MANUAL DO CONDOMíNIO

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M ANUAL DO
E ST IDO R
MANUAL
DOIN VCONDOMíNIO
ÍNDICE
1. O que é a Lisbon Skyline Operation?
2. Qual é o problema identificado?
3. Qual é o fundamento desta ideia?
4. Quem pode participar na LSO?
5. Porquê investir nas coberturas de Lisboa?
6. Que vantagens tem a LSO para a Cidade?
7. Como pode iniciar um processo LSO?
7.1 O que é necessário para iniciar um processo LSO?
7.2 Quais os passos a seguir num processo LSO?
7.3 Quais os custos de um processo LSO?
7.4 Quanto tempo demora um processo LSO?
7.5 Quem intervém num processo LSO?
7.6 Qual o papel da equipa LSO nestes processos?
8. Como pode a cobertura ser uma solução?
8.1 Quais os problemas que mais afectam as coberturas?
8.2 Qual a importância do tipo de cobertura?
8.3 Em que tipo de cobertura vai investir?
8.3.1 Se é um sotão
8.3.2 Se é uma casa de porteira
8.3.3 Se é uma cobertura plana
9. Quais as vantagens de investir numa cobertura?
9.1 O que podem as coberturas fazer pelo edifício?
9.2 Como pode uma cobertura tornar um edifício mais eficiente?
9.3 Quais as vantagens de uma cobertura LSO?
9.4 Os últimos pisos dos edifícios de Lisboa permitem reabilitação verde?
9.5 É possível produzir energia elétrica na cobertura?
10. Como posso garantir que a minha cobertura é sustentável?
10.1 Como fazer uma cobertura sustentável?
10.2 Paredes Exteriores
10.3 Vãos envidraçados
10.4 Recirculação de águas de lavagem de mãos para autoclismo
10.5 Telemetria de água e energia
10.6 Varandim
10.7 Parede de Trombe Ventilada
10.8 Coberturas ajardinadas semi-intensivas
10.9 Cobertura superior ajardinada extensiva
10.10 Impermeabilização
10.11 Captação de águas pluviais
10.12 Sistema de Águas Quentes Solares (AQS)
10.13 Sistema Solar Fotovoltaico
Introdução
LISBON S KYLINE OPE RAT ION
LSO apresenta uma solução arquitectónica, económica e legal para reabilitar a cidade, acreditando na competência dos seus habitantes e na força das acções colectivas: casa a casa,
cobertura a cobertura. Esta operação urbana foi apresentada no Pavilhão Português da 14ª
Exposição Internacional de Arquitectura - La Biennale di Venezia 2014 e está a ser desenvolvida com o apoio do Programa Bip/Zip da Câmara Municipal de Lisboa.
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1. O que é a Lisbon
Skyline Operation?
LSO é uma estratégia para regenerar a cidade a partir das
suas coberturas. LSO apresenta as coberturas enquanto
recurso económico para reabilitar edifícios inteiros. LSO
quer dar nova forma às coberturas de Lisboa, permitindo o seu uso pleno, apresentando-as como factor chave
para a reabilitação da cidade.
LSO prevê intervenções com
retorno social, económico
e ambiental para a cidade e
para os seus habitantes.
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2. Qual é o problema identificado?
A degradação do edificado no centro de Lisboa
é evidente. Os recursos financeiros da maioria
dos condomínios são escassos para fazer face à
necessidade de obras de conservação. Este facto
levou à degradação de uma parte significativa
de edifícios, que embora continuem habitados,
carecem de obras. LSO é uma ferramenta para
desencadear a reabilitação destes edifícios,
desenhada para inverter o processo de
degradação da cidade consolidada.
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3. Qual é o fundamento desta ideia?
LSO aproveita um recurso latente de Lisboa – a paisagem de coberturas desabitadas –
aferindo potencialidades escondidas nas áreas comuns dos últimos pisos. A natureza
jurídica de uma parte tão importante da cidade permite engendrar soluções de investimento com grande impacto. LSO entende as coberturas como um recurso físico capaz
de contribuir para a reabilitação da cidade e concebe uma estratégia que poderá desencadear um processo viral, com a capacidade de ir desenhando um novo skyline habitado
e sustentável.
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4. Quem pode participar na LSO?
LSO propõe uma estratégia win-win
para condomínios e investidores.
