FLÁVIA ADRIANA DO NASCIMENTO IZABEL CRISTINA LOPES PARENTE CARDOSO TATIANA MARIA GOMES DA SILVA A CRIANÇA COM CÂNCER E O PRAZER DE LER: PROJETO DE MARKETING PARA A SALA DE LEITURA JOSUÉ DE CASTRO RECIFE 2006 FLÁVIA ADRIANA DO NASCIMENTO IZABEL CRISTINA LOPES PARENTE CARDOSO TATIANA MARIA GOMES DA SILVA A CRIANÇA COM CÂNCER E O PRAZER DE LER: PROJETO DE MARKETING PARA A SALA DE LEITURA JOSUÉ DE CASTRO Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Departamento de Ciência da Informação da Universidade Federal de Pernambuco com a finalidade de obter o grau de Bibliotecário sob a orientação da professora Cecília Prysthon e a coorientação de Hélio Monteiro. RECIFE 2006 Eu sou careca, mas, por favor, não tenha pena de mim que eu prometo não ter pena de você. [...] Para mim, e talvez só para mim, o vento na cara tem um gosto especial, uma manhã de céu azul é uma glória, e o sol se pondo é o ponto final de um dia que nunca vai de apagar da minha memória. Talvez por Ter ficado careca aos doze anos também fiquei mais sábio, como se perdendo os cabelos me fizessem pensar melhor, como os velhos, depois de muitos anos, como os que têm câncer depois de poucos meses. (Ruy Lindenberg, Recado de um guri muito especial) LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS CEHOPE – Centro de Hematologia Pediátrica de Pernambuco HC – Hospital do Câncer HEMOPE – Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Estado de Pernambuco HUOC – Hospital Universitário Oswaldo Cruz IMIP – Instituto Materno Infantil de Pernambuco NACC – Núcleo de Apoio a Criança com Câncer SLJC – Sala de Leitura Josué de Castro SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 6 2 A ORGANIZAÇÃO DO ACERVO DA SALA DE LEITURA............................. 7 3 A IMPORTÂNCIA DO ACERVO DA SLJC....................................................... .10 4 A LEITURA E A LUDICIDADE.......................................................................... ..12 5 HORA DO CONTO ................................................................................................. 14 5.1 OUVIR HISTÓRIAS: UMA FUNÇÃO TERAPÊUTICA .................................. 15 6 O DESENHO E O LÚDICO.................................................................................... 17 7 BENEFÍCIOS DA SALA DE LEITURA NO NACC............................................ 19 8 ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL BIBLIOTECÁRIO ........................................ 21 9 MARKETING........................................................................................................... 24 10 O MARKETING EM UNIDADES DE INFORMAÇÃO ................................... 25 11 AÇÕES DE MARKETING NA SALA DE LEITURA ...................................... 27 12 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................. 32 REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 34 APÊNDICES ................................................................................................................36 ANEXOS ......................................................................................................................52 6 1 INTRODUÇÃO A Sala de Leitura Josué de Castro é um dos ambientes que compõem o NACC (Núcleo de Apoio à Criança com Câncer), uma instituição filantrópica fundada há vinte anos, com a finalidade de dar suporte aos pacientes e familiares junto aos serviços de oncologia pediátrica que são realizados nos seguintes hospitais do Recife: HEMOPE (Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Estado de Pernambuco), IMIP (Instituto Materno Infantil de Pernambuco), HC (Hospital do Câncer) e HUOC (Hospital Universitário Oswaldo Cruz). A Sala de Leitura do NACC foi inaugurada pelo Instituto Oldemburg de Desenvolvimento e pelo Grupo Record no dia 26 de novembro de 2004. A Sala de Leitura Josué de Castro homenageia este grande escritor pernambucano. Tem por objetivo proporcionar um envolvimento maior entre as crianças e o livro, não apenas como um simples incentivo a leitura, mas levar à descoberta do prazer de ler, de experimentar a literatura através dos contos infantis e proporcionar através do lúdico uma redução do stress, medos e ansiedades comuns no decorrer do tratamento oncológico. O Projeto de Marketing voltado para Sala de Leitura Josué de Castro surgiu a partir da constatação das deficiências observadas ao longo do seu primeiro ano de funcionamento, tais como: a falta de divulgação da Sala entre os pacientes e seus familiares alojados no NACC; a não continuidade da organização do acervo dificultando seu acesso e uso e a necessidade de recursos humanos para realização das atividades lúdicas de leitura com as crianças. Este projeto tem por objetivo a implementação de um programa de marketing para promoção do espaço e o estímulo aos usuários para usufruírem da diversidade dos recursos informacionais, vivenciando a ludicidade da leitura. 7 2 A ORGANIZAÇÃO DO ACERVO DA SALA DE LEITURA JOSUÉ DE CASTRO O acervo da Sala de Leitura Josué de Castro (SLJC) é composto basicamente de livros de literatura infanto-juvenil, além de títulos nas áreas de psicologia, sociologia, história, filosofia, entre outros diversos materiais (vídeos, gibis, etc.). A organização do acervo encontra-se inacabada, pois o tratamento foi dado apenas aos primeiros livros recebidos na inauguração da sala. Para dar continuidade a este trabalho, seguiu-se a organização que já existia: • Classificação e organização: os livros são classificados de acordo com o assunto principal em classes gerais e são arrumados nas estantes de acordo com o número de ordenação. Cada livro foi numerado seqüencialmente de acordo com sua ordem de chegada e organizado na prateleira desta forma. Caso seja necessário, cada título com mais de um exemplar, terá também o número do exemplar, sendo este especificado abaixo do número de classificação (na etiqueta do livro). Localização da etiqueta Número de ordenação 84 32 ex. 2 8 • Recuperação da informação: É realizada através das tabelas auxiliares onde os livros estão listados em ordem alfabética de autor, de título e de assunto. Nestas mesmas tabelas, junto a esses dados, são descritos os números de ISBN, classificação, local de publicação, editora, ano, entre outros. Em uma biblioteca, o usuário busca por um livro de um autor, título ou assunto específico, e para que ele possa localizar com facilidade este livro (ou a informação desejada), o acervo deverá estar bem organizado e preparado de modo a facilitar o seu acesso. De acordo com Prado (2003, p.27), o bibliotecário precisa pôr o leitor em contato com o material bibliográfico adequado às suas necessidades e interesses. Quando pensamos em organização de uma biblioteca e de seu acervo não estamos nos referindo apenas no que diz respeito ao material bibliográfico, é importante também preocupar-se com o acondicionamento deste material, com a distribuição no espaço físico, com a seleção e aquisição de novos materiais, que no caso do NACC são realizadas em sua maioria através de doações. Sendo assim, todas essas medidas são importantes para o bem estar e conforto dos usuários de determinado centro de informação. O espaço da Sala de Leitura é uma adaptação de um quarto feito anteriormente para hospedar os pacientes do NACC, sendo este pequeno, um dos desafios para a sala é disponibilizar ainda mais espaço, pois se tratando de um local destinado especialmente às crianças, quanto mais liberdade de locomoção elas tiverem, será melhor para o desempenho de suas atividades. Atualmente as estantes encontram-se encostadas na parede, não havendo problemas de circulação dentro da Sala. Segundo Prado (2003, p.129) deve existir uma preocupação com o conforto do usuário: 9 [...] a preocupação, o conforto do usuário e o aproveitamento racional do espaço. Bibliotecas em edifício próprio são casos raros. Algumas salas destinadas à biblioteca em edifício de organizações diversas já é uma situação bastante satisfatória. Este é o caso da sala do NACC, que é um espaço cedido dentro da própria instituição. A maior parte do material adquirido para o acervo, é doado por alguém ou alguma instituição sensibilizada com o trabalho desenvolvido pelos voluntários da sala. As doações para o NACC, são compostas de diversos materiais bibliográficos, de várias áreas do conhecimento, sendo encaminhados para outras instituições e bibliotecas aqueles que não serão aproveitados para o fim maior da sala. O objetivo desta é levar o lúdico às crianças e trazer das mesmas, alegria e satisfação através da literatura infanto-juvenil; busca ainda proporcionar uma boa leitura, através de obras da literatura nacional, literatura mundial clássica e literatura “não-clássica” aos pais e parentes destas. No período de implantação do projeto pode-se observar a chegada de várias doações. Constatou-se que muitas delas constavam de livros didáticos, enciclopédias, livros de direito desatualizados, material de áudio e vídeo, material de informática, etc. Estes materiais seriam melhor aproveitados em outros tipos de bibliotecas que têm objetivos diferentes dos da SLJC. Como as bibliotecas públicas e as bibliotecas especializadas, por exemplo, sendo assim passamos a encaminhar com a autorização do responsável, esses materiais através de ofícios assinados por ambas as partes. 