gratidão - Editora Nobel

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ELABORADO POR
SÉRGIO SANTOS
BASEADO NOS ENSINAMENTOS DE
DeROSE
A FORÇA DA
GRATIDÃO
(PÚJÁ)
Como o respeito, a honra e a lealdade atuam na
qualidade de vida e na evolução do ser humano.
UNIVERSIDADE DE YÔGA
registrada nos termos dos artigos 45 e 46 do Código Civil Brasileiro sob o no. 37959 no 6o. Ofício.
Al. Jaú, 2000 – Tel.(00 55 11) 3081-9821 – Brasil
FEDERAÇÃO DE YÔGA DO ESTADO DE MINAS GERAIS
Av. do Contorno, 6399 – Tel.: (00 55 31) 3225-4330
Endereços nas demais cidades encontram-se no website:
www.uni-yoga.org
Senhor Livreiro.
Este livro não é de auto-ajuda, nem terapia, muito menos de
esoterismo. Não tem nada a ver com Educação Física, nem com
esportes. O tema Yôga merece, por si só, uma classificação à parte.
Assim, esta obra deve ser catalogada como Yôga e ser exposta na
estante de Yôga.
Grato,
O Autor.
Este livro foi impresso em papel 100%
reciclado. Embora seja mais caro que o
papel comum, consideramos um esforço
válido para preservar as florestas e o meio
ambiente. Contamos com o seu apoio.
É PROIBIDA A REPRODUÇÃO
Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida, copiada, transcrita ou mesmo transmitida
por meios eletrônicos ou gravações sem a permissão, por escrito, do editor. Os infratores
serão punidos pela Lei nº 9.610/98.
Impresso no Brasil / Printed in Brazil
ELABORADO POR
SÉRGIO SANTOS
Discípulo do Mestre DeRose, desde 1983
Formado pela Universidade Internacional de Yôga e Universidade Federal do Rio de Janeiro
Presidente da Federação de Yôga do Estado de Minas Gerais
BASEADO NOS ENSINAMENTOS DE
DeROSE
Doutor Honoris Causa pela Ordem dos Parlamentares do Brasil. Reconhecimento do título de Mestre em
Yôga (não-acadêmico) e Notório Saber pela FATEA – Faculdades Integradas Teresa d´Ávila (SP), pela
Universidades Estácio de Sá (MG), UniCruz (RS), Faculdades Integradas Coração de Jesus (SP),
Universidade do Porto (Portugal) e Universidade Lusófona de Lisboa (Portugal). Comendador e Notório
Saber em Yôga pela Sociedade Brasileira de Educação e Integração. Comendador pela Academia Brasileira
de Arte, Cultura e História. Grau de Cavaleiro pela Ordem dos Nobres Cavaleiros de São Paulo, reconhecida
pelo Regimento de Cavalaria 9 de Julho da Polícia Militar. Medalha de agradecimento da UNICEF da União
Européia. Fundador do Conselho Federal de Auto-regulamentação do Yôga e do Sindicato Nacional dos
Profissionais de Yôga. Fundador da primeira Confederação Nacional de Yôga do Brasil. Introdutor do Yôga
nas Universidades Federais, Estaduais e Católicas do Brasil e em Universidades da Europa. Criador da
Primeira Universidade de Yôga do Brasil e Universidade Internacional de Yôga, em Portugal. Criador do
primeiro projeto de lei em 1978 pela Regulamentação dos Profissionais de Yôga.
A FORÇA DA
GRATIDÃO
(PÚJÁ)
Como o respeito, a honra e a lealdade atuam na
qualidade de vida e na evolução do ser humano.
UNIVERSIDADE DE YÔGA
registrada nos termos dos artigos 45 e 46 do Código Civil Brasileiro sob o no. 37959 no 6o. Ofício.
