302 J. Bras. Nefrol. 1996; 18(3): 302-306 V. Bueno/J. O. M. Pestana - Revisão/Atualização em Transplante Renal Revisão/Atualização em Transplante Renal: Xenotransplante Valquiria Bueno, José Osmar Medina Pestana Disciplina de Nefrologia - Escola Paulista de Medicina - UNIFESP Correspondência: Rua Botucatu, 740 - V. Clementino São Paulo - SP 04023-900 Fone: (011) 576-4227 Fax: (011) 573-9652 de infecção devido a alta dose de imunossupressão. Na década de 70, alguns xenotransplantes de fígado e coração foram realizados utilizando macacos chimpanzés e babuínos como doadores, não se obtendo, entretanto, sobrevida prolongada em nenhum dos casos. Em 1985, um recém nascido recebeu o coração de babuíno desenvolvendo rejeição humoral que não pode ser revertida após 11 dias. Em 1993, Starzl realizou dois transplantes de fígado babuíno-humano, obtendo sobrevida de 26 e 70 dias respectivamente (Tabela 1). 2,3 Estes resultados retomaram a possibilidade de que órgãos de outras espécies animais são fisiologicamente viáveis quando transplantados em humanos, sendo a principal expectativa futura para atender a crescente carência de órgãos, principalmente em situações onde a insuficiência do órgão nativo reduz significativamente a expectativa de vida. Em 1969, Roy Calne subdividiu o xenotransplante em discordante e concordante baseado no tipo de rejeição desencadeada. 4 No xenotransplante discordante a rejeição é humoral, sendo homóloga à No início deste século, com o desenvolvimento das técnicas de anastomose vascular nasceu a idéia de que transplantes de órgãos, membros e tecidos de outras espécies (heterotransplante ou xenotransplante) seriam a solução para diversas doenças. 1 Embora tecnicamente possível, o sucesso foi impedido pela intensa resposta imune do receptor, e o interesse ficou concentrado na possibilidade do alotransplante que se tornou realidade a partir de 1954. A idéia de xenotransplante foi retomada em 1963, quando Reemtsma realizou 6 transplantes renais de macacos chimpanzés para humanos, tratando os pacientes com azatioprina, esteróides, actinomicina C e irradiação local, tendo como resultado a sobrevida por 9 meses em 1 paciente com função renal normal. Os demais apesar de apresentarem função renal imediata, desenvolveram rejeição aguda e morreram Tabela 1 Principais casos clínicos descritos de xenotransplante em humanos Autor Reemtsma Reemtsma Hitchcock Hardy Starzl Reemtsma Starzl Barnard Barnard Bailey Starzl Ano 1963 1963 1963 1964 1963 1963/1964 1969/1974 1977 1977 1984 1992 Doador Macaco rhesus Chimpanzé Babuíno Chimpanzé Babuíno Chimpanzé Chimpanzé Babuíno Chimpanzé Babuíno Babuíno Órgão Rim Rim Rim Coração Rim Rim Fígado Coração Coração Coração Fígado No 1 1 1 1 6 6 3 1 1 1 2 Sobrevida máxima 12 dias 2 meses 12 dias horas < 60dias <9 meses < 14dias 6 horas 4 dias 11 dias 70 dias A publicação desta seção foi possível graças à colaboração dos Laboratórios Sandoz S/A Óbito Uremia Pneumonia Sepse Não função Sepse Sepse Sepse Não função Rejeição Incomp.ABO Sepse Referências 32 44 35 27,36 28,29,37 34 25 30 30 26,31 38 J. Bras. Nefrol. 1996; 18(3): 302-306 303 V. Bueno/J. O. M. Pestana - Revisão/Atualização em Transplante Renal rejeição hiperaguda e vascular acelerada dos pacientes sensibilizados em alotransplante. Esta rejeição ocorre entre espécies filogeneticamente mais distantes como na combinação suíno-humano. No xenotransplante concordante, a rejeição tem padrão celular semelhante àquela que ocorre no alotransplante, sendo caracterizada por infiltrado de maior intensidade. A rejeição hiperaguda mediada por xenoanticorpos e complemento ocorre minutos ou horas após o transplante, sendo experimentalmente evitada com técnicas que bloqueiem estes 2 componentes. 3 Na depleção dos xenoanticorpos são utilizados a plasmaferese, a passagem do sangue pelo rim de um animal da mesma linhagem do doador, ou imunoabsorção em colunas de afinidade. Na inibição da ativação do sistema de complemento tem se obtido resultados favoráveis com fator de veneno de cobra (CVF), receptor solúvel de complemento tipo 1 (sCR1), e proteínas reguladoras da ativação do complemento (DAF, MCP, CD59). 