10 3 A IMPORTÂNCIA DO ACERVO DA SLJC As crianças e adolescentes do NACC dividem seu tempo entre muitas tarefas e quando chegam à Sala de Leitura procuram por histórias que lhes agradam, sendo muitas delas já bem conhecidas (Os três porquinhos, Chapeuzinho vermelho, Branca de neve e os sete anões, O rei leão, A bela e a fera, João e Maria, entre outras). Por isso, o acervo está sendo preparado visando seu público alvo, ou seja, o usuário no qual ele atende e seus interesses de leitura e conhecimento, sendo imprescindível organizá-lo voltando-se para o atendimento de suas necessidades. Prado (2003, p.27) acrescenta que: Cabe à biblioteca promover o uso do acervo. Assim, deve possuir livros que possam contribuir para a cultura geral do leitor, livros de ficção, que constituem a parte recreativa da biblioteca, e livros que não são propriamente para serem lidos. A função recreativa é uma das funções da SLJC, pois as crianças não vêm somente para ler, elas vêm também para desenhar, pintar, enfim, expressar-se de várias maneiras, o que prova que o trabalho da Sala de Leitura transcende o foco da leitura e busca o bem estar das crianças. É no bem estar do usuário que se conquista mais um leitor. Lajolo (2001, p. 44) explica isso com mais detalhes em um de seus livros: A literatura é por sua vez porta para variados mundos que nascem das várias leituras que dela se fazem. Os mundos que ela cria não se desfazem na última página do livro, na última frase da canção, na última fala da representação [...] Permanecem no leitor, incorporados como vivência, marcos da história de cada um. Tudo o que lemos nos marca. É importante ressaltar que quanto mais a criança lê, mais curiosidades surgem a respeito de diversos assuntos, deste modo pode-se dizer que são através destas curiosidades que se despertam o interesse pelo conhecimento, podendo surgir dúvidas e esclarecimentos a respeito da sua própria doença. 11 Portanto, a continuidade da organização proposta deve permanecer, e a cada dia continuar transformando esse espaço no sentido de atender melhor as crianças. A Sala de Leitura Josué de Castro com apenas um ano de existência, realiza atividades de contação de historias, expressões artísticas, sendo necessário otimizar essas atividades com as crianças através do lúdico. 12 4 A LEITURA E A LUDICIDADE A relação entre a criança e o lúdico funciona como um meio que leva a mesma desenvolver naturalmente sua identidade (vencendo suas dificuldades, medos, ansiedades – amadurecimento social) e a construir sua própria inteligência. Dentre as várias atividades existentes que se pode aplicar nas bibliotecas e salas de leitura, as atividades lúdicas têm uma boa aceitação por parte das crianças, por serem diferenciadas, fortalecendo o gosto pela leitura e despertando o interesse de usuários potenciais. Ao constatar esta realidade, a SLJC é um espaço onde a criança desenvolve o gosto pela leitura. A leitura no dia a dia da criança em fase de tratamento apresenta resultados satisfatórios por proporcionar uma relação de intimidade com as histórias narradas. A criança ao se identificar com os personagens, busca respostas para seus momentos de tristeza, angústia, inquietação, distanciando- a da realidade dolorosa do tratamento oncológico. Ocupa sua mente com histórias que instiga sua imaginação e ao mesmo tempo causa alívio por seu efeito terapêutico, sendo assim, este ambiente proporciona momentos de lazer, troca de experiências e manifestação de criatividade. Segundo Santos (1997, p. 7) estudos recentes tem mostrado também que as atividades lúdicas são ferramentas indispensáveis no desenvolvimento infantil, porque para a criança não há atividade mais completa do que brincar. As crianças do NACC sempre estão envolvidas com brincadeiras e atividades lúdicas que as ajudam a passar o tempo, quando não estão no hospital. Como qualquer criança normal, elas manifestam entusiasmo quando tem a oportunidade de brincar, de ouvir suas historinhas preferidas, pinta, desenhar, recortar e desenvolver habilidades. 13 Ao chegar à sala de leitura, grande parte das crianças pedem de imediato papel, lápis e borracha para desenhar; e em cada desenho, elas expressam seus sentimentos ocultos, desejos, medos, alegrias, limitações e também esperança. O desenvolvimento de atividades lúdicas decorrentes do ato de ler tem como objetivo aproximar o leitor do livro e desenvolver operações características do pensamento reflexivo e despertar na criança a vontade de participar do ato educativo. As crianças do NACC gostam da idéia de aproveitar seu tempo fazendo atividades, por isso, toda atividade lúdica precisa ter em sua essência grande valor educativo, como também precisa divertir e entreter sempre, visando o desenvolvimento cultural dessas crianças. Este tipo de atividade também serve como ponte para atrair a criança para a biblioteca, bem como a motivá-la a desenvolver desde cedo o gosto pela leitura. O entretenimento veiculado a práticas de leitura objetiva levar as crianças a adquirir conhecimentos que tenham por base à própria leitura, onde a mesma acrescenta muito valor a criança, como afirma Oliveira, 1989, p. 14 ao dizer que a biblioteca que consegue desenvolver suas atividades com base nas potencialidades infantis, contribui para a sua atividade criadora e conseguirá, sem sombra de dúvidas, formar leitores. Outro fator que pode ser destacado como atividade lúdica são os desenhos; sobre isto, Van Kolck (1981) nos afirma que o desenho representa a expressão da criança, quando muitas vezes ela não consegue expressar com palavras. Ali elas retratam problemas e conflitos emocionais que estão presentes nos momentos de sua vida. Através dos desenhos, elas vislumbram seu mundo interno, suas características comportamentais, seus traços e atitudes, suas fraquezas e forças, mobilizando seus recursos internos para lidar com seus conflitos e problemas. Este método permite observar a construção das representações conscientes e inconscientes associadas ao conto, à medida que elas são interiorizadas. 14 5 HORA DO CONTO A hora do conto é uma atividade de animação destinada não apenas as crianças, mas também a pessoas de diversas faixas etárias. Além de ser uma ação educativa, é também uma atividade que desperta na criança um interesse precoce pela leitura e também a curiosidade por livros. Carvalho (1989 apud SILVA; LUCAS, 2003?, p. 10) nos diz que o conto é a recreação fundamental na formação educativo cultural da criança. A linguagem escrita nasce da falada, e nela se abebera. Toda a aprendizagem se apóia na conversação ou narração, e o conto é a sua expressão mais atraente. Ainda sobre isto, Panet (1985, p. 63) também nos afirma que a hora do conto consiste em reunir as crianças em dias e horas predeterminados, e narrar-lhes oralmente, histórias de fadas, aventuras e folclore de diversos países, sempre com fins recreativos e educativos. É uma atividade que constitui, muitas vezes, o primeiro contato da criança com a literatura e através deste é que começa a motivação para a leitura. Outro fator importante para que o conto alcance a criança é relação com aspectos de sua personalidade, de sua vida, do dia a dia, família, amigos etc., os contos que se apresentam como um retrato vivo da vida de cada criança prendem muito a sua atenção, bem como a participação ativa dela antes, durante e depois da contação, o que as capacita a formar opiniões e desenvolver sua inteligência. De acordo com Carvalho (1989 apud SILVA; LUCAS, 2003?, p.10-11), a contação de histórias tem o poder de socializar, recrear, formar, informar, educar, enriquecer a linguagem, estimular a imaginação e a inteligência, despertar emoções, senso estético e artístico-literário, desenvolve o sentimento de compreensão e a simpatia humana, forma o hábito de leitura e sobretudo ensina a ouvir. 