Líbano - Artur Bruno

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Líbano
01. ASPECTOS GEOGRÁFICOS:
Com uma área de 10.452 km², aRepública Libanesa é um país do Oriente Médio
localizado entre a Síria e Israel e banhado a oeste pelo mar Mediterrâneo. Na região litorânea
estende-se uma planície interrompida pela cordilheira do Líbano, que abriga o ponto
culminante do país, o monte Qurnat as Sawda, de pouco mais de 3 mil metros de altitude.A
leste desse sistema se encontra o vale de Bekaa. Na fronteira com a Síria ergue-se outra
cordilheira: o Antilíbano. Sua capital é Beirute(1.936.990 de habitantes).
O maior rio, e único navegável, é o Litani, que corre através do vale de Bekaa. Os
demais só possuem água durante o inverno, estação de chuvas abundantes e temperaturas
moderadas. Quanto à vegetação, somente nas zonas montanhosas restam florestas. As principais
espécies são carvalhos, pinheiros, ciprestes e o cedro do Líbano, símbolo da identidade nacional.
02. ASPECTOS ECONÔMICOS:
O PIB libanês é de US$ 39,2 bilhões, mas a economia do Líbano ainda se recupera da longa
guerra civil que devastou o país entre 1975 e 1990. A agricultura produz trigo, cevada, milho,
azeitona, uva e outras frutas. A pecuária abrange a criação de bovinos, caprinos e aves. Há
reservas não muito abundantes de ferro, sais, carvão, cobre e gesso. A indústria compreende os
ramos siderúrgico, têxtil, alimentício, madeireiro e de jóias, entre outros. Toda a eletricidade
disponível é gerada em usinas termelétricas. São importantes, ainda, o turismo e o sistema
financeiro. Sua moeda é a libra libanesa.
03. POPULAÇÃO:
O Líbano se caracteriza por grande diversidade étnica e religiosa.O árabe é a língua oficial,
e também são falados francês, curdo e armênio.
Os árabes constituem mais de 80% dos 4,3 milhões de habitantes. Entre eles, a maioria é
libanesa, seguida por sírios (17,5%) e palestinos (1,5%). Estes últimos são em grande parte
refugiados do conflito árabe-israelense. Há também grupos de curdos e armênios (1%). No que se
refere à religião, a mais popular é o islamismo (59,2%), entre os grupos muçulmanos estão o dos
sunitas o dos xiitas e uma pequena comunidade da seita dos drusos. Os cristãos (36,2%) se
dividem principalmente em católicos, maronitas (maior comunidade cristã) e ortodoxos. Outros
grupos cristãos são o grego ortodoxo, o grego católico e o armênio.Tomando-se como base ocenso
de 1932, que apontava os cristãos como 54% da população, foi estabelecido um acordo em 1943
segundo o qual cargos executivos e legislativos devem ser distribuídos a uma razão de seis
cristãos para cinco muçulmanos. As cadeiras no Parlamento distribuem-se por divisões religiosas.
Pelo arranjo, o presidente deve ser sempre cristão maronita; o primeiro-ministro é muçulmano
sunita; e o presidente do Parlamento, muçulmano xiita.
Com a fundação do Estado de Israel, em 1948, o país passa a abrigar também grande
número de refugiados palestinos.
04. ASPECTOS HISTÓRICOS:
O território que corresponde ao atual Líbano é o berço dos fenícios, cuja cultura
floresceu por mais de 2 mil anos, a partir de 2700 a.C. Invadido por muitos povos (hititas,
egípcios e persas), o território é conquistado por Alexandre, o Grande em 332 a.C., ficando
sob domínio helênico até 63 a.C., quando se torna província romana. Em 395 passa a fazer
parte do Império Bizantino. Os árabes muçulmanos anexam a região entre 636 e 705.
