Conteúdo Leis de Kepler 1 Leis da dinâmica de Newton 3 Campo Eléctrico 5 Constante de Avogadro 10 Efeito fotoeléctrico 12 Electrólise 13 Reagente limitante 15 Modelo atómico de Bohr 17 Modelo atómico de Rutherford 19 Fórmula de estrutura 21 Aminoácido 23 Fórmula estereoquímica 25 Período de semi-desintegração 26 Ligação iónica 28 Auto-ionização da água 30 Modelo atómico de Thomson 31 pH 32 Campo Eléctrico 33 Massa 38 Referências Fontes e Editores da Página 40 Fontes, Licenças e Editores da Imagem 41 Licenças das páginas Licença 42 Leis de Kepler 1 Leis de Kepler Referência : de Araújo, M. (2010), WikiCiências, 1(12):0200 Autor: Mariana de Araújo Editor: Joaquim Agostinho Moreira [1] As leis de Kepler constituem uma base para a descrição do movimento dos planetas em torno do Sol. Foram descobertas originalmente por Johannes Kepler pela análise dos dados observacionais de Tycho Brahe, relativos à posição de alguns planetas do Sistema Solar. Posteriormente, Isaac Newton mostrou que as leis de Kepler podem ser deduzidas a partir das leis da Mecânica e da Lei da Gravitação Universal, para um sistema de dois corpos sujeitos a uma força central em que um deles, o astro director, tem uma massa muito superior à do outro, o astro dirigido. Lei das órbitas A órbita do astro dirigido em torno do astro director é uma elipse, da qual o astro director ocupa um dos focos. Em geral num sistema de dois corpos estes orbitam em torno do seu centro de massa. No entanto, quando um dos corpos tem uma massa muito maior que o outro, o centro de massa do sistema praticamente coincide com o centro do corpo de maior massa, pelo que se pode considerar que este está parado, e que o outro orbita em torno dele. A lei das órbitas aplica-se a estes sistemas, como é o caso do Sistema Solar ou de satélites que orbitam em torno de um planeta. Lei das áreas O vector de posição de um corpo em relação ao astro director varre áreas iguais em intervalos de tempo iguais. Esta lei é uma consequência da conservação do momento angular do astro dirigido que se encontra sob a acção de uma força central que aponta sempre para o centro do astro director. Como a área varrida por unidade de tempo é constante e o corpo não está sempre à mesma distância do astro director, a sua velocidade varia, sendo máxima quando a distância entre os dois corpos é mínima, e mínima quando a distância é máxima. Lei dos Períodos Ilustração da lei das áreas. Como o intervalo de tempo decorrido entre A e A' é igual ao intervalo entre B e B', as áreas A1 e A2 são iguais. A razão entre o cubo do semi-eixo maior da órbita de um planeta e o quadrado do respectivo período é uma constante: A constante K é chamada constante de Kepler e é igual para todos os corpos que orbitam em torno do mesmo astro. Leis de Kepler 2 Planeta Período (anos) Distância média ao Sol (UA) Constante de Kepler Erro relativo (%) Mercúrio 0,24085 0,387 1,001 0,08 Vénus 0,61520 0,723 1,001 0,1 Terra 1,00000 1,000 1,000 - Marte 1,88071 1,524 0,999 0,07 Júpiter 11,85654 5,203 0,9981 0,2 Saturno 29,44750 9,537 0,9997 0,03 Úrano 84,01697 19,191 0,9987 0,1 Neptuno 164,79124 30,069 0,9989 0,1 |+Tabela 1: Cálculo da constante de Kepler para órbitas em torno do Sol. O erro é relativo a K = 1 ano2UA-3 para a Terra. Tabela 2: Cálculo da constante de Kepler para órbitas em torno de Júpiter. Satélite Período (anos) Distância média a Júpiter (UA) Constante de Kepler Io 4,843E-03 2,82E-03 1,04E+03 Europa 9,722E-03 4,49E-03 1,05E+03 Ganymede 1,959E-02 7,15E-03 1,05E+03 Callisto 4,569E-02 1,26E-02 1,05E+03 Referências 1. Kepler, J., New Astronomy, Cambridge University Press, 1993. 2. Feymnan, R., Leighton, R. & Sands, M., The Feynman Lectures on Physics, Vol,. 1, Addison-Wesley Publishing, 1963. 3. Feynman, R., Goodstein, J. & Goodstein, D., A lição esquecida de Feynman, Gradiva, 1997. 4. Copernicus, N., Kepler, J., Galilei, G., Newton, I., Einstein, A. & Hawking, S., On the Shoulders of Giants, Running Press, 2002. Criada em 20 de Abril de 2010 Revista em 22 de Novembro de 2010 Aceite pelo editor em 06 de Dezembro de 2010 Leis da dinâmica de Newton 3 Leis da dinâmica de Newton Referência : de Araújo, M. (2010), WikiCiências, 1(12):0201 Autor: Mariana de Araújo Editor: Joaquim Agostinho Moreira [1] As leis de Newton são um conjunto de três leis que relacionam as forças exercidas sobre um corpo com o seu movimento, e são suficientes para descrever completamente e de forma determinista a dinâmica de qualquer sistema clássico, conhecidas as forças que sobre ele actuam, e as posições e velocidades de cada partícula num instante . Foram enunciadas por Sir Isaac Newton no seu livro Philosophiae Naturalis Principia Mathematica em 1687.[1] Primeira Lei (Lei da inércia): Um corpo em repouso ou em movimento rectilíneo uniforme permanecerá nesse estado, se a resultante das forças que nele actuam for nula. Segunda Lei (Lei fundamental da dinâmica): A taxa de variação temporal da quantidade de movimento de um corpo é igual à força resultante nele exercida, e tem a direcção dessa força. Terceira Lei (Lei da acção-reacção): Para cada acção existe uma reacção igual e oposta; i.e, as forças resultantes da interacção entre dois corpos são iguais e simétricas, cada uma delas aplicada a um dos corpos. Os sistemas físicos governados por estas leis são usualmente chamados sistemas clássicos. Estas leis, na sua formulação original, falham no limite quântico, e situações de altas velocidades e de altas energias, em que é necessário aplicar a Mecânica Quântica e Relatividade Geral. É de notar também que a terceira lei, na formulação aqui apresentada, implica que a perturbação que origina as forças se propagou a uma velocidade infinita. Uma formulação mais geral e correcta não impõe a simetria das forças. No entanto, na generalidade dos casos clássicos (exceptuando a electrodinâmica), esta lei pode ser assim utilizada, uma vez que as velocidades dos corpos envolvidos são muito inferiores à velocidade de propagação da interacção, podendo-se desprezar o intervalo de tempo de propagação e considerar, para todos os efeitos práticos, como instantânea. Primeira Lei ou lei da inércia Um corpo em repouso ou em movimento rectilíneo uniforme permanecerá nesse estado, se a resultante das forças que nele actuam for nula. Esta lei é utilizada na definição de um referencial inercial. Apesar