UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO SOCIOECONÔMICO DEPARTAMENTO DE ECONOMIA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS TIAGO PEDRAZZI DAER UMA ANÁLISE EMPÍRICA DO INVESTIMENTO AGREGADO NA ECONOMIA BRASILEIRA DE 2003 A 2012 FLORIANÓPOLIS 2013 TIAGO PEDRAZZI DAER UMA ANÁLISE EMPÍRICA DO INVESTIMENTO AGREGADO NA ECONOMIA BRASILEIRA DE 2003 A 2012 Monografia submetida ao Curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito obrigatório para a obtenção do grau de Bacharelado. Orientador: Prof. Dr. Marcelo Arend. Co-orientador: Prof. Dr. Gueibi Souza. FLORIANÓPOLIS 2013 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO SOCIOECONÔMICO DEPARTAMENTO DE ECONOMIA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS A Banca Examinadora resolveu atribuir nota 9,5 ao aluno Tiago Pedrazzi Daer na disciplina CNM 5420 – Monografia, pela apresentação deste trabalho. Banca Examinadora: -----------------------------------------------------------------------------------Prof. Dr. Marcelo Arend (Orientador) -----------------------------------------------------------------------------------Prof. Dr. Gueibi Peres Souza (Co-orientador) -----------------------------------------------------------------------------------Prof. Dr. Ronivaldo Steingraber (Membro) Dedico as mulheres da minha vida, minha mãe Anelise, minhas irmãs, Bibiana, Mariana e Luciana, e a minha companheira Camila. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente aos meus pais, Badique Oliveira Daer e Anelise Rodrigues Pedrazzi, pelo amor e carinho que me propiciaram e pela confiança que depositam em mim em favor do meu crescimento. Não poderia deixar de agradecer-lhes, também, pelo enorme esforço que fizeram durante toda a minha vida para me propiciar uma boa educação. Também agradeço as minhas irmãs, Bibiana, Mariana e Luciana, pelo apoio e carinho que me deram ao longo do curso. Vocês tornam minha vida muito mais animada e divertida. A você, Camila Aparecida da Silveira – minha companheira, agradeço por todo o suporte que me deste ao longo de toda esta etapa. A sua simples presença, nos momentos mais difíceis, me alentava e dava forças para seguir em frente. Sem você certamente o caminho até aqui teria sido mais árduo. Aos meus amigos, eu os agradeço pelos momentos de descontração e por todo o incentivo que me deram. Não poderia esquecer aqueles que fizeram parte, de forma mais direta, da minha formação acadêmica e me ajudaram na construção deste trabalho. Obrigado aos Professores Marcelo Arend e Gueibi Souza por todo o auxílio que me deram. Enfim, agradeço a todos os demais que me auxiliaram de forma direta ou indireta na execução deste projeto, com atenção especial aos meus sogros, Maria e Genésio, e ao meu cunhado Emanuel, que me aturaram alguns fins de semana quais necessitei estudar. “A dificuldade real não reside nas novas ideias, mas em conseguir escapar das antigas”. John Maynard Keynes RESUMO O presente estudo faz uma análise descritiva e quantitativa do investimento agregado do Brasil focando-se no período de 2003 a 2012. O objetivo foi identificar o impacto dos determinantes macroeconômicos sobre nível do investimento agregado na economia brasileira, no período exposto anteriormente. Para atingir o objetivo utilizou-se de referencial teórico de base keynesiana, clássico e contemporâneo, para destacar as variáveis. Em seguida contextualizou-as através de revisão dos fatos ocorridos na economia brasileira pós-Plano Real. Por último, foi feita uma análise de regressão, através do método dos Mínimos Quadrados Ordinários (MQO), com o objetivo específico de estimar parâmetros para as variáveis explicativas e mensurar o impacto delas sobre a taxa investimentos nacional. Verificou-se, então, que a variável dependente respondeu positivamente as variações do Produto Interno Bruto e negativamente as variações da taxa de juros, da taxa de câmbio e dos salários reais. Palavras-chave: Investimento agregado; economia brasileira; análise de regressão. ABSTRACT The present study analyses, in description and quantitatively, the aggregate investment of the Brazilian economy in the 2003-2012 period. The objective was to identify the impact of the macroeconomic determinants over the level of aggregate investment in that timeframe. In order to reach that goal, the study used a Keynesian theoretical framework, both classic and contemporary, to contrast the variables. Afterwards, it has provided a context through revision of the events that happened in the Brazilian economy post-Plano Real. Finaly, the research performed a regression analysis, through the method of ordinary least squares (OLS) with the specific objective of estimating parameters for the explainable variables as well as measuring their impact over the national investment rate. It is possible to verify, then, that the dependent variable had responded positively over the variations of the Gross Domestic Product and negatively to the fluctuations of the interest rate, exchange rate and real wages. Keywords: aggregate investment; Brazilian economy; regression analysis. LISTA DE FIGURAS Figura 1- Viabilidade de investimentos em função das taxas de juros ..................................... 25 Figura 2- Composição do saldo em conta corrente .................................................................. 49 LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Esquema ilustrativo da utilização das variáveis macroeconômicas câmbio e juros no combate a inflação e no equilíbrio das contas externas ....................................................... 44 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1- Média trimestral do IPCA a.m. ............................................................................... 38 Gráfico 2 - Taxa de câmbio R$/US$ (Venda) .......................................................................... 39 Gráfico 3 – Taxa de juros do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (SELIC) over a.a. . 41 Gráfico 4 - Taxa de investimentos - média a.a. ........................................................................ 42 Gráfico 5 - Reservas internacionais em milhões de dólares (1995 – 2003) ............................. 43 Gráfico 6 - Índice de Salário Real da Indústria (SRI) – média (2006=100)............................. 45 Gráfico 7- Índice de preço geral das commodities (2002=100) ............................................... 48 Gráfico 8 - Reservas internacionais de 2003 a 2012 ................................................................ 49 Gráfico 9- Comparativo da evolução da produção industrial entre Brasil, mundo e América Latina ........................................................................................................................................ 52 Gráfico 10- Evolução dos investimentos industriais por setor ................................................. 52 Gráfico 11- Custo Unitário do Trabalho/Taxa Real Efetiva de Câmbio da Indústria de Transformação (Dez/01-Dez/11) .............................................................................................. 54 LISTA DE TABELAS Tabela 1- Taxas médias de crescimento para o mundo, o Brasil e regiões selecionadas - 199506 .............................................................................................................................................. 50 Tabela 2- Taxas de Investimento para o mundo, o Brasil e regiões selecionadas - 1995-06 (%) .................................................................................................................................................. 50 Tabela 3- Matriz de correlação ................................................................................................. 61 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS Bacen – Banco Central do Brasil BNDES – Banco Nacional do Desenvolvimento EMgK – Eficiência Marginal do Capital EUA – Estados Unidos da América FBKF – Formação Bruta de Capital Fixo FHC – Fernando Henrique Cardoso FMI – Fundo Monetário Internacional FRA – Função de Regressão Amostral FRP – Função de Regressão Populacional Gretl - Gnu Regression, Econometrics and Time-series Library IED – Investimento Externo Direto INPC – Índice Nacional de Preços ao Consumidor IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo IPEADATA – portal eletrônico de dados Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada IPI – Imposto sobre Produto Industrializado Lula – Luis Inácio Lula da Silva MQO – Mínimos Quadrados Ordinários NUCI – Nível de Utilização da Capacidade Instalada OLS – Ordinary Least Squares PDE – Princípio da Demanda Efetiva PIB – Produto Interno Bruto PND – Planos Nacionais do Desenvolvimento PT – Partido dos Trabalhadores SELIC – Sistema Especial de Liquidação e Custódia SRI – Índice de Salário Real da Indústria TJLP – Taxa de Juros de Longo Prazo SUMÁRIO CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO .......................................................................................... 14 1.1 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 16 1.1.1 Objetivo Geral ............................................................................................................... 16 1.1.2 Objetivos Específicos ..................................................................................................... 16 1.2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 16 1.3 METODOLOGIA ............................................................................................................... 17 CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................. 20 2.1 INVESTIMENTO DENTRO DE UMA PERSPECTIVA KEYNESIANA CLÁSSICA .. 20 2.1.1 Principio da Demanda Efetiva ..................................................................................... 21 2.1.2 Investimento em função da renda ................................................................................ 22 2.1.3 Eficiência Marginal do Capital e Taxa de juros ......................................................... 23 2.2 KEYNESIANISMO-ESTRUTURALISTA: UMA VISÃO CONTEMPORÂNEA.......... 26 2.2.1 Taxa de câmbio e Salário Real ..................................................................................... 26 2.3 MÉTODO DOS MINIMOS QUADRADOS ORDINÁRIOS ........................................... 33 2.4 SÍNTESE CONCLUSIVA ................................................................................................. 35 CAPÍTULO 3 – ECONOMIA BRASILEIRA DE 1995 A 2012 ......................................... 37 3.1 GOVERNO FERNANDO HENRIQUE CARDOSO ........................................................ 37 3.2 GOVERNO LULA ............................................................................................................. 47 3.3 GOVERNO DILMA .......................................................................................................... 56 CAPÍTULO 4 – ANÁLISE QUANTITATIVA .................................................................... 59 4.1 ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................................... 59 4.2 MODELO DE REGRESSÃO MULTIPLA COM DEFASAGENS DISTRIBUIDAS ..... 62 CAPÍTULO 5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................... 66 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 70 APÊNDICE ............................................................................................................................. 73 ANEXOS ................................................................................................................................. 83 14 CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO A presente monografia pretende abordar um tema de extrema importância para o desenvolvimento nacional, trata-se da evolução da taxa de investimento agregado no Brasil e suas determinantes. O investimento agregado é um dos componentes principais da demanda agregada. Ao mesmo tempo em que é responsável pela geração de emprego, promove elevação do nível de renda nacional (JONES, 2000) e cria bases para um crescimento econômico sustentado. De forma sintética, como disseram Luporini e Alves (2010), o investimento em capital fixo, por promover o aumento da capacidade produtiva e expandir o nível de produção, torna-se ponto nevrálgico para a determinação do produto, emprego e renda da economia de um país. O tema revela sua importância ao analisar a história mais recente da economia brasileira, quando se podem observar diferentes movimentos do crescimento do produto em razão dos distintos níveis de investimento apresentados ao longo do tempo. Dados retirados do portal eletrônico de dados Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEADATA) mostram que, os anos 1970, impulsionados pelos primeiro e segundo Planos Nacionais do Desenvolvimento (PND), alcançaram taxas anuais de investimento que circundaram uma média de 21,40% do Produto Interno Bruto (PIB) refletindo num crescimento anual médio da economia na base de 8,79%. Em contrapartida, os anos 1990, período de estabilização da economia brasileira, houve queda do investimento público, elevação das taxas de juros, movimento de abertura da economia, as quais levaram as taxas de investimentos para 15,66% ao ano (a.a.) em 1999 e o crescimento médio da economia para uma média de 1,64% a.a. ao longo da década (ANEXO A). Partindo dessa problemática, este trabalho se propôs a encontrar na teoria keynesiana clássica do investimento e na vertente keynesiano-estruturalista do desenvolvimento, fundada por Bresser-Pereira (BRESSER-PEREIRA, 2011), as variáveis macroeconômicas capazes de determinar o nível do investimento agregado numa economia capitalista e, o mais importante, analisar o impacto destas variáveis no contexto recente da economia brasileira, mais precisamente no período que vai de 2003 a 2012. Keynes foi o primeiro autor a tentar explicar as oscilações das taxas de investimento agregada dentro de uma economia capitalista, visto a importância que esta tem dentro da determinação da Demanda Efetiva, cerne de sua Teoria Geral, e, consequentemente, na manutenção do nível de emprego (LUPORINI; ALVES, 2010). Para Luporini e Alves (2010), 15 a manutenção de taxas expressivas de investimento em capital fixo numa determinada economia é condição necessária para sua prosperidade no curto e no longo prazo, em razão disso, as variáveis macroeconômicas devem estar alinhadas a aquele objetivo, de tal forma criem um ambiente favorável às inversões produtivas. Partindo disso, a teoria keynesiana clássica propõe inicialmente que o nível de renda da economia deve ser mantido elevado para criar bases materiais e psicológicas ao empresário para manter os ciclos de investimentos aquecidos numa determinada economia (KURIHARA, 1961). De forma complementar, Keynes (1992) explica que as taxas de juros desempenham papel fundamental da formação do nível de investimentos de uma economia, posto que representam a linha de corte entre os investimentos atrativos em bens de capital e os não atrativos, quanto maiores as taxas de juros, mais projetos de investimento produtivo se enquadrarão no segundo grupo. Quando se volta para o panorama nacional e contemporâneo, vários estudos de autores keynesianos-estruturalistas como Bresser-Pereira, Paulo Gala, Nelson Marconi, José Luis Oreiro, dentre outros, quais buscam identificar outras variáveis macroeconômicas, além das propostas pela teoria clássica keynesiana, que expliquem o movimento dos investimentos no Brasil. Taxa de câmbio e salários se mostraram importantes para estes autores na explicação do movimento das taxas de investimentos nacionais. Primeiramente a taxa de câmbio aparece como um fator determinante da competitividade externa do bem industrializado produzido na economia, portanto, fator que pode ampliar ou reduzir a demanda externa por bens industrializados brasileiros e, assim, incentivar ou não os investimentos em ampliação da capacidade produtiva (BRESSER-PEREIRA, 2007). Já, os salários funcionam como proxy de custo ao empresário local e proxy de demanda interna, sendo que o impacto sobre os investimentos dependerá da relação desta variável com a produtividade do trabalho (GALA; MORI, 2009). Realizando uma análise histórica da economia brasileira pós-Plano Real, verificou-se que as taxas de investimento apresentaram tendência decrescente até 2003, mas após este ano os investimentos apresentaram-se crescentes no Brasil até o advento da crise do sub-prime em 2008, ocorrida nos Estados Unidos da América (EUA). Passado o efeito imediato da crise, o Brasil apresentou forças e as taxas de investimento logo se recuperaram. Entretanto, mesmo no ápice da prosperidade econômica brasileira, as taxas de investimento sequer chegaram aos 20% a.a. e o crescimento econômico do tipo stop and go prevaleceu. 16 Diante disso, utilizou-se de uma análise de regressão para analisar os impactos das variáveis propostas: renda agregada, taxa de juros, taxa de câmbio e salários sobre o investimento agregado na economia brasileira no período que vai de 2003 a 2012. 1.1 OBJETIVOS 1.1.1 Objetivo Geral A partir das análises keynesianas clássicas e contemporâneas do investimento, mensurar os impactos das variáveis macroeconômicas, identificadas por estas como determinantes do investimento, sobre o movimento da taxa de investimento agregado brasileiro de 2003 a 2012. 