Consumidor e mercado musical: Análise de influências midiáticas e consumidores fiéis em segmentos de mercado Wallace Alves Sampaio¹ Daniel Faria Chaim² José Manoel Souza das Neves³ Faculdade de Tecnologia de Guaratinguetá - Centro Paula Souza - Guaratinguetá – SP ¹[email protected] ²[email protected] ³[email protected] Resumo- Este artigo tem por objetivo estudar o processo da relação entre o mercado musical e o consumidor, analisando a comunicação entre esse mercado e seu público-alvo. Ressalta as diferenças mercadológicas entre segmentos musicais com estratégias e públicos distintos com interesses em determinadas preferências de consumo, bem como a força de consumo massiva que estabelece relação com o consumidor de uma cultura de massa. Definem-se também as influências que a mídia proporciona ao consumidor para estabelecer contato através da música como produto, e o consumidor colecionador, que, por sua vez, faz parte de um determinado grupo de consumo não atingido por determinadas ações de divulgação, mas que busca o produto musical de sua preferência. Dentro da questão de grupo são colocadas observações sobre a questão de tribo musical, pequenos nichos de mercado. O artigo retrata uma pesquisa qualitativa para analisar o consumidor e seu comportamento em relação à música, estudo feito para estabelecer relação científica com a parte teórica. Os resultados deste estudo tornaram possível uma maior visibilidade sobre diferenças de consumo e influência do consumidor. Palavras-chave: Consumidor; Influência; Mercado; Música. Área do Conhecimento: Ciências sociais aplicadas Introdução Com a grande força da música pop no mercado brasileiro, no intuito de atender a massa e desencadear um grande número de vendas de produtos e serviços, tais como CD's, DVD’s camisetas, pôsteres, shows, músicas pela internet e toques polifônicos, o mercado hoje tende a focar em gêneros já banalizados pela grande exploração da imagem, tendendo a deixar alguns consumidores insatisfeitos pela falta de diferencial dos músicos que participam do cenário musical nos dias de hoje, acontecimento que pode vir sendo ditado pelas grandes gravadoras com o intuito de atingir grandes índices de consumo. Para que o mercado possa agregar valor à música é necessário entender a relação do consumidor com a música e seu comportamento de consumo, a fim de criar estratégias para atingir um público-alvo através de segmentações de mercado. Dentro das segmentações, abordar formas de conduzir aos vários entendimentos estratégicos e de influência para atrair a atenção do consumidor. A partir do momento em que o mercado deixa um pequeno espaço para gêneros que têm maior foco, consumidores fiéis a uma concepção de música específica tomam como alternativa procurar por seus gêneros, que tendem a não ter tanto destaque, de forma a atender suas necessidades e desejos musicais. Procurando atender essas culturas e subculturas para preencher um espaço que representa significância no mercado musical brasileiro alguns gêneros resistem em se apresentar de diferentes formas, tendo penetração no mercado e adotando como estratégia a diversificação e a comunicação focada para seus determinados grupos de interesse. O consumidor e a música Quando se trata a música como um produto destinado ao consumo, é necessário identificar o perfil de seu público-alvo, deve haver entre consumidor e produto uma sintonia para tornar atrativa a compra e atender suas necessidades. Deve existir um afeto entre o que se deseja e o que este produto pode proporcionar como obra artística ou fonte de entretenimento atrelado não só ao produto, mas como ao criador da obra, no caso o músico, para alcançar a sensibilização do consumidor, tornando sua compra um ato que lhe agregue valor de ganho daquele produto. O afeto é um traço privilegiado da sociabilidade relacionada a determinadas expressões musicais. O corpo e a mediação por ele efetuada são os locais por excelência do sentir. É possível XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 1 perceber determinadas nebulosas afetivas processos de euforia/disforia. Por isso, ao processo de configuração dos sentidos é preciso adicionar a sensibilização presente na circulação dos investimentos afetivos e dos sentidos musicais (JANOTTI, 2004, p.197). Através das características de gosto do consumidor, é possível formular um produto que tenha maior valor agregado para este, no entanto, é necessário lembrar que o processo de construção do produto nesse