Consumidor e mercado musical

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Consumidor e mercado musical: Análise de influências midiáticas e consumidores
fiéis em segmentos de mercado
Wallace Alves Sampaio¹
Daniel Faria Chaim²
José Manoel Souza das Neves³
Faculdade de Tecnologia de Guaratinguetá - Centro Paula Souza - Guaratinguetá – SP
¹[email protected]
²[email protected]
³[email protected]
Resumo- Este artigo tem por objetivo estudar o processo da relação entre o mercado musical e o
consumidor, analisando a comunicação entre esse mercado e seu público-alvo. Ressalta as diferenças
mercadológicas entre segmentos musicais com estratégias e públicos distintos com interesses em
determinadas preferências de consumo, bem como a força de consumo massiva que estabelece relação
com o consumidor de uma cultura de massa. Definem-se também as influências que a mídia proporciona ao
consumidor para estabelecer contato através da música como produto, e o consumidor colecionador, que,
por sua vez, faz parte de um determinado grupo de consumo não atingido por determinadas ações de
divulgação, mas que busca o produto musical de sua preferência. Dentro da questão de grupo são
colocadas observações sobre a questão de tribo musical, pequenos nichos de mercado. O artigo retrata
uma pesquisa qualitativa para analisar o consumidor e seu comportamento em relação à música, estudo
feito para estabelecer relação científica com a parte teórica. Os resultados deste estudo tornaram possível
uma maior visibilidade sobre diferenças de consumo e influência do consumidor.
Palavras-chave: Consumidor; Influência; Mercado; Música.
Área do Conhecimento: Ciências sociais aplicadas
Introdução
Com a grande força da música pop no mercado
brasileiro, no intuito de atender a massa e
desencadear um grande número de vendas de
produtos e serviços, tais como CD's, DVD’s
camisetas, pôsteres, shows, músicas pela internet
e toques polifônicos, o mercado hoje tende a focar
em gêneros já banalizados pela grande
exploração da imagem, tendendo a deixar alguns
consumidores insatisfeitos pela falta de diferencial
dos músicos que participam do cenário musical
nos dias de hoje, acontecimento que pode vir
sendo ditado pelas grandes gravadoras com o
intuito de atingir grandes índices de consumo.
Para que o mercado possa agregar valor à
música é necessário entender a relação do
consumidor com a música e seu comportamento
de consumo, a fim de criar estratégias para atingir
um público-alvo através de segmentações de
mercado. Dentro das segmentações, abordar
formas de conduzir aos vários entendimentos
estratégicos e de influência para atrair a atenção
do consumidor. A partir do momento em que o
mercado deixa um pequeno espaço para gêneros
que têm maior foco, consumidores fiéis a uma
concepção de música específica tomam como
alternativa procurar por seus gêneros, que tendem
a não ter tanto destaque, de forma a atender suas
necessidades e desejos musicais.
Procurando
atender
essas
culturas
e
subculturas para preencher um espaço que
representa significância no mercado musical
brasileiro alguns gêneros resistem em se
apresentar de diferentes formas, tendo penetração
no mercado e adotando como estratégia a
diversificação e a comunicação focada para seus
determinados grupos de interesse.
O consumidor e a música
Quando se trata a música como um produto
destinado ao consumo, é necessário identificar o
perfil de seu público-alvo, deve haver entre
consumidor e produto uma sintonia para tornar
atrativa a compra e atender suas necessidades.
Deve existir um afeto entre o que se deseja e o
que este produto pode proporcionar como obra
artística ou fonte de entretenimento atrelado não
só ao produto, mas como ao criador da obra, no
caso o músico, para alcançar a sensibilização do
consumidor, tornando sua compra um ato que lhe
agregue valor de ganho daquele produto.
O afeto é um traço privilegiado da sociabilidade
relacionada a determinadas expressões musicais.
O corpo e a mediação por ele efetuada são os
locais por excelência do sentir. É possível
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perceber
determinadas
nebulosas
afetivas
processos de euforia/disforia. Por isso, ao
processo de configuração dos sentidos é preciso
adicionar a sensibilização presente na circulação
dos investimentos afetivos e dos sentidos musicais
(JANOTTI, 2004, p.197).
Através das características de gosto do
consumidor, é possível formular um produto que
tenha maior valor agregado para este, no entanto,
é necessário lembrar que o processo de
construção do produto nesse contexto difere de
um determinado número de ações do músico.