de poder aparentar ser um corolário da segunda lei, na verdade ela define os referenciais em que a segunda lei é válida. Segunda Lei A taxa de variação temporal da quantidade de movimento de um corpo é igual à força resultante nele exercida, e tem a direcção dessa força. Em notação vectorial, sendo que a força resultante a soma vectorial de todas as forças que actuam no corpo: Nos casos em que a massa do corpo não varia, esta lei toma a forma mais conhecida: Traduz também a conservação do momento linear do corpo no caso da resultante das forças ser nula: Leis da dinâmica de Newton 4 Considere-se agora um sistema formado por N corpos. De um modo geral, estes corpos interactuam entre si e com os corpos exteriores ao sistema. As interacções entre os corpos do sistema satisfazem a terceira lei de Newton, pelo que a sua resultante é nula. Contudo, a resultante das forças com origem na interacção do sistema com a vizinhança, pode não ser nula. A aplicação da segunda lei de Newton ao sistema de N corpos conduz à equação: sendo a força resultante das interacções externas sobre o corpo i, e a sua quantidade de movimento. Utilizando a definição de quantidade de movimento do centro de massa, é imediato verificar que: , isto quer dizer que o movimento global de translação do sistema, sob a acção das forças externas, pode ser descrito pelo movimento do centro de massa. No entanto, podem actuar no corpo forças que, apesar de terem resultante nula, provocam movimento de rotação do corpo, não havendo movimento do seu centro de massa. Consideremos o caso simples de um binário de forças, como ilustrado na figura. Os ponto A e B têm a mesma massa, estão rigidamente ligados pelo segmento entre eles, e o sistema está inicialmente em repouso num plano. Se aplicarmos duas forças e , de igual módulo e sentidos opostos, nos pontos A e B respectivamente, o centro de massa permanecerá fixo, mas os pontos A e B irão descrever um círculo em torno dele. Binário de forças Leis da dinâmica de Newton 5 Referências 1. Newton, I., Philosophiae Naturalis Principia Mathematica (“Mathematical Principles of Natural Philosophy”), [1], London, 1687. 2. Halliday, D., Resnick, R., & Walker, J., Fundamentals of Physics, J. Wiley & Sons, 2001. 3. Feymnan, R., Leighton, R. & Sands, M., The Feynman Lectures on Physics, Vol,. 1, Addison-Wesley Publishing, 1963. 4. Alonso, M. & Finn, E., Física, Addison Wesley, 1999. Criada em 03 de Novembro de 2010 Revista em 06 de Dezembro de 2010 Aceite pelo editor em 06 de Dezembro de 2010 Campo Eléctrico Referência : Ferreira, M. (2010), WikiCiências, 1(12):0202 Autor: Miguel Ferreira Editor: Joaquim Agostinho Moreira [1] Da experiência sabe-se que uma carga eléctrica cria um campo eléctrico no espaço vizinho. Quando um corpo electricamente carregado é colocado na região do espaço onde há campo eléctrico, esse corpo fica sujeito à acção de uma força eléctrica. Por definição, o campo eléctrico num dado ponto do espaço é igual à força eléctrica que actua na unidade de carga positiva que se coloca nesse ponto: . O campo eléctrico pode ser criado por cargas ou por campos magnéticos variaveis no tempo. No que se segue, apenas referiremos o campo eléctrico criado por cargas em repouso. Por simplicidade, iniciaremos a discussão com uma única carga pontual, Q, colocada na origem de um referencial, e que cria campo eléctrico. Para caracterizar o campo produzido pela carga Q, utiliza-se uma carga de prova, positiva, de valor muito pequeno, q. A força eléctrica que actua na carga de prova é descrita pela lei de Coulomb, que pode ser formulada matematicamente do seguinte modo: . Utilizando a definição operacional de campo eléctrico enunciada anteriormente, o campo eléctrico criado por uma carga pontual Q, num ponto na posição , é , sendo o versor da direcção definida pelo vector . Da expressão anterior podemos concluir que o campo eléctrico criado por uma carga pontual é radial, decai com o quadrado da distância entre o ponto considerado e a carga criado de campo. O cmpo é centrípeto se a carga criadora for positiva, e centrífugo se a craga for negativa. A força de Coulomb obedece ao princípio da sobreposição; isto é, a força que várias cargas exercem sobre uma carga q é igual à soma vectorial das forças individuais que cada carga do conjunto exerce sobre q. De acordo com a definição operacional, o campo eléctrico obedece ao princípio da sobreposição. Matematicamente, o campo criado por um conjunto de n cargas é dado por: Campo Eléctrico 6 No sistema internacional, as unidades de campo eléctrico são newton por coulomb (N/C) ou volt por metro (V/m). O conceito de campo eléctrico é mais do que uma abordagem matemática diferente do fenómeno da interacção entre cargas eléctricas. De facto, o campo eléctrico é uma entidade física real responsável por mediar a interacção entre as cargas. Quando as cargas que dão origem ao campo eléctrico se movem, os seus movimentos são transmitidos aos corpos carregados que se encontram nas vizinhanças sob a forma de perturbações no campo eléctrico. Estas perturbações difundem-se ao longo do campo à velocidade da luz e vão alterar as características das forças provocadas pelo campo nos corpos carregados que se encontram nas vizinhanças. Dependência do módulo do campo eléctrico criado por uma carga pontual na distância à fonte. Linhas de Campo Uma maneira útil de representar graficamente o campo eléctrico é através de linhas imaginárias, paralelas ao vector campo eléctrico em todos os pontos. Estas linhas têm o nome de linhas de campo. A representação de um campo eléctrico por linhas de campo permite visualizar a direcção e sentido do campo eléctrico em cada ponto do espaço, e permite comparar a intensidade do campo eléctrico em duas regiões do espaço distintas. Ao representar-se um campo eléctrico através das linhas de campo, a sua densidade espacial deve ser proporcional à intensidade do campo eléctrico: em zonas onde o campo eléctrico é mais intenso, as linhas devem estar mais próximas umas das outras. Para além disso, as linhas nunca se podem cruzar porque nesse caso haveria uma ambiguidade na determinação do vector campo eléctrico nesse ponto [ver figura]. Campo eléctrico criado por uma carga positiva. Campo eléctrico criado por uma carga negativa. Campo Eléctrico Carga pontual positiva. As linhas estendem-se até ao infinito e têm a mesma direcção e sentido do vector campo eléctrico em todos os pontos do espaço. 