“Eu odeio o meu corpo”, detesto sair em fotos”, “eu me sinto gorda

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Quando o espelho é o pior inimigo
“Eu odeio o meu corpo”, detesto sair em fotos”, “eu me sinto gorda”. Essas são apenas algumas
das frases ditas por Daiana Garbin, ex-repórter da TV Globo em seu primeiro vídeo para o YouTube.
A esposa do apresentador Tiago Leifert decidiu sair da emissora para se dedicar à criação do canal
EuVejo, no qual fala sobre problemas alimentares em um transtorno com o qual tem sofrido desde a
infância: a dismorfia corporal.
Ouvir uma confissão forte como esta vinda de uma moça tão linda pode parecer estranho. Mas a
verdade é que Daiana vem sofrendo muito com a doença, que ocasiona uma distorção da imagem.
A procura pela melhor estética corporal é algo que muitas pessoas buscam hoje em dia. Clínicas e
médicos cirurgiões são procurados para a realização de milhares de procedimentos. O problema
ocorre quando a busca vira uma grande preocupação, em alguns casos até uma obsessão. E acaba se
tornando também uma preocupação para médicos e especialistas.
Trata-se do Distúrbio de Dismorfismo Corporal, uma condição psicológica na qual a pessoa
apresenta uma excessiva preocupação com a aparência física, que interfere em sua rotina diária e
afeta as atividades sociais e profissionais da pessoa. Em casos mais extremos, pode causar
ansiedade e depressão. E o que era para ser um caso de tratamento psicológico, acaba virando um
procedimento cirúrgico. É muito comum uma pessoa que apresenta o Distúrbio procurar por um
médico cirurgião para “resolver” o seu problema.
Segundo a cirurgiã plástica Maria Julia Norton, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia
Plástica-RJ, "Notamos que um paciente sofre da doença quando observamos que ele está em
perfeitas condições físicas e estéticas, mas, ainda insatisfeito com sua aparência. Antes de
qualquer procedimento, há a necessidade de uma avaliação a fim de detectar possíveis
distúrbios psíquicos de auto aceitação” afirma Maria Julia, lembrando que uma cirurgia plástica,
pode solucionar um problema funcional ou estético do paciente. Mas não é o que acontece como
uma pessoa dismórfica. “Quando se trata de uma condição mental, o procedimento cirúrgico
não é a melhor opção. A condição pode se encontrar em um nível tão elevado que o
resultado estético não terá efeito nenhum para o paciente. Até porque a aparência física,
nestes casos, é o menor dos problemas.”
De acordo com a psicóloga e hipnoterapeuta Regina Nohra, a maior parte das pessoas dismórficas
enfrentam problemas sociais e sentem dificuldade para sair de casa, preferem roupas pretas
(porque tem a sensação de que a deixam mais magra) e deixam de usar roupas mais abertas por
achar que seu braço é grande demais. Além de deixarem de ir a restaurantes com amigos, por
exemplo. Todos esses problemas podem acarretar em algum tipo de
depressão.
De acordo com o cirurgião Guilherme Cravo, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia
Plástica-RJ, o dismorfismo é tão sério quanto a anorexia ou a bulimia. “O paciente transforma
pequenos defeitos, como uma pinta ou uma cicatriz, em algo monstruoso. Além disso, há
aqueles que se acham feios, mesmo sem apresentarem nenhuma anormalidade estética.”,
declara o especialista, explicando que mesmo se submetendo a vários tipos de cirurgias, o paciente
ainda não fica satisfeitos com o resultado.
O dismorfismo corporal não é uma doença nova. Ela vem sendo diagnosticada desde 1987 e foi
descrita pela primeira vez há meio século. Porém, muitas pessoas têm o distúrbio e não sabem.
“Geralmente, o tratamento é feito com antidepressivos e terapias. Se não tratado, o
paciente pode chegar ao suicídio” alega Regina Nohra.
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