1.1.2 Objetivos Específicos Destacar, dentro da perspectiva teórica keynesiana clássica e contemporânea as variáveis que influenciam a oscilação das taxas de investimento; Relatar brevemente o a trajetória da economia brasileira contemporânea, com ênfase na evolução das taxas de investimento agregada; Quantificar, através de análise de regressão, o impacto das variáveis destacadas pela teoria keynesiana clássica e contemporânea sobre o investimento agregado na economia brasileira de 2003 a 2012; 1.2 JUSTIFICATIVA A ciência econômica busca entender, dentre diversas outras coisas, a causa do crescimento e do desenvolvimento econômico das nações. Independente da vertente teórica, todas concordam que, das variáveis macroeconômicas componentes do produto agregado, o investimento produtivo é o elemento dinâmico do processo de acumulação de uma economia capitalista, pois gera demanda e aumenta a capacidade de oferta da mesma. Passado o período de hiperinflação na economia brasileira, se esperava que as taxas de investimento voltassem subir e que a mesma entraria numa nova espiral de prosperidade e crescimento econômico. Contudo, as taxas de investimento circundam os 18% do PIB e, 17 como consequência, o crescimento do produto estagnou nos níveis de 2% a.a., em média (IPEADATA, 2013). Quais as razões para a ocorrência desse fenômeno? A teoria keynesiana clássica, sugere que a taxa de investimentos responde às oscilações da renda agregada e da taxa de juros média de uma determinada economia, já os keynesianosestruturalistas, uma vertente keynesiana brasileira, mostra que a taxa de câmbio e os salários pagos também apresentam relação significativa na determinação do nível de investimento agregado de uma economia capitalista. Atualmente, os patamares de juros caíram, a oferta de crédito cresceu, a economia permaneceu estável, o risco-Brasil está em níveis bem mais baixos do que de outrora, enfim, a economia brasileira como um todo aparenta um diagnóstico melhor, mas os números do investimento não refletem isto, e com isso, o crescimento sustentado não ocorre, aparecendo na verdade, o voo da galinha, crescimento tipo stop and go. Sendo assim, faz-se necessário uma análise dos dados num período mais atual buscando explicar o nível de investimentos produtivos verificados atualmente na economia brasileira, tendo em vista mudanças do contexto macroeconômico ocorridas pós-Plano Real. 1.3 METODOLOGIA Conforme GIL (2002) a ciência é, nos últimos 200 anos, a fonte de respostas com maior credibilidade para os questionamentos humanos. Adquiriu esse status perante as demais fontes de verdade devido suas respostas serem, sem sombra de dúvidas, as mais prováveis de serem verdadeiras. Todavia, no campo das ciências sociais, onde se enquadra o estudo da economia, a ciência ainda concorre com outras fontes, tais como o conhecimento filosófico e o conhecimento vulgar, este último utilizado pelas pessoas no dia-a-dia. De acordo com, Ferrari (1982, apud GIL, 2002, p. 2) o conceito de ciência é o “conjunto de atitudes e atividades racionais, dirigidas ao sistemático conhecimento com objeto limitado, capaz de ser submetido á verificação.”. Este trabalho pode ser classificado como uma pesquisa explicativa, pois se caracteriza pela preocupação em identificar fatores determinantes ou contribuintes da ocorrência de um fenômeno, ou seja, através dos resultados que serão expostos aqui, buscou-se explicar a razão, o porquê de algo (GIL, 1999). Para embasar este objetivo, foi aplicado um método estatístico quantitativo, sendo assim, segundo Gil (1999), a pesquisa oferece conclusões com probabilidade de acerto e margem de erro, importante para os pesquisadores preocupados com 18 questões de ordem quantitativa, além de oferecer razoável grau de precisão. Seguindo a classificação de delineamento de pesquisa do mesmo autor, este estudo foi uma mescla de pesquisa bibliográfica, dado que se embasou na bibliografia científica já publicada, e pesquisa ex-post-facto, posto que objetivou fazer testes práticos e empíricos com variáveis não manipuláveis, cujas suas manifestações já ocorreram. Dito isto, a metodologia utilizada para o desenvolvimento de cada objetivo específico está expressa em capítulos, posteriores a introdução, os quais compõem o presente estudo. Abaixo segue a metodologia utilizada para formulação de cada um deles. Para atender o primeiro objetivo especifico, fez-se uma leitura da Teoria Geral de Keynes (1996) juntamente de uma síntese da teoria keynesiana, escrita por Kurihara (1961). Desta forma, introduziu-se o debate keynesiano dos investimentos e logo destacou-se os fatores determinantes das oscilações do investimento agregado segundo esta corrente teórica. Posteriormente, buscou-se apresentar novas variáveis explicativas, através da leitura de estudos recentes, mas que seguissem o mesmo hard core da teoria keynesiana dos investimentos. Dentre os autores pesquisados, estão: Bresser-Pereira (2007), um dos mentores da nova teoria keynesiana-estruturalista do desenvolvimento no Brasil, Bresser-Pereira e Marconi (2008), Gala e Mori (2009) e Oreiro (2012). Vale ressaltar que, para todas as variáveis destacadas, também se mostrou como se dá o relacionamento delas com a taxa de investimentos. Encontradas as variáveis explicativas a serem inseridas na análise, no terceiro capítulo iniciou-se uma análise breve e descritiva da recente história da economia brasileira, mais especificamente pós-Plano Real, dando ênfase aos movimentos apresentados pelas variáveis explicativas e dependentes eleitas neste trabalho, junto dos eventos que explicam tais oscilações. Leituras de Gremaund, Vasconcellos e Toneto Junior (2008), Lacerda et. al (2006), Giambiagi et. al (2005), Gentil e Araújo (2012) e Salama (2010) serviram como base para esta passagem. Após a análise descritiva, passou-se, no quarto capítulo, à análise quantitativa do trabalho. Primeiramente, foram coletados os dados correspondentes as variáveis elencadas pela literatura apresentada no segundo capítulo. Para isto, foi utilizado o site do IPEADATA (2013). Após terem sido coletados os dados, foram feitos alguns testes para confirmação de algumas hipóteses necessárias para aplicação do modelo de regressão linear múltipla, seguido do devido tratamento dos dados. Todos os procedimentos estatísticos foram feitos utilizando o 19 software Gnu Regression, Econometrics and Time-series Library (Gretl), disponível para download gratuito em http://gretl.sourceforge.net. O modelo de regressão linear foi gerado através do método dos Mínimos Quadrados Ordinários, com a utilização de defasagens temporais para as variáveis explicativas. Portanto, o modelo será caracterizado, segundo Gujarati (2006) como modelo de Regressão Múltiplo Linear com Defasagens Distribuídas. Gerados os coeficientes do modelo de regressão, passou-se a interpretação destes utilizando os capítulos dois e três como referência. Por fim, no último capítulo encontram-se as considerações finais, quais fazem um apanhado geral do trabalho e dos resultados obtidos. 20 CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA O investimento agregado é, em grande parte o somatório das decisões dos diversos empresários, públicos ou privados, em adquirir bens de capital para iniciar, ou aumentar, a produção de determinado bem, mais os gastos do governo voltados a melhoria da infraestrutura (BLANCHARD, 2007). Sendo assim, é necessário investir para que se aumente a capacidade produtiva de uma economia capitalista e tenha-se base para o crescimento econômico sem inflação. Entretanto, para que os níveis de investimento se mantenham em patamares suficientes, se faz necessário um arranjo favorável das variáveis macroeconômicas, de forma que incentivem a lucratividade empresarial (LUPORINI; ALVES, 2010). Portanto, a proposta deste capítulo é identificar as variáveis macroeconômicas que influenciem as decisões de investir do empresário capitalista e de que forma elas deveriam se encontrar numa economia para que tal agente seja incentivado a investir seu capital em máquinas e equipamentos produtivos. No mais, o capítulo está dividido em duas seções: na primeira delas encontra-se a abordagem keynesiana, explicando brevemente o princípio da demanda efetiva, a função keynesiana do investimento em função da renda e posteriormente o conceito de Eficiência Marginal do Capital, evidenciando os impactos das taxas de juros no nível de investimentos; na segunda seção destacam-se artigos mais atuais de autores nacionais, que agregam variáveis ao debate a partir de uma analise mais focada a economia brasileira. 2.1 INVESTIMENTO DENTRO DE UMA PERSPECTIVA KEYNESIANA CLÁSSICA A análise do Investimento agregado como ponto chave do crescimento econômico obteve grande atenção a partir da obra de Keynes. Para este autor a demanda agregada adquire ponto nevrálgico como fator explicativo da variação do produto e o Investimento produtivo como cerne explicativo das oscilações da demanda agregada. Desta forma, a teoria keynesiana tornou-se uma das primeiras a buscar explicações para os movimentos do investimento através de variáveis determinantes capazes de direcionar a análise do investimento agregado em uma economia capitalista (LUPORINI; ALVES, 2010). 21 2.1.1 Principio da Demanda Efetiva Sob o contexto econômico conturbado por uma grande crise, Keynes questionou os preceitos da teoria econômica clássica como propositores de soluções aos problemas econômicos reais que as principais economias vinham sofrendo e elaborou a sua Teoria Geral. Como ponto de partida o autor rejeita a hipótese clássica de que a oferta cria a sua própria demanda e formula o Princípio da Demanda Efetiva (PDE) (GRASEL, 1996). O PDE explica o nível de atividade econômica através da demanda agregada e não da oferta, como faziam os clássicos (GRASEL, 1996). A soma do que se espera que a comunidade reverta de sua renda em consumo de bens e serviços (D1) e do montante de investimento que se espera ser realizado pelo empresário capitalista (D2), resulta no que Keynes chamou de demanda efetiva (D). Sendo assim: […] a demanda efetiva é simplesmente a renda agregada (ou produto) que os empresários esperam receber, incluídas as rendas que fazem passar às mãos dos outros fatores de produção, por meio do volume de emprego corrente que resolvem conceder (Keynes, 1992. p. 59). Observando individualmente os componentes da demanda agregada citados anteriormente, consumo dos trabalhadores e investimento realizado pelo empresário, a teoria toma algumas hipóteses importantes como base, seguem: 1) A porção de renda gasta pela comunidade em consumo de bens e serviços depende de sua propensão a consumir, sendo esta última variante das condições psicológicas das pessoas que compõe tal comunidade. Portanto, estabelecida a propensão a consumir, o montante a ser gasto em consumo dependerá da quantidade de pessoas empregadas; 2) O nível de emprego depende da função oferta agregada, da propensão a consumir e do nível de investimentos. 3) D1 cresce junto do nível de emprego, entretanto, menos que D (demanda efetiva), dado que nem toda a renda é consumida. Portanto, a medida em que a renda cresce aumenta o hiato entre oferta agregada e a renda que os empresários esperam que retorne por via do consumo dos trabalhadores, e, caso a propensão a consumir dos trabalhadores não varie, a atividade econômica só se manterá em crescimento caso o investimento (D2) cresça de tal forma que cubra a lacuna entre oferta agregada e D1 (KEYNES, 1992). Enfim, dado que: i) o ponto de maximização dos lucros se dá na intersecção entre oferta agregada e demanda agregada (ambas funções do emprego), ii) atingir este ponto é a meta de 22 qualquer empresário, e, iii) o volume de empregados que o empresário busca contratar varia conforme sua expectativa de receita futura, demonstrou-se que o nível de atividade econômica em será pautado pela expectativa de demanda agregada em , e não pela capacidade produtiva de tal economia em determinado tempo (KEYNES, 1992). A partir disto, a teoria keynesiana desenvolve seu argumento explicativo sobre o nível de emprego de uma sociedade capitalista e, além disso, insere o debate dos investimentos dentro da dinâmica da economia capitalista, conforme segue abaixo: A não ser que haja este volume de investimento, as receitas dos empresários serão menores que as necessárias para induzi-los a oferecer tal volume de emprego. Daqui se segue, portanto, que dado o que chamamos de propensão a consumir da comunidade, o nível de equilíbrio do emprego, isto é, o nível em que nada incita os empresários em conjunto a aumentar ou reduzir o emprego, dependerá do montante de investimento corrente. O montante de investimento corrente dependerá, por sua vez, do que chamaremos de incentivo para investir, o qual, como se verificará, depende da relação entre a escala da eficiência marginal do capital e o complexo das taxas de juros que incidem sobre os empréstimos de prazos e riscos diversos (Keynes, 1992. p. 40). 2.1.2 Investimento em função da renda Inicialmente, o investimento era variável independente tido como autônomo, dado a infinidade de fatores que poderiam influenciar o empresário na decisão de investir, Keynes não se preocupou em buscar explicações mais robustas à variações no nível de investimentos. Porém, após demonstrar o papel dos gastos do empresário na demanda efetiva, se tornou necessário analisar pormenor o que motivava o capitalista a decidir empregar sua liquidez em novos capitais e fatores de produção. Assim, introduziu-se o conceito de eficiência marginal do capital, cujas inversões em capital fixo passam a ser função, grosso modo, da relação: expectativa de lucros futuros e nível médio dos juros correntes (KURIHARA, 1961). Tratarse-á dessa relação mais adiante, contudo, vale ressaltar o tipo de capital que merece atenção na leitura keynesiana. Segundo Kurihara (1961), capital de que Keynes tratava era, capital fixo (ex.: máquinas, equipamentos e edificações) e capital circulante (ex.: estoques de bens não vendidos e inventários). Dos dois tipos, aquele qual mereceu o maior destaque foi o capital fixo, dado sua maior representatividade na composição do capital total e, sua capacidade intertemporal de trazer as expectativas futuras e incertezas do longo prazo para decisões correntes dos empresários. Apesar de a função investimento ser determinada pela relação entre Eficiência Marginal do Capital (EMgK) e taxa de juros, diversos autores analisaram tal componente da demanda 23 agregada como função simples do crescimento da renda nacional, visto que tendencialmente os lucros acompanham em mesmo sentido as variações no produto e as expectativas otimistas dos investidores dependem também das observações do crescimento vigente da renda agregada (KURIHARA, 1961). Conforme Kurihara (1961), dado a relação direta entre renda nacional e lucros esperados, a função I(Y), chamada de investimento induzido, apresenta correlação positiva e dela podem-se obter importantes coeficientes capazes de expressar os impactos da variação da renda nos investimentos, são eles: (I/Y) a propensão média a investir, o qual mensura a porcentagem da renda aplicada na produção de bens de capital; e (dI/dY) propensão marginal a investir, isto é, a taxa a qual se espera que o investimento varie a partir de uma variação no nível da renda. Seguindo a mesma corrente de pensamento, foi elaborado o Modelo do Acelerador Flexível, evolução do Modelo Acelerador, que conforme Jacinto (1997) (apud BORIN, 2003) “o estoque de capital efetivo se ajusta em função da diferença entre o estoque de capital desejado de um período atual e o estoque efetivo no período anterior, através de um coeficiente de ajustamento parcial [...]” onde os estoques de capitais são dependentes do nível de produto corrente e passado. Portanto, segundo este modelo, o nível de produção, ou atual estado da renda agregada, e expectativa de demanda são variáveis chaves para a efetivação de investimentos em capital fixo. 2.1.3 Eficiência Marginal do Capital e Taxa de juros Criando bases para as primeiras teorias do investimento, Keynes (1996), inicialmente, relacionou as inversões em capital produtivo com as expectativas de lucro e taxas de juros, como segue: O montante de investimento [produtivo] corrente dependerá, por sua vez, do que chamaremos de incentivo para investir, o qual, como se verificará, depende da relação entre a escala da eficiência marginal do capital e o complexo das taxas de juros que incidem sobre os empréstimos de prazos e riscos diversos (Keynes, 1996. p. 62). Conforme o PDE, a decisão de adquirir nova unidade de um bem de capital dependerá, assim como a decisão de empregados a contratar, da expectativa de receita que tal empresário espera que este capital lhe proporcione. O fluxo de anuidades que o empresário espera obter a partir da utilização do bem de capital que ele adquiriu, Keynes (1997) intitulou de renda esperada. 24 Concomitante a isto, um produtor de bens de capital somente o ofertará quando o seu preço de oferta for atrativo. Para preço de oferta, toma-se aquela importância ao qual induz um fabricante a produzir unidade adicional de determinado bem de capital, conhecido também como custo de reposição, não podendo se confundir com preço de mercado o qual o fabricante efetivamente ofertará o produto (KEYNES, 1992). Dito isto, da relação entre a renda esperada de um determinado bem de capital e o seu preço de oferta, ou custo de reposição, surge o conceito de Eficiência Marginal do Capital. De forma mais clara e precisa o autor coloca: Mais precisamente, defino a eficiência marginal do capital como sendo a taxa de desconto que tornaria o valor presente do fluxo de anuidades de rendas esperadas desse capital, durante toda a sua existência, exatamente igual ao seu preço de oferta (Keynes, 1992. p. 115). Vale ressaltar que a EMgK depende do retorno esperado de um bem de capital recentemente produzido, ou seja, não importando para sua composição os ganhos históricos de bens em utilização em relação ao seu preço original (KEYNES, 1992). Pressupõe-se que a curva da EMgK, ou curva da demanda por investimentos, – com a devida taxa de juros no eixo das ordenadas e o volume de investimentos no eixo das abcissas – tem coeficiente angular negativo, seja via redução da renda esperada de um determinado tipo de capital a medida em que sua oferta se amplia no mercado, seja via aumento do preço de oferta, dado a pressão sobre os fabricantes do capital referido (KEYNES, 1992). A relação entre taxa de juros e Eficiência Marginal do Capital, tomado como taxa percentual, torna-se latente, visto que o mercado oferece uma série de ativos financeiros remunerando através de diversas taxas de juros, podendo extrair-se uma taxa de juros padrão i, portanto, o empresário apenas alocará seus recursos em capital fixo quando a sua expectativa de lucros futuros ultrapassar os rendimentos que obteria se alocasse sua riqueza em títulos do mercado financeiro (KEYNES, 1992). Ou seja, o investimento só será atraente quando EMgK > i. Veja a figura 1 que segue abaixo: 25 Figura 1- Viabilidade de investimentos em função das taxas de juros Fonte: (GRASEL, 1996) Na Figura 1 toma-se no eixo Y a Eficiência Marginal do Capital e a Taxa de juros média do Mercado, já no eixo X encontram-se sete projetos de investimento possíveis em ordem decrescente de rentabilidade futura. Sendo a reta perpendicular ao eixo das ordenadas a taxa de juros média de mercado e a linha negativamente inclinada representando a EMgK, consegue-se observar que, neste exemplo, são viáveis racionalmente1 apenas os projetos de investimento 1, 2, 3 e 4, pois estes ultrapassam a linha da taxa de juros, ou seja, suas expectativas de lucratividade futura são maiores do que a média das rentabilidades provenientes de juros pagas no mercado financeiro. Conforme descreveu Keynes (1992, p. 116): Torna-se, portanto, evidente, que a taxa efetiva de investimento corrente tende a aumentar até o ponto em que não haja mais nenhuma classe de bem de capital cuja eficiência marginal exceda a taxa de juros corrente. Em outras palavras o investimento vai variar até aquele ponto da curva de demanda de investimento em que a eficiência marginal do capital em geral é igual à de juros do mercado. A determinação do investimento dentro da teoria keynesiana depende, desta forma, diretamente da expectativa de rendas futuras e negativamente das oscilações de taxas de juros, dado que quedas nesta taxa incentivarão o empresário a investir no mercado produtivo ao revés que aumentos dela criarão desincentivos a investimentos cuja EMgK seja menor do que tal taxa. 1 Racionalmente, pois Keynes (1992) mostra que nem toda a decisão de investir se dá a partir de uma comparação fria entre a expectativa de lucros devidamente calculada e as rentabilidades futuras provenientes de títulos do mercado financeiro. Muitos investimentos ocorrem por puro otimismo do empresário. 