A diminuição da ingestão deste condimento pode ajudar a manter uma vida mais saudável e a pressão controlada. + Saúde - Sal = Coração Saudável S ão inúmeros os registros do uso do sal ao longo de toda a história. Ele já era usado na Babilônia, no Egito, na China e em civilizações pré-colombianas, e muitas vezes vendido a peso de ouro ou até mesmo usado como dinheiro. Entre os exemplos históricos mais conhecidos figura o costume romano de pagar em sal parte da remuneração dos soldados, o que deu origem à palavra salário. Também é bastante remoto o seu uso na culinária, mas não por dar sabor aos alimentos e sim, por seu potencial sanitário, esterilizador. No entanto, de artigo de luxo, hoje o sal, embora permaneça como o principal ingrediente na dieta moderna, está associado a uma série de problemas de saúde, podendo ser um gatilho para doenças cardiovasculares, como hipertensão e infarto. Explico: ao consumir sal além do recomendado ele reterá 10 líquido e, consequentemente, aumentará o volume de sangue nas artérias. O desequilíbrio na concentração de plasma sanguíneo faz com que o coração acelere os batimentos, o que provoca a hipertensão. Ou seja, quanto maior a ingestão de sal, mais alterada fica as funções da artéria carótida, como a elasticidade e a rigidez, o que prova que o excesso de sódio também aumenta o risco de doenças cardiovasculares. Além disso, a hipertensão também pode arrebentar uma artéria, ou seja, ocasionar o popular derrame. Atentas a estas questões as sociedades brasileiras de cardiologia, hipertensão e nefrologia passaram a recomendar que a ingestão diária de sal não ultrapasse a quantidade de cinco gramas – cerca de uma colher de chá cheia - mesmo valor preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2005. O limite anterior era de seis gramas do mineral por dia. Ainda nesta linha, uma pesquisa divulgada no final de 2009 pelas Universidades da Califórnia, Stanford e Columbia, nos Estados Unidos, constatou que a redução de ingestão deste ingrediente à apenas meia colher de sopa por dia evitaria 54 mil a 99 mil ataques cardíacos por ano. Em contrapartida, é preciso alertar também que o uso moderado de sal não faz mal, pois ele é rico em sódio, que participa de funções básicas no corpo, como equilíbrio de água corpórea, contração muscular, transmissão de impulsos nervosos e ritmo cardíaco. E quais as principais origens do sódio em nossa dieta? Cerca de 75% provém de alimentos processados (embutidos como salame, presunto, queijos, biscoitos, enlatados, macarrão e sopas instantâneas, tabletes de caldos), 10% de alimentos naturais (vegetais, carnes e laticínios) e 15% de sal que é adicionado quando se prepara ou ingere o alimento. O grande problema é que a culinária brasileira costuma carregar neste condimento. O consumo médio chega a 10, 12 g por dia, o que é um exagero. Há ainda os que insistem no seu uso, alegando que sem ele a comida fica insossa. Uma solução é incrementar o tempero com ervas aromáticas como manjericão, alecrim, orégano, salsinha, hortelã, além da cebola e do alho para “mascarar” a diminuição do sal. Outras dicas são: não deixar o saleiro na mesa durante a refeição; evitar produtos industrializados, preferir o consumo de alimentos naturais e preparar as refeições com uma quantidade mínima de sal. Também é importante criar o hábito de ler os rótulos dos produtos e verificar a quantidade de sódio contida: Baixo teor de sódio: 140 mg de sódio/100g Muito baixo teor de sódio: 35 mg de sódio/100g Não contem sódio: igual ou menor que 5 mg de sódio/100 g Esses cuidados podem evitar não apenas o problema da pressão alta, como também o acidente vascular cerebral (AVC), insuficiência renal e cardíaca, câncer de estômago, cálculo renal, entre outras doenças. Ou seja, pequenas mudanças de hábito na ingestão de sal valem à pena e o seu organismo agradece. Dr. Eudes de Freitas Aquino CRM 24182 Médico Nefrologista e Presidente da Unimed do Brasil