contexto difere de um determinado número de ações do músico. Para que então o consumidor possa estar atrelado ao consumo deste produto é necessário criar uma identificação entre o músico e seu público-alvo. Segundo Solomon (2002, p. 26), "estratégias de segmentação finamente sintonizadas permitem ao profissional de marketing atingir somente os consumidores com maior probabilidade de interesse em adquirir seus produtos". Segmentação de mercado musical Segundo Las Casas, “Segmentar significa dividir mercados heterogêneos em grupos menores, que sejam formados por consumidores homogêneos entre si”. (2006, p. 227). Identificar a maneira correta de estabelecer diferenciação de consumo da segmentação de mercado tem se tornado em mercados de grande competitividade, fórmula para constituir espaço de concentração de vendas. A estratégia de posicionamento do produto, por exemplo, pode adquirir para a empresa uma vantagem competitiva que delimitará uma obtenção de resultados mais incisiva. Isso dependerá da visão que a empresa tem do quanto é atrativo seu produto para determinado mercado. Buscar o melhor para o consumidor muitas vezes é dar alternativas para que ele possa obter identificação com o produto, sendo assim: “A segmentação de mercado é um processo de identificação de subgrupos de clientes cujas necessidades, desejos e/ou recursos são diferentes, de maneira que os fazem responder de forma diferente a um dado composto de marketing” (SHETH, MITTAL, NEWMAN, 2001, p. 413). Quando uma pessoa tem a percepção de ouvir música, procura interagir com o que ela tem como bom, verdadeiro, interessante dentre outros aspectos sentimentais e a partir desse momento relaciona suas emoções através da melodia, ritmo e harmonia dos sons. Ouvir música é um ato simbólico de identificação com as representações de estilos de vida, visões de mundo e valores sociais presentes nas canções. A maior parte das músicas que ouvimos é disponibilizada para consumo através de um mercado musical que ao mesmo tempo promove sua circulação e organiza as ofertas de produtos musicais através de um sistema classificatório. A divisão do universo musical em gêneros organiza o consumo deste produto e estabelece hierarquias, fornecendo chaves para seu uso, interpretação e para a circulação de sentidos pela sociedade (TROTTA, 2005, p. 181). Constituindo separações classificatórias para distribuir melhor o mercado surgem gêneros e estilos musicais, esses gêneros e estilos se tornam atrativos ou não a partir do momento em que se encontram com tribos ou grupos de pessoas que tendem a partilhar a cultura dentro da música e estabelecer laços de consumo. Os grupos e tribos têm força a partir do grau de identificação com o produto e o número de pessoas que participam delas. Solomon destaca a idéia: “O processo de segmentação de mercado identifica grupos de consumidores que se assemelham de uma ou mais maneiras e cria, então, estratégias de marketing que exercem seu apelo a um ou mais grupos” (2002, p. 25). Com a formação de grupos e tribos, as categorias buscam atingir o consumidor da melhor forma por distinções que são feitas através dos sons de uma determinada categoria. Em sua diversidade, o mercado faz uso sistemático de categorias de classificação que operam como demarcadores básicos nas distinções de experiências musicais realizadas cotidianamente pelas pessoas. A ampla e invisível estrutura do mercado é responsável pela sedimentação dos rótulos que demarcam essas práticas e amplifica os parâmetros de distinção hierárquica entre elas. (TROTTA, 2005, p. 192). A distinção hierárquica descrita por Trotta (2005) relaciona inúmeras cadeias de estilos musicais que possuem seus espaços determinados de divulgação. O “funk carioca”, que tem grande repercussão entre os jovens, não estabelece espaço entre o público maduro; da mesma forma é pouco comum ver um jovem de 15 anos ouvir Beethoven e Chopin. Ao mesmo tempo em que pretendem atingir um público cada vez maior, os produtos midiáticos têm de se render à tendência crescente de segmentação de mercado. Este único reúne como membros de uma mesma comunidade de consumidores, indivíduos de diferentes partes do planeta, consumidores esses que, às vezes, têm muito mais em comum com seus pares da rede de consumo do que com sujeitos com os quais partilham o mesmo país, cultura ou etnia (JANOTTI, 2003, p. 9). Como levantado por Janotti (2003), as tribos hoje se tornam globais, à medida que os meios de comunicação tendem