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Banana verde e plantas podem ser úteis contra
inflamações intestinais
Entre os principais resultados está a descoberta de que uma dieta com farinha de banana
nanica verde pode impedir a inflamação intestinal em roedores
Matéria publicada em 02 de Maio de 2014
Uma pesquisa realizada no Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista
(Unesp), em Botucatu (SP), constatou a eficiência de produtos naturais derivados da
flora brasileira no tratamento das doenças inflamatórias intestinais (DII), como a
retocolite ulcerativa e a doença de Crohn. O estudo apresenta ainda novos marcadores
moleculares que podem ampliar a compreensão que se tem dessas doenças, cuja
etiologia ainda é desconhecida.
\"Trata-se de um projeto que consideramos audacioso por estudar tanto a doença em si,
priorizando alvos moleculares da ação de fármacos clássicos, como alvos
farmacológicos para novos produtos, como as cumarinas naturais e algumas plantas
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medicinais\", disse Luiz Claudio Di Stasi, responsável pela pesquisa \"Doença
inflamatória intestinal (DII): novos marcadores moleculares e atividade anti-inflamatória
intestinal de fármacos e produtos de origem vegetal\", realizada com apoio da Fapesp
(Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
Entre os principais resultados está a descoberta de que uma dieta com farinha de
banana nanica verde pode impedir a inflamação intestinal em roedores.
\"Consideramos a importância da microbiota intestinal na proteção contra o processo
inflamatório para propor o estudo de alguns produtos naturais adicionados à dieta, que
reunissem a capacidade de modular a microbiota intestinal previamente e agissem na
prevenção das recidivas dos sintomas da retocolite ulcerativa e da doença de Crohn\",
disse Di Stasi.
O grupo coordenado pelo pesquisador estudou vários agentes prebióticos – fibras que
servem de \"alimento\" para as bactérias intestinais benéficas, ajudando a organizar a
flora intestinal –, como a polidextrose e as fibras da banana nanica (Musa spp AAA)
verde, do jatobá-do-cerrado (Hymenaea stigonocarpa) e da taboa (Typha angustifolia).
O extrato da casca do caule do jatobá-do-cerrado e a farinha da polpa da fruta
apresentaram ação anti-inflamatória em ratos com inflamação intestinal induzida por
ácido trinitrobenzeno sulfônico (TNBS). De acordo com os resultados publicados no
Journal of Ethnopharmacology, \"os efeitos farmacológicos estão relacionados à
presença de compostos antioxidantes no extrato, como flavonoides, taninos
condensados e terpenos na casca e na polpa de frutos de jatobá-do-cerrado\".
O projeto também estudou várias concentrações da farinha produzida com o caule da
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taboa, planta aquática muito comum no Brasil, típica de brejos, manguezais e várzeas.
Verificou-se que, quando a farinha compõe 10% da dieta, há uma redução na lesão
provocada por DII, com efeitos nas aderências de órgãos adjacentes e na diarreia.
Esses efeitos estão relacionados à inibição de marcadores bioquímicos de inflamação
colônica, como a atividade das enzimas mieloperoxidase, liberada em resposta a
invasões microbianas, e fosfatase alcalina, que inibe o crescimento de bactérias
intestinais que estimulam a inflamação e impedem a translocação de microrganismos
para a corrente sanguínea, além de uma atenuação das atividades da glutationa, um
antioxidante hidrossolúvel.
\"A farinha do caule da taboa demonstrou ser tão eficaz quanto a prednisolona, fármaco
do grupo dos anti-inflamatórios esteroidais utilizado atualmente no tratamento de DII,
com a vantagem de não apresentar efeitos adversos e colaterais\", destacou Di Stasi.
Os estudos com a planta foram descritos em artigo publicado na BMC Complementary
and Alternative Medicine.
Em outro grupo de experimentos, o projeto estudou diferentes cumarinas naturais
isoladas e, entre os resultados, destacam-se os obtidos com a 4-metil-esculetina,
princípio ativo presente nas folhas e raízes de diversas espécies de plantas, entre as
quais as do gênero Mikania, que incluem diferentes plantas conhecidas no Brasil como
guaco.
A pesquisa, publicada nos periódicos científicos Chemico-Biological Interactions e
European Journal of Inflammation, demonstrou que a 4-metil-esculetina produz efeitos
semelhantes aos da prednisolona, e seus efeitos protetores estão relacionados à
capacidade de reduzir o estresse oxidativo do cólon e inibir a produção de citocinas pró-
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inflamatórias. A administração de metil-esculetina nos modelos da pesquisa exerceu
tanto efeitos preventivos quanto curativos, de acordo com o pesquisador.
Novos marcadores
Como as causas das DII ainda não são claras, uma maior compreensão dos
mecanismos que regulam a integridade da barreira intestinal e de sua função pode
ajudar a entender o modo de ação dos medicamentos atuais usados para tratamento.
Diante disso, o trabalho também estudou como a expressão da enzima heparanase, do
complexo proteico NF-kB, do gene hipoxantina fosforibosiltransferase (HPRT) e da
proteína HSP70 afeta a inflamação intestinal induzida por TNBS em ratos e os efeitos
anti-inflamatórios
dos
medicamentos
alopáticos
sulfassalazina,
prednisolona
e
azatioprina, possibilitando o entendimento de novos modos de ação desses fármacos.
\"Nossos resultados indicam que a heparanase, o NF-kB, a HSP70 e o gene HPRT são
alvos farmacológicos que devem ser considerados nos estudos de novos medicamentos
para tratar a inflamação intestinal, sendo alvos moleculares importantes que explicam
alguns dos aspectos da etiopatogenia das DII\", avaliou Di Stasi.
Os pesquisadores pretendem, agora, estudar algumas espécies de plantas alimentícias
da Amazônia como potenciais produtos prebióticos, que podem ser usados como
substrato de fermentação da flora benéfica do intestino com consequente aumento
dessas bactérias e de seus metabólitos, que possuem atividade imunomoduladora e antiinflamatória.
A ideia, de acordo com Di Stasi, é possibilitar a produção de alimentos funcionais,
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\"agregando valor a esses produtos, que já possuem apelo científico e comercial, e
ampliando as possibilidades de prevenção por meio de sua incorporação a uma dieta
preventiva de recidivas dessas doenças\".
O grupo também pretende aprofundar as pesquisas com as espécies já estudadas e
com as da Amazônia para avaliar se a microflora intestinal foi modulada, assim como
seus metabólitos, além de realizar estudos de sinergismos com fármacos envolvendo as
espécies mais promissoras, apontando novos alvos moleculares, obtendo dados que
podem continuar auxiliando na elucidação da etiologia das DII e indicando novas
estratégias de tratamento e prevenção.
Fonte: Hora de Decidir
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