LSO cruza o interesse dos
condomínios – financiar obras de
conservação - com a perspectiva dos
investidores. LSO é uma ferramenta
arquitectónica, económica e legal
para a reabilitação endémica da
cidade e para a manutenção do seu
tecido social. LSO une condomínios e
investidores numa parceria inovadora.
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5. Porquê investir nas coberturas de Lisboa?
Lisboa é a cidade ideal no que se refere a coberturas. Graças à sua topografia acidentada as
coberturas têm uma presença única na sua imagem urbana, oferecendo a partir do seu interior panorâmicas privilegiadas. LSO sustenta-se nas premissas do actual PDML que privilegia intervenções de manutenção da cidade existente, defendendo o aproveitamento de sótãos e a alteração da configuração geral das coberturas para utilização útil. Os investimentos
LSO estão disponíveis para investidores de vários tipos: de cidadãos comuns em busca de
casa própria, a investidores que procuram a melhor localização para o seu investimento.
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6. Que vantagens tem a LSO
para a Cidade?
LSO é literalmente uma estratégia topdown. As coberturas dos prédios de rendimento apresentam vários problemas: a
maioria tem qualidade inferior às restantes
fracções, maus isolamentos, fraca iluminação e salubridade. Através da compreensão
da morfologia dos telhados e canalizando
a tecnologia de construção do século XXI,
pretendemos reabilitar edifícios, contribuindo para a regeneração da cidade. LSO
pretende recriar as coberturas integrando
dimensões como a biodiversidade e a eficiência energética, factores chave para a
melhoria do ambiente urbano. Em síntese:
trata-se de encontrar uma forma de sustentabilidade para cidade consolidada a
partir das suas coberturas.
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7. Como pode iniciar um processo LSO?
Lisboa é uma cidade com uma topografia singular donde resultam edifícios com
características únicas e específicas, cujo tipo de construção é valioso porque
não é mais repetível. Esses edifícios, ao invés de outros ‘produtos imobiliários’
criados em territórios em transformação, representam um investimento estável.
A LSO pode ser a solução para pequenos e médios Investidores, habitantes ou
não habitantes que queiram ajudar a melhorar e a dinamizar a cidade, tirando
partido de recursos existentes e desse modo, contribuir para a sustentabilidade
da cidade.
7.1 O que precisa de garantir para iniciar um processo LSO?
Para o Investidor a flexibilidade na adaptação ao contexto e criatividade para
imaginar a mais-valias a partir das necessidades e oportunidades de cada situação: sotãos, casas de porteira e terraços.
Para além do último piso estar desocupado, o Investidor terá que negociar com
o Condomínio, no sentido de procurar a abertura para gerar consensos na resolução colectiva dos problemas das áreas comuns e, simultaneamente gerar
mais valias. Poder-se-à dizer que o Condomínio cede temporariamente a matéria-prima e o Investidor dará forma e implementará uma ideia para um novo
uso que a rentabilizará.
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7.2 Quais os passos a seguir no LSO?
O Investidor poderá fazer a inscrição no site [www.lisbonskyline.pt] após a qual será feita
a primeira reunião de contacto. A equipa LSO fará um matching condomínio-investidor e
iniciará um processo de negociação por forma a chegar a um acordo com vantagem para
ambas as partes.
Para o Investidor será dado apoio no processo de negociação com o Condomínio, no que diz
respeito às obras de conservação/manutenção das áreas comuns e à viabilidade técnicojurídica da implementação de um novo uso na cobertura.
Existem três pontos a ter em conta antes de investir: o tipo de edifício se é adequado ao objectivo do investimento, quer pela localização quer pelo tipo de construção; o estado de conservação, que determinará o valor do investimento, bem como o poder de negociação com o
Condomínio e a função/uso adequada e de acordo com a ideia do Investidor.
7.3 Quais os custos de um processo LSO?
Para o Investidor o custo é variável, de acordo com as condicionantes concretas do edifício.
O investimento a efectuar será aferido caso a caso e numa lógica custo-benefício dentro de
um prazo estipulado.
7.4 Quanto tempo demora um processo LSO?
O tempo será variável de acordo com a complexidade de cada um dos casos. Por isso, o início dos processos e a planificação das etapas iniciais serão decisivos para a sua celeridade
e sucesso.
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7.5 Quem intervém num processo LSO?
