Resposta Sobre Características Morfológicas em Plantas de Milho sobre Ação de Diferentes Níveis de Nitrogênio 2 Maria M. S. Lopes, 2Gustavo A. R. Alves, 2Cândido F. Oliveira Neto, 2Nazila N. S. Oliveira, 2Jackeline A. M, 1Davi G. C. Santos, 1Ricardo S. Okumura e 1, 2Allan K. S. Lobato, 2Wilson J. M. e S. Maia. 1 Departamento de Agronomia, Universidade Estadual de Maringá, Maringá, Brasil. Laboratório de Fisiologia Vegetal Avançada, Universidade Federal Rural da Amazônia, Belém, Brasil ([email protected]). Palavras-chave: Zea mays, doses, nitrogênio. 2 INTRODUÇÃO A cultura do milho encontra-se entre as de maior potencial de produção de fitomassa por unidade de área. No entanto, para que possa atingir elevados rendimentos biológicos, o milho necessita ter as suas exigências nutricionais plenamente satisfeitas, visto que produtividades elevadas implicam grande extração de nutrientes. É Sabido que o N é o macronutriente extraído em maior quantidade pela cultura do milho (MUZILLI e OLIVEIRA, 1982), uma lavoura que produza 9.100 kg de grãos/ha extrai o equivalente a 129kg de N/ha, ou seja, o equivalente a 15 kg de N/tonelada de grãos (BÜLL, 1993). Além do seu efeito sobre a produtividade, o N interfere em diversas outras características da planta relacionadas ao crescimento e desenvolvimento, as quais, direta ou indiretamente, afetam a produtividade da cultura. Encontram-se, na literatura, citações sobre a influência do N no aumento da altura de plantas e de espigas (ARAÚJO, FERREIRA e CRUZ, 2004) e na produção de matéria seca (DUETE et al., 2008; ARAÚJO, FERREIRA e CRUZ, 2004). O efeito do N no incremento da produtividade do milho se dá em virtude do nutriente favorecer o crescimento da planta, em decorrência do incremento da área foliar, acarretando a maior síntese de fotoassimilados, isso pelo fato de este nutriente ser constituinte da molécula de clorofila, atuando nos processos de divisão e expansão celular (BÜLL, 1993; VARVEL et al., 1997). Em trabalho conduzido por Duete et al. (2008) observaram que a variável altura de planta respondeu linearmente à aplicação de doses de N em cobertura, verificando também uma interdependência entre altura da planta e altura da inserção da espiga. Devendo ter se cuidado com a adubação nitrogenada, pois segundo Raij (1991) a adubação nitrogenada em excesso pode causar um desenvolvimento vegetativo excessivo, em detrimento da produção de raízes, proporcionarem folhas mais suculentas e susceptíveis a doenças, reduzir a produtividade e o teor de açúcares, além de predispor a cultura ao acamamento. Dessa forma, o presente trabalho tem por objetivo avaliar, em condições de campo, o efeito da aplicação em cobertura de diferentes doses de uréia sobre o desenvolvimento vegetativo do milho, sob sistema de plantio direto (SPD). MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido à campo em lavoura comercial, na safra de milho de 2007/2008, no município de Mauá da Serra - Pr. O clima é do tipo subtropical Cfb (segundo classificação de Köeppen), as coordenadas geográficas são 23°58' S e 51°19' W e a altitude XXVIII Congresso Nacional de Milho e Sorgo, 2010, Goiânia: Associação Brasileira de Milho e Sorgo. CD-Rom 2479 média é de 847m, e o solo é classificado como Latossolo Vermelho distroférrico (EMBRAPA, 1999), cultivado por 30 anos sob SPD, cujas características químicas, na instalação do experimento, na camada de 0-20cm são apresentados na Tabela 1. Tabela 1. Resultado da análise química de solo da área experimental, camada 0-20cm, antes da implantação do experimento, no município de Mauá da Serra – PR, 2007, realizada no laboratório de solos da Universidade Estadual de Londrina. pH** Ca+2 Mg+2 K+ Al+3 CTC MOS*** -------------------------- cmolc dm-3 ------------ g kg-1 -------3,3 1,3 0,4 0,5 11,9 40,7 4,6 * Bloco ** CaCl2 ***Matéria orgânica do solo **** extrator Mehlich V % P**** mg dm-3 41,4 30,5 Os dados de precipitação pluviométrica, ocorridos durante a condução do experimento encontram-se na Figura 1. Figura 1. Precipitação pluviométrica durante o desenvolvimento da cultura do milho no município de Mauá da Serra/PR. As parcelas constituíram-se de 6 linhas de 0,70m de espaçamento e 8,0m de comprimento, considerando como área útil as 4 linhas centrais, desprezando 1,5m em cada extremidade. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados com 6 tratamentos sendo eles constituídos pelas 6 doses de N em cobertura (0, 40, 80, 120, 160 e 200kg ha-1 de N) e 5 repetições. XXVIII Congresso Nacional de Milho e Sorgo, 2010, Goiânia: Associação Brasileira de Milho e Sorgo. CD-Rom 2480 O milho híbrido simples da Pioneer 30F53 foi semeado em 03/10/2007, no espaçamento de 0,70m entre linhas e 70.000 plantas ha-1. A adubação de sulco foi com 40, 90 e 60kg ha-1 de N, P2O5 e K2O, respectivamente. A emergência das plântulas ocorreu 7 dias após a semeadura, e o controle de plantas daninhas e insetos foram realizados conforme recomendação para a cultura. A aplicação em cobertura com uréia foi realizada manualmente 25 dias após emergência (DAE), no estádio fenológico V4 (4 folhas desdobradas) da escala Ritchie et al. (2003). A amostragem do tecido vegetal da planta, para avaliar a matéria seca da folha foi realizada na data de 68DAE (pleno florescimento), coletando 10 folhas índice inteira (abaixo e oposta à espiga principal). A altura da espiga e da planta foi determinada 128DAE, em 10 plantas da parcela. Os dados obtidos foram submetidos análise de regressão e as curvas ajustadas ao modelo quadrático ou linear baseado nas respostas observadas para cada variável. Adicionalmente, foi gerada a equação e o coeficiente de regressão (R2). Para a análise de correlação foi utilizado o método paramétrico de Pearson, sendo apresentado o coeficiente de correlação (r). Neste estudo foi usado para as análises estatísticas o software Genes. RESULTADOS E DISCUSSÃO A matéria seca da folha índice apresentou valores de 3,7, 4,3, 4,3, 4,4, 4,5 e 4,6 g nos níveis de 0, 40, 80, 120, 160 e 200 kg ha-1de nitrogênio, respectivamente. O comportamento desta variável se enquadrou numa função de equação quadrática, sendo significativamente diferente entre os tratamentos avaliados e apresentando o coeficiente de regressão de 0,88. A altura da planta apresentou ajuste linear para a regressão, sendo obtido o valor de 0,74. Nesta variável foram obtidos os valores de 2,2, 2,3, 2,3, 2,3, 2,3 e 2,4 m nas doses de 0, 40, 80, 120, 160 e 200 kg ha-1 de nitrogênio, respectivamente. Em relação a altura da espiga não foi observado diferença significativa entre os tratamentos avaliados, sendo o ajuste da regressão linear e o coeficiente de 0,68. Nas doses de 0, 40, 80, 120, 160 e 200 kg ha-1 de nitrogênio foram observados os valores de 1,04, 1,07, 1,08, 1,09, 1,07 e 1,13 m, respectivamente. A análise de correlação indica que existe uma correlação positiva e linear entre as doses avaliadas e a altura da planta, sendo o coeficiente de correlação de 0,86. Araújo et al. (2004) determinando a resposta do milho à aplicação de nitrogênio em cobertura, constataram que houve efeito das doses de N na massa de matéria seca da planta, sendo a diferença entre a produção de matéria seca na testemunha (sem N) e a obtida com a maior dose (240kg ha-1) de 37%. Resultados similares foram obtidos por Deparis et al. (2007) que encontraram efeito linear da produção de matéria seca e adubação nitrogenada em cobertura (0 a 150 kg ha-1 de N), observando um aumento de 15,57 kg de matéria seca por kg de N aplicado em cobertura. O efeito positivo no aumento da massa de matéria seca da planta pelo teor de N disponível é decorrente da sua função na planta, que é constituinte de