Apoiados pela parcela cristã maronita da população, os cruzados tomam o país no fim do
século XI, lá permanecendo até serem expulsos pelos muçulmanos, em 1291. Sob o comando
de Selim I, o Império Turco-Otomano incorpora o Líbano em 1516.
a) Controle francês
Após a derrota dos turcos na I Guerra Mundial, o território correspondente à Síria e ao
Líbano atuais fica sob mandato francês, cuja divisão administrativa dará origem aos dois
Estados. A Constituição de 1926, patrocinada pela França, torna o país uma República
parlamentarista. Durante a II Guerra Mundial, em 1941, a França concede independência ao
Líbano. Os nacionalistas vencem as eleições de 1943 e tentam eliminar o controle francês na
região, mas as tropas da França só abandonam o país em 1947. A relação estreita com a Síria
vem do fato de os sírios considerarem o Líbano parte de seu território histórico, a "grande
Síria", que teria sido desmembrado pela ação da França Nos anos seguintes, o Líbano recebe
170 mil refugiados palestinos, depois da derrota dos exércitos árabes, entre os quais o
libanês, na guerra pela criação do Estado de Israel (1948/1949).
b) Guerra Fria
Na década de 1950, aGuerra Fria entre Estados Unidos (EUA) e União Soviética (URSS)
reflete-se na política interna libanesa e soma-se a antigas diferenças étnicas e religiosas.
Insurreições muçulmanas contra o presidente maronita, CamilleChamoun (pró-EUA), eclodem
em 1958, com inspiração nos regimes pró-soviéticos da Síria e do Egito. Tropas dos EUA
desembarcam no país e provocam imediato protesto soviético. A crise é contornada com a
substituição de Chamoun e a retirada norte-americana.
c) Palestinos
Nova derrota árabe na Guerra dos Seis Dias contra Israel, em 1967, e o massacre dos
palestinos na Jordânia durante o Setembro Negro, em 1970, fazem aumentar para mais de
300 mil o número de refugiados palestinos no Líbano. A Organização para a Libertação da
Palestina (OLP) estabelece seu quartel-general em Beirute e começa a atacar Israel da
fronteira libanesa. A presença da OLP rompe o frágil equilíbrio entre as forças políticas no
país. Os palestinos são apoiados pelos setores de esquerda, por muçulmanos e nacionalistas,
e hostilizados pelos conservadores e pela parte cristã.
d) Guerra Civil
Em abril de 1975, as tensões explodem numa guerra civil que opõe uma coalizão
muçulmana (sunitas, xiitas e drusos), aliada dos palestinos, a uma aliança maronita cristã de
direita. O Exército libanês fragmenta-se em facções rivais, e o governo praticamente deixa de
funcionar. Em 1976, diante da iminente vitória do bloco esquerdista, a Síria invade o país
para defender os cristãos, mas a aliança desses com Israel leva os sírios a mudar de lado.
Durante o conflito, a Síria troca de aliados várias vezes e passa a dominar o território e as
instituições libanesas.
e) Invasão Israelense
Em junho de 1982, com o apoio das milícias cristãs, Israel invade o Líbano e chega a
Beirute, com o propósito de aniquilar as forças palestinas. Após dois meses de intensos
bombardeios israelenses, negocia-se a saída da OLP da capital libanesa, o que viria a ocorrer
no ano seguinte. Em 16 de setembro, com permissão israelense, milícias cristãs libanesas
invadem os campos de refugiados palestinos de Sabra e Chatila, em Beirute, massacrando
pelo menos 800 civis (algumas fontes falam em 2 mil), em retaliação pelo assassinato, dois
dias antes, do presidente cristão BachirGemayel. Um acordo entre Israel e Líbano, assinado
em 1983, determina a retirada das tropas israelenses do território. Em contrapartida, o
Líbano deveria comprometer-se a não abrigar grupos armados anti-Israel.
Em 1985, as tropas israelenses se retiram para o sul, numa estreita faixa ao longo da
fronteira entre Israel e Líbano, onde continuam apoiando a milícia cristã ali atuante. As três
principais facções militares libanesas - a milícia drusa, a Amal (xiita) e a Falange (cristã) assinam acordo de cessar-fogo. O pacto é boicotado pelo Hezbollah, grupo xiita apoiado pelo Irã e
pela Síria, pela Murabitun (milícia muçulmana sunita) e por setores da comunidade cristã. Em
outubro de 1989, a Assembléia Nacional Libanesa, reunida em At Ta'if, na Arábia Saudita, aprova o
tratado de paz. A guerra só termina em outubro de 1990, deixando um saldo de 150 mil mortes,
quase 5% da população.
f) Domínio sírio
A Síria consolida seu domínio sobre o Líbano e instala 30 mil soldados no país. Todas as
milícias são desarmadas, menos as que atuam no sul - onde o Hezbollah continua a combater as
tropas israelenses com respaldo sírio. O Parlamento elege, em 1998, o novo presidente do país, o
comandante do Exército ÉmileLahoud. Em 2000, Israel retira suas tropas do sul do Líbano, sob
pressão da opinião pública israelense, cansada das baixas de soldados israelenses no país vizinho.