Al. Jaú, 2000 – Tel.(00 55 11) 3081-9821 – Brasil
FEDERAÇÃO DE YÔGA DO ESTADO DE MINAS GERAIS
Av. do Contorno, 6399 – Tel.: (00 55 31) 3225-4330
Endereços nas demais cidades encontram-se no website:
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SUMÁRIO
Agradecimentos
Definições
Demonstração de que a palavra Yôga tem acento
I) Introdução
Uma prática universal
Uma parte imprescindível do Yôga
O pújá no Yôga
II) Pújá e hinduísmo
As principais influências históricas e filosóficas no Yôga
Sámkhya ou Vêdánta
Brahmáchárya versus Tantra
III) O pújá e o Yôga Tantra-Sámkhya
Pújá Tantra-Sámkhya
Exemplos de reverência Tantra-Sámkhya
Yôga Tantra-Sámkhya
O pújá no ashtánga sádhana
IV) O pújá no magistério do Yôga
A reverência aos instrutores
A dignidade na propagação do SwáSthya Yôga
V) Constituição estrutural do pújá
Báhya e manasika
Mentalização
A aplicação das cores na mentalização
A aplicação das cores no pújá
A eficácia do báhya pújá
Kriyá e bháva
A força do bháva
VI) As quatro partes do pújá
Ao local
Sauchan: a limpeza da morada do yôgin
Ao instrutor
Os graus de instrutores e praticantes
Ao mais antigo Mestre vivo da nossa linhagem
A importância histórica do Mestre DeRose
A revelação do SwáSthya Yôga
A FORÇA DA GRATIDÃO (PÚJÁ)
8
Ao criador do Yôga, Shiva
Shiva Pashupáti
Shiva Shankara
Shiva Natarája
VII) O Pújá e a relação Mestre-discípulo
O discipulado
As duas principais qualidades para ser discípulo
As três fases do discipulado
Os obstáculos
A desonra
Aprendizagem versus questionamento
Como superar os obstáculos
VIII) Nyása e samádhi
Nyása
O Yôga levado a sério
Samádhi
Nyása e dhyána
IX) Ao Mestre, com carinho
Um pújá em cinco textos
Pelo Professor Edgardo Caramella
Pela Instrutora Naiana Alberti
Pelo Professor António Pereira
Pela Instrutora Anahí Flores
Pelo chêla Lúcio Flávio
X) Como dirigir o pújá em sala de aula
Recursos de indução
O fundo musical da sala de práticas
O tempo de duração do anga pújá
Opções de pújá no ashtánga sádhana
XI) Exemplos de locução do pújá
Locuções no ashtánga sádhana
Sintonização com os arquétipos
Locuções circunstanciais
Em circunstâncias públicas
Ao Sistematizador
Um pújá poético
À egrégora do SwáSthya Yôga
XII) A ação efetiva
Exemplos de pújá efetivo no SwáSthya, o Yôga Antigo
Ao Mestre DeRose
À Instituição
Fora da escola
Dentro da escola
SÉRGIO SANTOS
Palavras finais do autor
Material didático
O que é a Primeira Universidade de Yôga do Brasil?
Ficha de inscrição
Ficha de exame médico
Carta aberta aos médicos
Advertência
O que as Unidades Credenciadas da REDE DeROSE oferecem
Endereços de Instrutores Credenciados
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SUMÁRIO DO LEITOR
Este sumário é para ser utilizado pelo leitor, anotando as
passagens que precisarão ser localizadas rapidamente para
referências posteriores.