15 5.1 OUVIR HISTÓRIAS: UMA FUNÇÃO TERAPÊUTICA A função terapêutica da leitura admite a possibilidade de proporcionar a criança com câncer a pacificação de suas emoções através do livro, pois a criança frágil ou doente fica muito voltada para si mesma e aprecia textos que falem sobre seus problemas. Esta leitura terapêutica opera no ouvinte um efeito sedativo, o que nos levando a conclusão de que a leitura também pode repercutir no ânimo da criança cancerosa, como afirma Caldin (1989 apud SILVA; LUCAS, 2003?, p.8): [...] histórias lidas às crianças ameniza sua situação incapacitante e proporcionaram alívio temporário das dores e dos medos advindos da doença e do ambiente hospitalar. O resgate do sonho, do imaginário e do lúdico forneceu um suporte emocional às crianças enfermas. Os registros dos leitores de histórias corroboraram a eficácia da biblioterapia em explorar a literatura infantil como integradora no processo de cura que envolve mente e corpo. Esta terapia por meio de livros recebe o nome de biblioterapia, palavra originada de dois termos gregos biblion- livros e therapeia- tratamento. A biblioterapia constitui-se na prática de usar livros para ajudar pessoas a superar seus conflitos emocionais relacionados a problemas da vida real pela leitura de textos sobre o assunto em questão. Segundo Caldin (2001 apud SILVA; LUCAS, [2003?], p. 6-7), O método biblioterapêutico possui seis componentes básicos: • A catarse - pacificação, serenidade e alívio das emoções; • O humor - ação do superego agindo sobre o ego a fim de protegê-lo contra a dor; • A identificação – na identificação com o outro sujeito se molda total ou parcialmente segundo esse outro; • A introjeção – traz de fora qualidades inerentes a outros; • A projeção – colocar para fora seus sentimentos, idéias etc; • A introspecção – reflexão que o indivíduo faz de suas leituras levando-o a agir; 16 A leitura em si na vida da criança com câncer implica em uma interpretação: que é mesmo uma terapia, pois traz a idéia de liberdade, permitindo a atribuição de vários sentidos ao texto; a criança rejeita o que lhe desgosta e valoriza o que lhe atrai, dando vida as palavras que ouve no texto e aplicando-as em seu dia a dia. Diante deste quadro, a biblioterapia atua fornecendo a este paciente, de forma lúdica, informações sobre o câncer, capacidade da criança se conhecer melhor, familiarização com a sua realidade, liberação de emoções, capacidade de compreender melhor as transformações que seu corpo sofrerá devido ao tratamento oncológico. Ajuda a criança a conversar sobre seus problemas, favorece a diminuição do conflito pelo aumento da auto-estima ao perceber que seu problema já foi ou também está sendo vivido por outras crianças, proporcionar experiências a este leitor sem que o mesmo passe por experiências reais e reforçar padrões culturais e sociais, estimulando a imaginação. 17 6 O DESENHO E O LÚDICO Como qualquer criança normal, elas manifestam, entusiasmo quando tem a oportunidade de brincar, de ouvir suas historinhas preferidas, pintar, desenhar, recortar e desenvolver habilidades, principalmente atividades com desenhos, pois assim que chegam à sala de leitura, grande parte das crianças pedem de imediato papel, lápis e borracha para desenhar; e em cada desenho, elas expressam graficamente seus sentimentos ocultos, desejos, medos, alegrias, limitações e, também, esperança. Van Kolck (1981) diz que o desenho representa a expressão da criança, quando muitas vezes ela não consegue expressar com palavras. Ali elas retratam problemas e conflitos emocionais que estão presentes nos momentos de sua vida. Através dos desenhos, elas vislumbram seu mundo interno, suas características comportamentais, seus traços e atitudes, suas fraquezas e forças, mobilizando seus recursos internos para lidar com seus conflitos e problemas. Este tipo de atividade além de permitir a construção das representações conscientes e inconscientes associadas ao conto, também serve como ponte para atrair a criança para a biblioteca, bem como a motivá-la a desenvolver desde cedo o gosto pela leitura. O entretenimento veiculado a práticas de leitura objetiva levar as crianças a adquirir conhecimentos que tenham por base à própria leitura, onde a mesma acrescenta muito valor a criança, como afirma Oliveira (1989, p. 14) que a biblioteca que consegue desenvolver suas atividades com base nas potencialidades infantis, contribui para a sua atividade criadora e conseguirá, sem sombra de dúvidas, formar leitores. Este método permite observar a construção das representações conscientes e inconscientes associadas ao conto, à medida que elas são interiorizadas (ver APÊNDICE A Desenhos). O lazer para criança com câncer é algo muito valioso, pois a transporta para um mundo fantasioso, onde ela se despreocupa de regras e conceitos em relação ao mundo real. 18 Assim, partindo do que salienta Kishimoto (2001) enquanto a criança brinca, sua atenção está concentrada na atividade em si e não em seus resultados e efeitos. Por meio de atividades, as crianças podem aprender coisas referentes a valores sociais, direitos humanos, família, amizade, amor, solidariedade, respeito às diferenças entre outros e a interagir em grupo. São utilizadas como uma forma de comunicação e expressão do desenvolvimento geral e de psicopatologia. Os desenhos representam os sentimentos, a capacidade intelectual, a atividade perceptiva e o desenvolvimento social da criança. (PINHEIRO, 200-?) 19 7 BENEFÍCIOS DA SALA DE LEITURA NO NACC A Sala de leitura Josué de Castro nasceu do interesse de promover maior integração da criança com câncer com o livro, socializando-a por meio da leitura. É um local que apresenta a essas crianças de forma lúdica, a leitura como prática social, informação, conhecimento e entretenimento. Pensando desta forma, podemos pensar na sala como uma reconquista da vida e da cidadania da criança portadora de câncer, dando-lhes uma troca simbólica de sentidos no que diz respeito ao resgate de sua auto-estima, de seu potencial infantil, bem como levando-as a adquirir conhecimento através do livro. Neste espaço rico em entretenimento que motiva o interesse pela leitura e pelo universo mágico da ludicidade, atrai atenções e desperta admiração aos que estão, teoricamente, condicionados a dor e a angustia do tratamento oncológico. A sala de leitura Josué de Castro quebra paradigmas e mostra que e possível a interação das crianças cancerosas e o livro, mostrando novos horizontes por meio deste. Ao longo do tempo, percebeu-se que o apego a sala se da ao fato da mesma ser uma alternativa divertida e interessante no dia-a-dia de cada criança albergada no NACC, a possibilidade de viajar por meio das historias ali contadas, a interação com outras crianças, o contato direito com os voluntários, possibilita um desapego a rotina de exames a qual estão submetidas, a distancia da família e do ambiente ao qual estão acostumados e também a percepção de que elas se sentem bem cada vez que tem a oportunidade de estar na sala. O reflexo disto pode ser notado ate mesmo nos acompanhantes que esporadicamente comparecem a sala que, de uma certa forma, também sentem-se desejosos de ter contato com a leitura, de passar um pouco de tempo dedicando-se ao ato de ler algo que os agradem, seja uma revista, uma literatura, um conto ou simplesmente fazer companhia a criança. Tudo isto 20 implica num beneficio que não apenas alcança as crianças, mas também adolescentes e adultos ali presentes, que sentem-se fascinados pelo ambiente agradável da sala e pela ludicidade que nela existe. 