a evoluir proporcionando XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 2 novas formas de interação de diferentes pessoas espalhadas pelo globo. Assim a atenção do consumidor é dividida por toda uma gama de produtos e tem influências mais fortes de fora tornando sua forma de contextualizar suas preferências mais amplas. Dentro do foco existem gêneros que têm mais penetração midiática sem os entraves e barreiras como de outros por terem contato com públicos mais gerais. Consumidores de música segmentados O desenvolvimento do mercado de consumo apropriado para grupos com necessidades que estão cada vez mais divididas tem importância no estudo do comportamento do consumidor para destacar a grande mudança de aspectos entre determinados grupos retratando a compra de produtos. “É importante no início descobrir como as organizações desenvolvem estratégias baseadas num entendimento do comportamento do consumidor. Um dos desafios é descobrir como os grupos de consumidores (segmentos) diferem do todo e como atender às suas necessidades singulares com produtos e serviços projetados para eles” (ENGEL; BLACKWELL; MINIARD, 2000, p. 1). Consumidor Influenciado pela Mídia A mídia no mercado atual tem grande importância nas escolhas que são estabelecidas pelo indivíduo no gosto musical. Parte dessa importância é formada pelos estímulos que ela promove para ressaltar o que a cultura de massas tem como produto de valor. A influência da mídia pode ser direta com poucas inserções de estímulos e aflorando uma necessidade ou desejo já contido dentro do indivíduo em questão, ou em alguns casos o este pode ter maior resistência e demorar um tempo maior para tomar uma decisão de compra que será desencadeada por um maior número de abordagens da mídia. O conteúdo musical é encaixado conforme determinações não necessariamente articuladas com sua expressão artístico-estética ou com manifestações culturais advindas do cotidiano dos atores sociais, mas sim selecionadas a partir da interferência dos meandros capitalistas industriais. É nessa realidade que os acordos comerciais entre megacompanhias do disco e meios de comunicação são apenas uma ponta (mais visível) de um amplo sistema de controle do espaço midiático. Assim como a produção e a distribuição, o consumo em larga escala também se dá pelos meios de comunicação, sendo a produção musical de contínuas gerações validadas via complexos arcabouços conectados globalmente. (BRITTOS; OLIVEIRA, 2005, p. 34). Pela forma como a mídia tem seu conteúdo promovido para as massas, o público-alvo da mídia são os grandes grupos de identificação que tem maior retorno a esta estratégia. Sendo assim, as noções de música são geralmente aquelas que lhe são apresentadas diariamente, pelos meios de comunicação diminuindo sua visão sobre a estrutura de gêneros e subgêneros musicais existentes, que não participam de seu cotidiano. Consumidor Colecionador O consumidor colecionador é o consumidor que procura conhecimento sobre os produtos de seu interesse, tem opinião formada e reações condizentes à estimulação apenas a produtos que estão dentro de seu campo de interesses, tem fidelização por determinados produtos. Esse tipo de consumidor, cujo objetivo é colecionar produtos como forma de atender uma necessidade ou desejo, é determinado em suas escolhas, e difere das escolhas cotidianas quando busca atender suas necessidades de colecionar. Este interesse tem tido atenção nos estudos de comportamento do consumidor para uma análise deste consumidor que tem sua atratividade particular no mercado. O estudo do comportamento do consumidor pode ser ampliado e enriquecido com a análise do comportamento de pessoas que fazem coleções de objetos ou produtos. O ato de colecionar, ou colecionismo, é definido como o processo de adquirir e possuir coisas de forma ativa, seletiva e apaixonada, que fazem parte de um conjunto de objetos não idênticos e que não são utilizadas na sua forma usual. Possuir e colecionar são conceitos mais amplos que os conceitos de comprar e de consumir (FARINA; TOLEDO; CORREA; 2006, p. 1). Essa forma de consumo está diretamente ligada ao emocional a fim de satisfazer um desejo suprido de impulso ou de importância pessoal para o colecionador. Esse tipo de compra dentro do mercado musical tem espaço a partir do momento que o consumidor vê na música uma atratividade especial, de profundidade e importância tamanha que adquirir tal produto agrega valor para o consumidor e a compra se torna