ASSUNTOS QUE MAIS INTERESSARAM
PÁGINAS
AGRADECIMENTOS
Inicialmente, quero agradecer aos nossos instrutores e alunos que
participaram do processo de idealização, revisão e concretização deste
livro:
aos meus amigos da velha guarda, dois dos mais
antigos professores de SwáSthya Yôga: Maria Helena Aguiar,
Presidenta da Federação de Yôga do Estado do Paraná e Joris
Marengo, Presidente da Federação de Yôga do Estado de Santa
Catarina, pela convivência fraternal e inspiradora, interferindo com
sábios conselhos no direcionamento do presente texto;
à minha companheira, Professora Leyanie Neves,
diretora da Unidade Gutierrez em Belo Horizonte, pela presença
constante e catalisadora, dando à obra um colorido especial;
à Instrutora Anahí Flores, diretora da Unidade
Copacabana, pelas boas idéias que foram incorporadas ao texto;
ao Instrutor César Krauss, da equipe da Unidade
Ipanema, pelo auxílio na revisão do português;
à Instrutora Melina Flores Raschelli, da equipe da
Unidade Copacabana, responsável pela diagramação;
aos meus supervisionados, Instrutores Diogo Monteiro,
Guilherme Bafile, Ieber de Paulo, Luc Ribeiro, Marcello Oliveira,
Otávio Rodrigues, Paulo Pacifici, Renata Drummond e Rômulo
Nascimento que me acompanharam ativamente desde o início da
criação até a maturação desta edição, influenciando no conteúdo geral
do trabalho;
à aluna graduada Marta Staico que, com perspicácia na
correção gramatical, muito ajudou no aprimoramento da minha
escrita.
12
A FORÇA DA GRATIDÃO (PUJÁ)
Em seguida, presto homenagens:
com gratidão, à Universidade de Yôga, egrégora
protetora que me permite evoluir como indivíduo e crescer
profissionalmente;
com orgulho, ao Rotary Club (BH Novas Gerações),
onde compartilho a vontade de servir e a integração ao próximo,
através da filantropia;
com deferência, aos meus pais e demais antepassados
que, mesmo de forma inconsciente, transmitiram-me a semente do
Yôga por meio da herança genética;
finalmente, por tudo e por nada, lanço uma vibração de
reverência e adoração à terra das montanhas e cachoeiras onde nasci,
ao jovial e ensolarado país em que me criei, bem como a todos os
outros lugares e recantos repletos de seres vivos desta nossa grande
nave mãe, singelo e pálido ponto azul viajando na vastidão infinita,
dentro do meu coração.
Dedico este livro ao
Mestre DeRose,
amigo e irmão de
tempos remotos,
personificação da
essência de vida
que habita em
todos os Planos
do meu Universo.
15
SÉRGIO SANTOS
DEFINIÇÕES
Yôga é qualquer metodologia estritamente prática que
conduza ao samádhi.
Samádhi é o estado de hiperconsciência e auto-conhecimento que
somente o Yôga proporciona.
SwáSthya Yôga é o nome da sistematização do Yôga Antigo,
Pré-Clássico, o Yôga mais completo do mundo.
As principais características do SwáSthya Yôga (ashtánga guna) são:
1. sua prática extremamente completa, integrada por oito modalidades de
técnicas;
2. codificação das regras gerais;
3. resgate do conceito arcaico de seqüências encadeadas sem repetição;
4. direcionamento a pessoas especiais, que nasceram para o SwáSthya
Yôga;
5. valorização do sentimento gregário;
6. seriedade e profissionalismo superlativos;
7. alegria sincera;
8. lealdade inquebrantável.
Pújá é um comportamento universal de gratidão, reverência
e lealdade que manifesta-se através de pensamentos,
palavras, gestos e obras.
O pújá corresponde a uma das partes do SwáSthya, o Yôga Antigo.
A FORÇA DA GRATIDÃO (PÚJÁ)
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DEMONSTRAÇÃO
DE QUE A PALAVRA YÔGA TEM ACENTO
NO SEU ORIGINAL EM ALFABETO DÊVANÁGARÍ:
=
YA (curta).
=
YAA ∴ YÁ (longa).
=
YOO* ∴ YÔ (longa).
=
YÔGA
C.Q.D.