O governo libanês, porém, ainda reivindica uma área de 25 km², conhecida como fazendas de
Shabaa, que Israel anexa desde 1967. A Organização das Nações Unidas (ONU) afirma que a área
pertence à Síria.
Partidos muçulmanos e não-religiosos de oposição, apoiados pelo ex-primeiro-ministro
RafikHariri, saem vitoriosos nas eleições parlamentares de 2000. O presidente Lahoud, adversário
de Hariri, convoca-o para chefiar o gabinete.
05. ATUALIDADES:
A Síria retira suas forças de Beirute em 2001, mas continua mantendo 27 mil soldados em
outras regiões do país. A retirada parcial é uma tentativa de reduzir a pressão dos cristãos maronitas contra a presença estrangeira. O Hezbollah continua a atacar as forças de Israel na região de
Shabaa.
A pressão internacional sobre o governo libanês aumenta em setembro de 2004, com a
aprovação, pelo Conselho de Segurança (CS) da ONU, da Resolução 1.559, apresentada pelos EUA
e pela França, que exige a retirada das forças estrangeiras - ou seja, da Síria - do país, a
manutenção da eleição presidencial em novembro de 2004 e o desarmamento das milícias locais.
O Parlamento libanês, com maioria pró-Síria, ignora a resolução e prorroga o mandato de Lahoud
(apoiado pela SÍria) por três anos. Em outubro, RafikHariri renuncia ao cargo de primeiro ministro
e passa a ser identificado com o movimento contrário à permanência da Síria no país.
Em fevereiro de 2005, Haririmorre, vítima de atentado a bomba. O assassinato
desestabiliza o governo libanês e desencadeia protestos internos e externos. A Síria é imediatamente apontada como suspeita de ser mandante do crime.
Milhares de libaneses vão às ruas exigir a saída dos soldados sírios. Há também manifestações favoráveis ao país vizinho. Saad Hariri, filho de Rafik, assume a liderança dos protestos
contra os sírios, num movimento que fica conhecido como Revolução dos Cedros. A pressão
aumenta, com apoio dos EUA e da França, e em abril o governo sírio retira os 14 mil soldados que
ainda mantinha em território libanês.
Nas eleições parlamentares, realizadas em maio/junho, a aliança contrária à influência da
Síria sai vencedora, pela primeira vez desde a guerra civil. A Lista Mártir RafikHariri,
liderada pelo filho do ex-premiê, Saad Hariri, obtém maioria no Parlamento. Em
consequência, Lahoud indica para primeiro-ministro FouadSiniora, ex-ministro e assessor
de RafikHariri. Do lado pró-sírio, a surpresa nas eleições é a conquista expressiva do Bloco
Resistência e Desenvolvimento, encabeçado pelo Hezbollah, que passa a ocupar 35 cadeiras do Legislativo e, em seguida, ingressa no ministério.
Os confrontos entre Israel e o Hezbollah se intensificam no decorrer do ano. Em
outubro, a ONU divulga um documento em que aponta a participação de integrantes do
governo libanês e do sírio no atentado em que morreu Hariri. A Síria nega.
O país é atacado por Israel em julho de 2006. A ofensiva militar é urna resposta à
captura, por parte do Hezbollah, de dois soldados de Israel, em operação na qual outros
oito militares israelenses morreram. Os bombardeios, além de vitimar civis, destroem a
infra-estrutura de Beirute e do sul do país. Israel impõe também um bloqueio aéreo e
marítimo. Em resposta, o Hezbollah lança foguetes contra várias cidades do norte de Israel.
O governo libanês pede ao CS da ONU um cessar-fogo imediato e o fim do bloqueio,
mas o organismo não aprova a proposta. O presidente dos EUA, George W. Bush, afirma que
"Israel tem o direito de se defender", mas pede também que o Estado judeu tenha cuidado e
não enfraqueça o governo do Líbano. Israel mantém os bombardeios e ocupa parte do sul do
Líbano.
