Adubação de Cobertura na Cultura do Milho no Município de

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Adubação de Cobertura na Cultura do Milho no Município de Chapadão do Sul-MS
Flävio H. Kaneko1*, Aguinaldo J. F. Leal2, Jefferson L. Anselmo1, Flávio H. Franzote3,
Douglas C. Gitti4, Elenice Negrão3, Paulo A. Pires3
1
Caixa
postal
39,
CEP:79560-000,
[email protected].
Chapadão
do
sul-MS.
Palavras-chave: Adubação de cobertura, nitrogênio, Cerrado.
Introdução
O milho é uma das culturas mais exigentes em fertilizantes, especialmente os
nitrogenados. O suprimento inadequado de nitrogênio é considerado um dos principais fatores
limitantes ao rendimento de grãos do milho, pois o mesmo exerce importantes função nos
processos bioquímicos da planta. Ele é constituinte de proteínas, enzimas, coenzimas, ácidos
nucláicos, fitocromos e clorofila. Além disso, afeta as taxas de iniciação e expansão foliar, o
tamanho final e a intensidade de senescência das folhas (Schroder et al. 2000). A maior parte
do N na folha está associada ao cloroplanto (ao redor de 60% do N, da folha), e essas
proteínas estão sujeitas a desdobramento e remobilização dos aminoácidos resultantes (Below
2002).
Sob condições naturais, o N apresenta-se em quantidades deficientes na quase
totalidade dos solos brasileiros, estando predominantemente ligado aos compostos orgânicos
(98% do total) de plantas, animais e microrganismos, sendo necessário, para sua liberação e
absorção pelas plantas, que haja a mineralização. Esse processo compreende as fases de
proteólise e amonificação. Por proteínas entende-se a liberação do N orgânico contido em
proteínas e, em última análise, de aminoácidos do solo. é efetuada por organismos
heterotróficos que requerem carbono como fonte de energia (Fornasieri 2007).
O nitrogênio é o único, entre os nutrientes minerais, que pode ser absorvido pelas
plantas em duas formas distintas, tanto na de ânion NO-3, como na de cátion MH+3, sendo
incorporado em aminoácidos na própria raiz ou parte aérea da planta (Bredemeier &
Mundstock 2000). Sabe-se que o milho utiliza, preferencialmente, nos primeiros estádios de
desenvolvimento o íons amônio (NH+4) e o íon nitrato (NO-3) nos estádios finais (Warncke
& Barber 1973).
No caso de excessivo fornecimento de nitrogênio, a planta aumenta a síntese de
proteínas e a formação de novos tecidos, usando a maior parte dos carboidratos da elaboração
de proteínas e aminoácidos. Em conseqüência, os tecidos apresentam uma coloração verdeescura a consistência mais tenra, aumentando o perigo de acamamento e a Suscetibilidade às
inclemências do tempo (calor, frio, seca, vento) e doenças foliares (Fornasieri 2007).
Muzilli (2006) pondera que as receitas genéricas ou pré-concebidas de adubação
podem comprometer a própria seqüência ou sustentabilidade do SPD, podendo provocar
riscos de desequilíbrios de nutrientes no solo e, conseqüentemente induzindo a uma maior
vulnerabilidade ao ataque de pragas e/ou doenças, bem como o desperdício de nutrientes
aplicados, além é claro do aumento desnecessário dos custos de produção. Assim, a visão
sistêmica da propriedade como um todo, e a racionalidade na aplicação de determinados
insumos, pode conduzir uma determinada exploração agrícola ao sucesso ou ao fracasso.
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Em geral, a quantidade de nitrogênio que deverá ser aplicada no milho dependerá do
teor de matéria orgânica do solo, do potencial de rendimento do material genético utilizado e
esperado, do sistema de manejo de solo, da seqüência de cultura (histórico de área),
quantidade e qualidade dos resíduos culturais do solo, disponibilidade de água e velocidade de
decomposição da matéria orgânica (condições edafoclimáticas) (Calegari 2008).
