AVALIAÇÃO DA REDUÇÃO DE DOSES DO INSETICIDA GRANULADO RALZER 50 GR PARA O CONTROLE DA BICHEIRA-DA-RAIZ EM ARROZ IRRIGADO. Dionísio Link. CCR/UFSM. Prédio 42. Cidade Universitária. 97105-900. Santa Maria – RS. E-mail: <[email protected]> Palavras-chave: Oryzophagus oryzae, controle químico. Oryzophagus oryzae (Costa Lima, 1936) (Coleoptera: Curculionidae) é um dos insetos mais daninhos à cultura do arroz irrigado no Rio Grande do Sul. São as formas larvais deste gorgulho aquático que se alimentam das raízes das plantas de arroz após o início da irrigação permanente. Já foi constatada sua ocorrência em todas as regiões orizícolas do Rio Grande do Sul e, a cada safra, é maior o número de lavouras com a presença desta praga. Algumas práticas culturais tradicionais do manejo da cultura do arroz, como aplainamento da lavoura, destruição dos restos culturais e limpeza dos canais de irrigação, são reconhecidamente eficazes para diminuir os níveis populacionais da praga. Em certas situações, contudo, tais procedimentos não são suficientes para impedir infestações do inseto em densidades populacionais prejudiciais ao cultivo. Nestas circunstâncias, a alternativa de controle tem sido a utilização de Carbofuran granulado, em cobertura, na água de irrigação, para o controle das larvas. A necessidade de fornecer alternativas quanto a formulações e doses para que orizicultor possa utilizar aquela mais adequada à sua lavoura motivou o presente trabalho. Um ensaio de controle da bicheira-da-raiz foi instalado na lavoura de arroz de propriedade do Sr. Henrique Orlandi, no Município de Guaíba, RS, na safra agrícola 2001/02,usando avaliar a redução de dosagem do inseticida Ralzer 50G. A lavoura, com a cv. BR-IRGA 410, foi semeada em linhas de 17,5cm de espaçamento entre si, utilizando-se 180kg de sementes/ha, em 04 de dezembro de 2001. A adubação de base, 200kg da fórmula 5-20-30, seguiu as recomendações da ROLAS (Rede Oficial de Laboratórios de Análises de Solos). Em cobertura foram aplicados 50kg de N, na forma de uréia na DPF (Diferenciação do Primórdio Floral), aos 50 dias após a semeadura. Para o controle de invasoras foi aplicado o herbicida GAMIT em toda a lavoura, de forma uniforme. As parcelas com 12m2 de área total (4,0m de comprimento x 3m de largura) estavam cercadas por taipas individualizadas e controle de entrada e saída de água, independente. Em delineamento de blocos ao acaso com seis tratamentos e quatro repetições, foi iniciada a entrada de água em 30/12/2001 e, treze dias depois com um granuladeira manual tipo saleiro, foram aplicados os seguintes produtos:a) CARBOFURAN, (FURADAN 100 G) nas doses de 250g e 400g* de i.a./ha, equivalentes a 2,5kg e 4,0kg do produto comercial/ha;(* A dose de 400g de i.a./ha foi utilizada como padrão). b) CARBOFURAN, (RALZER 50 GR) nas doses de 250g, 400g e 500g de i.a./ha, equivalentes a 5kg, 8kg e 10kg do produto comercial/ha; c) TESTEMUNHA, sem aplicação de produto. No dia 12 de janeiro de 2002, treze dias depois da entrada da água (13 DDEA), às 17h30min., numa temperatura de 300C e 75% de umidade relativa do ar (UR), foram aplicadas as diferentes doses das duas formulações comerciais de Cabofuram. Avaliou-se a população de larvas infestantes em duas ocasiões, sendo a primeira 10 dias após a aplicação das doses (10 DAT), e a segunda aos 20 dias depois do tratamento (20 DAT). Com amostrador (tubo) de 100mm de diâmetro e com comprimento (útil) de 150mm foram retiradas 8 amostras de cada parcela ou unidade experimental. As amostras foram retiradas segurando-se uma touceira de arroz tomada aleatoriamente e introduzindo o amostrador no solo em uma profundidade de 150mm, sendo então o material colhido colocado num balde, contendo água e agitado vigorosamente. As larvas sobrenadantes foram contadas neste momento. Os dados populacionais de larvas do gorgulho aquático foram tabulados e submetidos à análise da variância, transformados em x + 0,5 e as médias agrupadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade (NAKANO et al., 1981). A população infestante de larvas do gorgulho aquático, bicheira-da-raiz, apresentou uma densidade tal, que se não controlada, causaria quebra significativa no rendimento (MARTINS & BOTTON, 1997; MARTINS et al., 1995). Os produtos foram aplicados em ocasião considerada adequada para apresentarem boa eficiência de controle (EMBRAPA CLIMA TEMPERADO, 1999). Os resultados da ação dos produtos sobre a população da bicheira-da-raiz acham-se descritos na Tabela 1. TABELA 1 – Efeito de doses e produtos granulados aplicados sobre as plantas de arroz, no controle de larvas de Oryzophagus oryzae . Guaíba, RS, safra 2001/02. Tratamentos Doses** Ralzer 50 GR Ralzer 50 GR Ralzer 50 GR Furadan 100 G Furadan 100 G Testemunha C.V. (%) 250 400 500 250 400 ----- Ralzer 50 GR Ralzer 50 GR Ralzer 50 GR Furadan 100 G Furadan 100 G Testemunha C.V. (%) 250 400 500 250 400 ----- Larvas/amostra Média 10 DAT 1,50b 0,50b 0,00b 1,75b 1,00b 10,75a 29,92 20 DAT 2,25b 0,50bc 0,25c 2,50b 1,00bc 14,25a 21,90 PC 86,04 95,34 100,00 83,72 90,69 ---- 84,21 96,49 98,24 82,45 92,98 ---- * médias nas colunas, seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si (Tukey a 5%); PC –porcentagem de controle (fórmula de Abbott); DAT – dias após a aplicação dos tratamentos inseticidas. ** g.i.a. / ha CARBOFURAN, nas doses e formulações testadas, foi altamente eficaz no controle da população de larvas da bicheira-da-raiz, similar ao descrito na literatura quando foram utilizadas doses mais elevadas (OLIVEIRA, 1991, 1993, 1995; PRANDO, 1995; LINK & COSTA, 1995; PRANDO & STUKER, 1997). A redução da dose mostrou que a mesma é viável, e que a eficácia do produto está dentro dos padrões exigidos pelos órgãos oficiais. Durante todo o período experimental não se verificou fitotoxicidade ao arroz irrigado. Nas condições em que foi conduzido o experimento, pode-se concluir que CARBOFURAN, nas doses do teste, nas duas formulações comerciais, é eficiente no controle da bicheira-da-raiz do arroz, quando a aplicação é realizada dentro do período recomendado; RALZER 50 GR controla a larva da bicheira-da-raiz do arroz, da mesma forma que o FURADAN; a redução da dose registrada, para 250g de i.a./ha, pode ser recomendada, haja vista sua eficácia de controle. Referências bibliográficas EMBRAPA CLIMA TEMPERADO. Arroz Irrigado: Recomendações Técnicas da Pesquisa para o Sul do Brasil. Pelotas: EMBRAPA CLIMA TEMPERADO, 1999. 124p. LINK, D., COSTA, E.C. Controle químico da bicheira-da-raiz do arroz, Oryzophagus oryzae (Costa Lima, 1936) em arroz irrigado. in: REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 21, Porto Alegre, 1995. Anais... Porto Alegre: IRGA, 1995. 333p. p.208. MARTINS, J.F. da S., BOTTON, M., CARBONARI, J.J., GALINA, J.C., CANDIA, V.A. Avaliação do dano causado por Oryzophagus oryzae às cultivares de arroz BR IRGA 410 e BR IRGA 414. In: REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 21, Porto Alegre, 1995. Anais... Porto Alegre: IRGA, 1995. 333p p. 214-217. MARTINS, J.F. da S., BOTTON, M. Caraterização da bicheira-da-raiz na cultura do arroz irrigado e alternativas de controle. In: REUNIÃO SUL BRASILEIRA DE INSETOS DE SOLO, 4, Passo Fundo, 1993. Anais e Ata... Passo Fundo: EMBRAPA/CNPT, 1997. p. 33-50. NAKANO, O., SILVEIRA NETO, S., ZUCCHI, R.A. Entomologia Econômica. Piracicaba: Livroceres, 1981. 314p. OLIVEIRA, J.V. Controle químico da bicheira-da-raiz Oryzophagus oryzae (Costa Lima, 1936) em arroz irrigado. In: REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 19, Balneário Camboriú, 1991. Anais... Florianópolis: EMPASC, 1991.350p. p. 232-233. OLIVEIRA, J.V. Controle químico da bicheira-da-raiz Oryzophagus oryzae (Costa Lima, 1936) em arroz irrigado. In: REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 20, Pelotas, 1993. Anais... Pelotas: EMBRAPA /CPACT, 1993. p. 215-216. OLIVEIRA, J.V. Controle químico da bicheira-da-raiz Oryzophagus oryzae (Costa Lima, 1936) em arroz irrigado. In: REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 21, Porto Alegre, 1995. Anais... Porto Alegre: IRGA, 1995. 333p. p. 223-224. PRANDO, H.F. Avaliação de inseticidas no controle da bicheira-da-raiz (Oryzophagus oryzae) (Costa Lima, 1936) (Coleoptera: Curculionidae). In: REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 21, Porto Alegre, 1995. Anais... Porto Alegre: IRGA, 1995. 333p. p. 209-211. PRANDO, H.F., STUKER, H. Controle químico de gorgulhos aquáticos com tratamento de sementes e em “benzedura” no sistema pré-germinado em Santa Catarina. In: REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 22, Balneário Camboriú, 1997. Anais... Itajaí: EPAGRI, 1997. 580p. p. 314-317. NOVOS ISOLADOS E PROTEÍNAS CRY DE BACILLUS THURINGIENSIS APLICADOS NO CONTROLE DE LAGARTAS DE SPODOPTERA FRUGIPERDA Diouneia Lisiane Berlitz (1), Aline Oliboni de Azambuja(1), Ana Cristina Antonio(1), Jaime Vargas de Oliveira (2) & Lidia Mariana Fiuza (1,2). 1UNISINOS – Lab. de Microbiologia - São Leopoldo, RS. E-mail: [email protected]; [email protected] 2 Instituto Riograndense do Arroz- EEA, Cachoeirinha, RS, Brasil. Palavras-chave: bactéria entomopatogênica, lagarta militar, controle biológico, genes cry. O arroz destaca-se por sua importância econômica e comercial, sendo largamente produzido por diversos países do mundo. No Brasil a produção de arroz em casca chega a 9,5 milhões de toneladas (Pinto et al., 2003), sendo que, no Estado do Rio Grande do Sul há um constante aumento na área de cultivo (Weber et al., 2003). Porém, ocorrem perdas na produtividade desta cultura devido ao ataque de pragas de diversas espécies. Considerada um inseto–praga da fase inicial da cultura do arroz irrigado e também do arroz sequeiro, Spodoptera frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae) ataca as partes aéreas da planta, chegando a destruir completamente a cultura quando não irrigada (Alves, 1992). Nessa cultura os lepidópteros vêm sendo controlados através da aplicação de inseticidas químicos, os quais mostram-se poucos seletivos aos inimigos naturais, sendo esses responsáveis pelo alto impacto ambiental nas áreas de cultivo. Sendo assim, as bactérias entomopatogênicas são utilizadas como alternativa de controle biológico de insetos-praga. Dentre estas, destaca-se Bacillus thuringiensis (Bt), que se caracteriza pela produção de cristais durante a esporulação (Höfte & Whiteley, 1989). Estes cristais possuem toxinas que são ativadas no intestino médio de insetos susceptíveis. De acordo com a classificação dos genes cry de B. thuringiensis, as proteínas Cry codificadas por estes genes são divididas conforme sua atividade inseticida (Crickmore et al., 1998). Com o objetivo de selecionar novos isolados e proteínas Cry dessa bactéria para aplicação no manejo de lepidópteros na orizicultura, foram realizados ensaios de seletividade in vivo e da análise de proteínas Cry in vitro. Na pré-seleção as cepas de B. thuringiensis foram previamente isoladas de solo de regiões orizícolas do Rio Grande do Sul, e os isolados selecionados foram crescidos em meio usual glicosado por 48h, a 28° C e 180 rpm. Em seguida foram centrifugados a 5000 rpm por 15 min e o sobrenadante foi descartado. O pellet bacteriano foi ressuspendido em água destilada esterilizada e foi realizada a contagem de células em Câmara de Neubauer e microscopia óptica. Para os ensaios in vivo, lagartas do 3° ínstar de S. frugiperda foram acondicionadas individualmente em mini-placas de acrílico contendo dieta artificial e 100 µL da suspensão bacteriana a 1.1010 células/mL. Na testemunha o tratamento foi substituído por água destilada e esterilizada. Nos bioensaios foram utilizados 20 insetos para cada tratamento. A mortalidade foi analisada no 7° dia após a aplicação dos tratamentos e corrigida pela fórmula de Abbott. Os resultados da toxicidade dos 24 isolados testados mostraram que 58% foram patogênicos à espécie alvo, causando mortalidade corrigida entre 5% e 100% (Figura 1). 1958-2 2603-8 2603-3 3474-1 1733-6 1958-1 3474-3 2292-10 1958-9 1958-8 2292-3 1954-4 1491-5 1950-2 Mortalidade Corrigida (%) Mortalidade de lagartas de S. frugiperda 100 80 60 40 20 0 Isolados de B. thuringiensis Figura 1. Toxicidade de novos isolados de B. thuringiensis em lagartas de 3° ínstar de S. frugiperda. Os isolados que causaram mortalidade superior a 30% foram classificados de acordo com a sua região de origem, cujos dados encontram-se descritos na Tabela 1. Tabela 1. Dados dos isolados de Bacillus thuringiensis obtidos de amostras de solo das regiões orizícolas do RS, UNISINOS/IRGA, 2003. Isolados Bt 1733-6 Bt 3474-1 Bt 2603-3 Bt 2603-8 Bt 1958-2 Região Município Textura Dep. Central Dep. Central Litoral Litoral Litoral Agudo 24 Caçapava 24 Capivari Sul 7 Capivari Sul 7 Arroio Grande 17 MO1 Ca2 Mg3 MC4 43 61 54 54 71 13,3 5 3,1 3,1 1,9 3,1 2,2 0,8 0,8 1,1 31,6% 40% 60% 60% 100% (1)- Matéria orgânica; (2)- Cálcio; (3)- Magnésio; (4)- Mortalidade corrigida. Conforme a Tabela 1, a cepa Bt 1958-2 mostrou 100% de efeito letal à espécie alvo. Considerando as características do solo da região de coleta desta amostra, foi observado uma maior concentração de matéria orgânica, e menor de Cálcio e Magnésio. Comparando estes dados com as demais regiões, constata-se uma pequena diferença nestes parâmetros. Devido a ausência de estudos a respeito da distribuição e da relação ecológica deste microrganismo, esses dados sugerem que a patogenicidade de novas cepas de B. thuringiensis pode estar relacionado com as características do solo, pois o mesmo representa o habitat natural do entomopatógeno. Entre os 24 isolados avaliados, 10 não apresentaram efeito tóxico à lagarta-militar, sendo esses: Bt 1737-2, Bt 1732-12, Bt 1950-1, Bt1871-16, Bt 2612-1, Bt 1736-3, Bt 2049-3, Bt 1954-8, Bt 1871-1 e Bt 1871-2. A análise do perfil das proteínas Cry, presentes nos novos isolados de B. thuringiensis, através de SDS-PAGE a 10% (Laemmli, 1970) encontram-se ilustradas na Figura 2. 1 2 3 4 5 C M 200 KDa 97 68 43 29 Figura 2. Perfil protéico em SDS-PAGE (10%) dos isolados de Bacillus thuringiensis com atividade inseticida contra lagartas de Spodoptera frugiperda. (M) Marcador de Peso Molecular, (1) Bt 1733-6, (2) Bt 3474-1, (3) Bt 2603-8, (4) Bt 2603-3, (5) Bt 1958-2, (C) Bt aizawai. O isolado Bt 1958-2 que apresentou alto potencial inseticida será avaliado para a determinação da Concentração Letal Média (CL50), a qual poderá ser utilizado para formulação de um bioinseticida, assim como serão purificadas as proteínas Cry cujo peso molecular predominante encontra-se entre 200 e 97kDa. Em seguida, também será determinada a CL50 para cada proteína sintetizada pelo isolado, as quais são codificadas por genes cry promissores na engenharia genética de plantas resistentes aos lepidópteros pragas da cultura do arroz, especialmente às lagartas de S. frugiperda. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, S.B.; ZUCCHI, R.A.; VENDRAMIN, J.D. Pragas do milho, arroz, trigo e sorgo. Curso de Entomologia Aplicado à Agricultura. Piracicaba: FEALQ, 760p., 1992. CRICKMORE, N.; ZEIGLER, D.R.; FEITELSON, J.; SCHNEPF, E.; VAN RIE, J.; LERECLUS, D.; BAUM, J. & DEAN, D.H. Revision of the nomenclature for the Bacillus thuringiensis pesticidal crystal protein. Microbiological Molecular Biological Review, v.62, p. 807-813, 1998. HÖFTE, H. & WHITELEY, H.R. Inseticidal crystal ptoteins of Bacillus thuringiensis. Microbiol. Rev. V.53, p. 242-255, 1989 LAEMMLI, U.K. Cleavage os structural proteins during the assembly of the head of bacteriophage T4. Nature, v. 227, p. 680-685, 1970. PINTO, E.G.; RIGHES, A.A.; MARCHEZAN, E. Rendimento do arroz e manejo da irrigação e da palha de azevém no sistema mix de pré-germinado. Ciência Rural v.33 n. 2, p. 227-231, 2003 WEBWR, l.; MARCHEZAN, E.; CARLESSO, R.; MARZARI, V. Cultivares de arroz irrigado e nutrientes na água de drenagem em diferentes sistemas de cultivo. Ciência Rural v.33 n.1, p. 27-33, 2003. OCORRÊNCIA DE NOMURAEA RILEYI EM LAGARTAS DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO. Isabel Cristina Padula Paz (1), Marcia Eloisa da Silva(1), Jaime Vargas de Oliveira (2) & Lidia Mariana Fiuza(1,2).1UNISINOS – Lab. de Microbiologia - São Leopoldo, RS. E-mail: [email protected] 2Instituto Riograndense do Arroz- EEA, Cachoeirinha, RS. Palavras-chave: controle biológico, inseto-praga, fungo, entomopatógeno. Os fungos foram os primeiros patógenos de insetos descritos, sendo responsáveis por 80% das doenças, onde mais de 20 gêneros ocorrem em pragas de plantas cultivadas. O fungo entomopatogênico, Nomuraea rileyi, ocorre enzootica e epizooticamente em algumas culturas de grande importância econômica como a cultura da soja, onde a sua eficiência no controle natural de Anticarsia gemmatalis, é bastante conhecida pelos produtores (ALVES, 1998). As epizootias de N. rileyi na cultura da soja ocorrem geralmente em períodos chuvosos e temperaturas amenas, sendo que no Rio Grande do Sul, a taxa de mortalidade de A. gemmatalis em campo já foi relatada como sendo em torno de 83% (GALILEO et al., 1977). No entanto, este processo nem sempre ocorre a tempo de evitar que as lagartas danifiquem a plantação (SUJII et al., 2001), sendo importante então a incrementação do fungo no ecossistema para evitar a perda na produção De acordo com ALVES (1998), N. rileyi já foi encontrado parasitando mais de 32 espécies de insetos das ordens Coleoptera, Lepidoptera e Orthoptera, cabendo ressaltar que os insetos pertencentes a ordem Lepidoptera são mais suscetíveis a esse fungo, principalmente na sua fase larval. Na cultura do arroz irrigado, diversos insetos-praga são considerados de importância econômica sendo que as lagartas representam boa parte da perda de produtividade desta cultura, pois se alimentam das folhas, chegando às vezes a destruir completamente as plantas antes do período de inundação da lavoura (GALLO et al., 2002). O controle das lagartas nas áreas orizícolas é feito basicamente através de inseticidas químicos, os quais apresentam baixo efeito seletivo aos inimigos naturais e consequentemente elevado impacto ambiental. Este trabalho objetivou o isolamento e a identificação de fungos entomopatogênicos obtidos de lagartas infectadas naturalmente de lavouras de arroz irrigado, localizadas em Cachoeira do Sul, RS. No campo foram coletadas nove lagartas mumificadas pelo microrganismo entomopatogênico, com expressiva esporulação externa de coloração verde. As lagartas foram conduzidas ao laboratório de Microbiologia da UNISINOS e mantidas a 40C para posterior isolamento e identificação. Os métodos utilizados para o isolamento de fungos entomopatogênicos descritos por ALVES (1998) foram utilizados, sendo esses: (i) preparo de câmara úmida que se baseia na desinfecção externa do inseto para retirada dos microrganismos saprófitas, sendo após colocados em placa de Petri contendo um algodão umedecido, ambos esterilizados e mantido em estufa até que ocorra a esporulação do fungo; (ii) transferência do inseto atacado, que consiste na colocação do inseto diretamente sobre o meio de cultura e (iii) técnica de semeadura indireta de esporos, quando os esporos da superfície do insetos foram retirados através da alça de platina e transportados para uma placa com meio de cultura. Os meios de cultura utilizados foram BDA, Ágar Sabouraud e SMAY (ALVES, 1998). Na caracterização dos fungos foram preparadas lâminas com colônias fúngicas, fixadas com KOH e coradas com floxina. O entomopatógeno causador de septicemia nas lagartas foi identificado como Nomuraea rileyi (Farlow) Samson através da observação dos conidióforos característicos da espécie como mostra a Figura 1. A B C Figura 1. Lagarta mumificada por Nomuraea rileyi (A), microfotografia dos conidióforos do entomopatógeno (B, aumento 640 x), representação de conidióforo (C), conforme ALVES (1998). A descrição da ocorrência de N. rileyi em áreas orizícolas é de grande importância para o ambiente, pois indica a ocorrência natural do controle biológico, o qual pode causar epizootias, auxiliando na redução das populações de lepidopteros pragas da cultura, os quais atualmente têm sido controlados de forma preventiva através do uso de inseticidas químicos. Para multiplicação e utilização como agente de biocontrole de lagartas no campo, faz-se necessários estudos relacionados a patogenicidade e virulência do referido isolado em laboratório e campo. Referências bibliográficas ALVES, S.B. Controle Microbiano de Insetos. Piracicaba: FEALQ, 2 ed., 1998, 1163 p. GALILEO, M.H.M., GASTAL, H.A.O. & HEIRINCHS, E.A. 1977. Ocorrência do fungo Nomuraea rileyi (Farlow) Samson, de taquinídeos e himenópteros parasitas em Anticarsia gemmatalis Hübner e Plusia spp. (Lepidoptera: Noctuidae) criada em laboratório. Iheriangia 50: 51-59. GALLO, D.; NAKANO, O.; NETO, S.S.; CARVALHO, R.P.L.; BAPTISTA, G.C. de; FILHO, E.B.; PARRA, J.R.P.; ZUCCHI, R.A.; ALVES, S.B.; VENDRAMIN, J.D.; MARCHINI, J.D.; LOPES, J.R.S. & OMOTO, C. Entomologia agrícola.. FEALQ, Piracicaba, 2002, 920 p. SUJII, E.R., CARVALHO, V.A. & TIGANO, M.S. 2001. Cinética da esporulação e viabilidade de conídios de Nomuraea rileyi sobre cadáveres da lagarta da soja, Anticarsia gemmatalis Hubner (Lep.: Noctuidae), em condições de campo. In: VII Simpósio de Controle Biológico, 2001, Poços de Caldas, MG. Resumos... Poços de Caldas, 2001, p. 106 TOXICIDADE DE ISOLADOS DE BACILLUS THURINGIENSIS PRÉSELECIONADOS POR PCR, CONTRA ORYZOPHAGUS ORYZAE (COLEOPTERA, CURCULIONIDAE). Laura Massochin Nunes Pinto (1), Aline Oliboni de Azambuja (1), Jaime Vargas de Oliveira (2), Valmir Gaedke. Menezes (2) & Lidia Mariana Fiuza(1,2). 1UNISINOS – Lab. de Microbiologia São Leopoldo, RS. E-mail: [email protected]; [email protected] 2Instituto Riograndense do Arroz- EEA, Cachoeirinha, RS. Palavras-chave: bactéria entomopatogênica, inseto- praga, bioensaios, larva, genes cry. Vários trabalhos têm sido realizados visando a diminuição do uso de produtos químicos no controle de insetos-praga, devido aos riscos que estes oferecem ao homem e ao ecossistema. Neste contexto, o controle microbiano ganha destaque como uma alternativa com baixo impacto ambiental, aplicada no Manejo Integrado de Pragas (MIP). A bactéria entomopatogênica Bacillus thuringiensis (Bt), tem sido amplamente estudada por produzir proteínas inseticidas, as quais são codificadas por genes denominados cry (Höfte & Whiteley, 1989, Pinto & Fiuza, 2002). A triagem dos genes cry de Bt tem sido feita através da Reação da Polimerase em Cadeia (PCR), a qual se aplica na predição da atividade inseticida de novos isolados de Bt (Schnepf et al., 1998). Na região sul do Brasil, a cultura do arroz irrigado tem grande importância econômica, porém vem sofrendo perdas pelo ataque de coleópteros fitófagos. Oryzophagus oryzae é considerado o principal inseto prejudicial da ordem Coleoptera, devido ao hábito alimentar rizófago de suas larvas, que torna difícil seu controle. Estes insetos podem ocasionar perdas de produção na ordem de 10 a 30% (Prando, 1999). A presente pesquisa objetivou selecionar genes cry de Bt que codificam proteínas ativas para O. oryzae, coleóptero prejudicial à cultura do arroz, e testar o potencial tóxico in vivo destes isolados para, futuramente, estes serem utilizados no MIP desta cultura. Nesse estudo, foram utilizados 46 isolados de Bt obtidos de amostras de solos coletadas em áreas de cultivo de arroz irrigado do Rio Grande do Sul (RS). Estes isolados pertencem ao banco de bactérias entomopatogênicas do Laboratório de Microbiologia da UNISINOS e ao IRGA (Instituto Rio-grandense do Arroz). O isolado Bt tenebrionis, utilizado como controle positivo, foi gentilmente cedidos pelo International Entomopathogenic Bacillus Center (Instituto Pasteur, Paris). Para a PCR, os isolados de Bt foram cultivados por 12 horas a 30ºC em ágar nutriente e após submetidos a extração total de DNA. Três pares de primers universais foram sintetizados nesse estudo: cry3, cry7/8 e cry8 (Ben-Dov et al., 1997, Bravo et al., 1998). Estes primers identificam genes que codificam proteínas tóxicas específicas à coleópteros. Cada reação de PCR foi realizada com volume final de 25µL, sendo: 1µL de amostra de DNA com o tampão de reação, 0,2 mM de cada dNTP, 0,2 a 0,5 µM de cada primer e 0,5U de Taq DNA polimerase (GIBCO-BRL). A amplificação foi realizada em termociclador regulado para 35 ciclos de reação cada, onde as amostras foram desnaturadas 1 min a 94° C, aneladas aos primers por 40-50s a 60° C e a extensão dos produtos da PCR foi realizada por 50-90s a 72° C. Reações sem adição de DNA foram utilizadas como controle negativo. Os fragmentos amplificados foram analisados em géis de agarose a 1 e 1,5%. As larvas de O. oryzae utilizadas nos bioensaios foram coletadas das raízes das plantas de arroz na EEA-IRGA (Cachoeirinha, RS), aproximadamente quatro horas antes da realização dos bioensaios. Para a avaliação dos isolados que revelaram a presença de genes cry3 ou cry7 por PCR, cada suspensão bacteriana, na concentração de 8.1010 céls/mL, foi adicionada em tubos de ensaio com duas plantas de arroz e 8 mL de água do arrozal. O grupo controle não teve adição de suspensão bacteriana. A mortalidade foi avaliada no 7º dia para todos os tratamentos. O total de vinte larvas de 3º e 4º ínstares foram avaliadas para cada tratamento. A análise dos produtos amplificados a partir dos isolados revelou a presença de fragmentos característicos de genes cry. A partir da análise do tamanho dos produtos amplificados por PCR, foram identificados os genes cry3 (285 a 769pb) e cry7 (285 a 769pb) (Ben-Dov et al., 1997). Os genes cry8 não foram amplificados nas amostras analisadas (Tabela 1). Tabela 1. Características de novos isolados de Bacillus thuringiensis obtidos de áreas de arroz irrigado do Rio Grande do Sul e sua toxicidade contra Oryzophagus oryzae. UNISINOS/IRGA, 2002. Isolados de B. thuringiensis 1608-7 2017-9 1610-6 3280-1 1489-3 2014-2 (+) presença do gene; (− ) cry3 Genes detectados cry7 cry8 Mortalidade Corrigida (%) + + + + + + - - 67,7 100 100 59,6 59,6 53,4 ausência do gene. Nos bioensaios com O. oryzae, utilizando os seis isolados de Bt selecionados por PCR, a mortalidade foi corrigida de acordo com a fórmula de Abbott, sete dias após a aplicação dos tratamentos. Os isolados Bt 2017-9 e Bt 1610-6 atingiram 100% de mortalidade às larvas desses insetos (Tabela 1). Estes resultados revelam pela primeira vez a patogenicidade de isolados de Bt à larvas de O. oryzae. A grande diversidade de genes cry de Bt e o amplo espectro de ação de suas toxinas inseticidas têm estimulado muitos grupos de pesquisa a isolar cepas nativas de Bt mundialmente). No presente estudo, foram obtidos isolados de Bt em todas as áreas produtoras de arroz irrigado do Rio Grande do Sul, sendo que os seis isolados selecionados por PCR neste trabalho mostraram-se amplamente distribuídos neste estado (Figura 1). Bt 1489-3 Bt 3080-1 FO CA DC LI NO Bt 2017-9 Bt 2014-2 Bt 1608-7 Bt 1610-6 Figura 1. Regiões orizícolas do Rio Grande do Sul; (FO) Fronteira Oeste; (CA) Campanha; (DC) Depressão Central; (LI) Litoral; (NO) área Não Orizícolas. UNISINOS/IRGA, 2002. A análise in vitro, através da detecção molecular dos genes cry presentes nos isolados, a qual precede os testes in vivo com insetos, têm sido avaliada como uma estratégia rápida e eficaz na seleção de isolados de Bt a serem testados. Os bioensaios com O. oryzae mostraram resultados altamente satisfatórios considerando que não existem trabalhos realizados com este entomopatógeno contra o inseto-alvo. Os resultados dos bioensaios realizados confirmaram a predição da atividade inseticida de Bt através da PCR, possivelmente devido à presença dos genes cry3 e cry7, os quais codificam toxinas específicas a coleópteros (Ben-Dov et al., 1997). Novos bioensaios contra O. oryzae serão realizados com outros isolados do banco de bactérias entomopatogênicas do laboratório, os quais foram positivos em PCR para os genes testados, mas não foram testados in vivo ainda devido à dificuldade da realização dos bioensaios, visto que esta espécie de inseto ainda não tem método para criação em laboratório e os testes somente podem ser realizados durante o cultivo do arroz irrigado. A seleção de genes cry realizada neste trabalho identificou novos isolados de Bt, os quais poderão ser avaliados em campos experimentais e futuramente utilizados na formulação de um biopesticida. Os genes cry identificados poderão ser utilizados na obtenção de plantas resistentes a larvas de O. oryzae, através da engenharia genética. Ambos os métodos podem ser aplicados no Manejo Integrado de Pragas da cultura do arroz irrigado. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ABBOTT, W.S. A method of computing the effectiveness insecticide. Journal of Economic Entomology, College Park, 18:265-267, 1925. BEN-DOV, E.; ZARITSKI, A.; DAHAN, E.; BARAK, Z.; SINAI, R.; MANASHEROB, R.; KHAMRAEV, A.; TROITSKAYA, E.; DUBITSKY, A.; BEREZINA, N.; MARGALITH, Y. Extended screening by PCR for seven cry-group genes from field-collected strains of Bacillus thuringiensis. Appl. Environ. Microbiol., 63:4883-4890, 1997. BRAVO, A.; SARABIA, S.; LOPEZ, L.; ONTIVEROS, H.; ABARCA, C.; ORTIZ, A.; ORTIZ, M.; LINA, L.; VILLALOBOS, F.J.; PEÑA, G.; NUÑEZ-VALDEZ, M.; Soberón, M.; Quintero, R. Characterization of cry genes in a Mexican Bacillus thuringiensis strain collection. Appl. Environ. Microbiol., 64:4965-4972, 1998. HÖFTE, H.; WHITELEY, H.R. Insecticidal crystal proteins of Bacillus thuringiensis. Microbiol. Rev., 53:242-255, 1989. PINTO, L.M.N.; FIUZA, L.M. Genes cry de Bacillus thuringiensis: uma alternativa biotecnológica aplicada ao manejo de insetos. Biociências, 10(2):3-13, 2002. PRANDO, H. F. Aspectos bioecológicos e de controle de Oryzophagus oryzae (Costa Lima,1936) (Coleoptera, Curculionidae) em arroz irrigado, sistema de cultivo prégerminado. Curitiba, 1999, 100p. (Ph.D. Thesis. PPGCB. UFPR) SCHNEPF, E.; CRICKMORE, N.; VANRIE, J; LERECLUS, D.; BAUM, J.; FEITELSON, J.; ZEIGLER, D.R.; DEAN, D.H. Bacillus thuringiensis and its Pesticidal Crystal Proteins. Microbiol. Mol. Biol. Rev., 62:775-806, 1998. EFICIÊNCIA AGRONÔMICA DE TIAMETOXAM, EM TRATAMENTO DE SEMENTES, NO CONTROLE DE LARVAS DE Oryzophagus oryzae (COSTA LIMA, 1936) (COLEOPTERA: CURCULIONIDAE), NO ARROZ IRRIGADO Ervandil Correa Costa1, Jerson Carús Guedes¹, Marta Grellmann¹, Milto José Facco². 1 Departamento de Defesa Fitossanitária, CCR/Universidade Federal de Santa Maria – Camobi - Prédio 42 – CEP 97.105-900 – Santa Maria, RS – e-mail : [email protected]. 2 Syngenta Palavras-chave: inseticida, bicheira-da-raiz, inseto-praga. O gorgulho aquático do arroz, Oryzophagus oryzae (Costa Lima, 1936) (Coleoptera: Curculionidae) é um inseto-praga que apresenta grande importância na cultura do arroz irrigado no Brasil. Os maiores danos são causados pelas larvas, conhecidas como "bicheirada-raiz-do-arroz", que se alimentam das raízes das plantas após o início da irrigação permanente, causando grande prejuízos no rendimento da cultura. Estas perdas são referidas por ISHIY (1975) e PRANDO & PEGORARO (1993) e podem ser da ordem de 20% a 30%. Objetivando avaliar a eficiência agronômica de Tiametoxam, em tratamento de sementes, no controle de larvas de O. oryzae, foi instalado no ano agrícola de 2000/2001, um experimento em lavoura comercial de arroz irrigado, no município de São Vicente do Sul, RS. Empregou-se a cultivar BR-IRGA 410 em sistema de cultivo convencional semeado, na densidade de 100 sementes viáveis/m linear. Utilizou-se delineamento experimental de blocos ao acaso com quatro repetições. As parcelas mediam 12 m2, individualizadas por taipas. A irrigação feita por inundação iniciou aos 27 dias após a semeadura. Os produtos aplicados via tratamento de sementes, foram: CRUISER WS 700 (Tiametoxam), nas dosagens de 150g e 200g do p.c./100kg de sementes e CRUISER FS 350 (Tiametoxam) nas dosagens de 300g e 400g do p.c./100kg de sementes; e os produtos, ACTARA 10 GR (Tiametoxam), na dosagem de 15Kg do p.c./ha e FURADAN 50 G (Carbofuran), na dosagem de 5kg do p.c./ha, (usado como padrão), foram aplicados 29 dias após a irrigação; além da testemunha, sem qualquer tratamento. A avaliação do número de larvas foi feita pela amostragem aos 5 e 10 dias após o tratamento, com um extrator de solo de 10cm diâmetro x 10cm de profundidade. O material (planta + solo) foi lavado sobre uma peneira e as larvas vivas sobrenadantes contadas e anotadas. Com os dados foi avaliada a eficiência de controle (ABBOTT, 1925) e aplicado o teste Tukey a 5% de probabilidade. Aos cinco dias após a aplicação dos produtos, tanto em tratamento de sementes como na formulação granulada, a eficiência foi superior a 80% de controle conforme o estabelecido pelo MA. Os tratamentos apresentaram excelente performance com eficiência superior a 96%. Com relação às técnicas de aplicação de thiametoxam, não houve uma evidência clara, para que se pudesse afirmar uma técnica (tratamento de semente ou aplicação granulada) que fosse melhor ou que se mostrasse mais eficiente que a outra, tanto aos cinco dias após a aplicação da formulação granulada como aos 34 dias após o tratamento de semente. Com relação à avaliação de dosagem, tanto para Cruiser WS 700 como Cruiser FS 350, também neste caso, não apresentaram vantagem em termos de percentuais de controle da bicheira da raiz do arroz. Aos dez dias de aplicação, a formulação granulada e 39 dias do tratamento de semente, foram praticamente similares ao observado anteriormente (Tabela 1). Entretanto, houve uma leve redução quanto a modalidade de aplicação, a formulação granulada gerou um percentual de controle menor, uma vez comparada a avaliação anterior, porém não de forma significativa. A formulação aplicada em tratamento de semente manteve a mesma tendência da avaliação anterior, com um leve aumento no percentual de controle de larvas de Oryzophagus oryzae. De qualquer forma, as técnicas avaliadas e as doses das respectivas formulações mostraram-se eficientes para o fim a que foi avaliada. Não se observou fitotoxidez para os tratamentos avaliados. TABELA 1 – Dados originais, para tratamentos, repetições e datas de avaliação. Médias e seus respectivos percentuais de controle de produtos e doses, para a bicheirada-raiz do arroz (Oryzophagus oryzae), na cultura do arroz irrigado. São Vicente do Sul, RS. Safra agrícola 2000/2001. Tratamentos Cruiser WS 700 Cruiser WS 700 Cruiser FS 350 Cruiser FS 350 Actara 10 GR Furadan 50 G Testemunha CV (%) Cruiser WS 700 Cruiser WS 700 Cruiser FS 350 Cruiser FS 350 Actara 10 GR Furadan 50 G Testemunha CV (%) Doses p.c./100kg Kg do semente p.c./ha 150g 200g 300g 400g ------ 15 5 ------ 150g 200g 300g 400g ------ 15 5 ------ Repetições R1 0,0 0,3 0,3 0,0 0,3 0,5 11,0 1,3 0,5 0,8 0,3 0,0 0,0 9,0 R2 R3 R4 05 DAT 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,3 6,5 8,0 0,5 0,0 0,3 0,0 0,3 0,5 9,5 10 DAT3 0,0 1,0 0,0 0,5 0,0 0,3 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 6,0 7,0 0,3 0,0 1,0 0,0 0,0 0,0 8,0 média %C1 0,13 b* 98,50 0,06 b 99,30 0,13 b 98,50 0,00 b 100,00 0,13 b 98,50 0,31 b 96,40 8,75 a ----51,73 0,63 b 0,25 b 0,50 b 0,06 b 0,00 b 0,00 b 7,50 a 39,61 91,60 96,60 93,30 99,20 100,00 100,00 ----- 1 PC – porcentagem de controle (Fórmula de ABBOTT); Médias, nas colunas, seguidas pela mesma letra, não diferem estatisticamente entre si (Tukey 5%); 3 Dias após a aplicação dos tratamentos. 2 Os resultados permitem concluir que: Cruiser (Tiametoxam), nas formulações e doses avaliadas, é eficiente no controle da bicheira-da-raiz do arroz (Oryzophagus oryzae) podendo ser recomendado para o controle dessa praga na cultura do arroz irrigado. BIBLIOGRAFIA ISHIY, T. Bicheira da raiz. Lavoura arrozeira, Porto Alegre, v. 28, n.285, p.30-31, 1975. PRANDO, H.F., PEGORARO, R.A. Controle da bicheira-da-raiz (Oryzophagus oryzae Lima, 1936) (Col., Curculionidae) com tratamento de sementes. In: Reunião da Cultura do Arroz irrigado, 1993. Pelotas, RS, Anais..., Pelotas, EMBRAPA/CNPCT, 1993, 305p. p.220-221. AVALIAÇÃO DE INSETICIDAS NO CONTROLE DE LARVAS DE ORYZOPHAGUS ORYZAE (COLEOPTERA: CURCULIONIDAE) EM ARROZ IRRIGADO Ervandil Correa Costa¹, Marta Grellmann¹, José Domingos Jacques Leão², Jorge Antônio Silveira França¹. 1Departamento de Defesa Fitossanitária, CCR/UFSM – Prédio 42 – CEP 97.105-900 – Santa Maria, RS – e-mail : [email protected]. 2 UNICRUZ – Cruz alta, RS. Palavras-chaves: inseto-praga, controle químico, bicheira-da-raiz. Oryzophagus oryzae é uma espécie considerada praga importante para o Rio Grande do Sul, fato confirmado através de levantamentos efetuados por MARTINS et al. (1988) onde ela está colocada em segundo lugar em importância econômica logo após a lagarta da folha (Spodoptera frugiperda). Os danos são causados principalmente, pela larva de O. oryzae que ao se alimentar provoca a destruição das raízes, apresentando como conseqüência uma produção de plantas de porte reduzido e de folhas amareladas, com características de deficiência nutricional. Os adultos se alimentam do parênquima foliar deixando estrias longitudinais que mais tarde se tornam necrosadas. Estabeleceu-se, na safra agrícola 2000/01, em São João do Polêsine, RS, uma pesquisa visando o controle de larvas de Oryzophagus oryzae, onde se empregou a cultivar BR IRGA 417 sendo que os inseticidas utilizados foram: a) Gaucho 600 FS, nas dosagens de 72g e 150g de i.a./100 kg de sementes; b) Standak 250 FS, na dosagem de 60g de i.a./100 kg de sementes; c) TI 435 600 FS, nas dosagens de 72g e 150g de i.a./100kg de sementes; d) Cruiser 70 WS, na dosagem de 70g de i.a./100kg de sementes; e) Testemunha, onde se aplicou somente água. O delineamento experimental foi blocos ao acaso com quatro repetições e sete tratamentos. As unidades experimentais mediam 12m2 (3m x 4m), individualizadas por taipas. Nas avaliações das larvas foi usado um cilindro metálico de 10cm x 10cm, retirando-se quatro amostras/unidade experimental. As datas de avaliações foram 25 e 38 dias após a irrigação permanente. O procedimento de avaliação da eficiência agronômica foi através da fórmula de ABBOTT (1925) e o agrupamento das médias pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade de erro. Em função dos resultados obtidos pode-se inferir que os produtos e doses aplicados, exceto Gaucho 600 FS, na dosagem de 72g de i.a./100kg de sementes, controlam de uma forma eficiente as larvas de bicheira-da-raiz-do-arroz na cultura do arroz. Os resultados originais obtidos em nível de campo se encontram na Tabela 1. Nesta Tabela estão expressos também os valores médios para tratamentos e datas de avaliação, além dos dados originais para cada tratamento/data de avaliação, também, os percentuais médios de controle dos tratamentos e respectivos doses, para o controle de larvas de bicheira-da-raiz do arroz na cultura do arroz irrigado. A Tabela 1 expressa o agrupamento das médias que foi pelo Teste de Duncan a 5% de probabilidade de erro. Segundo este parâmetro de avaliação, todos os produtos, em teste apresentaram ação inseticida, independente do percentual de controle, pois, houve diferença significativa dessas médias com a da testemunha. De outro lado todos os tratamentos avaliados apresentam o mesmo comportamento com relação à eficiência pois não houve diferença significativa entre as médias dos tratamentos avaliados. Com relação ao controle, Gaucho FS e TI 435 600 FS apresentaram um aumento deste percentual com o aumento do i.a/100kg de sementes, independente de data de avaliação (Tabela 1). O produto Cruiser 70 WS foi superior a Gaucho FS e TI 435 600 FS, nas menores doses na avaliação aos 25 dias. Na avaliação aos 38 dias, Gaucho FS na maior dose e TI 435 600 FS nas duas doses, foram superiores a Cruiser 70 WS. Nas condições em que foi conduzido e avaliado o experimento não se observou, para tratamento, dose e data de avaliação, nenhum efeito fitotóxico. TABELA 1 – Dados originais de campo e respectivas médias, por data de avaliação, repetição e inseticidas avaliados no controle de larvas de Oryzophagus oryzae. São João do Polêsine, RS. Safra agrícola 2000/01. Tratamentos Gaucho FS Gaucho FS Standak 250 FS TI 435 600 FS TI 435 600 FS Cruiser 70 WS Testemunha CV % Gaucho FS Gaucho FS Standak 250 FS TI 435 600 FS TI 435 600 FS Cruiser 70 WS Testemunha CV % Doses g de i.a./** PC/** 72g 150g 60g 72g 150g 70g ----- 120ml 250ml 240ml 120ml 250ml 100g ----- 72g 150g 60g 72g 150g 70g ----- 120ml 250ml 240ml 120ml 250ml 100g ----- 03 00 01 03 01 03 14 Avaliação R2 R3 25 DAT 1 01 03 02 01 02 00 01 01 00 00 00 01 09 05 02 01 00 02 01 01 10 2,25 b 2 1,00 b 0,75 b 1,75 b 0,50 b 1,25 b 9,50 a 63,00 76,31 89,47 92,10 81,15 94,73 86,84 ----- 03 02 01 03 00 02 09 38 DAT 03 02 01 00 00 00 01 03 03 01 01 04 07 11 02 02 01 00 00 01 06 2,50 b 1,25 b 0,50 b 1,75 b 1,00 b 2,00 b 8,25 a 53,25 69,69 84,48 93,93 78,78 87,87 75,75 ----- R1 R4 Média EA (%) 1 Dias após a irrigação permanente; Médias não seguidas da mesma letra, diferem entre si pelo teste de Duncan a 5% de erro. ** 100kg de sementes 2 Os dados obtidos permitem concluir que, para Gaucho FS e TI 435 600 FS, dependentes da dosagens propiciaram aumentos nos percentuais de controle e para Gaucho FS, na dosagem de 150g de i.a./100kg de sementes e TI 435 600 FS, nas dosagens de 72g e 150g de i.a./100kg de sementes controlam com eficiência (média ≥ 80%) larvas de bicheira-da-raiz-do-arroz. Gaucho FS, na dosagem de 72g de i.a./100kg de sementes não apresenta controle médio com eficiência ≥ 80% de larvas de Oryzophagus oryzae, na cultura de arroz. BIBLIOGRAFIA ABBOTT, W.S. A method of computing the effectiveness of an inseticide. Journal Economic Entomol., Maryland, v.18, v.1, p.265-267, 1925. ISHIY, T. Bicheira da raiz. Lavoura arrozeira, Porto Alegre, v. 28, n.285, p.30-31, 1975. MARTINS, J.F. da S., OLIVEIRA, J.V. de., VALENTE, L.A. Informações preliminares sobre a situação dos insetos, na cultura do arroz irrigado no Rio Grande do Sul. In Reunião da Cultura do Arroz irrigado, 1988, Pelotas, RS, Anais... Pelotas, 1988, 413p. PRANDO, H.F., PEGORARO, R.A. Controle da bicheira-da-raiz (Oryzophagus oryzae Lima, 1936) (Col., Curculionidae) com tratamento de sementes. In: Reunião da Cultura do Arroz irrigado, 1993. Pelotas, RS, Anais..., Pelotas, EMBRAPA/CNPCT, 1993, 305p. p.220-221. VIRULÊNCIA DE FUNGOS ENTOMOPATOGÊNICOS AO GORGULHO-AQUÁTICO José Francisco da Silva Martins (1), Mirtes Mello (1), Maria Laura Turino Mattos (1), Viviane Ribeiro Chocorosqui (1), Denise Silva Weber (2), Juliana Carret Soares (2). 1 Embrapa Clima Temperado, Caixa Postal 403, CEP 96.001-970, Pelotas, RS. [email protected], 2 Universidade Católica de Pelotas, Caixa Postal 402, CEP 96.010-970, Pelotas, RS. Palavras-chave: Oryzophagus oryzae, bicheira-da-raiz, controle biológico, Metarhizium anisopliae e Beauveria bassiana. Gorgulho-aquático é o nome vulgar do inseto adulto da espécie Oryzophagus oryzae (Costa Lima) (Coleoptera: Curculionidae) praga-chave do arroz irrigado no Brasil, principalmente no Sul do País, onde se concentra o cultivo do cereal. O adulto é prejudicial apenas em cultivos de arroz pré-germinado, podendo destruir muitas plântulas na fase inicial da cultura. As larvas (bicheira-da-raiz) cortam as raízes de arroz e causam os principais prejuízos, independente do sistema de cultivo. No Rio Grande do Sul, onde predomina a semeadura de arroz em solo seco, o inseto ocorre somente após a inundação das lavouras, em ± 25% da área cultivada, reduzindo em ± 10% a produtividade. Em Santa Catarina, onde predomina o arroz pré-germinado, semeado em solo inundado, o inseto ocorre mais cedo, em quase toda a área orizícola, reduzindo em ± 25% a produtividade (Prando & Pegoraro, 1993). Associado ao impacto econômico, advindo do dano de O. oryzae ao arroz irrigado, há o risco de impacto ambiental negativo, oriundo de práticas de manejo do inseto, basicamente do controle químico, geralmente usado sem critérios técnicos (Martins et al., 2001). O controle biológico, por meio de fungos entomopatogênicos, como um componente básico do manejo integrado de pragas, pode contribuir para a redução do uso de inseticidas químicos (Prando & Sosa-Gomez, 1998). No caso de ser inserido no sistema de manejo de O. oryzae, contribuiria para minimizar os custos de produção e os riscos de poluição ambiental relacionados ao cultivo de arroz irrigado. O controle microbiano de O. oryzae possui maior adaptabilidade a pequenas lavouras, onde o arroz é cultivado continuamente por vários anos. Nestas áreas, é factível aplicar fungos entomopatogênicos em locais de hibernação do inseto ou diretamente neste, em pontos de maior concentração, durante a invasão das lavouras, como é praticado em Cuba em relação à espécie Lissorhoptrus brevirostris Hustache (Meneses Carbonell et al., 1996). No Brasil, a pesquisa sobre controle de gorgulhos-aquáticos por meio de fungos entomopatogênicos, antes restrita, atualmente está em fase de intensificação. Inicialmente foi detectada a patogenicidade das cepas de Beauveria bassiana (Bals.) Vuill. e Metarhizium anisopliae (Metsch.) Sorokin a espécie Lissorhoptrus tibialis Hustache (Martins et al., 1987). Em seqüência, foi enfocada a espécie O. oryzae, sendo constatado: (1) controle satisfatório através da mistura de B. bassiana e óleo de soja (Leite et al., 1992); (2) infeção de gorgulhos hibernantes por uma linhagem nativa de B. bassiana (Mielitz & Silva, 1992); (3) redução de 90% da população larval, em arroz pré-germinado, via pulverização foliar de B. bassiana ou M. anisopliae misturados a 50% da dose recomendada de fipronil, similarmente ao obtido com a dose completa do inseticida (Prando & Sosa-Gomez, 1998) e (4) ineficiência de aplicações puras de B. bassiana no controle de larvas (Leite et al., 1998). Recentemente, em laboratório, foram obtidos resultados promissores de controle de O. oryzae via formulações comerciais de B. bassiana e M. anisopliae (Costa et al., 2001). Neste trabalho foi avaliada a virulência de isolados de B. bassiana e M. anisopliae a adultos de O. oryzae, visando obter subsídios à implantação de táticas de controle afins com a segurança alimentar e ambiental, basicamente em sistemas de produção de arroz orgânico. O experimento foi realizado em fevereiro de 2003 no Laboratório de Entomologia da Embrapa Clima Temperado, no delineamento de tratamentos inteiramente casualizados [dois isolados (CP) de M. anisopliae (Ma) três de B. bassiana (Bb) e testemunha], com seis repetições. Os isolados, cultivados e dosados no Laboratório de Microbiologia Agrícola e Ambiental da Embrapa Clima Temperado, pertencem à Coleção de Culturas de Fungos Entomopatogênicos, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e foram selecionados para o estudo por infectarem outras espécies de curculionídeos. Os adultos de O. oryzae utilizados foram obtidos de criação em plantas de arroz (Martins et al., 2001b). A parcela experimental constou de um recipiente de vidro com 8 cm de diâmetro e 17 cm de altura (capacidade = 800 mL), contendo duas plantas de arroz, da cultivar BRS Chuí (raízes cortadas a 3 cm de comprimento e colmos a 8 cm de altura), 200 mL de água destilada e 15 gorgulhos (5 fêmeas e 10 machos). As plantas e os insetos, em cada recipiente, foram tratados com 1 mL de uma suspensão de esporos (107 esporos.mL-1), numa solução a 0,1% de Tween 80 em água ultra pura, por meio de um micro-pulverizador, sendo a viabilidade dos cinco isolados superior a 95%. O tratamento testemunha consistiu apenas da aplicação da solução de Tween em água destilada. O registro do número de insetos mortos foi realizado 3, 5, 7, 9, 11, 13, 17 e 21 dias após a aplicação dos tratamentos (DAT), ocasiões em que o volume de 150 mL de água nos recipientes foi reposto. Para confirmação de infeção, os insetos mortos foram retirados dos recipientes a cada registro de mortalidade e colocados em Placas de Elisa, mantidas em câmara climatizada à temperatura de 27 Cº e UR de 90%. Além da avaliação visual, os insetos mortos foram dissecados e examinados em microscópico ótico quanto à presença de estruturas dos fungos entomopatogênicos. Para análise estatística, os dados numéricos cumulativos (X) de insetos mortos e com infeção confirmada, em cada data de observação (3, .. 11, .. e 21 DAT), foram transformados em √ X + 1, sendo as médias comparadas pelo teste de Scott & Knott (1974). Os resultados, porém, são apresentados como porcentagem de insetos mortos e de insetos infectados. Entre os isolados de M. anisopliae e de B. bassiana avaliados, CP034Ma e CP207Bb destacaram-se como os mais virulentos a O. oryzae (Tabela 1). Ambos os isolados, já entre 5 e 7 DAT proporcionaram índices significativamente superiores de mortalidade e até 21 DAT causaram os mais elevados índices de infeção. Em segundo plano, destacou-se o CP343Ma. Este isolado exerceu efeito de mortalidade nos gorgulhos igual ao dos isolados CP034Ma e CP207Bb, porém, foi significativamente inferior em relação ao índice de infeção (Tabela 1). TABELA 1. Mortalidade e infeção de adultos de Oryzophagus oryzae após tratamento com suspensão de esporos de isolados (CP) dos fungos Beauveria bassiana (Bb) e Metarhizium anisopliae (Ma) em laboratório1. Embrapa Clima Temperado. Pelotas, RS. 2003. 3 DAT 2 5 DAT 7 DAT 9 DAT 11 DAT 13 DAT 17 DAT 21 DAT Porcentagem cumulativa de insetos mortos3,4 CP034Ma 3,3 a 30,0 a 56,7 a 74,5 a 78,7 a 84,7 a 90,0 a 90,0 a CP207Bb 0a 6,7 b 44,7 a 66,7 a 73,3 a 78,0 a 84,7 a 85,3 a CP343Ma 3,3 a 28,7 a 51,3 a 65,3 a 71,3 a 74,6 a 75,3 a 76,7 a CP475Bb 0a 11,3 b 26,7 b 38,7 b 51,3 b 54,7 b 56,6 b 60,0 b CP478Bb 0a 0c 8,0 c 13,3 c 16,7 c 16,7 c 26,7 c 28,0 c Testemunha 0a 0c 3,3 c 5,3 c 6,7 c 6,7 d 8,7 d 10,0 d 3 DAT 1 5 DAT 7 DAT 9 DAT 11 DAT 13 DAT 17 DAT 21 DAT Tratamentos Porcentagem cumulativa de insetos infectados3,4 CP034Ma 2,7 a 29,3 a 56,0 a 74,0 a 78,0 a 84,0 a 90,0 a 90,0 a CP207Bb 0b 6,0 b 40,7 a 61,3 a 68,0 a 72,7 a 79,3 a 80,7 a CP343Ma 3,3 a 24,7 a 43,3 a 60,7 a 62,7 a 62,7 a 64,0 b 64,0 b CP475Bb 0b 10,7 b 26,0 b 37,3 b 47,3 a 50,0 a 51,3 b 51,3 b CP478Bb 0b 0c 8,0 c 12,7 c 16,0 b 16,0 b 26,0 c 26,7 c Testemunha 0b 0c 0c 0 d 0c 0c 0d 0d 1 7 -1 Dose: 1mL de suspensão (10 esporos.mL de solução de 0,1% de Tween 80 e água ultra pura). 2 Dias após aplicação dos tratamentos. 3 Médias com a mesma letra não diferem significativamente pelo teste de Scott & Knott (P= 0,05). 4 C.V. (%) < 20 Tratamentos É importante avaliar os isolados como CP034Ma e CP207Bb (virulentos a O. oryzae em laboratório) quanto à capacidade de se estabelecer e desenvolver no corpo do inseto em arrozais irrigados e também em relação à persistência neste ambiente, incluindo água, solo, restos vegetais, etc. Quanto maior a quantidade de gorgulhos mortos com micose e de outras fontes de inócuo, nos arrozais, maior será, no sentido temporal e espacial, o potencial de disseminação dos fungos entomopatogênicos no ecossistema de arroz irrigado. A manutenção da virulência dos fungos no campo é fundamental para o sucesso da tática de controle microbiológico e sua inserção em sistemas de manejo integrado do inseto. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COSTA, E. L.N..; CRUZ, F.Z. da; DIAS, R.B. de O; SILVA, R.F.P. da; OLIVEIRA, J.V. de; FIUZA, L.M. Controle de adultos de Oryzophagus oryzae (Col.: Curculionidae) com formulações comerciais de fungos entomopatogênicos. 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Apoio Financeiro: PRODETAB - Projeto de Apoio ao Desenvolvimento de Tecnologia Agropecuária para o Brasil (Edital 01/2001, Conv. 080) AVALIAÇÃO DE EXTRATOS VEGETAIS NO CICLO BIOLÓGICO DE SPODOPTERA FRUGIPERDA (LEP., NOCTUIDAE). Marinez Salete Tagliari(1), Neiva Knaak(1), Jaime Vargas de Oliveira(2) & Lidia Mariana Fiuza(1,2). 1UNISINOS– Lab. de Microbiologia- São Leopoldo, RS. E-mail: fiú[email protected]; [email protected] 2Instituto Riograndense do Arroz- EEA, Cachoeirinha, RS. Palavras-chave: Orizicultura, plantas medicinais, lagarta-da-folha, bioensaios. Entre os diversos fatores que afetam a economia na cultura de arroz irrigado, a ocorrência de inseto-praga é indicada como um dos mais importantes. Dentre os insetos fitófagos, destaca-se Spodoptera frugiperda, referida com grande freqüência devido ao grande desfolhamento que causa às plantas (Martins & Botton, 1998). No milho é conhecida como lagarta-d-cartucho e alimenta-se praticamente em todas as fases de desenvolvimento da cultura, embora tenha preferência por cartuchos de plantas jovens. Os prejuízos podem atingir 34% na produção, variando de acordo com a fase de desenvolvimento da planta e do tipo de cultivar utilizada (Cruz, 1995). No arroz é conhecida como lagarta-da-folha, sendo encontrada alimentando-se de plantas novas, antes da inundação definida dos arrozais, consumindo-as completamente. Em determinados anos atinge níveis populacionais elevados podendo destruir totalmente a lavoura. As lagartas alimentam-se preferencialmente, de plantas de capim–arroz (Echinochloa spp.), passando a atacar o arroz após a eliminação das invasoras por herbicidas (Martins & Botton 1998). Já nas lavouras onde o arroz é cultivado sobre taipas, o ataque pode se estender até a fase de emissão de panículas, devido ao deslocamento das lagartas para esses locais, após a inundação da lavoura. Nas últimas décadas, o controle de pragas na agricultura tem sido feito basicamente através de inseticidas sintéticos, que além de gerarem altos custos e riscos ambientais, vem apresentando sinais de resistência em determinadas espécies de pragas. A busca de sucedâneos para esses inseticidas tem nos produtos naturais, provenientes de plantas, através de seus extratos ou componentes ativos, uma alternativa de interesse econômico e ecológico para o controle integrado de pragas. As substâncias químicas presentes na planta são constituídas por dois grandes grupos, um formado pelas substâncias essenciais para suas atividades metabólicas (nutrientes) e outro formado pelas substâncias secundárias. Essas substâncias secundárias são utilizadas pelas plantas como defesa contra insetos (Prates, 2002). No que se refere aos insetos fitófagos, os fatores bioquímicos podem atuar alterando o seu metabolismo ou comportamento. Os efeitos decorrentes da alteração do metabolismo refletem na duração do ciclo do inseto, fecundidade e sobrevivência (Vendramim & Castiglioni, 2000). Sendo assim, objetivo desse trabalho consiste em avaliar a toxicidade dos extratos vegetais no ciclo biológico Spodoptera frugiperda. No presente trabalho foram utilizados os extratos obtidos da maceração e infusão de arruda (Ruta graveolens), carqueja (Bacharis genistelloides) e malva silvestre (Malva sylvestris), os quais foram preparados através da mistura das folhas das plantas, à proporção de 1g/10mL de água destilada e esterilizada. A infusão foi obtida pela adição de água aquecida a 90ºC e o macerado foi preparado com água a 4ºC. Nos bioensaios foram utilizadas 60 lagartas de segundo instar de Spodoptera frugiperda, por tratamento, onde foram aplicados 100µl dos extratos vegetais sobre discos de dieta artificial, preliminarmente acondicionados em mini-placas de acrílico. Nas testemunhas foram aplicados 100µl de água estilada e esterilizada. Os experimentos foram mantidos em condições controladas (25ºC, 70% de U.R. e 12h de fotofase). A mortalidade foi avaliada diariamente durante o ciclo completo do inseto alvo. Os resultados obtidos sobre a duração média (dias) da fase larval e de crisálida, mostra uma diferença significativa entre os tratamentos. Sendo que a primeira fase foi prolongada para as lagartas tratadas com o extrato de malva silvestre, oriundo da maceração e infusão. Após o prolongamento da fase larval, o período de crisálida foi reduzido. As lagartas que completaram seu ciclo de desenvolvimento, manifestaram alterações no desenvolvimento das crisálidas (Figura 1), indicando que o ingrediente ativo dos extratos vegetais não foram metabolizados na fase fitófaga do inseto em estudo. 55.0 13.0 10.8 F ase de crisálida (dias) Fase larval(dias) 48.8 42.6 36.4 30.2 24.0 IA IC IM MA MC MM 8.6 6.4 4.2 2.0 T IA Tratamento IC IM M A M C M M T Tratamento Figura 1. Duração média (dias) da fase larval e de crisálida das lagartas de Spodoptera frugiperda. (IA) infusão-arruda, (IC) infusão-cargueja, (IM) infusão-malva, (MA) macerado-arruda, (MC) macerado-cargueja, (MM) macerado-malva, (T) testemunha, com água destilada. A alimentação das lagartas com os extratos de arruda e carqueja provocaram redução do peso e tamanho das crisálidas em ambos os tratamentos, registrados 24h após a formação das mesmas (Figura 2). 0.3 20 19 18 Peso (mg) E S O T a m a n ho d as lag a rtas (m m ) 0.2 0.1 0.0 IA IC IM MA MC MM T Tratamento 17 16 15 14 13 12 11 10 IA IC IM MA MC MM T T rata m e nto Figura 2. Influência do tratamento com extratos vegetais no peso e tamanho das lagartas de Spodoptera frugiperda .