prazerosa. Sendo o colecionador um consumidor que busca e tem um valor pessoal para adquirir coleções de discos, discografias completas de bandas, pôsteres, camisetas e um grande conhecimento de seus ídolos, tendo em vista que essas práticas são atos naturais de um colecionador, abrem-se oportunidades de espaço para o mercado da música em outras proporções vendendo não só a música, mas tudo o que se XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 3 relaciona ao ícone do ídolo, da mesma forma os colecionadores espalham marketing boca a boca e até mesmo algumas vezes unindo-se a tribos e fãs-clube ou espalhando seu conhecimento pessoal com amigos que tem interesse de consumo em comum. Metodologia Para responder ao objetivo do artigo, que é verificar o perfil de consumo de determinados grupos de consumidores, foi estabelecida a elaboração de uma pesquisa para identificar as práticas e aspectos relacionados aos consumidores de música. Pôr em prática uma pesquisa sobre consumidores para constituir uma visão mais ampla de como agem estes é uma das opções para aproximar as visões teóricas da realidade; sendo assim, dentro de um universo de consumidores universitários, foram coletadas informações para estabelecer as condições de consumo de pessoas que se interessam e interagem com a música e estabelecem valores pessoais para a prática de consumir música e artigos relacionados a ela. O processo de pesquisa foi constituído no seguinte formato: A pesquisa foi constituída de forma qualitativa através de entrevistas gravadas em áudio dentre as quais foram escolhidos 18 consumidores, alunos e também professores da FATEC Guaratinguetá que se caracterizavam com os perfis mostrados na parte teórica do trabalho. A escolha dos pesquisados foi feita por conhecimento das práticas obtidas por estes, sua noção sobre o universo musical e o entendimento do mercado, sendo selecionados através da interação e contato sobre o tema. Discussão dos resultados Na constituição da pesquisa qualitativa, na qual o objetivo era encontrar os tipos de consumidores que foram destacados na parte teórica do trabalho, foram constituídos parâmetros de julgamento para identificar como cada indivíduo se comporta diante consumo da música. Nesse contexto, em que foram pesquisados 18 consumidores e, destes, 14 foram postos para análise, pois os outros 4 não se mostraram com total entendimento de consumo e assim não foram considerados na avaliação. Dos entrevistados analisados, todos eles tinham renda e estavam em uma faixa de idade de 18 a 34 anos, também se caracterizavam por grande conhecimento sobre música e assim contribuíram de forma satisfatória a todas as questões da pesquisa. Destes 14 entrevistados, todos foram separados em grupos de consumo de acordo com a questão do trabalho sendo que esses grupos foram formados pelo aspecto de influência e ser colecionadores envolvido em seus gostos. Nessa divisão, 3 deles consideraram-se influenciados pela cultura de massa diretamente, 4 parcialmente influenciados e 7 destacam que a cultura de massa não representa ação ativa em suas escolhas, mas ressaltam interesse e formas particulares em obter música e artigos relacionados, buscando o que se torna atrativo por uma necessidade focada, revelando-se potenciais consumidores colecionadores. Dos consumidores que se consideraram influenciados, tiveram um processo de interesse pela música entre 10 e 15 anos e constituem como problema da indústria fonográfica a pirataria pela questão do preço dos produtos originais e não estabelecem relação com tribos musicais. Na questão de compra de artigos musicais estabelecem critérios diferentes como influência da mídia, valor da música e interesse pelo trabalho do artista, e em particular um destes aponta que não compra artigos musicais, pois tem uma interação muito eclética com concentração em apenas algumas músicas de cada artista, assim sendo, busca a música isoladamente por veículos de comunicação como a internet, onde consegue obtenção de consumo de forma livre e gratuita poupando-se de compra álbuns que oferecem poucas faixas que se relacionem com se gosto particular. Como mídias que tomam presença em seu cotidiano e os integram a novos músicos, caracterizam a TV como sendo o mais comum para exercer tal função, porém mostram como outros meios de divulgação a internet e o rádio. Com relação à identidade com um gênero musical, foram tidas opiniões distintas ressaltando o pop e MPB, sendo que o terceiro entrevistado