A LINGUAGEM MUSICAL Ricardo Oliveira Não achamos ainda uma ”pedra de roseta” para decifrar a linguagem musical, uma perspectiva ou um sistema que abranja todas suas dimensões, nem mesmo uma teoria consistente que considere seus efeitos e funções. A pragmática da Música é difícil de ser observada e estudada, entre outros motivos, porque ela atua exatamente (e quase que exclusivamente) - na consciência do observador. Esse fato dificulta a aplicação de abordagens cartesianas (subjecto – objecto). A influência da música (objeto) são alterações na nossa consciência, no nosso ser e estar (to be), ou seja - em nós mesmos (sujeito). Como em outras disciplinas, a psicologia, por exemplo, resta-nos estudar a Linguagem Musical por outros caminhos. Os sonhos, os atos falhos, a linguagem corporal, os desenhos e os sintomas são bons exemplos do material que a psicologia trata como explicitações da mente humana. Não tendo acesso objetivo e distanciado, busca, através do que ela produz o conhecimento do como ela é. Diferentemente do que muitos pensam, esse método não é necessariamente anti-científico. Os métodos indiretos de observação e comprovação são muito comuns na ciência, desde que os resultados sejam passíveis de quantificação, previsibilidade, precisão... Não é o caso dos atributos mais complexos da consciência. Estamos longe de ter uma teoria geral e abrangente que seja aceita em seus fundamentos de forma unânime por todos os cientistas das áreas que a estudam. No caso da Música, procuramos desvendar possíveis “significados” , funções e efeitos das formas musicais (as notas, durações, ritmos, padrões, proporções, relações...) sobre a consciência. A seguir, alguns dos princípios e conceitos, propostos pela Música Orgânica. I) Princípios: 1) Tudo pulsa 2) Os pulsos interagem uns com os outros 3) O ritmo 4) A harmonia 5) A auto-regulação II) Linguagem Musical 1) Sintática (formas musicais) 2) Semântica (significado) 3) Pragmática (efeitos e funções) 4) Matrizes musicais a) Físicas b) Arquetípicas c) Culturais d) Pessoais III) Famílias dos instrumentos a) PA b) FIU c) XI d) VOZ IV) Modos musicais a) Acompanhamento b) Invocativo c) Solo São diferentes as funções da música, sua sintática, semântica e o efeito esperado nos “modos” acompanhamento e invocativo. O mais comum é o acompanhamento estar associada a performance (1). O papel de acolher, vestir e dar sustentação ao solo é tão belo e sagrado quanto o de ogân na música invocativa. Nos nossos rituais (brasileiros) o som invocativo associado a rituais religiosos, os tambores tocam quase que sempre para o grupo, ou entidades, com a percussão e as vozes muito mais chamando (invocando) do que acompanhando uma performance (apresentação). O papel “acompanhamento” no som “invocativo”, para apresentar uma eficaz interação rítmica e ser orgânico, depende de um delicado equilíbrio entre egos, papéis e objetivos Entretanto, as diferenças não inviabilizam uma coexistência produtiva entre os modos. Formalmente podemos distinguir os “modos” acompanhamento e invocativo : 1) A palavra acompanhamento subtende a existência de algo a ser seguido, vestido e apoiado; 2) A conceito invocativo refere-se a capacidade da música de catalisar (chamar) estados de consciência alterados; 3) Como metáfora podemos afirmar que o acompanhamento serve ao(s) solista(s) e invocativo as entidades pessoais e grupais; 4) A sintática do acompanhamento via é de regra rítmica e a do invocativo é poli rítmica;