avaliação quantitativa da população de neurônios - Mudi

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A7-AVALIAÇÃO QUANTITATIVA DA POPULAÇÃO DE NEURÔNIOS
MIOENTÉRICOS NADH DIAFORESE POSITIVOS DE RATOS
DIABÉTICOS SUPLEMENTADOS COM QUERCETINA
HATOUM1, Ualid Saleh; LEAL1, Jean Paulo Coelho; DE PAULA1, Anderson
Luiz; GALVANINI2, Paulo; ZANONI3, Jacqueline Nelisis; BUTTOW3, Nilza
Cristina; ALVES3, Angela Maria Pereira; ALVES3, Eder Paulo Belato
E-mail: [email protected]
1- Graduando em Medicina, Universidade Estadual de Maringá (UEM),
Maringá, Paraná.
2- Doutorando em Biologia Comparada, Universidade Estadual de Maringá
(UEM), Maringá, Paraná.
3- Doutor(a) em Biologia Celular, Universidade Estadual de Maringá (UEM),
Maringá, Paraná.
Resumo
No diabetes mellitus (DM) tem sido observado que a neurodegeneração
entérica é causada principalmente por elevados níveis de estresse oxidativo.
Considerando que o flavonóide quercetina é um potente agente antioxidante
e inibidor da aldose redutase, podendo ser útil no tratamento das
complicações neurológicas do diabetes; nosso objetivo foi avaliar
quantitativamente a população de neurônios mioentéricos NADH-diaforase
positivos (NADH-dp) do íleo de ratos diabéticos suplementados com
quercetina. Para isso, foram utilizados três grupos (n=5): grupo N: controle,
grupo D: diabético e grupo DQ: diabético suplementado com quercetina (200
mg/Kg de peso corporal. Aos 210 dias de idade, após eutanásia, o íleo
coletado foi submetido aos procedimentos rotineiros para evidenciar
neurônios pelo método da NADH-diaforase. Imagens dos preparados de
membrana do íleo foram obtidas através de microscópio de luz acoplado à
câmera de alta resolução. Foram contados corpos celulares dos neurônios
presentes em 32 imagens por animal, coletadas por amostragem da região
intermediária do íleo. A densidade neuronal foi expressa em neurônios/cm2.
Constatamos redução significante na densidade neuronal nos animais do
grupo D e DQ em relação aos do grupo N. Entretanto, a densidade neuronal
nos animais do grupo DQ foi maior que a do grupo D (p<0,05). A
suplementação com quercetina foi capaz de amenizar os danos causados
pelo estresse oxidativo gerado em decorrência do diabetes promovendo um
efeito neuroprotetor sobre os neurônios NADH-dp.
Palavras-chave: diabetes mellitus, neurônios mioentéricos, quercetina.
Introdução
Os neurônios do plexo mioentérico, localizados entre o estrato
longitudinal e circular da túnica muscular, apresentam variações
quantitativas, morfológicas, funcionais e neuroquímicas nos diferentes
segmentos do trato gastrintestinal e nas diversas espécies animais1,2.
Análises dos neurônios mioentéricos em animais com diabetes induzido por
estreptozootocina revelaram que esta patologia não afeta os neurônios
mioentéricos e seus neurotransmissores com a mesma intensidade e
extensão, sendo possível, por exemplo, verificar redução de alguns tipos de
neurotransmissores em alguns neurônios. Este efeito diferencial no tipo de
neurotransmissor acometido pelo DM tem sido relacionado ao estresse
oxidativo3,4. O estresse oxidativo ocorre quando há um aumento de certas
moléculas reativas ao oxigênio dentro das células5,6. Na neuropatia e em
outras complicações características do DM, o estresse oxidativo é
intensificado pela redução nos níveis das enzimas que participam do sistema
de defesa antioxidante como, por exemplo, superóxido dismutase6,
glutationa peroxidase, glutationa redutase e catalase7 e, também, pela
redução nos níveis de antioxidantes como o ácido ascórbico8, a glutationa e
a vitamina E9.