considerou que seu gosto era eclético e, sendo assim, não se encaixava com um gênero específico. Dentre os aspectos de importância para valoração da música, foram citados a mensagem, letra e ritmo e como caracterizações de valor ao músico por trás da obra identificam como características principais de valor a ação, performance, técnica e talento. Como percepção emocional de destaque para a experiência de ouvir música, foram apontadas entre os pesquisados reações de calma, agitação, alegria, conhecimento e interação. No envolvimento de influenciar outras pessoas ligadas ao cotidiano dos entrevistados, dois destes revelam que costumam passar uma concepção do que consideram de valor enquanto o terceiro considerou que guarda suas opiniões musicais sem passar para outras pessoas. XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 4 Dos tidos como consumidores parcialmente influenciados, a faixa de início à exposição musical ocorreu entre 6 e 17 anos, eles ressaltaram problemas mais abrangentes sobre a indústria fonográfica como avanço tecnológico, internet e a customização da música sendo buscada individualmente e não por acervos como, por exemplo, álbuns completos. Consideraram em um todo o interesse pelo rock como sendo parte de uma tribo com quem constituem relação, tendo o gênero como fator de ligação com seus subgêneros que destacam tribos fechadas como o heavy metal, o new metal ou o punk. Exercem interesse na compra quando um produto estabelece valor agregado sendo pelo apelo promocional ou emocional, ao contrário disso, afirmam que utilizam a internet para exercer a função de adquirir o que é de seu interesse. A mídia que fortalece o papel de divulgação tomando destaque pela internet que além de agir com o papel de estabelecer o conhecimento de novos músicos possui uma gama de ferramentas de exploração sobre o universo musical. Dentre outros meios citados são encontrados o rádio e a TV, mas sem maior evidencia. Como gênero de identificação foi citado duas vezes o rock pelos entrevistados e uma vez o new metal. Um dos entrevistados afirmou que não possui um gênero específico para identificação. Na formação do valor da música, foram estabelecidos como fatores de importância à mensagem, letra, sonoridade, melodia, sentimento passado pela música, arranjo musical, dificuldade da constituição da música, e o instrumental mostrando uma analise de consumo mais abrangente e diferenciada dos entrevistados. Como fatores para o valor do músico foram destacados os conhecimentos musicais, a experiência, o trabalho, o esforço, a estrutura de composição, a elaboração da melodia, técnica, atitude, e evolução do músico em seu trabalho. Com relação a sensação de ouvir música são encontradas as relações de alívio, mudança de percepção, atenção, transformação das percepções, agitação, reflexão, alegria, prazer e motivação. Ao serem perguntados se passam influências musicais para outras pessoas, afirmam que sim, respeitando a opinião de outras pessoas, é claro. Para os consumidores colecionadores, a interação de preferência com a música foi bem variável de uma pessoa para outra, tendo suas constituições entre 5 e 18 anos. A maior parte deles considera a pirataria como sendo o problema da indústria fonográfica, mas deduzem que o preço dos produtos originais são os causadores da diminuição das vendas, pois mostram um valor na questão de se comprar produtos originais, que é impelido pelo preço. A maior parte se considera adepta de tribos musicais tendo o rock e a MPB como os ícones de destaque para a consolidação dessas tribos. Percebem como importância para exercer a compra, fatores diferentes como: novidades, material raro ou clássico ou de valor pessoal, assim como material que evidencie destaque dentre os outros estimulando a compra. Na condição de mídia para descobrimento de novos músicos existe uma variação entre os entrevistados sobre a internet, o rádio e a TV, caracterizando diferenças entre as formas como eles estabelecem contato com o que vem a ser divulgado. Adeptos de uma percepção musical mais focada, três dos entrevistados consideraram o rock como sendo parte de uma estrutura de identificação, dois consideraram a MPB, um definiu o pagode e dois deles não se consideram atrelados a nenhum gênero de identidade de forma influenciadora na sua personalidade, mas se consideram adeptos de identificação ao rock. Na valorização da música, os fatores de importância são: a percepção passada, mensagem, melodia e a