisa mais importante que alguém pode fazer por uma pessoa deprimida é ajudá-la a se submeter a
um diagnóstico e a um tratamento adequados.
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É importante encorajá-la a continuar se tratando até que os sintomas desapareçam (isto pode durar
várias semanas), ou a procurar tratamento diferente, se não ocorrer melhora. Às vezes, pode ser
necessário marcar uma consulta e acompanhá-la até o médico, bem como verificar se ela está tomando
a medicação corretamente.
A segunda coisa mais importante é oferecer-lhe apoio emocional. Isto envolve compreensão, paciência
e encorajamento. Procure conversar com a pessoa deprimida e escute-a com atenção. Não
menospreze os sentimentos expressos, porém chame a atenção para a realidade e ofereça esperança.
Referências a suicídio são importantes e devem ser sempre relatadas ao médico.
Convide a pessoa deprimida para caminhadas, passeios e outras atividades físicas. Insista
delicadamente se seu convite for recusado. Encoraje a participação em atividades que anteriormente
lhe proporcionavam prazer, como passatempos, esportes, atividades culturais ou religiosas, porém não
a force a assumir rapidamente muita responsabilidade de uma vez. O deprimido necessita de distração
e companhia, porém cobrar demais dele pode piorar-lhe a sensação de fracasso.
Não acuse o deprimido de se fingir de doente ou de ser preguiçoso, nem espere que ele melhore de
uma hora para outra. Com o tempo e tratamento adequado, a maioria das pessoas com depressão
melhora. Tenha isto em mente e procurre reafirmar à pessoa deprimida que, com o tempo e ajuda, ela
se sentirá melhor.
BIBLIOGRAFIA
1 - Uma conversa franca sobre depressão. Folheto da Sociedade Brasileira de Psiquiatria Clínica. Av.
Presidente Vargas 433, Ribeirão Pena/ SP. CEP 14020-260. Tel (016) 623 1234. Fax (016) 623 2296
2 - Depressão - o que é, como se diagnostica e trata. Isaac Guz. Livraria Roca Ltda, 1990.
3 - Psiquiatria - diagnóstico e tratamento. Flaherty, Davis & Janicak. 2a. edição. Editora Artes Médicas.
Porto Alegre. 1995.
4 - Depressão - um estudo psicanalítico. Hugo Bleichmar. Editora Artes Médicas. 1983.
5 - Manual de psicofarmacologia clínica. Schatzberg & Cole. 2a. edição. Editora Artes Médicas.1993.
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