Aula 7 O sujeito gramatical: tipologia (primeira parte)

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S UM ÁRIO
O SUJEITO GRAMATICAL : TIPOLOGIA
C ONCLUS ÃO
Aula 7
O sujeito gramatical: tipologia
(primeira parte)
Pablo Faria
HL220C – Prática de análise gramatical
IEL/UNICAMP
R EFER ÊNCIAS
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O SUJEITO GRAMATICAL : TIPOLOGIA
Quantidade de núcleos
Colocação
Realização e referência
Natureza do núcleo
Hauy: algumas inconsistências
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Quadro resumo
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Q UANTIDADE DE N ÚCLEOS : DEFINIÇ ÕES
O que é núcleo?
I
“termo [do sintagma] que tem maior importância, porque é dele
que fazemos a declaração ” (Bechara, 1978)
I
É também o elemento do sintagma que determina a função de
todos os demais.
Quais elementos podem ser núcleo de sintagmas nominais?
I
Elementos de “base nominal” (Bechara, 1978), isto é, substantivo
(ou expressão de valor substantivo) ou pronome.
Sujeito simples e composto:
I
Simples: possui apenas um núcleo. Exemplo: Eu fui ao parque.
I
Composto: possui dois ou mais núcleos coordenados (por
vı́rgula e/ou conjunção coordenativa). Exemplos: Pedro e Maria
foram ao parque e Religião, polı́tica e futebol são temas polêmicos.
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Q UANTIDADE DE N ÚCLEOS : EXEMPLOS
Cunha e Cintra (1985, p.122-123):
I
Simples:
I
I
I
I
I
I
I
Matilde entendia disso.
Ele arrumava a gravata.
Isto não lhe arrefece o ânimo?
Os dois riram-se satisfeitos.
O por fazer é só com Deus.
Era forçoso que fosse assim.
Composto:
I
I
I
As vozes e os passos aproximavam-se.
Quantos mortos e feridos não me precederam ali.
Era melhor esquecer o nó e pensar numa cama igual à de
seu Tomás da bolandeira.
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Q UANTIDADE DE N ÚCLEOS : QUEST ÕES
I
Núcleos simples com mais de um elemento: qual é o núcleo do
sujeito em Cláudio Gomes foi à festa?
I
Se um sujeito composto tem valor plural, como explicar os
seguintes casos de concordância (Bechara, 1978, p.37)?
(a) “[...] a quem a desgraça e a vida dura das solidões fizera
mais feros, mais indomáveis e mais ligeiros do que eles”
(b) “Nas solidões do Calpe tinha reboado a desastrada morte
de Witiza, a entronização violenta de Ruderico e as
conspirações que ameaçam rebentar por toda a parte”
I
Explicações:
Luft (2002, p.46): em (a), “Considera-se também simples o
sujeito constituı́do de substantivos sinônimos que,
coordenados, deixam o verbo no singular.” Convincente?
I Bechara (p.37): em (b), concordância com o “núcleo mais
próximo”, chamada “concordância atrativa ou por atração.”
I
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C OLOCAÇ ÃO : DEFINIÇ ÃO E EXEMPLOS
I
Ordem direta: quando o sujeito vem anteposto ao verbo.
I
Ordem inversa: quando a ordem entre o sujeito e o verbo
aparece invertida na frase. Algumas inversões são
consagradas pelo uso tradicional (Rocha Lima, 1994, p.
236–237):
I
I
I
I
I
I
+
Interrogativas: onde estão as crianças
Na voz passiva com “se”: vendem-se carros
Imperativas: cumpre-as tu, faça você”
Em narrativas: disse o ministro, perguntou a moça
Com advérbio inicial (enfático ou não): LÁ vão eles, aqui está
seu dinheiro
Inversões que podem gerar confusão: apareceu, enfim, o
cortejo real, chegaram boas notı́cias
Topicalização: Os pássaros, lá vão eles a voar.
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R EALIZAÇ ÃO E REFER ÊNCIA : DEFINIÇ ÃO
A (in)determinação é uma noção semântica:
I Sujeito determinado tem referência definida:
I Explı́cita: Nós fizemos o trabalho
I Implı́cita (“sujeito oculto”, concordância+contexto): Fizemos o
trabalho / E o Pedro? Disse que sim
I Sujeito indeterminado: “... a lı́ngua oferece [meios] para indeterminar,
dissimular ou mesmo ocultar a identidade do ser humano [ou algo] a
que o sujeito da oracão se refere” (Azeredo, 2008)
I Sintaticamente, emprega-se o verbo na terceira pessoa (em geral,
no plural), faz-se uma construção passiva ou emprega-se o
pronome se como ı́ndice de indeterminação do sujeito: Quebraram-lhe
a asa / Precisa-se de pedreiros
I Semanticamente, utiliza-se pronome indefinido: Alguém disse que
... / Aqui você tem de tudo / Muitos diriam que sim
I Há ainda as orações sem sujeito (construções impessoais): Chove / Há
dois livros / Chega de sacrifı́cio / Não passa de um mês, ...
