yoga - Carlos João Correia

Propaganda
Yoga
historiografia
e
religiosidade
Imagem retirada da internet
Yoga(s): fruto de contexto histórico múltiplo e complexo
Daoismo
Chi-kung
Budismo
Zen
Tai-chi
Budismo
Theravada
Budismo
Vajrayana
Jainismo
Dharshanas:
Samkhya;
Yoga sutras;
outros
Hatha
yoga
“Nath”
ayurveda
Épicos:
Mahabarata
(Bhagavad
Guítá);
Ramayana
Tantras
Agamas
Samhitas
Yoga
Artes
marciais
indianas
Puranas
Sufismo
Neo
Vedanta
Shatktísmo
Shivaísmo
Vaishnaísmo
Advaita
Vedanta
Teosofismo
(e similares)
Movimento hippie,
alternativo;
“New age”
Ocultismo(s)
Animismo
Xamanismo
Hatha
yoga
moderno
Nacionalismo
Hindu
Vedas
Upanishads
Danças
indianas
Alquimia
Cristianismo
ascético/místico
Romantismo
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Contexto cultural oriental,
múltiplo, interligado,
complexo, contraditório
Como pegar num aspecto
cultural presente em variadas,
vastas e complexas tradições…
Nova religião no
ocidente
contemporâneo:
“X Yoga”
“XGuru Yoga”
…e criar
uma nova
“cultura”?
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Problema:
Pode uma história ajudar a criar uma identidade religiosa, e a revelá-la?
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Estudo de caso concreto, exemplificativo
Escola de “Swásthya Yôga”, ou “Método DeRose”
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“A proposta deste livro é […] o resgate da imagem de um Yôga Ancestral que,
fora da nossa linhagem, já não se encontra em parte alguma.”
“[…]quase nada há escrito sobre o Yôga Antigo, que é muito mais fascinante.
O Yôga Pré-Clássico é uma peça viva de arqueologia cultural, considerada
extinta na própria Índia, seu país de origem há mais de 5.000 anos.
O que é raro é mais valioso, mas, independentemente desse valor como
raridade, o Yôga Pré-Clássico é extremamente completo e diferente de tudo
o que você possa estereotipar com o cliché “Yôga”. Além disso tudo,
ao estudar essa modalidade, temos ainda a satisfação incontida de estar
dedicando-nos ao Yôga original, logo, o mais autêntico de todos.
DeRose, Origens do yôga antigo, páginas 27 e 28
Mas…
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Negação do carácter religioso
“Em termos de classificação, Yôga é uma
filosofia. Filosofia de vida. Filosofia prática.”
DeRose, Origens do yôga antigo, página 46
Yoga:
filosofia; filosofia de auto-conhecimento; filosofia de vida;
filosofia prática; filosofia naturalista; cultura; espiritualidade;
arte; ciência; terapia; desporto; método; …
… tudo menos: religião!
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Porquê a negação do carácter religioso?
R: Questão de marketing, de posicionamento no mercado das consciências
ocidentais
1- A maioria da população já se diz seguidora de uma religião.
Evita-se o confronto e concorrência directa
2 – Conotação negativa das palavras
-  Religião: inquisição; repressão; atraso; passado; fundamentalismo;
corrupção;
-  Seita: diferente; herege; demoníaco; heresia; perseguição, sectarismo,
fanatismo, proselitismo; alienação; manipulação;
O que caracteriza o ser religioso?
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•  Religião como modo de vida, como caminho
Pensar, agir e sentir
Indícios, cumulativos e interligados, de religiosidade:
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Institucionalização – grupo organizado, com meios e fins
Locais de culto: escolas onde se pratica, estuda, trabalha e convive
Regulamentação: institucional; etiqueta; ética, moral, doutrinal, epistemológica,
Guru – inspiração, veneração, devoção, fidelidade, obediência a um líder-guia
Sangha – comunidade religiosa, reforço da identidade grupal
Hierarquia religiosa, “clero” : instructores, devotos e/ou gestores
Pensamento mágico- através da prática obtém-se um êxtase místico iluminador
Rituais: a pratica do yoga e o trabalho pelo guru e sua causa
Existência de uma doutrina “filosófica” estabelecida e de dogmas de fé
Ideal utópico, visionário, uma causa
Visão histórica: idealista, teleológica, reveladora de sentido e causa
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Que tipo de história ajuda a conformar a religiosidade?
“A HISTÓRIA É SÓ ESTÓRIA:
NÃO ACREDITE NELA!