Para que então o consumidor possa estar atrelado
ao consumo deste produto é necessário criar uma
identificação entre o músico e seu público-alvo.
Segundo Solomon (2002, p. 26), "estratégias
de segmentação finamente sintonizadas permitem
ao profissional de marketing atingir somente os
consumidores com maior probabilidade de
interesse em adquirir seus produtos".
Segmentação de mercado musical
Segundo Las Casas, “Segmentar significa
dividir mercados heterogêneos em grupos
menores, que sejam formados por consumidores
homogêneos entre si”. (2006, p. 227).
Identificar a maneira correta de estabelecer
diferenciação de consumo da segmentação de
mercado tem se tornado em mercados de grande
competitividade, fórmula para constituir espaço de
concentração de vendas.
A estratégia de posicionamento do produto, por
exemplo, pode adquirir para a empresa uma
vantagem competitiva que delimitará uma
obtenção de resultados mais incisiva. Isso
dependerá da visão que a empresa tem do quanto
é atrativo seu produto para determinado mercado.
Buscar o melhor para o consumidor muitas
vezes é dar alternativas para que ele possa obter
identificação com o produto, sendo assim:
“A segmentação de mercado é um processo de
identificação de subgrupos de clientes cujas
necessidades, desejos e/ou recursos são
diferentes, de maneira que os fazem responder de
forma diferente a um dado composto de
marketing” (SHETH, MITTAL, NEWMAN, 2001, p.
413).
Quando uma pessoa tem a percepção de ouvir
música, procura interagir com o que ela tem como
bom, verdadeiro, interessante dentre outros
aspectos sentimentais e a partir desse momento
relaciona suas emoções através da melodia, ritmo
e harmonia dos sons.
Ouvir música é um ato simbólico de
identificação com as representações de estilos de
vida, visões de mundo e valores sociais presentes
nas canções. A maior parte das músicas que
ouvimos é disponibilizada para consumo através
de um mercado musical que ao mesmo tempo
promove sua circulação e organiza as ofertas de
produtos musicais através de um sistema
classificatório. A divisão do universo musical em
gêneros organiza o consumo deste produto e
estabelece hierarquias, fornecendo chaves para
seu uso, interpretação e para a circulação de
sentidos pela sociedade (TROTTA, 2005, p. 181).
Constituindo separações classificatórias para
distribuir melhor o mercado surgem gêneros e
estilos musicais, esses gêneros e estilos se
tornam atrativos ou não a partir do momento em
que se encontram com tribos ou grupos de
pessoas que tendem a partilhar a cultura dentro da
música e estabelecer laços de consumo. Os
grupos e tribos têm força a partir do grau de
identificação com o produto e o número de
pessoas que participam delas.
Solomon destaca a idéia: “O processo de
segmentação de mercado identifica grupos de
consumidores que se assemelham de uma ou
mais maneiras e cria, então, estratégias de
marketing que exercem seu apelo a um ou mais
grupos” (2002, p. 25).
Com a formação de grupos e tribos, as
categorias buscam atingir o consumidor da melhor
forma por distinções que são feitas através dos
sons de uma determinada categoria.
Em sua diversidade, o mercado faz uso
sistemático de categorias de classificação que
operam como demarcadores básicos nas
distinções de experiências musicais realizadas
cotidianamente pelas pessoas. A ampla e invisível
estrutura do mercado é responsável pela
sedimentação dos rótulos que demarcam essas
práticas e amplifica os parâmetros de distinção
hierárquica entre elas. (TROTTA, 2005, p. 192).
A distinção hierárquica descrita por Trotta
(2005) relaciona inúmeras cadeias de estilos
musicais
que
possuem
seus
espaços
determinados de divulgação. O “funk carioca”, que
tem grande repercussão entre os jovens, não
estabelece espaço entre o público maduro; da
mesma forma é pouco comum ver um jovem de 15
anos ouvir Beethoven e Chopin.
Ao mesmo tempo em que pretendem atingir um
público cada vez maior, os produtos midiáticos
têm de se render à tendência crescente de
segmentação de mercado. Este único reúne como
membros de uma mesma comunidade de
consumidores, indivíduos de diferentes partes do
planeta, consumidores esses que, às vezes, têm
muito mais em comum com seus pares da rede de
consumo do que com sujeitos com os quais
partilham o mesmo país, cultura ou etnia
(JANOTTI, 2003, p. 9).