Os Investidores, os Condomínios, a equipa LSO e, ainda nos casos de licenciamento da alteração da cobertura, a Câmara Municipal de Lisboa, que é um dos parceiros LSO.
A equipa multidisciplinar LSO permite ajudar a construir estratégias adequadas como forma de garantir uma acção conciliadora e inovadora das necessidades mútuas e, que valoriza o imóvel.
7.6 Qual o papel da equipa LSO nestes processos?
A equipa LSO vai mediar o processo por forma a articular em cada caso, os diversos interesses por um lado, as necessidades do Condomínio, por outro, os interesses do Investidor e
assim, garantir a concretização da operação.
Para o Investidor, em primeiro lugar poderá contar com o apoio da equipa LSO para encontrar o Condomínio adequado. A equipa LSO estará presente nas diversas fases do processo,
para fazer a ponte com o Condomínio e prestar os esclarecimentos necessários.
Segundo os Censos de 2011, na grande Lisboa, 280 000 edifícios precisava de obras na cobertura. A gráfico mostra a
necessidade de obras na cobertura, por data de construção
do edifício.
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2006-2011
2001-2005
1996-2000
1991-1995
1981-1990
1971-1980
1961-1970
1946-1960
1919-1945
DE 1919
Necessidades de reparação nas
coberturas por ano de construção
do edifício (Grande Lisboa)
8. Como pode a cobertura ser uma solução?
A cobertura é a matéria-prima a partir da qual o Investidor implementará uma ideia para um
novo uso, ou melhor, usofruto de médio-longo prazo, ao mesmo tempo que resolve o impasse financeiro do Condomínio.
A LSO representa uma oportunidade de investimento seguro, com um cariz inovador através
de novas propostas de uso para as coberturas da cidade, que responde aos interesses do
Investidor, sem custos adicionais para além do investimento inicial.
8.1 Quais os problemas que mais afectam as coberturas?
As coberturas são naturalmente zonas sujeitas a desgaste, tipicamente apresentam vários
problemas: a maioria tem qualidade inferior às restantes fracções, maus isolamentos, fraca
iluminação e salubridade e são, em muitos casos, sotãos e casas de porteira desabitados.
Encontarm-se na sua maioria sem manutenção regular pois representam um custo de reparação elevado que os condóminos vão protelando. As anomalias que se verificam com
mais frequência compreendem diferentes níveis de gravidade e podem ocorrer na estrutura,
nas infra-estruturas ou nos revestimentos que, devidamente sanadas não põem em causa a
integridade do imóvel.
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8.2 qual a importância do tipo de cobertura?
O tipo de cobertura está em geral relacionado com e época construtiva do edifício. As intervenções a efectuar são condicionadas pela tipologia de cada uma das coberturas sendo, por
isso, importante conhecer as possibilidades caso a caso.
8.3 Qual o tipo de cobertura?
8.3.1 Se é um sotão
Um sotão é o tipo de cobertura mais comum nos edifícios construídos até ao primeiro quartel
do século XX. Normalmente consiste num espaço sem uso habitacional – a ‘caixa de ar do
telhado’, como resposta técnica à altura, para garantir a ventilação da estrutura.
Os sotãos estão geralmente sub-aproveitados, são arrumos sem isolamento térmico ou iluminação natural. Para fazer com que se tornem habitáveis e confortáveis, de acordo com os
padrões de hoje, temos à disposição uma panóplia de materiais e tecnologias que se podem
adaptar esta tipologia ao século XXI.
8.3.2 Se é uma casa de porteira
As casas de porteira começaram por aparecer nos prédios de rendimento no final do século
XIX. Correspondem geralmente aos últimos pisos - os mais desvalorizados, até ao aparecimento dos elevadores, e porque os interiores eram mais desconfortáveis e, em muitos caso
insalúbres.
As casas de porteira podem ter várias formas dependendo da época de construção do edifício, requalificá-las significa olhar para cada uma das suas singularidades e potenciar em
novos usos.
8.3.3 Se é uma cobertura plana
A cobertura plana aparece no início do séc XX com o Modernismo, associada às possiblidades construtivas do betão armado. É normalmente uma grande área de terraço com construções de apoio onde podemos imaginar diversos usos.
Este tipo de cobertura permite uma maior diversidade de intervenções e, através dos princípios da reabilitação sustentável que considera a biodiversidade, podemos pensar em operações LSO híbridas, singulares e criativas, que potenciem o imóvel.
