1385 Comprimento, Diâmetro e Matéria Seca da Espiga em Milho

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Comprimento, Diâmetro e Matéria Seca da Espiga em Milho sob Influência de Vários
Níveis de Nitrogênio
Maria M. S. Lopes, 2Gustavo A. R. Alves, 2Cândido F. Oliveira Neto, 2Nazila N. S.
Oliveira, 2Jackeline A. M, 1Davi G. C. Santos, 1Ricardo S. Okumura e 1, 2Allan K. S.
Lobato, 2Wilson J. M. e S. Maia.
2
1
Departamento de Agronomia, Universidade Estadual de Maringá, Maringá, Brasil.
Laboratório de Fisiologia Vegetal Avançada, Universidade Federal Rural da Amazônia,
Belém, Brasil ([email protected]).
Palavras-chave: Zea mays, matéria seca, nitrogênio.
2
INTRODUÇÃO
O nitrogênio possui papel fundamental no metabolismo vegetal, por participar,
diretamente na biossíntese de proteínas e clorofilas (ANDRADE et al., 2003), sendo importante
no estádio inicial de desenvolvimento da planta (BASSO e CERETTA, 2000), pois nesse período
ocorrem as diferenciações das várias partes da planta, tais como tamanho das espigas e matéria
seca da planta (RITCHIE et al, 2003).
Dentro de limites adequados de suplemento do nutriente N, o aumento de N aumenta o
crescimento e o vigor da planta, melhorando a interceptação solar, a fotossíntese e,
conseqüentemente, o rendimento de grãos (BELOW, 2002). Isso ocorre devido a formação de
grãos na cultura do milho estar estreitamente relacionada com a translocação de açúcares
(CRAWFORD et al., 1982) e de N (KARLEN et al., 1988) de orgãos vegetativos, sobretudo das
folhas para as espigas e em seguida para os grãos.
O rendimento de grãos está diretamente relacionado com a área foliar fotossinteticamente
ativa da planta. Folhas bem nutridas em N têm maior capacidade de assimilar CO2 e sintetizar
carboidratos durante a fotossíntese, resultando em maior acúmulo de massa seca tanto de folhas
como de espigas, o que reflete em rendimento de grãos.
Lourente et al. (2007) observaram efeito significativo da dose de N em cobertura para as
variáveis comprimento e diâmetro de espiga, constatando que o máximo diâmetro e comprimento
foram de 46,54 mm e 18,12 cm, respectivamente na dose de 200 kg ha-1 de N.
Dessa forma, o presente trabalho tem por objetivo avaliar, em condições de campo, o
efeito da aplicação em cobertura de doses crescentes de uréia no desenvolvimento da espiga de
milho, sob sistema plantio direto (SPD).
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido à campo em lavoura comercial, na safra de milho de
2007/2008, no município de Mauá da Serra - Pr. O clima é do tipo subtropical Cfb (segundo
classificação de Köeppen), as coordenadas geográficas são 23°58' S e 51°19' W e a altitude
média é de 847m, e o solo é classificado como Latossolo Vermelho distroférrico (EMBRAPA,
1999), cultivado por 30 anos sob SPD, cujas características químicas, na instalação do
experimento, na camada de 0-20cm são apresentados na Tabela 1.
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Tabela 1. Resultado da análise química de solo da área experimental, camada 0-20cm, antes da
implantação do experimento, no município de Mauá da Serra – PR, 2007, realizada no laboratório
de solos da Universidade Estadual de Londrina.
pH**
Ca+2
Mg+2
K+
-3
Al+3
CTC
-------------------------- cmolc dm --------------------
4,6
3,3
1,3
0,4
0,5
11,9
MOS***
g kg-1
40,7
V
P****
%
mg dm-3
41,4
30,5
* Bloco
** CaCl2
***Matéria orgânica do solo
**** extrator Mehlich
Os dados de precipitação pluviométrica, ocorridos durante a condução do experimento
encontram-se na Figura 1.
Figura 1. Precipitação pluviométrica durante o desenvolvimento da cultura do milho no
município de Mauá da Serra/PR.
As parcelas constituíram-se de 6 linhas de 0,70m de espaçamento e 8,0m de
comprimento, considerando como área útil as 4 linhas centrais, desprezando 1,5m em cada
extremidade. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados com 6
tratamentos sendo eles constituídos pelas 6 doses de N em cobertura (0, 40, 80, 120, 160 e 200kg
ha-1 de N) e 5 repetições.
