Literatura infantil: prática da contação de histórias e aspectos

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Literatura infantil: prática da contação de histórias e aspectos
neuropsicológicos
Juliete Goecks Machemann1
Paula Fernanda dos Santos Munari1
Carla Duro2
Esta pesquisa pretendeu trazer à compreensão o processo de contação de histórias
e suas implicações neuropsicológicas. Uma vez que as histórias são usadas como
importantes ferramentas para auxiliar na arte de ensinar, busca-se enriquecer e
estimular o interesse pelo tema, pois a contação de histórias auxilia no
desenvolvimento e organização do pensamento infantil, linguagem e também no
campo cognitivo e afetivo do sujeito. Inicialmente, as histórias contadas tinham como
objetivo a submissão. Segundo Zilberman e Lajolo (1993, p.23), “era uma literatura
que buscava o desenvolvimento intelectual da criança e a manipulação de suas
emoções”. Atualmente, exerce o papel de facilitar a aprendizagem no contexto
educacional. Segundo Caine e Caine (1994, apud SPRENGER, 2008, p.30), “o
cérebro adora histórias, pois é uma maneira natural de organizar as informações”.
Dessa forma, devemos ter o cuidado de contar uma história contextualizada com a
realidade dos ouvintes, para que desenvolvam conexões emocionais com o
conteúdo e contribua para o processo de memorização de longo prazo. Schacter
(2001, apud SPRENGER 2008, p. 29) ressalta que “estudos de laboratório mostram
que as situações emocionalmente impregnadas são mais bem lembradas do que os
fatos sem significado emocional”. O processo de aprendizagem necessita que as
estruturas cerebrais sejam devidamente estimuladas para que as funções cognitivas
sejam elaboradas de modo adequado. Para Quadros e Rosa (2009, p.25), “ouvir e
contar histórias faz parte de nosso genoma, pois nos acompanha desde os
primórdios da humanidade. Estudos apontam que as crianças adoram surpresas e o
nosso cérebro se interessa pelo que é novo, estimulando com intensidade as redes
neuronais”. Andreason (SPRENGER, 2008) afirma que temos um processo cognitivo
que permite o controle dos estímulos, somos capazes de nos concentrarmos no que
é realmente interessante e sadio para nós, ativando assim um estado de alerta.
1
Pós-graduanda em Psicopedagogia Clínica e Institucional na Campanha Nacional de Escolas para
Comunidade/CNEC, Faculdade Cenecista de Osório/FACOS.
2
Professora orientadora. Psicóloga. Especializada em Teoria Psicanalítica Infância, Adolescência e
Adulto no Instituto Contemporâneo de Psicanálise e Transdisciplinariedade.
Através da arte de contar histórias, podemos tornar possível a construção
da aprendizagem relacionada à competência cognitiva da criança,
propiciando elaboração de conceitos, compreendendo sua atitude no
mundo, e se identificando com papéis sociais que exercerá ao longo de sua
existência. (HAMZE, 2009)
Na neuropsicologia, a aprendizagem acontece através uma série de conexões
neurais em resposta a estímulos do ambiente externo. O resultado da aprendizagem
é popularmente chamado de memória e o ponto onde são arquivadas essas
informações é conhecido por córtex temporal e hipocampo. Ou seja, memória é um
fenômeno que ocorre no cérebro, tornando-se indispensável para a aprendizagem.
O lado mais estimulado pela contação de histórias é o lado direito do cérebro, que é
responsável pela imaginação, criatividade, facilidade de memorizar. Claro que o lado
esquerdo também é estimulado, pois é nele que planejamos e organizamos,
avaliamos, analisamos e executamos as ações. O processo de aprendizagem e a
área neuropsicológica são bastante complexos, contudo os simplificamos a fim de
facilitar seu entendimento e reforçar que o conto pode estimular as conexões do
raciocínio lógico da criança com a realidade que a cerca.
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