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9. O que podem as coberturas fazer pelo edifício?
Através da compreensão da morfologia dos telhados e canalizando a tecnologia de construção do século XXI, pretendemos actualizar e requalificar edifícios como estratégia eficaz para a regeneração da cidade. Pretende-se dar
forma a um modelo de cobertura sustentável – uma cobertura lisboeta para o século XXI - considerando dimensões
como a biodiversidade e a produção energética. A eficiência energética nos edifícios é uma das melhores formas de
aumentar a independência energética de Portugal e reduzir os custos associados a energia dos consumidores. O
problema da baixa eficiência tem de ser resolvido de forma
holística. A prioridade é a qualidade da construção já que
influencia positivamente a qualidade de vida dos utilizadores dos edifícios e melhora significativamente a eficiência
energética, reduzindo a necessidade de climatização ativa
e iluminação. Ter uma qualidade geral dos edifícios superior garante eficiência a longo prazo.
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9.1 Como pode uma cobertura
tornar um edifício mais eficiente?
A LSO pretende explorar possibilidades tecnológicas como as coberturas verdes, que são a vanguarda na
área de coberturas, cada vez mais
apreciadas pelas diversas vantagens
que apresentam, sejam elas económicas, ligadas a questões de salubridade dos edifícios, paisagisticas e no
que diz respeito à qualidade ambiental em que se podem traduzir.
A nova vida no topo dos edifícios poderá ser traduzida numa melhoria da
qualidade de vida dos seus utilizadores, nomeadamente com a aplicação
de soluções de retenção da água das
chuvas com possível reutilização, na
diminuição do efeito “ilha de calor”,
na absorção da poluição sonora, na
criação de espaços verdes e ainda
em novas áreas para o cultivo de
alimentos que podem resultar num
complemento produtivo.
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9.2 O que é a reabilitação urbana verde/sustentável?
É um processo que processo tem em consideração fatores ambientais, económicos e sociais
relevantes para a melhoria na qualidade de vida nos centros urbanos. A reabilitação sustentável pode ter em conta vários factores.
Ambientais: Utilização de materiais mais sustentáveis e produzidos tendo em conta
boas práticas ambientais; Diminuição da produção de resíduos, através da utilização
de materiais reciclados, Promoção de separação e reciclagem de resíduos produzidos
nas obras de reabilitação; Planeamento de habitação que seja mais eficiente no uso de
recursos, particularmente água e energia
Melhoria da qualidade de vida: Transformando a contrução mais confortável em termos
térmicos e acústicos; Promovendo o emprego local e fomentando o setor da construção,
evitando nova construção com impactes ambientais em áreas naturais
Retorno económico: Através da redução do consumo energético (ex. sistemas AVAC),
redução do consumo de água potável (ex. reutilização de águas pluviais); A partir do
aumento do valor do património construído e da vida útil dos edifícios.
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9.3 Qual é a ideia de cobertura LSO?
A LSO apoia-se numa ideia de reabilitação urbana sustentável. Sendo que: As habitações
construídas ou reabilitadas de forma sustentável são mais independentes das redes de água
e energia, consumindo menos recursos e, consequentemente, gastando menos; Estas fracções são adaptadas ao clima da zona onde se encontram, tornando-se mais confortáveis em
termos térmicos; As habitações sustentáveis, sempre que tecnicamente possível, incluem
áreas verdes ao ar livre, contribuindo para o bem-estar dos habitantes e para o aumento da
qualidade do ar e da paisagem nos respectivos bairros; Ao minimizar a utilização de energia
e de água estas habitações não só contribuem para um ambiente melhor (não contribuindo
para emissões de gases com efeito de estufa por exemplo) como são mais resistentes aos
impactes das alterações climáticas (estações mais imprevisíveis, maior incerteza na disponibilidade de água e energia, etc).
9.4 Os últimos pisos dos edifícios de Lisboa permitem reabilitação verde?
A maioria das soluções utilizadas na reabilitação sustentável são compatíveis com qualquer edifício. Ao mesmo tempo, sendo Lisboa uma cidade com invernos amenos e verões
não excessivamente severos, conseguem-se utilizar várias soluções sustentáveis (conforto
térmico baseado em bom isolamento, aproveitamento de energia solar, etc). De entre as medidas de reabilitação sustentável, apenas a aplicação de coberturas ajardinadas terá de ser
estudada com atenção particular no caso de Lisboa. O aumento no peso das coberturas terá
de ser aferido caso a caso e compatibilizado com a estrutura dos edifícios.
