FACULDADE ASSIS GURGACZ INFLUÊNCIA DOS EXCIPIENTES NO PERFIL DE DISSOLUÇÃO DE CÁPSULAS MANIPULADAS DE NIMESULIDA 100 mg Cascavel 2013 GEOVANA SANTOS INFLUÊNCIA DOS EXCIPIENTES NO PERFIL DE DISSOLUÇÃO DE CÁPSULAS MANIPULADAS DE NIMESULIDA 100 mg Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Assis Gurgacz, FAG, Curso de Farmácia. Professor Orientador: Giovane Douglas Zanin. CASCAVEL 2013 FACULDADE ASSIS GURGACZ GEOVANA SANTOS INFLUÊNCIA DOS EXCIPIENTES NO PERFIL DE DISSOLUÇÃO DE CÁPSULAS MANIPULADAS DE NIMESULIDA 100 mg Trabalho apresentado no Curso de Farmácia da Faculdade Assis Gurgacz, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Farmácia, sob a orientação do Professor Esp. Giovane Douglas Zanin. BANCA EXAMINADORA ___________________________________ Prof. Esp. Giovane Douglas Zanin __________________________________ Emerson Machado FAG __________________________________ Yara Jamal FAG Cascavel, 08 de novembro de 2013. DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos meus pais, que investiram em minha formação e de muitas formas me apoiaram, confiaram e deram forças para que eu pudesse chegar até aqui. E dedico também a todas as pessoas que eu amo presentes em minha vida. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, por me iluminar e permitir viver para que eu pudesse finalizar mais uma etapa. Aos meus pais, pois sem eles nada disso seria possível. Agradeço principalmente pela confiança depositada em todos os anos de estudo e constante incentivo. Agradeço imensamente e infinitamente ao meu namorado, que esteve comigo desde o começo dessa caminhada e por todos os dias ouviu meus medos e angústias. Obrigada pela compreensão, apoio e pelo carinho. Te amo. Ao meu professor orientador Giovane Zanin, pela colaboração com o estudo, pela credibilidade, atenção, compreensão e pela paciência. Agradeço por todos os seus ensinamentos, desde o começo do curso, os quais contribuíram muito na elaboração desse trabalho e com certeza contribuirão muito na minha vida profissional. A todos os meus professores da faculdade, pela sabedoria transmitida. Em especial àqueles que fizeram de suas aulas muito mais do que uma obrigação, e repassaram seus conhecimentos com amor, construindo uma amizade que para sempre será lembrada. Á nossa querida coordenadora Patrícia, que não está medindo esforços para melhorar o curso a cada dia. As minhas amigas, Ana Cristina e Rafaela, meus presentes da faculdade. Agradeço pelo riso de cada dia, que muitas vezes foram o suficiente para melhorar um momento ruim. Obrigada por estarem comigo sempre, nas vitórias e derrotas. Obrigada pela confiança que pude ter em vocês. E principalmente obrigada por existirem. Com certeza durante esses quatro anos fomos melhores juntas. Aos meus amigos, Vinícius e Jorge, pelo companheirismo na minha rotina diária, tornando-a mais divertida. Obrigada Vini por estar sempre presente, desde o começo da faculdade, pelas conversas, risadas e cumplicidade, e Jorge, obrigada por ser nosso “King”. Aos meus colegas, mais próximos e também os mais distantes, por ser a minha turma. Turma que jamais será esquecida e jamais poderá ser substituída. Não seria a mesma sem vocês. Agradeço aos demais amigos e pessoas que de alguma forma participaram, mesmo que indiretamente, de toda a minha caminhada até a conclusão do curso. E por fim, às técnicas de laboratório, em especial Raquel e à Thais, que estiveram presentes na realização das minhas análises e me auxiliaram de todas as maneiras que puderam. “If you never try, you’ll never know.” Coldplay SUMÁRIO REVISÃO DA LITERATURA................................................................................................09 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................31 ARTIGO....................................................................................................................................37 NORMAS DA REVISTA CIENTÍFICA..................................................................................57 9 REVISÃO DA LITERATURA INFLAMAÇÃO A inflamação ou flogose (do latim inflamare e do grego phlogos, que significam pegar fogo) apresenta-se como uma reação nos tecidos a um agente agressor, a qual se caracteriza morfologicamente pela saída de líquidos e de células do sangue para o interstício. A resposta inflamatória representa um dos componentes mais importantes da execução das respostas imunes, fazendo parte dos mecanismos defensivos contra inúmeras agressões (FILHO, 2009). Sendo fundamentalmente um mecanismo de defesa, a inflamação possui como objetivo final a eliminação da causa inicial da lesão celular (por exemplo, microorganismos e toxinas) e das conseqüências de tal lesão (por exemplo, células e tecidos necróticos). Sem a inflamação, as infecções se desenvolveriam descontroladamente, as feridas jamais se cicatrizariam e o processo destrutivo nos órgãos atacados seria permanente (ROBBINS; COTRAN, 2005). As respostas de defesa são geralmente benéficas ao organismo e agem para limitar a sobrevivência e a proliferação dos patógenos invasores, promoverem a sobrevivência do tecido, reparo e recuperação, e conservar a energia do organismo (LIMA et al., 2007). As características clínicas da inflamação são descritas há muito tempo pelos papiros egípcios, porém, Celso, um escritor romano do século I d.C., foi o primeiro a listar os quatro sinais cardinais definidos pelos sintomas: rubor, tumor, calor e dor, os quais são tipicamente mais proeminentes na inflamação aguda do que na crônica. O rubor e o calor são explicados pela hiperemia ativa, em que há maior afluxo de sangue arterial, o tumor, pelo exsudato infiltrando os tecidos e a dor, pela compressão das terminações nervosas pelo exsudato e por sua lesão causada pelas toxinas bacterianas (ROBBINS; COTRAN, 2005; FARIA, 2003). A inflamação tem sido historicamente denominada aguda ou crônica, dependendo da persistência da lesão, sintomas clínicos e natureza da resposta inflamatória. As características mais importantes da inflamação aguda incluem o acúmulo de líquidos e componentes do plasma no tecido afetado, a estimulação intravascular das plaquetas e a presença de leucócitos polimorfonucleares. Em contrapartida, os componentes celulares característicos da inflamação crônica são os linfócitos, plasmócitos e macrófagos (ROBBINS; COTRAN, 2005). As inflamações agudas possuem inicio rápido, com sinais cardeais evidentes, duração curta (um a dois dias) e presença de exsudato. É uma resposta rápida a um agente nocivo 10 encarregada de levar mediadores de defesa do hospedeiro – leucócitos e proteínas plasmáticas – ao local da lesão, as quais podem ser desencadeadas por diversos estímulos, como infecções (bacterianas, virais, parasitárias) e toxinas microbianas; trauma; agentes físicos e químicos (lesão térmica), corpos estranhos (farpas, terra, suturas) ou pelas reações imunológicas, também chamadas de reações de hipersensibilidade. O resultado final pode ser a cura, com ou sem cicatrização, ou a evolução para inflamação crônica se o patógeno ou a substância nociva persistirem (RANG et al., 2003; ROBBINS; COTRAN, 2005; FARIA, 2003). A inflamação crônica possui sinais inflamatórios discretos e de longa duração, podendo se prolongar por meses ou até anos. Apesar de poder ser a continuação de uma inflamação aguda, a inflamação crônica, na maioria das vezes, começa de maneira insidiosa como uma reação pouco intensa, geralmente assintomática. Este tipo de inflamação é a causa de dano tecidual em algumas doenças, como a artrite reumatóide, arteriosclerose e tuberculose. As causas mais comuns desta inflamação são as infecções persistentes, as exposições prolongadas a agentes tóxicos, exógenos ou endógenos ou a auto-imunidade (ZAGO, 2011; FARIA, 2003). A resposta inflamatória inclui a participação de diferentes tipos celulares, tais como neutrófilos, macrófagos, mastócitos, linfócitos, plaquetas, células dendríticas, células endoteliais e fibroblastos, entre outras. Durante a infecção, a quimiotaxia é um importante evento para o recrutamento de células para o sítio de inflamação. As primeiras células a chegar ao tecido lesado são os neutrófilos e, posteriormente, os macrófagos teciduais (LIMA et al., 2007). A ativação da cascata inflamatória ocorre a partir da ação da fosfolipase A2, que leva à formação do ácido araquidônico. A partir deste ponto ocorre a ação da enzima Cicloxigenase2 (induzida na sua maioria pelo processo inflamatório), e sequente produção de prostaglandinas e citocinas pró-inflamatórias que desempenham importante papel no desenvolvimento e manutenção do processo inflamatório. Um medicamento antiinflamatório somente possui efeito terapêutico se ele for capaz de reduzir a atividade da COX-2 e da conseqüente produção de prostaglandinas inflamatórias (FLORY; LEBLANC, 2005). Durante o processo de inflamação, os macrófagos, neutrófilos e as células teciduais lesadas liberam uma variedade de substâncias oxidantes, produzindo em grande quantidade espécies reativas de oxigênio e nitrogênio, induzindo em abundância fatores transcricionais, que estimulam a produção de uma segunda onda de produtos gênicos que codificam enzimas com capacidade de eliminar radicais livres (catalase), com atividade de reparo tecidual 11 (colagenase), bem como a produção de citocinas, receptores de superfície celular, moléculas de adesão, fatores de crescimento e outros mediadores inflamatórios (DRAY, 1995). Além da formação destas espécies reativas de oxigênio, uma série de substâncias endógenas, denominados de mediadores, são produzidas no processo inflamatório, podendo incluir principalmente a bradicinina, serotonina, produtos da cascata do ácido araquidônico, histamina, adenosina, neuropeptídeos e citocinas (CARVALHO; LÊMONICA, 1998). Uma vez liberados, esses mediadores promovem uma alteração no mecanismo de transdução periférica do estímulo nociceptivo, aumentando a sensibilidade de transdução dos nociceptores de elevado limiar, com conseqüente redução no limiar de percepção do estímulo doloroso, exagerada resposta a estímulos nociceptivos supralimiares (hiperalgesia) e dor espontânea (alodínia) (BONICA, 1990; MEYER, 1994 apud CARVALHO; LÊMONICA, 1998). Mesmo que a resposta inflamatória tenha como objetivo remover o agente agressor e restaurar a função tecidual, em certas condições, esta lesão local pode causar efeitos debilitantes, muitas vezes resultantes da entrada de um patógeno na corrente sanguínea, resultando na ativação sistêmica dos sistemas de mediadores no plasma e nas celulas inflamatórias. Dentre essas manifestações sistêmicas incluem a febre, o choque, a leucocitose e a leucopenia (ROBBINS; COTRAN, 2005). Muitas doenças envolvem inflamação e esta pode ser a causa de dano tecidual em algumas doenças, como ocorre na esclerose múltipla, doença de Alzheimer, artrite reumatóide, lúpus eritematoso sistêmico, lesão do cérebro e medula espinal e acidente vascular encefálico (CORAY; MUCKE, 2002). O conhecimento da fisiopatologia da dor, com a identificação precisa dos mediadores inflamatórios liberados e seus mecanismos moleculares de hiperalgesia, é de fundamental importância no desenvolvimento das drogas analgésicas modernas de maior seletividade e de menor toxicidade (CARVALHO; LÊMONICA, 1998). Nessa situação, faz-se necessário o uso de fármacos com atividade antiinflamatória, os quais irão interferir em uma ou mais etapas da cascata de eventos, que caracterizam a resposta inflamatória, particularmente, aquelas que se relacionam com os mecanismos de adesão e migração dos leucócitos (COTRAN; KUMAR; ROBBINS, 1994). 