7 Duas carga pontuais positivas. As linhas de campo não existem onde o campo é nulo. Cargas pontuais de sinais opostos. As linhas de campo começam na carga positiva e terminam na negativa. está bem definido: é o único vector tangente à linha de campo naquele ponto. Não é possível definir o vector porque no ponto em questão as linhas de campo se cruzam. Campo Eléctrico em Condutores Um material condutor caracteriza-se por ter cargas eléctrics que se podem mover sob a acção de um campo eléctrico aplicado, dando origem a uma corrente eléctrica. Diz-se que um condutor está em equilíbrio electroestático quando não há movimento organizado de carga, mesmo na presença de um campo eléctrico externo. No interior de materiais condutores em equilíbrio electrostático, o campo eléctrico é nulo. De facto, enquanto o campo eléctrico não for nulo no interior do condutor, haverá movimentos organizados de carga no sentido de o anular. Por exemplo, quando um condutor é colocado num campo eléctrico externo, as cargas livres tendem a reorganizar-se de maneira a anular o campo eléctrico no interior do condutor criando um outro campo eléctrico de intensidade igual e sentido oposto ao campo eléctrico externo. De acordo com o princípio da sobreposição, na região interna do condutor os campos somam-se vectorialmente e anulam-se. Uma vez que o campo eléctrico no interior do candutor é nulo, o seu volume e superfície encontram-se ao mesmo potencial eléctrico. O campo eléctrico na superfície de um material condutor carregado e num regime electrostático, é perpendicular a essa superfície. A condição de se considerar uma situação electrostática é fundamental para se compreender a razão pela qual o campo só pode ser perpendicular. Se o campo não fosse perpendicular, isto é, se fosse possível decompor o campo numa componente paralela à superfície do condutor, haveria um movimento de cargas, o que contradiz a condição de equilíbrio electrostático. É possível provar [ver Leitura Recomendada],que o excesso de carga eléctrica num condutor em equilíbrio electrostático se encobtra distribuída na sua superfície externa. Quer isto dizer que não há carga livre no interior do condutor. Campo Eléctrico 8 1. Condutor em equilíbrio electroestático; 2. Liga-se um campo eléctrico externo reorganizam-se e criam um campo e passa a haver campo no interior do condutor; 3. As cargas ; 4. O movimento de cargas pára quando o campo eléctrico que criam tem o mesmo valor que o campo eléctrico exterior e o anula no interior do condutor. Blindagem Electroestática Um material condutor é capaz de isolar uma dada região do espaço da influência do campo eléctrico, isto é, havendo uma cavidade no interior de um condutor, um campo eléctrico exterior não consegue penetrar no condutor e exercer a sua influência no interior dessa cavidade. Da mesma maneira, se existe uma carga livre dentro da cavidade de um condutor, o campo a que dá origem não consegue penetrar o condutor. Contudo, para anular o efeito da carga interior, o condutor tem que reorganizar a sua carga livre. Esta reorganização conduz ao aparecimento de um campo eléctrico nas vizinhanças do condutor. É importante salientar que este campo não se deve à carga no interior da cavidade, mas às cargas livres do condutor após a reorganização. O campo eléctrico numa cavidade de um condutor é independente do campo eléctrico no seu exterior. Campo Eléctrico 9 Descontinuidade do Campo Eléctrico numa superfície electricamente carregada Considere-se uma superfície electricamente carregada. O vector campo eléctrico num ponto dessa superfície pode ser decomposto numa componente perpendicular e numa componente paralela à superfície condutora. É possível mostrar [ver Leitura Recomendada] que a componente perpendicular à superfície condutora é descontínua, enquanto que a componente paralela é contínua. Isto quer dizer que se se medir o campo eléctrico nos dois lados da uma superfície carregada, o valor da componente normal é diferente, e a sua diferença é uma constante que se relaciona com a densidade superficial de carga da superfície. De facto, é possível mostrar que , em que é a densidade superficial de carga. Exemplos de Campos Eléctricos 1. Campo eléctrico criado por uma esfera maciça de raio R, carregada uniformemente com carga : , para Decomposição do vector campo eléctrico em duas componentes: é perpendicular à superfície e , é paralela. 2. Campo eléctrico criado por uma superfície esférica de raio R uniformemente carregada, com carga , fora da esfera: , 3. Campo eléctrico produzido por um filamento rectilíneo de comprimento ilimitado, com densidade linear de carga constante : Campo eléctrico criado por uma esfera maciça carregada com carga Q. 4. Campo eléctrico criado por um plano infinito com densidade superficial de carga : , em que perpendicular ao plano é o versor que aponta na direcção Campo eléctrico criado por um filamento muito comprido. Campo Eléctrico Leitura Recomendada 1. Alonso, M. e Finn, E. J., Física, Addison Wesley, 1999 2. Purcell, E. M., Electricity and Magnetism, McGraw Hill, 1985 3. Brito, L., Fiolhais, M. e Providência, C., Campo Electromagnético, McGraw Hill, 1999 Criada em 03 de Outubro de 2010 Revista em 06 de Dezembro de 2010 Aceite pelo editor em 06 de Dezembro de 2010 Constante de Avogadro Referência : Manuel Ferreira Fernandes, R. (2010), WikiCiências, 1(12):0203 Autor: Ricardo Manuel Ferreira Fernandes [1] Editor: Jorge Gonçalves A constante de Avogadro é uma constante física fundamental, representada pelo símbolo NA (ou L), que corresponde ao número de entidades elementares (átomos, moléculas, iões, radicais, electrões, fotões, etc.) existentes numa mole da substância considerada. Esta constante tem o valor de 6,022 141 79 (30) x 1023, correspondente ao número de átomos existentes em exactamente 0,012 kg de carbono-12† e apresenta as dimensões de mol-1. A constante de Avogadro foi introduzida, em 1909, pelo físico francês Jean Perrin em homenagem ao químico e físico italiano Amedeo Avogadro (figura 1) que, em 1811, publicou que: volumes iguais de gases nas mesmas condições de temperatura e pressão contêm o mesmo número de moléculas.