(IA) infusão-arruda, (IC) infusão-cargueja, (IM) infusão-malva, (MA) macerado-arruda, (MC) macerado-cargueja, (MM) macerado-malva, (T) testemunha, com água destilada. Os resultados da análise de variância e o teste de Tukey (5%) mostram diferença entre as médias calculadas para os diferentes tratamentos quando consideradas as variáveis peso e tamanho das crisálidas, submetidas aos extratos de arruda, carqueja e malva silvestre. O peso variou de 0,09 a 0,19 mg e a variação no tamanho foi de 13,0 a 16,6 mm (Tabela 1). A redução do peso das crisálidas e a inibição do crescimento larval são também relatadas por Cespedes et al. (2000), utilizando limonóides isolados de Cedrea spp. Tabela 1. Médias (±EP) de peso (mg) e tamanho (mm) das crisálidas de Spodoptera frugiperda, alimentadas com extratos vegetais, Unisinos, 2003. Plantas Extrato Peso (mg) Tamanho (mm) Arruda Arruda Carqueja Carqueja Malva silvestre Malva silvestre Testemunha M I M I M I - 0,09abd 0,09a 0,10abd 0,11ab 0,17bcf 0,16bc 0,19cf 13,0ad 13,6a 14,2abd 14,4ab 16,5cf 15,9c 16,6cf Médias seguidas da mesma letra na vertical não diferem entre si pelo teste de Tukey (P< 0,05), (M) macerado e (I) infusão. Os insetos tratados com os extratos vegetais apresentaram anomalias na fase de crisálida e adultos, afetando a fecundidade e a fertilidade dos adultos Para os insetos tratados com o extrato obtido da infusão de arruda, as posturas foram inférteis, sendo que os insetos tratados com macerado de malva silvestre não efetuaram posturas (Tabela 2). Tabela 2. Anomalias de crisálidas e adultos e, fertilidade das posturas de Spodoptera frugiperda, Unisinos, 2003. Plantas Extrato Anomalias Crisálida (%) Fertilidade das posturas Adulto (%) Arruda M 1,66 5 Arruda I 1,66 1,7 Carqueja M 3,33 1,7 Carqueja I 1,66 1,7 Malva silvestre M 1,66 0 Malva silvestre I 1,66 1,7 Testemunha 0 0 (M) macerado, (I) infusão, (Sp) sem postura, (+) férteis, (-) inférteis + + + sp. + + Os dados sobre o ciclo biológico de Spodoptera frugiperda submetidas aos tratamentos com os extratos vegetais de Ruta graveolens, Bacharis genistelloides e Malva sylvestris, revelam a presença de ingredientes ativos com atividade inseticida nas plantas medicinais utilizadas nesse estudo, as quais interferem nas diferentes fases de desenvolvimento do inseto-alvo. Nesse contexto, a presente pesquisa poderá ser continuada através da análise fitoquímica das plantas para determinação das moléculas com potencial inseticida à S. frugiperda. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: CESPEDES, C.L.; CALDERON, J.S. ; LINA, L.; ARANDA, E. 2000. Growth Inhibitory Effects on Fall Armyworm Spodoptera frugiperda of Some Limonoids Isolated from Cedrela spp. (Meliaceae). J.Agric. Foood Chem. 48: 1903-1908. CRUZ, I. A lagarta-do-cartucho na cultura do milho. Sete Lagoas: Embrapa-CNPMS, 1995. 45p. (Embrapa.CNPMS.Circular Técnica,21). MARTINS, J.F.S.; BOTTON, M. Controle de insetos da cultura do arroz. p.273-300. In PESKE S.T.; NEDEL, J.L.; BARROS, A.C.S.A. (eds.), Produção de arroz irrigado. Pelotas: UFPEL, 1998. 665p. PRATES, H.T. Aspectos químicos dos metabólitos secundários de plantas. Sete Lagoas: Embrapa-CNPSo, 2002. VENDRAMIM, J.D.; CASTIGLIONI, E. Aleloquímicos, Resistência de Plantas e Plantas Inseticidas. p.113-128. In J.C. Guedes, I.D.da Costa & E. Castiglioni (eds.) Bases e Técnicas do Manejo de Insetos. Santa Maria, UFSM/CCR/DFS, 2000. 234p. POTENCIAL INSETICIDA DE EXTRATOS DE PLANTAS MEDICINAIS À LAGARTA MILITAR, SPODOPTERA FRUGIPERDA (LEP., NOCTUIDAE). Marinez Salete Tagliari(1), Neiva Knaak(1), Jaime Vargas de Oliveira(2) & Lidia Mariana Fiuza(1,2). 1UNISINOS- Lab. de Microbiologia- São Leopoldo, RS. E-mail: fiú[email protected]; [email protected] 2Instituto Riograndense do Arroz-EEA, Cachoeirinha, RS. Palavras-chave: Extratos vegetais, inseto-praga, arroz irrigado, lepidópteros, fitoquímicos. A procura intensa por inseticidas obtidos de plantas, para a aplicação na agricultura, iniciou há mais de vinte anos, em decorrência da necessidade de substituir os produtos químicos utilizados, que além de não serem eficientes em alguns casos têm gerado sérios problemas, incluindo a resistência do próprio inseto, surgimento de pragas secundárias, destruição de inimigos naturais e intervenção na biodiversidade. A necessidade de métodos eficazes e cada vez mais seguro no controle de insetos tem estimulado a busca de novos inseticidas em extratos vegetais. Até o inicio da década de 60, o papel dos compostos do metabolismo secundário das plantas era obscuro. Considerando que os mecanismos de defesa natural envolvem metabólitos secundários, os estudos dos fitoquímicos podem ser utilizados como alternativa no controle de inseto-praga. Sendo assim, as plantas podem ser uma importante fonte de substâncias químicas ativas contra os insetos, tais como a nicotina, os piretróides e os rotenóides (Begnini, 2002). Os limonóides são a classe mais representativa dos metabólitos secundários na família das Rutaceae. Eles possuem tetranortriterpenóides (Ruberto, 2002), assim como os terpenóides (Miyazawa, 2000). Na família Asteraceae, entre outros, o princípio ativo é a furacumarina (Vieira & Fernandes, 1999). A classe mais representativa nas Malvaceae é o tanino (Simões et al., 1999). Esses metabólitos secundários mostram uma ampla variedade de atividade biológica contra insetos-praga, incluindo a fagoinibição, atividade deterrente, inibição do crescimento das larvas e crisálidas e a mortalidade durante o ciclo. Sendo assim, o objetivo deste trabalho é avaliar a toxicidade dos extratos vegetais de plantas medicinais à lagarta de Spodoptera frugiperda. A lagarta-da-folha, Spodoptera frugiperda (J.E.Smith) é uma das principais pragas na maioria das regiões de cultivo do arroz irrigado no Rio Grande do Sul. Os danos causados consistem na destruição ou enfraquecimento de plantas novas, corte de colmo ao nível do solo, desfolhamento da planta mais desenvolvida, danos às flores e panículas. No Rio Grande do Sul, em condições de várzeas, o período crítico de ataque compreende da emergência das plantas à inundação da lavoura, quando os colmos são cortados rente ao solo. Neste período, em determinados anos, atinge níveis populacionais elevados, podendo destruir totalmente a lavoura (Martins et al., 2000). No presente trabalho foram utilizados os extratos obtidos da maceração e infusão de arruda (Ruta graveolens), carqueja (Bacharis genistelloides) e malva silvestre (Malva sylvestris), os quais foram preparados através da mistura das folhas das plantas, à proporção de 1g/10mL de água destilada e esterilizada. A infusão foi obtida pela adição de água aquecida a 90ºC e o macerado foi preparado com água a 4ºC. Nos bioensaios foram utilizadas 60 lagartas de segundo instar de Spodoptera frugiperda, por tratamento, onde foram aplicados 100µl dos extratos vegetais sobre discos de dieta artificial, preliminarmente acondicionados em mini-placas de acrílico. Nas testemunhas foram aplicados 100µl de água destilada e esterilizada. Os experimentos foram mantidos em condições controladas (25ºC, 70% de U.R. e 12h de fotofase). A mortalidade foi avaliada durante a fase larval e de crisálida do inseto alvo. Pela análise de variância, a mortalidade das lagartas foi influenciada pelos extratos vegetais, revelando diferença significativa nos tratamentos de macerado e infusão quando comparados com a testemunha. A mortalidade larval dos insetos tratados com os extratos das plantas variou de 88,3% a 90%, quando analisado o ciclo completo de desenvolvimento do inseto (Tabela 1). Os resultados de toxicidade revelam que os extratos obtidos da maceração e infusão da malva silvestre apresentaram maior atividade inseticida contra a lagarta-da-folhas. Tabela 1.Mortalidade média na fase larval e de crisálida das lagartas de Spodoptera frugiperda tratadas com extrato vegetais, Unisinos,2003. Plantas Extrato Fase de crisálida (%) Fase larval (%) Arruda M 53,3 8,3 Arruda I 45,0 26,7 Carqueja M 70,0 11,7 Carqueja I 58,3 8,3 Malva silvestre M 88,3 1,7 Malva silvestre I 80 3,3 Testemunha 3,3 0 (M) macerado e (I) infusão de plantas medicinais. Fase larval Testemunha Malva silvestre (I) Malva silvestre (M) Carqueja (I) Fase de crisálida Arruda (I) 30 20 10 0 Carqueja (M) 90 80 70 60 50 40 Arruda (M) Mortalidade (%) Embora o extrato de malva silvestre tenha causado maior mortalidade durante a fase larval, na mortalidade avaliada sete dias após a aplicação dos tratamentos, o macerado e a infusão de arruda, apresentaram maior efeito tóxico. Por outro lado, na fase de crisálida, a infusão de arruda foi mais tóxica (Figura 1). Os resultados obtidos nessa pesquisa estão de acordo com aqueles citados por Rodrigues & Vendramim (1996), os quais mostram que o efeito das plantas inseticidas na sobrevivência das espécies alvo é mais eficiente na fase larval que na fase de crisálida, pois na primeira fase o inseto ingere as substâncias químicas presentes no alimento tratado com o extrato. Plantas Fase larval 7DAT Figura 1 – Toxicidade de extratos vegetais às lagartas de Spodoptera frugiperda. (M) Macerado, (I) infusão, (DAT) dias após o tratamento. Os resultados sobre a mortalidade total revelam que os extratos de malva silvestre obtidos por maceração (90%) e infusão (83,3%) apresentaram o maior efeito letal às lagartas de S. frugiperda, seguidos do macerado de carqueja (81,7%) e infusão de arruda (71,7%). Esses extratos de plantas medicinais mostram-se promissores como método alternativo nos programas de manejo integrado de lepidópteros pragas da cultura do arroz, especialmente da lagarta-da-folha. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BEGNINI, M.L. Potencial do uso, produção de extratos de plantas brasileiras e desenvolvimento de produtos para o controle de pragas e ectoparasitos em animais e seres humanos:plantas inseticidas. Uberaba: UNIUBE, 2002. p.58-60. MARTINS, J.F.S.; CUNHA, U.S.; OLIVEIRA, J.V.; PRANDO, H.F. Controle de Insetos na Cultura do Arroz Irrigado. p.145-146. In GUEDES, J.C.; COSTA, I.D.; CASTIGLIONI, E. (eds.). Bases e Técnicas do Manejo de Insetos. Santa Maria, UFSM/CCR/DFS, 2000. 234p. !#"%$'&(*),+'!-$%./&"% !-(0!1+ 2 35476-8%9:6;:6;:6=<;:>@?3%A%3 B CEDF:G-HIH JK*LM'GKG by the Larvae of Common Cutworm (Spodoptera litura). J. Agric. Food Chem. 48: 28932895. RUBERTO, G.; RENDA, A.; TRINGALI, C.; NAPOLI, E.M.; SIMMONDS, M.S.J. 2002.Citrus Limonoids and Their Semisynthetic Derivatives as Antifeedant Agents Against Spodoptera frugiperda Larvae. A Structure-Activity Relationship Stduy. J. Agric. Food Chem . 50: 67666774. SIMÕES, C.M.P.; SCHENKEL, E.P.; GOMANN, G.; MELLO, J.C.P.; MENTZ, L.A.; PETROVICK. P.R. Farmacognosia da planta ao medicamento. 1 ed. Porto Alegre/Florianópolis: Universidade/UFRGS/UFSC, 1999. 821p. VIEIRA, P.C.; FERNANDEZ, J.B. Plantas Inseticidas. p739-750. In: SIMÕES, C.M.O ; SCHENKEL, E.P.; GOMANN, G.; MELLO, J.C.P.;MENTZ, L.A.;PETROVICK, P.R. (eds.) Farmacognosia da planta ao medicamento. 1ed. Porto Alegre/Florianópolis; Ed. Universidade /UFRGS /Ed. da UFSC, 1999. 821p. bassiana (BALS.) NO SÍTIO DE HIBERNAÇÃO DE Oebalus poecilus (DALLAS) (HEMIPTERA:PENTATOMIDAE) UTILIZAÇÃO DE Beauveria Régis Sívori Silva dos Santos(1), Luiza Rodrigues Redaelli(1), Lúcia Maria Guedes Diefenbach(1), Honório Francisco Prando(2), Helena Picolli Romanowski(1). 1. UFRGS – Av. Bento Gonçalves 7712, CEP 91540-000, Porto Alegre, RS, E-mail: [email protected] 2. Epagri/Estação Experimental de Itajaí, Caixa Postal 277, CEP 88301-970- Itajaí, SC. Palavras-chave: Percevejo-do-grão, controle biológico, hibernação Oebalus poecilus (Dallas), comumente referido como percevejo-do-grão, tem distribuição Neotropical, com ocorrência em quase todos os países da América do Sul (Grazia-Vieira & Casini, 1973). Este percevejo ao alimentar-se, acarreta perdas consideráveis na produção, sendo apontado como uma das principais pragas do arroz irrigado (Gallo et al., 2002). Apesar do reconhecimento dos danos causados por O. poecilus neste cereal, persiste a falta de informações sobre estratégias de controle durante o período de hibernação. Segundo Tsuzuki et al. (1984) Beauveria bassiana (Bals.) é um importante fator de mortalidade de insetos durante o período de hibernação e promissor candidato a ser utilizado como biocontrolador neste período. Mielitz (1993) constatou que B. bassiana foi a principal causa de mortalidade de Oryzopahgus oryzae Costa Lima (Coleoptera: Curculionidae) durante a hibernação em folhedo de bambu. Este estudo objetivou avaliar o efeito do isolado Bb353 de B. bassiana, armazenado na coleção de culturas de fungos entomopatogênicos da Embrapa-Soja, sobre uma população hibernante do percevejo-do-grão em folhedo de bambu. O estudo foi desenvolvido entre mai/02 e jul/02 em um bambuzal situado no município de Eldorado do Sul (30º 02’ S e 51º 23’ W) RS. Neste bambuzal foram considerados para o estudo 90 m e demarcadas nove áreas de 10 m de comprimento. Cada uma destas nove áreas foi subdividida em subáreas de 1x1 m, ficando cada área constituída por 10 subáreas de 1 m2. Perpendicularmente ao comprimento do bambuzal, cada subárea foi subdividida em porções de 20 cm de comprimento, num total de cinco porções de 0,2 m2 em cada metro. Foi utilizado um delineamento completamente casualizado com três tratamentos e três repetições. Os tratamentos consistiram de: 1) suspensão de conídios em água com uma gota de Tweem 80 por litro pulverizada sobre o folhedo; 2) conídios em grãos de arroz lançados manualmente sobre folhedo, seguido de pulverização de água; 3) testemunha. Cada repetição foi alocada em uma área de 10 m2 do bambuzal que teve o folhedo ligeiramente revolvido para facilitar a penetração do isolado na massa de folhas. Para cada m2 de folhedo tratado com fungo, foi aplicada uma concentração do isolado equivalente a 1013 conídios/ha, pulverizada conjuntamente com um litro de água no tratamento 1, ou lançada com os grãos de arroz seguido de pulverização d’água no tratamento 2. Na testemunha foi utilizado apenas um litro de água por m2 de folhedo. Um sistema estratificado aleatório de amostragem foi utilizado, onde em cada uma das nove áreas foram retiradas quatro unidades de amostra de 300 cm3 de folhedo, das subáreas e porções, previamente sorteadas, em intervalos semanais um mês antes da aplicação do fungo e um mês após. Em laboratório, os percevejos foram, manualmente, extraídos das amostras, separados e contados. Os insetos mortos foram agrupados conforme as características externas que apresentavam em: a) parasitados (mostravam perfuração na genitália); b) fungados (evidenciavam crescimento fúngico na superfície do corpo); c) sem causa aparente. Os insetos coletados mortos foram acondicionados em câmara úmida. Apesar do isolado ser patogênico a adultos não hibernantes de O. poecilus (Santos et al. 2002), no sítio de hibernação sua utilização não ocasionou mortalidade na população hibernante do percevejo-do-grão (Figura 1). 100 % de insetos 80 60 40 Arroz Solução Arroz Solução 0 vivo Testemunha s/causa Categorias parasitado antes após Tra tam en tos Testemunha 20 fungado FIGURA 1. Distribuição das categorias de Oebalus poecilus amostrados por tratamento, antes e após a aplicação de Beauveria bassiana no folhedo de bambu. Eldorado do Sul (30º 02’ S e 51º 23’ W), RS, 2002. Na tentativa de explicar o insucesso do isolado no sítio de hibernação, cabe lembrar que vários fatores atuam num processo de infecção por fungos entomopatogênicos. Assim, como o processo se inicia pelo tegumento do inseto, o próprio refúgio de hibernação estudado (folhedo de bambu) é um ambiente que naturalmente dificulta o contato direto do conídio com o corpo do inseto que está abrigado em seu interior. Associado a isso, McCoy et al. (1988) relatam que B. bassiana é capaz de viver saprofiticamente sobre material orgânico morto, como restos de vegetais, organismos vertebrados e invertebrados. De fato, em laboratório, constatou-se que cadáveres de O. poecilus hibernantes banhados em uma suspensão de 2,5 x 108 conídios/mL do isolado de B. bassiana evidenciam crescimento fúngico até o décimo quarto dia da morte. Assim, conídios deste fungo aplicados neste refúgio podem germinar sobre o folhedo ou cadáveres de insetos e acabar não atingindo o inseto alvo. Além deste aspecto, uma série de fatores podem influenciar o processo de infecção por fungos entomopatogênicos. Prando (1999) sugere que lipídios presentes na cutícula dos insetos podem indicar afinidade entre hospedeiro e patógeno. Seguindo a metodologia utilizada por este autor, constatou-se que extratos de lipídios presentes na cutícula de O. poecilus hibernante e não-hibernante promoveram, igualmente, a germinação e o alongamento do tubo germinativo do isolado selvagem. Um outro aspecto que deve ser levado em consideração é relatado por Sosa-Gomez & Moscardi (1998), segundo os autores, em condições naturais, isolados de B. bassiana apresentam, em média, meia-vida de apenas 2,86 dias, o que é apontado como um fator limitante para o uso desses organismos no controle a campo. Segundo Prando (1999) a luz ultravioleta, especialmente a UV-B é, provavelmente, o fator ambiental mais prejudicial a persistência dos fungos entomopatogênicos aplicados no campo como inseticidas microbianos. Este autor constatou que a germinação de conídios do isolado CB 66 de B. bassiana foi significativamente inibida quando o fungo foi exposto a radiação solar por um período de quatro horas. No presente estudo não se conhece o feito da radiação solar sobre o isolado selvagem de B. bassiana. Cabe lembrar ainda que a ação de fungos entomopatogênicos está na dependência de condições climáticas favoráveis para sua multiplicação. Hallsworth & Magan (1999) referem que a ação de fungos como agentes de controle biológico em condições naturais é criticamente dependente das flutuações de temperatura e umidade relativa do ar. Fagues & Luz (2000) apontam condições mais favorável para a infecção de B. bassiana em Rhodnius prolixus Stal (Hemiptera: Reduviidae) umidade relativa do ar acima de 95% e temperatura entre 20-28ºC. Nos refúgios de hibernação uma menor amplitude de variação dos fatores temperatura e umidade relativa do ar são encontrados (Leather et al., 1993). Em estudo piloto no folhedo de bambu, constatou-se que a temperatura no interior da massa de folhas flutua com a temperatura do ar, porém com menor oscilação, enquanto que a umidade relativa mostrou-se superior em torno de 10% da obtida a 1,5 m de altura. Como durante a realização do estudo a temperatura média do ar esteve ao redor de 14º C e a umidade relativa do ar em torno de 80%, supõe-se que a baixa temperatura possa ter exercido um efeito negativo no desenvolvimento do fungo. Pelo exposto, muitos seriam os fatores que poderiam ter influenciado no resultado obtido a campo, sendo difícil a separação de quais efetivamente limitaram a ação do isolado Bb353 no folhedo de bambu. Apesar disto, parece que a baixa temperatura durante a realização do estudo, é um dos fatores que inviabilizam a aplicação do fungo no refúgio durante o inverno. Assim, novos estudos devem ser conduzidos para determinar a época e o local mais adequado para a adoção deste tipo de medida de controle. Referências Bibliográficas FARGUES, J.; LUZ, C. Effects of fluctuating moisture and temperature regimes on the infection potential of Beauveria bassiana for Rhodnius prolixus. Journal of Invertebrate Pathology, San Diego, v.75, n.3, p. 202-211, 2000. GALLO, D. (IN MEMORIAM) et al. Entomologia agrícola. Piracicaba: FEALQ, 2002. 920p. GRAZIA-VIEIRA, J.; CASINI, C. E. Lista preliminar dos heterópteros uruguaios da região nordeste: Pentatomidae e Coreidae (Insecta, Heteroptera). Iheringia, Série Zoologia, Porto Alegre, v.44, n.1, p.55-63, 1973. HALLSWORTH, J. E.; MAGAN, N. Water and temperature relations of the entomogenous fungi Beauveria bassiana, Metharhizium anisopliae and Paecilomyces farinosus. Journal of Invertebrate Pathology, San Diego, v. 74, n.3, p. 261-266, 1999. LEATHER, S. R.; WALTERS, K. F. A.; BALE, J. S. The ecology of insect overwintering. Great Britain: Cambridge University Press, 1993. 255p. MCCOY, C.; SAMSON, R. A.; BOUCIAS, D. Entomogenous fungi. In: IGNOFFO, C. M. Handbook of natural pesticides. Boca Raton: CRC Press, 1988. p.151-236, v.5. MIELITZ, L. R. Estudo da diapausa em Oryzophagus oryzae (Costa Lima, 1936) (Coleoptera: Curculionidae) em condições de campo. 1993. 159 f. Tese ( Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 1993. PRANDO, H. F. Aspectos bioetológicos e de controle de Oryzophagus oryzae (Costa Lima, 1936) (Coleoptera: Curculionidae) em arroz irrigado, sistema de cultivo prégerminado. 1999. 102f. Tese (Doutorado) – Curso de Pós-Graduação em Ciências Biológicas, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 1999. SANTOS, R. S. S. et al. Ocorrência natural de Beauveria bassiana (Bals.) Vuill. em adultos hibernantes de Oebalus poecilus (Dallas) (Hemiptera: Pentatomidae). Neotropical Entomology, Londrina, v. 31, n.1, p.153-155, 2002. SOSA-GOMEZ, D. R.; MOSCARDI, F. Laboratory and field studies on the infection of stink bugs, Nezara viridula, Piezodorus guildinii and Euschistus heros (Hemiptera: Pentatomidae) with Metarhizium anisopliae and Beauveria bassiana in Brazil. Journal of Invertebrate Pathology, San Diego, v.71, n. 2, p. 115-120, 1998. TSUZUKI, H. et al. Studies on biology and control of the newly invaded insect rice water weevil (Lissorhoptrus oryzophilus Kuschel). Research Bulletin of the Aichi-Ken Agricultural Research Center Nagakute, Aichi Japan, Nagakute, n.15 (Special Issue), p.1-148, 1984. DISTRIBUIÇÃO E AMOSTRAGEM SEQÜENCIAL DE Oebalus spp. EM AVOURAS DE ARROZ IRRIGADO EM VÁRZEAS TROPICAIS José Alexandre Freitas Barrigossi(1), Evane Ferreira(1), Danilo Couto(2). 1Embrapa Arroz e Feijão, Caixa Postal 179, Santo Antônio de Goiás, GO, CEP 75375-000. E-mail: [email protected]. 2Universidade Federal de Goiás, Rodovia Goiânia/Nerópolis, Km 12, CEP 74410-000. Palavras-chave: percevejos-do-grão, arroz, MIP. Os percevejos Oebalus poecilus e O. ypsilongriseus são pragas importantes da cultura do arroz na região central do Brasil. A intensidade das perdas provocadas por esses dois percevejos depende do nível de ataque e do estágio de desenvolvimento das espiguetas. As panículas atacadas na fase leitosa podem ficar totalmente vazias, enquanto que na fase pastosa podem apresentar espiguetas com manchas escuras na casca e no endosperma, resultando em grãos de tamanho irregular que geralmente se quebra durante o beneficiamento (Ferreira et al., 2002). A decisão de controle dos percevejos é feita com base na intensidade de sua infestação nos campos de arroz. Estudos prévios têm mostrado que o uso da rede entomológica é um método satisfatório para amostragem do percevejo (Costa et al., 1987). Contudo, não existem informações sobre o procedimento adequado quanto ao número de amostras necessário para a tomada de decisão em seu manejo com custos reduzidos. Com o objetivo de coletar informações suficientes para descrever a distribuição dos percevejos adultos no campo de arroz, foram amostrados 14 campos nos anos de 2000 e 2001, sendo dois em Luis Alves, GO e 12 em Formoso do Araguaia, TO. As amostragens foram realizadas com rede entomológica, efetuando-se dez redadas simples por ponto de amostragem. Todos os campos foram amostrados no período da manhã, quando mais de 50% das paniculas já haviam sido emitidas e as espiguetas se encontravam no início da fase leitosa. O resumo das estatísticas obtidas é apresentado na Tabela 1. Tabela 1. Resumo das estatísticas de Oebalus poecilus em campos de arroz amostrados em duas localidades produtoras - 2000 e 2001. Ano/Local Campo N1 Média Desvio padrão Variância 2000 Luis Alves C 38 0,76 1,28 1,65 am po 1 Campo 2 25 2,08 1,78 3,16 F. Araguaia F. Araguaia 1 Campo 1 Campo 2 Campo 3 Campo 4 25 107 93 125 Campo 1 Campo 2 Campo 3 Campo 4 Campo 5 Campo 6 Campo 7 Campo 8 59 76 103 90 52 58 32 35 N= número de amostras. 2,20 3,47 3,88 1,99 2001 10,34 8,84 11,95 8,80 1,27 2,48 7,41 6,40 2,86 3,59 4,24 2,36 8,17 12,87 17,95 5,59 5,61 7,52 9,14 5,41 2,71 4,63 7,57 5,60 31,5 56,51 83,52 29,31 7,34 21,45 57,28 31,36 Em seis dos 12 campos amostrados em Formoso do Araguaia a população estava no nível de controle, quando o arroz estava na fase de enchimento de espiguetas. Para determinar a distribuição que melhor se ajusta à população dos percevejos nos campos de arroz, foi utilizado um programa Fortran que ajusta distribuição de freqüências (Gates et al., 1987). A distribuição dos percevejos em todos os campos amostrados foi do tipo binomial negativa com variância entre 1,65 e 17,95. Um programa interativo (SAS, 1996) foi usado para estimar o parâmetro k (Young & Young, 1998). O k comum determinado foi 1,13. Para desenvolver o plano de amostragem para o percevejo, foram utilizadas fórmulas baseadas na distribuição binomial negativa (Fowler & Lynch, 1987). Os níveis populacionais considerados sub-econômicos (m0) e econômico (m1) foram três percevejos/dez redadas (limite inferior) e cinco percevejos/dez redadas (limite superior). Os níveis de significância adotados foram α=β=0,1. Isso significa dizer que com esse plano de amostragem, existe 90% de chance de que a decisão correta seja tomada. As linhas decisórias para o plano de amostragem estão representadas na Figura 1. No campo, a ficha de amostragem derivada das curvas de decisão (Figura 1), é mais prática de ser usada (Tabela 2). Tabela 2. Ficha de amostragem seqüencial para adultos de percevejos Oebalus spp., em arroz irrigado. (m0=3 percevejos/dez redadas e m1=5 percevejos/dez redadas). Ficha de amostragem seqüencial para Oebalus spp. em arroz irrigado Número da Amostra Limite Inferior Total Limite Número da Acumulado Superior Amostra Limite Inferior Total Limite Acumulado Superior 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 0 0 0 0 0 4 8 12 16 20 23 27 31 35 23 27 31 34 38 42 46 50 54 57 61 65 69 73 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 62 66 70 73 77 81 85 89 93 97 100 104 108 112 100 104 108 111 115 119 123 127 131 134 138 142 146 150 15 16 17 18 19 20 39 43 46 50 54 58 77 81 84 88 92 96 35 36 37 38 39 40 116 120 123 127 131 135 154 158 161 165 169 173 Limites inferiores são arredondados para baixo e limites superiores são arredondados para cima. Instruções: Amostrar o campo ao acaso, retirando uma amostra de dez redadas em cada ponto e contar os percevejos capturados na rede. Iniciar a amostragem nas proximidades das margens do campo. Registrar o total de percevejos observados na coluna total acumulado. Quando o total acumulado for menor ou igual ao estabelecido no limite inferior, parar a amostragem (população abaixo do nível econômico). Quando o total acumulado for igual ou maior ao limite superior, parar a amostragem e providenciar a medida de controle da praga. Linhas de Decisão para a Amostragem Sequencial Número de percevejos/amostra 160 140 Tratar 120 100 d2= 3,85n + 18,957 80 Continuar Amostrar 60 40 d1= 3,85n - 18,957 20 Não Tratar 0 0 5 10 15 20 25 30 Número da amostra Figura 1. Linhas de decisão do plano de amostragem seqüencial do percevejo do grão (Oebalus spp.) em arroz irrigado. O plano foi calculado usando-se k=1,13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: COSTA, E.C.; LINK, D.; MARCHEZAN, E. Determinação da unidade amostral para coleta Oebalus poecilus (Dallas, 1851) com a rede de varredura. In: REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 16., 1987, Balneário Camboriú. Anais... Florianópolis: EMPASC, 1987. p.233-237. FERREIRA, E.; VIEIRA, N.R. de A.; RANGEL, P.H.N. Avaliação de danos de Oebalus spp. em genótipos de arroz irrigado. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.27, n.6, p.763-768, 2002. FOWLER, G.W.; LYNCH, A.M. Sampling plans in insect pest management based on Wald´s sequential probability ratio test. Environmental Entomology, College Park, v.16, n.1, p.345354, 1987. GATES, C.E.; ETHRIDGE, F.G.; GEAGHAN, J.D. Fitting discrete distributions. User´s documentation for the FORTRAN computer program DISRETE. Texas A&M University, College Station, 1987. SAS Institute. Procedures guide for personal computers. Cary: SAS Institute, 1996. YOUNG, L.; YOUNG, J. Statistical ecology: a population perspective. Boston: Kluwer, 1998. EFICIÊNCIA DO MICROMITE NO CONTROLE DA LAGARTA DA FOLHA Spodoptera frugiperda (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) EM ARROZ IRRIGADO Jaime Vargas de Oliveira. Instituto Riograndense do Arroz, Av. Bonifácio Carvalho Bernardes, 1494, CEP 94630-030, Cachoeirinha, RS. E-mail: [email protected] Palavras-chave: praga, danos, população, ocorrência. A lagarta da folha, Spodoptera frugiperda é considerada como um dos principais insetos-pragas do arroz irrigado em nosso Estado. Ela ataca preferencialmente as plantas antes da irrigação, podendo a ocorrência estender-se até a fase de emissão da panícula. Na fase inicial, quando da ocorrência de níveis populacionais elevados, mais de 100 lagarta/m², em apenas 2 a 3 dias, as plantas atacadas são totalmente cortadas pelas lagartas. Em anos secos, muitas das plantas atacadas acabam morrendo, mas quando ocorrem precipitações no período do ataque, há pouca redução no estande inicial. Porém, verifica-se que as plantas atrasam o seu desenvolvimento, ocorrendo maturação mais tardia. As plantas podem estar sujeitas as condições climáticas desfavoráveis. Quando o ataque ocorre na fase de emissão da panícula, além do desfolhamento, o principal dano é provocado pelo ataque às panículas. O controle químico vem sendo realizado através da aplicação de inseticidas poucos seletivos com os inimigos naturais desta lagarta, logo são necessários estudos com outros produtos. Costa & Link (1994), estudando os danos causados por esta lagarta nas plantas de arroz irrigado determinaram prejuízos que variaram de 13,8 a 23,6 %, dependendo das características do ataque e da fenologia da planta. Com o objetivo de estudar o comportamento de doses do inseticida fisiológico Micromite visando obter alternativas eficientes, porém com menor impacto ambiental, foi realizado o presente estudo experimental. O experimento foi instalado a campo, no ano agrícola 2001/2002, na Estação Experimental do Arroz (EEA) do Instituto Riograndense do Arroz (IRGA), em Cachoeirinha, RS. O delineamento experimental foi de blocos casualizados, com 4 repetições. Cada parcela foi individualizada por uma armação de ferro de 2 x 2 m, com 0,30 m de altura, evitando deste modo a migração das lagartas de uma parcela para outra. O experimento foi realizado em uma área contendo arroz da cultivar BR-IRGA 410 e com infestação de plantas daninhas, principalmente o capim arroz. Foi realizada uma pré-contagem, deixando-se 100 lagartas por parcela, exemplares de 3° , 4° e 5º instares. O inseticida Micromite 240 SC (Diflubenzuron), foi testado nas doses de 60, 80, 100 e 120 ml p.c/ha, correspondendo a 14, 4, 19,2, 24 e 28,8 g de i.a./ha. Como padrão foi utilizado o inseticida Karate 50 CS (Lambdacialotrina) na dose de 5 g de i.a./ha (100 ml p c./ha). Na testemunha aplicou-se somente água. Os tratamentos foram aplicados sobre as lagartas, em solo não irrigado com um pulverizador costal, pressurizado a CO2, equipado com 4 bicos do tipo cone, espaçados de 0,50m, com o volume de calda de 150 l/ha. Os tratamentos inseticidas não apresentaram efeito fitotóxico as plantas de arroz. Para determinar a eficiência de cada tratamento químico, foram realizadas leituras aos 2, 4 e 7 dias após a aplicação dos produtos. Os resultados foram submetidos à análise de variância, sendo as médias comparadas pelo teste Duncan ao nível de 5% de significância. Para calculo de percentagem de eficiência de cada tratamento foi utilizada a formula de Abbott (1925). Conforme a Tabela 1, com relação aos tratamentos com Micromite verificou-se uma redução nos níveis populacionais da lagarta, à medida que avançou o tempo das leituras proporcionais ao aumento das doses testadas. O produto Micromite demonstrou efeito inseticida sobre a praga, comprovada pelas diferenças em relação à testemunha. O inseticida Micromite não apresentou efeito de choque, característica deste grupo, porém ocorreu eficiência progressiva destacando-se a sua ação a partir do 4° dia, nas doses de 80, 100 e 120 ml ha-1, nestas doses o controle foi similar ao inseticida empregado como padrão, o Karate. Nas avaliações com Micromite realizadas após 2 dias da aplicação do produto, as lagartas apresentaram-se intoxicadas, observando-se a diminuição da alimentação, pouca mobilidade e redução no desfolhamento das plantas. Nas leituras efetuadas aos 4 e 7 dias, observou-se uma ação progressiva do produto sobre as lagartas variando em função da dosagem e do tempo de exposição. As doses de 80, 100 e 120 ml ha-1 apresentaram controle superior a 84 %, demonstrando a eficiência do inseticida fisiológico Micromite, no controle da lagarta da folha do arroz. Tabela 1. Controle da lagarta da folha com diferentes doses de Micromite, aplicado sobre as lagartas a campo em arroz irrigado. Estação Experimental do Arroz do IRGA, Cachoeirinha, RS, 2003. Tratamento Doses Eficiência (%) mL p.c/ha 2 dias 4 dias 7 dias 1. Micromite 60 42,0 d 70,3 d 79,0 d 2. Micromite 80 69,0 c 84,5 c 91,5 c 3. Micromite 100 70,8 c 90,3 b 96,3 b 4. Micromite 120 78,5 b 96,5 a 98,0 ab 5. Karate 100 94,8 a 96,3 a 100 a 6. Testemunha 0,0 e 0,0 e 0,0 e *Médias seguidas da mesma letra nas colunas, não diferem entre si, pelo teste de Duncan ao nível de 5% de significância. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABOTT, W.S. A method of computing the efetivenes of an insecticide, J. Ec. Entomology, Maryland, v. 18, 265 – 67, 1925. COSTA, E.C., LINK, D. Efeito de desfolha em diferentes níveis e épocas na produção de arroz irrigado. In: CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DE ARROZ PARA AMÉRICA LATINA E PARA O CARIBE, 9 e REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE ARROZ (RENAPA), 5. Goiânia, 1994. p.99. AVALIAÇÃO DE INSETICIDAS NO CONTROLE DA BICHEIRA DA RAIZ Oryzophagus oryzae (COL., CURCULIONIDAE) EM ARROZ IRRIGADO Jaime Vargas de Oliveira. Instituto Riograndense do Arroz, Av. Bonifácio Carvalho Bernardes, 1494, CEP 94630-030, Cachoeirinha, RS. E-mail: [email protected] Palavras-chave: praga, adulto e larva, eficiência, danos. A cultura do arroz irrigado no Estado, em função da área cultivada e da produtividade obtida, tem grande importância na economia. Logo, os fatores que afetam a produtividade vem sendo estudado, neste caso citamos os insetos-praga. A bicheira da raiz, nome comum das larvas do gorgulho aquático Oryzophagus oryzae, é citada como a principal praga da cultura, devido à ocorrência anual, aumento da densidade populacional e pelos danos causados. Os insetos adultos começam a deixar a lavoura, a partir do mês de fevereiro, ocorrendo a diapausa na vegetação nativa existente nas ruas, canais, drenos e na soca do arroz. Porém, a maior população localiza-se em áreas próximas a lavoura com alta concentração de plantas daninhas, vegetação nativa, taquareiras e matas. O abandono do sítio hibernante para infestar a lavoura ocorre principalmente a partir de outubro. As infestações iniciais acontecem nas primeiras áreas irrigadas, com lâmina de água profunda, nos quadros próximos aos canais de irrigação, e posteriormente o inseto pode disseminar-se por toda a lavoura. Durante o ciclo da cultura ocorrem duas gerações larvais, sendo que ambas causam danos. Pela expressão deste gorgulho aquático faz-se necessários estudos com novos produtos, considerando-se o custo, a eficiência e o impacto ambiental. O estudo foi instalado a campo na Estação Experimental do Arroz (EEA) do Instituto Riograndense do Arroz (IRGA) em Cachoeirinha RS, no período agrícola 2002/2003. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados com 4 repetições, cada parcela medindo 3,0 x 4,0 m, com 12 m² de área. O sistema utilizado foi o cultivo mínimo, semeando-se a cultivar IRGA 420, na densidade de 150 Kg por hectare. O controle de plantas daninhas foi realizado com Facet 500 PM, na dose de 750 g ha-1, sendo que dois dias após teve início à irrigação. Cada parcela foi individualizada por taipas, evitando a passagem de água de uma parcela para outra. A profundidade da lâmina de água, nas duas primeiras semanas foi maior, visando favorecer a infestação do inseto. Os tratamentos utilizados estão especificados na Tabela 1. Com o inseticida Standak, as sementes foram tratadas dois dias antes da semeadura. A aplicação para controle de insetos adultos, nos tratamentos 2, 3 e 4, foi dois dias antes da irrigação e o tratamento 5, aos 4 dias após irrigar o estudo. Os inseticidas empregados no controle dos adultos, foram aplicados com um pulverizador costal pressurizado a CO² com vazão de 150 litros de calda por hectare. O inseticida Furadan, empregado como padrão no controle de larvas foi aplicado manualmente a lanço, aos 28 dias após a irrigação. Um tratamento sem inseticida foi incluído como testemunha. As avaliações para determinar a população de larvas foram realizadas aos 31 e 38 dias após a irrigação, através de quatro amostras de solos e raízes, retiradas em cada parcela, com amostrador de cano PVC, com 10 cm de diâmetro por 15 cm de altura. O amostrador foi introduzido no solo à profundidade de 8,5 cm. As amostras foram agitadas sob a água dentro de um balde para liberar as larvas das raízes e do solo. O número médio de larvas por amostras foi de 6, nas parcelas sem controle. O rendimento de grãos foi obtido pela colheita de 4 m² de área útil de cada parcela, sendo os resultados expressos em t ha-1 e a umidade corrigida para 13 %. Os dados foram submetidos à análise da variância pelo teste F e as médias comparadas pelo teste de Duncan ao nível de 5% de probabilidade. A eficiência de controle dos inseticidas foi calculada pela formula de Abbott (1925). Com base na eficiência dos inseticidas (Tabela 1), verificou-se que nas duas leituras de larvas, todos os produtos nas diferentes épocas de aplicação e doses, apresentaram controle superior a 80 %. Também foi possível determinar que os inseticidas Standak, Klap e Actara (250 g ha-1) apresentaram controle superior a 95 % nas duas leituras, sem diferirem do tratamento padrão o Furadan, refletindo-se no rendimento de grãos, superior a 8 t ha-1. O rendimento de grãos nas parcelas sem controle foi de 8 % menos que nas tratadas com inseticidas. Este rendimento pode ser considerado alto em função do número médio de larvas e do manejo dado a cultura. Tabela 1. Eficiência agronômica de inseticidas, para controle de adultos e larvas, de bicheira da raiz em arroz irrigado. Estação Experimental do Arroz, IRGA, Cachoeirinha, RS, 2003. Tratamentos Doses Leituras (% controle) Rendimento de grãos g ou mL ha-1 (p.c) (t ha-1) 1a 2a 1. Standak 250 FS 125¹ 100,0 a* 100,0 a 8,07 a 2. Klap 200 SC 60 98,0 ab 98,5 a 8,01 a 3. Actara 250 WG 200 82,0 c 84,0 b 7,64 a 4. Actara 250 WG 250 96,5 b 98,0 a 8,05 a 5. Trebon 100 SC 1000 83,3 c 84,0 b 7,65 a 6. Furadan 100G 5000 98,0 ab 98,5 a 8,02 a 7. Testemunha 0,0 d 0,0 c 7,40 a *Médias seguidas da mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste de Duncan ao nível de 5% de significância. 1Tratamento de sementes (g/100 kg de semente). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABOTT, W.S. A method of computing the efetivenes of an insecticide, J. Ec. Entomology, Maryland, v. 18, 265 – 67, 1925. LOCAIS E ÉPOCAS DE HIBERNAÇÃO DA Ochetina sp. (COL., CURCULIONIDAE) EM ARROZ IRRIGADO Jaime Vargas de Oliveira(1), Gilberto M. Dotto(1), Lídia Mariana Fiuza(1,2) . ¹Instituto Riograndense do Arroz, Av. Bonifácio Carvalho Bernardes, 1494, CEP 94630-030, Cachoeirinha, RS. E-mail: [email protected];²Microbiologia, Centro 2, UNISINOS, São Leopoldo, RS. Palavras-chave: diapausa, praga, população, sítio hibernante. Nos últimos períodos agrícolas, 40% das lavouras da Depressão Central do Estado, foram atacados pela Ochetina sp, insetos da ordem Coleoptera, da família Curculionidae. Os adultos hibernantes são atraídos para o arroz com a irrigação. Após entrada na lavoura, o inseto é encontrado aderido a folha. Após de 7 a 10 dias, as partes terminais das folhas perfuradas pelo adulto, acabam caindo. Inicialmente os afilhos atacados apresentam a folha central retorcida, tornando-se amarelada e posteriormente esta morre. O mesmo pode acontecer com toda a planta. A saída do adulto da lavoura para o sítio de hibernação pode manifestar-se antes da ocorrência do período desfavorável ao inseto. Esta indução a diapausa está relacionada a aproximação do período adverso, devido a fatores ambientais como: fotoperíodo, temperatura e umidade. (Tauber et al. 1986). As principais mudanças provocadas aos insetos pela diapausa, são a redução aos estímulos de alimentação e reprodução. O deslocamento para os sítios assegura a sobrevivência em condições climáticas desfavoráveis, além de oferecer proteção contra predadores. A determinação da época de hibernação dos insetos-praga permite uma adequada orientação no seu manejo, bem como a preservação dos inimigos naturais devido à indicação de períodos adequados, para a adoção de métodos de controle. Este estudo foi realizado com a finalidade de identificar os principais sítios de hibernação, determinar os períodos de entrada e saída dos insetos e quantificar as populações hibernantes. As amostragens foram feitas em uma lavouras no município de Restinga Seca, no período de maio de 2001 a maio de 2003 em áreas com alta infestação de plantas daninhas, situadas nas bordas da lavoura, nas taipas e ruas, onde foram coletadas mensalmente 15 amostras, nos locais estabelecidos na implantação do estudo. As amostras obtidas da área de 1m2 através de coleta manual eram acondicionadas em sacos plásticos e levadas ao laboratório da Estação Experimental do Arroz (EEA) do Instituto Riograndense do Arroz, para determinar os insetos pertencentes ao gênero em estudo. Durante a hibernação os insetos ficam embaixo da vegetação e sobre o solo sem movimentação, sendo que nas depressões geralmente são encontrados agrupados, ocorrendo de 5 a 10 exemplares. Também a planta daninha rabo de burro, Andropogon sp. apresentou alta agregação de adultos, chegando a ocorrer 30 insetos por touceira. Os resultados conforme (Figura 1), demonstram que o período de entrada dos adultos no sítio de hibernação iniciou no final do mês de fevereiro e prolongou-se até abril. O inicio da diapausa deu-se onde a temperatura da região era favorável ao inseto, assim como o alimento. Os insetos são capazes de prever a chegada do período adverso, antes da sua manifestação. Porém entre os fatores que podem induzir a hibernação, o fotoperíodo é o mais regular e o que fornece uma indicação mais segura (Mielitz, 1993), logo este fator climático pode ter influenciado o deslocamento para o refugio a partir de fevereiro. Nas coletas verificou-se algumas áreas desocupadas ou com poucos exemplares e outras com altas densidades populacionais, demonstrando a ocorrência de agregação entre os insetos. Estas informações confirmam citação de Waters (1959), onde a agregação é uma característica fundamental, baseada na atração mútua dos indivíduos, fatores físicos do ambiente e resposta às plantas hospedeiras. Quanto à saída do sítio hibernante, nos meses de outubro e novembro ocorreu um decréscimo acentuado na população. A redução de adultos a partir de outubro e novembro, pode ter sido influenciada pela temperatura, pois tanto em 2001 como em 2002, esta foi superior a 20° C nesses meses. Segundo Tauber et al. (1986) a temperatura é o principal fator que regula a velocidade de retomada do desenvolvimento. Já a partir do final de dezembro verificou-se uma estabilização dos adultos em hibernação, em valores baixos. Portanto nos meses de janeiro e na primeira quinzena de fevereiro, verificou-se um número reduzido de adultos no sítio de hibernação, demonstrando que um percentual baixo permanece no refúgio, exceto no mês de janeiro de 2003 onde não foram encontrados insetos hibernando. Em relação aos locais de hibernação, os resultados deste estudo demonstram que durante 5 a 6 meses, altas populações de Ochetina sp. permanecem concentradas nas taipas, nas ruas e junto as bordas da lavoura, em geral, até 1 metro para dentro do sitio hibernante. 200 30 Número de insetos Temperatura do ar Número de insetos 160 28 26 24 22 140 20 120 18 16 100 14 80 12 10 60 8 40 Temperatura do ar (ºC) 180 6 4 20 2 0 0 MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR 2001 2002 2003 Período de avaliação FIGURA 1 – Variação da população de Ochetina sp. em bordas da lavoura, taipas e ruas, em áreas de arroz irrigado da Depressão Central do Estado. Instituto Riograndense do Arroz, Restinga Seca, 2003. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MIELITZ, L.R. Diapausa em Oryzophagus oryzae (Costa Lima, 1936) (Coleoptera Curculionidae) em condições de campo.1993. 159p. Tese (Doutorado em CiênciasEcologia), Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 1993. TAUBER, M. J.,TAUBER, C. A.., MASAKI, S. Seasonal adaptations of insects. New York: Oxford University Press, 1986. 411p. WATERS, W. E. A quantitative measure of agregation in insects. Journal Economic. Entomology., College Park, V. 52, n. 6, p. 1180-1183,1959. OCORRÊNCIA DE LEPIDÓPTEROS EM LAVOURAS DE ARROZ IRRIGADO NO RIO GRANDE DO SUL Jaime Vargas de Oliveira(1), Lídia Mariana Fiuza (1,2), Rogério Fernando Pires da Silva(3), Gilberto Dotto(1), Jaceguay I. de Barros(1), Jorge L. Cremonese(1) , Rute Beatriz de Oliveira Dias(3), André Diehl de Sousa(3), Emerson Luís Nunes Costa(3); Andresa Patricia Lucho(2). 1 Estação Experimental do Arroz /IRGA, Cachoeirinha, RS; 2Microbiologia, Centro 2, UNISINOS, São Leopoldo, RS; 3Fitossanidade, Fac. de Agronomia, UFRGS, Porto Alegre, RS. Palavras-chave: inseto-praga, lagarta, Oryza sativa A ordem Lepidoptera, que reúne os insetos conhecidos como borboletas e mariposas, contém cerca de 150.000 espécies descritas (Gallo et al., 2002). As lagartas, como são conhecidas as formas jovens, estão entre as principais pragas das plantas cultivadas. Nos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, a “lagarta-da-folha”, Spodoptera frugiperda, e a “lagarta-boiadeira”, Nymphula spp., destacam-se como as mais importantes pragas do arroz irrigado (IRGA, 2001). A ocorrência das mesmas está relacionada à fase inicial da cultura, antes do estabelecimento da lâmina d’água e durante os primeiros “banhos”. Nas últimas safras, no Rio Grande do Sul, tem sido constatada a presença de outras espécies de lepidópteros causando danos ao arroz. Algumas espécies têm ocorrido também durante a emissão da panícula. Para essa fase, não há estudos sobre nível populacional capaz de causar danos econômicos. Em virtude desses fatos, o objetivo desse trabalho foi investigar a ocorrência de espécies de lepidópteros em arroz irrigado na Região da Depressão Central do Rio Grande do Sul. O trabalho foi desenvolvido em diversas etapas, incluindo a coleta de lagartas e crisálidas nas lavouras, criação em laboratório, conservação de exemplares e identificação. As coletas foram realizadas em lavouras de arroz nos municípios de Agudo, Cachoeira do Sul, Restinga Seca e Faxinal do Soturno. Posteriormente, os insetos foram mantidos no Laboratório de Entomologia, junto ao Departamento de Fitossanidade da Faculdade de Agronomia/UFRGS, em Porto Alegre, RS, até a emergência dos adultos. Alguns exemplares de lagartas foram conservados em álcool 70%, e os adultos foram montados e conservados a seco. Na Tabela 1 constam características das principais espécies identificadas: Diatraea saccharalis, Mocis latipes, Nymphula spp.(N. indomitalis, N. fluctuosalis e N. depunctalis.), Pseudaletia spp. (P. adultera e P.sequax), Spodoptera spp. (S. frugiperda, S. eridania e S. latifascia), Panoquina sp., e Urbanus sp. (Tabela 1). A maioria dessas espécies são desfolhadoras que ocorrem no início da fase vegetativa da cultura. Mocis latipes, Pseudaletia spp. e Spodoptera frugiperda têm ocorrido em níveis populacionais elevados também na fase reprodutiva, cortando a base das panículas. A “lagarta-boiadeira”, Nymphula spp., ocorre a partir dos primeiros “banhos”, e se protege no interior de cartuchos de folhas cortadas, os quais flutuam na água de irrigação. Em plantas de arroz, a “broca-do-colmo”, provoca os sintomas conhecidos como “coraçãomorto”, quando ataca o colmo na fase vegetativa e, “panícula branca”, quando ataca a base da panícula, causando a ocorrência de grãos chochos ou vazios. Tabela 1. Principais características dos lepidópteros coletados em lavouras de arroz irrigado no Rio Grande do Sul; 2002/03. Nome comum: “Broca-da-cana”;”broca-do-colmo” 1 Lagarta : 25 mm, amarelada, pontuações (pináculas) marrons, cabeça marrom-escura. Adulto: Mariposa com até 25 mm de envergadura, asas amarelo-palha. Asa anterior com aspecto estriado, com pequenos pontos marrons formando uma linha em diagonal em forma de V invertido no terço apical. Referências: Zucchi et al., 1993. Nome comum: “Curuquerê-dos-capinzais”; “lagarta-mede-palmo”. Mocis latipes 1 Lagarta : 55 mm, parda com duas faixas escuras longitudinais limitadas por duas (Lep., Noctuidae) estrias amarelas, cabeça globosa com estrias longitudinais amareladas. Adulto: Mariposa com até 40 mm de envergadura, asas pardo-acinzentadas. Asa anterior com dois contornos de manchas circulares unidos e uma faixa transversal pósmediana escura. Referências: Zucchi et al., 1993. Nome comum: “Lagarta-do-trigo” Pseudaletia adultera 1 Lagarta : 35 mm, pardo-escura com várias estrias, sendo a subespiracular amarelada. (Lep., Noctuidae) Adulto: Mariposa com até 35 mm de envergadura, asa pardo-acinzentada uniforme e aspecto estriado. Apresenta uma linha apical mais escura, inclinada, que continua em pontuações até atingir o bordo posterior da asa. Mancha reniforme branca, pequena. Asa posterior branco-acinzentada. Referências: Zucchi et al., 1993. Nome comum: “Lagarta-do-trigo” ;”lagarta-das-panículas” Pseudaletia sequax 1 Lagarta : 35 mm, verde-escura com três faixas branco-amareladas. (Lep., Noctuidae) Adulto: Mariposa com até 35 mm de envergadura, asa cinza-amarelada com sombreado escuro, manchas orbicular e reniforme alaranjadas, uma estria apical escura, que continua em pontuações escuras em linha inclinada até a margem posterior da asa. Asa posterior acinzentada. Referências: Zucchi et al., 1993; Ferreira & Martins, 1984. Nome comum: “Lagarta-militar”; “lagarta-da-folha” Spodoptera frugiperda 1 Lagarta : 40 mm, marrom, faixa dorsal com base das cerdas (pináculas) pretas. (Lep., Noctuidae) Cápsula cefálica com a sutura adfrontal não alcançando o vértice da cabeça. Adulto: Mariposa com 30 a 35 mm de envergadura. Macho com asa anterior marromacinzentada, orbicular coberta por uma faixa branca larga e transversal, que alcança o meio da asa, mancha reniforme demarcada de branco e com uma mancha apical também branca; faixa subterminal nítida. Fêmea com asa anterior marrom-acinzentada, com as manchas orbicular e reniforme delineadas em branco. Asa posterior esbranquiçada e hialina em ambos os sexos. Referências: Zucchi et al., 1993. Nome comum: “Lagarta-boiadeira”; “lagarta-cartucheira” Nymphula spp. 1 Lagarta : 15 mm, branco-esverdeada, com filamentos traqueais externos para (Lep., Pyralidae) respiração aquática. Vivem nas folhas de arroz, enroladas, flutuando na água de irrigação. Adulto: Mariposa com até 16 mm de envergadura, asas brancas com pontuações escuras. Referências: Martins et al., 2000; IRGA, 2001; Grützmacher et al. 2001. Nome comum: “Lagarta-enroladeira-das-folhas” Panoquina sp. 1 Lagarta : 30 mm, verde, com um par de estrias dorsais amareladas, abdômen (Lep. Hesperiidae) pontiagudo e cabeça larga. Enrolam a extremidade das folhas, onde se abrigam. Adulto: Borboleta com 32 a 35 mm de envergadura, asas marrom-escuras, sendo as anteriores com diversos pontos triangulares translúcidos. Referências: King & Saunders, 1984. Nome comum:“Cabeça-de-fósforo” Urbanus sp. 1 Lagarta : 35 mm, verde-escura, com duas estrias laterais amareladas e uma estria (Lep. Hesperiidae) dorsal marrom, cabeça bem desenvolvida marrom-avermelhada. Adulto: Borboleta com até 45 mm de envergadura, marrom com reflexos azulados na base da asa posterior. Asas anteriores com várias manchas brancas translúcidas de forma quadrangular no ápice, asas posteriores com prolongamento caudal na região anal. Referências: Zucchi et al., 1993. 1 Tamanho das lagartas no último ínstar. Diatraea saccharalis (Lep., Pyralidae) De acordo com os relatos de extensionistas e pesquisadores do IRGA, nas últimas quatro safras, as espécies pertencentes aos gêneros Spodoptera e Pseudaletia têm apresentado ocorrências em níveis populacionais elevados na Região da Depressão Central e também no Litoral e na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. Também têm ocorrido em níveis populacionais elevados da espécie Mocis latipes na Depressão Central e Fronteira Oeste. Já a Nymphula spp. na Depressão Central. Os estudos de ocorrência, identificação de espécies e caracterização dos danos são de grande importância, pois servem de base para futuras pesquisas, visando o estabelecimento de práticas adequadas ao manejo de insetos-praga. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FERREIRA, E; MARTINS, J. F. da S. Insetos prejudiciais ao arroz no Brasil e seu controle. Goiânia: EMBRAPA, CNPAF, 1984. 67p. GALLO, D.; NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S. et al. Entomologia agrícola. Piracicaba: FEALQ, 2002. 920 p. GRÜTZMACHER, A. D.; CUNHA, U. S.; GIOLO, F. P.; AZEVEDO, R. Efeito do inseticida Fipronil (Klap 200 SC) em pulverização foliar no controle da lagarta-boiadeira Nymphula depunctalis (LEP. PYRALIDAE, NYMPHULINAE) na cultura do arroz irrigado. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO 2; REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO 24., Porto Alegre, 2001. Anais. IRGA, Porto Alegre, 2001. p.448-451. IRGA. Arroz irrigado: recomendações técnicas da pesquisa para o sul do Brasil. Porto Alegre: IRGA, 2001. 128 p. KING, A.B.S.; SAUNDERS, J.L. The invertebrate pests of annual food crops in Central America. London: Overseas Development Administration, 1984. 166 p. MARTINS, J.F. da S.; CUNHA, U.S. da; OLIVEIRA, J.V. de; PRANDO, H.F. Controle de insetos na cultura do arroz irrigado. p.137-153. In: GUEDES, J.C.; COSTA, I.D. da; CASTIGLIONI, E. Bases e técnicas do manejo de insetos. Santa Maria: UFSM/CCR/DFS, Pallotti, 2000. 248 p. ZUCCHI, R.A.; SILVEIRA NETO, S.; NAKANO, O. Guia de identificação de pragas agrícolas. Piracicaba: FEALQ, 1993. 139 p. PREFERÊNCIA ALIMENTAR DE Spodoptera frugiperda (J.E. SMITH, 1797) (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) PROVENIENTES DAS CULTURAS DO ARROZ IRRIGADO E MILHO NO AGROECOSSISTEMA DE VÁRZEA, MUNICÍPIO DE PELOTAS, RIO GRANDE DO SUL Anderson Dionei Grützmacher (1), Gustavo Rossato Busato (1), Mauro Silveira Garcia (1), Fabrizio Pinheiro Giolo (1), Moisés João Zotti (1), Sandro Daniel Nörnberg (1). 