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9.5 Posso produzir energia elétrica na cobertura?
Tecnicamente é possível produzir energia elétrica na cobertura dos prédios Lisboetas. Os
dois métodos mais convencionais são os painéis fotovoltaicos e as micro-eólicas. Os painéis utilizam a radiação solar para produzir energia elétrica e as micro-eólicas utilizam a
deslocação do ar. O aproveitamento desta energia requer um contrato de micro-produção
para autoconsumo. Atualmente custam cerca de 1400 euros por kW instalado, o que produz
anualmente cerca de 1500 kWh. Ao utilizar estes sistemas como “Unidades de Produção
para Autoconsumo”, segundo a legislação em vigor, esta energia vale 0.16 euros/kWh+IVA.
No entanto, se a energia não for utilizada, e for vendida ‘a rede a apenas 0.038 euros/kWh,
muito menos vantajoso para o produtor. Assim sendo, os painéis devem ser dimensionados
para maximizar a utilização da energia produzida.
Do ponto de vista económico os tempos de retorno típicos deste género de
investimentos serão analisados caso a
caso mas do ponto de vista ambiental
são soluções interessantes. A instalação dos equipamentos requer o apoio
de técnicos especializadas.
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10. Como posso garantir que a minha cobertura é sustentável?
A melhor maneira de garantir que um processo de reabilitação da cobertura é sustentável é
planificar. Antes de iniciar as obras é essencial planear de maneira a aproveitar as características do imóvel da melhor maneira. A localização condiciona as opções em termos de produção de energia renovável. Devem-se estabelecer objectivos: pretende-se que a habitação
se torne neutra em termos de emissões de gases de efeito de estufa ou que gere mais energia do que aquela que consome. Ao longo do presente manual serão apresentadas soluções
específicas para cada parte da reabilitação que permitem ao proprietário guiar-se ao longo
do processo de reabilitação sustentável.
10.1 Como fazer uma cobertura sustentável?
Apresentamos soluções de reabilitação sustentável para uma cobertura piloto em estudo
a partir da fase de inquéritos na freguesia de Arroios. A nossa primeira intervenção resolve
o problema de um condomínio, enquanto devolve a vida a uma enorme cobertura vazia. O
nosso investidor avançou, determinado a ter um 7º andar, com vista panorâmica. Fachadas,
elevadores e infra-estruturas gerais precisam de obras com urgência, os custos estimados
são de aproximadamente € 100,000. A cobertura do edifício é um sotão vazio e a sua repação
tem vindo a ser adiada há décadas. A intervenção proposta para a cobertura em causa será
transformadora e introduz uma cobertura sustentável e ajardinada.
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A habitação é um T2 com área coberta recuada, 2 pátios e um varandim virado a sul.
N
6
4
7
5
11
8
10
a
1
3
2
9
9
a'
11
Seventh floor plan proposal
1. Hall 2. Living Room 3. Library 4. Dining Room 5. Kitchen 6. Patio 7. Toilet 8. Corridor 9. Suite 10. Garden
11. Balcony 12. Belvedere
N
N
a
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12
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Seventh floor plan proposal
1. Hall 2. Living Room 3. Library 4. Dining Room 5. Kitchen 6. Patio 7. Toilet 8. Corridor 9. Suite 10. Garden
11. Balcony 12. Belvedere
N
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a
12
a'
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0
1
Rooftop plan existent
Rooftop plan proposal
Section aa' existent
Section aa' proposal
5m
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10.2 Paredes Exteriores
A solução para as paredes exteriores passa pela construção de uma parede dupla com caixade-ar, de tijolos térmicos, isolada com cortiça, argamassa orgânica e tinta exterior de silicato
(sem compostos orgânicos voláteis). A tabela abaixo apresenta os custos aproximados destas soluções para o piloto em causa, excluindo custos de construção e outros custos gerais,
que se verificariam caso a construção não fosse sustentável.