[1] No início do século XX utilizava-se o termo molécula-grama para designar a massa de uma determinada substância Figura 1 - Selo italiano lançado no âmbito das comemorações do centésimo aniversário da que no estado gasoso ocupava o morte de Avogadro ocorrida em 1856. mesmo volume que dois gramas de hidrogénio (em iguais condições de pressão e temperatura). Assim, com base no conceito de molécula-grama, Perrin propôs que a afirmação de Avogadro era equivalente a dizer que quaisquer duas moléculas-grama contêm sempre o mesmo numero N de moléculas, logo, N é uma constante universal invariável, à qual seria apropriado que se designasse por constante de Avogadro.[2] Jean Perrin, que foi laureado com o prémio Nobel da Física em 1926, calculou a constante de Avogadro a partir do movimento browniano de partículas coloidais. Porém, não foi o primeiro cientista a determinar o seu valor. Em 1865, o cientista austríaco Johann Josef Loschmidt com base na teoria cinética dos gases determinou a densidade numérica de partículas existentes num determinado volume de gás, actualmente conhecida como constante de Loschmidt, que é proporcional à constante de Avogadro. É por causa de Loschmidt que, por vezes, se utiliza o símbolo L para representar a constante de Avogadro. 10 Constante de Avogadro 11 Desde as primeiras estimativas até à actualidade, diferentes métodos foram utilizados para determinar a constante de Avogadro. Assim, esta constante pode ser determinada a partir da teoria cinética dos gases, a partir do movimento browniano, por métodos electroquímicos, a partir da teoria do corpo negro da radiação, pela contagem das partículas alfa resultantes de decaimento radioactivo ou a partir densidade cristalina obtida por raio-X. Em 1965, através da utilização da interferometria de raio-X, em conjunto com o uso de um cristal perfeito de silício (Si), conseguiu-se um progresso assinalável na exactidão do valor da constante de Avogadro. Note-se que os valores da constante de Avogadro determinados pelas diferentes técnicas são concordantes entre si, o que confirma o postulado da existência da átomos e moléculas proposto há cerca de dois séculos.[3,4] Como já foi referido, a constante de Avogadro, quando foi proposta por Perrin, referia-se à quantidade de entidades elementares existentes numa molécula-grama - unidade daquela época para especificar a quantidade de um composto ou de um elemento químico. No entanto, em 1971, na 14ª Conferência de Pesos e Medidas introduziu-se quantidade de substância como grandeza fundamental do Sistema Internacional, tendo-se adoptado a mole como unidade (representada pelo símbolo mol). Assim, por proposta da IUPAC, da IUPAP e da ISO, a mole foi definida como a quantidade de substância de um sistema que contém tantas entidades elementares como o número de átomos existentes em 0,012 kg de carbono-12; em que a natureza das entidades elementares (átomos, moléculas, electrões, protões, etc.) tem de ser especificada.[5] A introdução da mole como unidade de quantidade de substância conduziu a que a constante de Avogadro passasse a ser formalmente definida como o número de átomos existentes em exactamente 0,012 kg de Carbono-12. O número de entidades elementares existentes numa pequena porção de substância é de tal modo elevado, que seria um processo praticamente infinito determinar o número de entidades elementares aí existentes. Assim, a constante de Avogadro permite fazer a transição entre o microscópico e o macroscópico, isto é, conhecendo a massa de uma substância e a massa molar, é possível a partir da constante de Avogadro determinar o número N de entidades elementares aí existentes. Considere-se, como exemplo, 30,35642 g de sódio. O sódio tem uma massa molar, M, igual a 22,98976928 g∙mol-1. Logo, o quociente entre a massa de sódio, m, e a respectiva massa molar, M, é o número de moles, que multiplicado pela constante de Avogadro permite determinar o número de átomos existentes: átomos de sódio (Na) Verifica-se assim que 30,35642 g de sódio contêm 7.95183 x 1023 átomos. Para entender melhor a magnitude do valor numérico da constante de Avogadro NA = 6,022 x 1023 imagine-se que se tinha como desafio contar o número de partículas existentes numa mole durante o intervalo de tempo correspondente à idade do planeta terra, ou seja, cerca de 4,5 mil milhões de anos (4,5 x 109 anos). Logo, para superar o desafio era necessário contar 4,2 milhões de partículas por segundo durante os 4,5 mil milhões de anos! † Os átomos de carbono-12 devem estar no seu estado fundamental e não estarem quimicamente ligados entre si. Referências 1. Essay on a Manner of Determining the Relative Masses of the Elementary Molecules of Bodies, and the Proportions in Which They Enter into These Compounds [2], consultado em 12/06/2010. 2. Brownian Motion and Molecular Reality [3], consultado em 12/06/2010. 3. S. Ramaseasha, Resonance 11 (2006) 79-87, DOI:10.1007/BF02835688 [4]. 4. P. Becker, H. Friedrich, K. Fujii,W. Giardini, G. Mana, A. Picard. H. Pohl, H. Riemann, S. Valkiers, Meas. Sci. Technol. 20 (2009) DOI: 10.1088/0957-0233/20/9/092002 [5], consultado em 12/06/2010). 5. International Bureau of Weights and Measures, 8th ed. (2006) 114–115 [6], consultado em 12/06/2010. Constante de Avogadro Criada em 10 de Dezembro de 2010 Revista em 10 de Dezembro de 2010 Aceite pelo editor em 10 de Dezembro de 2010 Efeito fotoeléctrico Referência : Manuel Ferreira Fernandes, R. (2010), WikiCiências, 1(12):0204 Autor: Ricardo Ferreira Fernandes [1] Editor: Jorge Gonçalves O efeito fotoeléctrico é um fenómeno no qual são emitidos electrões de um material, geralmente metálico, quando iluminado com radiação de frequência conveniente. O efeito fotoeléctrico foi observado pela primeira vez, em 1839, por Alexandre Bequerel, através de um eléctrodo colocado numa solução condutora exposta à luz. Em 1887, Heirich Hertz, observou que eléctrodos irradiados com luz ultravioleta originavam faíscas eléctricas com mais facilidade. Entre 1888 e 1981, Aleksandr Stoletev estudou detalhadamente o efeito fotoeléctrico, tendo estabelecido a proporção directa entre a intensidade de radiação electromagnética que actuava na superfície metálica e a fotocorrente provocada por essa radiação.