12 ANTIINFLAMATÓRIOS NÃO-ESTEROIDAIS Os principais agentes antiinflamatórios são representados pelos glicocorticóides e pelos agentes antiinflamatórios não-esteroidais (AINE). Os agentes antiinflamatórios nãoesteroidais (AINE) estão entre os agentes terapêuticos mais amplamente utilizados no mundo inteiro. Os AINE abrangem uma variedade de agentes que pertencem a diferentes classes químicas, onde a maioria desses fármacos além de efeito antiinflamatório apresentam efeito analgésico e antipirético. Em geral, todos esses efeitos estão relacionados à ação primária dos fármacos, sendo a inibição da araquidonato ciclooxigenase e, portanto, inibição das prostaglandinas e tromboxanos (RANG et al., 2003). Segundo descrito por Rang (2007), os AINE’s têm três ações principais farmacologicamente desejáveis, fundamentadas na supressão da síntese de prestanóides em células inflamatórias através da inibição da isoforma ciclooxigenase COX-2 da COX do ácido araquidônico, sendo elas as seguintes: Ação antiinflamatória: a diminuição da prostaglandina e da prostaciclina reduz a vasodilatação e, indiretamente, o edema, porém, o acúmulo de células inflamatórias não é reduzido; Efeito analgésico: eficaz contra a dor leve ou moderada, diminuindo a produção de prostaglandinas significando menos sensibilização de terminações nervosas nociceptivas aos mediadores inflamatórios, como a bradicinina. Sua capacidade de aliviar a cefaléia pode estar relacionada a diminuição do efeito vasodilatador mediada pelas prostaglandinas e; Efeito antipirético: os AINE’s exercem sua ação antipirética inibindo a produção de prostaglandinas no hipotálamo, onde as mesmas elevam o ponto de ajuste para o controle da temperatura. A ciclooxigenase é a enzima chave para síntese dos prostanóides e tromboxanos. Os prostanóides são mediadores celulares que modulam uma enorme variedade de processos fisiológicos e patológicos através de receptores de membrana localizados na superfície das células alvo. Estas sustâncias têm importante função homeostática na proteção da mucosa gástrica, fisiologia renal, gestação e agregação plaquetária, além de terem sua produção induzida em condições como inflamação e câncer (FITGERALD, 2002 apud MOREIRA, 2009; FITZPATRICK; SOBERMAN, 2001). 13 Sendo assim, Bombardier et al. (2000), cita que através da inibição da COX, os AINE’s produzem os efeitos terapêuticos, mas também, numa maior ou menor extensão, alguns efeitos adversos como ulcerações, sangramentos, perfurações e obstruções gastrintestinais. A enzima ciclooxigenase apresenta duas isoformas intituladas como COX-1 e COX-2. A partir de descobertas que rotulavam a COX-1 como agente citoprotetora gástrica e mantenedora da homeostase renal e plaquetária e a COX-2 indutiva, que surgia apenas em situação de trauma tissular e inflamações, surgiu a idéia de que inibidores específicos da COX-2 impediriam o processo inflamatório sem os efeitos colaterais indesejáveis, advindos do bloqueio inespecífico da COX (KUMMER; COELHO, 2002). Os AINE’s ligam-se fortemente a proteínas plasmáticas após a absorção, permanecendo no plasma e fluidos extracelulares, especialmente por se mostrarem ionizados em sua maior parte. Como em sua maioria são ácidos fracos, apresentam alta afinidade pelo foco inflamatório devido ao baixo pH nesses pontos favorecendo a altas concentrações dessas drogas. Devido a essa acidez, são mais facilmente excretados em urina básica (herbívoros) sendo uma característica importante nos casos de intoxicações por essas drogas quando a administração de substâncias alcalinas, como o Bicarbonato de Sódio, favorece a excreção. O que irá diferenciar os AINE’s no que se refere à potência de inibição da inflamação, dor e febre são suas características inibitórias sobre determinadas enzimas, a sua biodisponibilidade, biotransformação e eliminação do organismo nas diferentes espécies animais (STEGALL, 2005 apud MURO et al., 2008). Os primeiros AINE’s desenvolvidos, como a indometacina, o naproxeno e o ibuprofeno, eram inibidores não seletivos das isoformas de COX e, apesar de terem eficácia comprovada quanto ao efeito antiinflamatório evidenciado, têm uso contínuo limitado devido a efeitos adversos gastrintestinais como displasia e dor abdominal, além de perfuração ou sangramento gastroduodenal em menor proporção. Esses efeitos adversos apresentados são oriundos da inibição isoforma COX-1. Desse modo, a descoberta da segunda isoforma permitiu o desenvolvimento de uma subclasse de AINE’s, sendo os inibidores seletivos para COX-2 que apresentam o efeito terapêutico com a mesma eficácia, sem provocar os efeitos adversos indesejáveis. Entre esses novos AINE’s pode-se incluir o celecoxibe, lumiracoxibe e etoricoxibe, indicados principalmente no tratamento da osteoartrite, artrite reumatóide, dor aguda e alívio dos sintomas de dismenorréia primária. Apesar de amplamente comercializados no mundo, os AINE’s COX-2 seletivos são de difícil obtenção por estarem sob proteção patentária (BOMBARDIER et al., 2000; SILVERSTEIN et al., 2000) 14 Segundo Mello (2004), a terapia com antiinflamatórios, na tentativa de diminuir a atividade da COX-2 bloqueando o processo inflamatório, pode acabar por bloquear a atividade da COX-1, o que é indesejável, possibilitando a ocorrência de efeitos colaterais. Este risco é maior à medida que os antiinflamatórios utilizados possuam menor seletividade, atuando em ambas isoformas (COX-1 e COX-2) ao mesmo tempo (MURO et al., 2008). Atualmente, a inibição específica seletiva da Cox-2 é um dos objetivos da terapêutica para que se obtenha boa tolerabilidade gastrointestinal (SILVA; MARCZYK, 2001). NIMESULIDA De acordo com o sistema de classificação biofarmacêutica proposto por Amidon et al. (1995), a nimesulida (Figura 1) pertence à categoria II, apresentando baixa solubilidade e alta permeabilidade, ou seja, a dissolução pode vir a ser o passo limitante da absorção oral do fármaco. Nestes casos, o teste de dissolução in vitro assume papel fundamental no controle de qualidade de formulações sólidas, de modo a assegurar a biodisponibilidade e promover a homogeneidade inter-lotes (SILVA; VOLPATO, 2002; MUNIZ; JUNIOR; GARCIA, 2012). Figura 1: Estrutura Química da Nimesulida A nimesulida é quimicamente descrita como N-(4-nitro-2-fenoxifenil)-sulfonamida de metano. É um antiinflamatório não-esteroidal (AINE) que tem afinidade específica para inibir a enzima ciclooxigenase-2. Apresenta-se como um ácido fraco praticamente insolúvel em água, facilmente solúvel em etanol e metanol, muito solúvel em acetona, clorofórmio, acetonitrila e dimetilformamida, solúvel em soluções de hidróxidos alcalinos e insolúvel em soluções ácidas (FARMACOPÉIA BRASILEIRA V, 2010; RABASSEDA, 1992 apud DASHORA et al., 2007). 15 Este fármaco possui propriedades analgésicas e antitérmicas, porém se diferenciando da maioria dos AINE’s que possuem um grupo ácido carboxílico, o caráter ácido fraco da nimesulida é atribuído à presença do grupo metanossulfonamida (PEREIRA et al., 2011). O mecanismo de ação da nimesulida baseia-se na inibição da COX-2, decorrente da interação do grupamento sulfonamida presente na molécula do fármaco com um resíduo de arginina em uma cavidade hidrofílica da enzima. O fármaco é amplamente comercializado nas formas farmacêuticas orais, como comprimidos, comprimidos dispersíveis, gotas, granulados e suspensões, pois estas reduzem a incidência de efeitos indesejáveis associados à inibição da COX tipo 1 fisiológica (LAGES; ROMEIRO, 1998). Estudos realizados com a nimesulida avaliaram sua concentração no plasma e segundo Larini (2007), a nimesulida é bem absorvida quando administrada por via oral. Após uma única dose de 100 mg, é obtido o pico de concentração máxima no plasma de 3 a 4 mg/L em cerca de duas horas. Atualmente, a nimesulida é comercializada em cerca de 50 países em todo o mundo, sob diferentes nomes de marca, estando disponível em comprimidos de 100 mg, grânulos em saquetas de 100 mg e supositórios de 200 mg. Está ainda disponível em alguns países na forma de gotas orais e suspensão oral na concentração de 50 mg/ml (LARINI, 2007 apud TEIXEIRA, 2009) O alto índice terapêutico da nimesulida foi relatado em estudos recentes e despertou o interesse em se avaliar este fármaco principalmente na osteoartrite, nas quais o tratamento sintomático da dor é uma das abordagens mais importantes (QUATTRINI; PALADIN, 1995). A nimesulida possui inúmeros estudos clínicos objetivando a área reumatológica, junto a um grande número de pacientes avaliados frente a outros compostos, porém, até o momento, não foram realizados estudos comparativos entre a nimesulida e os mais recentes coxibs, AINE’s aceitos como inibidores específicos de COX-2 (SILVA; MARCZYK, 2001). Suas princiais indicações aprovadas são para o tratamento da dor aguda, o tratamento sintomático da osteoartrose e dismenorréia primária em adolescentes e adultos acima de 12 anos. Também é indicada no tratamento de estados febris, processos inflamatórios relacionados com a liberação de prostaglandinas, musculoesqueléticos e doenças artríticas, e como analgésico em cefaléias, mialgias e no alívio da dor pós-operatória (FUCHS; WANNMACHER, 1998; RAINSFORD, 2005 apud Rocha et al., 2010). A nimesulida deve ser usada durante o menor período de tempo possível, de acordo com a situação clínica, permanecendo contra-indicada em crianças menores de 12 anos, no terceiro trimestre da gravidez, durante o aleitamento, em doentes com insuficiência hepática e 16 em doentes com história de reações de hepatotoxicidade à nimesulida (INFARMED, Circular informativa Nº 079/CA, 2004). Quanto à posologia para um adulto, a nimesulida deve ser ministrada de 12 em 12 horas por via oral na dose de 100 mg, após as duas principais refeições. Relativamente aos idosos e adolescentes (de 12 a 18 anos), de acordo com o perfil cinético em adultos e as características farmacodinâmicas da nimesulida, a posologia mantém-se, pois não há necessidade de reduzir a dose diária nestes doentes. Quanto às crianças com menos de 12 anos não devem tomar medicamentos contendo nimesulida, pois está contra-indicado devido ao risco da síndrome de Reye. Em doentes com insuficiência renal ligeira a moderada, com base na farmacocinética, não é necessário ajuste posológico (depuração da creatinina de 3080ml/min), ao passo que em casos de insuficiência renal grave o uso de nimesulida está contra-indicado (depuração da creatinina <30 ml/min). Em doentes que sofrem de insuficiência hepática, o uso está igualmente contra-indicado (RCM Nimed). Os excipientes normalmente encontrados nos produtos farmacêuticos orais que têm a nimesulida são: celulose em pó, lactose mono-hidratada, laurilsulfato de sódio, estearato de magnésio, croscarmelose sódica e povidona. A celulose em pó e lactose mono-hidratada são utilizadas como diluentes, enquanto o lauril sulfato de sódio e o estearato de magnésio são utilizados como lubrificantes. A Croscarmelose de sódio é usada como um agente desintegrante. Em comprimidos, a povidona é utilizada nos processos de ligantes de granulação úmida (ROCHA et al., 2010). FARMÁCIAS MAGISTRAIS A Organização Mundial de Saúde (OMS) propõe que, para o uso racional de medicamentos, é preciso, em primeiro lugar, estabelecer a necessidade do uso do medicamento; a seguir, que se receite o medicamento apropriado, a melhor escolha, de acordo com os pareceres de eficácia e segurança comprovados e aceitáveis. Além disso, é necessário que o medicamento seja prescrito adequadamente, na forma farmacêutica, doses e período de duração do tratamento; que esteja disponível de modo oportuno, a um preço acessível, e que responda sempre aos critérios de qualidade exigidos; que se