Solução
Características
Descrição
Valor
UN
Área m2
Unitário
Custo
Total
Isolamento
térmico exterior
Cortiça com
caixa-de-ar
80 mm
27 €
m2
113
3 028 €
Revestimento
paredes
Argamassa + malha
10 mm
6 €
m2
113
700 €
Tintas naturais
Tinta de Silicato
e ecológicas
10L + 4L
(para exterior)
117 €
un
113
234 €
Tijolo Térmico
1 unidade
30x19x19
(parede dupla)
0,38 €
un
113
1900 €
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Segundo as tabelas do LNEC, a parede acima descrita apresentaria um coeficiente de transferência térmica (U) aproximado de 0.50 W/m2.ºC. Quanto mais baixo o U, melhor o isolamento térmico, perdendo-se muito pouco calor para o exterior no inverno e mantendo-se a
temperatura mais baixa no verão. Este tipo de parede permite reduzir os custos com climatização a zero. Para além disso, este tipo de envolvente permite que a habitação tenha uma
classificação energética superior, aumentando o seu valor de mercado.
10.3 Vãos envidraçados
Vãos envidraçados com vidro duplo e corte térmico reduzem as perdas de calor no inverno e
os ganhos no verão. Na tabela abaixo apresentam-se os custos para ter portas e janelas com
caixilharias de PVC com corte térmico e vidros duplos com caixa de ar.
Solução
Características
Descrição
Valor Unitário
Vãos envidraçados
PVC 2 folhas oscilo batentes Janelas 1100x1300
245 €
Vãos envidraçados
PVC 2 folhas oscilo batentes Janelas 1200x1300
249 €
Vãos envidraçados
PVC 2 folhas oscilo batentes Janelas 1600x1200
255 €
Vãos envidraçados
PVC 2 folhas oscilo batentes Portas 1400x2000
308 €
Vãos envidraçados
PVC 2 folhas oscilo batentes Portas 1400x2100
314 €
Vãos envidraçados
PVC 2 folhas oscilo batentes Portas 1200x2000
301 €
Preços aproximados, poderão variar de fornecedor para fornecedor. Não inclui custos de instalação. Não inclui caixa de estores. aproximados, poderão variar de fornecedor para fornecedor. Não inclui custos de instalação. Não inclui caixa de estores.
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Os vidros orçamentados encontram-se na classe 4 de permeabilidade ao ar, estanquidade à
água e resistência ao vento, não só para evitar transferências do ar exterior para o ar interior,
mas também para garantir uma boa performance dos vãos envidraçados face aos fatores
ambientais a que estão sujeitos.
10.4 Recirculação de águas de lavagem de mãos para autoclismo
Utilizar a água de lavagem de mãos para descarregar o autoclismo permite poupar cerca
de 23 000 L por ano para uma casa com duas pessoas. Existem sistemas no mercado que
integram sanita e lavatório para reutilizarem a água da lavagem de mãos, custam cerca
de €3000.
10.5 Telemetria de água e energia
A única maneira de otimizar o consumo de água e energia é conhecer as curvas de consumo
específicas dos habitantes de uma determinada habitação ao longo do dia. Conhecendo o
consumo, é possível dimensionar melhor os sistemas de águas quentes solares e fotovoltaicos, poupando mais recursos e dinheiro. Instalar um sistema padrão de monitorização
detalhada de consumo de energia custa cerca de €100.
10.6 Varandim
O varandim exposto a sul, sudoeste e sudeste vai ter uma maior exposição solar e portanto,
caso fosse utilizado com coberturas ajardinadas, exigiria maiores necessidades de rega. A
escolha para este varandim passa então por construir um deck de plástico reciclado extrudido. Este material, alem de ser totalmente reciclado, tem um tempo de vida superior à madeira
e não necessita de manutenção.
Solução
Características
Deck plástico reciclado
Totalmente reciclado
e resistente a condicoes
exteriores
Valor Unitário
UN
Área m2 Custo Total
35 €
m2
6
1435 €
10.7 Parede de Trombe Ventilada
Permite criar um sistema de efeito de estufa durante o Inverno e fazer a recirculação de ar
durante o Verão. É composta por um envidraçado, e pintada de cor escura para aumentar
a captação de radiação solar, será colocada numa das paredes viradas a sul. Este sistema
permite aumentar a temperatura na caixa-de-ar, que é acumulado durante o dia e posteriormente é transmitido ao interior edifício durante a noite. O envidraçado é vidro laminado, para
garantir que não haja estilhaços em caso de quebra.
