*Em seu caderno, elabore 10 questões sobre o texto, com as

Propaganda
*Em seu caderno, elabore 10 questões sobre o texto, com as respostas completas. Em uma folha, entregue somente as perguntas.
MITO, CIÊNCIA E FILOSOFIA
Há muitos modos de se conhecer o mundo, que dependem da situação do sujeito diante do objeto do conhecimento. Ao olhar as estrelas
no céu noturno, um índio caiapó as enxerga a partir de um ponto de vista bastante diferente do de um astrônomo.
O caiapó vê nas estrelas as fogueiras que alguns de seus deuses acendem no céu para tornar a noite mais clara. O cientista vê
astros que têm luz própria e que formam uma galáxia. O índio compreende e conhece as estrelas a partir de um ponto de vista mitológico
ou religioso. O astrônomo as compreende e conhece a partir de um ponto de vista científico.
A mitologia, a religião e a ciência são formas de conhecer o mundo. São modos do conhecimento, assim como o senso comum, a
filosofia. Todos eles são formas de conhecimento, pois cada um, a seu modo, desvenda os segredos do mundo, explicando-o ou atribuindolhe um sentido. Vamos examinar mais de perto cada uma dessas formas de conhecimento.
O MITO E A RELIGIÃO
O mito proporciona um conhecimento que explica o mundo a partir da ação de entidades - ou seja, forças, energias, criaturas, personagens
- que estão além do mundo natural, que o transcendem, que são sobrenaturais.
Veja, por exemplo, o mito através do qual os antigos gregos explicavam a origem do mundo:
No princípio era o Caos, o Vazio primordial, vasto abismo insondável, como um imenso mar, denso e profundo, onde nada podia
existir. Dessa oca imensidão sem onde nem quando, de um modo inexplicável e incompreensível, emergiram a Noite negra e a
Morte impenetrável. Da muda união desses dois entes tenebrosos, no leito infinito do vácuo, nasceu uma entidade de natureza
oposta à deles, o Amor, que surgiu cintilando dentro de um ovo incandescente.
Ao ser posto no regaço do Caos, sua casca resfriou e se partiu em duas metades que se transformaram no Céu e na Terra, casal
que jazia no espaço, espiando-se em deslumbramento mútuo, empapuçados de amor. Então, o Céu cobriu e fecundou a Terra,
fazendo-a gerar muitos filhos que passaram a habitar o vasto corpo da própria mãe, aconchegante e hospitaleiro.
Assim como o mito, a religião, ou melhor, as religiões também apresentam uma explicação sobrenatural para o mundo. Para aderir a uma
religião, é obrigatório crer ou ter fé nessa explicação. Além disso, é uma parte fundamental da crença religiosa a fé em que essa explicação
sobrenatural proporciona ao homem uma garantia de salvação, bem como prescreve maneiras ou técnicas de obter e conservar essa
garantia, que são os ritos, os sacramentos e as orações.
Antes de seguir em frente, convém esclarecer que não vem ao caso discutir aqui a validade do conhecimento religioso. Em matéria de
provas objetivas, se a religião não tem como provar a existência de Deus, a ciência também não tem como provar a sua inexistência. E, a
propósito disso, vale a pena apresentar uma outra narrativa filosófica:
Certa vez, um cosmonauta e um neurologista russos discutiam sobre religião. O neurologista era cristão, e o cosmonauta não. “Já
estive várias vezes no espaço”, gabou-se o cosmonauta, “e nunca vi nem Deus, nem anjos”. “E eu já operei muitos cérebros
inteligentes”, respondeu o neurologista, “e também nunca vi um pensamento”. O mundo de Sofia, Jostein Gaardner, Cia. das Letras, 1995
A CIÊNCIA
A ciência procura descobrir como a natureza "funciona", considerando, principalmente, as relações de causa e efeito. Nesse sentido,
pretende buscar o conhecimento objetivo, isto é, que se baseia nas características do objeto, com interferência mínima do sujeito. Veja, por
exemplo, a seguinte descrição científica:
O coração é um músculo oco, em forma de cone achatado com a base virada para cima e a ponta voltada para baixo, do
tamanho aproximado de um punho fechado. O músculo cardíaco é chamado de miocárdio. Sua superfície interna é recoberta
por uma membrana delgada, o endocárdio. Sua superfície externa tem um invólucro fibro-seroso, o pericárdio. Grande Enciclopédia
Larousse Cultural, 1998
Quando se fala em "mínima interferência do sujeito", quer se dizer que a descrição de coração proposta acima é válida independentemente
do estudioso de anatomia que a formulou.
A definição tradicional de ciência pressupõe que ela seja um modo de conhecimento com absoluta garantia de validade. A ciência moderna
já não tem a pretensão ao absoluto, mas ao máximo grau de certeza.
Quanto à garantia de validade, ela pode consistir:
- Na descrição, conforme o exemplo acima;
- Na demonstração, como no caso de um teorema matemático;
- Na corrigibilidade, ou seja, na possibilidade de corrigir noções e conceitos, a partir dos avanços da própria ciência.
Finalmente, é importante esclarecer que a aplicação da ciência resulta na tecnologia, ou no conhecimento tecnológico.
O SENSO COMUM
O senso comum ou conhecimento espontâneo é a primeira compreensão do mundo, baseada na opinião, que não inclui nenhuma garantia
da própria validade. Para alguns filósofos, o senso comum designa as crenças tradicionais do gênero humano, aquilo em que a maioria dos
homens acredita ou devem acreditar. A mais completa tradução do senso comum talvez sejam os ditados populares. A título de exemplo, eis
alguns:
"Quem desdenha quer comprar."
"Quem ri por último ri melhor."
"A pressa é a inimiga da perfeição."
A FILOSOFIA
Para Platão, a filosofia é o uso do saber em proveito do homem. Isso implica a posse ou aquisição de um conhecimento que seja, ao
mesmo tempo, o mais válido e o mais amplo possível; e também o uso desse conhecimento em benefício do homem. Essa definição, porém,
exige a uma definição de benefício, que por sua vez exige uma definição de Bem. Para saber o que é o Bem, entretanto, também é
necessário descobrir o que é a Verdade.
Alguns filósofos, definem a filosofia como a busca do Bem, da Verdade, do Belo e de como os homens podem conhecer essas três
entidades. Portanto, a filosofia toma para si a árdua tarefa de debater problemas ou especular sobre problemas que ainda não estão abertos
aos métodos científicos: o bem e o mal, o belo e o feio, a ordem e a liberdade, a vida e a morte.
Vamos a um exemplo de texto filosófico, em que um filósofo norte-americano, John Dewey, procura refletir justamente sobre o que é senso
comum:
Visto que os problemas e as indagações em torno do senso comum dizem respeito às interações entre os seres vivos e o
ambiente, com o fim de realizar objetos de uso e de fruição, os símbolos empregados são determinados pela cultura corrente de
um grupo social. Eles formam um sistema, mas trata-se de um sistema de caráter mais prático que intelectual. Esse sistema é
constituído por tradições, profissões, técnicas, interesses e instituições estabelecidas no grupo. As significações que o compõem
são efeito da linguagem cotidiana comum, com a qual os membros do grupo se intercomunicam. Lógica, VI, 6, J. Dewey
Download