26 Portanto, é crucial para Keynes que a taxa de juros esteja em baixos níveis para que a taxa de investimentos seja elevada, caso contrario haverá um forte desincentivo ao capitalista em adquirir bens de capital que representam investimentos menos líquidos e mais arriscados. Também vale ressaltar a importância de uma economia estabilizada e próspera para a manutenção de elevadas taxas de investimento, pois em ambientes adversos cheios de incertezas, as expectativas dos empresários são minadas fazendo-o segurar a liquidez e reduzir investimentos. 2.2 KEYNESIANISMO-ESTRUTURALISTA: UMA VISÃO CONTEMPORÂNEA Analisando a literatura econômica contemporânea, encontram-se autores nacionais, inseridos no debate internacional, que trazem outras variáveis explicativas a função investimento e, assim, podem auxiliar para a explicação do nível do investimento agregado brasileiro, dado que suas propostas partem de análises mais alinhadas com as peculiaridades da economia brasileira. Tomar-se-á como base os textos de Bresser-Pereira e Gala (2007), Bresser-Pereira (2007), Bresser-Pereira e Marconi (2008), Oureiro (2012) e Gala e Mori (2009). As variáveis que serão enfatizadas nesta seção serão a taxa de câmbio e o salário real. 2.2.1 Taxa de câmbio e Salário Real Partindo de uma base keynesiana, observa-se que tão essencial quanto uma taxa de juros competitiva internacionalmente, se faz necessário, para que um país se desenvolva, uma taxa de câmbio de equilíbrio que seja capaz de incentivar as exportações e os investimentos (BRESSER-PEREIRA, 2007). O investimento apoiado na poupança externa foi uma alternativa adotada por diversos países latino-americanos entre as décadas de 1960 e 1970, dado que suas economias não tinham poupança interna suficiente para financiar seus projetos de desenvolvimento. Contudo o excesso de endividamento dessas duas décadas eclodiu na crise da dívida externa nos anos 1980. A partir de 1990 o incentivo a poupança externa para países em desenvolvimento veio com mais força, não só como uma alternativa a insuficiência de poupança interna, mas como base de um modelo de crescimento (BRESSER-PEREIRA, GALA. 2007). 27 Os neoclássicos, defensores do modelo de crescimento com poupança externa, propõem é que o capital excedente dos países desenvolvidos, na busca por maiores lucratividades, naturalmente se deslocará aos países em desenvolvimento convertendo-se em investimento produtivo, financiando desta forma a acumulação de capital do país destino, e, consequentemente, aumentando as taxas de crescimento econômico do local onde se estabelecer (BRESSER-PEREIRA, GALA. 2007). Autores como Bresser-Pereira e Gala (2007) criticam o crescimento econômico via poupança externa a partir do argumento de que este receituário ortodoxo não leva economias médias ao desenvolvimento econômico conforme o prometido. O argumento dos autores parte da observação de que o capital estrangeiro que abarca nas economias emergentes, como a do Brasil, sobrevaloriza a taxa de câmbio, que além de prejudicar empresas exportadoras, aumentam artificialmente o salário real, ampliando, assim, o consumo interno e esmagando a lucratividade, o que por consequência desestimula fortemente os investimentos produtivos. Basicamente, o que os autores buscam mostrar é que a poupança externa substitui parte da poupança interna por meio de aumento do consumo, variando a taxa de substituição da poupança interna pela poupança externa conforme o arranjo macroeconômico de cada economia. Por outro lado, o câmbio valorizado poderia atrair investimentos, visto que a importação de máquinas e equipamentos do exterior tornar-se-ia mais atrativa e, assim, deveria haver transferência de tecnologia externa para dentro do país com mais facilidade. Contudo, esse argumento se mostra extremamente falho quando se observa a economia brasileira de década de 1990, quando a taxa de câmbio valorizou-se fortemente e o nível de investimento respondeu com queda (GALA; MORI. 2009). Ora, seguindo a argumentação de Gala e Mori (2009), quando se apresenta dentro de uma economia uma valorização cambial forte, os ramos da indústria que ofertam bens e serviços precificados internacionalmente perdem competitividade e tem seus lucros achatados. Há maior desestimulo do que este para a decisão de investir em capital produtivo em tais setores? O que se observou em economias que tiveram seu câmbio fortemente apreciado foi uma redução do nível do investimento agregado, evidenciando, desta forma, que os ganhos com a importação de máquinas e equipamentos a preço mais baixo não compensam as fortes contrações no lucro que as empresas se expõem. Gala e Mori (2009) respondem o argumento da transferência de tecnologia da seguinte forma: 28 Nas cadeias globais de fornecimento, as decisões sobre transferências de tecnologia são feitas pelas multinacionais que alocam sua produção de acordo com a situação geral (macro, institucional, educacional, etc.) de cada plataforma de produção. Regiões ou países que apresentam alta volatilidade cambial e recorrentes ciclos de sobrevalorização, como é o caso do Brasil, acabam ficando fora desse circuito (GALA; MORI. 2009. p. 88). O movimento de ascendência dos asiáticos com economias dinâmicas no cenário de produtores mundiais de bens industrializados, a partir da década de 1980, no mesmo momento em que as economias da América Latina perdiam seu espaço, corrobora com a tese de que a sobrevalorização cambial não é um atrativo às multinacionais para a transferência de tecnologia, bem como as induz a transferir plantas industriais já estabelecidas (GALA; MORI, 2009). Este debate do nível ótimo da taxa de câmbio está muito atrelado aos modelos de crescimento debatidos na atualidade, wage-led e export-led, ambos embasados na Teoria de crescimento liderado pela demanda de Keynes, Kalecki e Kaldor. O primeiro impulsiona o crescimento por vias de aumento salarial enquanto o segundo o faria por meio do crescimento das exportações (OREIRO, 2012). Onde isso afeta a relação investimento x taxa de câmbio? Segundo Oreiro (2012), o modelo de crescimento wage-led consiste em impulsionar o crescimento da economia via aumento relativo do salário real em relação à produtividade, portanto, aumento da demanda agregada via aumento do nível de consumo. Os “sóciodesenvolvimentistas” são favoráveis a este modelo, pois, além deles acreditarem que esse modelo gera melhor distribuição de renda, os sequenciais aumentos reais no salário garantiriam demanda crescente ao empresário, incentivando-o a aumentar a produção, dado que o trabalhador consome toda a sua renda. Em contrapartida, o preço unitário do trabalho se elevaria e reduziria a competitividade desta economia no mercado internacional, necessitando assim de medidas protecionistas visando à manutenção da lucratividade do empresário local. No médio e longo prazos, dado a queda nas exportações, os problemas na balança de pagamentos tornar-se-iam inevitáveis. Conclui o autor que este é um modelo de crescimento instável (OREIRO, 2012). Por outro lado, o modelo export-led sugere o crescimento das exportações como determinante do crescimento da demanda agregada através do efeito multiplicador que a variável independente gera sobre a variável dependente. Ou seja, o crescimento das 29 exportações ao gerar crescimento no PIB deverá induzir aumentos no consumo e nos investimentos em mesma proporção (OREIRO, 2012). Contudo, para sucesso deste último modelo é condição sine qua non que a estrutura produtiva da indústria exportadora seja diversificada e com elevada participação de produtos intensivos em fatores de produção e tecnologia. Desta forma, “a elast icidade renda das exportações será elevada”, possibilitando que o ritmo de expansão das exportações seja em maior ritmo do que o da renda mundial e que o país conseguirá fazer o caching-up em relação ao mundo (OREIRO, 2012). É neste ponto que a taxa de câmbio assume papel fundamental no sucesso do modelo export-led e na crítica dos “sócio-desenvolvimentistas”. Primeiro porque se faz necessário que a taxa de câmbio esteja num equilíbrio industrial que favoreça os diversos ramos da indústria exportadora em geral, porém, chegando na crítica, o primeiro efeito de uma desvalorização cambial seria a redução do salário real, o que por consequência, geraria uma piora na distribuição funcional da renda (OREIRO, 2012). Caso a taxa de câmbio esteja valorizada, a tendência será de produção daqueles bens quais o país possui vantagens comparativas, o que no Brasil significa reprimarização da pauta exportadora, déficits comerciais e desindustrialização da economia (OREIRO, 2012). O investimento perde sua força como motor dinâmico da economia tornando-a dependente do crescimento do consumo para seu crescimento e sem sustentabilidade de longo prazo. Portanto, conclui Oreiro (2012): O regime export-led é um modelo no qual a taxa de crescimento do produto real é determinada pela taxa de crescimento das exportações e sustentada, a nível doméstico, pelo crescimento do consumo e do investimento. O êxito desse regime depende da existência de uma estrutura produtiva diversificada, a qual permite que os produtos manufaturados tenham uma participação expressiva, quando não majoritária, na pauta de exportações. Para tanto é necessário manter uma taxa de câmbio competitiva, ou seja, compatível com o equilíbrio industrial. Nesse caso, a economia irá manter um razoável grau de abertura ao comércio internacional; ao mesmo tempo em que permite um crescimento robusto do mercado doméstico. Alinhada à conclusão do autor acima está a relação feita entre doença holandesa, câmbio e desindustrialização, por Bresser-Pereira e Marconi (2008). Antes de avançar na argumentação da relação, o conceito de doença holandesa é: A doença holandesa é um fenômeno decorrente da existência de recursos naturais abundantes que geram vantagens comparativas ao país que os possui e, segundo mecanismos de mercado, podem levá-lo a se especializar na produção destes bens e não se industrializar ou terminar se industrializando, o que inibiria o processo de desenvolvimento econômico (BRESSER-PEREIRA; MARCONI, 30 2008. p. 7). Países que sofrem do distúrbio de mercado exposto acima tendem a equilibrar sua conta corrente de forma intertemporal com uma taxa de câmbio apreciada, dado que desfrutam de rendas ricardianas. Ou seja, um país que possua vantagem comparativa originada pela enorme disponibilidade de certo recurso natural, consegue tornar o preço dos bens ligados a este recurso competitivo no mercado externo a uma taxa de câmbio mais apreciada do que os bens produzidos nesta mesma economia que não tenham relação com a vantagem comparativa deste local (BRESSER-PEREIRA; MARCONI, 2008). Quando este cenário se realiza em uma economia, existirão duas taxas de câmbio concomitantemente: uma de equilíbrio corrente, a qual mantém a conta corrente devidamente balanceada, e outra de equilíbrio industrial sendo esta a taxa de câmbio que tornaria atrativo a produção daqueles bens comercializáveis diferentes daqueles beneficiados pelas rendas ricardianas (BRESSER-PEREIRA; MARCONI, 2008). Uma taxa de câmbio valorizada levará o país a se especializar cada vez mais naquilo que possui vantagem comparativa, ao mesmo tempo, a doença holandesa pressionará o câmbio em direção da valorização e, dito isto, os setores dinâmicos da indústria sofrerão choques negativos de competitividade e lucratividade tornando-os pouco atrativos aos olhos dos empresários. Conforme Bresser-Pereira (2007), a doença holandesa ao manter a taxa de câmbio valorizada, torna-se um obstáculo do lado da demanda reprimindo os investimentos das indústrias mesmo quando estas detém o conhecimento tecnológico. Sendo assim, esta falha de mercado é prejudicial ao desenvolvimento econômico, dada a importância dos investimentos produtivos no desenvolvimento de uma economia, seja através do aumento de produtividade e competitividade que o aumento de capital trazem, seja como base de sustentação do crescimento a longo prazo ao criar demanda e estrutura produtiva para o aumento do produto. Bhaduri e Marglin (apud GALA; MORI, 2009) elaboraram um modelo de curto prazo que mostra as influencias da taxa de câmbio sobre os investimentos através dos impactos que a primeira causa sobre o salário real e lucro capitalista. Através dessa relação, puderam-se gerar conclusões acerca do choque da variável câmbio no investimento agregado. 31 Antes da equação, apresentar-se-ão alguns pressupostos da teoria de Kaldor, Kalecki e Keynes que servem de base para sustentação do modelo, são eles: (1) trabalhador consome toda a sua renda, logo não tem poupança; (2) preços são formados a partir da regra de Mark-up sobre os custos do trabalho e (3) o nível de preços médio é uma ponderação entre os preços de bens comercializáveis e não-comercializáveis. A partir disto, Bhaduri e Marglin (apud GALA; MORI, 2009) chegam a seguinte função 2: ( ) ( ) Sendo: m o mark-up sobre os custos do trabalho; p os preços internacionais, substituindo os preços dos bens domésticos comercializáveis; pnt os preços dos bens não-comercializáveis; α o coeficiente entre 0 e 1; e é a taxa de câmbio nominal; b a produtividade; e w os salário nominal médio. Portanto, desvalorizações no câmbio aumentarão os preços internacionais em relação ao salário, consequentemente o salário real decrescerá para dado α tendo como contrapartida o aumento dos lucros, na hipótese de que elevações no salário nominal não ultrapassem o aumento de preço dos bens comercializáveis (GALA; MORI, 2009). O mesmo vale para o contrário, caso haja uma valorização do câmbio e as condicionantes do exemplo anteriores se mantenham, a tendência é de queda nos lucros. Bhaduri e Marglin (apud GALA; MORI, 2009) avançam então para a função investimentos: I = I(h, z), Ih > 0, Iz > 0 Seja I o nível de investimentos variando positivamente em relação a h, margem de lucro, e z, Nível de Utilização da Capacidade Instalada (NUCI). Para chegar-se a equação investimento, derivou-se parcialmente o nível da capacidade instalada pelas margens de lucro praticadas para encontrar a elasticidade do investi mento em bens de capital a lucratividade do empresário, assim: ( ( logo, 2 Ver a dedução da equação em Gala e Mori (2009). ) ) 32 Assumindo a condição de equilíbrio Keynesiana: (sh – Iz) > 0 Para sh igual a parcela de renda poupada pelo capitalista que é sempre maior do que zero, a variação da utilização da capacidade instalada variará com os movimentos da diferença entre (sh – Iz) (BHADURI; MARGLIN apud GALA; MORI, 2009). Desta forma, os impactos de variações no salário real se farão recessivos ou progressivos a economia dependendo da elasticidade do investimento aos lucros. No caso dos investimentos serem pouco elásticos a variações na margem de lucro, uma queda no salário real será prejudicial ao crescimento da economia, dado que os investimentos dos capitalistas não suprirão a queda de consumo provocada pela queda salarial. Doutra forma, uma elevada elasticidade dos investimentos à margem de lucro causará aumento na demanda agregada, via elevação da taxa de investimentos, e a economia será posta “numa trajetória do tipo investment-led growth” (GALA; MORI, 2009. p. 92). Trazendo o modelo para uma economia aberta, com as funções exportação e importação dependentes da taxa de câmbio e NUCI, o novo equilíbrio se dará por: (shz + M) = I(h,z) + E Tomando M como gasto com importações e E como o gasto com exportações, a elasticidade NUCI a margem de lucro fica: ( – sz)(gu + sh – Iz) Nesta equação g assume o papel de “participação inicial de importações e exportações sobre o produto” (GALA; MORI, 2009. p. 92) e u “a elasticidade do volume de importações sobre a capacidade instalada” (GALA; MORI, 2009. p. 92). Para tanto, se assumirá mais uma vez que (gu + sh – Iz) > 0 e, com isso, serão obtidas conclusões bastante próximas do que se observou com a economia fechada (GALA; MORI, 2009). Agora que a economia foi aberta, o impacto de uma desvalorização cambial se dará na redução do salário real que refletirá em aumento dos lucros dos empresários, incentivando o 33 investimento produtivo, assim o nível de renda será puxado pelo aumento de investimentos e exportações. Para tanto a hipótese da elevada elasticidade dos investimentos aos lucros ainda se faz necessária para que o cenário se realize (GALA; MORI, 2009). Torna-se claro, então, a relação entre: investimentos, câmbio e salários, a partir das equações apresentadas. A releitura do feita por Gala e Mori (2009) do modelo de Bhaduri e Marglin, corrobora com a ideia de que a taxa de câmbio deve ser mantida em um patamar que torne a indústria nacional competitiva no mercado externo, se a economia estiver buscando crescimento econômico sustentado pautado em investimento produtivo. Agrega ao debate a condicionante da elasticidade investimentos/lucro, o qual precisa ser suficiente para suprir a queda no consumo a partir de uma queda no salário real. 2.3 MÉTODO DOS MINIMOS QUADRADOS ORDINÁRIOS Uma análise de regressão busca estimar uma Função de Regressão Populacional (FRP) com base numa Função de Regressão Amostral (FRA) de forma que a segunda possa representar a primeira da forma mais fiel possível (GUJARATI, 2006). O método dos Mínimos Quadrados Ordinários (MQO) é uma das formas de encontrar FRA. Conforme Gujarati (2006), tal método, criado por Carl Friedrich Gauss, estima os parâmetros da FRA por meio da minimização da soma dos quadrados resíduos, ou seja, através desse método estatístico, para qualquer que seja a amostra testada os coeficientes estimados beta 1 e beta 2 serão aqueles que minimizam a soma dos quadrados dos resíduos. Portanto, através da aplicação do método do MQO, atinge-se o objetivo central de um modelo de regressão. Entretanto, como a intenção não é apenas encontrar os parâmetros estimados beta 1 e beta 2, mas também poder fazer inferências a respeito dos verdadeiros parâmetros, para garantir que a regressão apresente propriedades estatísticas interessantes, é necessário que os dados respeitem as premissas do “modelo de regressão linear clássico, gaussiano ou padrão” (GUJARATI, 2006. p. 53). A primeira das premissas é que a função deve ser linear nos parâmetros, não necessitando que o regressando Y e o regressor X sejam lineares. Assumindo essa hipótese como verdadeira garante-se que Y varia em relação a X de forma linear (GUJARATI, 2006). 