Estudos com ratos diabéticos induzidos pela droga estreptozootocina
tem demonstrado que o tratamento com antioxidantes pode prevenir o
desenvolvimento da neuropatia diabética experimental10, pois protege contra
os efeitos diretos e/ou indiretos da ação dos radicais livres sobre os
neurônios e células de Schwann11,12. Drogas que reduzam o estresse
oxidativo e/ou inibam a aldose redutase, podem ter papel diferencial no
tratamento das complicações neurológicas do diabetes. A quercetina é uma
destas substâncias e tem sido empregada em várias condições
experimentais, nas quais confirmam a sua atividade antioxidante.
Assim, o nosso objetivo foi avaliar quantitativamente a população de
neurônios mioentéricos NADH-diaforase positivos do íleo de ratos diabéticos
suplementados com quercetina.
Material e Métodos
Foram utilizados ratos adultos machos, da linhagem Wistar (Rattus
norvegicus) com 90 dias distribuídos nos grupos (n=5): N (controle); D
(diabético) e DQ (diabético quercetina). O período experimental teve duração
de 120 dias. A partir do terceiro dia após a injeção de estreptozootocina (35
mg/Kg peso corporal), com a confirmação do diabetes, os animais do grupo
DQ passaram a receber diariamente água acrescida de quercetina na
dosagem de 200 mg/Kg de peso corporal. Os animais dos grupos N e D
continuaram a receber água sem suplementação.
Após sacrifício e laparatomia os segmentos de íleo foram coletados e
preparados para a técnica histoquímica da NADH-diaforase. Os preparados
de membrana foram desidratados, diafanizados e montados entre lâmina e
lamínula. A densidade dos neurônios mioentéricos NADH-dp foi analisada
através de imagens obtidas por amostragem da região intermediária. Para
cada animal foram contados os corpos celulares dos neurônios presentes
em 32 imagens capturadas em objetiva de 20X. Os dados foram expressos
como neurônios/cm2. Os dados obtidos para densidade foram analisados em
bloco seguido pelo teste de Tukey. O nível de significância foi de 5%. Os
resultados obtidos são expressos como média ± erro padrão da média.
Resultados e Discussão
A análise da densidade da população de neurônios NADH-dp
demonstrou aumento significativo na densidade neuronal dos animais do
grupo DQ em relação aos do grupo D (p<0,05). É freqüente na literatura o
relato da diminuição da densidade neuronal em quadros de DM, comprovado
pela relação entre o grupo N e o grupo D (p<0.05). A redução na densidade
neuronal dos ratos diabéticos não suplementados com quercetina pode ser
atribuída à redução das defesas antioxidantes e à concomitante
intensificação do estresse oxidativo que gera radicais livres1. Estes podem
reagir com certos componentes das células, incluindo os nervos e causam
danos13. Ao analisar os dados dos animais suplementados com quercetina,
observa-se que a substância preveniu em parte a degeneração neuronal,
aproximando aos dados do grupo N. A menor perda destes neurônios nos
ratos do grupo DQ, quando comparada ao grupo D, pode ser atribuída às
propriedades antioxidantes da quercetina14 importantes para atenuar os
danos causados pelos níveis reduzidos de antioxidantes como vitaminas C,
E e glutationa (GSH) nos tecidos e no plasma de animais diabéticos15. Desta
maneira, a quercetina poderia estar promovendo a maior síntese de GSH,
reduzindo assim o estresse oxidativo intracelular e conferindo
neuroproteção.
Figura 1 – Gráfico comparativo da densidade neuronal (em neurônios NADHd
2
positivos/cm ) de animais dos grupos: normoglicêmicos (N), diabéticos (D) e diabéticos
suplementados com quercetina. Dados expressos como média ± EPM com n= 5 animais por
grupo. p<0,05 quando todos os grupos foram comparados entre si.
Conclusões
A suplementação com quercetina foi capaz de amenizar os danos
causados pelo estresse oxidativo gerado em decorrência do diabetes
promovendo um efeito neuroprotetor sobre os neurônios NADH-dp.
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