dispense em condições adequadas, com a necessária orientação e responsabilidade, e, finalmente, que se cumpra o regime terapêutico já prescrito, da melhor maneira possível. Os medicamentos podem ser classificados em oficinais, especializados e magistrais. Os oficinais são aqueles cujas formulações são encontradas nas monografias de Farmacopéias ou 17 Formulários Nacionais. Os especializados ou especialidades são as prescrições farmacêuticas apresentadas ao mercado em embalagem própria, destinada a ser entregue ao consumidor com alguma designação ou marca privativa. Por fim, existem os medicamentos magistrais, preparados em farmácias de manipulação (PRISTA, 1995). A manipulação farmacêutica é uma atividade muito antiga que permite ao farmacêutico exercer seu papel diante da sociedade, auxiliando o paciente de forma individualizada, e não coletiva, uma vez que as fórmulas manipuladas são prescritas conforme a individualidade do paciente, de acordo com suas necessidades terapêuticas particulares (PIRES, 2008). As farmácias magistrais estão significamente representadas no mercado brasileiro de medicamentos. Este setor ressurgiu no Brasil no final da década de 1980, após seu desaparecimento quase completo devido ao aparecimento da indústria farmacêutica na década de 1950. No início eram poucos estabelecimentos voltados principalmente à dermatologia ou à homeopatia, com foco na individualização da prescrição. Com a entrada dos medicamentos genéricos no mercado, o segmento passou a manipular inúmeros medicamentos cujas apresentações são disponibilizadas pela indústria farmacêutica (SILVA et al., 2006). Com a implementação da lei de Patentes (BRASIL, 1997) e dos Genéricos (BRASIL, 1999), o mercado brasileiro apresenta uma indústria nacional forte e competitiva. Buscando um espaço neste mercado outra força se apresenta com características completamente distintas: o setor magistral, o qual produz uma parcela significativa dos medicamentos aqui consumidos. Analisar como cada competidor avalia a melhor estratégia para disputar este mercado e que oportunidades e ameaças se apresentam, se constitui num desafio para as farmácias magistrais brasileiras em função da enorme disparidade de forças existente entre os diversos concorrentes desta indústria (SILVA et al., 2006). Atualmente, mais de 55 milhões de brasileiros não tem acesso a medicamentos. Frente a isso, a farmácia magistral continua sendo uma forma barata e confiável do paciente adquirir seu medicamento, somado a uma série de informações por parte do farmacêutico que terá grande importância na terapia, principalmente através do aumento na adesão do paciente ao tratamento, parte esta inexistente quando da entrega de medicamentos é realizada por serviços de tele-entrega, que é feita numa grande parte das vezes por empresas contratadas ou prestadores de serviços sem qualquer treinamento (PIOTROWICZ, 2003; TOKARSKI, 2002). Segundo Allen (2006), a farmácia magistral exerce um papel extremamente importante na área de saúde ao proporcionar a individualização do tratamento permitindo ao médico ajustar as dosagens de acordo com as necessidades do paciente. 18 O que se observa ao longo dos anos no mercado magistral de medicamentos é um cenário de constantes mudanças. No início eram poucos estabelecimentos que estavam voltados principalmente para a dermatologia ou a homeopatia com foco na individualização da prescrição. As necessidades do mercado função, principalmente, das brechas deixadas pela indústria farmacêutica e a falta de uma legislação específica proporcionaram novas oportunidades para o setor que progressivamente passou a atender outras especialidades médicas. Até a metade da década de 90, o setor era claramente dividido entre manipulação alopática e homeopática (SILVA et al., 2006). Neste contexto, todos os fabricantes buscam assegurar aos consumidores a confiabilidade nos medicamentos que produzem o que reforça a preocupação com a questão da qualidade. Na produção de medicamentos, os conceitos de garantia e controle da qualidade e boas práticas de fabricação são aspectos inter-relacionados da gestão da qualidade, pois a legislação determina que o fabricante é o responsável pela qualidade dos medicamentos que produz (SILVA, 2008). Silva (2008) afirma que a legislação, apesar de exigir uma extensa documentação por parte dos estabelecimentos, aborda a questão da qualidade de forma superficial, deixando de focalizar pontos importantes como o estudo da estabilidade e capacidade dos processos, elementos fundamentais para a promoção de melhoria contínua. Um dos produtos mais solicitados para manipulação nas farmácias magistrais são as cápsulas. Desta forma, percebe se a importância de garantir a qualidade em todas as etapas do processo de manipulação para a obtenção de um produto final que não represente riscos à saúde dos pacientes (BENETTI, 2010). CÁPSULAS A Farmacopéia Européia (2001) define as cápsulas como formas farmacêuticas sólidas com invólucro duro ou mole, de diversos formatos e tamanhos, normalmente contendo uma dose unitária de fármaco. As farmácias magistrais as utilizam para preparar medicamentos na forma sólida. O processo de preparação consiste no enchimento dos invólucros gelatinosos com a mistura medicamentosa que se deseja encapsular através da utilização de equipamentos específicos operados manualmente. As cápsulas ou comprimidos são preferíveis quando estes medicamentos são utilizados via oral por adultos, pois são convenientemente transportados, identificáveis e deglutidos com facilidade (ALLEN; ANSEL; POPOVICH, 2007). 19 As cápsulas duras são o tipo mais usado pelos farmacêuticos. Os invólucros desta forma farmacêutica apresentam duas partes desmontáveis, o corpo e a tampa, com diferentes capacidades. Na manipulação, as duas partes são separadas, o corpo é preenchido com o pó e, então, a tampa é recolocada (THOMPSON, 2006). Os volumes variam de acordo com o fabricante (ALLEN; ANSEL & POPOVICH, 2007). Abaixo (tabela 1) encontram-se as capacidades variadas dos invólucros das cápsulas gelatinosas duras. Tabela 1. Capacidade dos invólucros de gelatina Número da cápsula Volume (mL) 000 1,40 00 0,95 0 0,68 1 0,50 2 0,37 3 0,30 4 0,21 5 0,13 (FONTE: Pinheiro, 2008) Seus invólucros são compostos de uma mistura de gelatina, açúcar e água e são transparentes, incolores e insípidos. A gelatina é um produto obtido pela hidrólise parcial de colágeno obtido da pele, do tecido conjuntivo branco e de ossos de animais, sendo comercializado na forma de pó fino, pó grosso, tiras, flocos ou folhas (ALLEN; ANSEL; POPOVICH, 2007). Ferreira (2002) cita que as operações unitárias que podem estar envolvidas no processo de manipulação das cápsulas rígidas em Farmácias Magistrais são a pesagem dos componentes da formulação, tamisação dos pós, mistura, enchimento das cápsulas, limpeza externa, acondicionamento e rotulagem. A operação de tamisação pode ser considerada como passos opcionais, dependendo de características específicas dos componentes das formulações ou de determinado processo ou produto (PETRY, 1998). Tornou-se como prática freqüente em hospitais e unidades de saúde abrir cápsulas para misturar nos alimentos ou bebidas, facilitando a deglutição, porém, deve ser observado junto ao farmacêutico, as características de liberação da forma farmacêutica, pois a velocidade de com que o fármaco é absorvido pode prejudicar o paciente (ALLEN; ANSEL; POPOVICH, 2007). Os medicamentos raramente são constituídos somente de substâncias farmacologicamente ativas. Freqüentemente são preparados em formulações que contém, além do fármaco, excipientes ou adjuvantes de formulação. Os excipientes podem exercer diversas funções como solubilizar, suspender, espessar, emulsionar e lubrificar, entre outras, possibilitando a obtenção de diversas preparações ou formas farmacêuticas (AULTON, 2005 apud SILVA et al., 2008). 20 Embora a preparação de cápsulas seja considerada como uma forma farmacêutica simples, o desenvolvimento destas pode apresentar grandes desafios ao farmacêutico. Na preparação de cápsulas, normalmente são empregados diluentes para completar o volume de acordo com sua capacidade de enchimento, lubrificantes para evitara aderência e facilitar o fluxo do pó na encapsuladora e agentes molhantes para facilitar o umedecimento da substância farmacêutica pelos líquidos gastrintestinais (JATO, 2001 apud SILVA et al., 2008). Portanto, o desenvolvimento de uma formulação eficiente na forma de cápsulas deve levar em consideração aspectos farmacotécnicos e biofarmacêuticos, contemplando assim a escolha criteriosa dos excipientes utilizados (FERREIRA, 2010). EXCIPIENTES Os excipientes, ou também chamados de ingredientes inativos, são substâncias destituídas de poder terapêutico, usadas para assegurar a estabilidade e as propriedades físico-químicas e organolépticas dos produtos farmacêuticos (OLIVEIRA et al., 1999). Estes são acrescidos a uma formulação com o intuito de fornecer determinadas propriedades funcionais como fluxo e estabilidade e controlar a velocidade de liberação. A variação qualitativa e quantitativa dos adjuvantes farmacotécnicos em uma formulação pode intervir no comportamento da forma farmacêutica (KALASZ & ANTAL, 2006; SHARGEL et al., 2005 apud MUNIZ et al., 2012). A maioria dos fármacos administrados em cápsulas requer excipientes para se ter uma homogeneidade no enchimento das mesmas, melhorar a administração, adequar à velocidade de liberação do fármaco, facilitar a produção, aumentar a estabilidade da formulação, identificação e por razões estéticas. Embora tradicionalmente os excipientes sejam vistos como substâncias inertes, atualmente sabe-se que estes podem interagir com o fármaco promovendo alterações químicas e físicas, havendo a necessidade de se realizarem estudos de pré-formulação (ALLEN, 2003). Para o desenvolvimento de uma formulação apropriada é necessário que se leve em consideração às características físicas, químicas, físico-químicas e biológicas de todas as substâncias ativas e matérias-primas usadas na fabricação do produto, bem como a anatomia e fisiologia do local de administração e absorção. O fármaco e os excipientes utilizados devem ser compatíveis entre si e com a via de administração desejada (LE HIR, 1997; GENNARO, 1998 apud STULZER & TAGLIARI, 2007). 