Solução
Características
Descrição
Parede de trombe
Vidro laminado 5+5mm
incolor de segurança
Valor Unitário
UN
Área m2 Custo Total
29 €
m2
6
172 €
Preços aproximados, poderão variar de fornecedor para fornecedor. Não inclui custos de instalação. Não inclui ferragens.
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10.8 Coberturas ajardinadas semi-intensivas
O pátio virado a noroeste, e o jardim, virado a norte e nordeste serão coberturas ajardinadas intensivas, uma vez que a sua manutenção será mais fácil por não estar virada a sul,
diminuindo as necessidades de água, e por serem acessíveis. As coberturas ajardinadas
intensivas tendem a ser visualmente mais atrativas por se assemelharem a jardins. Estas
coberturas para além de criarem um espaço de lazer ao proprietário irão permitir: 1) Arrefecer o ar envolvente, devido à água que é evaporada pela vegetação e à absorção da radiação
solar, não refletindo parte dessa radiação para o interior da habitação; 2) Reter as partículas
sólidas e filtrar os gases nocivos presentes na atmosfera, como os gases de efeito de estufa
e metais pesados resultantes da queima de combustíveis fósseis, bastante superiores nas
cidades devido à grande quantidade de automóveis e máquinas utilizadas nos centros urbanos; 3) Aumentar a biodiversidade.
Esta solução semi-intensiva poderá variar entre os 35 – 45 €/m2, dependendo da solução
que se pretenda colocar, sendo que a viabilidade da sua instalação está dependente da carga
que a estrutura do edifício pode suportar e da contratação de empresas especializadas para
a sua colocação.
Solução
Características
Descrição
Valor Unitário
UN
Área m2
Custo Total
Coberturas
ajardinadas
Planas
Prado Trevo
45 €
m2
44
1 983 €
Coberturas
ajardinadas
Planas
Prado Florido
45 €
m2
44
1 983 €
Coberturas
ajardinadas
Planas
Relvado Sementeira
35 €
m2
44
1 543 €
Coberturas
ajardinadas
Planas
Relvado Tapete
41 €
m2
44
1 825 €
Preços aproximados, poderão variar de fornecedor para fornecedor. Não inclui custos de instalação.
10.9 Cobertura superior ajardinada extensiva
Mais exposta a raios solares, sujeita a maiores variações de temperatura que irão acelerar o
processo de degradação. A solução proposta é uma cobertura ajardinada extensiva, de manutenção mais simples e com vegetação mais resistente aos fatores externos, tem menores
necessidades de rega e maior resistência ao vento. Para além de aumentar a durabilidade da
membrana impermeável contribui para: 1) Aumento da eficiência energética, diminuindo as
flutuações de temperatura entre o interior e o exterior, evitando os ganhos de calor no verão e
as suas perdas no inverno, reduz utilização de ar-condicionado e de aquecimentos; 2) Redução da poluição sonora, as diversas camadas atuam também como isolamentos acústicos;
3) Manutenção de águas da chuva, diminuindo a quantidade de água que é escoada para os
sistemas de drenagem e melhorando a qualidade da mesma, ao reter parte dos poluentes
atmosféricos na vegetação; 4) Diminuição da temperatura no espaço envolvente, ajudando
a mitigar o efeito de ilha de calor urbana, que se traduz num aumento de temperatura dos
centros urbanos em comparação com os suburbanos devido à substituição da vegetação
natural por materiais com grande capacidade de absorver calor; 5) Melhora a qualidade do
ar, através da retenção de partículas sólidas e de gases nocivos presentes na atmosfera; 6)
Aumento da biodiversidade, atraindo aves e insetos; 6) Redução da produção de resíduos,
prolongando o tempo de vida útil dos materiais da cobertura.
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Esta solução extensiva poderá variar entre os 90 – 115 €/m2, dependendo da solução que se
pretenda colocar, sendo que a viabilidade da sua instalação está dependente da carga que a
estrutura do edifício pode suportar.
10.10 Impermeabilização
É fundamental para garantir a estanquidade da cobertura, para evitar infiltrações que rapidamente degradam o interior da habitação, devendo-se ter especial atenção aquando da
colocação de uma cobertura ajardinada, dado que esta fica em contacto permanente com
a água. Propomos a colocação de silicone líquido, dadas as suas características: resistente
aos raios UV, 100% estanque, 400% de elasticidade e fácil aplicação.
