Brasil está entre afetados em caso de saída de britânicos da

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DIÁRIO COMÉRCIO INDÚSTRIA & SERVIÇOS G SÁBADO, DOMINGO E SEGUNDA- FEIRA, 18, 19 E 20 DE JUNHO DE 2016
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Economia
Plebiscito marcado para o próximo dia 23 pode levar o Reino Unido a deixar o bloco europeu;
segundo especialista, uma das principais negociações do Mercosul poderia ser prejudicada
Brasil está entre afetados em caso de
saída de britânicos da União Europeia
DREAMSTIME
INTERNACIONAL
Renato Ghelfi e Agências
São Paulo
[email protected]
G As consequências de uma
eventual saída do Reino Unido
da União Europeia (UE) extrapolam a esfera regional. Segundo especialistas, o rompimento prejudicaria o acordo
entre sul-americanos e europeus, além de criar instabilidade na economia global.
“O plebiscito sobre a saída
britânica afeta a negociação
com o Mercosul por dois motivos. Primeiro, porque atrasa
o debate sobre o tratado. E,
também, porque o Reino
Unido é um dos países que
apoiam o acordo. Se eles saírem, a chance de dar certo
diminui ainda mais”, afirmou
Welber Barral, ex-secretário
de Comércio Exterior.
Uma possível alternativa
para o Brasil, em caso de ruptura na UE, seria a construção de um acordo entre o
Mercosul e o país europeu,
comentou Barral. Entretanto,
ele pondera que o tratado
não seria prioritário para o
Reino Unido e poderia demorar a sair do papel.
A negociação entre Mercosul e UE é uma das principais
apostas do governo brasileiro
para o fortalecimento do País
além de suas fronteiras. Depois de cerca de duas décadas de negociações, os blocos
trocaram ofertas comerciais
há pouco mais de um mês.
Com a saída dos britânicos, seriam afetadas também
as economias europeia e global, apontou Emanuel Ornelas, professor de comércio internacional da Fundação
Getulio Vargas (FGV) e da
London School of Economics
(LSE).
“Seria um cenário completamente novo, ninguém nunca deixou um acordo de comércio tão forte como é a
União Europeia. O resultado
disso tende a ser negativo,
com diminuição da integração e de benefícios comer-
Palácio de Westminster (Londres): dependendo de resultado do plebiscito, ingleses podem deixar a UE
G SOBE
GA
possibilidade de o Reino
Unido deixar a UE ganhou
força. Segundo levantamento
recente, 53% dos consultados
são a favor da saída. O
plebiscito sobre a matéria vai
acontecer na próxima
quinta-feira, dia 23.
G DESCE
G Para
ex-secretário de
Comércio Exterior brasileiro, a
ruptura na UE poderia
prejudicar a negociação entre o
Mercosul e o bloco europeu.
Isso aconteceria porque os
britânicos estão entre os países
que apoiam o acordo.
ciais”, afirmou o professor.
A saída, seguiu Ornelas, seria especialmente prejudicial
para o Reino Unido. De acordo
com o entrevistado, a permanência no bloco traria “ganhos
em integração, fluxo de pessoas, de capital e de comércio”.
Para Barral, a mudança ain-
da teria impacto sobre o fluxo
cambial no mundo, com o enfraquecimento da libra e do
euro. “Se isso acontecer, é possível que as duas moedas percam em valor e credibilidade”,
apontou o especialista.
Saída provável
Uma pesquisa elaborada pelo
instituto Ipsos MORI e divulgada, na última quinta-feira, pelo
jornal Evening Standard mostra que 53% dos consultados
pretendem apoiar a saída do
Reino Unido. Já 47% dos votos
válidos são favoráveis à manutenção do país no bloco em
plebiscito sobre o tema do
próximo dia 23.
Segundo Ornelas, os principais motivos que levam os britânicos a apoiarem a saída da
UE são ideais pró-hegemônicos e anti-imigração. Sobre o
primeiro ponto, o professor explicou que parte da população
prefere que o país tenha autonomia legislativa. Atualmente,
o Reino Unido compartilha de
várias leis construídas em conjunto com o bloco europeu.
Já a questão do impedimento da entrada de imigrantes,
completou Ornelas, estaria li-
Indicador antecedente da economia sobe 2,5%
ATIVIDADE
G O Indicador Antecedente
Composto da Economia (Iace)
teve uma variação positiva de
2,5% em maio, divulgou na última sexta-feira (17) o Instituto Brasileiro de Economia da
Fundação Getulio Vargas
(Ibre/FGV), em parceria com a
The Conference Board (TCB).
Composto por oito indicadores que medem expectativas para a atividade econômica no Brasil, o índice teve
sua terceira alta seguida e
“aponta um estancamento da
tendência de queda no nível
de atividade”, disse o economista Paulo Picchetti.
Ainda segundo a análise do
pesquisador da FGV, “as condições políticas continuam fundamentais para avaliar se a
tendência recente do Iace efetivamente sinaliza uma reversão do ciclo econômico no médio prazo”.
Em abril, o Iace apresentou
aumento de 0,9% e, em março,
a alta foi de 1%. Com as expansões dos últimos meses, o indicador está em 93,9 pontos em
uma escala em que o nível de
2010 era de 100 pontos.