Um cessar-fogo entra em vigor em agosto, com base em proposta aprovada por
unanimidade no Conselho de Segurança da ONU. Depois de mais de um mês de intensas
batalhas, calcula-se que aproximadamente 1,2 mil libaneses tenham morrido no conflito, em
sua maioria civis. Há também 970 mil pessoas obrigadas a se deslocar de sua casa. Do lado
israelense, são cerca de 150 mortes. O anúncio do cessar-fogo é comemorado no Líbano por
centenas de milhares de pessoas nas ruas. O xeque Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah,
afirma que o grupo obteve "vitória estratégica e histórica" contra Israel. O primeiro ministro
israelense, Ehud Olmert, de outro lado, recebe críticas internas pelo resultado do conflito,
em que não se obteve a libertação dos soldados sequestrados e o Hezbollah não foi
desarmado. A Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Unifil), existente desde 1978,
tem seus efetivos aumentados e fica responsável por patrulhar, ao lado do Exército libanês,
o sul do Líbano.
Polarização Política
Em setembro, o Hezbollah organiza grande ato em Beirute, com milhares de pessoas,
em favor da renúncia do primeiro-ministro FouadSiniora e da constituição de um "governo
de unidade nacional". Em novembro, cinco ministros xiitas (do Hezbollah e do Movimento
Amal) renunciam, pressionando pelo fim do governo de Siniora Um ministro cristão pró-Síria
também renuncia.
No mesmo mês, o assassinato de Pierre Gemayel, representante de minoria cristã
maronita no governo, agrava a crise política no país. Seu enterro se transforma numa grande
manifestação, com milhares de pessoas, que protestam contra a Síria e o Hezbollah. A
polarização cresce no início de dezembro. O Hezbollah e o grupo cristão Movimento
Patriótico Livre, do general Michel Aoun, convocam grandes atos para pedir a saída de
Siniora.
Em janeiro de 2007, uma greve geral, também convocada pelo Hezbollah e pelo grupo
de Aoun, paralisa boa parte do país. Há conflitos, nos quais três pessoas morrem e 100
outras são feridas. Além de protestar contra o que consideram a posição pró-Ocidente de
Siniora, os manifestantes criticam seu projeto de recuperação econômica, que prevê
privatizações, aumento de impostos e contenção de gastos públicos.
Em maio, o CS da ONU aprova a criação de tribunal internacional para julgar os
suspeitos pelo assassinato do ex-primeiro-ministro Hariri. O Hezbollah critica a decisão,
afirmando que viola a soberania do Líbano. A mesma posição é adotada pelo governo da
Síria.
Cerco ao Fatah al-Islam
Também em maio de 2007, tem início grande confronto entre o Exército libanês e o
grupo palestino radical Fatah al-Islam, acusado de vinculações com a rede terrorista Al
Qaeda. Os integrantes da milícia islâmica têm sua base de operações no campo de
refugiados palestinos de Nahral-Bared, nas proximidades de Trípoli. Os combates prosseguem até setembro, quando os últimos remanescentes do grupo são mortos ou presos.
Segundo dados oficiais, 157 soldados e pelo menos 120 milicianos morrem durante os
conflitos, além de aproximadamente 40 civis.
O país, já abalado com os assassinatos de RafikHariri (2005) e Pierre Gemayel (2006),
vê o número de políticos anti-Síria mortos aumentar em 2007. Em junho, um atentado a
bomba mata Walid Eido, deputado do Movimento do Futuro. Em setembro, em
circunstâncias semelhantes, morre Antoine Ghanem, parlamentar do Partido Falange Cristã.
Em ambos os casos, os funerais dos políticos transformam-se em atos contra a Síria, que
nega qualquer responsabilidade por esses crimes e pelos anteriores.
A partir de setembro, surge novo impasse, porque governo e oposição não chegam a
acordo para a eleição do novo presidente. Pela Constituição, o chefe de Estado deve ser
cristão maronita e sua eleição precisa dos votos de dois terços dos deputados. Ao término de
seu mandato, em novembro, o presidente ÉmileLahoud é substituído interinamente pelo
primeiro-ministro Siniora, o que causa intranquilidade entre os cristãos maronitas. A eleição
é adiada sucessivas vezes, mesmo depois de surgir um candidato de consenso: o
comandante das Forcas Armadas, Michel Suleiman. Até meados de dezembro, a eleição não
se realiza, porque a legalidade da candidatura de Suleiman dependia de mudanças
constitucionais, o que só ocorrerá em maio de 2008.
Hezbollah no poder
Em maio de 2008, uma medida do governo contra a rede de telecomunicações, do
Hezbollah é o estopim de sangrentas batalhas de rua em Beirute. Guerrilheiros do Hezbollah
esmagam os militantes pró-Hariri na mais grave explosão de violênciasectária desde o fim da
guerra civil.