Como levantado por Janotti (2003), as tribos
hoje se tornam globais, à medida que os meios de
comunicação tendem a evoluir proporcionando
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novas formas de interação de diferentes pessoas
espalhadas pelo globo. Assim a atenção do
consumidor é dividida por toda uma gama de
produtos e tem influências mais fortes de fora
tornando sua forma de contextualizar suas
preferências mais amplas. Dentro do foco existem
gêneros que têm mais penetração midiática sem
os entraves e barreiras como de outros por terem
contato com públicos mais gerais.
Consumidores de música segmentados
O desenvolvimento do mercado de consumo
apropriado para grupos com necessidades que
estão cada vez mais divididas tem importância no
estudo do comportamento do consumidor para
destacar a grande mudança de aspectos entre
determinados grupos retratando a compra de
produtos.
“É importante no início descobrir como as
organizações desenvolvem estratégias baseadas
num entendimento do comportamento do
consumidor. Um dos desafios é descobrir como os
grupos de consumidores (segmentos) diferem do
todo e como atender às suas necessidades
singulares com produtos e serviços projetados
para eles” (ENGEL; BLACKWELL; MINIARD,
2000, p. 1).
Consumidor Influenciado pela Mídia
A mídia no mercado atual tem grande
importância nas escolhas que são estabelecidas
pelo indivíduo no gosto musical. Parte dessa
importância é formada pelos estímulos que ela
promove para ressaltar o que a cultura de massas
tem como produto de valor.
A influência da mídia pode ser direta com
poucas inserções de estímulos e aflorando uma
necessidade ou desejo já contido dentro do
indivíduo em questão, ou em alguns casos o este
pode ter maior resistência e demorar um tempo
maior para tomar uma decisão de compra que
será desencadeada por um maior número de
abordagens da mídia.
O conteúdo musical é encaixado conforme
determinações não necessariamente articuladas
com sua expressão artístico-estética ou com
manifestações culturais advindas do cotidiano dos
atores sociais, mas sim selecionadas a partir da
interferência dos meandros capitalistas industriais.
É nessa realidade que os acordos comerciais
entre megacompanhias do disco e meios de
comunicação são apenas uma ponta (mais visível)
de um amplo sistema de controle do espaço
midiático. Assim como a produção e a distribuição,
o consumo em larga escala também se dá pelos
meios de comunicação, sendo a produção musical
de contínuas gerações validadas via complexos
arcabouços conectados globalmente. (BRITTOS;
OLIVEIRA, 2005, p. 34).
Pela forma como a mídia tem seu conteúdo
promovido para as massas, o público-alvo da
mídia são os grandes grupos de identificação que
tem maior retorno a esta estratégia. Sendo assim,
as noções de música são geralmente aquelas que
lhe são apresentadas diariamente, pelos meios de
comunicação diminuindo sua visão sobre a
estrutura de gêneros e subgêneros musicais
existentes, que não participam de seu cotidiano.
Consumidor Colecionador
O consumidor colecionador é o consumidor que
procura conhecimento sobre os produtos de seu
interesse, tem opinião formada e reações
condizentes à estimulação apenas a produtos que
estão dentro de seu campo de interesses, tem
fidelização por determinados produtos. Esse tipo
de consumidor, cujo objetivo é colecionar produtos
como forma de atender uma necessidade ou
desejo, é determinado em suas escolhas, e difere
das escolhas cotidianas quando busca atender
suas necessidades de colecionar. Este interesse
tem tido atenção nos estudos de comportamento
do consumidor para uma análise deste
consumidor que tem sua atratividade particular no
mercado.
O estudo do comportamento do consumidor
pode ser ampliado e enriquecido com a análise do
comportamento de pessoas que fazem coleções
de objetos ou produtos. O ato de colecionar, ou
colecionismo, é definido como o processo de
adquirir e possuir coisas de forma ativa, seletiva e
apaixonada, que fazem parte de um conjunto de
objetos não idênticos e que não são utilizadas na
sua forma usual. Possuir e colecionar são
conceitos mais amplos que os conceitos de
comprar e de consumir (FARINA; TOLEDO;
CORREA; 2006, p. 1).