[1] Em 1902, Philipp Eduard von Lenard observou que a energia cinética dos electrões ejectados aumentava com a frequência da luz incidente, o que não estava de acordo com as leis da Física da época, que previam que a energia cinética dos electrões deveria ser proporcional à intensidade da radiação. Em 1905, Einstein, baseando-se na teoria do corpo negro de Max Planck, resolveu este aparente paradoxo ao propor que a luz deveria ser composta por quanta (unidades discretas de energia, actualmente denominados por fotões) e não por ondas contínuas e que a energia de cada quantum de luz deveria ser igual à frequência multiplicada por uma constante, mais tarde denominada por constante de Planck. Usando esta hipótese, Einstein foi capaz de explicar o fenómeno observado de que a energia cinética máxima, Ecin, dos electrões ejectados varia com a frequência,ν, da radiação incidente através de: em que h é constante de Plank, ν a frequência da radiação incidente, w0 a chamada função de trabalho, que equivale à energia mínima necessária para remover um electrão da superfície de um dado material, c a velocidade da luz e λ o comprimento de onda da radiação incidente. Pela explicação do efeito fotoeléctrico foi atribuído a Albert Einstein o Nobel da Física em 1921.[2] Na actualidade, o efeito fotoeléctrico está na base de inúmeras aplicações práticas, sendo as fotocélulas, aparelhos fotocondutores e células solares exemplo disso.[3] Uma das aplicações mais usadas no quotidiano são as fotocélulas que actuam como sensores para abrir automaticamente portas ou sistemas semelhantes, usados por exemplo, quando se entra num edifício, ou para evitar que as mesmas se fechem quando existe algum obstáculo (caso dos elevadores). 12 Efeito fotoeléctrico Referências 1. Wikipedia (en): Stoletov's law [1], consultado em 06/01/2010 2. The Nobel Prize in Physics, 1921 - Albert Einstein [2], consultado em 06/01/2010 3. Photoelectric Effect - Applications [3], consultado em 06/01/2010 Criada em 23 de Janeiro de 2010 Revista em 10 de Dezembro de 2010 Aceite pelo editor em 10 de Dezembro de 2010 Electrólise Referência : Manuel Ferreira Fernandes, R. (2010), WikiCiências, 1(12):0205 Autor: Ricardo Ferreira Fernandes [1] Editor: Jorge Gonçalves Etimologicamente, electrólise significa "decomposição pela electricidade". A electrólise é, assim, um processo que utiliza corrente eléctrica para promover uma reacção química não espontânea. Para isso, um gerador de corrente eléctrica contínua é ligado aos eléctrodos de uma célula electrolítica forçando os electrões a participar em reacções provocadas de oxidação num dos eléctrodos (o ânodo) e de redução no outro eléctrodo (o cátodo). No ano de 1800, os cientistas ingleses William Nicholson (1753-1815) e Anthony Carlisle (1768-1840), quando tentavam reproduzir as experiências de Allesandro Volta (1745-1827), com o objectivo de analisar as cargas eléctricas usando um electroscópio previamente desenvolvido por Nicholson, verificaram que ao inserirem os dois fios condutores metálicos provenientes da pilha de Volta num recipiente com água, se libertavam bolhas gasosas nas superfícies dos fios condutores (hidrogénio e oxigénio).[1] Posteriormente, em 1807, o químico inglês Sir Humphry Davy (1778-1840) fez passar uma corrente eléctrica através de hidróxido de potássio e hidróxido de sódio fundidos, isolando os elementos potássio e sódio, respectivamente. Davy prosseguiu os seus estudos com metais alcalino-terrosos, tendo isolado de forma semelhante o magnésio, o cálcio, o estrôncio e o bário. Em 1834, Michael Faraday (1791-1867) introduziu, por sugestão do polímato Rev. William Whewell (1794-1866), o termo electrólise que deriva do grego electro + lysis e significa decomposição por acção da electricidade.[2] 13 Electrólise No quotidiano, a electrólise é um processo muito usado na preparação e purificação de metais, como por exemplo, na obtenção do alumínio a partir do mineral bauxite, ou na refinação do cobre na etapa final da extracção. A electrólise é também utilizada para a obtenção industrial de algumas substâncias (compostas e elementares), como por exemplo, o clorato de potássio, o di-hidrogénio, o dicloro, o hidróxido de sódio e clorato de sódio. A electrólise também está presente nos processos de electrodeposição, Figura 1 - Representação esquemática de uma célula electrólitica utilizada para um nomeadamente no processo de processo de galvanoplastia. galvanoplastia, no qual se pretende o revestimento de uma superfície condutora através da deposição, por acção de uma corrente eléctrica, de iões de um dado metal. A superfície que vai receber o revestimento metálico é ligada ao pólo negativo de uma fonte de alimentação comportando-se como um cátodo. O metal que vai fornecer o revestimento é ligado ao pólo positivo e comporta-se como ânodo. Quando a fonte de alimentação é ligada, a acção da corrente eléctrica que flui no circuito provoca a redução (no cátodo) do catião em solução e a oxidação do metal (no ânodo) (figura 1). Referências 1. RSC: Enterprise and electrolysis [1], consultado em 02/03/2010. 2. Online Etymology Dictionary: electrolysis [2], consultado em 02/03/2010. Criada em 27 de Março de 2010 Revista em 14 de Dezembro de 2010 Aceite pelo editor em 14 de Dezembro de 2010 14 Reagente limitante 15 Reagente limitante Referência : Manuel Ferreira Fernandes, R. (2010), WikiCiências, 1(12):0206 Autor: Ricardo Ferreira Fernandes [1] Editor: Jorge Gonçalves O reagente limitante é o reagente que numa reacção química se encontra em defeito, de acordo com as proporções estabelecidas pela equação química correspondente (proporções estequiométricas). Deste modo, a quantidade máxima possível de produto de reacção é determinada pela quantidade existente de reagente limitante, que é completamente consumido se as reacções químicas forem completas. Os reagentes que no decurso de uma reacção química completa não se gastam na totalidade são designados por reagentes em excesso ou excedentários. Porém, quando os reagentes estão em proporções estequiométricas, todos os reagentes são reagentes limitantes. Considere-se o exemplo da equação química seguinte que representa a reacção entre o trióxido de diferro (Fe2O3) e o alumínio (Al): Fe2O3(s) + 2 Al(s) 2 Fe(s) + Al2O3(s) Através da equação verifica-se que uma mole de trióxido de diferro (Fe2O3) reage com duas moles de alumínio (Al), originando duas moles de ferro (Fe) e uma mole de trióxido de dialumínio (Al2O3). Supondo que se colocam 30,0 g de Fe2O3 