Solução
Características
Descrição
Valor Unitário UN
Área m2
Custo Total
Coberturas
ajardinadas
Planas
Sedum Tapede
90 €
m2
68
6 120 €
Coberturas
ajardinadas
Planas
Sedum Alvéolos
115 €
m2
68
7 820 €
Preços aproximados, poderão variar de fornecedor para fornecedor. Não inclui custos de instalação.
10.11 Captação de águas pluviais
Uma das vantagens das coberturas é o facto de captarem naturalmente água chuva. Numa
casa sustentável esta água deve ser utilizada ao máximo. Com as coberturas verdes a
água da chuva serve naturalmente para manter a cobertura em bom estado durante quase
todo o ano.
Solução
Características
Descrição
Impermeabilização Silicone Líquido 8x3x25kg
Valor Unitário
UN
Área m2
Custo Total
208 €
un
153
2498 €
Preços aproximados, poderão variar de fornecedor para fornecedor. Não inclui custos de instalação.
Em Lisboa chove aproximadamente 700 mm por ano, o que representa um potencial de captação na área da claraboia do prédio piloto (14 metros quadrados) captando 9800L por ano.
Ao instalarmos um tanque de 3000 L para captar o máximo de água da claraboia possível
podemos aproximar-nos de uma cobertura verde que não utiliza água potável (da rede publica) e que tem custos de manutenção muito baixos. O tanque e o sistema de rega gota a
gota custariam cerca de €1500. Apesar de não ser possível estimar exatamente o tempo de
retorno, permitem aumentar o benefício social de captação de água, evitando grandes volumes drenados durante períodos de chuva intensa que contribuiriam para cheias para alem de
manterem as condições ecológicas ideais da cobertura.
Solução
Características
Descrição
Valor Unitário
UN
Volume (L)
Tanque de captação
Adaptado a exteriores 88x234x180 cm
918 €
un
3000 L
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10.12 Sistema de Águas Quentes Solares (AQS)
Uma parte significativa da energia utilizada em casa corresponde a aquecimento de água. O
sistema AQS reduz esse consumo quase a zero e pode ainda ser utilizado para fornecer água
quente para um sistema de aquecimento central. O sistema será instalado no canto sul da
cobertura, inclinado a 45º, maximizando os ganhos solares.
Solução
Descrição
Valor Unitário
Energia Substituida (Gas Natural)
Kit Solar Térmico com Termossifão
3.5 m2
3000 €
2861 kWh/ano
A poupança em energia depende bastante da energia que estaríamos a substituir. Tipicamente em Lisboa utiliza-se gás natural canalizado para aquecimento de água para duches e
eletricidade para o aquecimento da restante água. Reduzindo a zero o gás utilizado e ainda
parte da eletricidade consegue-se uma poupança de 2861 kWh/ano o que, apesar de não ter
um tempo de retorno vantajoso (aproximadamente 15 anos), evita a emissão de 700 kg de
dióxido de carbono equivalente por ano. A utilização do sistema AQS também contribui para
uma etiquetagem energética mais favorável, aumentando o valor da habitação.
Solução
Descrição
Valor Unitário
Energia Substituida (Eletricidade)
Painel solar fotovoltaico
3.2 m2
700 €
750 kWh/ano
10.13 Sistema Solar Fotovoltaico
Estes sistemas têm vindo a tornar-se mais competitivos: custam cerca de €1400 por kW
instalado, o que produz anualmente cerca de 1500 kWh. Ao utilizar estes sistemas como
“Unidades de Produção para Autoconsumo”, segundo a legislação em vigor, esta energia vale
0.16€/ kWh+IVA. No entanto, se a energia não for utilizada, e for vendida ‘a rede a apenas
0.038€ /kWh, muito menos vantajoso para o produtor. Assim sendo, os painéis devem ser
dimensionados para maximizar a utilização da energia produzida. Como os painéis produzem mais ao meio dia e a essa hora os consumos na habitação são relativamente baixos, os
painéis não permitem eliminar totalmente a dependência à rede.
Um painel de 500 W de potência instalada custa cerca de €700 e produz cerca de 750 kWh/
ano. Se toda a energia for consumida, o painel fica pago em cerca de seis anos. Utilizando o
sistema sugerido, evita-se a emissão de 560 kg de dióxido de carbono equivalente por ano.
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€75.000 — €100.000
€100.000 — €250.000
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