No que se refere aos índices
agregados, como o Ibovespa,
as expectativas do consumidor, da indústria e dos serviços, o total de exportações e a
produção física de bens de
consumo duráveis.
Ava l i a ç ã o
A agência de classificação de
risco Standard & Poor’s (S&P)
publicou um artigo intitulado
“O colapso da espiral descendente do Brasil”, em tradução
livre, no qual avalia a trajetória
do País nos últimos anos.
O documento mostra como
apenas dois anos atrás, em
gada à chegada de refugiados,
do Oriente Médio e da África, e
de trabalhadores de países
mais pobres do leste europeu.
“Trata-se de uma grande falácia”, opinou o entrevistado.
“Existe a ideia de que os imigrantes estão roubando empregos e recebendo muito dinheiro com auxílios públicos.
Na verdade, o desemprego no
Reino Unido é muito baixo.
Além disso, o governo britânico gasta menos com benefícios
sociais para imigrantes europeus do que outros países do
bloco gastam com trabalhadores que vem do Reino Unido”.
Ornelas afirmou, ainda, que
a opção pela saída da UE faz
parte de uma “grande onda
populista” que ganha força no
mundo. Ao explicar esse avanço, ele cita o crescimento de
políticos com ideais semelhantes em outros países. “Temos,
por exemplo, o Donald Trump,
nos Estados Unidos, e a Marine Le Pen, na França”.
Finanças da Finlândia, Alexander Stubb, comparou a saída à
quebra do banco de investimento Lehman Brothers, em
2008, que gerou distúrbios
econômicos pelo mundo.
“Nós estamos no meio de
uma das mais históricas semanas” para a integração europeia, disse Stubb, que está
prestes a deixar o cargo. Segundo ele, a saída do Reino
Unido da UE - o chamado
“Brexit” – significaria uma
“destruição econômica” e provocaria revisões no crescimento para toda a Europa.
Já o ministro das Finanças
da Irlanda, Michael Noonan,
disse que as autoridades têm
trabalhado sobre como reagir a
um voto “sim” à saída da UE,
mas notou que há incerteza
sobre as consequências exatas,
o que dificulta a elaboração de
uma estratégia.
O diretor-geral da Organização Mundial de Comércio
(OMC), Roberto Azevêdo, seguiu a mesma linha. O diplomata disse que “ninguém sabe” o que ocorrerá com o
comércio mundial e com UE se
o Reino Unido deixar o bloco.
“É muito difícil mensurar o
impacto para o Reino Unido,
para as outras economias parceiras do Reino Unido, inclusive o Brasil. Lamentavelmente
não há uma resposta muito
óbvia”, declarou.
R e p e rc u s s ã o
Em declarações recentes, líderes globais seguiram o tom de
pessimismo sobre o possível
rompimento. O ministro das
Morte de deputada
A tensão criada ao redor do
plebiscito ganhou ainda mais
força no final da semana passada, quando a deputada Jo
Cox foi assassinada na Inglaterra. Ela era contrária à saída
do Reino Unido e o crime foi
relacionado à votação desta
semana. Segundo relatos de
testemunhas, o suspeito de ter
cometido o assassinato gritava
“a Grã-Bretanha primeiro” durante o ataque.
Também surgiram informações, ainda não confirmadas
por esta reportagem, de que o
possível criminoso faria parte
de grupos de direita nos Estados Unidos e na África do Sul.
O suspeito, um homem de 52
anos, está preso.
2014, o Brasil sustentava grau
de investimento (rating BBB),
após ter “experimentado prosperidade econômica sustentada”. O País contava com perspectivas de crescimento sólido,
expansão da classe média, sucesso fiscal e monetário, políticas de crédito. “Em questão de
meses, a paisagem política do
Brasil mudou drasticamente.
Hoje, o País sofre com crescentes déficits do governo, baixos
preços de commodities, uma
taxa de câmbio enfraquecida,
distúrbio político e alegações
de corrupção que resultaram
no impeachment da presidente Dilma Rousseff”, disse Diane
Vazza, diretora da S&P Global
Fixed Income Research, no artigo. /Agências
DECLARAÇÃO DE PROPÓSITO
ROBERTO CORREIA MORAES, CPF/MF nº 127.767.528-73, DECLARA, nos termos do art. 6º do
Regulamento Anexo II à Resolução nº 4.122, de 2 de agosto de 2012, sua intenção de exercer
cargo de administração na ADVANCED CORRETORA DE CÂMBIO LTDA. ESCLARECE que
eventuais objeções à presente declaração devem ser comunicadas diretamente ao Banco Central
do Brasil, no endereço abaixo, no prazo de quinze dias contados da divulgação, por aquela
Autarquia, de comunicado público acerca desta, por meio formal em que o autor esteja devidamente
identificado, acompanhado da documentação comprobatória, observado que o declarante pode, na
forma da legislação em vigor, ter direito a vistas do processo respectivo. BANCO CENTRAL DO
BRASIL - Departamento de Organização do Sistema Financeiro – Deorf - Gerência-Técnica em
São Paulo II (GTSP2) - Av. Paulista, 1.804 – 5º andar – 01310-922 São Paulo (SP).
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