34 Outra prerrogativa para eficácia do modelo é que os valores de X sejam independentes em relação ao termo do erro, ou seja, para cada valor de X, os valores médios, ou esperados, para a variação aleatória termo do erro ui é igual a zero (GUJARATI, 2006). Para que o modelo tenha validade estatística, também é necessário que haja ausência e heterocedasticidade, ou seja, ao longo de todas as observações a variância do termo do erro deve se manter constante. Isto implica que a distribuição em torno da média deve ser igual ao longo da amostra, de forma que todos os pontos da reta de regressão sejam confiáveis. Muito importante é avaliar a especificação do modelo. Este teste estatístico consiste em verificar se o modelo de regressão não está omitindo nenhuma variável importante, com o erro afetando sistematicamente o valor médio de Y, ou se está assumindo a forma funcional errada (GUJARATI, 2006). A premissa 5 apontada por Gujarati (2006) afirma não haver correlação entre os diversos termos do erro. Essa premissa é importante, pois caso haja correlação entre variação de Y será determinado de certa forma por e , a , e assim a média de Y teria influência do termo do erro, e não apenas de X. Por último, uma premissa que vale apena para as análises de regressão múltiplas é a de não haver presença de multicolinearidade. Conforme Gujarati (2006), em economia é muito comum que as variáveis explanatórias tenham relações de influencia entre elas, havendo, de certa forma, intensidades de multicolinearidade entre as variáveis. Portanto, afirma o autor que os impactos negativos aumentam a medida que aumenta a intensidade do problema. Em suma, em casos de multicolinearidade muito forte os erros-padrão tornam-se elevados e os coeficientes, por consequência, menos precisos. Pode haver casos do erro-padrão ser tão elevado que o parâmetro é estimado com sinal contrário, nestes casos o modelo está comprometido. Partindo do fato que as premissas foram respeitadas, o modelo de regressão gerado por MQO, apresenta as seguintes propriedades estatísticas, segundo o teorema de Gass-Markov: o coeficiente é linear, é não-tendencioso e perante todos os estimadores lineares não tendenciosos desse tipo, estes apresentam variância mínima, portanto, são estimadores eficientes. Conforme Gujarati (2006): “dadas às premissas do modelo clássico de regressão linear, os estimadores de mínimos quadrados da classe dos estimadores lineares não tendenciosos têm variância mínima, isto é, são o melhor estimador linear não tendencioso.” (GUJARATI, 2006. p. 65). 35 2.4 SÍNTESE CONCLUSIVA Partindo diretamente de autores keynesianos, o investimento agregado pode ter seu movimento analisado a partir do crescimento da renda agregada da economia, pois quanto mais promissora esta se mostrar, mais otimistas serão as projeções dos empresários capitalistas e consequentemente maior serão suas inversões em produção. Contudo, o próprio Keynes, quando vai tratar em sua Teoria Geral dos determinantes do investimento agregado, introduz uma explicação mais completa com alguns conceitos novos para a época. O autor parte do princípio que o investidor busca maximizar lucros e, por isto, quando ele necessita tomar a decisão de adquirir um novo bem de capital, faz uma comparação entre a taxa de desconto que iguala as expectativas de receitas futuras ao preço de oferta do determinado bem de capital com a média das taxas de juros vigentes no mercado financeiro. A taxa referida que iguala preço de demanda a preço de oferta foi denominado por Keynes de Eficiência Marginal do Capital. Dito isto, a taxa de juros média da economia precisa estar em patamares baixos para que se torne atrativo ao capitalista comprar o risco de investir em bens de capital e não alocar sua liquidez em ativos financeiros que remunerem juros. Trazendo o problema da identificação dos fatores explicativos do investimento para a atualidade, autores como Bresser-Pereira, Paulo Gala, Nelson Marconi e José Luis Oreiro, que seguem na mesmo linha heterodoxa de Keynes, trazem outras duas variáveis macroeconômicas para o cento do debate: a taxa de câmbio e os salários. A taxa de câmbio age sobre os investimentos sobre duas formas: propiciar competitividade à indústria interna, garantindo demanda externa para os bens produzidos internamente, e manter atrativa a lucratividade dos empresários via contenção do salário real. Os autores que mais debatem o câmbio como fator determinante de maiores taxas de investimento rechaçam a ideia de que moeda valorizada aumenta tais taxas por meio de Investimento Externo Direto (IED), quando na verdade ampliam o consumo, em grande parte, substituindo a poupança interna por externa, e concluem que a taxa de câmbio deve ser mantida num patamar de equilíbrio industrial, mais depreciado do que aquele que equilibra a balança de pagamentos, visto que o país sofre de doença holandesa. Já os salários, que também tem relação próxima com a taxa de câmbio, dado que taxas de câmbio aumentam os salários reais, devem crescer à medida que cresce a produtividade da economia, pois caso cresçam acima, pressionam os custos industriais, reduzindo a 36 lucratividade do empresário e com isso desestimulando o investimento por parte do mesmo. Entretanto, outra corrente teórica, adepta ao modelo de crescimento do tipo wage-led, acredita que aumentos sucessivos no salário real servirão como garantias de maior demanda para o empresário e serão benéficos a decisão de investir do empresário. Identificadas as variáveis e as premissas que servirão de base para o restante dos capítulos, passa-se então a um breve capítulo que contextualizará estas variáveis dentro do recente histórico da economia brasileira contemporânea, mais precisamente de 1995 a 2012, e logo em seguida aplicar-se-ão os testes estatísticos que verificarão como se apresentou a relação do investimento agregado com tais variáveis na economia local num período mais recente. 37 CAPÍTULO 3 – ECONOMIA BRASILEIRA DE 1995 A 2012 Neste capítulo será feita uma breve revisão da economia brasileira pós-Plano Real, focando-se no comportamento das variáveis levantadas no capítulo anterior: investimento agregado, PIB, taxa de juros, taxa de câmbio e salários. Desta forma traçar-se-á um paralelo entre os principais eventos que ocorreram no contexto econômico brasileiro neste período de inflação controlada e o movimento de tais variáveis. 3.1 GOVERNO FERNANDO HENRIQUE CARDOSO O contexto econômico vivido pela economia brasileira, após a implementação do plano Real, foi marcado pelo sucesso do governo na estabilização dos preços, com inflação trazida a patamares aceitáveis, a custa de déficit fiscal e crise da balança de pagamentos. O Plano Real foi elaborado e inserido pela equipe econômica do governo de Itamar Franco liderada por Fernando Henrique Cardoso (FHC), que no ano seguinte se elegeria como presidente da republica com mandato até 1998, sendo reeleito em 1999 para ficar no cargo até 2002. Os dois mandatos foram permeados por crises internacionais e por uma condução de política econômica liberalizante (GIAMBIAGI et. al., 2005). Logo em 1995, o foco do governo era o sucesso na contensão da inflação, visto que o consumo havia crescido fortemente pela estabilização inicial e a demanda já pressionava os preços para cima. Por isso, as sombras dos mal sucedidos planos de estabilização da década de 1980 e inicio da década 1990, a preocupação ainda era a estabilização monetária. Naquele ano, conforme Giambiagi et. al. (2005), a crise do México abalava os mercados internacionais e principalmente os emergentes, os quais tiveram restrições de crédito. Na economia brasileira houve pressão negativa na Balança de Pagamentos e arrefecimento da entrada de capitais estrangeiros. Resultado disto, somado a crescente demanda interna, foi à queda brutal das reservas internacionais, que em junho de 1994, quando foi lançado o Plano Real, eram de US$ 43 bilhões, em abril de 1995 já se encontrava na casa dos US$ 34 bilhões. A inflação no primeiro ano de FHC como presidente mostrava-se ainda resistente, fechando em junho de 1995, 12 meses de Plano Real, com um Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de 33% a.a.. O sucesso do plano adotado seria evidenciado em anos posteriores, contudo, o governo diante de uma deterioração da Balança de Pagamentos e preços subindo ainda com força, julgou necessário o lançamento de algumas medidas que 38 amenizassem esse dois problemas iniciais: (1) programa para desvalorização cambial controlada (micro desvalorizações), para conter os déficits na Balança de Pagamentos sem pressionar os preços; (2) elevação da taxa de juros nominal, com o intuito de trazer o capital estrangeiro para compensar os saldos negativos na conta comercial e, também, conter a pressão da demanda agregada sobre os preços (GIAMBIAGI et. al., 2005). As medidas adotadas resultaram em sucesso na contenção da inflação e recuperação das reservas internacionais no curto prazo. Isso só foi possível graças à combinação de elevadas taxas de juros com a recuperação rápida dos ânimos do sistema financeiro internacional, o qual reestabeleceu a alta liquidez mundial (GIAMBIAGI et. al., 2005). Facilmente pode-se ver no gráfico o sucesso que obtiveram as medida do governo sobre a inflação. Gráfico 1- Média trimestral do IPCA a.m. 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0 -0,5 Fonte: Elaboração com base em IPEADATA (2013). Conforme gráfico acima, nota-se que em 1995 há um movimento agudo de alta da inflação chegando ao segundo trimestre daquele ano a uma média de 2,45% a.m, porém, logo após a ação do governo, ainda no mesmo ano o movimento de queda surge permanecendo como tendência até meados de 1999, quando o Brasil não resiste à pressão especulativa sobre o real e deixa o câmbio flutuar permitindo forte desvalorização. Entretanto, paralelo ao êxito obtido na estabilização dos preços, a política macroeconômica adotada agravou problemas estruturais na economia brasileira: desequilíbrio externo crescente e seria crise fiscal (GIAMBIAGI et. al., 2005). O desequilíbrio externo se dava pelos grandes déficits em conta corrente oriundos do crescimento das importações e queda do desempenho das exportações. Entre 1995 a 1997 as 39 importações brasileiras em dólar cresceram a uma taxa de 21% a.a. enquanto as exportações subiram apenas 6,8% a.a.. Como agravante desta situação crítica na Balança de Pagamentos, pelo lado da conta corrente, o governo passou a partir de 1995 a financiar seus déficits comerciais através da entrada de capitais estrangeiros, IED, que fez ampliar a remessa de juros, lucros e dividendos ao exterior (GIAMBIAGI et. al., 2005). A razão principal do problema na Balança de Pagamentos encontrava-se na taxa de câmbio sobrevalorizada que o Brasil tinha adotado para ancorar os preços internos e segurar a inflação. No inicio do Plano Real a moeda brasileira não foi fixada ao dólar, como a Argentina fez, contudo mantida num patamar de valorização fora da realidade da economia local e possibilitando, ainda, apreciação nominal em relação à moeda norte-americana, chegando ao patamar de R$ 0,84/US$ ainda no fim de 1994 (GREMAUND; VASCONCELLOS; TONETO JUNIOR, 2008). O gráfico abaixo ilustra este período de valorização cambial que a economia brasileira vivenciou, bem como a desvalorização cambial ocorrida em 1999. Gráfico 2 - Taxa de câmbio R$/US$ (Venda) 4,00 3,50 3,00 2,50 2,00 1,50 1,00 0,50 0,00 Fonte: Elaboração com base em IPEADATA (2013). A manutenção de taxa de câmbio valorizada tinha como objetivo segurar os preços no mercado interno através da forte concorrência imposta pelos bens importados. Contudo, essa política foi eficaz ao conter a escalada inflacionaria dos bens tradeables, ou seja, aqueles quais se conseguem comercializar internacionalmente, já para os non-tradeables evidenciouse ineficaz tal medida e por isso tais bens conseguiam imprimir aumentos significativos de 40 preços mesmo com câmbio sobre apreciado (GREMAUND; VASCONCELLOS; TONETO JUNIOR, 2008). Conforme Gremaund, Vasconcellos e Toneto Junior (2008), o problema maior constava no fato do Brasil estar se endividando externamente sem que o capital entrante ampliasse a capacidade de pagamento futura do país. Com base numa análise da pauta de importação, foi fácil de analisar o financiamento externo do consumo brasileiro. Duas questões devem ser observadas no caso brasileiro em 1994. A primeira referese à pauta de importações[...] Apesar de todos os componentes terem crescidos em 1994 e 1995, os dois itens que apresentaram maiores aumentos foram: automóveis (208%) e bens de consumo (185%). Isto significa que uma parcela relevante da entrada de recursos direcionou-se para o financiamento de consumo, ou seja, para itens que não ampliaram a capacidade futura de pagamento do país (GREMAUND; VASCONCELLOS; TONETO JUNIOR, 2008, p.459). A política monetária tornou-se, no primeiro governo FHC, o principal instrumento de política econômica do governo, pois era através da manutenção das taxas de juros que o governo continha à demanda, tornava o país atraente ao capital estrangeiro para compensar os elevados déficits fiscais e conseguia manter a “âncora cambial”. Então, para que os juros cumprissem todas as suas funções, era necessário que se mantivesse em um patamar real bastante elevado. Porém, à medida que a inflação caia, os juros nominais acompanhavam a tendência, contudo, em momentos de grande instabilidade internacional, o governo se viu obrigado a dar choques de alta nos juros para conter a fuga de capitais e manter as reservas internacionais (GREMAUD; VASCONCELLOS; TONETO JUNIOR, 2008). Veja no gráfico abaixo que, além da crise mexicana ter refletido em elevação dos juros, em 1997 e meados de 1998, quando houve as crises asiática e russa, respectivamente, a taxa de juros apresentam movimentos acentuados de alta, quebrando a tendência de queda que se apresentava naquele período. 