Material e Métodos
O experimento foi desenvolvido na área experimental da Fundação de Apoio à
Pesquisa Agropecuária de Chapadão - Fundação Chapadão, na cidade de Chapadão do Sul –
MS, localizada nas coordenadas 18º 46' S e 52º 38' W, com altitude aproximada de 810
metros no ano agrícola 2009/10. O solo da área experimental é classificado como um
Latossolo Vermelho Distrófico argiloso A moderado (Embrapa, 2006). A precipitação média
anual é de 1.370 mm, a temperatura média anual é de 23,5ºC e a umidade relativa do ar entre
70 e 80% (média anual).
Antes da instalação do experimento foi coletada amostra composta, originada de 20
amostras simples, do solo da área experimental, na camada de 0 a 0,20 m. Os resultados da
análise da fertilidade do solo, segundo método descrito em Raij e Quaggio (1983) estão
apresentados na Tabela 1. Os tratamentos foram instalados em área em sistema semeadura
direta sobre palha de soja (verão) e girassol (inverno).
Tabela 1. Resultados da analise química do solo na camada de 0-0,20 m, Chapadão do Sul
(MS), 2009/10.
P resina
M.O.
pH
K
Mg
H+Al
Al
CTC
V
Ca
mg dm-3
g dm-3
CaCl2
-------------------------mmolc dm-3------------(%)
23
55
5,2
2,1
49
24
48
1
121
60
Os valores diários da precipitação pluvial foram registrados durante os períodos de
avaliação no ano agrícola de 2009/10 (Figura 1).
Figura 1. Variação diária da precipitação pluvial durante o período de cultivo do milho em
Chapadão do Sul (MS), 2009/10.
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O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados com cinco
repetições e 5 tratamento assim constituídos: doses de 0, 20, 40, 80 e 160 kg ha de N,
utilizando como fonte a uréia.
As parcelas foram constituídas por uma área de 7 linhas (espaçamento de 0,45 m) de
milho com 10 m de comprimento, considerando-se como bordadura as linhas laterais da
parcela e mais 1 m em ambas as extremidades de cada linha. Entre as parcelas foi mantido um
espaço livre de 1 m.
Foi realizado o tratamento das sementes de milho com os inseticidas Imidacloprido e
tiodicarbe (52,5 g e 157,5 g do i.a. ha-1, respectivamente) visando o controle de cupins e
lagartas na fase inicial do desenvolvimento.
A semeadura foi realizada no dia 07 de outubro de 2009 utilizando o híbrido 2 B 707 ,
sendo a emergência das plântulas 7 dias após a semeadura.
A adubação química básica nos sulcos de semeadura do milho constou de 170 kg ha-1
da formulação 11-52-00. A adubação nitrogenada em cobertura foi realizada em uma
aplicação quando as plantas apresentavam 4 folhas totalmente expandidas conformes os
tratamentos propostos.
O manejo fitossanitário para o controle de plantas daninhas consistiu da aplicação do
herbicida Primestra Gold 5,0 L.ha-1 aplicado em pré-emergência. No controle de doenças foi
aplicado Priori Xtra 300 mL + Nimbus 600 mL.ha-1. Foi realizado aplicação de inseticidas
conforme necessidade.
Para a cultura do milho foram realizadas as seguintes avaliações.
Altura de plantas: medida em metros, do nível do solo até a inserção do limbo da
folha bandeira, utilizando-se cinco plantas da área útil da parcela.
Altura de inserção de espigas: medida em metros, do nível do solo até a inserção da
espiga superior, utilizando-se cinco plantas da área útil da parcela.
Produção de grãos (kg ha-1): As espigas das plantas de 4 linhas de 8m de
comprimento, da área útil de cada parcela, foram colhidas e submetidas à trilha mecânica, os
grãos obtidos foram pesados e os dados transformados em kg ha-1 (13% base úmida).
Resultados e Discussão
Os resultados obtidos na avaliação das doses de nitrogênio aplicadas em cobertura do
milho estão apresentados na Tabela 1. Houve diferença significativa para os parâmetros altura
de plantas, altura de inserção da primeira espiga e produtividade. Quanto a população final de
plantas não houve diferença significativa.