21 8 ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL BIBLIOTECÁRIO Tornar a biblioteca um lugar prazeroso, dinâmico, e descontraído de tal maneira que as crianças se sintam atraídas por ela e venham desenvolver cada vez mais o gosto pela leitura e o hábito de freqüentar uma biblioteca é um desafio constante para o profissional da informação que trabalha com este público em especial. Com o passar do tempo, o bibliotecário deixou de assumir o papel de um simples guardião de livros para mostrar seu profissionalismo diversificado, bem como sua capacidade de desenvolver diferentes tarefas em sua profissão. Seitz (2000) mostra que a participação de bibliotecários em equipes multidisciplinares que realizam atividades biblioterapêuticas não e recente, quando diz que na década de setenta, muitos avanços foram alcançados no sentido de proporcionar uma base muito ampla para o desenvolvimento da biblioterapia como um campo a ser explorado por médicos, psicólogos, bibliotecários, educadores e outros profissionais, valorizando muito a profissão. Para desenvolver um trabalho biblioterapêutico, o bibliotecário não precisa ser um profissional, basta tão somente ser humano (PARDINI, 200-?) e ter sensibilidade para reconhecer a necessidade do outro e, sobretudo, ser amigo. Há tantas coisas passando pela cabeça do paciente, que o visitante pode prestar um grande serviço simplesmente ouvindo com atenção. E preciso deixar o paciente falar à vontade. Demonstrar profundo interesse em tudo, sem mostrar impaciência. Não precisando dar respostas ou dizer grandes palavras de sabedoria. Apenas ajudar a organizar seus pensamentos e a formular as perguntas que quer fazer para os médicos. De forma amigável, procurar descobrir o que ele está sentindo ou desejando, cuidando para não sugerir coisas que possa ameaçá-lo. Esses momentos farão com que haja uma aproximação e consequentemente a construção de uma intimidade gratificante para ambos. Repare como agindo assim você passa a conhecer-se melhor e a entender mais 22 sua própria saúde. Ouvir o outro fortalece a amizade em qualquer situação da vida. (ADAMS, p. 123) Bryan citado por Pereira (199-? apud PARDINI, 2002, p.7) apresenta uma lista de cinco objetivos que podem ajudar o bibliotecário a trabalhar com seu paciente: 1) evidenciar para o leitor que ele não é o primeiro a sentir o problema; 2) fazer ver ao leitor que existe mais de uma solução para o seu problema; 3) ajudar o leitor a ver os valores envolvidos na sua experiência em termos humanos; de oferecer fator necessário para a solução do seu problema; 4) encorajar o leitor a encarar realisticamente o seu problema Para reforçar ainda mais, Elser apud Pereira, (199-? apud PARDINI, 2002, p.7) complementa ao falar sobre duas qualidades básicas desse bibliotecário: como primeira qualidade essencial, que o biblioterapêuta deverá fazer e valorizar as pessoas como indivíduos e como seres humanos, mostrando-lhes interesse e indicando que se sente fortemente motivado a ajudá-los; a segunda qualidade essencial é a habilidade de comunicar. O biblioterapêuta deverá mostrar compreensão e preocupação pelos sentimentos dos indivíduos e não avaliar precipitadamente declarações dos outros. [...] existe outro aspecto qualitativo no processo de comunicação, que se torna necessário: é a habilidade de ler dicas não-verbais. Torna-se oportuno enfatizar que o biblioterapêutica deve conhecer os livros e os leitores e também os efeitos de colocar os dois juntos. Diante desta realidade, e necessário maior interesse por parte dos bibliotecários por esta nova área de atuação. Atualmente existem literaturas que abordam este tema, o que favorece o respaldo teórico. Aliando a leitura ao lúdico, o bibliotecário tem ainda mais recursos para serem utilizados em sua pratica profissional em atividades que envolvam as crianças e os livros, levando-as a um novo mundo e quebrando o esteriótipo de que bibliotecário e somente uma ponte entre a estante e o usuário. 23 Tendo vista as atividades que são desenvolvidas, bem como a falta de divulgação dos serviços prestados pela sala, percebe-se a importância de se implementar um programa de marketing. Sendo este uma ferramenta importante na atuação do profissional bibliotecário frente às novas áreas de atuação e as novas tendências do século XXI, com o objetivo atender as necessidades dos usuários. 24 9 MARKETING Na revisão de literatura especializada sobre marketing em unidades de informação há consonância entre os autores de que o conceito de marketing tem evoluído significativamente. Antes relacionado à venda de produtos e ao lucro torna-se mais amplo, sendo passível de ser aplicado a setores que não visam lucro. Isto se verifica quando Oliveira apud Sugahara, Fuentes e Oliveira (2003, p.85) escrevem: [...] ao contrário de ser definido como uma mera atividade preocupada apenas com a venda de produtos para se conseguir lucros financeiros, existe um consenso geral crescente que marketing está relacionado ao desenvolvimento de produtos e serviços e a comunicação destes ao mercado potencial na expectativa de alterar e/ou influenciar o seu comportamento. Para elucidar o que venha a ser marketing, será apresentado outros conceitos pertinentes ao projeto em questão: “Marketing é o conjunto de atividades que tem por objetivo a finalidade e a relação de trocas.” (KOTLER apud VOLTOLINI, p.2, [200-?]) “processo na sociedade, pelo qual a estrutura da demanda para bens e serviços é abrangente e satisfeita mediante a concepção, promoção, troca e distribuição física de bens e serviços.” (COBRA, 1986, p. 30) “o resultado de trocas, de produtos ou valores, que representam a forma como os indivíduos obtém aquilo que desejam, como conseqüência de um processo social ou gerencial.” (KOTLER e AMSTRONG apud SILVA, 1999/2000, p.9) A realização de trocas e a utilização do mesmo como uma ferramenta, também, aplicável a serviços, idéias e causas sociais são os pontos principais para se utilizar o marketing em unidades informacionais. 25 10 O MARKETING EM UNIDADES DE INFORMAÇÃO A migração dos conhecimentos de marketing do setor lucrativo para unidades de informação, por tratar-se de um assunto relativamente recente, apresenta-se como um desafio para os profissionais da área de informação, principalmente os bibliotecários. Devido a uma literatura pequena sobre o assunto e a exagerada e errônea consideração de que a informação é importante por si só e não precisa de divulgação são dois dos vários motivos que levam a não utilização do marketing pelos bibliotecários. (OLIVEIRA citado por AMARAL, 2001, p.15). Na literatura sobre marketing, Amaral (2000, p.14) destaca que é somente a partir de Kotler e Levy (1969) que haverá uma aceitação de se aplicar técnicas mercadológicas em instituições do 3o setor, instituições que não visam lucro. A implementação de marketing na SLJC, visto que esta faz parte de uma instituição sem fins lucrativos - NACC levaria a um melhor desempenho na satisfação das necessidades de seus usuários. Amaral (2001, p.14) sintetiza bem esta idéia ao afirmar: Assim, consequentemente, as organizações orientadas para o marketing estão em melhoras condições quanto ao desenvolvimento das atividades de promoção, entendidas como parte das atividades administrativas dessa orientação. Para complementar, Weingand apud Amaral (2001, p.72) ressalta o binômio planejamento e marketing para que haja uma estrutura sólida para a implementação de atitudes e tomadas de decisões, tornando bem sucedidas as estratégias de marketing na biblioteca. Em todas as etapas de nossas vidas necessitamos de obter informações. Seja ao realizar uma pesquisa escolar, passar no vestibular, participar de um concurso, garantir o emprego, para se distrair ou relaxar, entre tantas outras finalidades. Daí percebe-se o potencial do mercado informacional. Então porque não explorá-lo de modo mais eficiente utilizando o Marketing como ferramenta em unidades de informação? A partir desta 26 indagação surgiu o projeto de implementar ações de Marketing na SLJC com o objetivo de promovê-la, otimizando suas atividades. 