Os historiadores sabem-no bem: não é à toa que história e estória
(History & story) têm a mesma origem semântica. Em inglês é
etimologicamente muito significativo que a palavra History seja
composta de his+story (sua estória, sua versão). No fundo, é tudo
mitologia.”
DeRose, Yoga, mitos e verdades, página 313
Uma história mitológica…
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Visões diferentes da história:
História científica, académica
História mitológica, ideológica, teleológica
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Duas filosofias historiográficas diferenciadas
História construtivista,
História essencialista,
Multidisciplinar, reproblematizante
Mitológica, romântica e legitimadora
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Dogma de fé legitimador:
“QUAL É O YÔGA MAIS AUTÊNTICO
Não há dúvida de que o Yôga mais autêntico é o original.
Todos concordam com essa premissa. O primeiro a surgir
é o mais legítimo. As outras variedades modificaram a
proposta e a estrutura inicial, conseqüentemente,
passaram a oferecer versões menos genuínas.”
DeRose, Origens do yôga antigo, página 46
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“UMA VIAGEM NO TEMPO E NO ESPAÇO
O estudo do Yôga e da sua história é cativante
por tratar-se de uma aventura no tempo e no
espaço. Primeiramente, transportamo-nos ao
Oriente, à Índia, região para nós misteriosa, […]
Além dessa viagem ao Oriente, precisamos
realizar uma expedição no tempo, recuando mil,
dois mil, três, quatro, cinco mil anos! Como seria
o povo que viveu naquela época? Quais seriam
seus valores e estrutura comportamental ? […]”
DeRose, Origens do yôga antigo, página 46
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Origem/salvação transcendentes. Heterotópia
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Transcendencia
celeste
Mito do eterno retorno
Passado
préhistórico
“algures num passado distante”
Eu no
aqui e
agora:
inferno
Futuro
“interior”
“O Yôga Antigo data de 5.000 anos, um período denominado proto-histórico, pois nem mesmo histórico ele
chegava a ser, já que não foram encontrados textos escritos que registrassem a história. A questão é que não
conseguimos sequer imaginar como era aquela civilização. Uma coisa parece certa: não eram religiosos. “
Mito do eterno retorno
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História: corrompe; deturpa, fragmenta, desune, torna impuro, caótico, infernal
Rito
Mito
Rito reactualiza o Mito
O mito refere-se ao que é original,
essencial, sagrado, puro, uno.
Um ideal de perfeição, que é,
ao mesmo tempo, verdade, paz,
felicidade e liberdade, justiça, ordem,
harmonia, salvação… o paraíso!
Rito é o sacrificio, seja isso a prática
técnica do yoga, um acto devocional,
uma oferenda (puja); ou algo mais
genérico, como o trabalho pela causa,
cujo custo de realização, em nome do
reviver do ideal de perfeição “original”,
sacraliza o adepto
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Pode uma história ajudar a criar uma identidade religiosa, e a revelá-la?
Sim.
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A função da história mitológica no contexto religioso:
O mito é cosmogónico, ontológico, escatológico,
“[…]a verdadeira proposta do Yôga original é relativamente fácil de se
demonstrar pelo estudo da Cronologia Histórica do Yôga.”
“Um belo dia, descortinei uma modalidade que ficara perdida durante
séculos, o Yôga Pré-Clássico. […]O resultado foi impactante e pode
mudar a História do Yôga.”
DeRose, Origens do yôga antigo, página 30
Origem
História
Indivíduo
(Re)fazer a história torna-se o próprio fim e coloca o indivíduo como princípio,
meio e fim da sua propria saga.
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O mito é o nada que é tudo
Fernando Pessoa
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Outras possibilidades de pensar a questão historiográfica do yoga
1- Historicidade construtivista:
as identidades são múltiplas, complexas e reconstroem-se constantemente
2 – Hipótese historiográfica progressista:
o conhecimento do yoga como ferramenta técnico-pratica vai aumentando
3 – O yoga fora do tempo-espaço:
yoga sou eu a responder a “quem sou”, a (re)conhecer-me a mim mesmo,
ao “si mesmo”, Purusha/ Atman-Brahman, o real.
O “sentimento de si” não é histórico-cultural.
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“Aquele que vê vive no seu esplendor”
Yoga-sutra I,3
Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,
Nem invejas que dão movimento demais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,
E sempre iria ter ao mar.
Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos,
se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o.
Ricardo Reis
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