21 Os excipientes farmacêuticos foram apontados por Napke (2004) como sendo os responsáveis por inúmeras reações adversas ligadas a medicamentos, um problema importante que segundo o autor não está sendo abordado de forma adequada no momento das avaliações de casos suspeitos de Reações Adversas a Medicamentos. Este fato, associado à ausência de estudos no País justificam a necessidade de se conhecer que excipientes estão presentes em formulações farmacêuticas disponíveis no mercado farmacêutico nacional (SILVA et al., 2008). Segundo Oliveira & Storpirts (1999) a maioria dos excipientes são utilizados em baixas concentrações, por isso as reações adversas acabam se tornando raras. Porém eles podem desencadear efeitos indesejáveis por intolerância - mecanismo não imunológico que leva às reações anafilactóides e idiossincrasias - ou alergia - mecanismo imunológico que pode resultar em hipersensibilidade imediata ou tardia. Na prática clínica comumente essas reações são atribuídas, de forma equivocada, ao princípio ativo do medicamento (BALBANI; STELZER; MONTOVANI, 2006). Citam-se os lubrificantes e deslizantes incorporados em baixas concentrações e na etapa final de fabricação, pois apresentam características hidrofóbicas que dificultam a dissolução do fármaco. Adicionalmente, alguns compostos, administrados em pequenas quantidades, podem ficar adsorvidos na superfície de algum diluente ou desintegrante, ocasionando a redução da biodisponibilidade destes fármacos. Por outro lado, incorporando-se adjuvantes como os desintegrantes, tensoativos e diluentes hidrofílicos, pode-se favorecer a velocidade de dissolução de fármacos pouco solúveis e hidrofóbicos, pois promove a penetrabilidade dos fluidos corpóreos no conteúdo da cápsula, favorecendo a dispersão e de imediato a dissolução dos mesmos (AULTON, 2005; OLIVEIRA & MANZO, 2009). O fármaco e os excipientes utilizados devem ser compatíveis entre si para gerar um produto estável, eficaz, atraente, fácil de administrar e seguro. Como alguns fármacos têm características especiais físico-químicas e de compatibilidade deve-se selecionar os excipientes que mais se adéquam a eles (ANSEL; POPOVICH; ALLEN, 2000). As práticas mais aceitáveis para aumentar a solubilidade de um fármaco pertencente à classe II, pouco solúvel em água, como a nimesulida, é a modificação do pH do meio e o uso de tensoativos sintéticos como o lauril sulfato de sódio ou Tween 80. Os tensoativos sintéticos podem simular o efeito de tensoativos endógenos como ácidos biliares, sais biliares e lecitina na proposição de um meio de dissolução mais simples e de menor custo (SHAH et al., 1989; ZOELES & KLEIN, 2007 apud RUELA et al., 2009). 22 Os fármacos, tornando-se molháveis pelos tensoativos, contactam mais facilmente com os sucos digestivos, o que facilita a sua dispersão, assim, os comprimidos, cápsulas e pós podem conter agentes que ocasionem diminuição na tensão superficial (PRISTA, 1995). Os excipientes utilizados na preparação de comprimidos e cápsulas dividem-se em classes distintas. Os diluentes são produtos inertes adicionados aos pós, quando as substâncias ativas são empregadas em muito pequenas quantidades, podendo ser solúveis, insolúveis e mistos. Neste caso, cita-se a lactose como um excelente diluente solúvel, muito recomendável na maioria dos casos. Como diluente insolúvel os amidos são os mais utilizados (amido de batata, de mandioca, de trigo, de arroz, de milho). Além dos amidos, também se utiliza a celulose microcristalina, que apresenta também um poder aglutinante e desagregante, o que a torna particularmente aconselhada para conferir um adequado grau de aglutinação ao produto, e por fim, os diluentes mistos, os quais são obtidos por mistura de diluentes solúveis com insolúveis (PRISTA, 1995). Os absorventes, por sua vez, são adicionados com a finalidade de absorver a água dos extratos ou de fixar certos compostos voláteis, como as essências. Em outros casos, servem para incorporar substâncias higroscópicas, evitando que a umidade atmosférica ou residual dos pós provoque a alteração dessas substâncias. Já os aglutinantes, são utilizados em compostos que não podem aglomerar-se, solidamente, qualquer que seja a pressão que sobre elas se exerça, trabalhando assim com uma menor compressão, reduzindo a força da máquina utilizada, no caso de comprimidos (PRISTA, 1995). Segundo Prista (1995), os desagregantes, como o glicolato sódico de amido, são adicionados em uma formulação para acelerar a dissolução dos comprimidos na água ou nos líquidos do organismo. Para que se verifique perfeita atividade terapêutica é necessários que os comprimidos e cápsulas se desagreguem mais ou menos rapidamente, consoante a ação desejada. Assim, os comprimidos ou as cápsulas devem apresentar um tempo de limite para que se realize sua total desagregação, tempo esse que pode variar em função das substâncias ativas ou com a velocidade de absorção que se pretende. Essa velocidade de desagregação é condicionada por diversos fatores, o que inclui a quantidade e concentração do desagregante empregado. Os desagregantes atuam, por três processos: 1º) inchando em contato com a água, permitindo uma penetração rápida do líquido, favorecendo a separação dos constituintes do comprimido; 2º) reagindo com a água ou com o ácido clorídrico do estômago libertando gases e; 3º) dissolvendo-se na água e abrindo canalículos que facilitam a desagregação do comprimido (PRISTA, 1995). 23 Os lubrificantes são sustâncias capazes de evitarem a aderência dos pós dos comprimidos aos cunhos da maquina de compressão, ou seja, deve facilitar o deslizamento do granulado, diminuir a tendência do produto para aderir às punções e matriz e promover uma fácil ejecção dos comprimidos. Para as cápsulas, os deslizantes são adicionados com função de diminuir a ação das forças de atração das partículas impedindo que ocorram aglomeração e segregação do material (DIAS et al., 2011; PRISTA, 1995). Existem também os corantes, que servem para tornar os comprimidos mais atrativos, os edulcorantes empregados para corrigir o gosto de uma dada preparação e os aromatizantes, onde empregam-se várias essências (PRISTA, 1995). Atualmente, o setor magistral é regulamentado de acordo com a Resolução da Diretoria Colegiada nº 87 de 21 de novembro de 2008 (RDC 87), que dispõe sobre Boas Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais para Uso Humano em farmácias onde está especificado que no caso dos insumos farmacêuticos ativos e adjuvantes deve-se consultar a monografia descrita na Farmacopéia Brasileira ou em outros compêndios internacionais reconhecidos pela ANVISA e na ausência de monografia oficial pode ser utilizada como referência a especificação estabelecida pelo fabricante (BRASIL, 2008). Os excipientes usados nas formas orais de comprimidos de nimesulida são basicamente a celulose microcristalina, carboximetilamido sódico, dicusato sódico, estearado de magnésio, hidroxipropilcelulose, lactose e glicolato sódico de Amido (INFARMED, 2012). Muniz et al. (2012), realizaram um estudo com o intuito de verificar a influência do amido glicolato de sódio (AGS) na dissolução de nimesulida veiculada em cápsulas gelatinosas duras. Foram preparadas formulações contendo diferentes concentrações deste excipiente e submetidos ao ensaio de dissolução in vitro. Determinou-se, para o tempo de dissolução máximo farmacopeico, a quantidade da substância ativa dissolvida, bem como traçou o perfil de dissolução a partir da quantidade de substância dissolvida em cada intervalo de tempo. Os resultados mostram que o AGS, utilizado como desintegrante, tem características que interferem positivamente na dissolução da nimesulida, facilitando a desintegração da forma farmacêutica, aumentando a superfície de contato do ativo com a água e, com isso, a velocidade de dissolução. Souza et al. (2010), por sua vez, desenvolveram um excipiente específico para cápsula de nifedipina preparada magistralmente. Para isso, foram propostas seis formulações contendo 10 mg de nifedipina, sendo quatro destas baseadas na composição de um medicamento industrializado, enquanto outras duas foram baseadas em sugestões opcionais de excipientes em função do Sistema de Classificação Biofarmacêutico. Estas foram submetidas aos testes de 24 uniformidade de conteúdo e de dissolução. As amostras se comportaram de forma adequada no teste de uniformidade de conteúdo, entretanto, no teste de dissolução, as formulações não apresentaram uma quantidade satisfatória de ativo dissolvido no tempo especificado pela literatura utilizada. Pode-se observar uma evolução das formulações quanto à presença de 3% de Tween 80 (agente molhante) em uma das formulações, e 10% em outra. Entretanto, o aumento na concentração deste agente, não ampliou o perfil de dissolução da nifedipina, pois não houve diferença significativa deste parâmetro entre as duas. Portanto, não foi possível determinar uma formulação adequada para aprovação do produto. Silva & Volpato (2002), avaliaram o efeito dos tensoativos Lauril Sulfato de Sódio e Polissorbato 80, na promoção da solubilidade da nimesulida em meio aquoso, determinandose também o pH, a tensão superficial e a concentração micelar críticados meios testados. A nimesulida apresentou baixa solubilidade nos meios sem tensoativos (<60 μg/mL), na faixa de pH de 1,0 a 7,4 e as maiores solubilidades (>300 μg/mL) foram observadas em tampão fosfato pH 7,4 com polissorbato 80. A concentração de saturação do fármaco aumentou proporcionalmente com a concentração dos tensoativos, os quais atuam pelo mecanismo de solubilização micelar. Obtiveram-se perfis de dissolução de três formulações de comprimidos de nimesulida, em meios com diversas concentrações de tensoativo, empregando-se o aparelho de dissolução com agitador de pá. Os resultados mostraram que a escolha do meio de dissolução para nimesulida deve ser criteriosa, de modo a evitar condições de baixo poder discriminante das formulações. SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO BIOFARMACÊUTICA O Sistema de Classificação Biofarmacêutica (SCB) está baseado nas propriedades de permeabilidade e solubilidade das substâncias ativas, e foi proposto como ferramenta para o desenvolvimento biofarmacotécnico de novas formulações farmacêuticas, contendo novos fármacos ou não, com a finalidade de auxiliar na predição da sua disponibilidade in vivo (SERRA, 2009). Em 1995, esse sistema foi desenvolvido por Amidon e colaboradores, a fim de classificar os fármacos frente as suas propriedades de solubilidade em meio aquoso e permeabilidade intestinal. As substâncias farmacêuticas foram divididas em quatro classes, conforme descrito na tabela 2. A determinação da classe biofarmacêutica dos fármacos possui grande importância no contexto atual da política de medicamentos, já que as características de solubilidade e 25 permeabilidade de um fármaco, conforme definidas pelo SCB constituem critério essencial para bioisenção na obtenção de registro de medicamentos genéricos e similares. O registro por meio de processo de bioisenção possibilita a diminuição de custos e de tempo de desenvolvimento de medicamentos, com benefícios para o paciente e para o SUS em termos de acesso ao tratamento farmacológico (PORTA, 2012). Tabela 2. Sistema de Classificação Biofarmacêutica (SCB). Classe Solubilidade Permeabilidade I Alta Alta II Baixa Alta III Alta Baixa IV Baixa Baixa Correlação in vivo/in vitro Haverá correlação IV/IV se a velocidade de dissolução for menor que a velocidade de esvaziamento gástrico; de outro modo não haverá correlação ou ela será limitada. Haverá correlação IV/IV se a velocidade de dissolução in vitro for similar à velocidade de dissolução in vivo, exceto se a dose for muito alta. Correlação IV/IV da absorção (permeabilidade) com a velocidade de dissolução limitada ou ausente. Correlação IV/IV limitada ou ausente. (FONTE: Amidon et al., 1995) Um fármaco é considerado de alta solubilidade quando a sua dose posológica mais alta é solúvel em 250 mL de meio aquoso na faixa de pH de 1,0 a 8,0. No entanto, a permeabilidade é baseada na fração absorvida conhecida das substâncias, sendo ela considerada de alta permeabilidade quando a fração absorvida é ≥ 90%. Na classe II, a solubilidade controlará a dissolução do fármaco, sendo a absorção limitada pela solubilidade (FERREIRA, 2010). Na farmácia magistral, o SCB poderia ser empregado como um parâmetro de orientação importante para a escolha criteriosa dos excipientes que contribuam para a dissolução e absorção adequada do fármaco veiculado. Como exemplo, pode-se citar o caso da nimesulida, pertencente à classe II (baixa solubilidade e alta permeabilidade) que tem na dissolução um fator limitante da absorção, sendo recomendável optar por excipientes que auxiliem na dissolução, como a lactose ou outro excipiente solúvel, e a utilização de agentes molhantes e desintegrantes (FERREIRA, 2010). 