27 11 AÇÕES DE MARKETING NA SALA DE LEITURA JOSUÉ DE CASTRO Ao dar inicio ao projeto, buscou-se conhecer o NACC, a SLJC e seus usuários. O NACC por ser uma instituição filantrópica, que tem por filosofia ser mantida através de serviços voluntários é administrado por uma diretoria composta por 5 pessoas eleitas em assembléia geral, formada pelos sócios contribuintes. Todos são voluntários, não recebendo remuneração salarial. A atual diretora presidente é Dra. Arli Pedrosa, no cargo desde 2002, reeleita em 2004. Observando-se o organograma do NACC (ver ANEXO A), se perceber a hierarquia dos setores e onde a sala está inserida. Atualmente, a SLJC está sob a coordenação do bibliotecário e voluntário Hélio Monteiro. Outros voluntários, também atuam do desenvolvimento das atividade da sala. Esta é mais um dos serviços prestado pelo NACC às crianças com câncer e seus familiares. Seu objetivo é proporcionar alternativas de lazer, prazer e informação, através da leitura, contribuindo para uma melhor qualidade de vida daqueles que estão albergados no NACC. Quanto aos usuários, sabe-se que grande parte das crianças em tratamento são oriundas do interior pernambucano, 78%; uma pequena parte de outros estados, 7% e 15% da capital pernambucana - Recife. 7% 15% 78% INTERIOR OUTROS ESTADOS CAPITAL 28 Os usuários da SLJC podem ser divididos em 3 grupos distintos: o 1o formado pelas crianças pacientes; o 2o pelos pais e/ou acompanhantes e o 3o, por funcionários e voluntários da instituição. Este último é formado de usuários potenciais, visto que praticamente não utilizam a Sala, ou o fazem esporadicamente. Estes três grupos podem ainda ser subdivididos ao se realizar a análise do cliente mais detalhada para que se obtenha maiores dados sobre suas necessidades e expectativas em relação à SLJC. Esta etapa, de obtenção de informações e análise da unidade informacional é importante e vai de encontro com o que Ottoni (1995, p.2) afirma em seu artigo “Bases de Marketing para unidades de informação” que, para se estabelecer uma estratégia de marketing em unidades de informação, é imprescindível o conhecimento prévio sobre: a entidade mantenedora da unidade de informação; a unidade de informação; análise e segmentação do mercado; monitoramento dos concorrentes; análise ambiental; análise do cliente; planejamento de produtos; composição dos serviços; produtos versus serviços. Para completar, o autor (OTTONI 1995, p.1) afirma: O marketing em unidades de informação pode ser entendido como uma filosofia de gestão administrativa na qual todos os esforços convergem em promover, com máxima eficiência possível, a satisfação de quem precisa e de quem utiliza produtos e serviços de informação. É o ato de intercâmbio de bens e satisfação de necessidades. O marketing deve ser orientado para o usuário, ou seja, os 4 P’s norteadores do marketing mix (produto/serviço, praça, preço e promoção) devem estar centrados nos reais e potenciais leitores da Sala de Leitura Josué de Castro, visando a melhoria da qualidade de vida da criança com câncer, proporcionado-lhe alternativas de lazer, informação e prazer, através da leitura. E, a partir disso, diminuir todo o stress causado pelo tratamento (que muitas vezes é evasivo e doloroso) e amenizar a ansiedade da situação de estar doente. O produto / serviço deve atender as necessidades dos usuários; a praça ou o ponto refere-se ao local onde os serviços são prestados (oferecidos), devem ser adequados a acessíveis ao público; preço está ligado as condições para se obter e/ou ter acesso aos produtos e serviços: inscrição, valor 29 estipulado; e a promoção diz respeito as atividade ou ações ligadas a comunicação e divulgação dos serviços e/ou produtos oferecidos pela unidade de informação. Ao se planejar orientado para o marketing, o usuário é o foco principal. Várias ações de marketing foram planejadas objetivando promover a SLJC. Além disso, houve a preocupação de se conseguir mais recursos humanos e efetivar parcerias em projetos e/ou atividades. Resulta desta implementação um melhor atendimento informacional a criança com câncer, principalmente, entre outros usuários, apresentando-lhes novos serviços e antecipando-se a satisfazer suas necessidades, além de dar continuidade aos serviços e atividades prestados pela SLJC. Uma das primeiras ações foi à participação dos voluntários da sala representando o NACC na reinauguração do Espaço Ciência. Evento ocorrido em 00/12/05. A participação em eventos é uma atividade promocional. Neste evento, contatos realizados com representantes do Espaço Ciência foram importantes para que futuras parcerias de atividades possam ser desenvolvidas. Outra ação de marketing implementada foi a realização de uma palestra sobre a importância da leitura na comemoração do 1o ano de atividade da sala (APÊNDICE B). O objetivo era a promoção da sala e de suas atividades, além de sensibilizar os pais, acompanhantes e funcionários sobre a importância do ato de ler para as crianças. Para a divulgação do evento, confeccionou-se panfletos, convites e cartazes – estes últimos fixados na porta da sala e no mural do nacc (ver APÊNDICE C). A distribuição foi realizada pelos componentes do projeto através do contato pessoal, com a entrega dos panfletos nos apartamentos do NACC. Marcaram presença na palestra, Dra. Arli, presidente do Nacc; Hélio Monteiro, coordenador da SLJC; a representante do Instituto Oldemburg, Sra. Márcia Borba; 30 a Sra. Lucia Carvalho, contadora de histórias e o Sr. Lino Madureira, representando o Centro Josué de Castro. A participação dos pais, crianças, acompanhantes e voluntários foi muito grande e ativa, lotando o auditório do Nacc. Houve depoimentos importantes de pais sobre a leitura de histórias para crianças e o envolvimento de todos na contação da história. Tudo isto só veio a fortalecer a mensagem da importância do ato de se contar histórias para as crianças, além de promover a sala. Foi proposto a criação e confecção de um folder (APÊNDICE D) objetivando a divulgação da Sala de leitura, principalmente no NACC. Porém, a concretização do folder para distribuição na comemoração do 1o ano da Sala não ocorreu no tempo previsto. Diversos motivos impediram de que o mesmo fosse viabilizado, entre eles e, talvez o principal, o orçamento oneroso para sua impressão; a falta de patrocínio que arcasse com as despesas gráficas. Fica a oportunidade para salientar as dificuldades encontradas para a promoção: falta de verbas e o pouco tempo que o grupo teve para implementar o projeto. Quanto à promoção da sala, na Internet, optou-se pela construção de um link (ver APÊNDICE E), visto que a instituição NACC possui a sua própria home-page, na qual apresenta sua missão, seus objetivos, serviços prestados, etc. A proposta do link na home-page do NACC seria uma forma de apresentar com detalhes da SLJC e suas atividades junto às crianças do NACC para os internautas, objetivando a promoção e servindo de exemplo para outras instituições. O trabalho foi realizado em power-point e pode ser acessado por qualquer pessoa, garantindo não só a divulgação das atividades desenvolvidas e os serviços informacionais prestados junto aos usuários da sala, mas também, como forma de captar recursos, principalmente recursos humanos, para que este trabalho tenha continuidade e/ou seja, expandido, através de adesões de pessoas ou de parcerias com outros projetos. 31 Cronin citado por Amaral destaca que a promoção deve ser entendida como uma atividade constante, esta não se encerra com a distribuição de folders ou com o término de um evento. É uma atividade como qualquer outra, discreta contínua, como a catalogação ou a classificação, e idealmente reflete o estilo particular de administrar, ou filosofia de ação, que pode e certamente permeia o serviço bibliotecário como todo. [...] enfatiza que a promoção inclui a habilidade de antever mudanças sociais e organizacionais, interpretar as implicações dessas mudanças e converter esse conhecimento em vantagem. 