41 Gráfico 3 – Taxa de juros do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (SELIC) over a.a. 80,0 70,0 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 0,0 Fonte: Elaboração com base em IPEADATA (2013). O déficit público nominal de 1995 a 1998 foi de 7% a.a. em média, concomitante, segundo Gremaud, Vasconcellos e Toneto Junior (2008), a elevação na carga tributária e seguida de uma dívida pública crescente (GIAMBIAGI et. al. 2005). O déficit fiscal apresentou quadro de piora depois de 1994 e logo a resposta encontrada para o problema foi o aumento dos encargos com a dívida. Entretanto, os juros representaram apenas 1/3 da elevação da Necessidade de Financiamento do Setor Público, ao passo que a queda no superávit primário, que teve sua média contraída de 2,9% do PIB de 1991/94 para um déficit médio de 0,2% no período de 1995/98, foi responsável pela maior parcela do desequilíbrio fiscal (GREMAUD; VASCONCELLOS; TONETO JUNIOR, 2008). A economia Brasileira no primeiro governo FHC obteve melhora do quadro inflacionário, mostrando sucesso nas medidas do governo adotadas para atingir tal objetivo, contudo abriu mão do controle das contas fiscais e do equilíbrio da balança de pagamentos ao combinar política monetária restritiva, política fiscal expansionista e câmbio sobrevalorizado. As contrapartidas dos ganhos na manutenção dos preços viriam nas taxas pífias de crescimento econômico conduzido por níveis de investimento cadentes. Segundo Souza (2008), a expectativa do governo era de que com os preços controlados e instituições liberais consolidadas no Brasil, o capital estrangeiro seria atraído pelas grandes possibilidades da economia brasileira, ampliaria os investimentos em capital fixo, atualizaria o parque industrial, aumentaria a produtividade do setor exportador - através novos equipamentos - e consequentemente a competitividade externa da produção nacional, e, ao 42 fim, geraria saldos positivos no comércio internacional equilibrando as transações correntes. Contudo, não foi isso que se verificou. Durante todo o período de 1995 a 2002, apesar do boom do IED, a taxa de investimentos resultado da Formação Bruta de Capital Fixo em relação ao PIB teve tendência decrescente ao longo do tempo, às empresas multinacionais que aqui se instalaram se limitaram, na maior parte, a comprar parques fabris já prontos e inseriam-se em setores voltados a economia doméstica, sem qualquer vocação exportadora. Portanto, o ingresso de capital estrangeiro, em vez de sanar o problema da deterioração das contas externas, tornou a agravar a situação por dois motivos: primeiro porque elevou a parcela de remessas de lucros e dividendos ao exterior, passando de US$ 619,5 milhões nos anos de 1991/92 para uma media de 3,7 bilhões no primeiro biênio do governo FHC; em segundo lugar, o capital estrangeiro instalado voltado a atender a demanda interna exigiu ainda mais importações, pressionando os já agravados déficits em conta corrente (SOUZA, 2008). Gráfico 4 - Taxa de investimentos - média a.a. 20,0 19,0 18,0 17,0 16,0 15,0 14,0 13,0 12,0 Fonte: Elaboração com base em IPEADATA (2013). Conforme Rego e Marques (2006), a queda do investimento em capital fixo até janeiro de 1999 se dá pelos elevados juros que se mantinham na economia até o momento e câmbio demasiado valorizado, condições adversas para investimentos que mirem o longo prazo e dependam da competitividade externa de seus produtos para realizar lucratividade atraente. Portanto, os dólares que entravam neste período tiveram outra função, conforme excerto abaixo: 43 Constata-se que a vulnerabilidade externa decorrente do crescente déficit em conta corrente no balanço de pagamentos e a sua contrapartida representada pelo aumento da poupança externa têm financiado o consumo e não o investimento [...] (REGO; MARQUES, 2006. p. 226). A passagem do primeiro para o segundo mandato de FHC é marcado pela forte pressão especulativa sobre o câmbio, qual o governo não conseguiu segurar através da política monetária, sequer administrar uma desvalorização gradual. Veja no gráfico 2, que o quarto trimestre de 1998 fecha numa média de 1,20 R$/US$ e já no primeiro trimestre de 1999 esta média se eleva para 1,92 R$/US$ (IPEADATA, 2013). À medida que as crises internacionais ocorriam e a confiança do investidor estrangeiro nas economias emergentes caia, o governo se via obrigado a elevar os juros para manter os dólares dentro do Brasil, e assim, manter a âncora cambial sobre os preços, a vulnerabilidade econômica brasileira ficava cada vez mais evidente a olho nu e as especulações numa desvalorização do real vinham com mais força (REGO; MARQUES, 2006). Esses movimentos são fáceis de verificar ao comparar os Gráficos 4 e 5, quando nos anos 1995, 1997 e 1998 ocorreram as crises mexicana, asiática e russa, respectivamente e resultaram pressões de saída das reservas internacionais tendo como resposta elevações dos juros. Gráfico 5 - Reservas internacionais em milhões de dólares (1995 – 2003) 80.000,00 70.000,00 60.000,00 50.000,00 40.000,00 30.000,00 20.000,00 Fonte: Elaboração com base em IPEADATA (2013). Conforme visto anteriormente, em 1999 se tornava insustentável a manutenção do câmbio valorizado dado que o mercado não respondia mais aos juros elevados e as reservas internacionais estavam caindo em alta velocidade – ver gráfico 5 (GIAMBIAGI et. al., 2005). 44 A partir de então, a política econômica do Brasil passa a ser pautada por nova reestruturação institucional a partir dos acordos com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que se iniciaram ainda em 1998 e, com isso, a adoção do conhecido “tripé da política econômica”: regime de câmbio flutuante, sistema de metas de inflação e compromisso com superávit primário (GIAMBIAGI et. al., 2005). O quadro 1 torna claro a mudança de função da política monetária e do câmbio na economia após a desvalorização de 1999 e a adoção do conhecido tripé macroeconômico. Quadro 1 – Esquema ilustrativo da utilização das variáveis macroeconômicas câmbio e juros no combate a inflação e no equilíbrio das contas externas Período / Objetivo CONTENÇÃO DOS PREÇOS EQUILIBRIO DAS CONTAS EXTERNAS 1995 - 1999 Câmbio Juros Juros Câmbio pós - 1999 Fonte: Elaboração própria. Inicialmente os agentes do mercado internacional, bastantes receosos da capacidade do governo brasileiro de equilibrar suas contas, foram céticos com a promessa de cumprimento das metas estabelecidas no primeiro acordo com o FMI para renegociação das dívidas externas, e mantiveram a tendência de fuga de dólares da economia brasileira. Este problema foi contornado à medida que o governo apresentou medidas pontuais para aumentar sua credibilidade diante do mercado, ressalva para a entrada de Armínio Fraga na Presidência do Banco Central, profundo conhecedor do mercado financeiro e que introduziu os primeiros estudos sobre a adoção de metas de inflação no Banco Central do Brasil (BACEN), e a adoção de metas expressivas de superávit primário em relação ao PIB, quais foram de 3,10%, 3,25% e 3,35% para os anos de 1999 a 2001 (GIAMBIAGI et. al., 2005). A desvalorização cambial ocorrida em 1999 pouco afetou a inflação ao longo daquele ano e também dos dois próximos que viriam, mostrando que os mecanismos de indexação já haviam perdido a força, o governo melhorara sua imagem diante do mercado externo e as políticas econômicas contracionistas surtiam efeitos sobre a demanda mantendo a inflação estabilizada (GIAMBIAGI et. al., 2005). Assim, ainda naquele ano, a economia entraria numa curta trajetória de crescimento econômico, qual se encerraria em 2001 devido uma série de eventos que comprometeriam o desempenho do mercado interno e externo, são eles: a crise energética, os atentados de 11 de setembro e a crise argentina (GIAMBIAGI et. al., 2005). Com a rápida desvalorização do real ocorrida em 1999, a produção industrial de setores exportadores retomou um movimento crescente de atividade, impulsionando, desta forma, o 45 crescimento da economia. Já no ano de 2000 a produção industrial havia crescido 4,9% e o PIB 4,4% (SOUZA, 2008). Naquele biênio de 1999 e 2000, o bom desempenho do quadro externo favoreceu a retomada do crescimento do produto, mesmo que breve, pois a demanda interna estava reprimida pelos juros elevados, queda dos gastos do governo e contenção do aumento salarial, reflexos do primeiro acordo com o FMI. O Gráfico 6 mostra a evolução dos salários industriais de 1995 a 2012, dados retirados do IPEADATA (2013), e facilmente pode-se observar que no período de 1995 a 2003, quando houve avanço nas políticas liberais e o país esteve sobre tutela do FMI, o salário real industrial esteve em declínio, voltando a crescer a partir da entrada de Lula no governo. Gráfico 6 - Índice de Salário Real da Indústria (SRI) – média (2006=100) 130,0 120,0 110,0 100,0 90,0 80,0 70,0 60,0 Fonte: Elaboração com base em IPEADATA (2013). A crise de 2001 jogou um balde de água fria no que parecia a recuperação da economia brasileira. O Brasil, mesmo antes de 2001 já vinha sofrendo com uma dívida pública explosiva e com elevado passivo externo, passou, a partir de então, a ter de enfrentar também o protecionismo dos países desenvolvidos. Em consequência disto, as exportações caíram e a crise na balança de pagamentos mais uma vez se fez presente (SOUZA, 2008). O governo, então, apostou numa desvalorização cambial para melhorar o saldo comercial, porém o passivo externo cotado em moeda forte saltou de 52,65 para 58,37 bilhões de dólares de 2000 para 2001. Além disto, a dívida pública não ficara por menos e chegava em 2001 na marca de 51,5% do PIB (SOUZA, 2008). 46 Necessitou-se então, de 2001 a 2002, firmar mais dois acordos com o FMI, o que significou metas de superávit primário maiores e políticas monetárias contracionistas mais fortes. O segundo auxílio acordado com a instituição foi visando apenas garantir o pagamento de juros e encargos da divida externa (SOUZA, 2008). Segundo Souza (2008), o panorama do fim do segundo governo FHC não era nada bom com relação ao cenário externo, dado que: a desvalorização cambial era crescente e os investidores de portfólio estrangeiros, formados em maior parte por especuladores do câmbio, estavam ainda nervosos com a debilidade da economia brasileira. Uma das principais razões para o receio daqueles é a relação dívida/PIB em 2002 estar em 63,7%, posto que o FMI havia limitado o teto de 53%. Pedro Malan, Ministro da Fazenda naquela época, decidiu irrigar o mercado com 14 bilhões de dólares buscando conter a depreciação do dólar e elevou as metas de superávit primário para ganhar a simpatia do mercado internacional. Entretanto tais medidas não surtiram efeito e agravaram a crise cambial que o país vivenciava, pois já em julho de 2002 a moeda norte-americana era cotada em 3,4277, representando um aumento de 48,7% nos primeiros sete meses do ano. Dado que era ano de eleição, o Banco Central admitiu oficialmente, como resposta para a fuga de capitais que depreciava a moeda, a existência de um receio por parte dos investidores internacionais com a possível vitória de Luis Inácio Lula da Silva (Lula), candidato que representava ruptura com a ortodoxia (SOUZA, 2008). Portanto, no terceiro acordo com o FMI, foi exigido que os candidatos à presidência daquele ano assinassem um termo de anuência que garantisse a continuidade das “políticas economias sadias” tratadas com a instituição internacional, à custa de não serem liberados os 30 bilhões de dólares que o governo necessitava (SOUZA, 2008). Giambiagi et. al. (2005) faz um balanço do 2º governo FHC colocando do lado positivo a melhora do quadro fiscal, reflexo das metas de superávit primário, e melhora do quadro da crise no Balanço de Pagamentos e saldo em Conta corrente, visto a elevação nas exportações e queda relativa nas importações causadas pelo câmbio depreciado. Pelo lado negativo, ficam as baixas taxas de crescimento econômico e baixas taxas de investimento em capital fixo que se verificou no período. 47 3.2 GOVERNO LULA Lula foi eleito em 2002 sobre muitas suspeitas e instabilidade econômica. O mercado internacional estava aflito com um governante de esquerda que sempre defendeu a moratória no comando de uma nação bastante endividada externamente, por isso os dólares seguiam um fluxo intenso para fora mantendo o câmbio bastante depreciado e a inflação, em consequência disso, tinha voltado a assombrar os formuladores de política econômica (GREMAUD; VASCONCELLOS; TONETO JUNIOR, 2008). Contudo, o Partido dos Trabalhadores (PT) já em época de campanha, sob comando de Antônio Palocci – partidário bem visto pelo mercado - havia emitido a “Carta ao povo brasileiro”, documento no qual se buscava credibilidade com o mercado através do comprometimento da legenda em seguir as políticas econômicas ortodoxas que haviam estabilizado a economia, respeitar os contratos firmados, preservar os ajustes fiscais e garantir o pagamento dos juros. Ao entrar no governo, Lula dá outro bom sinal para o mercado ao nomear Henrique Meirelles como Presidente do Banco Central, ex-presidente mundial do Bank Boston. (GIAMBIAGI, et. al. 2005). Já em 2003, a confiança dos investidores internacionais é conquistada de vez pela equipe econômica do governo ao combater a tendência inflacionária com medidas bastante ortodoxas. Isto significou: elevação da taxa básica de juros, aumento da meta de superávit primário e valorização do câmbio. Porém, vale ressaltar que os bons resultados fiscais apresentados ao longo dos governos Lula, da mesma forma que fez FHC, se deram por aumentos paulatinos da carga tributária (GREMAUD; VASCONCELLOS; TONETO JUNIOR, 2008), isto é, a melhora do quadro fiscal ocorreu concomitantemente a uma política fiscal expansionista. Ao longo de todo o primeiro mandato do Governo Lula, o único componente dos gastos do governo que contraiu foi o investimento, ao passo que os gastos assistenciais, como bolsa família, e os gastos com previdência cresceram. Os custos desta decisão de política fiscal aparecem na elevada carga tributária imposta à sociedade juntamente de problemas em infraestrutura que recaem sobre a capacidade produtiva do país, inibindo os investimentos e resultando em pressão inflacionaria a cada aumento mais forte do consumo (GREMAUD; VASCONCELLOS; TONETO JUNIOR, 2008). Gremaud, Vansconcellos e Toneto Junior (2008) apontaram para a importância da taxa de câmbio na política monetária na condução da política econômica, dado que apreciações 48 cambiais seguravam a subida de preços e possibilitava a redução da taxa de juros, que apesar de atingir valores nominais relativamente baixos para a história recente do país, ainda era um dos mais altos comparados à média internacional, que em termo reais beirava os 11% a.a.. Entretanto, conforme os autores acima citados, Lula teve a sorte de um cenário externo bastante favorável, com o surgimento da China demandando elevadas quantias de commodities agrícolas e minerais, ao mesmo tempo em que se observava prosperidade nas economias centrais. Com câmbio desvalorizado, as exportações brasileiras se beneficiaram e os saldos comerciais tornaram-se superavitários. Outro fator de grande impacto positivo para a Balança comercial brasileira foram os saltos dos preços das commodities que estiveram em ascensão de 2003 até a metade de 2008. O gráfico 7 mostra o comportamento do preço geral das commodities ao longo dos dois mandatos de Lula. Já a Figura 2, deixa claro o peso que o boom internacional da demanda e preço das commodities teve na sustentação dos superávits comerciais, dado que os demais setores da indústria mostraram-se todos deficitários. Gráfico 7- Índice de preço geral das commodities (2002=100) 400,00 350,00 300,00 250,00 Governo Lula-1 200,00 150,00 100,00 50,00 0,00 Fonte: Elaboração com base em IPEADATA (2013). Governo Lula-2 49 Figura 2- Composição do saldo em conta corrente Fonte: Retirado da apresentação de Prates (2013). Ao longo do primeiro e do segundo mandato de Lula, até a crise de 2008, a conjuntura externa e interna estava favorável visto que: preços internos estavam estabilizados, os saldos comerciais eram crescentes, chegando a 46 bilhões de dólares em 2006, e as metas de superávit primário apresentavam-se acima das acordadas com o FMI, de 4,25% em 2006. Desta forma, houve uma enxurrada de dólares do mercado internacional para a economia brasileira, em época de elevada liquidez externa, que tornou a valorizar o câmbio, conforme pode-se notar no gráfico 2, e possibilitou ao governo adotar uma politica de aumento das reservas internacionais, como mostra o gráfico 8. Gráfico 8 - Reservas internacionais de 2003 a 2012 400.000,00 350.000,00 300.000,00 250.000,00 200.000,00 150.000,00 100.000,00 50.000,00 0,00 Fonte: Elaboração com base em IPEADATA (2013). 50 Entretanto, por melhor que estivesse o cenário externo, o crescimento brasileiro ficou aquém da media mundial e permaneceu instável, assim como ocorreu no período de FHC. Gremaud, Vasconcellos e Toneto Junior (2008) mostraram que de 2003 até 2006 a economia nacional havia crescido 2,62% a.a em média, enquanto a media mundial teria sido de 4,85%. Os autores explicam esse baixo crescimento devido às baixas taxas de investimento da economia brasileira neste período, que apesar de apresentarem certa recuperação, permaneciam baixas em relação à de outras economias, como as asiáticas. A seguir seguem duas tabelas que ajudam a enxergar o baixo nível de crescimento econômico verificado no Brasil pós-Plano Real (de 1995 a 2006), através de um comparativo com as demais economias do mundo, primeiramente das taxas de crescimento e posteriormente das taxas de investimento quais fundamentaram as primeiras. Tabela 1- Taxas médias de crescimento para o mundo, o Brasil e regiões selecionadas - 199506 PERÍODOS ECONOMIAS MUNDO AVANÇADAS (1) (2) TIGRES AMERICA ASIÁTICOS ÁFRICA LATINA (3) (4) OUTROS EMERGENTES BRASIL (5) 1995-06 4,0 2,7 4,8 4,1 2,9 5,7 2,4 2000-06 4,3 2,5 4,7 4,5 3,1 6,4 2,6 2003-06 4,9 2,7 4,6 5,2 4,3 7,3 2,6 Fonte: (DATHEIN, 2007). NOTA: os dados para 2006 foram estimados na época. (1) Consideram-se 174 países. (2) Consideram-se 29 economias: Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Chipre, Coréia do Sul, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hong Kong, Irlanda, Islândia, Israel, Itália, Japão, Luxemburgo, Nova Zelândia, Noruega, Portugal, Reino Unido, Cingapura, Suécia, Suíça e Taiwan. (3) Coréia do Sul, Cingapura, Hong Kong e Taiwan. (4) São 33 países do Hemisfério Ocidental, não incluindo EUA, Canadá e Cuba. (5) Outros mercados emergentes e países em desenvolvimento: 145 países (mundo menos as economias avançadas). Tabela 2- Taxas de Investimento para o mundo, o Brasil e regiões selecionadas - 1995-06 (%) PERÍODOS ECONOMIAS MUNDO AVANÇADAS (1) (2) TIGRES AMERICA ASIÁTICOS ÁFRICA LATINA (3) (4) OUTROS EMERGENTES BRASIL (5) 1995-06 22,1 21,2 27,7 20,4 20,9 25,3 19,4 2000-06 21,7 20,7 25,7 20,7 20,3 25,4 19,2 2003-06 21,9 20,6 25,5 21,5 20,4 26,5 19,4 Fonte: (DATHEIN, 2007). NOTA: 1. As taxas de investimento são iguais a investimento/PIB; 2. Os dados de 2006 são estimados. (1) Consideram-se 174 países. (2) Consideram-se 29 economias: Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Chipre, Coréia do Sul, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hong Kong, Irlanda, Islândia, Israel, Itália, Japão, Luxemburgo, Nova Zelândia, Noruega, Portugal, Reino Unido, Cingapura, Suécia, Suíça e Taiwan. (3) Coréia do Sul, Cingapura, Hong Kong e Taiwan. (4) São 33 países do Hemisfério Ocidental, não incluindo EUA, Canadá e Cuba. (5) Outros mercados emergentes e países em desenvolvimento: 145 países (mundo menos as economias avançadas). 