O milho híbrido simples da Pioneer 30F53 foi semeado em 03/10/2007, no espaçamento
de 0,70m entre linhas e 70.000 plantas ha-1. A adubação de sulco foi com 40, 90 e 60kg ha-1 de N,
P2O5 e K2O, respectivamente. A emergência das plântulas ocorreu 7 dias após a semeadura, e o
controle de plantas daninhas e insetos foram realizados conforme recomendação para a cultura.
A aplicação em cobertura com uréia foi realizada manualmente 25 dias após emergência
(DAE), no estádio fenológico V4 (4 folhas desdobradas) da escala de Ritchie et al. (2003).
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O comprimento, diâmetro da espiga e matéria seca da espiga foi determinada 128DAE,
mediante uso de 10 espigas.
Os dados obtidos foram submetidos análise de regressão e as curvas ajustadas ao modelo
quadrático ou linear baseado nas respostas observadas para cada variável. Adicionalmente, foi
gerada a equação e o coeficiente de regressão (R2). Para a análise de correlação foi utilizado o
método paramétrico de Pearson, sendo apresentado o coeficiente de correlação (r). Neste estudo
foi usado para as análises estatísticas o software Genes.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O comprimento da espiga apresentou ajuste quadrática em relação a análise de regressão,
entretanto, não houve diferença significativa entre os níveis de nitrogênio estudado. Nos
tratamentos de 0, 40, 80, 120, 160 e 200 kg ha-1 de nitrogênio foram obtidos os comprimentos de
16,0, 16,6, 16,5, 17,1, 17,2 e 16,9 cm, respectivamente.
O diâmetro da espiga nas doses de 0, 40, 80, 120, 160 e 200 kg ha-1 de nitrogênio
apresentou os valores de 27,1, 26,4, 27,5, 28,0, 27,8 e 28,0 mm, respectivamente. Para o diâmetro
de espiga não foi observado diferença significativa entre as doses utilizadas, com a regressão se
ajustando linearmente e proporcionando coeficiente de 0,61.
Os resultados ligados a matéria seca da espiga apresentaram diferença significativa, no
qual o coeficiente de regressão foi de 0,61 e o modelo foi linear. Nas doses de 0, 40, 80, 120, 160
e 200 kg ha-1 de nitrogênio foram obtidos os valores de 39,1, 39,8, 40,6 40,7, 43,4 e 42,1 g,
respectivamente.
Resultados oposto ao constatado nesse estudo foram relatado por Cruz et al. (2008) e
Fernandes et al. (2005) que verificaram não haver efeito das doses de N em relação ao
comprimento da espiga.
Ferreira et al. (2001) pesquisando o efeito de doses de N (0, 70, 140 e 210 kg ha-1 de N)
em cobertura nas características agronômicas do milho, encontraram que o peso da matéria seca
da espiga foram positivamente influenciados pelo incremento nas doses de N, originando uma
equação de regressão quadrática. Uma planta bem nutrida em N apresenta maior crescimento da
área foliar e do sistema radicular, pois este nutriente influencia a divisão, a expansão celular e a
fotossíntese (BÜLL, 1993; VARVEL et al. 1997) e, com conseqüente desenvolvimento da parte
aérea, incluindo a palha da espiga.
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Comprimento da espiga (cm)
22
y = 16,04 + 0,128x – 0,000038x2 R2 = 0,83
20
18
16
14
12
36
10
Diâmetro da espiga (mm)
34
y = 26,83 + 0,0067x R2 = 0,61
32
30
28
26
24
22
20
Matéria seca da espiga (g)
51
18
y = 39,09 + 0,0196x R2 = 0,81
48
45
42
39
36
33
30
0
40
80
120
Nível de nitrogênio (kg
160
200
ha-1)
Figura 2. Comprimento da espiga, diâmetro da espiga e matéria seca da espiga em plantas de
milho submetidas a diferentes níveis de nitrogênio em cobertura.
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CONCLUSÃO
Os resultados obtidos neste estudo revelam que ocorreu aumento no diâmetro da espiga e
a matéria seca a espiga a medida que aumentou o nível de nitrogênio, entretanto, o comprimento
da espiga sofreu um aumento e depois uma manutenção.
LITERATURA CITADA
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