32 12 CONSIDERAÇÕES FINAIS A criação de um folder, a construção do link na home-page do NACC, a participação em eventos da instituição e externos, o lúdico na contação de histórias, a divulgação da SLJC corpo a corpo no NACC e outras atividades (ainda em andamento), são ações de marketing que podem ser implementadas nas unidades informacionais, respeitando-se as particularidades de cada uma. Ao se propor implementar estas ações de marketing na SLJC, quis se mostrar o uso do marketing como uma ferramenta de trabalho para o profissional bibliotecário. E de como esta ferramenta, se bem utilizada, levará a unidade de informação a ser competitiva dentro do mercado e não apenas sobreviver. Que as ações promocionais devem integrar o planejamento geral da instituição que mantém a SLJC, pois se forem consideradas à parte, resultarão em “propostas relâmpagos”, com falsas perspectivas para os usuários, além da perda de tempo e de recursos. Mostrou-se a importância do lúdico nas atividades de contação de histórias., visando atender ao objetivo primordial da sala, minimizar o stress inerente ao tratamento levando a leitura como algo prazeroso. E as atividades lúdicas vem de encontro a este objetivo, pois são desta maneira que a criança se relaciona com o mundo que está a sua volta. É através da ludicidade que a mesma se desenvolve integralmente, favorecendo a criatividade, a comunicação e sua socialização. As ações implementadas convergiram numa maior promoção da sala junto à instituição, além de uma participação mais ativa das crianças, pais e acompanhantes na realização de atividades lúdicas e contação de histórias. Verificou-se que o espaço se recente de um responsável permanente - já que a sala funciona com o trabalho de voluntários - para gerenciar as atividades e serviços prestados, ampliando o potencial da SLJC, objetivando atender as necessidades e expectativas dos usuários. 33 As propostas apresentas pelo projeto são válidas e contribuíram para que o espaço fosse divulgado, tanto no âmbito dos usuários, quanto no meio acadêmico, como campo de atuação para o profissional bibliotecário. A SLJC é um espaço diferenciado de outros ambientes informacionais (bibliotecas, centros de documentação) unindo a atuação do bibliotecário na área de saúde ao trabalho com crianças. A participação no projeto proporcionou aos elementos do grupo uma experiência do que seja trabalhar em equipe e a responsabilidade de uma atuação interdisciplinar com profissionais de outras áreas, terapeuta, assistente social, administrador, contadores de histórias e psicólogo. Mostrou a importância do planejar consciente e responsável, de seguir o planejamento e ser flexível, observando as possíveis mudanças, adaptando-se a elas. 34 REFERÊNCIAS ALMEIDA, Maria Christina Barbosa de. Planejamento de bibliotecas e serviços de informação. Brasília: Brinquet de Lemos, 2000. 112p. AMARAL, Sueli Angélica do. Marketing: abordagem em unidades de informação. Brasília: Thesaurus, 1998. 244 p. AMARAL, Sueli Angélica do. Marketing e desafio em unidades de informação. Ciência da Informação, Brasília, v.25, n.3, p. 330-336, set./dez, 1996. AMARAL, Sueli Angélica do. Marketing no ciberespaço o desafio profissional das unidades de informação brasileiras no contexto da sociedade da informação. Edição especial 1999/2000. Revista de Biblioteconomia de Brasília, Brasília, v.23/24, n.1, p.69. AMARAL, Sueli Angélica do. Promoção: o marketing visível da unidade de informação. Brasília: Brasília Jurídica, 2001. 168p. AMARAL, Sueli Angélica do. Os 4Ps do composto de marketing na literatura de ciência da informação. Transinformacao: gestão de talentos, São Paulo, v.12, n.2, p.51-60, jul./dez., 2000. ALVES, Maria Helena Hees. A aplicação da biblioterapia no processo de reintegração social. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação., v. 15, n.1/2 p. 54-61, jan./jun. 1982. BAMBERGER, Richard. Como incentivar o hábito de leitura. 6. ed. São Paulo: Ática, 1995. 109 p. CALDIM, Clarice Fortkamp. A leitura como função terapêutica: biblioterapia. Disponível em: <http://www.encontros-bibli.ufsc.br/Edicao_12/caldin.html>. Acesso em: 13 dez. 2005. COELHO, Betty. Contar histórias: uma arte sem idade. 10.ed. São Paulo: Ática, 2004. 78 P. COELHO, Nelly Novaes. Literatura infantil: teoria, análise, didática. 7. ed. São Paulo: Moderna, 2000. ENCONTRO NACIONAL & LATINO AMERICANO DE VOLUNTÁRIOS E INSTITUIÇÕES DE APOIO À CRIANÇA COM CÂNCER, 10., 2, 2002, Recife. Revista informativa – Ano I. Recife: [S. n.], 2002. GUTFREIND, Celso. O terapeuta e o lobo: a utilização do conto na psicoterapia da criança. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003. 224 p LAJOLO, Marisa. Literatura: leitores e leitura. São Paulo: Moderna, 2001. 128 p. OTTONI, Heloísa Maria. Bases do marketing para unidades de informação. Ciência da Informação, v. 25, n. 2, p. 171-176, maio/agosto 1996. 35 OUAKNIN, Marc-Alain. Biblioterapia. 1. ed. São Paulo: Loyola, 1996. 341 p PARDINI, Maria Aparecida. Biblioterapia! encontro perfeito entre o bibliotecário, o livro e o leitor no processo de cura através da leitura. Estamos preparados para essa realidade?. Disponível em: <http://www.sibi.ufrj.br/snbu/snbu2002/oralpdf/87.a.pdf.>. Acesso em: 26 out. 2005. PINHEIRO, Edna Gomes et al. Abra os olhos e também o coração: a história do projeto Reviver – Biblioterapia com crianças portadoras de câncer. Disponível em: <http://www.prac.ufpb.br/anais/anais/educacao/reviver.pdf.>. Acesso em: 12 nov. 2005. PINHEIRO, Edna Gomes ; AQUINO, Mirian de Albuquerque. As manhas e artimanhas da leitura e do livro na conquista da vida e da cidadania da criança com câncer. Disponível em: <http://www.crb7.org.br/cursoseventos/congressocbbd/arquivos/docs/AO056.doc.>. Acesso em: 20 out. 2005. PRADO, Heloísa de Almeida. Organização e administração de bibliotecas. 2. ed. rev. 2ª reimpressão. São Paulo: T. A. Queiroz, 2003. PRADO, Ricardo. Biblioteca: tesouro a explorar. Revista Nova Escola, São Paulo, v. 18, n. 162, p. 54-59, maio 2003. (Reportagem da capa) TAVARES, Denise Fernandes. Biblioteca escolar: conceituação, funcionamento, orientação do leitor e do professor. São Paulo: LISA, 1973. organização e 36 APÊNDICE A - Desenhos Figura 1 Este desenho é de M. (11anos), portador de leucemia. É uma criança bastante ativa, inteligente e gosta de ouvir histórias. Percebe-se em seu desenho que suas figuras são sempre grandes e bem expressivas. Ele mostrou ter captado bem a história; representou a figura paterna do conto - o lenhador pai de João e Maria e também mostrou antipatia pela bruxa, o que nos leva a crer que o fato da bruxa ter passado parte do conto fazendo maldades com João e Maria, seu fim foi mais que merecido segundo a visão de M., a ponto de desenhá-la de pés e mãos atadas, com uma maçã em sua boca e mergulhada em uma grande panela como sinal de que todo aquele que comete maldades, merece ser punido. 37 Figura 2 O desenho seguinte é de L. (8 anos), portadora de leucemia. É uma menina atenciosa, observadora e sensível. Percebe-se sua ação voltada para os irmãos João e Maria - que nos contos infantis representa a amizade, união e amor entre irmãos, o que nos leva a acreditar que ela é uma criança ligada a esses sentimentos. Outro fator importante a ser mostrado é que ela desenhou os personagens e os pintou com a cor preta, pois os bonecos que representaram João e Maria no teatro de fantoches também eram de cor preta. Figura 3 O desenho 3 é de R. (8 anos), portadora de leucemia. Este desenho é fruto da realização da atividade Era uma vez: a arte de contar histórias, onde as crianças ouviram de forma narrativa o início da história O castelo amarelo e em seguida tinham como tarefa criar 38 o desenvolvimento e o desfecho do mesmo conto usando a imaginação e criatividade. No desenho, R. mostra-se uma criança muito expressiva pela escolha de cores vibrantes em sua pintura, e também afetiva pela forma delicada de criar suas figuras. É atenta por expressar graficamente tudo o que ouviu durante a apresentação da história: um castelo amarelo, uma linda princesa, jardim florido e cheio de borboletas entre outros. 