na presença de 12,0 g de Al em condições propícias à reacção, qual é o reagente limitante? O primeiro passo consiste em converter a massa dos reagentes em quantidade de substância. Atendendo aos valores de massa molar de cada um dos reagentes tem-se: De seguida, para identificar o reagente limitante podem utilizar-se três métodos: Método 1) Verificar qual dos reagentes se encontra em menor quantidade relativa O reagente limitante é o que, numa reacção química, se encontra em menor quantidade relativa, ou seja, é aquele que apresenta menor quociente entre a respectiva quantidade de substância e o respectivo coeficiente estequiométrico na equação química que descreve a reacção. Algebricamente, o reagente limitante corresponde ao valor mínimo obtido através da equação (1) para os diferentes reagentes. Assim, para a reacção acima referida em que a proporção estequiométrica (Fe2O3:Al) é 1:2, virá: O menor dos dois quocientes é correspondente a Fe2O3 (0,188), logo este é o reagente limitante. Esta forma de identificar o reagente limitante é particularmente útil quando há mais do que dois reagentes. Método 2) Determinar o reagente que se encontra em defeito Reagente limitante Através das proporções estequiométricas, determina-se qual dos reagentes se encontra em defeito. Deste modo, atendendo a que uma mole de Fe2O3 reage com duas moles de Al, qual o número de moles de Al necessário para reagir com 0,188 moles de Fe2O3? Verifica-se que são necessárias 0,376 moles de Al para reagir com 0,188 mol de Fe2O3. Assim, uma vez que existem 0,455 mol de Al disponíveis para reagir, ou seja, uma quantidade superior à necessária para reagir com 0,188 mol de Fe2O3, o Al encontra-se em excesso. Logo, Fe2O3 é o reagente limitante. Método 3) Calcular qual dos reagentes origina uma maior quantidade de produto de reacção As proporções estequiométricas entre os reagentes e os produtos de reacção estabelecidas pela equação química, permitem calcular a quantidade máxima de produto que teoricamente se pode formar. Assim, o reagente limitante é aquele que, de acordo com a quantidade existente e com a proporção estequiométrica, produz uma menor quantidade de produto. Note-se que para calcular a quantidade de produto de reacção formado a partir dos regentes basta utilizar um dos produtos de reacção obtidos, uma vez que os resultados são independentes quer se opte por um ou por outro. No caso da reacção acima optou-se por calcular a quantidade formada de Fe. De seguida, de acordo com a relação estequiométrica da equação, calcula-se a quantidade de produto de reacção que é formada a partir da quantidade de substância de cada reagente. Quantidade de substância de Fe formada a partir de 0,188 mol de Fe2O3: Quantidade de substância de Fe formada a partir de 0,445 mol de Al: Verifica-se que é o reagente limitante é Fe2O3, uma vez que origina uma menor quantidade de produto de reacção, neste caso Fe. Referências General Chemistry Glossary: limiting reactant [1], consultado em 08/04/2010. Source Book: Stoichiometry [2], consultado em 08/04/2010. UCDavis ChemWiki: Limiting Reagents [3], consultado em 08/04/2010. Criada em 10 de Dezembro de 2010 Revista em 14 de Dezembro de 2010 Aceite pelo editor em 14 de Dezembro de 2010 16 Modelo atómico de Bohr Modelo atómico de Bohr Referência : Corrêa, C. (2010), WikiCiências, 1(12):0207 [1] Autor: Carlos Corrêa [1] Editor: Jorge Gonçalves A teoria atómica de Bohr foi apresentada em dois artigos publicados na revista Philosophical Magazine and Journal of Science, em Julho e Setembro de 1913, com o título “On the Constitution of Atoms and Molecules", Partes I e II. Bohr acentua que o seu artigo constitui uma tentativa de aplicação das ideias de Rutherford para uma teoria de constituição do átomo, propondo-se discutir no primeiro artigo o mecanismo da ligação dos electrões a um núcleo com carga positiva utilizando a teoria de Planck. É neste primeiro artigo que apresenta o seu modelo atómico e se explica a posição das riscas do espectro do átomo de hidrogénio Refere a inadequabilidade da termodinâmica clássica para explicar as propriedades dos átomos com base num modelo como o de Rutherford, considerando um sistema constituído por um núcleo de pequeníssimas dimensões, com carga positiva +E, e um electrão descrevendo órbitas elípticas estacionárias à sua volta, tal qual sucede com os planetas em volta do Sol. Por simplicidade considera a massa do electrão desprezável em relação à massa do núcleo fixo, a velocidade do electrão pequena em relação à velocidade da luz e que não há qualquer emissão de energia. A permanência do electrão em óbita (por simplicidade considerada circular, de raio a) exige que a força atractiva ao núcleo (Ee/a2) seja igual à força centrífuga [ma(2 )2]*, sendo m a massa do electrão. Representando por W a energia necessária para afastar o electrão a uma distância infinita do núcleo, obten-se o valor da frequência de rotação e do diâmetro da órbita, 2a: Contudo, dado que uma carga eléctrica em movimento circular emite radiação electromagnética, as órbitas do electrão deixariam de ser estacionárias; W aumentaria sucessivamente e o electrão descreveria órbitas cada vez menores, de maior frequência, acabando por cair no núcleo. Bohr concluiu que "é óbvio que o comportamento deste sistema é muito diferente do que se verifica nos sistemas atómicos que se encontram na Natureza". É aqui que surgem as ideias de Planck: "Now the essential point in Planck´s theory of radiation is that the energy radiation from an atomic system does not take place in the continuous way assumed in the ordinary electrodynamics, but that it, on the contrary, takes place in distinctly separated emissions, the amount of energy radiated out from an atomic vibrator of frequency in a single emission being equal to , where is an entire number, and is a universal constant". Na aplicação das ideias de Planck ao modelo atómico, Bohr assume que no processo de ligação do electrão ao núcleo é emitida radiação de frequência igual a metade da frequência de rotação do electrão em torno do núcleo ( ) e a quantidade de energia emitida no processo é e, considerando as relações anteriores, obteve as energias, frequências e dimensões das várias órbitas permitidas para o electrão: Note-se que o valor de W é máximo para = 1, o que corresponde ao estado mais estável