5 A rejeição vascular acelerada ocorre alguns dias após o transplante sendo mediada por anticorpos xenoreativos induzidos pela presença do enxerto. Ela se faz presente tanto em xenotransplante concordante, quanto em discordante quando a rejeição hiperaguda é bloqueada. Há formação de novos anticorpos e o resultado final é semelhante ao que é evidenciado na rejeição hiperaguda. Este evento pode ser suprimido experimentalmente pela depleção de células B por irradiação, anticorpos anti-linfocícitos, ou uso de drogas imunossupressoras como deoxispergualina e brequinar. 3 A rejeição aguda é mediada primariamente por célula, sendo em muitos aspectos semelhante ao que ocorre em alotransplante, e pode ser retardada experimentalmente pelo uso de drogas imunossupressoras como ciclosporina A. 3 A rejeição crônica tem características similares ao alotransplante, sendo possível experimentalmente quando evita-se todas as barreiras imunológicas citadas anteriormente, sendo desta for ma desconhecida a importância deste tipo de rejeição em xenotransplante. 3 A classificação discordante/concordante vem sendo questionada visto que em certas situações como na combinação hamster-rato (xenotransplante concordante) onde a resposta esperada seria predominantemente celular, existe a ativação do complemento pela via alternativa, e tem sido demonstrada a presença de anticorpos no enxerto rejeitado. 6 Também existem diferenças entre os eventos que ocorrem com os enxertos vascularizados que estão mais expostos a rejeição humoral, e os neovascularizados (pele e ilhotas) que estão mais protegidos contra esse mecanismo de resposta imune. 7 Entre os órgãos vascularizados a suscetibilidade à rejeição hiperaguda também é variável, sendo o fígado o órgão mais resistente. 8,9 Apesar destas considerações, esta classificação é a que melhor define as variações na resposta imune entre as diferentes combinações de xenotransplante. Xenotransplante Concordante Este termo designa transplante entre animais próximos na escala evolutiva (p.ex. chimpanzéhomem, camundongo-rato) que rejeitam o enxerto alguns dias após o transplante, num padrão histológico mediado por células, de for ma similar ao que ocorre no alotransplante humano. O estudo histológico do xenotransplante concordante rejeitado evidencia infiltração de células mononucleares, polimorfonucleares, com áreas de necrose de fibras, hemorragia intersticial e trombose vascular. Em algumas combinações encontra-se também a deposição de IgM e complemento. 10,11 Os mesmos agentes imunossupressores utilizados em alotransplante poderiam ser efetivos no controle da rejeição em xenotransplante concordante, mas em algumas combinações os resultados são conflitantes. Na combinação hamster-rato, estratégias que atuem sobre a resposta celular como a utilização de receptores atímicos, ou anticorpos monoclonais anti-CD4 não tem apresentado efeito significativo na prolongação da sobrevida do enxerto, enquanto o bloqueio da ativação de complemento ou da geração de anticorpos tem aumentado a sobrevida nesta combinação.6 Da mesma forma, num ensaio de cultura mista de linfócitos na combinação concordante rato-camundongo, predominaram citocinas do subtipo Th2, sugerindo a presença de resposta do tipo humoral. 2 Assim, no modelo concordante de xenotransplante existe ainda uma subdivisão de acordo com o mecanismo efetor primário de destruição do enxerto, que pode ser mediado principalmente por células T (ratocamundongo, chimpanzé-homem), ou por anticorpos (hamster-rato, babuíno-homem). A xenoreatividade concordante in vivo mediada por células ocorre de forma mais vigorosa em 304 J. Bras. Nefrol. 1996; 18(3): 302-306 V. Bueno/J. O. M. Pestana - Revisão/Atualização em Transplante Renal xenotransplante quando comparada ao alotransplante. Predomina a via de apresentação indireta do antígeno, necessitando de célula apresentadora de antígeno própria para a geração da resposta citotóxica, sendo as células T CD4+ as efetoras primárias desse mecanismo. Entretanto, in vitro essa resposta está diminuída em relação àquela do alotransplante por depender de fatores como expressão das moléculas MHC nas células estimuladoras, e também devido a interação ineficiente com as moléculas coestimulatórias. Assim, em certas situações, a resposta mediada por célula em xenotransplante pode ter menor intensidade do que em alotransplante. 