Essa forma de consumo está diretamente
ligada ao emocional a fim de satisfazer um desejo
suprido de impulso ou de importância pessoal para
o colecionador. Esse tipo de compra dentro do
mercado musical tem espaço a partir do momento
que o consumidor vê na música uma atratividade
especial, de profundidade e importância tamanha
que adquirir tal produto agrega valor para o
consumidor e a compra se torna prazerosa.
Sendo o colecionador um consumidor que
busca e tem um valor pessoal para adquirir
coleções de discos, discografias completas de
bandas, pôsteres, camisetas e um grande
conhecimento de seus ídolos, tendo em vista que
essas práticas são atos naturais de um
colecionador, abrem-se oportunidades de espaço
para o mercado da música em outras proporções
vendendo não só a música, mas tudo o que se
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relaciona ao ícone do ídolo, da mesma forma os
colecionadores espalham marketing boca a boca e
até mesmo algumas vezes unindo-se a tribos e
fãs-clube ou espalhando seu conhecimento
pessoal com amigos que tem interesse de
consumo em comum.
Metodologia
Para responder ao objetivo do artigo, que é
verificar o perfil de consumo de determinados
grupos de consumidores, foi estabelecida a
elaboração de uma pesquisa para identificar as
práticas
e
aspectos
relacionados
aos
consumidores de música.
Pôr em prática uma pesquisa sobre
consumidores para constituir uma visão mais
ampla de como agem estes é uma das opções
para aproximar as visões teóricas da realidade;
sendo assim, dentro de um universo de
consumidores universitários, foram coletadas
informações para estabelecer as condições de
consumo de pessoas que se interessam e
interagem com a música e estabelecem valores
pessoais para a prática de consumir música e
artigos relacionados a ela. O processo de
pesquisa foi constituído no seguinte formato:
A pesquisa foi constituída de forma qualitativa
através de entrevistas gravadas em áudio dentre
as quais foram escolhidos 18 consumidores,
alunos e também professores da FATEC
Guaratinguetá que se caracterizavam com os
perfis mostrados na parte teórica do trabalho. A
escolha
dos
pesquisados
foi
feita
por
conhecimento das práticas obtidas por estes, sua
noção sobre o universo musical e o entendimento
do mercado, sendo selecionados através da
interação e contato sobre o tema.
Discussão dos resultados
Na constituição da pesquisa qualitativa, na qual
o objetivo era encontrar os tipos de consumidores
que foram destacados na parte teórica do
trabalho, foram constituídos parâmetros de
julgamento para identificar como cada indivíduo se
comporta diante consumo da música.
Nesse contexto, em que foram pesquisados 18
consumidores e, destes, 14 foram postos para
análise, pois os outros 4 não se mostraram com
total entendimento de consumo e assim não foram
considerados na avaliação. Dos entrevistados
analisados, todos eles tinham renda e estavam em
uma faixa de idade de 18 a 34 anos, também se
caracterizavam por grande conhecimento sobre
música e assim contribuíram de forma satisfatória
a todas as questões da pesquisa. Destes 14
entrevistados, todos foram separados em grupos
de consumo de acordo com a questão do trabalho
sendo que esses grupos foram formados pelo
aspecto de influência e ser colecionadores
envolvido em seus gostos.
Nessa divisão, 3 deles consideraram-se
influenciados pela cultura de massa diretamente, 4
parcialmente influenciados e 7 destacam que a
cultura de massa não representa ação ativa em
suas escolhas, mas ressaltam interesse e formas
particulares em obter música e artigos
relacionados, buscando o que se torna atrativo por
uma necessidade focada, revelando-se potenciais
consumidores colecionadores.
Dos consumidores que se consideraram
influenciados, tiveram um processo de interesse
pela música entre 10 e 15 anos e constituem como
problema da indústria fonográfica a pirataria pela
questão do preço dos produtos originais e não
estabelecem relação com tribos musicais.
Na questão de compra de artigos musicais
estabelecem critérios diferentes como influência
da mídia, valor da música e interesse pelo trabalho
do artista, e em particular um destes aponta que
não compra artigos musicais, pois tem uma
interação muito eclética com concentração em
apenas algumas músicas de cada artista, assim
sendo, busca a música isoladamente por veículos
de comunicação como a internet, onde consegue
obtenção de consumo de forma livre e gratuita
poupando-se de compra álbuns que oferecem
poucas faixas que se relacionem com se gosto
particular.