26 CONTROLE DE QUALIDADE O controle de qualidade é uma ferramenta indispensável para alcançar um produto com qualidade farmacopéica e que possa ser manipulado, com parâmetros de qualidade, visando garantir segurança e eficácia ao consumidor. O controle de qualidade abrange uma série de etapas, desde o recebimento das matérias-primas até a entrega do produto final (FERREIRA, BRANDÃO, SILVA; 2002). As farmácias com manipulação copiam e/ou modificam as fórmulas dos medicamentos comerciais e esses produtos são utilizados sem que tenham sido submetidos a testes de controle de qualidade. Este fato, somado ao aumento do número de farmácias com manipulação, ocorrido entre os anos de 1980 e 1990, e a falta de padrões mínimos de Boas Práticas, levou as autoridades sanitárias a se preocuparem com a qualidade dos medicamentos manipulados e com a segurança dos seus consumidores (BRASIL, 2005). Pelo volume de matérias primas associada a essa atividade e as dificuldades de avaliação da qualidade dos materiais levaram ao surgimento de problemas de diversas ordens, estimulando a regulamentação oficial do segmento para assegurar a qualidade dessa classe de produtos. Para isso, o Ministério da Saúde Brasileiro, através da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, editou a Resolução RDC nº 33 (BRASIL, 2000) a qual estabeleceu parâmetros das atividades das farmácias de manipulação. No entanto, tal norma foi editada com enfoque predominantemente voltado às boas práticas farmacêuticas e com exigências de controle de qualidade específicas para fármacos sintéticos, geralmente inaplicáveis aos produtos da classe de fitoterápicos. Às farmácias, em relação às drogas vegetais, restou a opção da busca dos conceitos clássicos de Farmacognosia como roteiro básico de controle de qualidade (TOBIAS et al., 2007) Atualmente, a RDC 67 de 08 de Outubro de 2007 informa as normas técnicas para o controle de qualidade de fármacos, produtos intermediários e medicamentos manipulados nas farmácias magistrais. Essa área de conhecimento é de extrema importância para a garantia de qualidade de medicamentos dispensados aos pacientes. Sendo assim, tais estabelecimentos necessitam de metodologia validada para a realização de análises de rotina no seu próprio laboratório de controle de qualidade (POZZA et al., 2011). Apesar das possíveis vantagens que o medicamento manipulado oferece, são inúmeros os obstáculos que dificultam esse crescimento do setor, dentre eles a falta de credibilidade do produto pela ausência do controle de qualidade rígido das matérias-primas e produto acabado, ausência do controle do processo de produção e sua reprodutibilidade (FERREIRA, 2002). 27 A preocupação com a qualidade dos medicamentos manipulados, fez crescer a importância de um controle mais eficaz no desenvolvimento de formulações magistrais, buscando garantir as boas práticas de fabricação no processo, já que no setor de manipulação nem toda a metodologia de produção é padronizada (PISSATO et al., 2006) A maioria dos testes de controle de qualidade que são realizados rotineiramente nas indústrias farmacêuticas, lote a lote, não é viável de serem executados nas farmácias, a cada preparação. Umas das razões é que alguns testes são destrutivos, o que implicaria em dobrar, ou até triplicar a quantidade da preparação prescrita, para possibilitar sua realização; estes demandam tempo e implicam em demora na entrega do medicamento ao paciente, conseqüentemente, em atraso para o início do tratamento. Além disso, exigem laboratórios e equipamentos sofisticados, profissionais capacitados, portanto, grandes investimentos, o que nem sempre condiz com a realidade de uma farmácia magistral (PINHEIRO, 2008). As formas farmacêuticas orais devem atender as especificações contidas nos testes relacionados a seguir. Determinação de Peso O teste se aplica a formas farmacêuticas sólidas em dose unitária (comprimidos nãorevestidos, comprimidos revestidos, pastilhas, cápsulas duras e moles e supositórios), formas farmacêuticas sólidas acondicionadas em recipientes para dose unitária (pós estéreis, pós liofilizados, pós para injetáveis e pós para reconstituição de uso oral) e a formas farmacêuticas sólidas e semi-sólidas acondicionadas em recipientes para doses múltiplas (granulados, pós, géis, cremes, pomadas e pós para reconstituição). As pesagens são feitas em balanças de sensibilidade adequada (ANVISA, 2008). O ensaio farmacopéico para determinação do peso de cápsulas manipuladas é, na maioria das vezes, inviável de ser executado por sua natureza destrutiva. Dessa forma, descreve-se método para determinação de peso médio em cápsulas duras, empregando ensaio não destrutivo. Três parâmetros deverão ser determinados para análise do produto: Peso médio das cápsulas manipuladas, Desvio padrão relativo e Variação do conteúdo teórico (%) (ANVISA, 2011). 28 Identificação Segundo a Farmacopéia Brasileira 5ª Edição (2010), os ensaios de identificação possibilitam verificar, com um nível de certeza aceitável, que a identidade do material sob exame está de acordo com o rótulo de sua embalagem. Embora específicos, eles não são, necessariamente, suficientes para estabelecer prova absoluta de identidade. Entretanto, o não cumprimento dos requerimentos de um ensaio de identificação pode significar erro de rotulagem do material. Alguns ensaios de identificação devem ser considerados conclusivos como; infravermelho; espectrofotometria com absorção específica e cromatografia a líquido de alta eficiência acoplada a espectrofotometria. Esses ensaios devem ser realizados em complemento ao ensaio do contra íon, quando aplicável. Desintegração O teste de desintegração permite verificar se comprimidos e cápsulas se desintegram dentro do limite de tempo especificado, quando seis unidades do lote são submetidas à ação de aparelhagem específica sob condições experimentais descritas. O teste não se aplica a pastilhas e comprimidos ou cápsulas de liberação controlada (prolongada). A desintegração é definida, para os fins desse teste, como o estado no qual nenhum resíduo das unidades testadas (cápsulas ou comprimidos) permanece na tela metálica do aparelho de desintegração, salvo fragmentos insolúveis de revestimento de comprimidos ou invólucros de cápsulas. Consideram-se, também, como desintegradas as unidades que durante o teste se transformam em massa pastosa, desde que não apresentem núcleo palpável (FARMACOPÉIA BRASILEIRA 5ª EDIÇÃO, 2010). Perfil de Dissolução Visando prever ou simular o comportamento in vivo de fármacos, foram desenvolvidos os gráficos de fração de fármaco dissolvido em função do tempo, também chamados de perfis de dissolução (DRESSMAN et al., 1998). O perfil de dissolução pode ser definido como um ensaio in vitro que permite a construção da curva de porcentagem de fármaco dissolvido em função do tempo, empregando se, geralmente, as condições estabelecidas no teste de dissolução descrito na monografia do medicamento inscrita na Farmacopéia Brasileira ou, na sua ausência, em outros compêndios 29 autorizados pela legislação vigente. No caso de medicamentos que serão submetidos ao estudo de bioequivalência, a avaliação do perfil de dissolução comparativo em relação ao medicamento de referência é indispensável para o conhecimento do comportamento das formulações. Quando os perfis de dissolução são semelhantes, de acordo com os critérios aplicáveis, há uma indicação de que o medicamento teste poderá ser bioequivalente ao medicamento de referência. Entretanto, o método de dissolução deve ser discriminativo, permitindo detectar alterações significativas nas formulações e nos processos de fabricação (FARMACOPÉIA BRASILEIRA 5ª EDIÇÃO, 2010). Os estudos de dissolução representam uma ferramenta indispensável para as várias etapas dos processos de desenvolvimento farmacotécnico de medicamentos, permitindo verificar a estabilidade dessas formulações. Na área de produção farmacêutica e controle de qualidade, os resultados do teste de dissolução podem ser empregados para detectar desvios de fabricação, para assegurar uniformidade durante a produção de um lote e reprodutibilidade lote a lote. Testes de dissolução também podem ser utilizados para avaliar mudanças após o registro do produto e podem auxiliar na decisão para a realização de estudos de bioequivalência e no desenvolvimento de Correlação IV/IV (MARQUES, 2002). O teste de dissolução, que era inicialmente indicado para fármacos com baixa solubilidade, vem sendo mais amplamente utilizado. Para realização do teste é necessário estabelecer condições, como: tipo de agitação, volume e características do meio de dissolução (de acordo com a solubilidade do fármaco e o local do TGI onde ocorre sua absorção) e valor de cedência do fármaco em função do objetivo terapêutico do medicamento. Para isto são consideradas as características físico-químicas da molécula e o poder discriminativo desejável para o teste. Os resultados obtidos devem possibilitar comparar a influência do processo produtivo e das variáveis da formulação com a adequada e completa liberação do fármaco em determinado tempo (SATHE et al., 1996; MANADAS et al., 2002). O estabelecimento de uma correlação entre parâmetros inerentes ao fármaco, determinados in vitro, e as conseqüências de sua absorção determinadas in vivo, poderia minimizar custos no desenvolvimento e pesquisa de novas opções terapêuticas (GINSKI; POLLI, 1999). Uniformidade de Doses Unitárias Segundo a Farmacopéia Brasileira 5ª Edição (2010), para assegurar a administração de doses corretas, cada unidade do lote de um medicamento deve conter quantidade do 30 componente ativo próxima da quantidade declarada. O teste de uniformidade de doses unitárias permite avaliar a quantidade de componente ativo em unidades individuais do lote e verificar se esta quantidade é uniforme nas unidades testadas. As especificações deste teste se aplicam às formas farmacêuticas com um único fármaco ou com mais de um componente ativo. A menos que indicado de maneira diferente na monografia individual, o teste se aplica, individualmente, a cada componente ativo do produto. 31 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ______________. FARMACOPÉIA EUROPÉIA. Council of Europe. Strasbourg France, 2001. ALLEN JUNIOR, L. V.; ANSEL, H. C.; POPOVICH, N. G. Formas Farmacêuticas e Sistemas de Liberação de Fármacos. 8 ed., Porto Alegre: Artmed, 2007. ALLEN, L. Diluentes para cápsulas e comprimidos. International Journal of Pharmaceutical Compounding, vol. 5, N 4, p 126-131. 2003. ALLEN, L. V. A importância da farmácia de manipulação nos tratamentos atuais. Revista ANFARMAG ano XI, n.58, São Paulo, p. 42-46, 2006. ALLEN JR LV. The art, science and technology of pharmaceutical compounding. 2 edição. Washington, DC: American Pharmaceutical Association; 2002. AMIDON, G. L. et al. 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O objetivo deste estudo foi avaliar a influência dos excipientes no perfil de dissolução de cápsulas manipuladas de nimesulida 100 mg. Foram manipuladas oito formulações com diferentes concentrações de excipientes, baseados em sugestões do Sistema de Classificação Biofarmacêutica (SCB). Os testes realizados foram peso médio e perfil de dissolução. Os resultados obtidos para peso médio encontram-se dentro dos padrões estabelecidos pelo compêndio oficial. Em relação ao perfil de dissolução, observou-se que o aumento das concentrações dos excipientes amido glicolato de sódio e lauril sulfato de sódio, resultou em um aumento da velocidade de dissolução do fármaco em questão. Assim, verifica-se a importância da escolha apropriada desses adjuvantes para a manipulação de cápsulas. UNITERMOS Amido glicolato de sódio, Lauril sulfato de sódio, adjuvantes farmacotécnicos. 