51 Gentil e Araujo (2012) fazem uma análise bem similar sobre a forma como se deu o crescimento brasileiro pós-década de 1990. Para tais autores, a debilidade da economia brasileira em promover mudanças estruturais, ou seja, alterar a estrutura produtiva da economia tornando-a mais dinâmica e competitiva no mercado internacional, através de investimentos que ampliem a capacidade produtiva da economia, explica as taxas de crescimento oscilatórias e fracas que o Brasil vem apresentando ao longo do século XXI. Segundo tais autores, a queda na atividade industrial é outro fator preocupante que debela o crescimento econômico brasileiro. A indústria é o setor capaz de gerar economias de escala, promover inovações e multiplicar a renda através de suas extensas cadeias de valor, por isso a busca por um desempenho líder e acelerado deste setor deve fazer parte de qualquer projeto de desenvolvimento econômico. Contudo, o que se verificava na economia nacional era uma queda gradativa da participação da indústria no PIB. Este movimento regressivo na estrutura industrial brasileira teve forte relação com as politicas liberais adotadas no início da década de 1990 e ao ambiente interno que se manteve por quase todo o governo FHC e Lula, que não favorecia a indústria, sendo composto por: infraestrutura deficitária, tributação pesada, juros elevados e câmbio valorizado, uma combinação de indicadores macroeconômicos bastante negativos a competitividade externa e interna do setor industrial. Importante ver na figura abaixo que a queda da indústria nacional se deu de forma relativa, ou seja, cresceu no período de 2002 a 2013, mas sempre a um ritmo inferior a média mundial e com maiores dificuldades de recuperação que o restante do mundo. Vale salientar também que, por mais que a indústria tenha se recuperado em 2009 e 2010, o nível de atividade no período ilustrado nunca foi suficiente para fazer a taxa de investimentos superar os 19% a.a., e, além disso, após atingir o pico da recuperação naquele último ano, a indústria passou a mostrar sinais de fraqueza e falta de dinamismo ao apresentar estagnação e queda em relação ao mundo e América Latina como um todo. 52 Gráfico 9- Comparativo da evolução da produção industrial entre Brasil, mundo e América Latina Fonte: Arend (2013). Apesar de ter ocorrido uma contração relativa da indústria na economia brasileira, dado as políticas de juros altos e câmbio valorizado mantidas durante o governo Lula, criando cenário adverso às inversões industriais, os investimentos em capital fixo cresceram intensamente entre 2005 e setembro de 2008. Como mostra o gráfico 10, este movimento ocorreu porque alguns setores ligados as commodities minerais e agrícolas se beneficiaram com o boom dos preços no mercado internacional e da crescente demanda externa, e assim ampliaram seus investimentos num ritmo muito acima da média para conseguir suprir tal mercado – destaque para as commodities primárias agrícolas e extrativas e o petróleo. (BNDES apud GENTIL; ARAÚJO, 2012). Gráfico 10- Evolução dos investimentos industriais por setor 700,00% 600,00% 500,00% 400,00% 300,00% 200,00% 100,00% 0,00% Fonte: Elaboração com base em CEMACRO (2013). Commodities primárias agrícolas e extrativas Commodities indust. deriv. agríc. e extrat. (-) petróleo Manufaturados de baixa e média-baixa tecnologia Manufaturados de média-alta e alta tecnologia Petróleo Total 53 Conforme Beluzzo e Almeida apud Gentil e Araújo (2012, p. 16): A forte demanda chinesa por commodities e o elevado ingresso de liquidez internacional empurram o país para o déficit comercial dos setores industriais (com destaque para os déficits em produtos químicos, bens de capital mecânicos, equipamentos de rádio, teve e comunicações, veículos automotores) ao mesmo tempo em que o agronegócio e a mineração sustentavam um superávit no comercio exterior. Portanto, o Brasil tinha seu saldo em conta-corrente dependente de um cenário externo bastante favorável para conseguir cobrir os déficits em transações correntes de alguns ramos da indústria prejudicados pela conjuntura macroeconômica brasileira. Estes setores são justamente aqueles que Gentil e Araújo (2012) tratavam como os essenciais para dinamizar a economia, os que produzem bens de maior valor agregado e distribuem melhor a renda com suas cadeias de valor. Os dois mandatos de Lula são marcados também, além dos elevados saldos comerciais agraciados pela bonança do mercado externo, por uma política que remunerou o salário mínimo sempre acima da inflação, ou seja, o assalariado nesta época teve aumento da renda real em todos os anos, chegando a 12,1% no ano de 2006 (SALAMA, 2010). Segundo Salama (2010), o crescimento real da renda do trabalhador assalariado que houve durante o governo Lula juntamente da política expansionista de crédito a pessoa física, gerou uma explosão do consumo das famílias, respondendo, desta forma a 80% do crescimento do PIB entre 2005 e 2008. Entretanto, esses ganhos salariais não refletiam aumentos de produtividade, resultando em pressões inflacionarias que exigiam do governo medidas estabilizadoras (contracionistas) tanto em âmbito monetário como em âmbito fiscal. Reflexo disto eram elevações das altas taxas de juros e contenção de gastos do governo, mais especificamente investimentos, dado que as políticas assistencialistas se mantinham intactas (GENTIL; ARAUJO, 2012). Pois então, como elevar o nível de renda da população em geral sem que resulte em pressões inflacionárias? Com aumentos de produtividade, diriam Gentil e Araújo (2012). No gráfico abaixo, pode-se ver o impacto da política de aumento salário adotada ao longo do governo lula no aumento do custo unitário do trabalho. 54 Gráfico 11- Custo Unitário do Trabalho/Taxa Real Efetiva de Câmbio da Indústria de Transformação (Dez/01-Dez/11) Fonte: Retirado de Oreiro (2013a). De 2004 a 2009 as taxas de crescimento salariais foram maiores do que as taxas de crescimento da produtividade, com exceção de 2007, e, de 2002 a 2009, o ganho de produtividade da economia nacional foi de apenas 0,9%. Tais cifras apenas espelham o retrocesso relativo da produção industrial no Brasil, visto que são nos setores com maior grau de elaboração industrial que ocorrem os maiores ganhos de produtividade e deles surge a “maior capacidade de geração de renda e empregos” (GENTIL; ARAÚJO, 2012. p. 17). Conforme já foi exposto, a economia brasileira havia consolidado um mercado interno pujante, escorado em salários reais maiores e larga oferta de credito. No cenário externo, as exportações de commodities garantiam superávits na balança comercial, cobrindo os elevados níveis de importação de bens industrializados que a demanda interna aquecida exigia no cenário de câmbio valorizado. Também é importante destacar, conforme a UNCTAD apud Salama (2010), que o Brasil, até 2008, foi considerado o quarto destino preferido pelas quatrocentas empresas multinacionais mais importantes do mundo, de acordo com a Merrill Lynch, e o segundo mercado mais seguro do mundo, o que tornou a economia brasileira alvo de intensos fluxos de capitais, tanto de portfólio como de IED. Analisando a divida externa brasileira no período pré-crise, constatou-se uma diminuição da vulnerabilidade externa aparente, visto que a dívida externa bruta havia caído de 56,4% do PIB em 2001 para 20,6% do PIB em 2007. Contudo, havia uma maior fragilidade externa a 55 choques econômicos, pois em 2001 a porcentagem de investimento externo em portfólio, aquele com maior volatilidade, era de 9,9% da dívida externa, já em 2007 esses investimentos representavam 38,8% da dívida externa brasileira. A crise global de 2008 eclodiu no Brasil no quarto trimestre de 2008 e se manteve com força até o inicio de 2009, mas já revertendo à tendência dos indicadores no fim deste mesmo ano (PASTORE; PINOTTI; PAGANO, 2010). Conforme Pastore, Pinotti e Pagano (2010) a recessão provocada pela crise no Brasil durou apenas 2 trimestres, frente aos 4 na economia norte-americana. Os mecanismos de impacto sobre a economia brasileira foram basicamente dois: queda no preço e nas quantidades demandadas das commodities no mercado externo e trancamento dos fluxos financeiros do exterior para dentro do país, sendo estes: empréstimos a médio e longo prazos, compra de ações de empresas brasileiras e IED. Com isto, a capacidade de importar da economia brasileira diminuiu causando forte queda na taxa de investimentos, dado a dependência das empresas brasileiras de importação de bens de capital (PASTORE; PINOTTI, 2008). No gráfico 4 o movimento de queda dos investimentos é ilustrado, sendo que no terceiro trimestre de 2008 a taxa de investimentos era de 18,4% a.a., e passa para 14,8% a.a. no primeiro trimestre de 2009 (IPEADATA, 2013). A recuperação é rápida, conforme dito acima, pois a partir do 2º trimestre de 2009 os investimentos voltam a subir chegando no primeiro trimestre de 2010 já a taxa de 19,2% a.a. (IPEADATA, 2013), acima do que se apresentava logo antes da crise chegar aqui. O movimento de depreciação cambial ocorre ao natural, conforme Pastore e Pinotti (2008), com o câmbio flutuante, as reservas não absorveram totalmente o impacto e o dólar sai de R$ 1,73 no primeiro trimestre de 2008 para 2,39 no primeiro trimestre de 2009. Mas com o movimento de recuperação da economia ainda em 2009, o câmbio fechou o ano em 1,74. A recuperação da economia brasileira em 2009 se dá por meio do lançamento de medidas anticíclicas por parte do governo que atacavam as seguintes frentes: redução dos juros e redução do depósito compulsório, com intuito de dar liquidez a bancos pequenos e médios e manter a oferta de crédito (PASTORE; PINOTTI; PAGANO, 2010); política fiscal expansionista, através da redução do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) para linha branca da indústria e automóveis (TCU, 2013) e aumento dos gastos públicos correntes, como 56 aumento da folha salarial do funcionalismo público e dos benefícios da previdência (PASTORE; PINOTTI; PAGANO, 2010). Mesmo com as decisões do governo almejando ampliação do consumo, não foi possível conter uma queda no PIB em 2009, -0,3% (IPEADATA, 2013). Contudo, no ano seguinte a recuperação foi mais forte dado que o consumo se manteve aquecido e as empresas tornaram a elevar as taxas de investimento novamente, com isto, no ano de 2010, último ano do governo Lula, a economia apresentava crescimento de 7,5% (GENTIL; ARAÚJO, 2012). Salama (2010, p. 5) faz uma síntese de como foi à condução de política econômica do período Lula: Siendo esquemáticos, podríamos decir que el primer gobierno del presidente Lula realizó un saneamiento, con el costo del consecuente déficit social y a riesgo de marginar la economía en la arena mundial. El segundo gobierno fue más “desarrollista”, devolviendo al Estado un poder que había perdido después de la hiperinflación (1994), conservando numerosos aspectos ortodoxos (altas tasas de interés, apreciación de la moneda, poca inversión pública -aunque en aumento-, reforma fiscal moderada). 3.3 GOVERNO DILMA Dilma Rousseff, também do PT, foi eleita Presidente da República em 2010 sob otimismo econômico, oriundo do resultado da economia daquele ano (BRESSER-PEREIRA, 2013). Segundo Bresser-Pereira (2013), alguns analistas pensavam que o Brasil naquele ano havia encontrado o caminho para o desenvolvimento econômico, dado a ascensão das taxas de investimento no fim do segundo mandato de Lula, chegando a 19% - conforme visto na página 55 - e pelas taxas de crescimento terem sido de cerca de 4,5% a.a. ao longo dos oito anos de governo Lula. Em 2011, porém, a trajetória da economia já começa a declinar. A produção industrial que havia se recuperado em 2010 inicia um novo processo de queda no início de 2011, o nível de utilização da capacidade instalada cai e os investidores passam a ficar receosos na decisão de investir (BNDES apud GENTIL; ARAÚJO, 2012). O motivo pelo qual a economia brasileira iniciou tendência de queda encontra-se na piora do quadro da economia global. A Europa não se recuperava da crise do euro, suas economias principais apresentavam crescimentos nulos ou recessivos, e a economia norte-americana não apresentava melhora significativa, sendo assim, o quadro se resumia para o Brasil a demanda externa cadente. Analisando o gráfico 7 verificamos que a tendência de alta dos preços das 57 commodities cessa em 2011 e o governo já não pode contar com esse fator para elevar seus superávits comerciais (BRESSER-PEREIRA, 2013). O problema, segundo Bresser-Pereira (2013), encontra-se em velhos legados passado de governo em governo desde a criação do Real: taxas de juros elevadas e câmbio apreciado. Estes axiomas são os responsáveis por minar os projetos de investimento do empresário industrial colocando-o em condições desfavoráveis de competitividade com relação ao produto externo. Conforme o mesmo autor, alguns avanços foram dados a partir de 2011. O problema dos juros foi atacado pelo governo através de uma política de redução da SELIC, como se pode ver no gráfico 3, fechando o ano de 2012 com uma SELIC Over de 7,29% (IPEADATA, 2013) tornando assim o custo do capital mais próximo das realidades internacionais. Juntamente disto, o governo reduziu também a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) ao longo dos dois anos, situando-se abaixo da SELIC e da inflação, fechando o ano de 2011 a 6% a.a. (BNDES, 2013), enquanto o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechava em 6,5% a.a. (IPEADATA, 2013), e no ano de 2012 a TJLP fechou em 5% a.a. e o IPCA 5,87% a.a. respectivamente. É importante citar a TJLP, pois ela é o custo básico dos financiamentos concedidos pelo Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), ou seja, ao longo destes dois anos o governo tem cedido empréstimos a juros negativos. Contudo, permanece o problema do câmbio apreciado. Deste modo a indústria nacional não consegue avançar no mercado interno, posto que as importações tomam conta do mercado interno e do mercado externo, pois o produto chega no exterior com competitividade muito baixa (BRESSER-PEREIRA, 2013). Além disso, os custos de mão-de-obra, principalmente para a indústria manufatureira de baixo valor agregado, são maiores no mercado interno do que nos países mais competitivos (SALAMA, 2010). Posto isto, o problema da estrutura produtiva citada por Gentil e Araújo (2012) permanecia no governo Dilma, de forma que o crescimento do produto era instável, como nos governos anteriores, mas em níveis mais baixos 2,73% em 2011 e 0,9% em 2012. Observando brevemente o mercado de trabalho, o índice de salário real da indústria, como mostra o gráfico 6, indica ganhos reais ao trabalhador industrial, mas num ritmo bem abaixo daquele que se verificou no período governado por Lula. Já a taxa de desemprego, que fechou 2010, último ano do governo Lula, a uma taxa de 5,7% a.a., cairia a 4,7% em 2011 e 4,6% em 2012 (IPEADATA, 2013). 58 Portanto, no governo Dilma apareceu um problema bastante intrigante: crescimento econômico baixo com economia em pleno emprego e pressão inflacionária (BRESSER, 2013). Ou seja, o crescimento econômico permaneceu sendo puxado pelo consumo das famílias gerando pressão inflacionária sobre uma estrutura produtiva que se encontra defasada. Ficou o desafio para este novo governo de superar este entrave da economia e promover um ambiente propício aos investimentos, gerando demanda e estrutura de oferta e promovendo crescimento com preços estabilizados. 59 CAPÍTULO 4 – ANÁLISE QUANTITATIVA Após a identificação e contextualização dos fatores macroeconômicos determinantes do movimento da taxa de investimento agregado, neste capítulo será apresentado um modelo de Regressão Múltipla com Defasagens Distribuídas, calculado pelo método MQO com auxílio do software Gretl. O objetivo é: encontrar coeficientes que estimem o valor e o vetor de impacto de cada uma das defasagens temporais validadas estatisticamente das variáveis independentes – renda agregada, taxa de juros, câmbio e salário - sobre a taxa de investimento agregada. Depois de estimados e apresentados, passa-se a interpretação dos parâmetros com o auxílio dos marcos teóricos expostos no capítulo 2 e os eventos ocorridos na economia brasileira explicitados no capítulo 3. Sendo assim, o capítulo é composto por duas seções. Na primeira delas são apresentados os dados coletados para cada uma das variáveis e o tratamento devido da amostra. Na segunda seção, é apresentado o resultado da analise de regressão calculada juntamente da interpretação dos parâmetros estimados. 4.1 ANÁLISE DOS DADOS Os dados coletados como amostra das variáveis testada no modelo de regressão são: Taxa de investimentos: Taxa de investimento (preços 2006) - (% PIB) - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Sistema de Contas Nacionais Trimestrais Referência 2000 (IBGE/SCN 2000 Trim.) - SCN4_FBKFPIB904; Renda agregada: PIB (deflator: IPCA (preços segundo trimestre de 2006)) - R$ (milhões) - Banco Central do Brasil, Boletim, Seção Atividade Econômica (BCB Boletim/Ativ. Ec.) BM12_PIB12; Taxa de juros: Taxa de juros - Over / Selic - (% a.m.) - Banco Central do Brasil, Sistema Gerenciador de Séries Temporais (BCB outras/SGS) - GM366_TJOVER366; Câmbio: Taxa de câmbio - R$ / US$ - comercial - venda - fim período - R$ - Banco Central do Brasil, Boletim, Seção Balanço de Pagamentos (BCB Boletim/BP) BM12_ERVF12; Salário: Salário real - indústria - índice (média 2006 = 100) - SP - - - Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo, Levantamento de Conjuntura (Fiesp) – FIESP12_TSR12; 60 O intervalo temporal da amostra vai de 1995 a 2012, dado que a intenção inicial do trabalho era elaborar um modelo de regressão que compreendesse o período pós-Plano Real trabalhado no capitulo 3. Entretanto, não foi possível gerar uma FRA válida estatisticamente utilizando toda amostra, pois a variável dependente apresenta clara mudança estrutural a partir do segundo trimestre de 2003, ou seja, os coeficientes angulares apresentam valores diferentes para a amostra partida em dois, antes e depois desse determinado ponto amostral. A Figura B1 do APÊNDICE B ilustra uma forte quebra de tendência apresentada pelos dados e o Quadro B-1 comprova, através do Teste de Chow, a presença de falha estrutural no ponto da amostra destacado. Portanto, o modelo de regressão teve que ser estimado num período reduzido, que vai do segundo trimestre de 2003 ao quarto trimestre de 2012. Como a periodicidade das observações é trimestral, foi possível ultrapassar o número mínimo de pontos na amostra para poder calcular um modelo de regressão sem que houvesse o problema de “micronumerosidade”3. Para consulta da amostra utilizada para variável endógena e variáveis exógenas, ver ANEXO A e ANEXO B respectivamente. O PIB deflacionado pelo IPCA é a somatória do produto real gerado pela economia, mas também representa a soma de todas as rendas do país. A SELIC Overnight foi selecionada para representar os juros, devido esta ser a taxa básica de juros da economia brasileira operacionalizada diariamente no mercado SELIC, servindo de base para o restante do mercado. O Índice médio do Salário Real da Indústria representa, por um lado uma variável Proxy do consumo e, por outro o impacto de custo da remuneração do trabalhador industrial sobre os investimentos. Os demais dados, taxa de investimento e taxa de câmbio venda, foram selecionados num critério ad hoc por representarem por si só as respectivas variáveis. Entretanto, para comprovar a relação entre as variáveis independentes com a variável dependente, elaborou-se uma Matriz de correlação, conforme segue abaixo: 3 Ver mais em Gujarati (2006). 