Embora grafemos didaticamente acima YOO, este artifício é utilizado apenas para o
melhor entendimento do leitor leigo em sânscrito. Devemos esclarecer que o fonema ô
é resultante da fusão do a com o u e, por isso, é sempre longo, pois contém duas
letras. Nesta convenção, o acento agudo é aplicado sobre as letras longas quando
ocorre crase ou fusão de letras iguais (á, í, ú). O acento circunflexo é aplicado quando
ocorre crase ou fusão de letras diferentes (a + i = ê; a + u = ô), por exemplo, em
sa+íshwara=sêshwara e AUM, que se pronuncia ÔM. Daí grafarmos Vêdánta. O
acento circunflexo não é usado para fechar a pronúncia do ô ou do ê, pois esses
fonemas são sempre fechados. Não existe, portanto, a pronúncia “véda” nem “yóga”.
O acento circunflexo na palavra Yôga é tão importante que mesmo em livros
publicados em inglês e castelhano, línguas que não possuem o circunflexo, ele é
usado.
Bibliografia para o idioma espanhol:
Léxico de Filosofía Hindú, de Kastberger, Editorial Kier, Buenos Aires.
Bibliografia para o idioma inglês:
Pátañjali Aphorisms of Yôga, de Srí Purôhit Swámi, Faber and Faber, Londres.
Encyclopædia Britannica, no verbete Sanskrit language and literature, volume XIX,
edição de 1954.
Bibliografia para o idioma português:
Poema do Senhor, de Vyasa, Editora Relógio d`Água, Lisboa.
Se alguém declarar que a palavra Yôga não tem acento, peça-lhe para mostrar como se escreve o
ô-ki-matra (o-ki-matra é um termo hindi utilizado atualmente na Índia para sinalizar a sílaba forte).
Depois, peça-lhe para indicar onde o ô-ki-matra aparece na palavra Yôga (ele aparece logo depois
da letra y). Em seguida, pergunte-lhe o que significa cada uma das três partes do termo ô-ki-matra.
Ele deverá responder que ô é a letra o; ki significa de; e matra traduz-se como acento, pausa ou
intervalo. Logo, ô-ki-matra traduz-se como “acento do o”. Então, mais uma vez, provado está que
a palavra Yôga tem acento.
-IINTRODUÇÃO
Pújá1, do sânscrito2, traduz-se como oferenda, honra, adoração,
respeito, reverência, veneração ou homenagem. Acredita-se que o
termo seja derivado de pu-chey (oferenda de flores), proveniente do
dravídico, uma das línguas que deram origem ao sânscrito. Este, por
sua vez, influenciou etimologicamente diversos idiomas modernos,
provavelmente, até o português.
O verbo pujar, por exemplo, significa superar, suplantar; o adjetivo
pujante: possante, potente, fecundo; o substantivo pujança: força,
vigor, energia, grandeza. Isso pode ser apenas coincidência, mas o
fato é que em nossa língua todos esses significados têm muita
semelhança com a acepção do termo em sânscrito, denotando o seu
grau de importância.
1 Pronuncie púdja, com a tônica no u.
2 O sânscrito é uma língua morta, tal qual o latim, só que mais antiga. O sânscrito é
aplicado em várias atividades humanas: na música, nas ciências e nas filosofias hindus
em geral.
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A FORÇA DA GRATIDÃO (PÚJÁ)
UMA PRÁTICA UNIVERSAL
O pújá em si é algo espontâneo, um comportamento inato e instintivo
de gratidão, reverência e lealdade. Encontra-se presente no âmago de
cada ser humano e remonta a tempos imemoriais de todos os lugares
do planeta.
Tal gratidão é uma atitude universal, observada no cotidiano sob as
mais variadas manifestações culturais, sejam filosóficas, artísticas,
cívicas, políticas, religiosas ou científicas.
Para exemplificar, classificamos como pújá: uma criança oferecendo
espontaneamente uma maçã à sua professora antes da aula; um
estudante homenageando os pais ao concluir a faculdade; um soldado
honrando o seu País ao hastear a bandeira; um discípulo
reverenciando e defendendo o seu Mestre e a sua linhagem, entre
outros. Para ser designado como pújá, é preciso haver um sentido
hierarquicamente ascendente: parte do aluno ao professor, do filho aos
pais, do devoto à divindade, do discípulo ao Mestre. Jamais o
contrário.