1 Correspondência: Geovana Santos. Faculdade Assis Gurgacz – FAG, Avenida das Torres, 500, Cascavel, Paraná. E-mail: [email protected]. 38 INTRODUÇÃO As farmácias de manipulação têm representado uma alternativa ao cumprimento de esquemas terapêuticos, pois proporcionam à população o acesso a fórmulas farmacêuticas diferenciadas e dosagens personalizadas, além de manipularem fármacos de praticamente todas as categorias, com um custo inferior aos industrializados (Júnior & Adams, 2004). Frente a isso, as cápsulas gelatinosas duras constituem uma das formas farmacêuticas mais comercializadas em farmácias de manipulação, devido à sua versatilidade, facilidade de produção, aceitabilidade pelo paciente e ao custo (Allen Jr, 2002). Junto a essas formas farmacêuticas e formulações, os excipientes são adicionados com o intuito de fornecer determinadas propriedades funcionais como fluxo, estabilidade e controlar a velocidade de liberação do princípio ativo. O fármaco e o excipiente utilizado devem ser compatíveis entre si para gerar um produto estável, eficaz, atraente, fácil de administrar e seguro (Ansel; Popovich; Allen, 2007; Shargel et al., 2005). Embora tradicionalmente os excipientes sejam vistos como substâncias inertes, atualmente sabe-se que estes podem interagir com o fármaco promovendo alterações químicas e físicas, havendo a necessidade de se realizarem estudos de pré-formulação para se obter um medicamento seguro e de qualidade (Allen, 2003). Deve-se considerar que as características pertencentes ao próprio fármaco como o tamanho da partícula e solubilidade, bem como a natureza dos excipientes que compõem a fórmula e os métodos empregados na produção afetam a dissolução do fármaco e, conseqüentemente, sua biodisponibilidade. Por isso faz-se necessário a escolha criteriosa dos excipientes que possam contribuir para a dissolução e absorção adequada do medicamento veiculado (Ansel; Popovich; Allen, 2007). 39 Portanto, a permeabilidade e solubilidade de substâncias ativas constituem um critério essencial para a escolha do excipiente utilizado. Diante disso, em 1995, o Sistema de Classificação Biofarmacêutica (SCB) foi desenvolvido por Amidon et al., a fim de classificar os fármacos frente as suas propriedades de solubilidade em meio aquoso e permeabilidade intestinal. As práticas mais aceitáveis para aumentar a solubilidade de um fármaco pertencente à classe II, pouco solúvel em água, como a nimesulida, é a modificação do pH do meio de dissolução e o uso de tensoativos sintéticos que podem simular o efeito de tensoativos endógenos como ácidos biliares, sais biliares e lectina (Shah et al., 1989; Zoeler & Klein, 2007). O fármaco antes de se solubilizar deve passar pela dissolução que é o processo pelo qual o princípio ativo é liberado de sua forma farmacêutica e se torna disponível para ser absorvido pelo organismo. O ensaio de dissolução nada mais é que um teste físico no qual o fármaco passa para a forma solúvel a partir da forma farmacêutica intacta ou de seus fragmentos e partículas formadas durante o teste, no caso de cápsulas e comprimidos (Chowdary & Rajyalakshimi, 1987). O Sistema de Classificação Biofarmacêutica possibilita correlacionar os dados in vivo e in vitro, de valor inestimável para definir a qualidade de um medicamento, sendo útil no desenvolvimento de formulações, controle de qualidade e determinação de equivalentes farmacêuticos (Arancibia, 1991). Entretanto, para se obter uma adequada biodisponibilidade do fármaco, torna-se imprescindível avaliar os aspectos correlacionados ao mesmo, pois qualquer fator que altere os processos de desestruturação, desagregação e dissolução dessa forma farmacêutica poderá afetar a sua biodisponibilidade (Dressman et al., 1998; Storpirtis & Consiglieri, 1995; Azevedo et al., 2008). 40 A nimesulida é um medicamento amplamente comercializado sob forma de comprimidos, supositórios, cápsulas manipuladas, gotas orais e suspensão. É um antiinflamatório não esteroidal pertencente à classe II do SCB, apresentando baixa solubilidade e alta permeabilidade, ou seja, a dissolução pode vir a ser o passo limitante da absorção oral do fármaco (Muniz; Junior; Garcia, 2012; Larini, 2007). Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi verificar a influência qualitativa e quantitativa dos excipientes no perfil de dissolução de cápsulas manipuladas de nimesulida 100 mg. MATERIAL E MÉTODOS Para o presente estudo, desenvolveram-se oito formulações utilizando o ativo nimesulida (All Chemistry®) na dose terapêutica de 100 mg, as quais foram denominadas F1, F2, F3, F4, F5, F6, F7 e F8. O processo de encapsulação foi realizado pelo método volumétrico utilizando cápsulas de gelatina branca no 1. Os valores de massa do fármaco e de excipientes foram calculados para a obtenção de 20 cápsulas por amostra. Para preenchimento total das mesmas, utilizou-se diferentes mix’s de excipientes conforme apresentado na Tabela I. Os ensaios foram realizados no Laboratório de Tecnologia Farmacêutica da Faculdade Assis Gurgacz. As condições experimentais atenderam o preconizado pelo Formulário Nacional da Farmacopéia Brasileira II (2011) e Farmacopéia Brasileira V (2010), quanto aos quesitos de determinação do peso e perfil de dissolução, respectivamente. 41 TABELA I. Composição das cápsulas magistrais de nimesulida. Formulação Nimesulida (princípio ativo) Lauril sulfato de sódio (molhante) Amido glicolato de sódio (desagregante) Dióxido de silício coloidal (absorvente) Celulose microcristalina (Diluente) F1 100mg F2 100mg F3 100mg F4 100mg F5 100mg F6 100mg F7 100mg F8 100mg - 0,5% 1,5% 2,0% - - - 1,5% - - - - 4% 8% 12% 8% 0,4% 0,4% 0,4% 0,4% 0,4% 0,4% 0,4% 0,4% qsp 100% qsp 100% qsp 100% qsp 100% qsp 100% qsp 100% qsp 100% qsp 100% A escolha dos excipientes foi baseada nas sugestões opcionais de excipientes em função do Sistema de Classificação Biofarmacêutica da nimesulida, fornecidas por Ferreira (2010). A determinação de peso foi realizada empregando o método não destrutivo para cápsulas gelatinosas duras, onde foram pesadas individualmente 10 unidades de cápsulas manipuladas de nimesulida íntegras e determinado o peso médio, desvio padrão e desvio padrão relativo. Em relação ao perfil de dissolução, preparou-se um curva de calibração (Gráfico I) nas mesmas condições que a amostra, utilizando como padrão nimesulida nas concentrações de 0,0005%, 0,0010%, 0,0015%, 0,0020% (p/v) com R 2=0,992, para comparar com as amostras. O teste de dissolução foi adaptado para cápsulas e realizado com auxílio de cestos empregados como dispositivos de agitação, a 75 rpm durante 45 minutos retirando-se alíquotas do meio de dissolução nos tempos de 5, 10, 15, 20, 25, 30, 35, 40 e 45 minutos, usando como meio de dissolução Tampão Fosfato de Potássio pH 7,4 com Polissorbato 80 a 2% (v/v). Em seguida, filtrou-se e diluiu-se as amostras em água até concentração adequada para leitura das absorbâncias em espectrofotômetro UV a 392nm. Para a realização das respectivas técnicas utilizou-se os seguintes equipamentos: balança analítica Shimadzu AY220, Dissolutor 299 (Nova Ética) e espectrofotômetro Fento 700 Plus. 42 Após a realização dos procedimentos os resultados foram analisados estatisticamente através do programa Microsoft Office Excel 2007 incluindo média, desvio padrão e coeficiente de variação e comparados com os critérios estabelecidos pela literatura oficial. O Gráfico I apresenta os valores de absorbância e as respectivas concentrações de nimesulida utilizadas na curva de calibração do fármaco. Absorbância GRÁFICO I. Curva de calibração de nimesulida (concentração x absorbância). 0,4 0,35 0,3 0,25 0,2 0,15 0,1 0,05 0 y = 165x + 0,042 R² = 0,992 0 0,0005 0,001 0,0015 0,002 0,0025 Concentração RESULTADOS E DISCUSSÃO Determinação do Peso Médio Na Tabela II estão expressos os resultados referentes à determinação do peso médio. TABELA II. Resultados obtidos da determinação do peso médio das cápsulas manipuladas de nimesulida 100 mg. Amostra F1 F2 F3 F4 F5 F6 F7 F8 Média (mg) 237,5 220,7 220,1 220,4 222,8 213,6 215,5 222,8 Legenda: DP – Desvio Padrão; DPR – Desvio Padrão Relativo. DP (mg) 4,15 5,37 3,47 4,65 2,94 4,24 4,08 7,21 DPR (%) 1,74 2,43 1,57 2,10 1,31 1,98 1,89 3,23 43 O Formulário Nacional da Farmacopéia Brasileira (2011) estabelece critérios de aceitação, o qual permite uma variação individual de ± 10% em relação ao peso médio para cápsulas menores que 300 mg e, após calculado o Desvio Padrão Relativo, o mesmo não deve ser superior a 4%. Diante dos resultados apresentados, observa-se que todas as fórmulas apresentaram um desvio padrão relativo baixo, indicando que as mesmas encontram-se dentro dos padrões estabelecidos. Assim, os resultados indicam que o processo de manipulação foi realizado de maneira correta e eficiente, demonstrando haver uniformidade de peso das cápsulas analisadas. A determinação do peso médio de formas farmacêuticas sólidas e a análise de tais resultados são de fácil execução, servindo como um indicador razoável da técnica de preparação, revelando a eficiência do processo de pesagem e de encapsulação (Brasil, 2007). Este parâmetro está diretamente relacionado com o teor de substância ativa contida nas cápsulas, uma vez que observada a diferença de peso entre as mesmas, não se pode garantir que todas contenham o mesmo teor de princípio ativo (Farmacopéia Brasileira IV, 1988). Scheshowitsch et al. (2007), em uma avaliação da qualidade de cápsulas manipuladas de piroxicam 20 mg obtidas de farmácias magistrais, verificaram que todos as amostras apresentaram resultados satisfatórios para o ensaio de peso médio. Na análise de peso médio das amostras de cápsulas de sinvastatina 20 mg, observou-se que os resultados estão de acordo com os limites especificados, demonstrando homogeneidade do peso, segundo Baracat et al. (2009). Os resultados obtidos para o mesmo teste em um estudo realizado por Pinho et al. (2011) em três formulações, constatou que o peso médio de uma das amostras (B) de cápsulas contendo carbamazepina 200 mg foi significativamente maior em relação as demais amostras analisadas (A e C). 