1 Depto. de Fitossanidade - FAEM/UFPel, Caixa Postal 354. E-mail: [email protected] Palavras-chave: Insecta, lagarta-da-folha, lagarta-do-cartucho, plantas hospedeiras. Spodoptera frugiperda (J.E. Smith, 1797) (Lepidoptera: Noctuidae) é uma das principais pragas das culturas do arroz irrigado e do milho no Estado do Rio Grande do Sul (RS), ocasionando altos índices de desfolhamento. No arroz irrigado é conhecida como lagarta-da-folha, alimentando-se de plantas novas, antes da inundação definitiva dos arrozais, consumindo-as completamente. As lagartas alimentam-se, preferencialmente, de plantas de capim-arroz, passando a atacar o arroz após a eliminação das invasoras por herbicidas. Já nas lavouras onde o arroz também é cultivado sobre taipas, o ataque pode se estender até a fase de emissão de panículas, devido ao deslocamento das lagartas para esses locais, após a inundação da área. No milho é conhecida como lagarta-do-cartucho, alimenta-se praticamente em todas as fases de desenvolvimento da cultura, embora tenha preferência por cartuchos de plantas jovens. O estádio em que a cultura apresenta maior susceptibilidade, coincide com os primeiros 40 dias de desenvolvimento, quando apresenta 8 a 10 folhas. A constatação da existência de “raças” tem fundamental importância na atual concepção da Entomologia Econômica, pois pode haver um comportamento diferenciado em relação ao controle químico com inseticidas (Pashley et al., 1987) e possivelmente ao controle biológico com predadores e parasitóides, bem como uma variação no consumo de alimento e, conseqüentemente, no nível de dano econômico para cada cultura (Pashley et al., 1992). O cultivo de milho e de sorgo em condições de várzeas no Estado do RS é, potencialmente, uma das melhores alternativas para rotação de cultura com o arroz irrigado, principalmente para reduzir os índices de infestação de plantas daninhas. A proximidade das áreas cultivadas com as poáceas pode intensificar o ataque do inseto às lavouras de milho, sorgo e arroz irrigado, uma vez que as culturas são hospedeiras da praga. Diante da realidade do setor produtivo no agroecossistema de várzeas do Estado do RS, e, considerando a necessidade de implementação do manejo integrado da praga nesta região, é imprescindível a determinação da preferência alimentar de S. frugiperda nos seus principais hospedeiros. Assim, o objetivo do trabalho foi determinar a preferência alimentar de S. frugiperda provenientes das culturas do arroz irrigado e do milho no município de Pelotas, Rio Grande do Sul, sobre folhas de milho, sorgo, arroz irrigado e capim-arroz. O experimento foi desenvolvido no Laboratório de Biologia de Insetos, do Departamento de Fitossanidade (DFs), da Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel” (FAEM), da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), em Capão do Leão - RS, em condições controladas de temperatura (25 ± 1º C), umidade relativa (70 ± 15%) e fotofase (14 horas). Foram coletadas lagartas de duas populações de S. frugiperda no município de Pelotas - RS, agroecossistema de várzea, região que produz arroz irrigado e milho lado a lado (uma população em milho e a outra em arroz). Em laboratório as lagartas foram criadas sobre folhas dos respectivos hospedeiros até a pupação, sendo nas gerações subseqüentes mantidas em dieta artificial. Utilizou-se, como alimento, folhas do híbrido de milho Pioneer 30F33, do híbrido de sorgo BRS 306, do cultivar de arroz irrigado Pelota e de capim-arroz semeados em casa-devegetação em baldes plásticos para 10 Kg. Quando o milho e o sorgo apresentaram 8 a 10 folhas e o arroz irrigado e o capim-arroz atingiram 40 dias após a emergência, folhas de cada espécie foram coletadas, instalando-se os experimentos. Para determinar a preferência alimentar das populações de S. frugiperda, foram realizados dois experimentos, com chance de escolha. No primeiro experimento, retângulos foliares de 1,5 x 3,0 cm (4,5 cm2) de cada alimento foram cortados, sendo dispostos de forma eqüidistante em placa de Petri (9,0 cm de diâmetro). No centro de cada placa, foram liberadas 20 lagartas recém-eclodidas de cada população de S. frugiperda, num total de 20 repetições. A avaliação da preferência alimentar foi realizada após 24 horas, determinandose a porcentagem de lagartas que se instalaram em cada alimento. No segundo experimento, folhas de cada alimento foram medidas (medidor da marca LI-COR - modelo LI-3.10020), sendo dispostas de forma eqüidistante em placa de Petri (20,0 cm de diâmetro). No centro de cada placa, foi liberada uma lagarta de último ínstar, num total de 20 repetições por população. A avaliação da preferência alimentar foi realizada após 24 horas, determinando-se a área foliar consumida de cada alimento, obtida através da diferença entre a área foliar do alimento oferecida e a remanescente após o período de avaliação. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado. As análises estatísticas foram realizadas pelo programa “Genes” e as médias comparadas pelo teste de Tukey (P ≤ 0,05). No experimento 1 não houve diferença significativa na porcentagem de lagartas recém-eclodidas das populações de S. frugiperda, sobre folhas de milho, sorgo, arroz irrigado e capim-arroz. Entretanto, um maior número de lagartas de ambas as populações se instalaram em folhas de milho (Tabela 1), não havendo, diferença significativa na porcentagem de lagartas sobre folhas de sorgo, arroz irrigado e capim-arroz. Tabela 1. Porcentagem (±EP) de lagartas recém-eclodidas de Spodoptera frugiperda provenientes do município de Pelotas - RS das culturas do milho e do arroz irrigado, sobre folhas de milho, sorgo, arroz irrigado e capim-arroz. Temperatura: 25 ± 1º C; UR: 70 ± 15%; Fotofase: 14 horas. Capão do Leão - RS, 2002. População Milho Arroz Milho 40,9 ± 6,19 a A 39,1 ± 5,77 a A Porcentagem de lagartas (%) Sorgo Arroz Irrigado 23,1 ± 3,40 a B 17,9 ± 3,23 a B 25,2 ± 3,07 a B 18,3 ± 4,67 a B Capim-arroz 18,1 ± 3,35 a B 17,4 ± 2,71 a B Médias seguidas pela mesma letra, minúscula nas colunas ou maiúsculas nas linhas, não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de significância. No experimento 2 também não houve diferença significativa no consumo de folhas dos alimentos testados pelas lagartas de último ínstar de ambas as populações. Entretanto, observou-se que a área foliar consumida pelas lagartas foi significativamente maior em milho (Tabela 2). É notória, a preferência das lagartas de S. frugiperda de ambas as populações, por se alimentar em milho em relação aos hospedeiros sorgo, arroz irrigado e capim-arroz. Em sorgo, existe a hipótese, de que a menor preferência se deve à presença de tanino na planta (Portillo et al., 1998). A menor preferência das plantas de arroz irrigado em relação ao milho, deve-se, dentre outras substâncias, a presença de sílica em elevados teores, que além de dificultar a alimentação dos insetos, principalmente pelo desgaste das mandíbulas, interfere na digestão, prejudicando a assimilação de nutrientes (Djamin & Pathar 1967). Neste sentido, Busato et al. (2002) constataram um menor teor de sílica para híbrido de milho BRS 8330 (1,1%) em relação a cultivar de arroz irrigado Embrapa 6-Chuí (7,1%). Em relação ao capim-arroz, por serem plantas com características similares ao arroz irrigado, esta hipótese também é válida, mas provavelmente tenha menor teor de sílica. Entretanto, em trabalho similar, Botton et al. (1998) ao avaliarem a preferência alimentar de lagartas de 1o e 3o ínstar de S. frugiperda, originária do hospedeiro milho no município de Pelotas - RS, constataram que o capim-arroz foi mais preferido em relação ao arroz irrigado. Tabela 2. Consumo (±EP) de folhas de milho, sorgo, arroz irrigado e capim-arroz, por lagartas de último ínstar de Spodoptera frugiperda provenientes das culturas do milho e do arroz irrigado, no município de Pelotas - RS. Temperatura: 25 ± 1ºC; UR: 70 ± 15%; Fotofase: 14 horas. Capão do Leão - RS, 2002. 2 População Milho Arroz Milho 17,1 ± 3,28 a A 17,3 ± 2,57 a A Consumo foliar (cm ) Sorgo Arroz Irrigado 5,9 ± 1,96 a B 1,5 ± 0,59 a B 5,1 ± 1,49 a B 0,6 ± 0,26 a B Capim-arroz 2,0 ± 0,69 a B 1,3 ± 0,65 a B Médias seguidas pela mesma letra, minúscula nas colunas ou maiúsculas nas linhas, não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de significância. Fica evidente que as lagartas de S. frugiperda recém-eclodidas e de último ínstar das populações provenientes do município de Pelotas - RS, não diferem em relação à preferência por alimento. Considerando os resultados obtidos e a escassez de informações sobre o valor nutricional das plantas de milho, sorgo, arroz irrigado e capim-arroz para as populações de S. frugiperda, evidencia-se a necessidade de pesquisar os componentes químicos das quatro espécies vegetais, avaliando-se os índices nutricionais do inseto, visando esclarecer os processos envolvidos na preferência e seleção do hospedeiro. Com base em trabalhos realizados visando a caracterização fenotípica e genotípica da praga (dados não apresentados), ocorrem em áreas de várzea no município de Pelotas RS, duas “raças” de S. frugiperda: a “raça milho” e “raça arroz”, sendo estas sincrônicas (de ocorrência simultânea). Neste contexto, os produtores devem estar atentos ao realizarem o planejamento de suas áreas no agroecossistema de várzeas, mais especificamente no que se refere à proximidade entre culturas e/ou sistema de rotação de culturas. Referências Bibliográficas BOTTON, M. et al. Preferência alimentar e biologia de Spodoptera frugiperda (J.E. Smith) (Lepidoptera: Noctuidae) em arroz e capim-arroz. Anais da Sociedade Entomológica do Brasil, v. 27, n. 2, p. 207-212, 1998. BUSATO, G. R. et al. Consumo e utilização de alimento por Spodoptera frugiperda (J.E. Smith) (Lepidoptera: Noctuidae) originária de diferentes regiões do Rio Grande do Sul, das culturas do milho e do arroz irrigado. Neotropical Entomology, v. 31, n. 4, p. 525-529, 2002. DJAMIN, A.; PATHAR, M. D. Role of silica in resistance to Asiatic rice borer, Chilo supressalis (Walker), in rice varieties. Journal of Economic Entomology, v. 60, n. 2, p. 347-351, 1967. PASHLEY, D. P. et al. Two fall armyworm strains feed on corn, rice and bermuda grass. Louisiana Agriculture, v. 30, p .8-9, 1987. PASHLEY, D. P.; HAMMOND, A. M. ; HARDY, T. N. N. Reproductive isolating mechanisms in fall armyworm host strains (Lepidoptera: Noctuidae). Annals of the Entomological Society of America, v. 85, n. 4, p. 400-405, 1992. PORTILLO, H. E. et al. Performance of a Lepidopteran pest complex (Langosta) (Lepidoptera: Noctuidae) on sorghum, maize, and noncrop vegetation in Honduras. Environmental Entomology, v. 17, n. 1, p. 70-79, 1998. SUSCEPTIBILIDADE DE LAGARTAS DE Spodoptera frugiperda (J.E. SMITH, 1797) (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) PROVENIENTES DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO NO RIO GRANDE DO SUL, A INSETICIDAS COM DIFERENTES MODOS DE AÇÃO Anderson Dionei Grützmacher (1), Gustavo Rossato Busato (1), Mauro Silveira Garcia (1), Moisés João Zotti (1), Sandro Daniel Nörnberg (1), Juliana de Magalhães Bandeira (1), Taís Rodrigues Magalhães (1). 1 Depto. de Fitossanidade - FAEM/UFPel, Caixa Postal 354. Email: [email protected] Palavras-chave: Insecta, lagarta-da-folha, controle químico, raças fisiológicas. A lagarta-da-folha, Spodoptera frugiperda (J.E. Smith, 1797) (Lepidoptera: Noctuidae) é considerada uma das principais pragas na maioria das regiões de cultivo do arroz irrigado no Estado do Rio Grande do Sul (RS). A lagarta se alimenta de plantas novas antes da inundação definitiva dos arrozais, consumindo-as até rente ao solo. O ataque pode se estender até a fase de emissão de panículas, em lavouras onde o arroz também é cultivado sobre as taipas. No Estado do RS, em condições de várzeas, o período crítico de ataque compreende a emergência das plantas e a inundação da lavoura. Neste período, atinge níveis populacionais elevados, podendo destruir totalmente a lavoura. Nos Estados Unidos, foram constatadas duas “raças” de S. frugiperda: “raças milho e arroz”. Tal constatação tem grande importância na atual concepção da Entomologia Econômica, pois pode haver um comportamento diferenciado em relação ao controle químico com inseticidas (Pashley et al., 1987). No México, também foram constatadas “raças”, quando cinco populações de S. frugiperda foram coletadas na cultura do milho, havendo diferenças biológicas, de compatibilidade reprodutiva e na susceptibilidade de lagartas a inseticidas (Edwards et al., 1999). Atualmente, diante da perspectiva da implementação do manejo integrado da praga na cultura do arroz irrigado no Estado do RS, é imprescindível determinar o comportamento das lagartas de S. frugiperda em relação aos principais inseticidas. Assim, o objetivo do trabalho foi determinar, a susceptibilidade de lagartas de S. frugiperda, provenientes da cultura do arroz irrigado no Rio Grande do Sul, a inseticidas. O experimento foi desenvolvido no Laboratório de Biologia de Insetos, do Departamento de Fitossanidade (DFs), da Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel” (FAEM), da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), em Capão do Leão - RS, em condições controladas de temperatura (25 ± 1º C), umidade relativa (70 ± 15%) e fotofase (14 horas). Foram coletadas lagartas de duas populações de S. frugiperda: em Uruguaiana, região tradicionalmente produtora de arroz irrigado e em Pelotas, região onde se produz arroz irrigado e milho. Em laboratório as lagartas foram criadas sobre folhas dos respectivos hospedeiros até a pupação, sendo nas gerações subseqüentes mantidas em dieta artificial. Utilizou-se, como alimento, folhas do cultivar de arroz irrigado Pelota, semeados em casa-de-vegetação em baldes plásticos para 10 Kg. Quando as plantas atingiram 40 dias após a emergência, foram coletadas folhas, instalando-se o experimento. Utilizando a torre de Potter (Burkard Scientific, Uxbridge, UK), pulverizou-se em placa de Petri de 9,0 cm de diâmetro, um volume de calda de 2 mL (volume de calda - 250 L.ha-1) com pressão de 0,703 kg.cm-2 (10 psi), o que correspondeu a um depósito de aproximadamente 1,65 mg de calda por cm2 de folha. Após a secagem, o retângulo de folha foi transferido para o interior de um recipiente de plástico com tampa (capacidade de 100 mL). Em seguida, colocou-se lagartas sobre os retângulos das folhas. Foram utilizadas 25 lagartas de 3º ínstar para cada população de S. frugiperda, previamente submetidas à medição da cápsula cefálica, com ocular micrométrica acoplada a um microscópio estereoscópico. A avaliação da mortalidade foi realizada por 24, 48, 72, 96 e 120 horas após o início da exposição das lagartas ao substrato tratado. As lagartas que não apresentaram qualquer movimento ao serem tocadas levemente com pincel, foram consideradas mortas. Os inseticidas e dosagens avaliados foram: clorpirifós [Lorsban 480 BR, 500 mL p.c..ha-1 (Organofosforado)], lambdacialotrina [Karate Zeon 50 CE, 150 mL p.c..ha-1 (Piretróide Sintético)], lufenuron [Match CE, 300 mL p.c..ha-1 (Aciluréia)], methoxifenozide [Intrepid 240 SC, 165 mL p.c..ha-1 (Diacilhidrazina)] e spinosad [Tracer, 500 mL p.c..ha-1 (Naturalyte)]. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, sendo cada lagarta considerada uma repetição. A variável mortalidade de lagartas foi transformada para x + 0,5 . A eficiência média de controle foi calculada utilizando-se a fórmula de Abbott. A análise estatística foi realizada pelo programa “Genes” e as médias comparadas pelo teste de Tukey (P ≤ 0,05). Todos os inseticidas testados causaram elevada mortalidade das lagartas de 3º ínstar de ambas populações de S. frugiperda, diferindo significativamente da mortalidade ocorrida no tratamento testemunha (Tabela 1). Não houve diferença no número de lagartas mortas de ambas às populações em cada inseticida. A eficiência de controle destes inseticidas foi superior a 92,0% para a população Uruguaiana e de 100,0% para a população Pelotas. Apesar de somente o inseticida lambdacialotrina ser registrado na cultura do arroz irrigado para o controle de S. frugiperda, os demais são registrados na cultura do milho para o controle desta praga. Deste modo, se apresentam como produtos potenciais para o controle da lagarta-da-folha no arroz irrigado os inseticidas lufenuron, methoxifenozide e spinosad, por apresentarem alta eficiência e serem moléculas que apresentam-se ecologicamente mais seguras (menos tóxicas e menos persistentes) para serem usados no controle desta praga. Tabela 1. Mortalidade (Nº ) e eficiência de controle de inseticidas (%C) sobre lagartas de 3º ínstar de Spodoptera frugiperda, provenientes da cultura do arroz irrigado - Rio Grande do Sul, 120 horas após o tratamento. Temperatura de 25 ± 1oC, UR de 70 ± 15% e fotofase de 14 horas. Capão do Leão - RS, 2002. Populações de S. frugiperda Uruguaiana Inseticidas 1 Nº Clorpirifós Lambdacialotrina Lufenuron Methoxifenozide Spinosad Testemunha 2 2 5aA 22 a A 25 a A 23 a A 2 Nº 2 2 5aA 25 a A 25 a A 25 a A 9 5aA - 100 100 ,0 0 bA %C ,0 100,0 100,0 100,0 2 2,0 0 1 1 00,0 96,0 100,0 92,0 3aA bA Pelotas %C - 1 Médias seguidas pela mesma letra, minúscula nas colunas ou maiúsculas nas linhas, não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de significância. 2 Porcentagem média de controle calculada pela fórmula de Abbott. A eficiência de controle dos inseticidas nas cinco avaliações sobre lagartas de 3º ínstar de ambas populações de S. frugiperda é apresentado na Figura 1. Considerando a eficiência de controle de 80% como uma referência para bioensaios realizados em laboratório, constata-se que existe diferença na susceptibilidade das lagartas da população Uruguaiana e Pelotas aos inseticidas lambdacialotrina, lufenuron, methoxifenozide e spinosad, uma vez que este índice foi atingido em períodos distintos após o início da exposição das lagartas ao substrato tratado. Para a maioria dos inseticidas (lambdacialotrina, methoxifenozide e spinosad) houve uma maior eficiência de controle para a população Pelotas,principalmente até 72 horas após o tratamento. Fica evidente que, embora a eficiência de controle 120 horas após o tratamento, não seja significativamente diferente entre as populações de S. frugiperda (Tabela 1), ao longo do tempo, as lagartas de ambas as populações, apresentam um comportamento diferenciado em relação aos inseticidas testados (Figura 1). 100.0 Eficiência de Controle (%) Eficiência de Controle (%) 100.0 80.0 60.0 40.0 20.0 Clorpirifós 0.0 24 HAT 48 HAT 72 HAT 96 HAT 80.0 60.0 40.0 20.0 Lambdacialotrina 0.0 24 HAT 120 HAT Horas Após o Tratam ento (HAT) Uruguaiana Pelotas Uruguaiana 96 HAT 120 HAT Pelotas 100.0 Eficiência de Controle (%) Eficiência de Controle (%) 72 HAT Horas Após o Tratam ento (HAT) 100.0 80.0 60.0 40.0 20.0 Lufenuron 0.0 24 HAT 48 HAT 48 HAT 72 HAT 96 HAT 80.0 60.0 40.0 20.0 Methoxifenozide 0.0 24 HAT 120 HAT Horas Após o Tratam ento (HAT) Uruguaiana 48 HAT 72 HAT 96 HAT 120 HAT Horas Após o Tratam ento (HAT) Pelotas Uruguaiana Pelotas Eficiência de Controle (%) 100.0 80.0 60.0 40.0 20.0 Spinosad 0.0 24 HAT 48 HAT 72 HAT 96 HAT 120 HAT Horas Após o Tratam ento (HAT) Uruguaiana Pelotas Figura 1. Eficiência de controle de inseticidas sobre lagartas de 3º ínstar de Spodoptera frugiperda, provenientes da cultura do arroz irrigado - Rio Grande do Sul. Temperatura de 25 ± 1oC, UR de 70 ± 15% e fotofase de 14 horas. Capão do Leão - RS, 2002. Diante dos resultados, é imprescindível a realização de novos estudos, visando caracterizar a susceptibilidade das populações de S. frugiperda aos inseticidas, especialmente no que se refere à determinação de concentração letal 50 (CL50) para cada inseticida e população de S. frugiperda. Com base em trabalhos realizados visando a caracterização fenotípica e genotípica da praga (dados não apresentados), não ocorrem “raças” da praga na cultura do arroz irrigado. Referências Bibliográficas EDWARDS, M. L. et al. Biological differences between five populations of fall armyworm (Lepidoptera: Noctuidae) collected from corn in Mexico. Florida Entomologist, v. 82, n. 4, p. 254-262, 1999. PASHLEY, D. P. et al. Two fall armyworm strains feed on corn, rice and bermuda grass. Louisiana Agriculture, v. 30, p .8-9, 1987. NÍVEIS POPULACIONAIS DE Ochetina sp. (Coleoptera: Curculionidae) NA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO André Diehl de Sousa1; Jaime Vargas de Oliveira2, Lídia Mariana Fiúza2,3, Rogério F. P. da Silva1; Emerson L. N. Costa1. 1Fitossanidade, FA, UFRGS. C.P. 776, CEP 91540-000, Porto Alegre, RS. 2EEA, Instituto Riograndense do Arroz. C.P. 29, CEP 94930-030, Cachoeirinha, RS. 3Microbiologia, Centro 2, UNISINOS. C.P. 275, CEP 93001-970, São Leopoldo, RS Email: [email protected] Palavras-chave: Gorgulho, Danos, Produtividade, Orizícola, Manejo. O arroz (Oryza sativa) é a quarta cultura em área cultivada e a terceira em quantidade produzida dentre as principais espécies produtoras de grãos (IBGE, 2002). O ataque de insetos é um dos principais fatores impeditivos de melhor produção, sendo que dentre esses, Ochetina sp. é a mais importante praga surgida nos últimos anos. Com o objetivo de fornecer subsídios para o controle desse inseto, dentro dos princípios de manejo integrado, foi instalado ensaio para determinar os danos sob diferentes níveis populacionais de infestação. Esse foi conduzido na área experimental do Departamento de Plantas de Lavoura da Faculdade de Agronomia da UFRGS, em Porto Alegre, RS, na safra 2002/03. As unidades experimentais constaram de 12 tanques de cimento, divididas por placa de isopor, totalizando 24 parcelas de 0,80m2. O sistema de irrigação e drenagem foi individualizado. A cultivar IRGA 417, de ciclo curto, foi estabelecida com densidade de 80 sementes por metro linear. O delineamento utilizado foi o de blocos ao acaso, com quatro repetições e seis tratamentos: 0, 2, 6, 12, 24 e 32 adultos por unidade experimental. O desbaste foi feito 19 dias após a semeadura (DAS), permanecendo 200 plantas, de tamanho uniforme, por unidade experimental e a infestação aos sete dias após o estabelecimento da lâmina de água, que corresponde a 32 DAS. Na fase inicial de ataque, os adultos perfuram a parte terminal da folha. Posteriormente, alimentam-se também do colmo, especialmente dos tecidos internos. As larvas, que se desenvolvem no interior destes, alimentam-se das folhas centrais em crescimento, reduzindo a estatura de afilhos e provocando o sintoma conhecido como “coração morto”. Foi constatado acamamento de plantas nas parcelas infestadas com 24 e 32 insetos, apesar da cultivar IRGA 417 ser considerada resistente. A cada inseto/0,8 m2, estimou-se redução de 0,441 panículas/m linear (figura 1), 0,456 grãos/panícula (figura 2) e produtividade equivalente a 83,567 kg/ha, considerando 13% de umidade (figura 3). O percentual de redução da produtividade (figura 4) foi de 0,863, ou seja, 1,08% a cada inseto/m2. O número de gãos/panícula apresentou variabilidade alta, uma vez que foram avaliadas tanto panículas de plantas atacadas quanto de não atacadas, distribuídas na unidade experimental (40 panículas/parcela), no entanto, o coeficiente de regressão linear foi significativo (F=9,64), mostrando que os níveis populacionais aplicados reduziram linearmente essa variável. Assim, o número de grãos/panícula estimado para os tratamentos testemunha e 32 adultos/0,8m2, foi de 117,83 e 103,25, respectivamente. Com os dados obtidos pode-se estimar os níveis de dano econômico e limiares de controle da espécie alvo, que juntamente com o controle biológico, amostragem, biologia e ecologia do inseto formam a base do manejo de pragas, nesse estudo, para o curculionídeo Ochetina sp. No de panículas/m linear 110,0 100,0 90,0 80,0 70,0 60,0 50,0 0 5 10 15 20 o 25 30 35 2 N de insetos/0,8m y = 79,121-0,4413x 2 r = 0,872 Figura 1- Regressão linear simples entre o número de adultos de Ochetina sp./0,8 m2 e o número de panículas/m de arroz irrigado (IRGA 417). UFRGS, Porto Alegre, RS, 2003. N° de grãos/panícula 140,0 130,0 120,0 110,0 100,0 90,0 80,0 0 y = 117,83-0,4557x r2 = 0,811 5 10 15 20 25 30 35 2 N° de insetos/0,8m Figura 2- Regressão linear simples entre o número de adultos de Ochetina sp./0,8 m2 e o número de grãos/panícula de arroz irrigado (IRGA 417). UFRGS, Porto Alegre, RS, 2003. Produtividade (kg/ha) 11000,00 10000,00 9000,00 8000,00 7000,00 6000,00 5000,00 4000,00 0 5 10 15 20 25 30 35 2 y = 9462,2-83,567x r2 = 0,939 N° de insetos/0,8m redução produtividade (%) Figura 3- Regressão linear simples entre o número de adultos de Ochetina sp./0,8 m2 e a produtividade de grãos de arroz irrigado (IRGA 417). UFRGS, Porto Alegre, RS, 2003. 50,0 45,0 40,0 35,0 30,0 25,0 20,0 15,0 10,0 5,0 0,0 0 5 10 y = 1,377 + 0,8633x 2 15 20 25 30 35 2 N° de insetos/0,8m r = 0,939 Figura 4- Regressão linear simples entre o número de adultos de Ochetina sp./0,8 m2 e a percentagem de redução da produtividade de grãos de arroz irrigado (IRGA 417). UFRGS, Porto Alegre, RS, 2003. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: IBGE. Acompanhamento de safra. Disponível em: http//www.ibge.gov.br. Acesso em 03/07/2002. TOXICIDADE DE Beauveria bassiana PARA ADULTOS DE Ochetina sp. (COLEOPTERA: CURCULIONIDAE) EM LABORATÓRIO André Diehl de Sousa1; Lídia Mariana Fiúza2,3, Jaime Vargas de Oliveira3, Rogério F. P. da Silva1; Emerson L. N. Costa1. 1Fitossanidade, FA, UFRGS. C.P. 776, CEP 91540-000, Porto Alegre, RS. 2Microbiologia, Centro 2, UNISINOS. C.P. 275, CEP 93001-970, São Leopoldo, RS. 3EEA, Instituto Riograndense do Arroz. C.P. 29, CEP 94930-030, Cachoeirinha, RS Email: [email protected] Palavras-chave: Fungo, Arroz, Controle Biológico, Gorgulho Na América Latina são semeados cerca de 5,8 milhões de hectares de arroz, sendo que o Brasil é o principal produtor. Além disso, é um alimento com alto valor energético e componente essencial da cesta básica brasileira. Dentre as espécies de insetos-praga, Ochetina sp. vem gerando prejuízos substanciais às lavouras de arroz. Esse foi constatado pela primeira vez, em áreas orizícolas, em 1982 (Souza et al., 1982), estando hoje disseminado, no Rio Grande do Sul, em cerca de 50.000 hectares (figura 1). área atacada (ha) 60000 50000 40000 30000 20000 10000 0 1998/1999 1999/2000 2000/2001 2001/2002 2002/2003 safra Figura 1- Área de arroz irrigado atacado por Ochetina sp. no Rio Grande do Sul. Há relatos de Ochetina bruchi Hustache, alimentando-se em plantas aquáticas como Limnobium stoloniferum (G. F. W. Meyer) Griseb, Pistia stratiotes L. e Ludwigia peploides (H. B. K.) Raven. Em laboratório, os adultos também alimentam-se em Spirodela intermedia, Lemna sp. e algumas outras plantas aquáticas, porém, segundo os autores, a larva de O. bruchi provavelmente não possa se desenvolver nessas (Cordo et al., 1981). Também descrevem que essa espécie apresenta aproximadamente 2,8 mm de comprimento e 1,4 mm de largura, menor da que está presente em arroz, que segundo Martins et al. (1999), possui cerca de 5,2 mm de comprimento e 2,6 mm de largura. Entre as diversas medidas que constituem o manejo integrado de pragas, o controle biológico é uma alternativa interessante, onde destacam-se os fungos, que são os agentes responsáveis por cerca de 80% das doenças de insetos. As espécies dos gêneros Metarhizium e Beauveria ocorrem naturalmente sobre um grande número de insetos, agindo na redução de populações de pragas (Alves, 1998). Beauveria bassiana vem se destacando no controle biológico natural de Ochetina sp., sendo encontrados até 35 adultos mumificados/m2 no período entre outubro e novembro, cujo isolado foi caracterizado (Fiuza et al., 2002) e catalogado no banco de fungos entomopatogênicos do CENARGEM como Beauveria bassiana CG881/IRGA. O objetivo desse trabalho foi testar a toxicidade desse isolado em adultos de Ochetina sp. Para isso, foi realizado experimento em condições de laboratório, no Departamento de Fitossanidade da UFRGS, em Porto Alegre, RS. Os adultos foram coletados diretamente de lavoura de arroz irrigado, no município de Restinga Seca, RS, separados em lotes de 50 e colocados em potes plásticos de 500 ml, com palha e uma placa de Petri com água e plântulas de arroz, trocadas periodicamente. Foram então, mantidos 30 dias em sala climatizada (28±1ºC; 60±10% UR; 12 h fotofase), para constatação da ausência de agentes patogênicos. Observou-se que, além das folhas e colmos, também alimentam-se de sementes pré germinadas. No isolamento do agente causal, foi realizado processo de desinfecção superficial, em solução de hipoclorito de sódio a 1% e água destilada esterilizada, passando em seguida por câmara úmida e crescimento em meio Batata Dextrose Ágar (BDA) e colocado em B.O.D. (28±1ºC; 80±10% UR; 12 h fotofase). Após, foi realizada repicagem em arroz esterilizado, conforme metodologia descrita por Santoro et al. (2002), utilizando a proporção de 30 g de arroz parboilizado com 24 ml de água, mantido nas mesmas condições. No preparo da suspensão foi utilizado 50 g de arroz (com conídios), 120 ml de água destilada esterilizada e 240 µL de Tween 20. Da suspensão foi coletada alíquota para contagem dos conídios em câmara de Neubauer e cálculo do número de conídios mL-1. O entomopatógeno B. bassiana foi utilizado à concentração de 0,35 x 109 conídios mL-1. Na testemunha, a suspensão foi substituída por água destilada esterilizada, contendo Tween 20. Na verificação da viabilidade dos conídios, alíquotas das suspensões foram distribuídas em placas de Petri contendo meio de cultura BDA. Os tratamentos foram constituídos de 20 insetos e três repetições, totalizando 60 insetos por tratamento. Esses foram imersos na suspensão durante 5 minutos (para cada repetição foi utilizado 10 mL) e, em seguida, acondicionados em placas de Petri de 10 cm, cobertos por pote plástico, contendo plântulas de arroz e colocados em B.O.D., nas mesmas condições antes citadas. Após a imersão, foram mantidos com a suspensão durante 24 horas, sendo, então, retirada e colocado papel filtro umedecido com água destilada esterilizada. A mortalidade foi avaliada aos cinco dias após a aplicação dos tratamentos (DAT). Os insetos mortos foram retirados, banhados em solução de hipoclorito de sódio a 1% e água destilada esterilizada, sendo, em seguida, mantidos em câmara úmida. A causa da morte foi confirmada nos cadáveres, onde aqueles submetidos ao tratamento com fungo, apresentaram sintomas característicos (Alves, 1998), enquanto no tratamento testemunha não ocorreu mortalidade. Os resultados foram comparados e submetidos a análise de variância pelo teste F. Tabela 1- Mortalidade de adultos de Ochetina sp. submetidos ao tratamento com o entomopatógeno Beauveria bassiana. UFRGS, Porto Alegre, RS, 2003. Tratamentos Beauveria CG881/IRGA Testemunha bassiana Conídios mL-1 0,35 x 109 Insetos mortos (%) 100 a1 0 0b 1 Médias seguidas de mesma letra, não diferem entre si, pelo teste F, ao nível de 5% de significância. Os resultados do presente estudo, revelam a alta virulência do isolado Beauveria bassiana CG881/IRGA, causando 100% de controle de adultos de Ochetina sp. na concentração de 0,35 x 109 conídios mL-1, quando comparada aos dados apresentados por Costa et al. (2001), os quais testaram a ação dos fungos Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae ambos na concentração de 1 x 109 conídios ml-1, obtidos dos produtos comerciais Boveriol e Metabiol, respectivamente. Os tratamentos com fungos entomopatogênicos apresentaram índice de mortalidade absoluta inferior a 60% aos 05 DAT, chegando a 83,3% para B.bassiana e 76,7% para M. anisopliae aos 21 DAT, sendo que ambos superaram a testemunha (6,7%) e não diferiram estatisticamente entre si. Esses resultados, obtidos em condições controladas, revelam que o novo isolado do entomopatógeno em estudo, obtido de Ochetina sp., representa um agente promissor no controle biológico dessa praga, sendo a próxima fase da pesquisa a determinação da CL50 e TL50 em condições laboratoriais, para posterior avaliação em campos experimentais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, S. B. Fungos Entomopatogênicos. In: ALVES, S. B. Controle Microbiano de insetos. 