A intenção por trás do ato é outra relevante característica dessa
prática. Significa agir com abnegação e sem esperar retorno, motivado
pela satisfação de agradecer, honrar, servir e doar-se. Tudo isso são
diferentes formas para demonstrar a generosidade da nossa raça,
virtude que nos permite viver e evoluir em sociedade.
O pújá acha-se bem desenvolvido e estruturado no Oriente,
especialmente na Índia. De fato, tal conceito é muito popular naquele
país. Além de ser aplicado habitualmente no cotidiano hindu, esse
costume também está inserido numa filosofia denominada Yôga3, um
dos seis pontos de vista (darshanas) do hinduísmo. A intenção deste
trabalho é fundamentar o pújá por meio daquela filosofia.
3
Leia, pronuncie e escreva corretamente: o Yôga (termo sânscrito, de gênero masculino,
com Y, acento circunflexo e o o fechado). Escrever ou pronunciar o vocábulo Yôga de
outras maneiras não é uma mera questão de opinião ou gosto pessoal: é uma questão de
estudo, conhecimento, princípios e caráter. Espero, então, que você tenha essa mesma
disposição em ler, pronunciar e escrever corretamente como estamos ensinando: o Yôga.
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SÉRGIO SANTOS
UMA PARTE IMPRESCINDÍVEL DO YÔGA
O melhor significado do termo sânscrito Yôga é integração consigo
mesmo, com os outros seres e com o Universo. A definição mais
abrangente é: “Yôga é qualquer metodologia estritamente prática que
conduza ao samádhi4.”
O Yôga nasceu na Índia, há mais de 5.000 anos. Originalmente, é
composto por vários conjuntos de técnicas integrados numa
metodologia prática, podendo ser comparado a um colar de pérolas. O
pújá representa uma dessas pérolas e, a filosofia do Yôga, o fio que as
une, formando o colar.
Hoje em dia, as mais variadas linhas de Yôga são praticadas por
pessoas no mundo todo. No entanto, a grande maioria dos ocidentais
desconhece o pújá, diferentemente do hindu que sempre o utiliza.
Dissociá-lo do Yôga é comprometer a autenticidade dessa filosofia
prática e conseqüentemente a evolução do praticante.
O PÚJÁ NO YÔGA
O pújá no Yôga é realizado tanto na forma de reverência, oferenda e
demonstração de lealdade, quanto por meio dos serviços prestados aos
instrutores, mestres e demais preceptores de uma linhagem.
O objetivo do Yôga é expandir a consciência a patamares superlativos.
Por meio de uma determinada combinação de técnicas, o praticante
desenvolve-se de maneira gradativa, ampliando sua vitalidade
orgânica, passando pelo aprimoramento emocional e mental, até o
aperfeiçoamento no plano intuicional e monádico.
Durante o processo evolutivo aprimora-se o ego, ferramenta
importante que deve ser aproveitada pelo ser humano. Para tanto, é
4 Há mais de 20 anos, tal definição foi elaborada pelo Mestre DeRose e divulgada em
vários congressos internacionais. Desde então, tem sido a mais bem aceita,
principalmente noutros países, pois engloba as propostas da maior parte das linhas de
Yôga. É muito importante registrar tal fato, já que muitos conceitos desse Mestre
brasileiro têm sido apropriados sem que lhe sejam concedidos os merecidos créditos.
20
A FORÇA DA GRATIDÃO (PÚJÁ)
preciso não se deixar conduzir por ele, mas guiá-lo para fins
construtivos. Um dos principais motivos pelos quais centenas de
linhas de Yôga têm surgido é a hipertrofia do ego de alguns
instrutores. Estes, muitas vezes, acham que já sabem o suficiente e
abandonam seus Mestres para “criar” seu próprio Yôga (!).