44 Segundo Pozza et al. (2009), o peso médio constitui uma ferramenta essencial para o controle de qualidade de rotina das farmácias de manipulação, podendo indicar a ineficiência da técnica de manipulação empregada. A não conformidade deste parâmetro constitui critério de reprovação do produto, excluindo a necessidade de execução de demais testes. Perfil de Dissolução Um importante parâmetro de orientação que pode ser utilizado nas farmácias magistrais para a escolha criteriosa dos excipientes é o Sistema de Classificação Biofarmacêutica desenvolvido por Amidon et al. (1995), o qual baseia-se nas propriedades de permeabilidade e solubilidade das substâncias ativas. Este classifica os fármacos em quatro classes em relação à solubilidade e a permeabilidade através das membranas biológicas com a biodisponibilidade dos mesmos, conforme descrito na Tabela III. TABELA III. Sistema de Classificação Biofarmacêutica (SCB). Classe Solubilidade Permeabilidade I Alta Alta II Baixa Alta III Alta Baixa IV Baixa Baixa Correlação in vivo/in vitro Haverá correlação IV/IV se a velocidade de dissolução for menor que a velocidade de esvaziamento gástrico; de outro modo não haverá correlação ou ela será limitada. Haverá correlação IV/IV se a velocidade de dissolução in vitro for similar à velocidade de dissolução in vivo, exceto se a dose for muito alta. Correlação IV/IV da absorção (permeabilidade) com a velocidade de dissolução limitada ou ausente. Correlação IV/IV limitada ou ausente. (FONTE: Amidon et al., 1995) A nimesulida é um fármaco pertencente à classe II (baixa solubilidade e alta permeabilidade) do SCB, tendo assim um fator limitante da absorção, sendo recomendável 45 optar por excipientes que auxiliem na dissolução, como a lactose ou outro excipiente solúvel, e a utilização de agentes molhantes e desintegrantes (FERREIRA, 2010). Um fármaco é considerado de alta solubilidade quando a sua dose posológica mais alta é solúvel em 250 mL de meio aquoso na faixa de pH de 1,0 a 8,0. No entanto, a permeabilidade é baseada na fração absorvida conhecida das substâncias, sendo ela considerada de alta permeabilidade quando a fração absorvida é ≥ 90%. Na classe II, a solubilidade controlará a dissolução do fármaco, sendo a absorção limitada pela solubilidade (FERREIRA, 2010). A absorção de fármacos a partir de formas farmacêuticas sólidas administradas por via oral depende da sua liberação, da dissolução ou solubilização dos fármacos em condições fisiológicas e da sua permeabilidade através das membranas do trato gastrointestinal. Devido à natureza crítica dos dois primeiros, a dissolução “in vitro” pode ser relevante para prever o desempenho “in vivo” (Aulton, 2005). Portanto, para o desenvolvimento de uma forma farmacêutica é necessário um estudo o qual chamamos de pré-formulação, com a finalidade de avaliar as características físicas, químicas e biológicas de todas as substâncias ativas e excipientes utilizados na preparação. A escolha dos excipientes é importante, pois pode proporcionar características técnicas requeridas para a forma farmacêutica, aumentar a estabilidade e modificar a liberação do fármaco. Enfim, a sua escolha correta é de fundamental importância para produzir um medicamento estável e efetivo (Kfuri, 2008). Os valores encontrados para o perfil de dissolução de todas as amostras encontram-se discriminados na tabela IV. A literatura oficial tolera não menos que 85 % da quantidade declarada de nimesulida dissolvida em um tempo de 45 minutos. De acordo com os resultados expressos na tabela IV, observa-se que as formulações F3, F4, F6, F7 e F8 estão de acordo com o especificado. 46 TABELA IV. Resultados obtidos dos percentuais médios de nimesulida 100 mg dissolvidas em cada intervalo de tempo. Intervalos* 5 min F1 (%±CV) 5,2±33,4 F2 (%±CV) 4,0±17,6 F3 (%±CV) 39,7±9,4 F4 (%±CV) 24,9±51,8 F5 (%±CV) 14,9±64,1 F6 (%±CV) 4,4±104,1 F7 (%±CV) 50,2±25,6 F8 (%±CV) 15,2±66,1 10 min 44,8±70,5 45,3±20,9 65,0±12,1 71,0±13,1 63,8±26,1 62,4±18,3 84,0±11,34 69,6±23,6 15 min 53,8±15,5 68,9±12,4 69,4±12,5 74,6±12,9 68,6±31,7 72,3±1,5 85,59±15,8 88±5,9 20 min 58,9±13,3 72,6±16,4 71,8±12,8 75,1±12,5 74,6±24,6 87,2±3,4 91,1±18,0 93,6±7,3 25 min 61,8±12,1 77,1±16,1 75,1±10,7 77,4±10,5 76,2±25,5 92,8±1,1 94,4±18,8 95,2±9,3 30 min 63,4±17,1 79,1±18,6 79,1±11,4 80,2±11,2 78,4±27,2 95,2±5,1 97,6±19,3 96,8±8,5 35 min 67,8±11,4 80,0±14,7 80±7,4 83,8±8,7 79,4±30,3 95,2±8,1 97,6±17,8 99,2±8,1 40 min 70,6±10,2 80,8±15,5 84,0±4,3 87,2±8,2 80,6±26,0 96,0±5,5 99,2±19,1 100,8±6,6 45 min 70,9±9,5 81,6±17,1 86,4±4,5 91,1±7,2 81,6±27,9 97,6±1,1 100±18,8 101,6±8,3 *Resultados referentes à média de três determinações para cada intervalo de tempo; CV – Coeficiente de Variação expresso em porcentagem (%). Em contrapartida, as formulações F1, F2 e F5 não atingiram a quantidade declarada de nimesulida dissolvida em um tempo de 45 minutos. Segundo Pifferi & Restani (2003), uma dissolução abaixo deste valor pode acarretar baixos níveis plasmáticos do fármaco e comprometer o seu efeito terapêutico. Para os medicamentos serem considerados de liberação rápida, devem dissolver não menos que 85% de substância ativa em um tempo de 30 minutos. Considera -se que as formulações F6 e F7 que continham as maiores concentrações de amido glicolato de sódio (desintegrante) e a formulação F8 que além deste excipiente possui em sua fórmula também o lauril sulfato de sódio (molhante) comportaram-se como formas farmacêuticas de liberação rápida, pois comportaram-se como tal (RDC 31/2010). A dissolução da nimesulida nas cápsulas que continham maior concentração dos excipientes analisados foi superior às cápsulas que continham menor concentração e ausência dos mesmos. Os resultados mostram que as formulações produzem distintos perfis de dissolução, em função das quantidades de lauril sulfato de sódio (molhante) e amido glicolato de sódio (desagregante) no sistema. 47 A determinação dos perfis de dissolução das formulações F1-F8 previamente manipuladas foram ilustradas no gráfico a seguir. GRÁFICO II. Perfil de dissolução das formulações contendo nimesulida 100mg. 120 Concentração (%) 100 F1 80 F2 60 F3 F4 40 F5 F6 20 F7 0 F8 0 10 20 30 40 50 Tempo (min) As diferenças observadas nos perfis de dissoluções podem ser explicadas pela diferença de formulações. Verifica-se que o aumento da concentração do molhante e do desagregante aumenta a velocidade de dissolução do fármaco. A formulação F1, que é isenta de amido glicolato de sódio e lauril sulfato de sódio, apresentou 70,9% de nimesulida dissolvida em 45 minutos, sendo considerada baixa. Já a formulação F8, a qual contém a junção dos dois excipientes estudados, dissolveu 101,6%, ou seja, a maior porcentagem de nimesulida liberada, demonstrando ser a fórmula mais adequada para utilização. A incorporação destes dois excipientes na formulação ocasiona um aumento progressivo da porcentagem de nimesulida dissolvida, dependente da concentração dos mesmos no sistema. Em outras palavras, os excipientes utilizados têm características que interferem positivamente na dissolução da nimesulida. 48 Como pode ser observada no Gráfico II, a maioria das formulações demonstraram um atraso na liberação do fármaco no meio de dissolução, este fato se dá devido a forma farmacêutica analisada estar na forma de cápsulas e as mesmas precisam primeiramente dissolver o invólucro gelatinoso para posteriormente liberar o princípio ativo (Costa; Lobo; Lopes, 2005). As cápsulas de gelatina desintegram-se rapidamente, expondo seu conteúdo aos líquidos do trato gastrintestinal, entretanto, a tecnologia de fabricação e os excipientes presentes na formulação podem fazer com que a dissolução não ocorra tão rapidamente quanto o esperado (Gibaldi, 1991; Oliveira et al., 2009; Marcolongo, 2003). Em geral, os excipientes contidos na formulação exercem alguma influência na dissolução. Excipientes com características hidrofóbicas e/ou pouco hidrossolúveis, tais como o dióxido de silício coloidal e a celulose microcristalina podem dificultar a umectação e, conseqüentemente, a dissolução da formulação (Scheshowitsch et al., 2007). Por outro lado, a presença de tensoativos (lauril sulfato de sódio) em uma formulação pode facilitar a dissolução de fármacos pouco solúveis em água. Os diluentes, como: amido, lactose, celulose microcristalina, sorbitol, manitol, dextrose, por sua vez, podem aumentar ou diminuir a taxa de dissolução do fármaco conforme suas próprias características físicoquímicas (Gibaldi, 1991). Considerando a baixa solubilidade da nimesulida e a insolubilidade da celulose microcristalina em água, associou-se à preparação o desintegrante amido glicolato de sódio, nas diferentes concentrações (Tabela I), o mesmo tem a função de inchar em contato com a água, permitindo uma penetração rápida do líquido, favorecendo a separação dos constituintes da cápsula (Aulton, 2005). 49 O desintegrante em diferentes concentrações, associado à solubilidade do ativo e do diluente vai definir a força de desagregação da forma farmacêutica, repercutindo na dissolução, bem como na absorção do componente ativo (Aulton, 2005). Por conta da baixa molhabilidade do fármaco em estudo, o tensoativo lauril sulfato de sódio também foi adicionado à formulação com diferentes concentrações. Os fármacos, tornando-se molháveis pelos tensoativos, contactam mais facilmente com os sucos digestivos, facilitando a sua dispersão (Prista, 1995). O dióxido de silício coloidal, que tem propriedades de sorção, foi incorporado à preparação, objetivando melhorar a estabilidade da celulose microcristalina e do ativo, frente à umidade. Assim, para a obtenção de uma liberação adequada do fármaco, são necessários que a composição e a escolha dos excipientes sejam devidamente fundamentadas em estudos de pré-formulação (Muniz et al., 2012). Pode-se constatar que o solvente utilizado também exerce forte influência nas características absortivas da molécula do fármaco. Segundo estudo realizado por Silva & Volpato (2002), observou-se que a nimesulida apresentou maior solubilidade quanto utilizado Tampão Fosfato pH 7,4 contento polissorbato 80 a 2,5% como meio de dissolução, constatando-se que soluções aquosas contendo esse tensoativo não-iônico, têm maior poder de solubilização da nimesulida. Os tensoativos desempenham papel fundamental na solubilidade da nimesulida devido à sua baixa hidrossolubilidade, sendo imprescindível a presença dos mesmos nos meios para dissolução. Porém, a composição destes meios, com altas concentrações de tensoativos, pode estar superestimando a liberação e dissolução do fármaco in vivo. Meios de dissolução que apresentam composição e características mais similares aos fluidos do ambiente gastrintestinal deveriam ser mais adotados nos estudos in vitro (Silva & Volpato, 2002). 50 Somente após um estudo de correlação in vivo-in vitro, as condições para a dissolução de comprimidos e cápsulas de nimesulida poderão ser mais bem definidas, necessitando, para isto, a realização de estudos de biodisponibilidade com as formulações envolvidas nestes ensaios dissolução (Silva & Volpato, 2002). Para fármacos classe II, pouco solúveis e com alta permeabilidade, fatores como pH do meio, concentração do tensoativo e temperatura devem ser rigorosamente controlados, pois exercem grande influência nos resultados experimentais (Ruela et al., 2009). O perfil de dissolução baseia-se na avaliação do teor de princípio ativo liberado pela forma farmacêutica em intervalos de tempos determinados, fornecendo uma relação entre teor dissolvido por unidade de tempo, ou seja, determina quantidade de fármaco dissolvido no meio de dissolução, em função do tempo, quando o produto é submetido à ação de aparelhagem específica, sob condições experimentais definidas (Farmacopeia Brasileira V, 2010). Assim, ensaios foram conduzidos, objetivando caracterizar as cápsulas de nimesulida em estudo quanto à quantidade da substância ativa dissolvida no tempo de dissolução máximo farmacopeico e ao perfil de dissolução. É importante ter o conhecimento do perfil de dissolução dos medicamentos. Visto que é imprescindível que as cápsulas sejam dissolvidas liberando o principio ativo no meio. Pinho et al. (2011), realizaram o teste de perfil de dissolução das cápsulas contendo carbamazepinha 200 mg, um fármaco pertencente a classe II do SCB, onde pode-se verificar que a formulação A produziu uma liberação muito abaixo de 75% do fármaco após 60 minutos de experimentação, não atingindo os parâmentros oficiais. Em contrapartida, as formulações B e C liberaram aproximadamente 85% de carbamazepina no tempo de 24 minutos, cumprindo com os requisitos farmacopeicos. Observou-se que essa elevação no 51 perfil de dissolução foi devido à adição do tensoativo PEG 4000 para aumentar a hidrossolubilidade da carbamazepina. Outro exemplo é o estudo conduzido por Muniz et al. (2012), na avaliação da influência do amido glicolato de sódio (AGS) na dissolução de cápsulas de nimesulida. Os resultados mostraram que o AGS, utilizado como desintegrante, tem características que interferem positivamente na dissolução da nimesulida. As cápsulas da formulação