61 Tabela 3- Matriz de correlação Coeficientes de correlação, usando todas as observações 2003:2 - 2012:4 5% valor crítico (bilateral) = 0,3160 para n = 39 PIB Real SRI Selic Over Câmbio Tx. Investimento 1 0,9438 -0,8806 -0,8171 0,9438 PIB Real 1 -0,9166 -0,8856 0,9094 Índice SRI 1 0,8147 -0,8419 Selic Over 1 -0,8634 Câmbio 1 Tx. Investimento Fonte: Elaboração própria através do Gretl com dados do IPEADATA (2013). A Tabela 3 deixa claro que os dados coletados para as variáveis independentes registram forte correlação com a taxa de investimentos, porém, também pode-se observar a elevada correlação que os regressores apresentam entre si, indicando a possível ocorrência do problema de multicolinearidade na regressão, conforme abordado na seção 2.9. Porém, como será visto mais adiante, este não foi o caso. Com o objetivo de mensurar e amenizar os efeitos da crise financeira de 2008 sobre o modelo de regressão, cujo impacto sobre os dados pode causar problema de falha estrutural ao modelo, utilizou-se uma variável dummy, que apresenta o valor 1 para o quarto trimestre de 2008 e primeiro trimestre de 2009 e zero para os restantes. Estes dois trimestres foram selecionados para representar a crise no Brasil segundo sugestão do trabalho de Pastore, Pinotti e Pagano (2010). Coforme mostrou o Gráfico 4 no capítulo 3, a taxa de investimentos sofreu profunda queda no período referido, nos levando, portanto, a considerar a sugestão dos autores. Por último, como se está trabalhado com séries temporais, é importante que se verifique se as variáveis são estacionarias, isto é, se sua média, variância e covariância permanecem as mesmas, independente do ponto da amostra em que se estiver medindo-as. Uma variável estacionaria sempre tende a sua média, possibilitando que sejam feitas previsões (GUJARATI, 2006). Além disso, trabalhar com variáveis não-estacionarias traz o risco de se calcular uma regressão espúria (entre variáveis que não se espera qualquer tipo de relação) (GUJARATI, 2006). Por isso, foram aplicados testes de Dickey-Fuller aumentado para raízes unitárias nas amostras, através do software Gretl, buscando testar suas estacionariedades. Conforme o APÊNDICE C, os testes mostraram que, para os dados em seu estado natural, apenas a Selic apresentou esta característica a um nível de significância de 10%. Portanto, aplicou-se a 62 primeira diferença em cada uma das variáveis buscando estacioná-las, conforme sugere Gujarati (2006). Também, para que a interpretação dos parâmetros fosse mais interessante e não representasse variações em termos de primeiras diferenças, antes, se aplicou o logaritmo natural a cada uma delas, assim, os coeficientes resultantes representam o valor em pontos percentuais (p.p.) em que varia a taxa de investimentos para cada variação e um ponto percentual da variável independente. Após a transformação dos dados, as variáveis PIB e SRI ainda permaneceram nãoestacionárias ao nível de significância adotado anteriormente. Contudo, existe literatura prévia que fundamenta a relação entre tais variáveis e o investimento agregado, conforme foi apresentado no referencial teórico, reduzindo bastante a possibilidade de se estar mensurando uma relação espúria. Também, neste trabalho não se pretende utilizar o modelo de regressão para fazer previsões, portanto, o modelo ainda é valido para analisar o período especificado na amostra, conforme Gujarati (2006), dado que os coeficientes permanecem sendo os melhores estimadores lineares não-tendenciosos. 4.2 MODELO DE REGRESSÃO MULTIPLA COM DEFASAGENS DISTRIBUIDAS Para seleção das defasagens das variáveis de controle, utilizou-se o método de Hendry, que propõe uma especimetria a partir de um modelo com o maior número de defasagens temporais possíveis, para o modelo mais específico (GUJARATI, 2006). Abaixo segue a equação do modelo de Regressão Múltipla com Defasagens Distribuídas gerado com o auxílio do Software Gretl e apresentado na integra, junto de seus testes, no APÊNDICE D. Sendo: TxI = Taxa de investimento; Y = PIB Real; E = Taxa de câmbio; i = Taxa de juros; w = SRI; C = Dummy para crise de 2008; u = termo do erro; 63 Primeiramente, algumas ressalvas antes de iniciar as interpretações dos parâmetros: 1) Foi aplicado o teste de multicolinearidade no modelo encontrado, e segundo o APÊNDICE E, não se pode afirmar a presença de multicolinearidade entre os coeficientes dos regressores estimados, portanto, não se levou em consideração que os parâmetros estimados possam estar com erros oriundos de problemas de multicolinearidade quando interpretados; 2) O coeficiente linear não será desconsiderado do modelo mesmo que não sendo aceito a 10% de nível de significância, pois não há razões suficientes para crer que a reta de regressão passa pela origem. Dadas as devidas pontuações, pode-se afirmar, então, que o modelo explica com 99% de confiança cerca de 83% da variação do Investimento agregado no período estudado, tendo em vista o teste F e o R quadrado ajustado apresentados no APÊNDICE D. Iniciando a análise dos coeficientes angulares pela demanda agregada, o modelo evidenciou que variações de 1 ponto percentual no PIB real, ocorridas entre o segundo trimestre de 2003 e o último trimestre de 2012, provocaram em t-0 variação de 0,56 pontos percentuais sobre a taxa de investimento agregada, em t-1 0,38 pontos percentuais e em t-3 também 0,36 pontos percentuais. Para o câmbio, verificou-se impacto de -0,15 p.p. sobre o regressando para cada 1 p.p. de variação em t-1. A primeira defasagem da Selic também se mostrou significante e afetou negativamente as taxas de investimento no período analisado em -0,08 p.p.. O SRI mostrou-se estatisticamente válido com dois trimestres de defasagem, apenas, e seu coeficiente angular mostrou que o impacto sobre a taxa de investimentos foi de -0,25 p.p. para cada 1 p.p. variado neste indicador. A crise por si só afetou no período analisado -0,04 p.p. a taxa de investimentos agregada do país. Os parâmetros estimados em geral, mostraram que a taxa de investimento agregada do Brasil responde a oscilações de curto prazo, visto que todas as variáveis determinantes do investimento causavam reflexos no investimento a defasagens de no máximo três trimestres. A demanda agregada consolidou-se, neste modelo, como a variável mais importante para o crescimento do investimento agregado no Brasil, tanto pelo valor de seus coeficientes, tanto pelo número de defasagens que se mostraram significativas para explicar as oscilações ocorridas pela variável dependente no intervalo de tempo contido na amostra. Ademais, este resultado está afinado a base da teoria proposta por Keynes, pois na medida em que crescia a 64 demanda agregada, as projeções de receita naturalmente aumentavam e, assim, o empresário brasileiro era incentivado a aumentar a sua capacidade produtiva. Através da leitura destes coeficientes apenas, não se pode afirmar, ao certo, se foi a aquecida demanda interna que se fez presente durante o governo Lula que impulsionou os investimentos ou se foi o cenário externo favorável que incentivou o empresário a investir, mas analisando melhor os outros parâmetros, encontram-se indícios que podem esclarecer por qual lado a demanda se mostrou mais forte. Quando se volta a atenção novamente ao resultado obtido para o câmbio, a seguinte interpretação econômica surge instantaneamente: o câmbio valorizado, ao contrário do que se viu no capítulo 2, foi benéfico aos investimentos nacionais. Como isso foi possível? Será que a produtividade do Brasil cresceu de tal forma que o produto nacional conseguiu ser competitivo no mercado mundial mesmo com moeda valorizada? Conforme Gentil e Araújo (2012), esta hipótese é pouco provável que seja verdadeira. A causa dessa contradição, segundo Bresser-Pereira (2007), pode ser encontrada no fenômeno da doença holandesa das commodities. Voltando a seção 3.1 deste trabalho, facilmente pode-se entender que a relação FBKF/PIB só cresceu durante este período, porque os setores industriais ligados à exportação de commodities imprimiram taxas muito superiores às demais áreas da indústria brasileira. Segundo o autor, a competitividade natural que o Brasil tinha, e ainda têm na produção de bens primários, compensava qualquer efeito negativo que o câmbio pudesse causar e permitia que a taxa de câmbio de equilíbrio da balança de pagamentos fosse sobreapreciada. Portanto, apesar da taxa de investimento se manter praticamente estagnada durante o período analisado para os setores industriais tecnologicamente mais avançados, outros setores, como o do petróleo, apresentaram elevadas taxas de inversão, mesmo com o câmbio apreciado, elevando, assim, as taxas de investimento agregado. Todavia, a evolução da FBKF estava amarrada a apenas um setor da economia, conforme o gráfico 10, que dependia muito da demanda externa. Criou-se, então, uma limitação a evolução das taxas de investimento no Brasil, visto que os demais setores investiam pouco desde a década de 1990. Os juros imprimiram o sinal esperado pela teoria keynesiana, corroborando com a ideia de que juros baixos incentivam o aumento dos investimentos. A tendência dos dados já mostrava isto, posto que os juros durante quase todo o período Lula e início do governo Dilma mostraram-se cadentes ao passo que a variável dependente mostrava tendência contrária. Isto é, a queda dos juros na economia brasileira, possibilitou, ao longo do tempo, que cada vez 65 mais investimentos fossem viáveis a medida que suas EMgK se tornassem maiores do que os juros, conforme leitura da teoria keynesiana. Juros menores também significaram custos mais baixos do capital aos empresários, criando um ambiente mais propício a tomada de empréstimos. Os salários reais industriais crescentes também se apresentaram como freio aos investimentos, dado a natureza do sinal do parâmetro estimado pelo modelo. Este resultado está afinado ao discurso de Oreiro (2013) que coloca o modelo wage-led como limitado e prejudicial à indústria local. Ao que indica, então, a evolução dos salários reais na indústria inferiu um revés negativo mais expressivo sobre os investimentos, como um fator de custo as empresas, do que seu vetor positivo de mantenedor de demanda interna pode exercer. Desta forma, conforme Gentil e Araújo (2012), a evolução real da remuneração do trabalhador perante os passos curtos dados pela produtividade da industrial nacional, gerou problema de custo à indústria, principalmente as manufatureiras mão-de-obra intensiva (SALAMA, 2010), tornando o ambiente mais adverso a novas inversões em capital fixo. A análise do Gráfico 11 do capítulo 3, ratifica, portanto, o resultado alcançado. A variável binária Dummy, como era de se esperar, foi prejudicial à manutenção do crescimento da FBKF no Brasil. A crise econômica minou o otimismo do mercado internacional e gerou contração da demanda externa pelas commodities brasileiras. Por mais que a China permanecesse mantendo a sua parcela de demanda, grandes mercados como o europeu e o norte-americano perderam força e logo impactaram a economia nacional. 66 CAPÍTULO 5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste trabalho buscou-se identificar, em referenciais teóricos fundamentados basicamente nas ideias de Keynes, variáveis macroeconômicas capazes de afetar a decisão dos diversos agentes econômicos capazes de ampliar a Formação Bruta de Capital Fixo (FBKF) de determinada economia e, consequentemente, as perspectivas de crescimento sustentado desta no longo prazo. Após a identificação, testou-se, através de modelo de regressão com defasagens temporais, a relação das variáveis selecionadas com a taxa de investimento nominal da economia brasileira no período específico que vai de 2003 a 2012, encontrando-se assim, valores estimados dos parâmetros que representam os impactos individuais de cada uma dessas variáveis sobre o regressando. A Teoria Geral de Keynes, autor cujo incitou o primeiro modelo explicativo das variações do investimento, foi o ponto de partida da pesquisa. Para este autor, o investimento é o componente da demanda agregada mais importante e mais volátil, posto sua capacidade de determinar o nível de emprego da economia e, por sua vez, ser baseado nas expectativas do empresário quanto a demanda futura para seus bens e/ou serviços ofertados. A partir da teoria da Demanda Efetiva, autores keynesianos elaboraram uma função do investimento produtivo apenas em relação à demanda agregada, intitulado modelo do Acelerador de investimentos. Entretanto, o próprio Keynes havia formulado uma função diferente para o investimento. Para ele, o empresário capitalista encontra-se num trade-off contínuo entre gastar sua liquidez em capital produtivo ou aplicar em títulos do mercado financeiro. A primeira opção fornece rendas por meio da realização da produção de bens e serviços, a segunda gera rendimentos por meio de juros. Conclui o autor que o investimento produtivo somente valerá a pena ao capitalista quando as taxas de juros médias do mercado financeiro forem menores do que a Eficiência Marginal do Capital, que pode ser considerada a taxa que iguala o valor presente das rendas futuras provenientes de um bem de capital novo ao custo marginal da produção deste. Portanto, as taxas de juros sempre devem se manter baixas, para que o capitalista seja incentivado a todo instante a empregar capital no mercado produtivo, e desta forma, criar as bases para o crescimento econômico de médio e longo prazo. Também, autores nacionais, inseridos em um debate mais recente, trazem outras variáveis explicativas para entender o movimento da taxa de investimentos no Brasil, que como foi apresentado no estudo, é uma das taxas mais baixas do mundo. Estes autores, como é o 67 exemplo de Bresser-Pereira, Marconi e Gala, corroboram com noção básica keynesiana de que a demanda efetiva determina o nível de oferta. Partindo disto, o debate iniciou-se neste trabalho em torno da taxa de câmbio, visto sua função central na condução de investimentos em economias capitalistas globalizadas. A taxa de câmbio afeta os investimentos na medida em que torna o produto nacional competitivo no mercado externo e comprime o salário real em benefício da lucratividade do empresário (GALA; MORI, 2009). Países como o Brasil, deveriam administrar a taxa de câmbio num patamar tal que alavancassem a exportação de bens industrializados e incentivasse a inversão de capitais nos setores industriais capital-intensivos de alta tecnologia, pois são estes os ramos do mercado que mais agregam valor a economia e mantém o nível de emprego através de suas extensas cadeias de valor (BRESSER-PEREIRA; MARCONI, 2008). Nesta linha de raciocínio, os autores enfatizaram que o Brasil somente sustentava uma taxa de câmbio valorizada, em épocas mais recentes, devido a presença da doença holandesa provocada pela elevada vantagem comparativa que o país possui na produção de bens primários. Isto significa que os produtores brasileiros, deste tipo de bem, conseguem ofertar no mercado externo a um preço competitivo, mesmo com câmbio desfavorável as exportações, e, dado a quantidade produzida e o peso do comércio destes bens na balança comercial, esta anomalia permite que o país conviva com taxas de câmbio apreciadas. Outra relação observada com atenção por este mesmo nicho de autores, como Oreiro (2013), por exemplo, é a dos salários com o crescimento econômico no todo e, mais importante, os seus reflexos sobre a taxa de investimentos. Contudo, as conclusões apresentadas no trabalho acerca desta análise são dualizadas. Por um lado, existem os defensores de que a manutenção salários reais crescentes acima da taxa de crescimento da produtividade criam mercado interno bastante aquecido e incentiva o empresário por via de demanda efetiva em ascendência – modelo de crescimento tipo wage-led. Por outro lado, alguns outros autores defendem que este modelo é limitado e instável, pois reduz a competitividade da indústria nacional, dado o aumento do custo unitário do trabalho, e necessita de medidas protecionistas para garantir a lucratividade do empresário que não são sustentáveis no médio e longo prazo. Portanto, a alternativa para estes últimos é escorar o crescimento econômico na indústria voltada a exportação, cujo incentivaria o empresário por meio de um ambiente macroeconômico interno que garantiria a competitividade do produto nacional nos mercados 68 globais – modelo de crescimento tipo export-led. Volta-se então a necessidade de manutenção da taxa de câmbio. Posto isto, a análise do histórico da economia brasileira pós-Plano Real mostra através da exposição das baixas taxas de investimento da economia brasileira, que ainda não se conseguiu estabilizar a economia de fato. Por mais que o referido plano econômico tenha obtido sucesso incontestável na manutenção da inflação em patamares que permitam o crescimento do produto, isto se deu a um custo de piora do quadro fiscal e externo que exigiu medidas de política monetária e cambial que liquidaram a possibilidade de impulsionar os investimentos produtivos na economia. Como se viu em capítulos anteriores, as taxas de juros do Brasil ao longo de 1995 até 2012 mantiveram-se em patamares altos, mesmo com tendência decrescente, e a taxa de câmbio esteve sobrevalorizada durante a maioria do período analisado, mas sem esquecer a forte explosão depreciativa ocorrida em 1999 que findou com o apaziguamento dos mercados externos logo no início do governo Lula. Criou-se, então, adverso cenário a inversão de capitais privados no mercado produtivo. Soma-se a isto, a decrescente taxa de investimentos pública, que sucateou a infraestrutura brasileira, gerando ainda mais problemas a competitividade nacional – o clamado Custo-Brasil. O teste econométrico mostrou que o período de crescimento do governo Lula, sustentado pela onda de prosperidade internacional que ocorreu de 2002 a 2008, possibilitou o crescimento da taxa de investimento, apoiada nos ótimos saldos comerciais que os setores exportadores de commodities apresentavam, resultando em aumento expressivo das taxas de investimento em capital fixo destas industriais, mesmo a taxas de câmbio valorizadas. O crescimento econômico que se deu neste período aguçou o otimismo dos demais setores e disseminou a onda de investimentos a outros setores mais intensivos em capital, porém de forma mais modesta e voltada ao mercado interno. Todavia, apesar da taxa de investimento agregado ter crescido no período da amostra utilizada para rodar o modelo econométrico, esta não passou dos 20% a.a., mostrando que apenas recuperou as perdas da década de 1990, sem qualquer avanço significativo. Outra informação relevante que este modelo nos traz é a comprovação da ideia dos defensores do export-led de que os salários reais crescentes acima da produtividade causam mais impactos negativos no médio e longo prazo do que efeitos positivos. Também mostra que a política monetária expansionista apresentada pelo governo ao longo do período analisado pelo modelo, segundo trimestre de 2003 até o quarto trimestre de 2012, 69 provavelmente apresentaram reflexos positivos na determinação da taxa de investimentos da economia, seguindo o que diz a teoria keynesiana apresentada. Por fim, o estudo sobre o investimento no Brasil ainda merece aprofundamento. Neste trabalho as variáveis: demanda agregada, taxa de juros, taxa de câmbio e salários, mostraramse importantes na sua determinação e apontaram para alguns problemas estruturais na economia brasileira. Além do mais, este é um debate contemporâneo sobre os novos rumos da economia brasileira, e por isso exige ainda mais reflexão. 