2.ed., Piracicaba: FEALQ, 1998. p.289-381. CORDO, H. A.; DELOACH, C. J.; FERRER, R. Biological studies on two weevils, Ochetina bruchi and Onychylis creatus, collected from Pistia and other aquatic plants in Argentina. Annals of the Entomological Society of America. Maryland, v. 74, n.4, p.363-368, 1981. COSTA, E. L. N; OLIVEIRA, J. V. de; CRUZ, F. Z. da; DIAS, R. B. de O.; SILVA, R. F. P. da; FIUZA, L. M. Avaliação de formulações comerciais de fungos entomopatogênicos no controle de adultos de Ochetina sp. (COL., CURCULIONIDAE). In. CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 2; REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 24., 2001, Porto Alegre. Anais ... Porto Alegre: IRGA, 2001. p. 454-455. FIUZA, L. M.; OLIVEIRA, J. V. de.; DOTTO, G. M. Controle natural de Ochetina sp. (Col., Curculionidae) com Beauveria bassiana, em áreas orizícolas. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENTOMOLOGIA, 19., 2002, Manaus. Resumos ... Manaus: INPA, 2002. p.106. MARTINS, J. F. da S.; CUNHA, U. S. da; PRANDO, H. F. Ocorrência de Ochetina sp, novo inseto potencialmente prejudicial à cultura do arroz irrigado no Rio Grande do Sul. In. CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 1; REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 23., 1999, Pelotas. Anais ... Pelotas: EMBRAPA CLIMA TEMPERADO, 1999. p. 461-463. SANTORO, P. H.; NEVES, P. M. O. J.; BELEIA, A.; ITO, E. T.; VIEIRA, J. G. Z. Desenvolvimento de tecnologia de produção de fungo entomopatogênico Beauveria bassiana em arroz. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENTOMOLOGIA, 19., 2002, Manaus. Resumos ... Manaus: INPA, 2002. p.64. SOUZA, M. E. L. de; ARIGONY, T. H. de A.; GASTAL, H. A. de O.; GALILEO, M. H. M.; OLIVEIRA, J. V. de. Pragas da lavoura orizícola do Rio Grande do Sul. Lavoura Arrozeira, Porto Alegre, v.35, n.335, p.34, 1982. CONTRIBUIÇÕES DA PESQUISA SOBRE Oryzophagus oryzae (COL., CURCULIONIDAE) NAS REUNIÕES DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO Emerson Luís Nunes Costa (1), Rogério Fernando Pires da Silva (1), Jaime Vargas de Oliveira (2) , Lídia Mariana Fiuza (2,3), André Diehl de Sousa (1). 1 Fitossanidade, Fac. de Agronomia, UFRGS, Porto Alegre, RS, [email protected]; 2 EEA-IRGA, Cachoeirinha, RS; 3 Microbiologia, Centro 2, UNISINOS, São Leopoldo, RS Palavras-chave: entomologia, gorgulho-aquático, Oryza sativa O Rio Grande do Sul e Santa Catarina produzem, juntos, aproximadamente 60% do arroz no Brasil (IBGE, 2001). Nesses Estados cultiva-se principalmente o arroz irrigado, que é mais produtivo que o arroz de terras altas, predominante nas outras regiões do país. Porém, a produtividade média obtida em condições de lavoura está abaixo daquela verificada em condições experimentais (Menezes, 2001). Um dos fatores que contribuem para isso é a ocorrência de insetos-praga. Nesse contexto, destaca-se no sul do Brasil o “gorgulho-aquático-do-arroz” Oryzophagus oryzae, cujas larvas, conhecidas como “bicheirada-raiz-do-arroz”, danificam as raízes e causam prejuízos ao rendimento (Martins et al., 2001). A pesquisa na área de entomologia tem mostrado empenho nos estudos de controle desse inseto, destacando-o como praga-chave da cultura do arroz irrigado. Outros autores já ressaltaram a necessidade de mais estudos sobre O. oryzae, como Mielitz (1993), que enumerou, entre outros temas, a avaliação do potencial reprodutivo, estimativas de sobrevivência, identificação de hospedeiros alternativos, capacidade de migração, determinação de níveis de dano, e eficiência de agentes microbianos de controle. Martins (1994) considerou como prioridades os estudos de amostragem, danos, ecologia, resistência varietal, práticas culturais, biologia e controles químico, biológico e físico. O objetivo deste trabalho é apresentar uma análise da distribuição dos temas que têm sido estudados pelas principais entidades de pesquisa na área de entomologia em arroz irrigado, destacando os estudos sobre O. oryzae. A análise foi realizada com base nos trabalhos apresentados nas 24 edições da Reunião da Cultura do Arroz Irrigado. Esse evento é promovido desde o início da década de 70, e reúne os trabalhos de diversas instituições de pesquisa. Entre as principais instituições de pesquisa que têm contribuído no estudo de O. oryzae, destacam-se o Instituto Riograndense do Arroz (IRGA), o Centro de Pesquisa Agropecuária de Clima Temperado (CPACT-EMBRAPA) e a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI). Além dessas, as Universidades Federais de Pelotas (UFPel), Santa Maria (UFSM) e do Rio Grande do Sul (UFRGS), a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/USP) e, mais recentemente, a Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), também têm desenvolvido trabalhos sobre esse inseto. Até a 24ª edição da Reunião da Cultura do Arroz Irrigado, promovida no ano de 2001, foram apresentados mais de 150 trabalhos na área de entomologia. Considerando a instituição do primeiro autor, a UFSM apresenta o maior número de resumos de pesquisas nessa área. Do total de trabalhos sobre entomologia, 54% referem-se exclusivamente a O. oryzae (Figura 1). Destacam-se ainda os estudos com a “lagarta-da-folha”, Spodoptera frugiperda; o “percevejo-do-grão”, Oebalus poecilus, e o “percevejo-do-colmo”, Tibraca limbativentris (Figura 1). 20% 7% 54% 8% 11% Oryzophagus oryzae Spodoptera frugiperda Tibraca limbativentris Outros Oebalus poecilus FIGURA 1 – Distribuição percentual dos trabalhos da área de entomologia nas Reuniões da Cultura do Arroz Irrigado, no período de 1971 a 2001. Dos trabalhos que tratam de O. oryzae, 71% referem-se ao controle químico, e o restante divide-se nos temas de nível de dano, resistência de plantas, controle biológico, ocorrência, manejo da adubação, manejo da irrigação e biologia (Figura 2). Biologia Manejo da irrigação Manejo da adubação Ocorrência Controle biológico Resistência de plantas Nível de dano Controle químico 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Número de trabalhos (%) FIGURA 2 - Distribuição percentual dos trabalhos relacionados a Oryzophagus oryzae apresentados nas Reuniões da Cultura do Arroz Irrigado, no período de 1971 a 2001. O CPACT-EMBRAPA, o IRGA e a EPAGRI respondem, juntos, por mais de 60% dos trabalhos sobre O. oryzae. O CPACT destaca-se pela distribuição dos temas estudados, apresentando o menor percentual de trabalhos sobre controle químico. O IRGA tem o maior número de resumos de pesquisas sobre esse inseto, com estudos de controle químico, manejo da adubação, da irrigação e novas alternativas de controle. A EPAGRI tem desenvolvido trabalhos sobre biologia, ecologia e novas alternativas de controle. Até o momento, a UFSM tem dado ênfase ao controle químico, ao contrário dos estudos com outros insetos-praga da cultura, como a lagarta S. frugiperda, e os percevejos O. poecilus e T. limbativentris, onde os pesquisadores da instituição têm investigado a ecologia, o nível de dano e a ocorrência. Esse levantamento confirma a necessidade de mais pesquisas, já manifestada por outros autores, relacionadas a temas não menos importantes sobre O. oryzae. Os estudos de biologia, ocorrência e nível de dano são fundamentais para o estabelecimento de estratégias de controle, enquanto que práticas culturais, como adubação, irrigação, época de semeadura e resistência de plantas devem ser mais pesquisados, e em conjunto com métodos químicos e biológicos. Os resultados desse levantamento mostram que os temas estudados estão voltados principalmente para o controle químico, enquanto ainda há carência de pesquisas relacionadas aos temas básicos, como nível de dano, biologia, ecologia e práticas alternativas de controle. Dentro da visão do manejo integrado de pragas, os estudos em relação à redução de dosagens de inseticidas químicos podem ser mais pesquisados. Além disso, o trabalho conjunto entre várias instituições deve ser visto como uma forma de distribuir melhor as informações, integrando o conhecimento, na busca de objetivos comuns, e de interesse dos produtores. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS IBGE. Levantamento sistemático da produção agrícola. Rio de Janeiro: IBGE, 2001. p.16-18. MARTINS, J.F. da S. Avaliação crítica dos projetos do PNP-Arroz na área de entomologia no período de 1980 a 1990: Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. In: EMBRAPA CNPAF. A pesquisa de arroz no Brasil nos anos 80: avaliação crítica dos principais resultados. Goiânia: EMBRAPA CNPAF, 1994. p.17-53. MARTINS, J.F. da S.; CARBONARI, J.J.; PRANDO, H.F. Gorgulho-aquático-do-arroz, Oryzophagus oryzae (Coleoptera: Curculionidae). In: VILELA, E.F.; ZUCCHI, R.A.; CANTOR, F. Histórico e impacto das pragas introduzidas no Brasil. Ribeirão Preto: Holos, 2001. p.128-134. MENEZES, V.G. Limitantes para alcançar altos rendimentos de grãos de arroz irrigado no Rio Grande do Sul. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 2.; REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 24., 2001, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre: IRGA, 2001. p. 888-894. MIELITZ, L.R. Diapausa em Oryzophagus oryzae (Costa Lima, 1936) (Coleoptera, Curculionidae) em condições de campo. São Carlos: UFSCAR, 1993. 159f. Tese (Doutorado em Ciências - Ecologia) – Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 1993. FORMULAÇÕES COMERCIAIS DE FUNGOS NA ÁGUA DE IRRIGAÇÃO PARA CONTROLE DE Oryzophagus oryzae (COL.: CURCULIONIDAE) Emerson Luís Nunes Costa (1), Rogério Fernando Pires da Silva (1), Jaime Vargas de Oliveira (2) , Lídia Mariana Fiuza (2,3), Andresa Patrícia Regert Lucho (3), Marco Aurélio Tramontin da Silva (4). 1 Fitossanidade, Fac. de Agronomia, UFRGS, Porto Alegre, RS, [email protected]; 2 EEA-IRGA, Cachoeirinha, RS; 3Microbiologia, Centro 2, UNISINOS, São Leopoldo, RS; 4 UNISUL, Tubarão, SC. Palavras-chave: arroz irrigado, gorgulho-aquático, Beauveria bassiana, Metarhizium anisopliae Entre os diversos fatores responsáveis pela redução no rendimento do arroz irrigado, está a ocorrência da “bicheira-da-raiz-do-arroz”, como é conhecida a larva do “gorgulhoaquático” Oryzophagus oryzae. Contra esse inseto, a maioria dos produtores utiliza o controle químico depois do aparecimento das larvas (Botton et al., 1995; Grützmacher et al., 2001). Dentro de um programa de manejo, onde são associados métodos químicos, físicos, biológicos e práticas culturais, o favorecimento do controle biológico pode contribuir à diminuição do uso de inseticidas químicos. Nesse contexto, os fungos são agentes que se destacam, pois ocorrem naturalmente (Alves, 1998). No Brasil, o emprego de formulações comerciais à base de fungos entomopatogênicos já faz parte dos programas de manejo de algumas pragas de importância agrícola, mas ainda não há produtos dessa natureza recomendados para o controle de O. oryzae. O objetivo deste trabalho foi avaliar a ocorrência de larvas de O. oryzae e o rendimento de grãos, em parcelas submetidas à pulverização de formulações comerciais dos fungos Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae na água de irrigação, para o controle do “gorgulho-aquático”. A pesquisa foi conduzida a campo na safra 2001/02, em área da Estação Experimental do Arroz (EEA), pertencente ao Instituto Riograndense do Arroz (IRGA), localizada no município de Cachoeirinha, RS. Foram utilizados quatro tratamentos: Beauveria bassiana (Boveril®) e Metarhizium anisopliae (Metarril®), ambos à concentração de 1x1012 conídios.ha-1; fipronil (Klap 200 SC), na dose de 22 g.i.a.ha-1 e testemunha. O delineamento experimental foi de blocos casualizados, com 4 repetições. A cultivar utilizada foi IRGA-420, semeada em linhas, no sistema convencional. As parcelas, de 12 m2, foram cercadas com taipas de terra. As aplicações dos produtos biológicos e do inseticida químico foram realizadas com pulverizador costal, equipado com CO2, aos 2 dias após o estabelecimento da lâmina d’água de irrigação (DAI). O inseticida fipronil foi utilizado em dose superior à recomendada, servindo como padrão de controle de larvas. O efeito dos tratamentos foi avaliado através das variáveis: número de larvas e rendimento de grãos. O número de larvas foi avaliado semanalmente, dos 14 aos 70 DAI, coletando-se quatro amostras de plantas com solo e raízes por parcela, através de um cilindro de PVC (10 cm de diâmetro e 20 cm de altura), conforme metodologia já utilizada por diversos autores (Martins & Terres, 1995; Oliveira, 1999; Prando, 2001; Silva, 2002), e recomendada pela pesquisa (IRGA, 2001). Cada amostra foi agitada na água, sobre uma peneira, no interior de uma bacia plástica, procedendo-se então a contagem do número de larvas vivas por amostra. A produção de grãos foi avaliada a partir da colheita de uma área de 5,6 m2 por parcela, aos 111 DAI, correspondentes a 137 dias após a semeadura. Depois de realizada a trilha, os grãos foram pesados, corrigindo-se os valores obtidos para 13% de umidade. Os dados foram submetidos à análise de variância, através do teste F, e as médias foram comparadas entre si pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. Como resultados, conforme a Tabela 1, o inseticida fipronil apresentou 100% de controle de larvas até os 42 DAI. No pico populacional, ocorrido aos 35 DAI, e nas duas avaliações mais próximas (28 e 42 DAI) não houve diferença significativa entre os tratamentos biológicos e a testemunha. Numericamente, o percentual de controle de larvas em relação à testemunha no pico populacional foi de 32,4% para B. bassiana e 16,8% para M. anisopliae. Quanto à produção de grãos, não houve diferença estatística entre os tratamentos. Em termos absolutos, as médias das parcelas tratadas com os produtos biológicos ficaram entre 4,3 e 4,7% acima da verificada na testemunha, ou seja, uma diferença entre 250 e 275 kg.ha-1, respectivamente. TABELA 1 – Efeitos de inseticidas biológicos e químico sobre o número de larvas de Oryzophagus oryzae e o rendimento de grãos da cultivar IRGA-420, EEA/IRGA, Cachoeirinha, RS, 2001/02 Tratamentos N° médio de larvas1 Rendimento de grãos 2 (kg.ha-1) 28 DAI 35 DAI 42 DAI Beauveria bassiana 1x1012 conídios.ha-1 7,12 a3 7,56 a 4,44 a 5.457,77 Metarhizium anisopliae 1x1012 conídios.ha-1 7,94 a 9,31 a 4,06 a 5.483,20 Fipronil 22 g.i.a. ha-1 0b 0b 0b 5.779,75 Testemunha 7,62 a 11,19 a 4,44 a 5.207,25 1 Em amostras de solo e raízes; Dias após o estabelecimento da lâmina d’água de irrigação; 3 Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey, a 5%. 2 Os fungos entomopatogênicos, assim como qualquer outra medida de controle, não devem ser utilizados isoladamente contra os insetos-praga. Os resultados obtidos apontam para trabalhos futuros, onde podem ser desenvolvidos testes de novos métodos de aplicação, mistura com outros produtos, níveis de concentração, aplicações em diferentes épocas e locais, testes com outras formulações comerciais, entre outros estudos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, S.B. Controle microbiano de insetos. 2.ed. Piracicaba: FEALQ, 1998. 1163 p. Cap. 11: Fungos entomopatogênicos. BOTTON, M.; MARTINS, J.F. da S.; CARBONARI, J.J.; GALINA, J.C.; CANDIA, V.A. Comparação de métodos de controle químico de Oryzophagus oryzae na cultura do arroz irrigado. In: REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 21., 1995, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre: IRGA, 1995. p.217-220. GRÜTZMACHER, A.D.; GIOLO, F.P; AZEVEDO, R. de; GRÜTZMACHER, D.D.; HERPICH, M.I. Avaliação da eficiência do inseticida fipronil (Klap 200 SC) em pulverização foliar no controle da bicheira-da-raiz Oryzophagus oryzae (Costa Lima, 1936) (Coleoptera: Curculionidae) na cultura do arroz irrigado. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 2.; REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 24., 2001, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre: IRGA, 2001. p.428-430. IRGA. Arroz irrigado: recomendações técnicas da pesquisa para o sul do Brasil. Porto Alegre: IRGA, 2001. 128 p. MARTINS, J.F. da S.; TERRES, A.L.S. Avaliação de germoplasma de arroz visando resistência a Oryzophagus oryzae (Costa Lima). Anais da Sociedade Entomológica do Brasil, Jaboticabal, v.24, n.3, p.445-453, 1995. OLIVEIRA, J.V. de. Controle químico da bicheira da raiz, Oryzophagus oryzae, no sistema convencional. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO; REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 23., 1999, Pelotas. Anais... Pelotas: EMBRAPA CPACT, 1999. p. 411-412. PRANDO, H.F. Ação do inseticida micromite sobre larvas de Oryzophagus oryzae em arroz irrigado, sistema de cultivo pré-germinado. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 2.; REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 24., 2001, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre: IRGA, 2001. p. 399-401. SILVA, F.F.da. Avaliação da resistência de arroz irrigado a Oryzophagus oryzae (Costa Lima, 1936) (Coleoptera: Curculionidae) através de novas metodologias. Pelotas: UFPEL, 2002. 65 f. Dissertação (Mestrado em Fitossanidade) - Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2002. CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE POPULAÇÕES DE SPODOPTERA FRUGIPERDA (J.E. SMITH, 1797) (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) PROVENIENTES DAS CULTURAS DO ARROZ IRRIGADO E MILHO NO RIO GRANDE DO SUL ATRAVÉS DA TÉCNICA DE AFLP Gustavo Rossato Busato (1), Anderson Dionei Grützmacher (1), Antônio Costa de Oliveira (2), Paulo Dejalma Zimmer (2), Maurício Marini Kopp (2), Eduardo Alano Vieira (2), Gaspar Malone (2) . 1 Depto. de Fitossanidade - FAEM/UFPel, Caixa Postal 354. E-mail: [email protected]; 2 Centro de Genômica e Fitomelhoramento - FAEM/UFPel. Palavras-chave: Insecta, lagarta-da-folha, lagarta-do-cartucho, variabilidade genética. Spodoptera frugiperda (J.E. Smith, 1797) (Lepidoptera: Noctuidae) é uma das principais pragas da cultura do arroz irrigado e do milho no Estado do Rio Grande do Sul (RS), ocasionando altos índices de desfolhamento. Na cultura do arroz irrigado é conhecida como lagarta-da-folha, sendo considerada uma espécie polífaga, de ocorrência esporádica, tendo assumido importância econômica em áreas de várzea no Estado do RS. Há evidências de que a praga tem sido mais prejudicial em lavouras infestadas com capim-arroz (Echinochloa spp.), passando a atacar o arroz após a eliminação da planta daninha por herbicidas. No milho é conhecida como lagarta-do-cartucho, alimenta-se praticamente em todas as fases de desenvolvimento da cultura, embora tenha preferência por cartuchos de plantas jovens. O estádio em que a cultura apresenta maior susceptibilidade, coincide com os primeiros 40 dias de desenvolvimento, quando apresenta 8 a 10 folhas. Em regiões tropicais a redução na produção de grãos chega a 34,0% em casos severos, variando de acordo com a fase de desenvolvimento da planta, tipo de cultivar utilizada, local de plantio, bem como entre áreas adjacentes de acordo com as práticas adotadas. Nas últimas décadas, foram constatadas “raças” de S. frugiperda nos Estados Unidos: a “raça milho”, que se alimenta de plantas de milho e algodão e a “raça arroz” encontrada alimentando-se em plantas de arroz, grama-seda e outras gramíneas forrageiras (Pashley, 1993). Tal constatação tem grande importância, pois pode haver um comportamento diferenciado em relação ao controle químico com inseticidas (Pashley et al., 1987) e possivelmente, ao controle biológico com predadores e parasitóides, bem como uma variação no consumo de alimento e, conseqüentemente, no nível de dano econômico para cada cultura (Pashley et al., 1992). O presente trabalho teve por objetivo, mensurar o nível de diferenciação de populações de S. frugiperda, provenientes das culturas do arroz irrigado e do milho no Rio Grande do Sul, mediante o emprego da técnica de AFLP. Foram coletadas lagartas de quatro populações de S. frugiperda: uma em Santa Rosa, região tradicionalmente produtora de milho, uma em Uruguaiana, região tradicionalmente produtora de arroz irrigado, e duas em Pelotas, região que produz arroz irrigado e milho lado a lado (uma em arroz irrigado e outra em milho). As lagartas coletadas foram criadas no Laboratório de Biologia de Insetos (DFs/FAEM/UFPel) sobre folhas do respectivo hospedeiro até a pupação, sendo nas gerações subseqüentes mantidas em dieta artificial. O DNA genômico de 10 lagartas de cada população foi extraído, utilizando o tampão CTAB 2%. Posteriormente, realizou-se a digestão do DNA com enzimas de restrição, ligação de adaptadores específicos aos sítios de restrição, amplificação seletiva com primers específicos (5 combinações) e separação através de eletroforese dos fragmentos amplificados em gel de poliacrilamida 5%. Os estudos moleculares foram realizados no Centro de Genômica e Fitomelhoramento (CGF/DFt/FAEM/UFPel). As lagartas de cada população foram avaliadas através dos produtos da amplificação seletiva, em gel, sendo gerada uma matriz de binária (presença 1, ausência 0). Esta matriz foi utilizada para o cálculo da similaridade genética de todos os pares de indivíduos através do coeficiente de Dice e com base na matriz de similaridade gerada foi construído um dendrograma através do método de agrupamento UPGMA. Com base na matriz de similaridade gerada também foram obtidos o coeficiente de correlação cofenética (r) e a similaridade média. Posteriormente foi calculada a freqüência alélica de cada loco em cada uma das populações estudadas, e com base nos valores obtidos foi calculada a distância genética entre as populações de S. frugiperda. Após o cálculo da matriz das distâncias euclidianas entre as quatro populações foi construído um dendrograma pelo método de agrupamento UPGMA, e obtido o índice de correlação cofenética (r) e a distância média. A análise dos dados foi realizada através do Programa NTSYS v. 3.1. As cinco combinações de primers utilizadas geraram um total de 241 fragmentos de DNA (bandas), destes 229 polimórficos. O número de bandas produzidas por primer variou de 39 a 68, com uma média de 48 bandas. Para as 40 lagartas analisadas, aproximadamente 95% das bandas foram polimórficas, caracterizando um elevado grau de polimorfismo. A similaridade genética média (40,1%) foi utilizada como ponto de corte para a formação dos grupos (Figura 1). Seis grupos foram formados: i) lagartas B07 e A08; ii) lagartas C06; iii) lagartas B02; iv) lagartas B03, B06, B04 e B01; v) lagartas C04; e, vi) demais lagartas. A dissimilaridade genética média (3,8) foi utilizada como ponto de corte para a formação dos grupos (Figura 2). Dois grupos foram formados: i) populações de Arroz/Pelotas e Arroz/Uruguaiana; e, ii) populações de Milho/Pelotas e Milho/Santa Rosa. Similaridade genética média A01 A07 A06 A02 A03 D04 D03 A04 A05 A10 A09 D02 C09 D09 D05 D06 D07 D08 D10 B05 C07 C08 B08 C02 C03 C05 B09 C01 C10 D01 B10 C04 B01 B04 B06 B03 B02 C06 A08 B07 VI A01 V IV III II I 0.33 0.41 0.49 0.57 0.65 Coefficient r= 0,65 Figura 1. Similaridade genética de 40 lagartas (10 cada população) de quatro populações de Spodoptera frugiperda, provenientes das culturas do arroz irrigado e do milho no Estado do Rio Grande do Sul. A - Milho/Santa Rosa; B - Milho/Pelotas; C Arroz/Uruguaiana; D - Arroz/Pelotas. Capão do Leão -RS, 2003. Dissimilaridade genética média Milho/Santa Rosa A II Milho/Pelotas B A Arroz/Uruguaiana C I Arroz/Pelotas D 3.50 3.60 3.71 3.81 3.92 Coefficient r= 0,69 Figura 2. Dissimilaridade genética de quatro populações de Spodoptera frugiperda, provenientes das culturas do milho e do arroz irrigado no Estado do Rio Grande do Sul. Capão do Leão - RS, 2003. As populações de S. frugiperda provenientes da cultura do milho apresentam maior dissimilaridade genética do que as populações da cultura do arroz irrigado. A base genética do milho cultivado no Estado do RS é bem mais ampla do que a base genética do arroz irrigado. Esta característica tem reflexo direto sobre a dieta das lagartas, sugerindo desta forma a seguinte relação: quanto maior a base genética do hospedeiro menor a pressão de seleção do alimento sobre a população de lagartas e maior a dissimilaridade genética das populações de lagarta (caso da cultura do milho). O contrário, também é válido para o arroz irrigado. Considerando os resultados fenotípicos obtidos através da avaliação de parâmetros biológicos e do consumo e utilização de alimento (dados não apresentados), e, considerando a caracterização molecular das quatro populações estudadas, conclui-se que: ocorrem no Estado do RS duas “raças” de S. frugiperda, a “raça arroz” e a “raça milho”. Referências Bibliográficas PASHLEY, D. P. Causes of host-associated variation in insect herbivores: an example from fall armyworm. In: KIM, K. C.; McPHERON, B. A. (eds.), Evolution of insect pests: patterns of variation. John Wiley & Sons, New York, p. 351-359, 1993. PASHLEY, D. P. et al. Two fall armyworm strains feed on corn, rice and bermuda grass. Louisiana Agriculture, v. 30, p .8-9, 1987. PASHLEY, D. P.; HAMMOND, A. M. ; HARDY, T. N. N. Reproductive isolating mechanisms in fall armyworm host strains (Lepidoptera: Noctuidae). Annals of the Entomological Society of America, v. 85, n. 4, p. 400-405, 1992. PARÂMETROS BIOLÓGICOS DE SPODOPTERA FRUGIPERDA (J.E. SMITH, 1797) (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) PROVENIENTE DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO NO RIO GRANDE DO SUL Gustavo Rossato Busato (1), Anderson Dionei Grützmacher (1), Mauro Silveira Garcia (1), Moisés João Zotti (1), Márcio Bartz das Neves (1), Lucas Oberti Wagner (1). 