Como mídias que tomam presença em seu
cotidiano e os integram a novos músicos,
caracterizam a TV como sendo o mais comum
para exercer tal função, porém mostram como
outros meios de divulgação a internet e o rádio.
Com relação à identidade com um gênero
musical, foram tidas opiniões distintas ressaltando
o pop e MPB, sendo que o terceiro entrevistado
considerou que seu gosto era eclético e, sendo
assim, não se encaixava com um gênero
específico.
Dentre os aspectos de importância para
valoração da música, foram citados a mensagem,
letra e ritmo e como caracterizações de valor ao
músico por trás da obra identificam como
características principais de valor a ação,
performance, técnica e talento.
Como percepção emocional de destaque para
a experiência de ouvir música, foram apontadas
entre os pesquisados reações de calma, agitação,
alegria, conhecimento e interação.
No envolvimento de influenciar outras pessoas
ligadas ao cotidiano dos entrevistados, dois destes
revelam que costumam passar uma concepção do
que consideram de valor enquanto o terceiro
considerou que guarda suas opiniões musicais
sem passar para outras pessoas.
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Dos tidos como consumidores parcialmente
influenciados, a faixa de início à exposição musical
ocorreu entre 6 e 17 anos, eles ressaltaram
problemas mais abrangentes sobre a indústria
fonográfica como avanço tecnológico, internet e a
customização da música sendo buscada
individualmente e não por acervos como, por
exemplo, álbuns completos.
Consideraram em um todo o interesse pelo
rock como sendo parte de uma tribo com quem
constituem relação, tendo o gênero como fator de
ligação com seus subgêneros que destacam tribos
fechadas como o heavy metal, o new metal ou o
punk.
Exercem interesse na compra quando um
produto estabelece valor agregado sendo pelo
apelo promocional ou emocional, ao contrário
disso, afirmam que utilizam a internet para exercer
a função de adquirir o que é de seu interesse.
A mídia que fortalece o papel de divulgação
tomando destaque pela internet que além de agir
com o papel de estabelecer o conhecimento de
novos músicos possui uma gama de ferramentas
de exploração sobre o universo musical. Dentre
outros meios citados são encontrados o rádio e a
TV, mas sem maior evidencia.
Como gênero de identificação foi citado duas
vezes o rock pelos entrevistados e uma vez o new
metal. Um dos entrevistados afirmou que não
possui um gênero específico para identificação.
Na formação do valor da música, foram
estabelecidos como fatores de importância à
mensagem, letra, sonoridade, melodia, sentimento
passado pela música, arranjo musical, dificuldade
da constituição da música, e o instrumental
mostrando uma analise de consumo mais
abrangente e diferenciada dos entrevistados.
Como fatores para o valor do músico foram
destacados os conhecimentos musicais, a
experiência, o trabalho, o esforço, a estrutura de
composição, a elaboração da melodia, técnica,
atitude, e evolução do músico em seu trabalho.
Com relação a sensação de ouvir música são
encontradas as relações de alívio, mudança de
percepção,
atenção,
transformação
das
percepções, agitação, reflexão, alegria, prazer e
motivação.
Ao serem perguntados se passam influências
musicais para outras pessoas, afirmam que sim,
respeitando a opinião de outras pessoas, é claro.
Para os consumidores colecionadores, a
interação de preferência com a música foi bem
variável de uma pessoa para outra, tendo suas
constituições entre 5 e 18 anos. A maior parte
deles considera a pirataria como sendo o
problema da indústria fonográfica, mas deduzem
que o preço dos produtos originais são os
causadores da diminuição das vendas, pois
mostram um valor na questão de se comprar
produtos originais, que é impelido pelo preço.
A maior parte se considera adepta de tribos
musicais tendo o rock e a MPB como os ícones de
destaque para a consolidação dessas tribos.
Percebem como importância para exercer a
compra, fatores diferentes como: novidades,
material raro ou clássico ou de valor pessoal,
assim como material que evidencie destaque
dentre os outros estimulando a compra.
Na condição de mídia para descobrimento de
novos músicos existe uma variação entre os
entrevistados sobre a internet, o rádio e a TV,
caracterizando diferenças entre as formas como
eles estabelecem contato com o que vem a ser
divulgado.