proteínas, enzimas, coenzimas, ácidos nucléicos, fitocromos e da clorofila, além de afetar as taxas de iniciação e de expansão foliar, o tamanho final e a intensidade de senescência de folhas (Schröder et al., 2000). Gomes et al. (2007), estudando os efeitos da aplicação de doses de nitrogênio em cobertura (25, 50, 100 e 150 kg ha-1) na cultura do milho, constataram que a resposta foi positiva e descrita pela equação do tipo y = a + bx, ou seja, havendo aumento linear concomitante na altura das plantas. Isso se explica devido ao maior crescimento vegetativo das plantas de milho XXVIII Congresso Nacional de Milho e Sorgo, 2010, Goiânia: Associação Brasileira de Milho e Sorgo. CD-Rom 2481 em resposta à adubação nitrogenada (Malavolta, 2006). Como destacam Aita et al. (2001), os crescimentos da área foliar e da taxa fotossintética são influenciados pelo estado nutricional das plantas de milho, apresentando relação direta com o teor de N nos tecidos vegetais. Em trabalho desenvolvido por Lana et al. (2009), observaram que a aplicação de doses de N em cobertura de 0, 30, 60 e 90 kg ha-1 de N, proporcionaram ajuste de equação linear crescente e, a cada kg de N adicionado houve aumento na inserção da espiga de 0,06 cm. Podemos inferir que os aumentos das doses influenciaram positivamente na altura da planta, o que justifica também o efeito positivo na altura da espiga, pois segundo Santos et al. (2002) existe correlação positiva entre estas duas características. Cruz et al. (2008), avaliando o efeito de doses de N nas características altura de plantas de milho, observaram que o componente morfológico altura de planta teve correlação com a produtividade no milho. Esse mesmo autor relata que tal correlação só foi possível devido a produtividade estar diretamente relacionada com as doses de N aplicadas, ou seja, havendo uma resposta positiva na altura de planta com o aumento nas doses de N aplicada. XXVIII Congresso Nacional de Milho e Sorgo, 2010, Goiânia: Associação Brasileira de Milho e Sorgo. CD-Rom 2482 Matéria seca da folha índice (g) 6.7 y = 3,85 + 0,0083x – 0,000023x2 R2 = 0,88 6.1 5.5 4.9 4.3 3.7 3.1 2.7 2.5 Altura da planta (m) 2.6 y = 2,27 + 0,0007x R2 = 0,74 2.5 2.4 2.3 2.2 2.1 2 1.4 1.9 y = 1,04 + 0,000328x R2 = 0,68 Altura da espiga (m) 1.3 1.2 1.1 1 0.9 0.8 0.7 0 40 80 120 Nível de nitrogênio (kg 160 200 ha-1) Figura 2. Matéria seca da folha índice, altura de planta e altura de espiga em plantas de milho submetidas a diferentes níveis de nitrogênio em cobertura. XXVIII Congresso Nacional de Milho e Sorgo, 2010, Goiânia: Associação Brasileira de Milho e Sorgo. CD-Rom 2483 3.0 (r = 0,86*) Altura de planta (m) 2.8 2.6 2.4 2.2 2.0 1.8 -100 0 100 200 300 Nível de nitrogênio (kg ha-1) Figura 3. Correlação entre nível de nitrogênio e altura da planta em milho. CONCLUSÃO Os resultados deste estudo revelam que o aumento nas doses de nitrogênio promoveu aumento na altura da planta e espiga, enquanto que a matéria seca da folha índice sofreu um aumento e em seguida uma manutenção na massa. Adicionalmente, foi observada uma correlação entre o nível de nitrogênio com a altura da planta. LITERATURA CITADA AITA, C.; BASSO, C.J.; CERETTA, C.A.; GONÇALVES, C.N.; DA ROS, C.O. Plantas de cobertura de solo como fonte de nitrogênio ao milho. R. Bras. Ci. Solo, v. 25, p. 157-165, 2001. ARAÚJO, L.A.N.; FERREIRA, M.E.; CRUZ, M.C.P. Adubação nitrogenada na cultura do milho. Pesq. Agropec. Bras., v. 39, n. 8, p. 771-777, 2004. BULL, L.T. Nutrição mineral do milho. In: BULL, L.T.; CANTARELLA, H. Cultura do milho: fatores que afetam a produtividade. Piracicaba: POFAFOS, 1993. p. 63-145. CRUZ, S.C.S.; PEREIRA, F.R.S.; SANTOS, J.R.; ALBUQUERQUE, A.W.; PEREIRA, R.G. Adubação nitrogenada para o milho cultivado em sistema plantio direto, no Estado de Alagoas. 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