1 Depto. de Fitossanidade - FAEM/UFPel, Caixa Postal 354. E-mail: [email protected] Palavras-chave: Insecta, lagarta-da-folha, biologia, raças fisiológicas. A lagarta-da-folha, Spodoptera frugiperda (J.E. Smith, 1797) (Lepidoptera: Noctuidae) é considerada uma espécie polífaga, de ocorrência esporádica, tendo assumido importância econômica em áreas de várzea no Estado do Rio Grande do Sul (RS). Há evidências de que a praga tem sido mais prejudicial em lavouras infestadas com capimarroz (Echinochloa spp.), passando a atacar o arroz após a eliminação da planta daninha por herbicidas. Os danos causados à cultura, consistem da destruição ou enfraquecimento de plantas novas, corte de colmos ao nível do solo, desfolhamento de plantas desenvolvidas, danos a flores e panículas. Em áreas de várzea no Estado do RS, o período crítico de ataque está compreendido entre a emergência das plantas e a inundação da lavoura, quando o inseto corta os colmos rente ao solo. Neste período, em determinados anos, atinge níveis populacionais elevados, podendo destruir totalmente a lavoura. Já nas lavouras onde o arroz também é cultivado sobre taipas, o ataque pode se estender até a fase de emissão de panículas, devido ao deslocamento das lagartas para estes locais, após a inundação da área. Nas últimas décadas, foram constatadas “raças” de S. frugiperda nos Estados Unidos (“raça milho e arroz”) e México (“raça milho”). Tal constatação tem grande importância, pois pode haver um comportamento diferenciado em relação ao controle químico com inseticidas (Pashley et al., 1987) e possivelmente ao controle biológico com predadores e parasitóides, bem como uma variação no consumo de alimento e, conseqüentemente, no nível de dano econômico para cada cultura (Pashley et al., 1992). Neste sentido, visando constatar a existência de “raças” de S. frugiperda é imprescindível a correta caracterização fenotípica através da avaliação de parâmetros biológicos e de consumo e utilização de alimento (nutrição dietética), bem como da caracterização genotípica da praga, mediante análise de polimorfismo e de marcadores moleculares. Assim, o objetivo do trabalho foi verificar alguns parâmetros biológicos de S. frugiperda, proveniente da cultura do arroz irrigado no Rio Grande do Sul. O experimento foi desenvolvido no Laboratório de Biologia de Insetos, do Departamento de Fitossanidade (DFs), da Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel” (FAEM), da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), em Capão do Leão - RS. Foram coletadas lagartas de duas populações de S. frugiperda: em Uruguaiana, região tradicionalmente produtora de arroz irrigado e em Pelotas, região onde se produz arroz irrigado e milho lado a lado. Em laboratório as lagartas foram criadas sobre folhas até a pupação, sendo nas gerações subseqüentes mantidas em dieta artificial. Foram individualizadas 150 lagartas de cada população em tubos de vidro de fundo chato (2,5 cm de diâmetro x 8,5 cm de altura), sendo mantidos em condições controladas de temperatura (25 ± 1º C), umidade relativa (70 ± 15%) e fotofase (14 horas). Utilizou-se como alimento, folhas do cultivar de arroz irrigado Pelota, semeados em casa-de-vegetação, em baldes plásticos para 10 Kg. Quando as plantas atingiram 40 dias após a emergência, diariamente, foram coletadas folhas e secções de sua parte mediana imersas por 30 minutos em água para manter a turgescência. Por ocasião do fornecimento às lagartas, as folhas foram desinfectadas em solução de sulfato de cobre 2% durante 20 minutos e, posteriormente, lavadas em água destilada. Quando as lagartas atingiram o máximo desenvolvimento (último ínstar), realizou-se a pesagem de 30 indivíduos de cada população. Todas as pupas foram pesadas com 24 horas de idade. Por ocasião da emergência dos adultos, foram individualizados 20 casais em gaiolas de PVC com 20 cm de diâmetro x 20 cm de altura sendo alimentados diariamente com solução aquosa de mel a 10%. As posturas retiradas foram contadas através do método de Leuck & Perkins (1972). Da segunda postura de cada casal, foram retirados 30 ovos, e através de observações diárias determinou-se à duração do período embrionário. Os parâmetros biológicos avaliados foram: duração das fases larval e pupal bem como do ciclo total, peso no máximo desenvolvimento, peso de pupas, longevidade média de adultos, fecundidade diária e fecundidade total. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado. As análises estatísticas foram realizadas pelo programa “Genes” e as médias comparadas pelo teste de Tukey (P ≤ 0,05). Houve diferença significativa na duração da fase larval das lagartas de S. frugiperda (Tabela 1), sendo maior para a população Uruguaiana (18,7 dias). Resultados similares foram obtidos por Pantoja et al. (1987) ao estudarem o desenvolvimento de “raças” de S. frugiperda, provenientes de Louisiana (EUA) e de Porto Rico, sobre a folhagem de arroz irrigado e em dieta artificial. O desenvolvimento das lagartas de S. frugiperda sobre a folhagem de arroz irrigado foi de 17,5 dias para a “raça” de Louisiana e de 18,9 dias para a “raça” de Porto Rico. Não houve diferença significativa entre ambas populações para duração da fase de pupa e duração do ciclo total (Tabela 1). Tabela 1. Duração (dias) dos estágios de larva, pupa e ciclo total (ovo à emergência do adulto) (±EP) de Spodoptera frugiperda, provenientes da cultura do arroz irrigado, municípios de Uruguaiana e Pelotas - Rio Grande do Sul, criadas em alimento natural. Temperatura de 25 ± 1oC, UR de 70 ± 15% e fotofase de 14 horas. Capão do Leão - RS, 2002. Parâmetros Larva Pupa Ciclo total Uruguaiana 18,7 ± 0,162 a 9,0 ± 0,102 a 31,6 ± 0,168 a Populações de S. frugiperda Pelotas 17,0 ± 0,105 b 8,4 ± 0,062 a 29,7 ± 0,129 a Médias seguidas pela mesma letra nas linhas, não diferem entre si, pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de significância. Em relação ao peso de lagartas no máximo desenvolvimento e peso de pupas (Figura 1), não houveram diferenças significativas entre lagartas das populações de S. frugiperda provenientes de Uruguaiana e Pelotas. A longevidade foi maior para a população Pelotas, e não houve diferença significativa para fecundidade diária e total (Tabela 2). Observou-se uma tendência dos insetos da população Pelotas possuírem melhor desenvolvimento biológico em folhas de arroz irrigado quando comparado com os insetos da população Uruguaiana, levando-se em consideração a duração da fase larval e longevidade média. Este fato provavelmente esta ligado a recomendação tradicional do cultivar Pelota em áreas de várzea na região, que uma vez utilizado no experimento pode influenciar nos resultados, muito embora Pantoja et al. (1987) mencionam que diferenças biológicas encontradas na fase larval, não são estendidas a adultos ou a qualquer outro parâmetro biológico, o que também foi constatado neste trabalho. 0.500 Peso (g) a a 0.250 a a 0.000 PMD Peso de Pupa Uruguaiana Pelotas Figura 1. Peso no máximo desenvolvimento de lagartas (PMD) e peso de pupas (g) (±EP) de Spodoptera frugiperda, provenientes da cultura do arroz irrigado, municípios de Uruguaiana e Pelotas - Rio Grande do Sul. Temperatura de 25 ± 1oC, UR de 70 ± 15% e fotofase de 14 horas. Capão do Leão - RS, 2002. Médias seguidas pela mesma letra, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P ≤ 0,05). Tabela 2. Longevidade de adultos, fecundidade diária e fecundidade total (±EP) de Spodoptera frugiperda, provenientes da cultura do arroz irrigado, municípios de Uruguaiana e Pelotas - Rio Grande do Sul. Temperatura de 25 ± 1oC, UR de 70 ± 15% e fotofase de 14 horas. Capão do Leão - RS, 2002. Parâmetros Longevidade Fecundidade diária Fecundidade total Uruguaiana 8,8 ± 0,657 b 203,8 ± 21,226 a 808,5 ± 82,005 a Populações de S. frugiperda Pelotas 12,8 ± 0,755 a 116,6 ± 8,188 a 715,5 ± 56,878 a Médias seguidas pela mesma letra nas linhas, não diferem entre si, pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de significância. Diante dos resultados do presente trabalho e considerando os demais estudos realizados visando à caracterização fenotípica e genotípica de ambas populações de S. frugiperda (dados não apresentados), conclui-se que não existem “raças” da praga na cultura do arroz irrigado no Estado do RS. Referências Bibliográficas LEUCK, D. B.; PERKINS, W. D. A method of estimating fall armyworm progeny reduction when evaluating control achieved host-plant resistance. Journal of Economic Entomology, v. 65, p. 482-483, 1972. PANTOJA, A.; SMITH, C. M.; ROBINSON, J. F. Development of fall armyworm, Spodoptera frugiperda (J.E. Smith) (Lepidoptera: Noctuidae), strains from Louisiana and Puerto Rico. Environmental Entomology, v. 16, n. 1, p. 116-119, 1987. PASHLEY, D. P. et al. Two fall armyworm strains feed on corn, rice and bermuda grass. Louisiana Agriculture, v. 30, p .8-9, 1987. PASHLEY, D. P.; HAMMOND, A. M.; HARDY, T. N. N. Reproductive isolating mechanisms in fall armyworm host strains (Lepidoptera: Noctuidae). Annals of the Entomological Society of America, v. 85, n. 4, p. 400-405, 1992. COMPARAÇÃO DE GENÓTIPOS DE ARROZ IRRIGADO PELO DANO DE OEBALUS POECILUS (DALLAS, 1851) (HETEROPTERA: PENTATOMIDAE) Evane Ferreira, José Alexandre Freitas Barrigossi, Paulo Hideo Nakano Rangel, Alberto Baêta dos Santos. Embrapa Arroz e Feijão, Caixa Postal 179, CEP 75375-000 Santo Antônio de Goiás, GO. E-mail: [email protected] Palavras-chave: Oryza sativa, percevejo-das-panículas, perdas quantitativas. A importância de O. poecilus como praga dos arrozais de várzea é conhecida desde há muito tempo no Brasil e outros países da América do Sul (Ferreira et al., 2001a). No Brasil é encontrado em todas as regiões onde se cultiva arroz em várzea (Chaves et al., 2001) muitas vezes em níveis populacionais tão altos que obrigam o produtor a aplicar inseticida para evitar perdas quantitativas e qualitativas na produção de grãos (Chaves et al., 2001; Ferreira et al., 2001). Em continuidade aos estudos para conhecer a reação de cultivares de arroz a este inseto foi realizado um experimento de campo na Fazenda Palmital, em Goianira-GO, envolvendo 19 e 20 genótipos, ciclo curto e médio, de arroz irrigado componentes do ensaio de VCU, Rede Tropical 2002/2003. O experimento foi instalado em duas etapas, por transplante de mudas produzidas em casa telada. Visando facilitar as tarefas de sua condução os genótipos precoces e médios foram plantados em 20/11/02 e 02/12/02 em telado e transplantados em 16/12/02 e 23/12/02 no campo, respectivamente. Utilizou-se o esquema de blocos ao acaso com cinco repetições. As parcelas foram constituídas de cinco m de fileiras espaçadas de 0,8 m. Durante a emissão das panículas foram instaladas em cada parcela, seis subparcelas. Estas eram constituídas de panículas individuais isoladas em garrafas de plástico transparente de dois litros de capacidade, sem o fundo, com três furos de dois cm de diâmetro na parede, e embutida numa manga de tela de náilon de 0,09 m de diâmetro e 0,50 m de comprimento. Após seu isolamento as panículas foram mantidas em posição vertical por meio de cordéis amarrados nas extremidades superiores das gaiolas e a fios de arame liso estendidos sobre o experimento. Quatro subparcelas de cada parcela foram infestadas no inicio da fase leitosa das espiguetas com dois adultos de O. poecilus de uma criação sustentada na cultivar de arroz CNA 8502, em telado, as outras duas subparcelas, não foram infestadas e serviram de testemunha. As panículas permaneceram infestadas com dois O. poecilus até a completa maturação das espiguetas. Após as infestações, foram realizadas inspeções a intervalos de cinco a seis dias para repor eventuais percevejos mortos e eliminar massas de ovos. As subparcelas foram colhidas cortando-se os colmos logo abaixo da extremidade inferior das gaiolas e levadas para o laboratório onde foram separadas em não infestadas e infestadas para retirada e debulha das panículas. As espiguetas das panículas, não infestadas e infestadas, foram secadas, pesadas e mecanicamente separadas em vazias e com endosperma, e depois contadas. As espiguetas com endosperma estão sendo avaliadas para perdas qualitativas. Com os dados obtidos até agora foram criadas as seguintes variáveis para cada nível de infestação: massa e número médio de espiguetas por panícula, porcentagem de espiguetas vazias e massa média por espigueta; com esta última foi obtida a porcentagem de perda de massa de espigueta. Estes dados permitem calcular as perdas quantitativas e juntamente com as perdas qualitativas, as perdas totais, segundo a metodologia utilizada por Ferreira et al. (2002). As variáveis comuns aos tratamentos foram analisadas conjuntamente (SAS Institute, 1990) e refeitas no caso de interação significativa para estudar as suas causas, sendo as médias classificadas pelos testes de Tukey e ScottKnott. Tabela 1. Médias da massa de espiguetas por panícula (MEP), número de espiguetas por panícula (NEP), porcentagem de espiguetas vazias (PEV) e porcentagem de perda de massa de espigueta (PPME) provenientes do experimento para avaliação de danos de Oebalus poecilus nos genótipos de arroz irrigado do ensaio de VCU, Precoce, Rede Tropical, 2002/2003. Goianira-GO, 2003. Genótipos MEP (g) (T+I) 2 1 Testemunha Infestada NEP (T+I) 1 PEV (T+I) 1 1 PPME CNAi 8859 4,029 a 4,587 A a 3,471 B a 208,2 a 24,6 c 17,6 a CNAi 8860 3,089 b 3,856 A b 2,323 B b 189,7 b 38,8 b 30,8 a CNAi 8870 3,749 a 4,502 A a 2,995 B a 222,5 a 35,5 b 28,4 a CNAi 8879 3,423 b 3,715 A b 3,130 A a 191,1 b 34,9 b 19,0 a CNAi 8880 3,277 b 3,809 A b 2,745 B a 200,1 b 36,5 b 28,9 a CNAi 8886 3,741 a 3,843 A b 3,640 A a 200,2 b 30,1 c 12,7 a CNAi 8885 3,497 b 4,068 A b 2,925 B a 216,8 a 33,9 b 20,1 a CNAi 9867 3,411 b 4,258 A a 2,564 B b 213,9 a 33,4 b 27,5 a CNAi 9834 3,432 b 4,264 A a 2,600 B b 223,0 a 36,3 b 29,5 a CNAi 9838 3,691 a 4,540 A a 2,842 B a 230,8 a 34,0 b 28,9 a CNAi 9842 3,293 b 4,203 A a 2,383 B b 215,5 a 35,6 b 36,9 a CNAi 9853 3,188 b 3,829 A b 2,547 B b 196,1 b 33,4 b 26,7 a CNAi 9865 3,314 b 4,037 A b 2,590 B b 214,7 a 34,4 b 33,7 a BRS Pelota 2,692 c 3,375 A c 2,009 B b 177,5 b 39,5 b 34,6 a IRGA 417 3,493 b 3,781 A b 3,205 A a 171,5 b 17,8 c 24,3 a BR IRGA 409 2,747 c 3,265 A c 2,229 B b 188,7 b 45,7 a 27,8 a TAIM 3,068 b 3,501 A c 2,634 B b 211,3 a 44,0 a 21,7 a JAVAÉ 2,535 c 2,881 A c 2,189 B b 125,6 b 23,5 c 33,8 a SCS BRS 111 2,351 c 2,989 A c 1,712 B b 166,5 b 50,6 a 33,7 a 3,264 3,858 A 2,670 B 198,1 34,9 27,2 11,7 29,5 52,5 MÉDIAS C. VARIAÇÃO 16,0 - - 1 Médias nas colunas classificadas pelo teste de Scott-Knott e nas linhas pelo teste de Tukey, ambos a 0,05 de 2 probabilidade. Médias das análises conjuntas de panículas testemunhas e infestadas. Verifica-se pela Tabela 1, que em cada variável os genótipos, devido às suas diferenças ficaram divididos em dois a três grupos, exceto na porcentagem de perda de massa onde essas diferenças não foram significativas. Para a variável massa de espigueta por panícula existiu interação dos níveis de infestação com os genótipos, demonstrando que eles se comportaram de maneira diferente em relação aos níveis de infestação. Contrariando o que se esperava acontecer para todos os genótipos, a massa de espiguetas por panícula infestada em CNAi8879, CNAi8885 e IRGA 417, não diferiu daquelas encontradas em suas testemunhas. Os genótipos de ciclo médio (Tabela 2), também foram classificados em dois a quatro grupos nas variáveis consideradas. Existiu interação significativa entre genótipos e níveis de infestação do percevejo para porcentagem de espiguetas vazias; os genótipos quando infestados tiveram porcentagens de espiguetas vazias significativamente maiores do que as encontradas para suas testemunhas, exceto em CNAi9150, CNAi9778, CNAi9097 e CNAi9730. Os principais resultados obtidos no experimento foram as perdas quantitativas representadas pelas porcentagens de perda de massa provocadas pela infestação de dois O. poecilus por panícula. Considerando as perdas médias de massa dos grupos a (35,5 %) e b (20,1 %) (Tabela 2) e dos genótipos precoces (27,2 %) (Tabela 1) pode-se concluir que os do grupo a são altamente suscetíveis, os do grupo b moderadamente resistentes e os precoces, suscetíveis. Tabela 2. Médias da massa de espiguetas por panícula (MEP), número de espiguetas por panícula (NEP), porcentagem de espiguetas vazias (PEV) e porcentagem de perda de massa de espigueta (PPME) provenientes do experimento para avaliação de danos de Oebalus poecilus nos genótipos de arroz irrigado do ensaio de VCU, Médio, Rede Tropical, 2002/2003. Goianira-GO, 2003. Genótipos MEP (g) 1,2 (T+I) NEP 1,2 (T+I) CNAi 9705 CNAi 10393 CNAi 9748 JABURU CNA 8569 FORMOSO CNAi 9687 CNAi 9018 CNAi 9747 CNAi 9025 CNAi 9089 CNAi 9090 CNAi 9150 METICA 1 CNAi 9778 CNAi 9097 CNAi 9730 CICA 8 BIGUÁ CNAi 10390 MÉDIAS C. VARIAÇÃO 4,147 a 4,074 a 3,883 a 3,865 a 3,860 a 3,753 a 3,751 a 3,681 a 3,681 a 3,666 a 3,610 a 3,482 a 3,482 a 3,405 a 3,260 b 3,247 b 3,023 b 2,888 c 2,765 c 2,659 c 3,509 14,7 213,7 a 173,9 c 191,1 b 191,8 b 201,8 a 184,9 b 206,0 a 179,0 c 185,0 b 182,7 b 171,4 c 174,0 c 147,7 c 169,9 c 190,6 b 158,5 c 168,9 c 169,5 c 171,7 c 165,5 c 179,9 11,5 1 PEV 2 (T+I) 25,4 c 19,4 d 19,4 d 22,8 d 26,1 c 20,4 d 27,4 c 20,2 d 19,6 d 21,8 d 16,4 d 15,5 d 22,0 d 22,5 d 28,4 c 12,8 d 29,6 c 29,3 c 44,2 a 35,3 b 23,9 32,5 Infestada 30,7 A b 24,3 A c 24,3 A c 35,0 A b 32,5 A b 28,2 A b 33,4 A b 25,3 A c 25,7 A c 29,8 A b 25,6 Ac 23,1 A c 25,8 A c 28,2 A b 31,0 A b 17,5 A c 34,1 A b 45,6 A a 54,9 A a 45,4 A a 31,3 A - 1 Testemunha 20,1 B a 14,5 B b 14,5 B b 10,5 B b 19,7 B a 12,5 B b 21,5 B a 15,1 B b 13,4 B b 13,7 B b 7,2 B b 8,0 B b 18,2 A a 12,5 B b 25,8 A a 8,0 A b 25,1 A a 13,0 B b 33,5 B a 25,3 B a 16,5 B - PPME 15,8 b 14,7 b 20,1 b 37,2 a 24,1 b 21,7 b 15,0 b 21,9 b 17,3 b 23,0 b 23,2 b 37,1 a 18,1 b 25,3 b 13,8 b 17,5 b 25,7 b 40,6 a 31,0 a 32,3 a 25,4 53,4 1 Médias nas colunas classificadas (letras minúsculas) pelo teste de Scott-Knott e nas linhas (letras maiúsculas) 2 pelo teste de Tukey, ambos a 0,05 de probabilidade. Médias das análises conjuntas de panículas testemunhas e infestadas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: CHAVES, G.S.; FERREIRA, E.; GARCIA, A.H. Influência da alimentação de Oebalus poecilus (Hemíptera: Pentatomidae) na emergência de plântulas de genótipos de arroz (Oryza sativa L.) irrigado. Pesquisa Agropecuária Tropical, Goiânia, v.31, n.1, p.79-85, 2001. FERREIRA, E.; BARRIGOSSI, J.A.F.; VIEIRA, N.R. de A. Percevejo das panículas do arroz: fauna heteroptera associada ao arroz. Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 2001. (Embrapa Arroz e Feijão. Circular Técnica, 43). Disponível em: http://www.cnpaf.embrapa.br. FERREIRA, E.; VIEIRA, N.R. de A.; RANGEL, P.H.N. Avaliação dos danos de Oebalus spp. em genótipos de arroz irrigado. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.37, n.6, p.763-768, 2002. SAS INSTITUTE (Cary, Estados Unidos). SAS insight user’s guide: version 6. Cary, 1990. 441p. ESTUDO DO COMPORTAMENTO DO PERCEVEJO-DO-COLMO (TIBRACA LIMBATIVENTRIS) EM ARROZ IRRIGADO, SISTEMA DE CULTIVO PRÉ-GERMINADO Honório Francisco Prando. Epagri/Estação Experimental de Itajaí, Caixa Postal 277. CEP 88.301-970, Itajaí-SC. E-mail: [email protected] Palavras-chave: Hibernação, Beauveria bassiana, Metarhizium anisopliae, cana-de-açúcar, gramíneas O percevejo do colmo (Tibraca limbativentris Stal) (Hemiptera:Pentatomidae), também conhecido por bicho-frade, fede-fede, bicudo-do-arroz entre outras denominações, vem causando sérios prejuízos às lavouras arrozeiras em várias regiões de Santa Catarina. O percevejo-do-colmo, como o próprio nome sugere, alimenta-se da seiva dos colmos do arroz e começou a ter importância econômica como praga a partir da safra 1987/88, no Alto Vale do Itajaí (PRANDO et al., 1993). Atualmente, a sua ocorrência é preocupante nas regiões sul e norte do estado. Embora o controle químico seja eficiente quando corretamente aplicado pode resultar em impacto ambiental, eliminação de insetos e outros organismos não-alvo, resíduos em alimentos, além do surgimento de espécies resistentes e aumento do custo de produção. Estes fatores têm incentivado pesquisadores a desenvolver métodos alternativos de controle de insetos-praga. Entretanto, para desenvolver métodos alternativos de controle, o investigador precisa conhecer a biologia e o comportamento do organismo em estudo. Algumas informações sobre a biologia de T. limbativentris estão disponíveis (PRANDO et al., 1993), enquanto que a sua etologia precisa ser conhecida em condições de lavouras conduzidas no sistema de cultivo pré-germinado e nos sítios de hibernação próximos a estas. O presente trabalho foi realizado com o objetivo de estudar o comportamento do percevejo-do-colmo, durante a entressafra e no desenvolvimento das fases vegetativa e reprodutiva do arroz irrigado, sistema de cultivo pré-germinado O estudo foi desenvolvido nas principais regiões produtoras de arroz do estado de Santa Catarina, no período de 2001 até o final da safra 2003. Nas entressafras as avaliações e coletas de insetos foram realizadas nas proximidades das lavouras onde havia histórico de ocorrência de percevejo-do-colmo. Nas fases vegetativa e reprodutiva do arroz as observações foram realizadas somente nas lavouras. As observações realizadas, neste trabalho, evidenciam que os locais de hibernação sempre estão fora da lavoura e nas partes mais elevadas, como nas beiradas das estradas e barrancos cobertos por gramíneas, que normalmente circunvizinham as lavouras de arroz em SC. O percevejo-do-colmo abriga-se, preferencialmente, nas touceiras de gramíneas, tais como, rabo-de-burro (Andropogon spp), capim-colonião, cana-de-açúcar, entre outras de ocorrência próxima à lavoura. Se estas plantas não estão presentes, o percevejo procura abrigo em outros vegetais que formam touceira ou densa massa folhar. Quanto mais densa a touceira ou fechada a arquitetura das plantas, maior será a preferência do inseto por este vegetal. Os sítios não preferenciais são aqueles alagados ou com alta umidade, cobertos por vegetação rala, como samambaias, xaxins ou vegetação arbustiva, entre outras. Nos sítios de hibernação, durante as duas entressafras, foram coletados 1686 exemplares de T. limbativentris, que foram acondicionados em gaiolas entomológicas no laboratório da Epagri/Estação Experimental de Itajaí. Desta quantidade, 28% morreram exteriorizando Metarhizium anisopliae var. anisopliae, 1,4% com Beauveria bassiana, 15% parasitados por taquínideos e 25% de causas não identificadas. Restaram, portanto, apenas 31,6% para dar continuidade à nova geração. Nas duas entressafras, observou-se em sítio de hibernação, embora não quantificado, grande número de insetos mortos exteriorizando fungos (B. bassiana e Metarhizium anisopliae). Estes fungos foram isolados, identificados, testados quanto a sua patogenicidade (PRANDO et al., 2003) e determinadas a CL50 e TL50 sobre o inseto em estudo, em bioensaios laboratoriais (RAMPELOTTI et al., 2003a,b). A identificação do isolado mais virulento (EpTL01 M. anisopliae var. anisopliae) foi realizada pelo Dr. Marcos Faria (Cenargen/Embrapa), e recebeu o cód. CG 891 na coleção do Cenargen. O abandono dos sítios de hibernação pelos percevejos ocorreu pelo acréscimo de horas luz (dias mais longos), aumento de temperatura e pela procura de alimento. Esta mesma época coincidiu com a fase de perfilhamento, na maior parte da área de arroz cultivada em SC. O percevejo-do-colmo procura as áreas de maior densidade de plantas e lâmina de água mais baixa e suga a seiva na parte basal do colmo, posicionando-se de cabeça para baixo. Caso a lâmina d´água seja elevada até cobrir 2/3 da altura da planta, na fase inicial do perfilhamento, o percevejo fica exposto sobre as folhas de arroz e torna-se mais vulnerável aos predadores. Na fase reprodutiva, com lâmina d´água de 10 a 15 cm, os percevejos passam a sugar nos internós das plantas. As posturas dos percevejos hibernantes, normalmente são realizadas nas folhas da região basal do arroz ou nos colmos. Caso as posturas fiquem submersas na lâmina d´água por um período superior a três dias, poderão tornar-se inviáveis. As posturas são realizadas em número e formatos variáveis, variando de alguns ovos até próximo de 60, dispostos de duas até seis fileiras. As ninfas recém eclodidas, permanecem por dois dias junto às exúvias dos ovos, e se forem perturbadas neste período, dispersam-se e morrem. A sua dispersão natural ocorre somente após a primeira ecdise (segundo instar). Verificou-se ainda que os principais danos na cultura do arroz são causados por percevejos (ninfas e adultos) da primeira e segunda geração e não pelos hibernantes, pois estes têm por finalidade realizarem as posturas. Os inexpressivos danos causados pelos hibernantes são visualizados, pelo aparecimento do sintoma conhecido por ``coração morto`` no início do perfilhamento. A eliminação dos percevejos hibernantes e sua ninfas antes do segundo instar, livra a lavoura do prejuízo causado por este inseto-praga. Os principais danos causados pelo percevejo-do-colmo, da primeira e segunda geração, são o sintoma ´´coração morto`` (na fase vegetativa do arroz) e a panícula branca (na fase reprodutiva). No norte do estado e região do Baixo Vale do Itajaí, onde se pratica o aproveitamento do rebrote do arroz para uma segunda colheita, constatou-se, na resteva da primeira colheita, a ocorrência natural do fungo M. anisopliae var anisopliae sobre ninfas e adultos do percevejo de segunda geração. Centenas de insetos vivos foram coletados destes locais, onde havia a ocorrência do fungo, para estudo em laboratório. No entanto, todos os insetos morreram exteriorizando o referido fungo num prazo de duas semanas. Este fato sugere a alta virulência deste fungo sobre o percevejo-do-colmo. O estudo do comportamento do percevejo-do-colmo possibilitou identificar sítios preferenciais e não preferenciais para hibernação e inimigos naturais na entressafra. Os locais preferenciais dentro da lavoura são os de maior densidade do arroz, sem irrigação ou com lâmina d´água baixa. A ocorrência de M. anisopliae sobre ninfas e adultos na fase reprodutiva do arroz que é determinante sobre o controle populacional desta espécie. Estes conhecimentos permitirão traçar novas ações de controle do percevejo-do-colmo, em arroz irrigado sistema em cultivo pré-germinado, sem a utilização de inseticidas químicos, satisfazendo, assim, a necessidade dos agricultores de produção mais sustentável de arroz através da redução substancial de aplicação de agrotóxicos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS PRANDO H.F.; KALVALAGE, H.; FERREIRA, A.R. Ciclo de vida de Tibraca limbativentris Stol, 1860 (Hemíptera, Pentatomidae) em condições de laboratório. Revista Bras. Ent., 37(2):335-339, 1993. PRANDO, H.F.; RAMPELOTTI, F.T.; WEBER, L.I. Patogenicidade de isolados de Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae sobre Tibraca limbativentris (Hemiptera: Pentatomidae). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO E XXV REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 3., 2003, Balneário Camboriú. Anais... Florianópolis, SC: Epagri, 2003. No prelo. RAMPELOTTI, F.T.; PRANDO, H.F.; WEBER, L.I. Concentração letal de Metarhizium anisopliae isolado Ep TL01, para o controle de Tibraca limbativentris (Hemiptera: Pentatomidade) In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO E XXV REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 3., 2003, Balneário Camboriú. Anais... Florianópolis, SC: Epagri, 2003. No prelo. RAMPELOTTI, F.T.; PRANDO, H.F.; WEBER, L.I. Determinacão do tempo letal do isolado Ep TL01 de Metarhizium anisopliae sobre adultos e ninfas de Tibraca limbativentris. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO E XXV REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 3., 2003, Balneário Camboriú. Anais... Florianópolis, SC: Epagri, 2003. No prelo. Agradecimentos: O autor agradece aos colegas José Alberto Noldin e Domingos Sávio Eberhardt pela valiosa contribuição na realização deste estudo. PATOGENICIDADE DE ISOLADOS DE BEAUVERIA BASSIANA E METARHIZIUM ANISOPLIAE SOBRE TIBRACA LIMBATIVENTRIS (HEMIPTERA: PENTATOMIDAE). Honório Francisco Prando1; Fátima Teresinha Rampelotti1; Laura I. Weber2. 