do sistema, isto é, ao estado em que o electrão está mais ligado e que requer maior quantidade de energia para ser removido†. Para o átomo de hidrogénio, E = e, e substituindo as constantes m, e, e h pelos respectivos valores3, vem 2a = 1,1 × 10-8 cm, = 6,2 × 1015 s-1 e W/e = 13 V, "valores que são da mesma ordem de grandeza das dimensões do átomo, das frequências "ópticas" e dos potenciais de ionização" conhecidos na época. Bohr refere que a importância da teoria de Planck tinha sido já apontada por Einstein e aplicada a uma série de fenómenos por Stark, Nernst e Sommerfield. Refere os trabalhos de Nicholson, que publicou vários artigos em que 17 Modelo atómico de Bohr 18 mostrou ser possível explicar as riscas, até então de origem desconhecida, nos espectros luminosos da corona solar e de nebulosas com base na presença de certos elementos nesses corpos celestes, aplicando a teoria de Planbck. No entanto, havia sérias objecções aos modelos de Nicholson. O maior sucesso da teoria de Bohr surgiu ao explicar quantitativamente o espectro de emissão do átomo de hidrogénio, estudado por vários cientistas, entre os quais Rydberg, que verificou empiricamente que a posição as riscas (frequência, ) obedecia à relação onde c é a velocidade da luz, RH é a constante de Rydberg (1,09678 × 107 m-1) e n1 e n2 são números inteiros e positivos, tais que n1 < n2. A quantidade de energia emitida na passagem do sistema de um estado correspondente a correspondente a é para um estado o que permite obter os valores das frequências das riscas do espectro do hidrogénio. "A concordância é quantitativa e também qualitativa. Para e = 4,7 × 10-10, e/m = 5,31 × 10-17 e h = 6,5 ×10-27 obtém-se e o valor experimental é 3,29 × 1015 ". Bohr nota que em descargas através de tubos a baixa pressão não foi possível encontrar mais de 12 riscas na série de Balmer, enquanto nos espectros de emissão de corpos celestes se observam 33 riscas, que são explicadas pela sua teoria. Bohr explica a necessidade de se utilizarem baixas pressões para se obter um grande número de riscas nos espectros atómicos. De acordo com o diâmetro que calculou para as órbitas (2a), para = 12, o diâmetro do átomo excitado é igual a 1,6 × 10-6 cm que é a distância média entre dois átomos à pressão de 7 mmHg. Para = 33 o diâmetro do átomo é de 1,2 × 10-5 cm, que é a distância média entre moléculas à pressão de 0,02 mmHg. Assim, para que a desexcitação possa ocorrer por emissão de radiação é necessário que os átomos excitados se encontrem suficientemente afastados uns dos outros, o que exige pressões muito baixas. Após uma série de outras discussões, o artigo de Bohr termina com uma generalização da hipótese utilizada no seu modelo: "Em qualquer sistema molecular constituído por um núcleo de carga positiva e electrões movendo-se em órbitas circulares, considerando o núcleo em repouso em relação aos electrões, o momento angular de cada electrão em relação ao centro da sua órbita é igual a h/2 , em que h é a constante de Planck". Modelo atómico de Bohr * Note-se que Bohr representou a frequência de rotação do electrão por que é o símbolo vulgarmente utilizado para a pulsação, , sendo f a frequência. † É a energia de ionização. Actualmente considera-se a energia W negativa, pois para o electrão localizado a uma distância infinita, considera-se W = 0. ‡ As unidades são as do Sistema cgs. Criada em 22 de Abril de 2010 Revista em 06 de Setembro de 2010 Aceite pelo editor em 14 de Dezembro de 2010 Modelo atómico de Rutherford Referência : Corrêa, C. (2010), WikiCiências, 1(12):0208 [1] Autor: Carlos Corrêa [1] Editor: Jorge Gonçalves O modelo atómico de Rutherford (E. Rutherford, F.R.S., Universidade de Manchester) foi apresentado numa comunicação efectuada na Manchester Literary and Philosophical Society em 1911 e publicada na revista Philosophical Magazine and Journal of Science, em Maio de 1911, com o título “The Scattering of and Particles by Matter and the Structure of the Atom”. Era convicção geral que os desvios de partículas (experiências de Geiger e Marsden[1]) e de partículas (trabalhos de Crowthers[2]) quando feixes destas partículas atravessavam finas lâminas metálicas (por exemplo, de ouro, com espessura de cerca de 0,00004 cm) resultavam de uma série de sucessivos pequenos desvios. Thomson havia concluído, baseado nos resultados experimentais de Crowthers com partículas e em cálculos realizados sobre o seu modelo de “bolo de passas”, que os ângulos de cada desvio deveriam ser pequenos e resultantes da interacção sucessiva com N electrões. Crowthers, em experiências de deflexão com vários metais, calculou até o número de electrões, N, que seria responsável pelos sucessivos desvios e que diferia do número de electrões actualmente conhecido (Al. 27 em vez de 13, Cobre 42 em vez de 29, prata 78 em vez de 47, etc.). No entanto, alguns dos desvios de partículas ao atravessarem finas láminas de ouro eram mesmo superiores a 90º, o que era dificil de explicar com base na existência de pequenos desvios sucessivos, pois o cálculo da probabilidade de ocorrência de desvios sucessivos conduzia a valores extremamente baixos. Rutherford pensou que era razoável supor que os desvios elevados das partículas se deviam a um único encontro da partícula com uma zona de intenso campo eléctrico e não a uma série sucessiva de pequenos desvios. Assim, considerou um modelo, sobre o qual efectuou alguns cálculos, com a seguinte estrutura: “...um átomo que contém uma carga eléctrica Ne no seu centro rodeada por uma esfera electrificada de carga -Ne (ou +Ne) uniformemente distribuída numa esfera de raio R, em que e é a unidade fundamental de carga e N a carga central do átomo.” Por comodidade, Rutherford considerou a carga central positiva, +Ne, rodeada por carga negativa -Ne. Considerou que os desvios das partículas , carregadas positivamente, se deviam somente à carga central do átomo. Aqui surge o verdadeiro modelo de Rutherford: uma zona central - o núcleo - com carga positiva e uma zona difusa à sua volta, com carga negativa - a nuvem electrónica. Com base neste modelo, Rutherford determinou as trajectórias hiperbólicas das partículas no seu percurso através dos átomos que constituíam as folhas de ouro e calculou os ângulos de desvio quando os feixes de partículas passavam na vizinhança do centro do átomo (à