2 Dados preliminares em nosso laboratório tem demonstrado aumento de sobrevida do enxerto cardíaco no modelo concordante hamster-rato após irradiação corpórea total do receptor. Neste mesmo modelo, a administração oral de antígenos do doador não alterou a sobrevida do enxerto. O xenotransplante concordante utilizando primatas como doadores apresenta, entretanto, uma série de questões. O período de gestação dos primatas é longo com pequena prole, o que dificulta a obtenção de animais transgênicos e torna o custo de sua procriação e manutenção extremamente elevado. Estes animais apresentam expectativa de vida longa com desenvolvimento e comportamento semelhante ao dos seres humanos, o que aumenta a resistência da população à idéia da criação desses animais com o objetivo de doação de órgãos. Existe ainda o risco destes animais agirem como fonte de agentes infecciosos resistentes. 12,13 Estas xenozoonoses são de mais provável ocorrência no homem quanto mais próxima filogeneticamente for a espécie doadora. O conhecimento sobre vírus que ocorrem naturalmente em primatas é limitado, mas acredita-se que HIV-1 e HIV-2 sejam derivados de cepas virais de primatas. 12,13 Apesar destes impecilhos, os primatas seriam os doadores mais adequados, visto que estudos de hibridização de DNA mostraram 98% de compatibilidade entre os genes de primatas e humanos. 14 Xenotransplante Discordante Este termo designa transplante entre animais mais distantes na escala filogenética (p.ex. porco-homem, cobaio-rato) que resulta em rejeição hiperaguda humoral, com perda de função do enxerto em minutos ou horas após o restabelecimento da circulação. 2,6 A intensa ligação de anticorpos e ativação do complemento resultam na ativação das células endoteliais que se desnudam da membrana basal expondo colágeno, fator de von Willebrand, perdendo fatores inibidores da coagulação como antitrombina 1 e enzimas anti-inflamatórias como superóxido dismutase, resultando em coagulação intravascular. 15 Histologicamente a rejeição hiperaguda em xenotransplante é caracterizada por edema, hemorragia, necrose celular, e pouco infiltrado celular, além de fluorescência positiva para imunoglobulinas e complemento. 2 Essa vigorosa resposta imunológica decorre do ataque de xenoanticorpos contra as células endoteliais do enxerto. 16,17 Estes anticorpos são ditos naturais porque seu ataque ao enxerto não depende da sensibilização prévia do receptor. São predominantemente do isotipo IgM, contrastando com a alosensibilização onde predomina a IgG. Tanto no modelo in vivo de xenotransplante porco - macaco quanto no modelo in vitro cobaio-rato é possível verificar a interação de IgM com células endoteliais do doador, causando a codeposição de componentes do complemento, com a ativação da via clássica. O seu alvo são as células endoteliais, onde se ligam às glicoproteínas identificadas como gp115/135, e à gp 250 que é homóloga ao fator de von Willebrand humano. 2,17 Esse mecanismo tem sido confirmado também em ensaio de cultura de células suíno-humano, mostrando que os anticorpos xenoreativos e o complemento humanos ativam as células endoteliais de porco, com coagulação e agregação de plaquetas. 18 Os epitopos antigênicos que os xenoanticorpos reconhecem não estão totalmente caracterizados na maioria das combinações discordantes, mas entre 70 e 90% dos xenoanticorpos humanos contra porco reconhecem um carbohidrato com terminal galactosilα1,3-galactose que está presente também na membrana celular da maioria dos mamíferos e de muitas bactérias. A obtenção de suínos desprovidos deste carbohidrato é uma possível forma de evitar a rejeição hiperaguda. 1,19,20 A depleção temporária dos anticorpos naturais pela imunoabsorção extracorpórea prévia do soro do receptor em combinação com imunossupressão, tem prolongado por alguns dias a sobrevida do enxerto em uma série de experimentos. 2,15,17 A rejeição ocorre após o retorno dos anticorpos à circulação, quando o endotélio já se recuperou dos danos mecânicos, J. Bras. Nefrol. 