letra tendo evidencia pela maioria na questão de consolidar um valor agregado pela forma inteligente a ser colocada na música. Como importâncias para destacar o músico foram colocadas as seguintes características: talento, carisma, comportamento, personalidade, caráter e identidade. Dois dos entrevistados não ressaltaram importâncias no músico e sim em seu trabalho. Das sensações expostas pelos entrevistados caracterizam-se: bem estar, emoção, alegria, relaxamento, lembranças, prazer, paz e explosão. Dentre a intenção de repassar a música para outras pessoas, houve uma divisão entre os entrevistados, em que 4 deles respondem que sim, passam a música para outras pessoas próximas e que tenham uma identidade musical compatível enquanto os outros três afirmaram que não, pois respeitam o gosto de cada um como indivíduo. É importante destacar ao final da análise que as informações obtidas e contextualizadas neste trabalho através da pesquisa quantitativa se referem a um universo delimitado e assim podem haver diferenças com relação a uma contextualização de ampla escala, que obterá um número menor de probabilidades que venham a divergir com a real condição do mercado musical e seus consumidores. XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 5 Conclusões Na opinião massiva do que a música se tornou nos dias de hoje, se encaixa o termo de commoditie, pelo baixo valor agregado e as formas de adquiri-la pela internet gratuitamente, estabelecendo uma desvalorização nas produções da indústria fonográfica, que se mostra estagnada nos parâmetros de novidades e promoção. O consumidor agora tem ferramentas para conhecer um maior número de opções musicais e exerce essa possibilidade, conectado à rede não só com novidades, mas também buscando conteúdo musical que se estabeleceu no passado e que o estabelece no presente. A mística entre o mercado musical tem seu valor abalado enquanto não se tomam medidas para evidenciar a compra de seus produtos. As concentrações de grupos de pessoas e seus gostos por música gerais e específicos variam a partir da diversificação dos gêneros musicais. A música que estabelece nível de valor especial ressalta aos ouvidos do público, pois confronta os modismos sem estrutura avançada de composição. Os meios de comunicação reduzem a condição da música sem valor de ser comprada, pois agora o consumidor pode ouvir as músicas na internet antes de comprar e muitas vezes comprar apenas as faixas que quer, pela própria internet. Com a música podendo ser vendida não mais em álbuns, mas também solta, a pirataria não é o principal problema da indústria; a falta de atratividade da própria indústria fonográfica é que tende a ser o seu maior problema. Enquanto ela não restringir seus pontos fracos não poderá combater as ameaças dos downloads que, mesmo com o problema dos vírus, são continuamente utilizados baixando conteúdo musical da internet, pois as opções de compra ainda são muito pequenas. O caminho do underground se abre pela divulgação da mídia dos computadores e da segmentação que lhe é empregada assim como os menores custos da sua produção por gravadoras independentes. A música participa hoje de uma transformação que a torna cada vez mais ampla, mais complexa, e a deixa proporcionalmente indecifrável com uma simples organização por gêneros, o que tornará as tribos cada vez mais comuns entre consumidores que construam sua opinião numa definição musical restrita. Os colecionadores, ainda que com um espaço delimitado, oferecem uma oportunidade de negócio singular e segura, sabendo o que estão sempre buscando algo que caracterize uma relação de desejo voltado para sua percepção de compra. E por fim a música se reduz hoje ao único papel que sempre lhe foi convocada, à fusão do racional e emocional do homem, se constituindo de forma harmônica, rítmica, ou melódica e ressaltando nossos sentimentos, afetos, lembranças e conclusões sobre algo de interesse pessoal. Referências - BRITTOS, V. C.; OLIVEIRA, A P. Processos midiáticos musicais, mercados e alternativas. Revista Comunicação, Mídia e Consumo, São Paulo. Vol.1, n. 5, p. 31 – 63. Novembro, 2005. - CARDOSO, J. F.; JANOTTI, J. J. A música popular massiva, o mainstream e o underground, trajetórias e caminhos da música na cultura midiática. Intercom – VI Encontro dos Núcleos de Pesquisa da Intercom, Setembro 2006. - ENGEL, J. F.; BLACKWELL, R. D.; MINIARD, P. W. Comportamento do Consumidor. Ed. 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