No mesmo mês, um acordo entre as principais facções políticas, mediado pela Liga Árabe,
estabelece um governo de união nacional. A oposição, liderada pelo Hezbollah, assume 11 dos 30
ministérios, o que lhe garante poder de veto. O Parlamento elege Michel Suleiman presidente da
República, que mantém Siniora como primeiro-ministro.
As eleições parlamentares de maio 2009 cristalizam a oposição entre,uma coalizão sunita
(Aliança 14 de Março), apoiada por EUA, União Europeia e Arábia Saudita; e uma coalizão de xiitas
e cristãos liderada pelo Hezbollah (Aliança 8 de Março), que tem o suporte da Síria e do Irã. A
Aliança 14 de Março, da qual faz parte o Movimento Futuro, de Saad Hariri, elege 71 deputados, e
Aliança 8 de Março obtém 57 assentos. Hariri forma um governo de união nacional.
Em agosto de 2009, Suleiman indica para primeiro-ministro o magnata das
telecomunicações NajibMikati, um sunita que tem o apoio do Hezbollah. Seguem-se protestos de
ativistas pró-Hariri, embora Mikati também seja considerado um político moderado e de
consenso. O gabinete liderado por Mikati toma posse em 13 de junho. Mikati refuta as acusações
da Aliança 14 de Março de que o Hezbollah controla o novo governo. Isso porque o grupo mais
numeroso é o dos cristãos (15 pastas),enquanto os xiitas (Hezbollah e Amal) ficam com dois
ministérios cada um. Internacionalmente, a percepção é a de que o pêndulo de poder no Líbano
se desloca na direção da Síria e do Irã, apósanos de governo pró-Ocidente.
No fim de junho, o TEL pede a prisão de quatro membros do Hezbollah suspeitos pelo
atentado que matou RafikHariri, apesar dos temores de que a acusação contra a mais
poderosaorganização xiita do Líbano possa jogar o pais em nova crise. Hassan Nasrallah, líder do
Hezbollah, refuta o indiciamento. Afirma que a corte não passa de um "projeto americanoisraelense para semear a discórdia no Líbano" e anuncia que os acusados nunca serão entregues
ao TEL. No fim dejulho, o TEL torna público os nomes, as fotos e outras informações dos acusados,
na tentativa de facilitar a sua captura. No inicio de novembro, a Corte considerava a possibilidade
de realizar um julgamento "in absentia", diante da negativa do governo libanês de entregar os
acusados.
Hezbollah: radicalismo e trabalho social
OHezbollah, que significa "Partido de Deus” em árabe, é um grupo fundamentalista
islâmico libanês do ramo xiita, vinculado à Síria e ao Irã. A exemplo do Hamas, nos territórios
palestinos, combina um amplo trabalho social entre a população e posições radicais contra o
Estado de Israel.
O grupo manteve sua base no sul do Líbano, após o fim da guerra civil (1975/1990), e se
enraizou na população local. Para muitos libaneses, o Hezbollah foi o único que assumiu sua
defesa contra os soldados israelenses que ocupavam essa faixa do território do país. A manutenção dos ataques do Hezbollah contra as tropas de Israel causou muitas baixas e elevou as
críticas entre os próprios israelenses quanto à manutenção dessa ocupação. Em 2000, Israel
decide retirar-se do sul do Líbano.
Do ponto de vista ideológico, o grupo inspira-se na Revolução Islâmica iraniana de 1979,
liderada pelos xiitas. O armamento do Hezbollah, que o governo de Israel e o dos EUA atribuem ao
Irã, fez de grupo uma poderosa organização militar como demonstrou nos combates contra Israel
em 2006. Sua força, até mesmo no plano eleitoral, decorre também de atendimento que presta
às pessoas carentes, por meio da construção de escolas ambulatórios e creches. Ao promover
umamplo trabalho social entre a população e adotar posições radicais contra o Estado de Israel, o
Hezbollah assemelha-se ao movimento palestino Hamas, com o qual admite manter vínculos
estreitos.
* Compilação feita a partir de:
- Almanaque Abril 2012, 38ª ed. São Paulo: Ed. Abril, 2012.
- Arruda, J. ePiletti, N. Toda a História, 4ª ed. São Paulo: Ática, 1996.
- Atlas NationalGeografic: Ásia. São Paulo: Ed. Abril, 2008.
- www.wikipedia.org
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