39 APÊNDICE B – Atividades desenvolvidas na Sala de Leitura • Contação de história para as crianças: A história do Patinho Feio, essa história foi contada com o intuito de abordar as diferenças, de ensinar as crianças a respeitarem umas as outras, pois em um ambiente como o NACC onde as diferenças entre cada criança é muito grande (história de vida, tipo de câncer que cada uma apresenta, reações naturais que cada uma apresenta durante o tratamento), a história serviu como aprendizado, dado o exemplo que nela é abordado. Participaram da atividade 7 pacientes do NACC, entre eles 4 crianças com aproximadamente 5 anos e 3 com mais de 15 anos. A aceitação da atividade por parte das crianças foi maior do que a dos adolescentes por tratar-se de um conto infantil no qual o lúdico desperta menos interesse nos adolescentes. Atividades no CEHOPE (Centro de Hematologia e Oncologia Pediátrica) • Brincando com os legumes: Uma contação de história musicada para abordar a importância dos legumes na refeição das crianças. As mesmas foram participativas e deram depoimentos pessoais referentes a que tipo de legumes gostam, a importância do legume na alimentação da criança cancerosa, houve também um momento de animação por parte das crianças, no qual as mesmas cantaram a música do legume, fizeram desenhos de suas verduras prediletas e finalizaram a atividade com uma encenação teatral sobre o tema. 40 • Era uma vez: a arte de contar histórias A atividade tinha o objetivo de despertar na criança e nos demais participantes o contador de histórias que existem dentro de cada um, dando margem a criatividade, expressão e imaginação. Primeiro, foi feita uma breve conversa sobre histórias infantis, onde o motivador perguntou as crianças se elas gostavam de histórias infantis, quais histórias elas mais gostam, se elas gostam mais de ouvir ou de contar historias e quais histórias as mesmas mais gostavam. A segunda etapa da atividade consistia em orientar as crianças em relação à atividade. A motivadora deu início a história (O Castelo Amarelo), onde a motivadora iniciou a história de forma narrativa e a crianças, também de forma narrativa, deram desenvolvimento e fim a história. Por último, foi feita uma leitura geral para que as crianças pudessem avaliar a história construída e em seguida fizeram desenhos relacionados a mesma. • Brincando com Fantoches: a história de “João e Maria” Foi elaborado um cenário para a realização desta atividade, a contação de história utilizando bonecos de fantoche. A história foi escolhida por tratar de um tema educativo (amor entre irmãos, “não mexer no que está quieto”). O público tinha faixa etária entre 5 e 10 anos. Manifestaram grande aceitação pelo fato da história ter sido apresentada com animação “visual”, o que facilitou a construção da própria história para cada um deles. Após a apresentação, foram feitos desenhos relacionados à história e seus personagens. Um fato curioso que foi percebido é que as crianças pintaram seus desenhos de acordo com os bonecos, que eram pretos. 41 • Era uma vez, mil histórias de uma vez: A atividade teve o intuito de levar as crianças a criarem histórias a partir das seguintes perguntas: onde, quando, como, quem, etc. Para melhor compreensão das crianças em relação à atividade, foi elaborada uma frase montada a partir das perguntas lançadas... como mostra o exemplo: Quem – a velha Onde – no quarto Como – deitada na cama...etc. Com base no exemplo as crianças foram coletivamente criando suas histórias e estas histórias foram colocadas num painel para exposição e apreciação das mesmas. Essa atividade levou as crianças a expressarem seus sentimentos, se colocando nas histórias, retratando particularidades de suas vidas, da família, da doença, do tratamento e da esperança de cura (muito destacado no desfecho das histórias). Comemoração do Aniversário da Sala de Leitura: No dia 25/11/2005 foi realizado no auditório do NACC uma palestra em comemoração ao aniversário de 1 ano da Sala de Leitura Josué de Castro. No evento foram abordados a importância da Sala de Leitura na vida das crianças, houve também apresentação dos voluntários da sala e do trabalho desenvolvido pela instituição, das parcerias com a Editora Record, Instituto Oldemburg e recentemente com o Departamento de Ciência da Informação da UFPE. Para dar a palestra foi convidada a professora Lucia Carvalho da Faculdade Frasinette do Recife, uma experiente contadora de histórias, esta abordou a 42 importância do lúdico e a socialização do indivíduo através da leitura; e encerrou o evento com uma contação de história. Contando histórias pelos corredores: Para a comemoração do natal da Sala de Leitura, foram realizados contos de natal em cada andar do NACC. Como meio de chamar a atenção, foi usado adereços, pinturas, fantasia, chocalho e a distribuição de doces para os participantes. As crianças participaram ativamente da contação de histórias e à medida que se passava de um andar para o outro, notava-se que surgia um interesse natural de cada criança pelos contos, pois a todo momento elas acompanhavam a contação em cada andar. Finalmente no último andar visitado pelos participantes (que na prática era o primeiro), foi realizada uma atividade criativa, quais as crianças desenham objetos referentes ao natal, por exemplo: Papai Noel, Estrela de Belém, Árvore de Natal, Menino Jesus, entre outros. O natal da Instituição: Em comemoração a esta data, a Instituição promoveu um evento natalino que reunia crianças, pais e acompanhantes, funcionários, voluntários e convidados especiais. Houve distribuição de presentes, sorteio de brindes e distribuição de kits que continham livros de contos e histórias em quadrinhos; material distribuído pela Sala de Leitura. As crianças comportaram-se com muita euforia e demonstraram satisfação com a festa. Para finalizar, houve apresentação do percursionista Naná Vasconcelos e do Coral do Hospital Santa Luzia, que encerraram a festa. 43 APÊNDICE C – Convites, panfletos e cartazes Sala de Leitura Josué de Castro Venha ver! Venha ouvir! Uma história eu vou contar! Apareça por aqui!!! “Acorda, Rubião! Tem fantasma no porão!” Contadora: Bernadete Serpa Dia: 05 de abril, às 16 horas Local: Andar G do NACC 44 APÊNDICE D – Folder 45 APÊNDICE E – Link Se você é daqueles que gosta de histórias infantis, ler gibis, usar a criatividade, fazer atividades e se divertir de montão, então prepare-se para descobrir o maravilhoso e o prazer de ler Na Sala de Leitura Josué de Castro! Conhecendo a Sala Nosso obj eti vo Histórico Os mais li dos Josué de Castr o Acervo Li teratura i nfanto-juv eni l Acervo Pi onei ros da li teratura juv eni l Ativ idades Fotos Nosso objetivo é... Minimizar o stress causado pelo processo de tratamento do câncer infantil, através de um espaço voltado para o prazer da leitura. 