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N ATUREZA DO N ÚCLEO : DEFINIÇ ÃO
Além dos núcleos de natureza nominal (substantivo, adjetivo ou
advérbio), o núcleo de um sintagma nominal – e, portanto, do
sujeito – também pode ser de natureza oracional, como mostram
os exemplos abaixo:
I
Gostar de esportes radicais tem seus riscos.
I
Investir na bolsa passou a ser muito arriscado.
I
Valeria a pena discutir com o Benı́cio. (Cunha e Cintra, 1985, p. 123)
I
Era forçoso que fosse assim. (Cunha e Cintra, 1985, p. 123)
I
Não é justo que eles ganhem mais do que nós. (Azeredo, 2008, p. 213)
Consta que o Novo Código de Trânsito já está em vigor. (Azeredo,
2008, p. 213)
I
I
Quem gosta de cinema não pode perder esse filme. (Azeredo, 2008, p.
214)
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H AUY (1983, P. 56–64): INCONSIST ÊNCIAS
I Celso Cunha: “tudo” como o pronome [que] anuncia os sujeitos, em
‘Colheria tudo, plantas, lendas, cantigas, locuções.’? Não seria mais
apropriado tratar como núcleo + apostos?
I Gladstone de Melo: ‘Procuravam-se os tais livros ...’, se = ı́ndice de
indeterminação do sujeito / ‘... afastaram-se os móveis ...’, se =
apassivador. Na verdade, ambas são construções passivas sintéticas.
I Góis e Palhano: ‘Dizem que os cariocas somos pouco dados aos jardins
públicos’, os cariocas = aposto claro; sujeito oculto nós.
I Maximiliano: os cariocas = sujeito expresso. Esta análise me parece
inapropriada.
I Cegalla: ‘Se ele não veio é porque está doente’, é = verbo impessoal;
oração sem sujeito. Na verdade, o sujeito é Se ele não veio.
I Celso Cunha: ‘Eram sete horas da noite’, oração sem sujeito, verbo
impessoal, sete horas da noite = predicativo.
I Kury: ‘Era, uma vez, um rei e uma rainha’ (verbo impessoal), ‘Era um
rei muito poderoso’ (verbo nocional intransitivo). Análises incoerentes.
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C RIT ÉRIOS DE CLASSIFICAÇ ÃO
Quadro resumo:
critério
classificação
exemplos
quanto à
quantidade de
núcleos
simples
Os alunos ficaram felizes.
composto
Os alunos e os professores ficaram felizes.
anteposto ao
verbo
Os convidados chegaram.
posposto ao
verbo
Chegaram os convidados.
quanto à
colocação
quanto à
realização lexical
e referência
quanto à
natureza do
núcleo
determinado
→ referência
definida
explı́cito
Nós fizemos o trabalho.
oculto
Fizemos o trabalho.
indeterminado
→ referência
indefinida
sintaticamente
Fazem docinhos deliciosos naquela padaria.
semanticamente Alguém faz docinhos deliciosos naquela padaria.
nominal
Caminhada em áreas verdes faz bem à saúde.
oracional
Caminhar em áreas verdes faz bem à saúde.
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R EFER ÊNCIAS
1. AZEREDO, J. C. 2008. Fundamentos de gramática do português. Rio
de Janeiro: Jorge Zahar Editor.
2. BECHARA, E. Lições de Português pela análise sintática. Rio de
Janeiro: Grifo, 1978.
3. CUNHA, C. & L. Cintra. Nova gramática do português. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 1985.
4. HAUY, Amini Boainain. Da Necessidade de uma Gramática-Padrão
da Lı́ngua Portuguesa. Ensaios 99, São Paulo: Editora Ática, 1983.
5. LIMA, R. Gramática normativa da lı́ngua portuguesa. 32. ed. Rio de
Janeiro: José Olympio, 1994.
6. LUFT, C. P. Moderna gramática brasileira. São Paulo: Globo, 2002.
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