No entanto, fora da relação Mestre-discípulo, a meta do Yôga
dificilmente é alcançada. Para transcender nossa personam, é preciso
contar com a interferência gravitacional de um Mestre. Inicialmente, é
necessário educar-se na arte de servir. Tal atitude denomina-se
gurúsêvá, primeira e mais importante fase do discipulado. E é nessa
fase educativa que se aprende o significado do pújá: torrente de luz a
nos levar pelo mar da sabedoria que integra a prática milenar do
SwáSthya, o Yôga Antigo.
- II PÚJÁ E HINDUÍSMO
Hinduísmo é o nome de uma tradição cultural iniciada mais ou menos
a partir do século XV a.C. e que admite, ao mesmo tempo, princípios
ateístas e teístas, religiosos ou não, arte, arquitetura, música, dança,
filosofia, etc.
O pújá é exercido pelos hindus5 para homenagear desde figuras
mitológicas, personalidades ilustres do passado e do presente, objetos
simbólicos, locais famosos, seres animados ou não, a natureza e até
uma egrégora6 – o “ser” coletivo, superior a cada um dos indivíduos
isolados. As oferendas constituem-se de flores, frutas, dinheiro,
tecidos, incenso, perfumes, comida, bem como de mentalizações e
ações efetivas.
Existem certos aspectos devocionais da sociedade hindu que
distanciam-se dos objetivos do presente livro. Nosso intuito é tratar do
pújá em suas formas mais arcaicas. Para tanto, sintetizaremos as
principais influências culturais sofridas pelo Yôga durante a sua
história. Tal abordagem é essencial na composição da trama dessa
5 Não confunda os termos hindu e indiano. “Hindu é o indiano que pertence à tradição
cultural do hinduísmo. Indiano é a nacionalidade que abarca hindus, jainas, budistas,
muçulmanos, sikhis, cristãos, etc.” Mestre DeRose, Programa do Curso Básico.
6 “Egrégora provém do grego egrégoroi e designa a força gerada pelo somatório de
energias físicas, emocionais e mentais de duas ou mais pessoas, quando se reúnem com
qualquer finalidade.” Mestre DeRose, Yôga, Mitos e Verdades, p. 102 da 35ª. edição.
22
A FORÇA DA GRATIDÃO (PÚJÁ)
filosofia milenar, tendo o pújá como um dos seus fios mais
importantes.
AS PRINCIPAIS INFLUÊNCIAS HISTÓRICAS E
FILOSÓFICAS NO YÔGA
O hinduísmo é um sincretismo desenvolvido pelos áryas (ou arianos),
mas influenciado pelos drávidas. Drávida é o nome de uma etnia que
habitou a extinta Civilização do Vale do Indo, na qual foram
descobertos os primeiros indícios do Yôga na Índia.
Tal civilização existiu aproximadamente entre 2500 a.C. e 1500 a.C.
Sua extinção deveu-se a dois fatores principais: o primeiro, decorrente
de causas naturais, como inundações, desvios de rios e terremotos. O
segundo está intrinsecamente ligado ao ataque, à pilhagem e à chacina
protagonizados pelos áryas – povos nômades provenientes da Europa
e da Ásia Central.
A Índia foi o território mais invadido da história e, por isso,
influenciado pelas mais diversas culturas. Inicialmente vieram os
arianos, depois os gregos, os persas, os hunos, os árabes, os mongóis,
os portugueses, os franceses, os ingleses, etc7.
A maioria dos costumes dravídicos perdeu-se no tempo, mas alguns
deles, como o Tantra e o Sámkhya8, sobreviveram paralelamente às
tradições arianas, como o Vêdánta e o Brahmáchárya. A prática do
Yôga pode ser influenciada principalmente por esses quatro sistemas
que se combinam ou se contrapõem entre si.
SÁMKHYA OU VÊDÁNTA
Sendo filosofias especulativas, o Sámkhya e o Vêdánta dão diferentes
explicações para o homem e o Universo, conjecturando e respondendo
7 O Estado indiano possui 17 línguas oficiais e mais de 1.500 dialetos.
8 Leia o livro Yôga, Sámkhya e Tantra, deste autor.
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