N3, que possuiam 13% (p/p) de AGS, apresentaram uma porcentagem de 97,48% de nimesulida dissolvidas ao final de 45 minutos, cumprindo com as especificações farmacopeicas em que 85% do fármaco se dissolve em 45 minutos. Porém as formulações N1 que não possuía o excipiente e N2 que continha 5% do mesmo dissolveram 67,75% e 79,52% respectivamente, do fármaco, ao final do tempo estabelecido. Enquanto Scheshowitsch et al. (2007), realizaram a avaliação de cápsulas manipuladas de Piroxicam 20 mg. De três formulações, duas liberaram mais de 80% do fármaco ao final de 45 min, conforme preconizado pela Farmacopéia Americana. Porém, a formulação A, em 45 minutos de dissolução havia liberado apenas 8% do princípio ativo. Todas as formulações analisadas, exceto a formulação A, continham um tensoativo em sua composição, o lauril sulfato de sódio. Pode-se concluir que a presença de um tensoativo na formulação facilitou a dissolução de um fármaco pouco solúvel em água, como o piroxicam. As características biofarmacotécnicas de formas farmacêuticas sólidas são principalmente delineadas pelo ensaio de dissolução in vitro, uma vez que este processo é, geralmente, etapa limitante para a absorção de fármacos (Serra, 2007). Quando os medicamentos são administrados por via oral na forma sólida, o processo de liberação do fármaco pode ser o fator que limita a velocidade de absorção, e esta pode ser incompleta se a velocidade de liberação do fármaco for baixa. A velocidade com que esses processos ocorrem é influenciada por certas características da formulação e/ou da forma 52 farmacêutica, entre elas: tamanho e forma das partículas, quantidade e características dos agentes agregantes, desintegrantes e lubrificantes, tempos de mistura entre outros. Portanto, os excipientes de uma formulação podem acarretar em alterações na dissolução dos fármacos. Esse fato foi observado durante os estudos do ensaio de dissolução das cápsulas analisadas (Cruz et al., 2005; Borne, 2002). Dentre esses fatores que afetam a dissolução do fármaco, tem-se a escolha do excipiente adequado para determinada fórmula, deve se basear nas características das substâncias contidas na fórmula, bem como, na possibilidade de interação destas substâncias com o excipiente. O farmacêutico deve escolher sempre o excipiente adequado que não sofra interação (Ferreira, 2002). A falta de padronização dos excipientes utilizados no processo de manipulação pode ocasionar baixa biodisponibilidade do fármaco no organismo e comprometimento da resposta terapêutica (Pinho et al.,2011) Por isso, torna-se imprescindível a escolha criteriosa dos excipientes que contribuam para a dissolução e absorção adequada do medicamento veiculado com intuito de facilitar a dissolução de fármacos poucos solúveis e consequentemente favorecerem sua biodisponibilidade (Ansel; Popovich; Allen, 2007). CONCLUSÕES Os resultados obtidos no presente estudo demonstram que os excipientes amido glicolato de sódio e lauril sulfato de sódio influenciam positivamente na dissolução de nimesulida. A associação do amido glicolato de sódio que é um desintegrante, facilita a ação do molhante, pois abre caminho para a penetração de líquidos no interior da forma farmacêutica. 53 Verifica-se a importância de ressaltar que os resultados em estudo encontrados não estão restritos apenas para o fármaco nimesulida e sim, para toda a classe de ativos que assim como este em questão, possuam baixa solubilidade e necessitam de produtos que facilitem a sua dissolução. Portanto, a escolha dos excipientes e de seus teores é de fundamental importância nas farmácias magistrais visto que a dissolução dos fármacos está diretamente relacionada ao excipiente utilizado na formulação, sendo essencial para uma resposta terapêutica adequada, pois o mesmo pode comprometer a absorção do princípio ativo. ABSTRACT Effect of excipients on the dissolution profile of capsules 100 mg nimesulide manipulated Even being considered simple, the manipulation of hard gelatin capsules may pose challenges to the pharmacist in the selection of excipients necessary for its completion. The in vitro dissolution studies are fundamental to ensure the quality, since the dissolution process will determine drug release and absorption. Nimesulide is an antiinflammatory agent which has low solubility and high permeability, the dissolution may be the limiting step in oral drug absorption. The aim of this study was to evaluate the influence of excipients on the dissolution profile of compounded capsules of 100 mg nimesulide. Eight formulations were rigged with different concentrations of excipients, based on suggestions from the Biopharmaceutics Classification System (BCS). Tests included weight and dissolution profile. The results for weight are within the standards set by the official compendium. Regarding the profile of dissolution, it was observed that the concentrations of the excipients sodium starch glycolate and sodium lauryl sulfate resulted in an increase in the rate of dissolution of the drug in question. There is the importance of the proper choice of these adjuvants for handling capsules. UNITERMS Sodium starch glycolate, sodium lauryl sulphate, pharmaceutical adjuvants. 54 REFERÊNCIAS ALLEN JR, L. V. The art, science and technology of pharmaceutical compounding. 2a edição. Washington, DC: American Pharmaceutical Association; 2002. ALLEN JUNIOR, L. V.; ANSEL, H. C.; POPOVICH, N. G. Formas Farmacêuticas e Sistemas de Liberação de Fármacos. 8ª edição, Porto Alegre: Artmed, 2007. ALLEN, L. Diluentes para cápsulas e comprimidos. International Journal of Pharmaceutical Compounding, vol. 5, no 4, p 126-131. 2003. AMIDON, G. L; LENNERNAS, H.; SHAH, V. P; CRISON, JR. 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Resenhas elaboradas por especialistas segundo sugestão da Comissão de Publicações. Suplementos temáticos e aqu eles relativos a eventos cientiíficos podem ser publicados mediante aprovação prévia da Comissão de Publicações. Os trabalhos elaborados por especialistas nacionais e estrangeiros podem ser apresentados em língua portuguesa, inglesa ou espanhola. Devem ser originais e inéditos e destinar-se exclusivamente à REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS/ Brazilian Journal of Pharmaceutical Sciences. ESCOPO E POLÍTICA Os manuscritos submetidos à Revista, que atenderem as "Instruções aos autores", são encaminhados ao Editor Científico, que indicará dois revisores especialistas no tema abordado (veja Relação dos Consultores - 2003 e gráfico 10). Após a revisão, cujo caráter anônimo é mantido durante todo o processo, os manuscritos são enviados à Comissão de Publicação, que decidirá sobre a publicação. Manuscritos recusados, passíveis de reformulação, poderão ser re-submetidos após reestruturação, como novo trabalho, iniciando outro processo de avaliação. Manuscritos condicionados à reestruturação serão reavaliados pelos revisores. Manuscritos enviados aos autores para revisão devem retornar à Editoria dentro de, no máximo, dois meses, caso contrário terão o processo encerrado. 58 FORMA E PREPARAÇÃO DE MANUSCRITOS INSTRUÇÕES PARA APRESENTAÇÃO DOS TRABALHOS Estrutura dos originais Cabeçalho: constituído por: título do trabalho: deve ser breve e indicativo da exata finalidade do trabalho. Autor(es) por extenso, indicando a(s) instituição(ões) a(s) qual(is) pertence(m) mediante números. O autor para correspondência deve ser identificado com asterisco, fornecendo o endereço completo, incluindo o eletrônico. Estas informações devem constar em notas de rodapé. Resumo (em português): deve apresentar a condensação do conteúdo, expondo metodologia, resultados e conclusões, não excedendo 200 palavras. Os membros da Comissão poderão auxiliar autores que não são fluentes em português. Unitermos: devem representar o conteúdo do artigo, evitando-se os de natureza genérica e observando o limite máximo de 6 (seis) unitermos. Introdução: deve estabelecer com clareza o objetivo do trabalho e sua relação com outros trabalhos no mesmo campo. Extensas revisões de literatura devem ser substituídas por referências aos trabalhos bibliográficos mais recentes, onde tais revisões tenham sido apresentadas. Material e Métodos: a descrição dos métodos usados deve ser breve, porém suficientemente clara para possibilitar a perfeita compreensão e repetição do trabalho. Processos e Técnicas já publicados, a menos que tenham sido extensamente modificados, devem ser apenas referidos por citação. Estudos em humanos devem fazer referência à aprovação do Comitê de Ética correspondente. Resultados e Discussão: deverão ser acompanhados de tabelas e material ilustrativo adequado, devendo se restringir ao significado dos dados obtidos e resultados alcançados. É facultativa a apresentação desses itens em separado. Conclusões: Quando pertinentes, devem ser fundamentadas no texto. 59 Resumo em inglês (ABSTRACT): deve acompanhar o conteúdo do resumo em português. Unitermos em inglês: devem acompanhar os unitermos em português. Agradecimentos: devem constar de parágrafos, à parte, antecedendo as referências bibliográficas. Referências: devem ser organizadas de acordo com as normas da ABNT NBR-6023, ordenadas alfabeticamente no fim do artigo incluindo os nomes de todos os autores. A exatidão das referências é de responsabilidade dos autores. Apresentação dos originais Os trabalhos devem ser apresentados em lauda padrão (de 30 a 36 linhas com espaço duplo). Utilizar Programa Word for Windows. Os autores devem encaminhar o trabalho acompanhado de carta assinada pelo autor de correspondência, que se responsabilizará pela transferência dos direitos à RBCF. Informações adicionais Citação bibliográfica: As citações bibliográficas devem ser apresentadas no texto pelo(s) nome(s) do(s) autor(es), com apenas a inicial em maiúsculo e seguida do ano de publicação. No caso de haver mais de três autores, citar o primeiro e acrescentar a expressão et al. (em itálico) Ilustrações: As ilustrações (gráficos, tabelas, fórmulas químicas, equações, mapas, figuras, fotografias, etc) devem ser incluídas no texto, o mais próximo possível das respectivas citações. Mapas, figuras e fotografias devem ser, também, apresentados em arquivos separados e reproduzidas em alta resolução(800 dpi/bitmap para traços) com extensão tif. e/ou bmp. No caso de não ser possível a entrega do arquivo eletrônico das figuras, os originais devem ser enviados em papel vegetal ou impressora a laser. Ilustrações coloridas somente serão publicadas mediante pagamento pelos autores. As tabelas devem ser numeradas consecutivamente em algarismos romanos e as figuras em algarismos arábicos, seguidos do título. As palavras TABELA e FIGURA devem aparecer em maiúsculas na apresentação no texto e na citação com apenas a inicial em maiúsculo. 60 Nomenclatura: pesos, medidas, nomes de plantas, animais e substâncias químicas devem estar de acordo com as regras internacionais de nomenclatura. A grafia dos nomes de fármacos deve seguir, no caso de artigos nacionais, as Denominações Comuns Brasileiras (DCB) em vigor, podendo ser mencionados uma vez (entre parênteses, com inicial maiúscula) os registrados. ENVIO DE MANUSCRITOS Os trabalhos devem ser remetidos por correio eletrônico, anexando à mensagem os arquivos correspondentes. E-mail: [email protected] Secretaria de edição: Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas/Brazilian Journal of Pharmaceutical Sciences Divisão de Biblioteca e Documentação do Conjunto das Químicas/USP Av. Prof. Lineu Prestes, 950 Caixa Postal 66083 05315-970 - São Paulo - SP - Brasil Contato telefônico: Fone: (011) 3091.3804 FAX: (011) 3097.8627