1Epagri – Estação Experimental de Itajaí; C.P.: 277, 88301-970, Itajaí/SC, [email protected] 2 Laboratório de Bioquímica e Biologia Molecular – CTTMar-UNIVALI. Palavras-chave: Arroz, controle biológico, inseto-praga, entomopatógeno. Atualmente, a agricultura brasileira tem enfrentado sérios problemas para controlar as populações de insetos-praga das culturas de importância econômica (AZEVEDO, 1998). O arroz (Oryza sativa L.), é uma das principais culturas do Brasil, sendo a região Sul, com quase 1 milhão de hectares cultivados, a mais produtiva. De acordo com COSTA e LINK (1991) os danos causados por pragas acarretam grandes perdas aos produtores, aumentando o custo da cultura devido ao intenso uso de inseticidas. Tibraca limbativentris (Stal, 1860) popularmente conhecido como percevejo-docolmo-do-arroz, danifica a cultura de arroz irrigado em Santa Catarina causando sérios problemas para os agricultores de toda a região orizícola. O controle biológico de pragas apresenta-se como uma promissora alternativa aos inseticidas químicos, aonde a utilização de patógenos vem auxiliando no controle de infestações de insetos-praga com menor agressividade aos ecossistemas. Dentre os patógenos utilizados para o controle biológico, os fungos destacam-se, entre os outros microrganismos por apresentar inúmeras aplicações nas áreas de saúde, nutrição, agricultura, energia e meio ambiente (VALADARES INGLIS et al., 2002). Dentre as espécies mais utilizadas, Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae ocorrem sobre insetos de diversas culturas atuando no controle destes em diferentes famílias, são fungos similares quanto a patogenicidade, distribuição e infecciosidade, apresentando um alto potencial para o desenvolvimento do controle de insetos (ALVES, 1998). O presente trabalho objetivou determinar a patogenicidade de isolados de B. bassiana e M. anisopliae para o controle biológico de T. limbativentris. O experimento foi realizado na Estação Experimental da Epagri em Itajaí/SC (EEI), na safra 2002/03. Utilizaram-se ninfas de T. limbativentris (3º e 4º instares) obtidas de criação em laboratório e os seguintes fungos: B. bassiana (Ep01 proveniente da EEI e CG 17 do CENARGEN utilizados para o controle de Cosmopolites sordidus) e M. anisopliae (Ma12, proveniente do CNPSoja e Ep TL01 isolado recentemente de T. limbativentris hibernantes na EEI). O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com sete tratamentos (1: testemunha; 2: Ep01 na concentração de 25 g/L; 3: CG17 com 25 g/L; 4: Ma12 com 12,5 g/L; 5: Ma12 com 25 g/L; 6: Ep TL01 com 12,5 g/L; e, 7: Ep TL01 com 25 g/L), com quatro repetições e 10 insetos cada repetição. As suspensões foram preparadas por emulsão de massa fúngica em água destilada com Tween 80. Em cada tratamento foram pulverizados 40 mL da respectiva suspensão em 1 m2 contendo plantas de arroz do respectivo tratamento, para a testemunha pulverizou-se água destilada. Em seguida os insetos foram colocados sobre as plantas em gaiolas entomológicas com abertura superior coberta por voal sendo mantidas em condições semicontroladas, próximo a lavoura. A cada dois dias fazia-se a reposição da água nos vasos com plantas e retiravam-se os insetos mortos, que eram levados ao laboratório para constatação da infecção através de câmaras úmidas colocadas em BOD a 27 ºC com 16 horas de fotoperíodo. Os resultados foram submetidos à análise de variância seguido do teste de comparação de médias Tukey (p<0,05). O experimento de patogenicidade possibilitou detectar que o isolado Ep TL01 de M. anisopliae, nas concentrações de 12,5 e 25 g/L, é o mais eficiente no controle de ninfas de T. limbativentris. No entanto, os isolados Ma12 (M. anisopliae), Ep 01 e CG 17 (B. bassiana), não controlaram eficientemente o inseto em estudo. A análise do número total de insetos mortos não apresentou diferença significativa entre os tratamentos (Figura 1). Enquanto que a análise do número médio de insetos mortos infectados por fungos mostra que os tratamentos 6 e 7 (Ep Tl nas concentrações 12,5 e 25 g/l) diferem significativamente em relação aos outros tratamentos (Tabela 1). Dessa forma, observa-se que as médias, desvios padrões e limites de confiança não se sobrepõem (Figura 2). Tabela 1: Comparação de médias para os percentuais de insetos mortos contaminados por fungos. (Bb: Beauveria bassiana e Ma: Metarhizium anisopliae). Nº Tratamento Equivale nte em kg/ha Concentração (g/L) Média de insetos infectados (%) 1 0 0 kg/ha Testemunha 0,0 b 2 25 g/L 10 kg/ha Bb-Ep 01 0,0 b 3 25 g/L 10 kg/ha Bb-CG17 0,0 b 4 12,5 g/L 5 kg/ha Ma-Ma12 0,0 b 5 25 g/L 10 kg/ha Ma-Ma12 5,0 b 6 12,5 g/L 5 kg/ha Ma-Ep TL01 67,5 a 7 25 g/L 10 kg/ha Ma-Ep TL01 82,5 a Médias seguidas da mesma letra não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey a p<0,05. 110 110 120 120 100 100 %mortalidade-contaminados mortalidade-contaminados % %mortalidade mortalidade % 90 90 70 70 50 50 30 30 10 10 11 22 33 44 55 66 77 ±1.96*Std. ±1.96*Std.Err. Err. ±1.00*Std. ±1.00*Std.Err. Err. Mean Mean Tratamentos Tratamentos Figura 1: Box-Wisker plot da percentagem de mortalidade total de insetos nos diferentes tratamentos: 1) testemunha; 2) Beauveria bassiana Ep 01 (25 g/L); 3) B. bassiana CG17 (25 g/L); 4) Metarhizium anisopliae Ma12 (12,5 g/L); 5) M. anisopliae Ma12 (25 g/L); 6) M. anisopliae Ep TL01 (12,5 g/L); e, 7) M. anisopliae EpTL01 (25 g/L). 80 80 60 60 40 40 20 20 00 -20 -20 11 22 33 44 55 66 77 ±1.96*Std. ±1.96*Std.Err. Err. ±1.00*Std. ±1.00*Std.Err. Err. Mean Mean Tratamentos Tratamentos Figura 2: Box-Wisker plot da percentagem de mortalidade de insetos mortos infectados nos diferentes tratamentos: 1) testemunha; 2) Beauveria bassiana Ep01 (25 g/L); 3) B. bassiana CG17 (25 g/L); 4) Metarhizium anisopliae Ma12 (12,5 g/L); 5) M. anisopliae Ma12 (25 g/L); 6) M. anisopliae Ep TL01 (12,5 g/L); e, 7) M. anisopliae EpTL01 (25 g/L). De acordo com ALVES (1998) a variabilidade genética existente dentro das espécies de microrganismos permite obter linhagens ou isolados com maior ou menor potencial para o controle biológico e essa variação pode caracteriza o modo de ação do patógeno e a espécie que pode infectar. Dessa forma, a eficiência do isolado Ep TL01 de M. anisopliae no controle de T. limbativentris sugere a especificidade do patógeno sobre hospedeiro. Os isolados Ma12 (M. anisopliae) e Ep01 e CG17 (B. bassiana) que não apresentaram resultados para o controle de T. limbativentris apresentam potencial no controle de outros grupos de insetos (PRANDO, 1999 e FERREIRA et al., 1995). Cabe ressaltar, também, que a grande taxa de mutação existente nesses microrganismos (VALADARES-INGLIS et al., 2002) pode possibilitar, através, de novos ensaios, a observação de infectividade desses isolados para T. limbativentris. O isolado Ep TL01 de M. anisopliae, nas concentrações de 12,5 e 25 g/L, mostrou-se o mais eficiente no controle de T. limbativentris, quando comparado aos outros isolados utilizados. Esses resultados sugerem estudos para a adequação de uma metodologia de utilização do isolado no campo, visto sua alta virulência sobre o inseto alvo. Agradecimentos: ao Dr.Henri Stuker pela análise estatística e Artigo 170 do Governo do Estado de Santa Catarina. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ALVES, S.B.(Ed.). Controle microbiano de insetos. 2.ed. Piracicaba: FEALQ, 1998. AZEVEDO, J.L. Controle microbiano de insetos-pragas e seu melhoramento genético. In: Controle Biológico. Jaguariúna: EMBRAPA, 1998, p. 69-96. COSTA, E.C., LINK, D. Eficácia de alguns inseticidas no controle do percevejo das lstes, Tibraca limbativentris, na cultura do arroz irrigado. In: REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 9., 1991, Balneário Camboriú. Anais... Florianópolis: EMPASC, 1991. p. 192193. FERREIRA, R.A.; PRANDO, H.F.; SANTOS, H.R. dos. Patogenicidade de dois isolados de Beauveria bassiana (Epagri 01 e CG 17) sobre Cosmopolites sordidus no litoral catarinense. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENTOMOLOGIA, 15., Caxambu. Resumos... Lavras: Universidade Federal de Lavras, 1995. p. 290. PRANDO, H.F. Aspectos bioetológicos e de controle de Orysophagus oryzae (Costa Lima, 1936) (Coleoptera: Curculionidae) em arroz irrigado, sistema de cultivo prégerminado.1999.102f. Tese (Doutorado em Ciências) – Curso de Pós-Graduação em Ciências Biológicas – Área de concentração em Entomologia, Universidade Federal do Paraná. VALADARES-INGLIS, M.C., INGLIS, P.W., QUEIROZ, P.R., CASTRO, M.E.B. de, Genética e Biologia molecular de fungos e vírus utilizados no controle biológico. In: Recursos genéticos e melhoramento – microrganismos. Jaguaríuna: Embrapa Meio Ambiente, 2002. p. 477-518. CONCENTRAÇÃO LETAL DE Metarhizium anisopliae ISOLADO Ep TL01, PARA O CONTROLE DE Tibraca limbativentris (HEMIPTERA: PENTATOMIDADE) Fátima Teresinha Rampelotti(1) Honório Francisco Prando(1), Laura Isabel Weber(2). (1)EpagriEstação Experimental de Itajaí/SC, C.P. 277, 88301-970, Itajaí-SC, [email protected] (2)Laboratório de Bioquímica e Biologia Molecular CTTMar/ UNIVALI, Itajaí-SC. Palavras-chaves: Arroz, entomopatógeno, inseto-praga, interpolação gráfica. O percevejo-do-colmo (Tibraca limbativentris) é uma das principais pragas da cultura de arroz irrigado em Santa Catarina e causa sérios prejuízos aos orizicultores por diminuir a produtividade e qualidade dos grãos (PRANDO et al., 1993; LINK, 1998). Da mesma forma o uso intensivo de inseticidas químicos tem sido questionado pela sociedade e assim almejase a encontrar medidas menos agressivas para o controle da praga. O uso de entomopatógenos tem permitido obter bons resultados, no controle de pragas. A utilização desses agentes no controle biológico requer medidas de segurança, visando minimizar os possíveis efeitos negativos sobre o meio e organismos presentes nele (ALVES, 1998). A determinação da concentração letal (CL50) permite conhecer qual a quantidade de estruturas infectivas eficazes no controle do hospedeiro alvo. Dessa forma, então, a estimação da CL50 permitirá detectar a concentração efetiva para controlar 50% da população testada, dando condições para que não haja proliferação demasiada do patógeno e que este não atinja espécies não alvo. A identificação da CL50 de um isolado com potencial para o controle de T. limbativentris sugere sua utilização no controle biológico da praga, buscando diminuir os prejuízos causados pelo inseto, bem como aqueles conseqüentes pelo uso de inseticidas químicos. O presente trabalho objetivou estimar as CL50 do isolado Ep TL01 de Metarhizium anisopliae para o controle de T. limbativentris em condições semicontroladas. O experimento foi realizado na Epagri-Estação Experimental de Itajaí-SC, na safra 2002/03. Utilizaram-se ninfas de T. limbativentris (3º e 4º instares) obtidas da criação em laboratório. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com seis concentrações (0; 0,63; 1,87; 2,5; 12,5; 25 g de massa fúngica por litro d’água) com 20 insetos por concentração. Os insetos receberam, na região dorsal, 10 µL da respectiva suspensão de conídios obtidos da massa fúngica e emulsionados em água destilada com Tween 80. Os insetos do grupo controle receberam apenas água destilada. Para cada suspensão foi quantificado o número de conídios em câmara de Neubauer, de acordo como a metodologia descrita por ALVES (1998). O número de conídios detectados em cada suspensão está representado na Tabela1. Os insetos, após a aplicação das suspensões, foram colocados sobre plantas de arroz perfilhadas e abrigadas em gaiolas entomológicas com abertura superior coberta por voal, sendo mantidos em condições semicontroladas, próximo à lavoura. A cada dois dias fazia-se a reposição da água, nos vasos com arroz, e a coleta dos insetos mortos, que eram levados ao laboratório para a constatação da infecção, através de câmaras úmidas colocadas em BOD a 27ºC com 16 horas de fotoperíodo. Os resultados foram submetidos à interpolação gráfica sugerida por RAND e PETROCELLI (1984) para estimar as CL50 do isolado testado. Tabela 1 - Número de conídios quantificados na câmara de Neubauer nas diferentes concentrações de Metarhizium anisopliae isolado Ep TL01, utilizadas no experimento de CL50. Itajaí-SC, 2002/03. Tratamentos Ep TL01 (0,63 g/L) Ep TL01 (1,87 g/L) Ep TL01 (2,50 g/L) Ep TL01 (12,50 g/L) Ep TL01 (25,00 g/L) Nº conídios em 10 µL 494 1 075 2 140 7 350 14 700 Nº conídios equivalentes em 400 L/ha 10 1,97 x 10 10 4,30 x 10 10 8,56 x 10 11 2,94 x 10 11 5,88 x 10 Determinadas as retas do crescimento percentual da mortalidade em função do log do tempo (Figura 1) pode-se estimar as CL50 de 1,30; 1,92; 2,02; 2,14 e 9,63 g de massa fúngica por litro, em 20; 15; 12; 10 e 7 dias, após o tratamento, respectivamente, para o número total de insetos mortos. Figura 1 - Estimação da CL50, dependente do tempo, para ninfas de Tibraca limbativentris através da interpolação gráfica do log das concentrações para 50% da mortalidade. No entanto, ao analisar apenas o número de insetos mortos contaminados por Ep TL01, observou-se que as concentrações efetivas eram maiores que aquelas para o número total de insetos mortos. Assim, as CL50 foram de 1,2; 2,23; 2,26; 2,42 e 19,85 gramas de massa fúngica por litro para 20; 15; 12; 10 e 7 dias, após o tratamento, respectivamente. As CL50 mostraram-se dependentes do tempo, sendo determinadas em função do tempo (dias) após o tratamento, ou seja, os valores de CL50 diminuem com o aumento do tempo. A concentração eficiente, em relação ao número total de insetos mortos, foi a de 9,63 g/L de água para matar 50% da população de insetos em sete dias, entretanto em relação ao número de insetos mortos infectados foi a de 18,75 g/L. Em pulverizações terrestres para aplicação de microrganismos, normalmente, utilizam-se 400 L de calda/ha. No entanto, para obter uma concentração ideal de conídios de M. anisopliae (isolado Ep TL01) por hectare é necessário utilizar a quantidade de 7,5 kg de massa fúngica em 400 litros d’água com emulsionante. O resultado obtido neste trabalho, determina que a concentração de 18,75 g/L, equivalente à dose de 7,5 kg/ha, é suficiente para controlar ninfas de T. limbativentris num intervalo de sete dias após a pulverização. Agradecimentos: Artigo 170 (Programa de Bolsas), Governo do Estado de Santa Catarina. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ALVES, S.B.(Ed.). Controle microbiano de insetos. 2.ed. Piracicaba: FEALQ, 1998. LINK, D. Controle de Tibraca limbativentris, pós-colheita em arroz irrigado. In: REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DO ARROZ, 6., 1998, Goiânia. Anais... Goiânia: EMBRAPA – CNPAF, 1998. p. 347-349. PRANDO, H.F.; KALVELAGE, H.; FERREIRA, R.A. Ciclo de vida de Tibraca limbativentris Stal, 1860 (Hemíptera: Pentatomidae) em condições de laboratório. Revista Brasileira de Entomologia. v. 3, n. 37, p. 335-339. 1993. RAND, G.M.; PETROCELLI, S.P. Fundamentals of aquatic toxicology London: Hemisphere Publishing Corporation, 1984. DETERMINAÇÃO DO TEMPO LETAL DO ISOLADO EP TL01 DO FUNGO METARHIZIUM ANISOPLIAE SOBRE ADULTOS E NINFAS DE TIBRACA LIMBATIVENTRIS. Fátima Teresinha Rampelotti(1), Honório Francisco Prando(1), Laura Isabel Weber(2). (1)EpagriEstação Experimental de Itajaí-SC, C.P. 277, Cep: 88301-970, Itajaí-SC, [email protected] (2)Laboratório de Bioquímica e Biologia Molecular, CTTMar/ UNIVALI. Palavras-chave: Arroz, Probits, entomopatógeno, inseto-praga, controle biológico. O percevejo-do-colmo (Tibraca limbativentris, Stal, 1860) (Hemiptera: Pentatomidae) danifica a cultura do arroz em Santa Catarina desde a safra de 1987/88, causando sérios prejuízos para as lavouras orizícolas do Estado (PRANDO et al., 1993). Tendo em vista a contaminação do ambiente pela utilização indevida de agrotóxicos na lavoura de arroz irrigado (Oryza sativa L.), o controle biológico apresenta-se como alternativa promissora para o controle de insetos-pragas. Dentre os critérios utilizados para seleção de patógenos o tempo letal deve ser considerado para que se possa conhecer o potencial do agente de controle sobre o inseto alvo, garantindo sua eficiência quando utilizado no campo (ALVES, 1998). Visando a aplicação de um isolado promissor do fungo entomopatogênico Metarhizium anisopliae em fase experimental para o controle de Tibraca limbativentris, determinou-se o tempo letal (TL50) objetivando prever qual a resposta dos insetos (adultos e ninfas) em contato com o patógeno, em condições semicontroladas. Dois experimentos para determinar o TL50 foram realizados na Epagri-Estação Experimental Itajaí-SC (EEI), no período de novembro de 2002 a fevereiro de 2003. No primeiro experimento foram utilizadas ninfas de 3º e 4º instares e no outro adultos. Os insetos foram criados em laboratório na EEI. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com cinco tratamentos em cada experimento. Utilizaram-se cinco repetições para ninfas e quatro repetições para adultos com 10 insetos em cada unidade experimental. Os isolados de M. anisopliae testados foram Ma12 e Ep TL01 com duas concentrações (12,5 e 25 gramas de massa fúngica por litro d’água emulsionada) para cada isolado e uma testemunha. Os isolados de M. anisopliae Ma12 é proveniente do CNPSoja/Embrapa e o Ep TL01 (CG 891) foi isolado de T. limbativentris hibernantes na EEI. Em ambos os experimentos os insetos foram tratados com suspensão preparada a partir de massa fúngica emulsionada em água destilada com Tween 80; os insetos da testemunha receberam apenas água destilada. Os adultos receberam, na região dorsal, 10 µL de respectiva suspensão e as ninfas foram imersas por três segundos na respectiva suspensão. Ato contínuo, os insetos foram colocados sobre plantas de arroz perfilhadas e abrigadas em gaiolas entomológicas com a abertura superior revestida por voal, mantidas em condições semicontroladas, próximo a lavoura. A cada dois dias realizavam-se vistorias para reposição de água nas plantas de arroz e para coletar os insetos mortos, que eram registrados e levados ao laboratório para constatação da infecção através de câmaras úmidas colocadas em BOD a 27ºC com 16 horas de fotoperíodo. Os resultados foram submetidos à análise estatística de Probits através do programa Polo-PC (CORP. HOUSTON, 1988). Este programa permitiu determinar as regressões lineares, seus limites de confiança, teste de significância das regressões e o paralelismo das mesmas. Dessa forma, o TL50, para os isolados de M. anisopliae foi determinado através do tempo e das concentrações em que 50% da população de indivíduos testados morreram. Para o número de insetos mortos, o isolado Ep TL01 apresentou menor tempo letal que Ma12 para o controle de T. limbativentris. A análise de Probits permitiu determinar os TL50, para adultos, de 11, 13, 62, 170 e 79.111 dias para os tratamentos Ep TL01 (25 g/L), Ep TL01 (12,5 g/L), Ma12 (25 g/L), Ma12 (12,5 g/L) e testemunha (Figura 1). Já para ninfas, os TL50 determinados pela análise de Probits foram 6, 7, 13, 14 e 13 dias para os tratamentos Ep TL01 (25 g/L), Ep TL01 (12,5 g/L), Ma12 (25 g/L), Ma12 (12,5 g/L) e grupo controle (Figura 2). Figura 1: TL50 dos isolados de Metarhizium anisopliae para adultos de Tibraca limbativentris. A linha pontilhada leva ao log do TL50 para os respectivos tratamentos em relação ao valor de Probits. Figura 2: TL50 dos isolados de Metarhizium anisopliae para ninfas de Tibraca limbativentris. A linha pontilhada indica o log da TL50 para os respectivos tratamentos em relação ao valor de Probits. Os testes de igualdade e paralelismo comprovaram a diferença entre os tratamentos a p<0,05, demonstrando que Ep TL01, além de demonstrar os menores tempos letais (TL50), é o isolado mais virulento por apresentar o maior coeficiente angular. A especificidade de Ep TL01 sobre T. limbativentris determinou um menor TL50 para adultos e ninfas, quando comparado aos valores obtidos para o isolado Ma12. O tempo necessário para controlar 50% dos indivíduos testados (TL50) foi diferente para adultos e ninfas. Este fato, provavelmente, ocorre porque os insetos, em estádio ninfal sofrem mudas, tornando-se vulneráveis para atuação de patógenos e apresentam sistema de defesa pouco desenvolvido, pois utilizam a fonte de alimentação apenas para crescerem estimulando a muda. Sendo o intervalo entre uma e outra muda (5 a 10 dias, dependendo da disponibilidade de alimentação), alguns autores referem que a ecdise (muda), pode favorecer a eliminação de patógenos (CHIKWENHERE e VESTERGAARD, 2001). No entanto, encontrando condições favoráveis, o esporo sobre a cutícula do inseto pode germinar em até 12 horas emitindo o tubo germinativo, o qual atinge a hemolinfa do hospedeiro colonizando-o (ALVES, 1998). Já os adultos apresentam cutícula espessa, um sistema imunológico melhor instalado que garante a atuação contra patógenos. Além disso, têm uma taxa migratória maior, ao contrário das ninfas que não voam e geralmente permanecem na base dos colmos das plantas de arroz. Nesse local há intensa proliferação de microrganismos, por apresentar boas condições abióticas. Ainda existindo diferenças, tanto para adultos quanto para ninfas, obteve-se resultados positivos no controle de T. limbativentris utilizando o isolado Ep TL01 de M. anisopliae, pois ao considerar o ciclo de vida do inseto constata-se que adultos tem longevidade de 177 dias (PRANDO et al., 1993). Como a faixa de controle é de 13 dias, aproximadamente, pode-se afirmar que o isolado é eficiente no controle do inseto adulto. O desenvolvimento da doença, com base no exposto acima, não depende exclusivamente da virulência e capacidade infectiva do patógeno. Fatores bióticos e abióticos podem estar presentes e, também, a co-evolução é um fator importante a considerar, pois a pressão seletiva do patógeno sugere o surgimento de populações resistentes (ALVES, 1998). Diante do exposto acima, conclui-se que os melhores TL50 para adultos de T. limbativentris foram de 11 e 13 dias para o isolado Ep TL01 nas concentrações de 25 e 12,5 g/L, respectivamente. Por outro lado, para ninfas foram de 6 e 7 dias para o isolado Ep TL01 nas concentrações de 25 e 12,5 g/L. O isolado Ep TL01 de M. anisopliae apresentou maior especificidade e menor TL50 do que o isolado Ma12 no controle de ninfas e adultos de T. limbativentris. Agradecimentos: Artigo 170 (Bolsas de pesquisas), Governo do Estado de Santa Catarina REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ALVES, S.B.(Ed.). Controle microbiano de insetos. 2.ed. Piracicaba: FEALQ, 1998. CHIKWENHRE, G.P.; VESTERGAARD, S. Potencial effects of Beauveria bassiana (Balsma) Vuillemin on Neochetina bruchi Hustache (Coleoptera: Curculionidae), a biological control agent of water hyacinth, Biological Control, n. 21, p. 105-110. 2001. CORPORATION HOUSTON. Polo-PC, Texas, 1988. PRANDO, H.F.; KALVELAGE, H.; FERREIRA, R.A. Ciclo de vida de Tibraca limbativentris Stal, 1860 (Hemiptera: Pentatomidae) em condições de laboratório. Revista brasileira de entomologia. v. 3, n. 37, p. 335-339. 1993. UTILIZAÇÃO DO MARRECO-DE-PEQUIM (ANAS SP) NO CONTROLE DO PERCEVEJO-DO-COLMO (TIBRACA LIMBATIVENTRIS), EM ARROZ IRRIGADO. Honório Francisco Prando (1), Dirceu Nones (2), Domingos Sávio Eberhardt (1), José Alberto Noldin (1). 1Epagri, Estação Experimental de Itajaí. Caixa Postal 277, Itajaí, SC, CEP 88.301970. E-mail: [email protected] 2Prefeitura Municipal de Rio do Oeste, SC. Palavras chave: controle biológico, manejo integrado de pragas O percevejo-do-colmo, Tibraca limbativentris (Hemíptera: Pentatomidae), é um inseto praga de reconhecida importância da cultura do arroz irrigado em Santa Catarina desde a safra 1987/88 (Prando et al., 1993). Os dados atuais disponíveis sobre o seu controle referem-se à aplicação de inseticidas químicos e manejo logo após a colheita. Entretanto, conforme Nones [2001] alguns agricultores vêm utilizando um método biológico de controle: o marreco-de-pequim. A necessidade de se estudar a eficácia do marreco-de-pequim no controle do percevejo-do-colmo e fornecer alternativas eficientes e ambientalmente menos agressivas para o orizicultor objetivou a realização do presente trabalho. O estudo foi desenvolvido na região do Alto Vale do Itajaí, no município de Rio do Oeste (SC) durante as safras de 2001/02 e 2002/03. Foram selecionadas previamente seis lavouras de arroz, perfazendo um total de 53 hectares no primeiro ano e 40 no segundo. As áreas foram selecionadas porque apresentavam histórico da ocorrência do percevejo-do-colmo nas safras anteriores e constatada a sua presença em abrigos de hibernação (touceiras de gramíneas próximas às lavouras) na entressafra (Prando et al., 2003). As lavouras foram conduzidas no sistema pré-germinado, exceto para o controle do percevejo-do-colmo. Em ambas as safras os marrecos foram liberados nas lavouras no inicio do perfilhamento do arroz, na densidade de oito marrecos por hectare, com idade de 20 a 30 dias. No primeiro ano (safra 2001/02), 18 exemplares de marrecos foram capturados e abatidos após 35 a 50 dias da sua liberação na lavoura para o estudo do conteúdo estomacal, enquanto que na safra 2002/03, apenas 10 marrecos foram abatidos cinco dias após a sua liberação na lavoura. Das aves abatidas, eram retirados o esôfago, papo e moela; ato contínuo, estes órgãos eram abertos com bisturi e o conteúdo de cada parte colocado em frascos de vidro com fixador a base de álcool etílico 70% e analisado em laboratório. No conteúdo estomacal dos 18 marrecos abatidos, na safra 2001/02, não se constatou a presença do percevejo-do-colmo em nenhuma das partes dos órgãos estudados. Entretanto foi constatada a presença de várias espécies de insetos aquáticos (náiades de libélulas, gorgulhos aquáticos (Oryzophagus oryzae), hidrofilídeos, ditiscídeos entre outros), bem como sementes, cristais, aranhas, pequenos caramujos e sanguessugas. Na safra seguinte (2002/03), além do conteúdo estomacal mencionado, constatou-se a presença do percevejo-do-colmo em 100% dos marrecos sacrificados. A média foi de 13 percevejos por marreco, com intervalo de 5 a 23, encontrados no esôfago e na moela. Com esta constatação pode-se afirmar que o marreco-de-pequim pode ser considerado um predador de adultos de T. limbativentris e pode ser utilizado como um organismo de controle biológico. A não constatação de percevejos no conteúdo estomacal dos marrecos abatidos na safra 2001/02 deve-se ao controle que os marrecos haviam realizado antes do 35o. dia da entrada na lavoura, isto ocorreu de 10 a 15 dias antes do abate. Os poucos percevejos que restaram na lavoura estavam entre os perfilhos do arroz, onde a lâmina d´água era baixa e alta densidade de plantas, dificultando o deslocamento dos marrecos para a captura. Contatou-se, neste trabalho, que os marrecos novos (20 a 40 dias de idade), ainda pequenos, deslocam-se com maior facilidade na lavoura no período do perfilhamento. Após esta fase (40-60 dias após a semeadura) os espaços ficam tomados pelas plantas de arroz, dificultando desta maneira, o seu deslocamento, diminuindo, conseqüentemente a sua ação de predar os percevejos que se encontram entre os perfilhos do arroz (Prando et al., 2003). Observou-se, tanto neste trabalho, quanto no realizado por Nones [2001] que o marreco-de-pequim, na densidade utilizada, não danifica a lavoura de arroz; e nas áreas em que se utilizou o marreco não houve dano significativo do percevejo-do-colmo, demonstrando a sua eficácia no controle. No desenvolvimento do trabalho verificou-se que os marrecos jovens são mais hávidos e vorazes, demonstrando alta ação predatória de percevejo-do-colmo. Esta medida de controle de T. limbativentris aliada com o manejo d´água pode ser recomendada no manejo integrado de pragas do arroz. A adoção desta medida vai reduzir substancialmente a utilização de inseticidas na lavoura de arroz irrigado. Atualmente os agricultores de produção orgânica de arroz do Alto Vale do Itajaí, SC, já estão adotando esta medida de controle biológico do percevejo-do-colmo. Na última safra, em Rio do Oeste, em mais de 750 hectares (50% da área plantada no município) de arroz foi utilizado o marreco-depequim para o controle do percevejo-do-colmo por agricultores que não fazem produção orgânica de arroz. Nestas áreas não foi utilizado nenhum tipo de inseticida para o controle deste inseto praga. Para que haja sucesso na utilização de marreco-de-pequim no controle de percevejo-do-colmo, é necessário: a) lavouras bem niveladas; b) taipas com no mínimo 30 cm de altura em relação à superfície do solo nivelado; c) densidade de semeadura igual ou inferior a 120 kg/ha; d) adquirir os marrequinos com um dia de idade e alimentá-los em locais protegidos até a data de transferência para a lavoura; e) colocar no máximo oito marrecos de 20 a 25 dias/ha, no início do perfilhamento do arroz; f) levantar a lâmina d´água até cobrir, pelo menos 2/3 da altura das plantas, obrigando os percevejos a ficarem sobre as folhas do arroz, expondo-os aos predadores; g) não alimentar os marrecos durante a sua liberação na lavoura; h) manejar os marrecos para outras áreas e fazer com que a água da lavoura tratada volte ao seu nível normal; i) retornar os marrecos para a área anterior somente quando constatar a presença do percevejo; j) prender os marrecos em abrigos próprios durante a noite para não serem predados por animais carnívoros. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: NONES, D. Marrecos de pequim no controle do percevejo-do-colmo. Rio do Oeste, SC: Edição do Autor, [2001]. 18p. il. PRANDO H.F.; KALVALAGE, H.; FERREIRA, A R. Ciclo de vida de Tibraca limbativentris Stol, 1860 (Hemíptera, Pentatomidae) em condições de laboratório. Revista Brasileira de Entomologia, v.37, n.2, p.335-339, 1993. PRANDO H.F.; NOLDIN, J.A.; EBERHARDT, D. Estudo do comportamento do percevejo-docolmo (Tibraca limbativentris) em arroz irrigado, sistema de produção pré-germinado. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO E XXV REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 3., 2003, Balneário Camboriú. Anais... Florianópolis, SC: Epagri, 2003. No prelo.