Adeptos de uma percepção musical mais
focada, três dos entrevistados consideraram o
rock como sendo parte de uma estrutura de
identificação, dois consideraram a MPB, um
definiu o pagode e dois deles não se consideram
atrelados a nenhum gênero de identidade de
forma influenciadora na sua personalidade, mas
se consideram adeptos de identificação ao rock.
Na valorização da música, os fatores de
importância
são:
a
percepção
passada,
mensagem, melodia e a letra tendo evidencia pela
maioria na questão de consolidar um valor
agregado pela forma inteligente a ser colocada na
música.
Como importâncias para destacar o músico
foram colocadas as seguintes características:
talento, carisma, comportamento, personalidade,
caráter e identidade. Dois dos entrevistados não
ressaltaram importâncias no músico e sim em seu
trabalho.
Das sensações expostas pelos entrevistados
caracterizam-se: bem estar, emoção, alegria,
relaxamento, lembranças, prazer, paz e explosão.
Dentre a intenção de repassar a música para
outras pessoas, houve uma divisão entre os
entrevistados, em que 4 deles respondem que
sim, passam a música para outras pessoas
próximas e que tenham uma identidade musical
compatível enquanto os outros três afirmaram que
não, pois respeitam o gosto de cada um como
indivíduo.
É importante destacar ao final da análise que
as informações obtidas e contextualizadas neste
trabalho através da pesquisa quantitativa se
referem a um universo delimitado e assim podem
haver
diferenças
com
relação
a
uma
contextualização de ampla escala, que obterá um
número menor de probabilidades que venham a
divergir com a real condição do mercado musical e
seus consumidores.
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Conclusões
Na opinião massiva do que a música se tornou
nos dias de hoje, se encaixa o termo de
commoditie, pelo baixo valor agregado e as
formas de adquiri-la pela internet gratuitamente,
estabelecendo uma desvalorização nas produções
da indústria fonográfica, que se mostra estagnada
nos parâmetros de novidades e promoção.
O consumidor agora tem ferramentas para
conhecer um maior número de opções musicais e
exerce essa possibilidade, conectado à rede não
só com novidades, mas também buscando
conteúdo musical que se estabeleceu no passado
e que o estabelece no presente.
A mística entre o mercado musical tem seu
valor abalado enquanto não se tomam medidas
para evidenciar a compra de seus produtos. As
concentrações de grupos de pessoas e seus
gostos por música gerais e específicos variam a
partir da diversificação dos gêneros musicais. A
música que estabelece nível de valor especial
ressalta aos ouvidos do público, pois confronta os
modismos
sem
estrutura
avançada
de
composição.
Os meios de comunicação reduzem a condição
da música sem valor de ser comprada, pois agora
o consumidor pode ouvir as músicas na internet
antes de comprar e muitas vezes comprar apenas
as faixas que quer, pela própria internet. Com a
música podendo ser vendida não mais em álbuns,
mas também solta, a pirataria não é o principal
problema da indústria; a falta de atratividade da
própria indústria fonográfica é que tende a ser o
seu maior problema. Enquanto ela não restringir
seus pontos fracos não poderá combater as
ameaças dos downloads que, mesmo com o
problema dos vírus, são continuamente utilizados
baixando conteúdo musical da internet, pois as
opções de compra ainda são muito pequenas.
O caminho do underground se abre pela
divulgação da mídia dos computadores e da
segmentação que lhe é empregada assim como
os menores custos da sua produção por
gravadoras independentes. A música participa
hoje de uma transformação que a torna cada vez
mais ampla, mais complexa, e a deixa
proporcionalmente indecifrável com uma simples
organização por gêneros, o que tornará as tribos
cada vez mais comuns entre consumidores que
construam sua opinião numa definição musical
restrita.
Os colecionadores, ainda que com um espaço
delimitado, oferecem uma oportunidade de
negócio singular e segura, sabendo o que estão
sempre buscando algo que caracterize uma
relação de desejo voltado para sua percepção de
compra.
E por fim a música se reduz hoje ao único
papel que sempre lhe foi convocada, à fusão do
racional e emocional do homem, se constituindo
de forma harmônica, rítmica, ou melódica e
ressaltando
nossos
sentimentos,
afetos,
lembranças e conclusões sobre algo de interesse
pessoal.
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