Alerta CRMV MG

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SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS
SUPRINTENDÊNCIA DE EPIDEMIOLOGIA
GERÊNCIA DE VIGILÃNCIA AMBIENTAL
COORDENADORIA DE CONTROLE DE ZOONOSES
Informe Técnico - Vigilância de Primatas não humanos
A vigilância de epizootias de primatas não humanos é um dos componentes da
vigilância epidemiológica da febre amarela, juntamente com a vigilância entomológica e
de casos humanos.
Por tratar-se de doença de notificação compulsória internacional, qualquer evento que
sinalize a circulação do vírus da febre amarela em determinada área deve ser notificado
ao Sistema Único de Saúde (SUS).
A ocorrência de morte de macacos é considerada como um dos eventos que
desencadeiam as medidas de controle da febre amarela isto porque há evidências de
que, em geral, a ocorrência de casos humanos é precedida pela doença nos macacos.
Com o objetivo de intensificar as ações de vigilância epidemiológica da febre amarela
no estado, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) implementou, desde 2001, a
vigilância de epizootias de primatas não humanos em Minas Gerais.
Diante do exposto acima, a SES em conjunto com o CRMV-MG solicita a todos os
médicos veterinários, que colaborem com a vigilância da febre amarela, conforme
orientações que se seguem:
1- Notificar a Secretaria Municipal de Saúde: Quando observado primata nãohumano de qualquer espécie, encontrado morto (incluindo ossadas) ou doente, em
qualquer local comunicar o fato a Secretaria de Saúde do município onde trabalha.
A partir desse comunicado, mesmo sem a confirmação que a causa do evento seja
febre amarela, a rede de saúde local adotará as medidas de proteção da população de
forma antecipada.
2 - Realizar coleta de material biológico do cadáver do animal: Quando do encontro
de macacos mortos, proceder da seguinte maneira, caso seja possível (Anexo 3):
• Coletar material para sorologia e/ou isolamento viral
O material soro ou sangue total e vísceras deve ser colhido com rapidez e máxima
assepsia, usando materiais esterilizados ou descartáveis.
• Soro e/ou sangue total: se a colheita ocorrer imediatamente após a morte do
animal, colher o sangue e, se possível, separar o soro.
Em animais encontrados mortos, sem decomposição, procurar colher o
soro/sangue diretamente do coração ou dos grandes vasos, utilizando seringa e
agulha.
• Vísceras: as amostras de tecidos do fígado, rim, baço, coração e cérebro
devem ser coletadas com cerca de 0,5 cm de espessura x 2 cm de comprimento
e acondicionadas individualmente, em frascos estéreis, com boa vedação, sem
aditivos ou conservantes.
Depois de colhidos os materiais acima mencionados, congelá-los imediatamente
em nitrogênio líquido ou freezer que atinja a temperatura de –70oC. Contudo,
considerando as adversidades existentes no campo, caso não haja a
possibilidade de se dispor de algum destes métodos de congelamento a
alternativa possível é utilizar um freezer comercial que atinja a temperatura de
o
até –18 C.
Atenção: A coleta de material para isolamento viral deve ser realizada até 6
horas após o óbito do animal
• Coletar material para diagnóstico histopatológico
O material destinado ao diagnóstico de febre amarela pode ser estudado pelos exames
histopatológico (rotina), histoquímico ou imuno-histoquímico.
As amostras de tecidos fígado, rim, baço, coração, pulmão e cérebro devem ser
coletadas com cerca de 0,5 cm de espessura x 2 cm de comprimento e serem
acondicionadas em frasco contendo solução fixadora (Anexo1) em temperatura
ambiente, não devendo ser colocadas no congelador ou refrigerador, o que
inviabilizaria sua análise. Os fragmentos de tecidos de um mesmo animal, enviados
para diagnóstico histopatológico podem ser acondicionados em um único frasco,
incluindo a amostra do cérebro.
Atenção: A coleta de material para diagnóstico histopatológico deve ser realizada
somente se o cadáver do animal não estiver em putrefação.
• Coletar material para realização de exame toxicológico
Proceder a amarração das extremidades do estômago de maneira que não permita o
extravasamento do conteúdo estomacal. Realizar a coleta do órgão inteiro e colocá-lo
em recipiente ou saco plástico. Manter o material congelado até o envio ao laboratório.
O(s) frasco(s) contendo as amostras coletadas deve(m) ser identificado(s) com uma
etiqueta escrita a lápis ou caneta de tinta resistente a líquidos, onde devem constar as
seguintes informações:
•
•
•
•
Dados do animal: número do macaco, procedência, sexo
Data da colheita do material
Órgão(s) enviado
Conservação
Exemplo
Animal n°: 1
Cidade: Ananindeua/PA
Sexo: Feminino
Órgão(s): Figado, baço, rins, cérebro
Conservação: Formalina a 10% ou congelado
Data: Dia/mês/ano
3 - Coletar o cadáver inteiro
Caso não tenha condições operacionais de realizar a coleta dos materiais biológicos,
colocar o cadáver do animal em dois sacos plásticos bem fechados numa caixa térmica
(por exemplo, isopor) com bastante gelo (também envolvido em saco plástico bem
vedado) ou bobinas de gelo reciclável.