O incremento na dose de N aplicada proporcionou aumento na altura da planta e da
espiga, onde os dados se ajustaram a funções lineares positivas (Y = 231,9590 + 0,0595x e Y
= 96,2365 + 0,0437x, respectivamente), sendo as maiores alturas de plantas (242,32 cm) e
espiga (103,66 cm) obtidas com a maior doses de N. Resultado semelhante foi obtido por
Ruete et al. (2008) com funções lineares positivas para altura de plantas (y = 2,0024 +
0,0504x) e espiga (y = 1,0692 + 0,0314x) avaliando as doses de 0, 55, 95 e 175 kg ha-1 de N.
No entanto Cabral et al. (2005) obtiveram resultados que se ajustaram a funções quadráticas
para o aumento das doses de N, com pontos máximos da alturas de plantas e das espigas com
doses de 171 e 158 kg ha-1 de N, respectivamente. Isso ocorre em razão de uma planta bem
nutrida em N ter melhor desenvolvimento de área foliar e de sistema radicular, uma vez que o
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nutriente influencia diretamente a divisão e expansão celular e o processo fotossintético,
podendo causar aumento da altura da planta e, conseqüentemente, favorecer a maior altura da
espiga (Büll 1993; Varvel et al. 1997).
Tabela 1. Valores médios de altura de planta, inserção de espiga e produtividade em função da
adubação potássica para o milho cultivado em Chapadão do Sul-MS, safra 2009/10.
Doses de nitrogênio (kg ha-1 ) Altura de plantas (cm) Altura de espiga (cm) População final
58889
0
233,98(1)
96,66(2)
58333
20
229,34
92,00
58889
40
237,68
105,66
56111
80
234,34
96,32
60000
160
242,32
103,66
ns
F
p<0,05
p<0,10
9,37
CV (%)
2,74
9,32
(1)
* ns.: Não significativo a 5 % e probabilidade pelo teste F. Y = 231,9590 + 0,0595x (R2 =
61,10%), (2) Y = 96,2365 + 0,0437x (R2 = 23,97%), (3) Y = 169,5465 + 0,1588x (R2=
88,93%).
Figura 1. Efeito da adubação potássica sobre a produtividade de milho em Chapadão do Sul
(MS), safra 2009/10.
O aumento na produtividade proporcionado pela aplicação do N (Figura 1) se deu em
virtude de este nutriente ter favorecido o crescimento da planta e, provavelmente, devido ao
incremento da área foliar, condicionando a maior síntese de fotoassimilados – isso pelo fato
de este nutriente ser constituinte da molécula de clorofila, atuando nos processos de divisão e
expansão celular (Büll 1993; Varvel et al. 1997). O N também favorece o crescimento do
sistema radicular, propiciando à planta condições para maior absorção de água e nutrientes
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Produt
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(Jenkinson et al. 1985). Observa-se também que houve interdependência entre altura da planta
e altura da inserção da espiga semelhante ao verificado por Duete et al. (2008) em função de
doses e parcelamento do N.
Conclusões
A aplicação de 160 kg ha-1 de N em cobertura quando as plantas de milho apresentam
4 folhas totalmente desenvolvidas proporciona a maior altura de plantas, inserção de espiga e
produtividade de grãos para as condições de clima na região de Chapadão do Sul (MS).
Literatura citada
BREDEMEIER, C.; MUNDSTOCK, C.M. Regulação da absorção e assimilação do
nitrogênio nas plantas. Ciência Rural, Santa Maria, v. 30, n. 2, p. 365-372, 2000.
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BÜLL, L.T. Nutrição mineral do milho. In: BÜLL, L.T. & CANTARELLA, H., eds. Cultura
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SHRODER, J.J. et al. Does the crop or the soil indicate how to save nitrogen in maize
prodution? Reviewing the stage of art. Field Crops Research, Amsterdan, v. 66, n. 1, p. 151164, 2000.
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