70 REFERÊNCIAS AREND, Marcelo. Texto Balizador da Mesa 5. In: DESAFIOS E OPORTUNIDADES DO DESENVOLVIMENTO, 1., 2013, Brasília. Desindustrialização, heterogeneidade e inércia da estrutura produtiva brasileira. Brasília: Reded, 2013. p. 0 - 0. Disponível em: <http://www.reded.net.br/index.php?option=com_jdownloads&Itemid=183&view=finish&ci d=231&catid=16&lang=pt>. Acesso em: 05 set. 2013. BLANCHARD, Olivier. Macroeconomia. 4. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. 602 p. BNDES. Taxa de Juros de Longo Prazo - TJLP. 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Acesso em: 22 out. 2013. 73 APÊNDICE [Apêndice A – Tabela comparativa de crescimento do PIB e taxa de investimento entre os períodos de 1970 a 1979 e 1990 a 1999] Tabela A-1 - Relação taxa de investimentos x crescimento PIB - comparativo entre década de 70 e 90 1970 a 1979 Taxa de investimento preços correntes (%) PIB 18,83 19,91 20,33 20,37 21,85 23,33 22,42 21,35 22,27 23,36 21,40 PIB var. real anual (% a.a.) 10,40 11,34 11,94 13,97 8,15 5,17 10,26 4,93 4,97 6,76 8,79 Fonte: Elaboração com base em IPEADATADATA . 1990 a 1999 Taxa de investimento preços correntes (%) PIB 20,66 18,11 18,42 19,28 20,75 18,32 16,87 17,37 16,97 15,66 18,24 PIB var. real anual (% a.a.) -4,35 1,03 -0,47 4,67 5,33 4,42 2,15 3,38 0,04 0,25 1,64 74 [Apêndice B – Teste de Chow para variável independente] Figura B-1- Distribuição dos resíduos da Regressão Taxa de investimento pelo tempo - 1995 à 2012 Fonte: Elaboração própria através do Gretl com dados do IPEADATA (2013). Quadro B-1- Teste de Chow para Taxa de Investimento de 1995 a 2012 Modelo 1: MQO, usando as observações 1995:1-2012:4 (T = 72) Variável dependente: Investimento Const Time Coeficiente Erro Padrão 15,414 0,357824 0,0178799 0,00851921 Média var. dependente Soma resíd. quadrados R-quadrado F(1, 70) Log da verossimilhança Critério de Schwarz rô 16,06660 157,9897 0,059201 4,404839 -130,4547 269,4627 0,870880 razão-t 43,0770 2,0988 p-valor <0,00001 0,03945 D.P. var. dependente E.P. da regressão R-quadrado ajustado P-valor(F) Critério de Akaike Critério Hannan-Quinn Durbin-Watson Teste de Chow para a falha estrutural na observação 2003:2 Hipótese nula: sem falha estrutural Estatística de teste: F(2, 68) = 90,9279 com p-valor = P(F(2, 68) > 90,9279) = 6,07943e-020 Fonte: Elaboração própria através do Gretl com dados do IPEADATA (2013). *** ** 1,537931 1,502330 0,045761 0,039446 264,9093 266,7220 0,220313 75 [Apêndice C – testes de Dickey-Fuller para raíz unitária] Teste Aumentado de Dickey-Fuller para Investimento incluindo 9 defasagens de (1-L)Investimento (o máximo foi 9) dimensão de amostragem 29 hipótese nula de raiz unitária: a = 1 teste com constante modelo: (1-L)y = b0 + (a-1)*y(-1) + ... + e coeficiente de 1ª ordem para e: -0,025 diferenças defasadas: F(9, 18) = 2,739 [0,0329] valor estimado de (a - 1): -0,0836097 estatística de teste: tau_c(1) = -0,957074 p-valor assintótico 0,7703 com constante e tendência modelo: (1-L)y = b0 + b1*t + (a-1)*y(-1) + ... + e coeficiente de 1ª ordem para e: 0,038 diferenças defasadas: F(8, 19) = 3,628 [0,0100] valor estimado de (a - 1): -1,85835 estatística de teste: tau_ct(1) = -2,92584 p-valor assintótico 0,1541 Teste Aumentado de Dickey-Fuller para PIB_Real incluindo 9 defasagens de (1-L)PIB_Def (o máximo foi 9) dimensão de amostragem 29 hipótese nula de raiz unitária: a = 1 teste com constante modelo: (1-L)y = b0 + (a-1)*y(-1) + ... + e coeficiente de 1ª ordem para e: -0,078 diferenças defasadas: F(9, 18) = 12,096 [0,0000] valor estimado de (a - 1): -0,0198856 estatística de teste: tau_c(1) = -0,474663 p-valor assintótico 0,8937 com constante e tendência modelo: (1-L)y = b0 + b1*t + (a-1)*y(-1) + ... + e coeficiente de 1ª ordem para e: 0,034 diferenças defasadas: F(8, 19) = 9,540 [0,0000] valor estimado de (a - 1): -1,59418 estatística de teste: tau_ct(1) = -2,93721 p-valor assintótico 0,1506 76 Teste Aumentado de Dickey-Fuller para Cambio_Venda incluindo 1 defasagem de (1-L)Cambio_Venda (o máximo foi 9) dimensão de amostragem 37 hipótese nula de raiz unitária: a = 1 teste com constante modelo: (1-L)y = b0 + (a-1)*y(-1) + ... + e coeficiente de 1ª ordem para e: 0,082 valor estimado de (a - 1): -0,108388 estatística de teste: tau_c(1) = -2,16285 p-valor assintótico 0,2202 com constante e tendência modelo: (1-L)y = b0 + b1*t + (a-1)*y(-1) + ... + e coeficiente de 1ª ordem para e: 0,074 valor estimado de (a - 1): -0,199026 estatística de teste: tau_ct(1) = -2,0953 p-valor assintótico 0,5479 Teste Aumentado de Dickey-Fuller para Selic_O incluindo 9 defasagens de (1-L)Selic_R (o máximo foi 9) dimensão de amostragem 29 hipótese nula de raiz unitária: a = 1 teste com constante modelo: (1-L)y = b0 + (a-1)*y(-1) + ... + e coeficiente de 1ª ordem para e: 0,030 diferenças defasadas: F(9, 18) = 1,855 [0,1264] valor estimado de (a - 1): -0,16529 estatística de teste: tau_c(1) = -3,77404 p-valor assintótico 0,003201 com constante e tendência modelo: (1-L)y = b0 + b1*t + (a-1)*y(-1) + ... + e coeficiente de 1ª ordem para e: 0,034 diferenças defasadas: F(9, 17) = 1,405 [0,2609] valor estimado de (a - 1): -0,196637 estatística de teste: tau_ct(1) = -1,35681 p-valor assintótico 0,8733 77 Teste Aumentado de Dickey-Fuller para SRI incluindo 8 defasagens de (1-L)SRI (o máximo foi 9) dimensão de amostragem 30 hipótese nula de raiz unitária: a = 1 teste com constante modelo: (1-L)y = b0 + (a-1)*y(-1) + ... + e coeficiente de 1ª ordem para e: -0,026 diferenças defasadas: F(8, 20) = 4,542 [0,0028] valor estimado de (a - 1): -0,155655 estatística de teste: tau_c(1) = -2,10695 p-valor assintótico 0,242 com constante e tendência modelo: (1-L)y = b0 + b1*t + (a-1)*y(-1) + ... + e coeficiente de 1ª ordem para e: -0,098 diferenças defasadas: F(8, 19) = 3,127 [0,0197] valor estimado de (a - 1): -0,38785 estatística de teste: tau_ct(1) = -1,97632 p-valor assintótico 0,6137 Teste Aumentado de Dickey-Fuller para ld_Investimen incluindo 8 defasagens de (1-L)ld_Investimen (o máximo foi 9) dimensão de amostragem 29 hipótese nula de raiz unitária: a = 1 teste com constante modelo: (1-L)y = b0 + (a-1)*y(-1) + ... + e coeficiente de 1ª ordem para e: -0,029 diferenças defasadas: F(8, 19) = 3,257 [0,0165] valor estimado de (a - 1): -2,73814 estatística de teste: tau_c(1) = -2,56956 p-valor assintótico 0,09938 com constante e tendência modelo: (1-L)y = b0 + b1*t + (a-1)*y(-1) + ... + e coeficiente de 1ª ordem para e: 0,022 diferenças defasadas: F(4, 26) = 6,360 [0,0010] valor estimado de (a - 1): -1,69284 estatística de teste: tau_ct(1) = -3,6563 p-valor assintótico 0,02531 78 Teste Aumentado de Dickey-Fuller para ld_PIB_Real incluindo 8 defasagens de (1-L)ld_PIB_Def (o máximo foi 9) dimensão de amostragem 29 hipótese nula de raiz unitária: a = 1 teste com constante modelo: (1-L)y = b0 + (a-1)*y(-1) + ... + e coeficiente de 1ª ordem para e: -0,093 diferenças defasadas: F(8, 19) = 11,927 [0,0000] valor estimado de (a - 1): -2,56748 estatística de teste: tau_c(1) = -2,37818 p-valor assintótico 0,148 com constante e tendência modelo: (1-L)y = b0 + b1*t + (a-1)*y(-1) + ... + e coeficiente de 1ª ordem para e: -0,110 diferenças defasadas: F(8, 18) = 12,183 [0,0000] valor estimado de (a - 1): -2,67257 estatística de teste: tau_ct(1) = -2,49688 p-valor assintótico 0,3297 Teste Aumentado de Dickey-Fuller para ld_SRI incluindo 7 defasagens de (1-L)ld_SRI (o máximo foi 9) dimensão de amostragem 30 hipótese nula de raiz unitária: a = 1 teste com constante modelo: (1-L)y = b0 + (a-1)*y(-1) + ... + e coeficiente de 1ª ordem para e: -0,012 diferenças defasadas: F(7, 21) = 3,194 [0,0182] valor estimado de (a - 1): -0,722769 estatística de teste: tau_c(1) = -1,00678 p-valor assintótico 0,7531 com constante e tendência modelo: (1-L)y = b0 + b1*t + (a-1)*y(-1) + ... + e coeficiente de 1ª ordem para e: 0,013 diferenças defasadas: F(7, 20) = 3,265 [0,0176] valor estimado de (a - 1): -1,75797 estatística de teste: tau_ct(1) = -1,71718 p-valor assintótico 0,7439 79 Teste Aumentado de Dickey-Fuller para ld_Cambio_Ven incluindo 1 defasagem de (1-L)ld_Cambio_Ven (o máximo foi 9) dimensão de amostragem 36 hipótese nula de raiz unitária: a = 1 teste com constante modelo: (1-L)y = b0 + (a-1)*y(-1) + ... + e coeficiente de 1ª ordem para e: -0,000 valor estimado de (a - 1): -0,924512 estatística de teste: tau_c(1) = -4,68406 p-valor assintótico 8,642e-005 com constante e tendência modelo: (1-L)y = b0 + b1*t + (a-1)*y(-1) + ... + e coeficiente de 1ª ordem para e: 0,004 diferenças defasadas: F(5, 24) = 2,023 [0,1114] valor estimado de (a - 1): -1,83757 estatística de teste: tau_ct(1) = -3,45897 p-valor assintótico 0,04391 Teste Aumentado de Dickey-Fuller para ld_Selic_O incluindo 4 defasagens de (1-L)ld_Selic_R (o máximo foi 9) dimensão de amostragem 33 hipótese nula de raiz unitária: a = 1 teste com constante modelo: (1-L)y = b0 + (a-1)*y(-1) + ... + e coeficiente de 1ª ordem para e: 0,000 diferenças defasadas: F(4, 27) = 2,782 [0,0468] valor estimado de (a - 1): -1,31492 estatística de teste: tau_c(1) = -4,49461 p-valor assintótico 0,0001 com constante e tendência modelo: (1-L)y = b0 + b1*t + (a-1)*y(-1) + ... + e coeficiente de 1ª ordem para e: -0,007 diferenças defasadas: F(4, 26) = 2,677 [0,0541] valor estimado de (a - 1): -1,33503 estatística de teste: tau_ct(1) = -4,42088 p-valor assintótico 0,001972 80 [Apêndice D – Modelo de regressão linear múltiplo e teste básicos de validação] Quadro D-1- Modelo de regressão linear múltiplo Modelo 1: MQO, usando as observações 2004:2-2012:4 (T = 35) Variável dependente: ld_Investimen const ld_PIB_Real ld_PIB_Real_1 ld_PIB_Real_3 ld_SRI_2 ld_Selic_O_1 ld_Cambio_V_1 Dummy Coeficiente Erro Padrão -0,00954924 0,006052 0,557383 0,104267 0,387517 0,0971337 0,364862 0,0854519 -0,25207 0,101477 -0,076902 0,044599 -0,1503 0,0626841 -0,0449654 0,0197751 Média var. dependente Soma resíd. quadrados R-quadrado F(7, 27) Log da verossimilhança Critério de Schwarz rô 0,006465 0,009659 0,870874 26,01407 93,75405 -159,0653 -0,025123 razão-t -1,5779 5,3457 3,9895 4,2698 -2,4840 -1,7243 -2,3977 -2,2738 p-valor 0,12624 0,00001 0,00045 0,00022 0,01949 0,09609 0,02368 0,03114 D.P. var. dependente E.P. da regressão R-quadrado ajustado P-valor(F) Critério de Akaike Critério Hannan-Quinn Durbin-Watson Fonte: Elaboração própria através do Gretl com dados do IPEADATA (2013). Teste de não-linearidade (quadrados) Hipótese nula: a relação é linear Estatística de teste: LM = 5,2881 com p-valor = P(Qui-quadrado(4) > 5,2881) = 0,258993 Teste RESET para especificação (apenas quadrados) Hipótese nula: a especificação é adequada Estatística de teste: F(1, 26) = 1,61182 com p-valor = P(F(1, 26) > 1,61182) = 0,215482 Teste de White para a heteroscedasticidade Hipótese nula: sem heteroscedasticidade Estatística de teste: LM = 7,31261 com p-valor = P(Qui-quadrado(11) > 7,31261) = 0,773232 Teste da normalidade dos resíduos Hipótese nula: o erro tem distribuição Normal Estatística de teste: Qui-quadrado(2) = 0,766961 com p-valor = 0,681485 Teste de Chow para a falha estrutural na observação 2007:3 Hipótese nula: sem falha estrutural *** *** *** ** * ** ** 0,046904 0,018914 0,837397 1,97e-10 -171,5081 -167,2129 1,971077 81 Estatística de teste: F(7, 20) = 1,85196 com p-valor = P(F(7, 20) > 1,85196) = 0,132246 Teste LM para autocorrelação até a ordem 19 Hipótese nula: sem autocorrelação Estatística de teste: LMF = 0,610923 com p-valor = P(F(19,8) > 0,610923) = 0,820229 82 [Apêndice E – teste de multicolinearidade] Quadro E-1 - Teste de Multicolinearidade do Modelo de Regressão Linear Múltiplo Fatores de Inflacionamento da Variância (VIF) Valor mínimo possível = 1,0 Valores > 10,0 podem indicar um problema de colinearidade ld_PIB_Real 2,757 ld_PIB_Def_1 2,528 ld_PIB_Def_3 1,938 ld_SRI_2 1,942 ld_Cambio_V_1 1,951 ld_Selic_O_1 1,377 Dummy_1 2,061 VIF(j) = 1/(1 - R(j)^2), onde R(j) é o coeficiente de correlação múltipla entre a variável j e a outra variável independente Propriedades da matriz X'X: Norma-1 = 40,487957 Determinante = 1,4594312e-005 Número de condição recíproca = 0,00031227422 Fonte: Elaboração própria através do Gretl. 83 ANEXOS [Anexo A – Média trimestral da taxa de investimento nominal (FBKF/PIB) ao ano] Data 1995 T1 1995 T2 1995 T3 1995 T4 1996 T1 1996 T2 1996 T3 1996 T4 1997 T1 1997 T2 1997 T3 1997 T4 1998 T1 1998 T2 1998 T3 1998 T4 1999 T1 1999 T2 1999 T3 1999 T4 2000 T1 2000 T2 2000 T3 2000 T4 2001 T1 2001 T2 2001 T3 2001 T4 2002 T1 2002 T2 2002 T3 2002 T4 2003 T1 2003 T2 2003 T3 2003 T4 Taxa de investimento 17,9960 17,3599 15,4954 14,9757 15,8956 16,5210 16,1419 16,7249 17,2475 17,5049 17,2401 16,7107 17,6421 17,5665 17,0180 16,2311 16,1585 15,9890 15,3644 15,1922 15,4521 16,0265 15,7597 15,8449 16,4609 15,9291 15,7329 14,4503 14,6084 14,3421 14,4780 14,3282 14,4332 13,1332 13,3900 13,5501 Data 2004 T1 2004 T2 2004 T3 2004 T4 2005 T1 2005 T2 2005 T3 2005 T4 2006 T1 2006 T2 2006 T3 2006 T4 2007 T1 2007 T2 2007 T3 2007 T4 2008 T1 2008 T2 2008 T3 2008 T4 2009 T1 2009 T2 2009 T3 2009 T4 2010 T1 2010 T2 2010 T3 2010 T4 2011 T1 2011 T2 2011 T3 2011 T4 2012 T1 2012 T2 2012 T3 2012 T4 Taxa de investimento 14,0261 13,9098 14,4763 13,8094 13,7965 13,9298 14,5552 14,1814 14,7940 14,5984 15,1448 15,0881 15,3707 15,6569 16,5524 16,3699 16,6205 17,1093 18,4242 16,8886 14,7689 15,1389 17,0111 17,5841 17,5422 17,6998 19,1335 18,5503 18,3181 18,1927 19,2001 18,6638 17,8072 17,4342 17,9646 17,5877 84 [Anexo B – Amostra das variáveis independentes trimestrais do segundo trimestre de 2002 ao quarto trimestre de 2012] Data PIB Real (milhões R$) Índice SRI (%) SELIC Over (%) Câmbio (R$/US$) 1995 T1 126.988,70 96,6057 16,89467 0,86317 1995 T2 128.506,18 100,0505 18,51308 0,91367 1995 T3 129.925,70 92,46589 15,7773 0,94700 1995 T4 136.331,80 93,46307 12,22191 0,96700 1996 T1 124.654,79 93,19111 9,698168 0,98360 1996 T2 131.274,68 92,16371 8,006329 0,99843 1996 T3 137.734,64 90,83414 7,477338 1,01653 1996 T4 150.454,89 92,34502 6,992452 1,03340 1997 T1 131.515,61 92,43567 6,268489 1,05230 1997 T2 140.620,20 94,15807 5,911202 1,07080 1997 T3 145.262,39 92,85872 5,777329 1,09047 1997 T4 150.926,43 93,70481 9,154528 1,10977 1998 T1 134.699,72 91,40827 8,194615 1,13050 1998 T2 145.749,04 92,3148 5,76596 1,15057 1998 T3 147.191,04 92,73785 6,632193 1,17530 1998 T4 148.265,06 93,49329 9,322581 1,20103 1999 T1 139.091,20 86,54324 8,747771 1,92333 1999 T2 150.772,79 85,72132 6,510586 1,71807 1999 T3 147.249,24 85,30129 4,899756 1,87580 1999 T4 156.790,17 86,08997 4,302863 1,88823 2000 T1 144.259,20 86,40726 4,16855 1,77273 2000 T2 154.757,47 89,32326 3,958822 1,81110 2000 T3 154.884,02 88,35629 3,561534 1,81397 2000 T4 162.084,77 92,45682 3,289744 1,94133 2001 T1 154.470,46 82,35333 3,091105 2,05930 2001 T2 160.582,92 83,6179 3,232909 2,28320 2001 T3 156.891,98 80,5843 3,638577 2,55143 2001 T4 163.905,51 80,373 3,466249 2,51873 2002 T1 157.608,77 79,40557 3,30739 2,36337 2002 T2 170.483,79 81,4478 3,294909 2,57630 2002 T3 166.852,86 79,18233 3,200795 3,44857 2002 T4 167.039,42 79,2275 3,23022 3,60493 2003 T1 156.695,81 73,40857 3,396104 3,48070 2003 T2 165.785,18 75,63943 3,419748 2,90913 2003 T3 167.371,16 76,64647 3,330544 2,95180 2003 T4 176.385,56 79,95887 2,57321 2,89827 2004 T1 166.137,97 78,36163 2,150672 2,92110 85 2004 T2 2004 T3 2004 T4 2005 T1 2005 T2 2005 T3 2005 T4 2006 T1 2006 T2 2006 T3 2006 T4 2007 T1 2007 T2 2007 T3 2007 T4 2008 T1 2008 T2 2008 T3 2008 T4 2009 T1 2009 T2 2009 T3 2009 T4 2010 T1 2010 T2 2010 T3 2010 T4 2011 T1 2011 T2 2011 T3 2011 T4 2012 T1 2012 T2 2012 T3 2012 T4 179.960,93 180.766,12 186.961,16 173.660,68 185.367,80 186.752,90 194.882,53 182.095,78 192.460,47 200.336,39 210.882,36 200.222,24 212.807,52 214.552,46 222.473,32 214.874,95 229.906,88 236.215,21 234.826,21 213.729,12 227.890,77 237.516,97 254.689,87 238.383,28 255.749,13 264.451,38 274.948,53 252.173,67 269.759,53 267.734,44 274.982,88 257.370,11 271.416,80 266.839,47 273.840,84 81,76387 83,21277 86,84097 83,24093 87,01517 88,3858 89,80243 92,0082 98,4046 98,0863 110,2644 102,4349 104,6098 104,405 109,0596 104,9852 109,4377 111,8528 113,2629 103,9883 105,467 107,2574 112,0263 106,5421 113,2485 115,0571 117,4507 109,1279 116,2264 118,2201 118,883 111,9682 116,9301 119,0187 119,4087 2,025449 2,059283 2,079137 2,14229 2,311595 2,433184 2,207531 2,056107 1,81986 1,769628 1,551699 1,488838 1,417175 1,338023 1,225522 1,172445 1,200467 1,361778 1,401599 1,220818 1,013458 0,936268 0,894444 0,846641 0,906527 1,044793 0,982768 0,99535 1,042785 1,111591 0,974146 0,899602 0,749975 0,660099 0,629211 (Continuação) 3,06043 2,93973 2,74720 2,62867 2,42850 2,32547 2,26733 2,17463 2,18467 2,16307 2,14927 2,09777 1,96300 1,89283 1,76633 1,73090 1,63617 1,70510 2,26180 2,33660 2,03430 1,84570 1,74523 1,82227 1,78293 1,73580 1,69457 1,65443 1,57143 1,66597 1,79173 1,75680 1,97847 2,03923 2,03130