1996; 18(3): 302-306 305 V. Bueno/J. O. M. Pestana - Revisão/Atualização em Transplante Renal isquêmicos e de reperfusão do transplante, causando menor destruição por um mecanismo adaptativo denominado por Platt de acomodação. 3 Ainda assim, não existe registro de sobrevida longa com esta estratégia, pois a rejeição vascular acelerada acaba ocorrendo mesmo que tardiamente. A presença de anticorpos ativa o complemento pela via clássica, mas também em xenotransplante, a via alternativa do complemento pode ser ativada na ausência de anticorpos iniciando-se pela ativação espontânea de C3. O uso de fator de veneno de cobra (CVF), que depleta C3 do soro, assim como o uso de animais receptores deficientes em C4, ou a administração sistêmica de fatores solúveis como o receptor de complemento solúvel tipo 1 (sCR1) que previnem a ativação do complemento tem prolongado a sobrevida do enxerto. Estes modelos também não per mitem sobrevida longa, sendo que o edema, a hemorragia, e a deposição de C3 nos enxertos rejeitados não tratados, são substituídos por infiltrado mononuclear, indicando participação importante do componente celular em situações onde a rejeição hiperaguda foi bloqueada. 2,17,21 Encontra-se ainda em desenvolvimento a manipulação genética de potenciais doadores levando à expressão na membrana celular de moléculas humanas inibidoras de complemento (MCP, DAF, CD59) 3,5,17,18,22 , ou expressando em alta porcentagem o inibidor fisiológico (IκB) do fator de transcrição NFκB. Esse fator é mediador importante durante a ativação das células endoteliais, estando envolvido na regulação positiva dos genes das moléculas procoagulantes, moléculas de adesão, citocinas e fatores de transcrição. 23 No 3 o Congresso Internacional de Transplantes, o relato de que corações de porcos transgênicos, expressando fator inibidor de complemento (DAF), transplantados em macacos, na vigência de drogas imunossupressoras obtiveram sobrevida por mais de 60 dias sem rejeição, chamou a atenção da comunidade científica presente. 13 Quando comparada a viabilidade de doadores, em xenotransplante concordante utilizando-se macacos, e no discordante porcos, tem-se que estes últimos apresentam como vantagens a possibilidade de manipulação genética pois apresentam grandes ninhadas com rápido crescimento, as similaridades anatômicas e fisiológicas com os órgãos humanos, a possibilidade de criação desses animais em condições isentas de patógenos, e ainda a baixa resistência da população em relação a sua procriação com finalidade de transplante. Não se sabe, entretanto, se a expectativa de vida do órgão transplantado seria os poucos anos do porco ou a longa sobrevida do homem. Conclusões As experiências iniciais em xenotransplante clínico (Tabela 1) esclareceram alguns aspectos importantes. O mais importante deles foi que o órgão de outra espécie poderia funcionar normalmente em humanos, e que não existe peculiaridade no rim humano que o impossibilite de ser substituído por rim de macaco. Mostraram também que a resposta ao xenotransplante é mais intensa sendo causada por um mecanismo possivelmente similar ao alotransplante, mas ainda não esclarecido na sua totalidade. No xenotransplante discordante, a possibilidade de produção de animais transgênicos em larga escala, que não expressem moléculas alvos dos xenoanticorpos, e/ou que expressem fatores inibidores de complemento quando associados ao uso de drogas imunossupressoras, poderão evitar a rejeição hiperaguda e possibilitar o uso clínico definitivo ou ainda temporário como ponte preservando o receptor para um alotransplante. 24 A manipulação imunológica do receptor com intensa imunossupressão, depleção de anticorpos, ou complemento tem uso clínico mais remoto, já que tais terapêuticas levam à imunossupressão inespecífica. Apesar do progresso obtido, acreditamos que muito tempo ainda vai se passar até que órgãos humanos possam ser inteiramente substituídos por um xenotransplante ou, ainda, por um órgão mecânico, ou clonado em laboratório. Referências 1. Platt JL, Parker W. Another step towards xenotransplantation. Nature Med. 1995; 1: 1248-1250 2. Kaufman CL, Gaines BA, Ildstad ST. 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