Os materiais coletados deverão ser entregues a Secretaria Municipal de Saúde
acompanhado da ficha de encaminhamento (Anexo 2) devidamente preenchida.
A Secretaria Municipal de Saúde se encarregará de enviar a amostra para a Fundação
Ezequiel Dias (FUNED) – Laboratório Estadual de Saúde Pública de Minas Gerais.
IMPORTANTE
Todos os procedimentos que envolvam primatas não-humanos requerem a utilização
de equipamentos de proteção individual (EPI) tais como luvas, avental, máscara e
óculos de proteção e atenção às normas de biossegurança. O uso do EPI previne o
contato de líquidos do cadáver com a roupa e/ou mucosas ocular ou oronasal do
necropsista. Caso ocorra ferimento, o profissional deve lavar o local imediatamente com
bastante água e sabão e, posteriormente, com soluções anti-sépticas.
O profissional médico-veterinário deve sempre estar vacinado contra febre amarela,
hepatite B, tétano e concluído o esquema de pré-exposição contra raiva (com titulação
anual de anticorpos para raiva). Para se informar mais e/ou realizar as vacinações
recomendadas procure a Secretaria de Saúde do seu município.
Anexo 1: Orientações para elaboração de fixadores para material biológico
Há grande variedade de fórmulas de fixadores e todas visam preservar o tecido,
inibindo a autólise, e seus constituintes celulares e intersticiais.
O volume de fixador deve ser 10 vezes superior ao volume do tecido a ser examinado.
Jamais deve-se utilizar álcool ou gelo para conservar material destinado a exame
histopatológico, pois estes agentes não permitem uma correta fixação, prejudicando
seu processamento e análise.
A solução fixadora ideal é a de formalina tamponada a 10%. Para o preparo de um litro
da mesma deve-se usar a seguinte fórmula:
Formaldeído a 37%-40% ----------------- 100ml
Água destilada ------------------------------- 900ml
Fosfato de sódio monobásico ------------ 4,0g
Fosfato de sódio dibásico (anidro) ------ 6,5g
Como alternativa, pode-se utilizar a solução de formalina a 10%, de fácil preparo no
campo e baixo custo. Para obter um litro deste fixador deve-se usar uma parte de
formol para nove partes de água, conforme a fórmula abaixo:
Formaldeído a 37%-40% --------- 100ml
Água de torneira ou da chuva --- 900ml
Para maiores informações consultar a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais
pelo e-mail [email protected] e o Manual de Vigilância de Epizootias em
Primatas Não-Humanos (fonte de consulta para elaboração deste informe) disponível
em http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/epizootias.pdf
Anexo 2: Ficha de Encaminhamento de material biológico
Anexo 3: Orientações para coleta de amostras biológicas de primatas não humanos.
Material
Sangue
Finalidade
Conservação
total Isolamento viral
Coletar material em até 6h pós morte. Após a colheita, colocar 0,5 a 1 ml de sangue total em um tubo de
(isolamento)
vidro ou plástico, preferencialmente do tipo criogênico. Congelar as amostras em N líquido ou freezer a –
70°C. O restante deve ser colocado em um tubo de en saio para obtenção do soro.
Soro
Isolamento viral
Deixar o sangue total em temperatura ambiente por cerca de 20 a 30 minutos, ou centrifugá-lo a 1.500
Sorologia
rpm durante 10 minutos. Se o exame for realizado após um período de 6h, congelar as amostras em N
líquido ou freezer a –70°C. Caso não haja a possibi lidade de se realizar algum destes métodos, pode-se
utilizar freezer comercial a –18oC.
Vísceras
Devem ser acondicionadas individualmente, em frascos estéreis, com boa vedação, sem aditivos ou
Isolamento viral
(Cérebro,
conservantes, identificadas por orgão. Congelar as amostras em N líquido ou freezer a –70°C.
Pulmão,
coração,
Histopatológico
fígado,
histoquímico
Imuno- Colocar os fragmentos do mesmo animal em um único frasco (tipo coletor universal) estéril, com boa
vedação, contendo solução fixadora de formalina 10% (1 parte formol 37-40% para 9 de água). Deve
baço,
permanecer em temperatura ambiente.
rim)
Estômago
Toxicologia (Metais Pesa- No caso de suspeita de intoxicação por produtos químicos. Proceder amarração das extremidades do
dos, organoclorados, Orga- estômago de maneira que não permita o extravasamento do conteúdo estomacal. Realizar a coleta do
nofosforados, Clorofosfora- órgão inteiro e colocá-lo em recipiente ou saco plástico. Manter o material congelado até o envio ao
dos, Carbamatos, Piretrói- laboratório.
des,
Rodenticidas
anti-
coagulantes -cumarínicos- e
estricnina
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