46 Histórico Você sabe como nós surgimos? A sala de leitura do NACC foi uma das cinco salas de leitura inauguradas pelo Instituto Oldemburg de Desenvolvimento e pelo Grupo Record, com o patrocínio da Celpe. A cerimônia de inauguração deu-se no dia 26/11/2004 e recebeu o nome de Sala de Leitura Josué de Castro, em uma justa homenagem. Os mais lidos... Na Sala de Leitura as crianças se divertem com livros d e tema s diversos, como: Amizade: WALT, Disney. O Rei Leão; SANDRONI, Luciana. Manuela e Floriana; MACHADO, Amigo é comigo; LOPES, Cida. Irmão podia ser a pilha; KRISTIANSSON, Leif. Um amigo; NUNES, Lygia Bojunga. Os colegas. União e fraternidade: Os três porquinhos; João e Maria; Medo: Abaixo o bicho papão; CARVALHO, Lúcia Maria da Costa. O fantasma da fazenda; MUNIZ, Flávia. Fantasma só faz buuuu!; LAGO, Mário. O monstrinho medonhento; MACHADO, Ana Maria. O domador de monstros. Educativos: Chapeuzinho ver melho; Pinóquio; O patinho feio(respeitando as diferenças). CHINI, Maria Leda Moraes. O julgamento do palavrão; MACHADO, Ana Maria. Bem do seu tamanho; CARV ALHO, Lúcia Maria da Costa. O golpe da raposa; MIRANDA, Socorro. Lalá: a latinha de lixo; LOPES, Cida. Nem sorte, nem azar; FERREIRA, Elita. A magia da transformação; SECCO, Patrícia. Engel. Como flores em um jar dim: nossos dever es e direitos; GARCIA, Osório. Quem parte, reparte; ROCHA, Ruth. Bom dia, todas as cores!; BRITTO, Eugênio. A sábia sabiá; PEREIRA, Regina Mª da Veiga. De onde vêm os bebês; MAYLE, Peter. O que está acontecendo comigo?; 47 Câncer infantil: Quando o seu colega na escola tem câncer; A flor da raiz vermelha; Amor: A bela e a fera; A dama e o vagabundo; A pequena ser eia; Aladim; Entretenimento: Onde está Wally; Mil cores, entre outros. Natureza: O Curupira; RODRIGUES, Simone. Ver dinha a árvore que não queria ficar só; BELMAR, Cícero. A floresta encantada. Dor: PIMENTEL, Luís. Bié doente do pé; Saúde: MIRANDA, Socorro. O dente-de-leite; Família: BIBLIOTECA INFANTIL. O livro do “Eu e Você”; Aventura: MONTGOMERY, R. A. O abomináv el homem da nev e; Cultura, Folclore e Lendas: SILVA, Vera M. L. (Org.). O negrinho do pastoreiro; BARBOSA, Rogério Andrade; Viva o boi-bumbá; TAPAJÓS, Paulinho. Verde que te quero ver; Respeitando as diferenças: COSTELLA, Antonio F. Um nariz muito especial; GUARACY, Thales. Liber dade para todos; LOPES, Cida. Cada macaco tem o galho que merece; Josué de Castro M édico, professo r, geógrafo, sociólogo e político, Jo sué de Castro fez da luta contra a fome a sua maio r bandeira. P ernambucano nascido em 1908, Josué de Castro foi au tor de grandes obras, que apresentavam idéias ino vadoras para a época, como os primeiros conceitos sobre o desenvolvimento sustentável. Foi um homem que estu dou profun damente as causas da miséria no Brasil e no mun do, e afirmava que ambas eram fru tos de uma sociedade injusta. Suas idéias o levaram a ser admirado em todo o mundo e a ter seu s livros traduzidos em mais de 25 idiom as e duas indicações p ara o Prêmio Nobel da Paz. Após 30 ano s de sua morte, em Paris, o Brasil volta a discutir o p roblema social da fome e relembra seu s artigos, en saio s, palestras e trabalhos científicos. Fazendo assim um resg ate da vida e obra deste g rande brasileiro defenso r da paz, do meio ambiente, de su a gente e que deixou uma história de luta a ser seguida e admirada pelas gerações futuras. 48 Literatura infanto Juvenil Embora considerada por alguns como arte “menor” por ter sua designação voltada para a criança, a literatura infanto-juvenil começa a viver uma nova etapa em sua história. A palavra literatura significa arte e deleite; sendo assim, o termo infantil associado à literatura não significa que ela tenha sido feita necessariamente para crianças. Na verdade, a literatura infantil acaba sendo aquela que corresponde, de alguma forma, aos anseios do leitor e que se identifique com ele. Conhecendo nosso Acervo... Constituído de grande variedade de livros sobre os assuntos: literatura brasileira e estrangeira, artes, auto-ajuda, religião, psicologia, filosofia e literatura infanto-juvenil. Com os livros de literatura infanto-juvenil, é possível levar as crianças a construir relações entre o imaginário e a realidade. Também poderão se divertir e aprender com livros encantadores, modernos e clássicos, como “O menino do dedo ver de” de Maurice Druon e o clássico “Branca de Neve e os Set e Anões”. 49 Os Pioneiros da literatura infanto-juvenil Esopo (+/- 620 a.C.) Fabulista grego, nascido pelo ano de 620 a.C. tornou-se célebre por suas fábulas, chegando a ser conhecido em todas as literaturas. Levanta-se a possibilidade de sua obra ser uma compilação de fábulas ditadas pela sabedoria popular da antiga Grécia. As primeiras versões escritas das fábulas de Esopo datam do séc. III d. C. e muitas traduções foram feitas para várias línguas, não existindo uma versão que possa afirmar ser mais próxima da pri mordial. Antes do advento da impressão, as fábulas de Esopo eram ilustradas em louça, em manuscritos e até em tecidos. Charles Perrault (1628-1703) Perrault entra para a História Literária Universal, como autor de uma literatura popular, desvalorizada pela estética de seu tempo e que, apesar disso, se transforma em um dos maiores sucessos da literatura, para a infância, por volta de 1671. Perrault foi também responsável pela introdução dos desprivilegiados nos salões, em contos cujas personagens são mais estereotipadas: a madrasta, o lobo e os irmãos mais velhos são sempre maus. Os irmãos Grimm- Jacob e Wilhelm (1785-1863) Inseridos num cont exto histórico alemão de resistência às conquistas Napoleônicas, os Irmãos Grimm recolhem, diretament e da memória popular, as antigas narrativas, lendas ou sagas ger mânicas, conservadas por tradição oral. Buscando encontrar as origens da realidade histórica germânica, os pesquisadores encontram a fantasia, o fantástico, o mítico em temas comuns da época medieval. A partir daí, uma grande Literatura Infantil surge para encantar crianças de todo o mundo. Hans Christian Andersen (1805-1875) É considerado o precursor da literatura infantil mundial. Era pobre, meio desajeitado e alto demais para sua idade quando criança. Há a hipótes e de que, ao escrev er “O patinho feio” o autor tenha se inspirado em sua própria infância. 50 Embora entre suas histórias haja muitas que se desenrolam no mundo fantástico da i maginação, a maioria está presa ao cotidiano. Andersen teve a oportunidade de conhecer bem os contrastes da abundância organizada, ao lado da miséria sem horizont es. Ele mesmo pertenceu a essa faixa social. Os autores brasileiros entram em cena... Monteiro Lobato (1882-1948) Foi Lobato que, fazendo a herança do passado submergir no present e, encontrou o novo caminho criador de que a Literatura Infantil brasileira estava necessitando. Seu sucesso imediato entre os pequenos leitores ocorreu graças ao fato dele escrever a realidade comum e familiar à criança em seu cotidiano com naturalidade. Com o cresci mento e enriqueci mento do fabuloso mundo de suas personagens, o maravilhoso passa a ser o elemento integrante do real. Assim é que personagens "reais" (Lúcia, Pedrinho, D. Benta, Tia Nastácia, etc.) têm o mesmo valor das personagens "inventadas" (E mília, Visconde de Sabugosa e todas as personagens que pov oam o universo literário lobatiano). Nas adaptações, Lobato preocupou-se em mostrar às crianças o conheci mento da radição, e também questionar, com elas, os valores e não-valores que o tempo cristalizou que podem ser renovados. Ziraldo (1932A obra de Ziraldo mescla palavras e imagens de forma harmônica e convida o leitor à reflexão sobre a realidade. Por vezes, o olhar é conduzido para simples partes do corpo como O Umbigo Rolim e O Joelho Juvenal que se tornaram personagens principais de estórias. A proposta principal é que uma parte do corpo, por menor que seja, pode sozinha não parecer tão important e, mas no conjunto do funcionamento ela se torna fundamental. Com certeza, manifesta-se nessa perspectiva o posicionamento político e democrático que marca a obra desse escritor. Ana Maria Machado (1942Ana Maria Machado, é uma escritora que hoje vive da e para a literatura. A produção de textos que o público infantil também pode ler foi a origem da fama dessa escritora. A versatilidade da atual ocupante da cadeira de número 1 da Academia Brasileira de Letras revela-se em seus romances e textos teóricos. No ano de 2000, Ana Maria Machado recebeu, pelo conjunto de sua obra, o prêmio internacional Hans Christian Anders en, considerado Nobel da literatura para crianças e jovens. Os prêmios multiplicam-se e retratam a sua qualidade literária, não restrita a literatura infantil. 51 Conheça Nossas Atividades! Contação de histórias; Jogos (quebra-cabeça, monta e desmonta); Lei tura de gibis; Desenho livre, pintura, recorte e colagem; “Se desejarmos formar seres criativos, críticos e aptos para tomar decisões um dos requisitos é o enriquecimento do cotidiano infantil com a inserção de contos, lendas, brinquedos e brincadeiras.” Tizuko Morchida Kishimoto Professora Titular da Faculdade de Educação da USP 52 ANEXO A – Organograma do NACC DIRETORIA ADMINISTRAÇÃO SERVIÇO SOCIAL TERAPIA OCUPACIONAL e FISIOTERAPIA BRINQUEDOTECA SALA DE AULA SALA DE LEITURA JOSUÉ DE CASTRO