distância p). Para valores de p pequenos, os ângulos de desvio 19 Modelo atómico de Rutherford podiam alcançar valores tão elevados como 120º ou 150º. Para lâminas tão finas como 0,0001 cm, deduziu que a probabilidade de uma segunda interacção com outro átomo era diminuta (da ordem de 0,000001). Geiger, realizando experiências com diferentes lâminas metálicas, concluiu que o valor de N era aproximadamente proporcional aos seus pesos atómicos. Tanto para a deflexão de partículas como , a carga central Ne é proporcional ao peso atómico da partícula. Verificou que a carga positiva do núcleo era aproximadamente igual a 1/2 de Ae, em que A é o peso atómico (referido ao hidrogénio). Quer dizer que o número de electrões do átomo é cerca de metade do respectivo peso atómico. Curiosamente, Rutherford conclui neste célebre artigo “The deductions from the theory so far considered are independent of the sign of the central charge, and it has not so far been found possible to obtain definitive evidence to determine whether it is positive or negative.” No seu segundo artigo, de Março de 1914 (Philosophical Magazine and Journal of Science, Série 6, Volume 27, pag. 488-498), com o título "The Structure of the Atom", Rutherford começa por referir que o artigo vai tratar de alguns pontos ligados à teoria do "núcleo" do átomo que tinha deliberadamente omitido no artigo anterior (1911). Escreve "Para explicar os grandes desvios angulares das experiências de dispersão das partículas , supuz que o átomo consistia num núcleo de pequenas dimensões carregado positivamente no qual se concentrava praticamente toda a massa do átomo. Considerei o núcleo rodeado de electrões, de modo a tornar o átomo electricamente neutro, distribuidos a distâncias comparaveis ao que se considera ser o raio do átomo". Note-se que nada adianta sobre o modo como os electrões se moveriam em torno do núcleo. Concentra-se novamente em experiências de deflexão de Geiger e Marsden[3] realizadas em 1913, que continuam a substanciar o seu modelo atómico. Rutherford [4] estendeu a sua análise à interacção de partículas com átomos menores, como hidrogénio e hélio, concluindo que o núcleo do átomo de hidrogénio teria uma só carga positiva e o núcleo de hélio (partícula ) teria duas. Previu que, dada a carga e massa do átomo de hidrogénio, a aproximação das partículas levaria os átomos de hidrogénio a moverem-se com uma velocidade 1,6 vezes maior do que a das partículas , devendo ser possível detectar a ejecção destes átomos de hidrogénio. A frase de Rutherford "Mr Marsden has kindly made experiments for me to test whether the presence of such hydrogen atoms can be detected" mostra a sua íntima colaboração com estes experimentalistas. Refere a diferença entre o comportamento das partículas e , notando que estas, por terem carga contrária à carga do núcleo, são aceleradas na sua aproximação ao núcleo, podendo mesmo ser apanhadas numa órbita em espiral, acabando por cair no núcleo, o que explicava o desaparecimento de partículas na sua passagem através da matéria. Sobre as dimensões do núcleo escreve: "Para explicar a velocidade adquirida pelos átomos de hidrogénio nas suas "colisões" com partículas , é possível verificar por cálculo que que os centros dos núcleos de He e de H se devem aproximar a cerca de 1,7 × 10-13 cm. Isto é uma quantidade muito pequena, um pouco menor do que o valor geralmente aceite para o diâmetro do electrão, cerca de 2 × 10-13 cm". Rutherford interroga-se se existirão electrões no núcleo, questão já levantada por Bohr, que também concluiu que as partículas provinham do núcleo. Segundo as palavras de Rutherford "é claro na base da teoria do núcleo que as propriedades físicas e químicas dos elementos dependem inteiramente da carga nuclear, que determina o número e a distribuição dos electrões que o rodeiam". A existência de isótopos é claramente prevista, pois "deve ter-se em mente que não é impossível, com base na teoria do núcleo, que os átomos possam diferir no seu peso atómico mas terem a mesma carga nuclear". O mesmo sucede com a existência de isóbaros: "Se o núcleo for considerado uma mistura de núcleos de hidrogénio com carga + e núcleos de hélio com carga 2+, pode conceber-se que a existência de atomos com a mesma carga nuclear mas diferentes pesos atómicos". 20 Modelo atómico de Rutherford 21 Este segundo artigo termina referindo os trabalhos de Bohr "Bohr chamou a atenção para as dificuldades de construir átomos baseados na teoria do "núcleo" e mostrou que as posições estáveis dos electrões não podem ser deduzidas da Mecânica Clássica. Por introdução de conceitos relacionados com o quantum de Planck, Bohr mostrou que, sob simples suposições, é possivel construir átomos simples e moléculas.(...) Embora haja muitas opiniões acerca da validade das suposições em Bohr que se baseia, não há nenhuma dúvida de que as suas teoprias são de grande interesse e importância para todos os físicos, como primeira tentativa de construir simples átomos e moléculas e explicar os seus espectros." Referências 1. Geiger e Marsden, Proc. Roy. Soc. A. Ixxxii. p. 495(1909) 2. Crowther, Proc. Roy. Soc. A. Ixxxiv. p. 226(1910) 3. Geiger e Marsden, Phil. Mag. xxv . p.604 (1913) 4. Rutherford e Nuttall, Phil. Mag. xxvi . p.702 (1913) Criada em 27 de Abril de 2010 Revista em 06 de Setembro de 2010 Aceite pelo editor em 14 de Dezembro de 2010 Fórmula de estrutura Referência : Manuel Ferreira Fernandes, R. (2010), WikiCiências, 1(12):0209 Autor: Ricardo Ferreira Fernandes [1] Editor: Jorge Gonçalves A fórmula de estrutura consiste na representação gráfica da sequência e modo de ligação dos átomos entre si (figura 1). Figura 1 - Fórmulas de estrutura de isómeros constitucionais: (a) etanol; (b) metoximetano. Fórmula de estrutura Figura 2 - Representação do anel do benzeno retirado de Kekulé's Lehrbuch der organischen Chemie (1861–1867). Imagem obtida em:Chemical Heritage [1] Foundation 22 O químico escocês Archibald Scott Couper (1831–1892) foi um dos primeiros cientistas a representar a estrutura molecular de um determinado composto. Couper introduziu, em 1858, as fórmulas de estrutura, em que os átomos eram representados através dos respectivos símbolos dos elementos químicos e as ligações entre os átomos eram representadas através de traços contínuos. No entanto, Couper, devido aos adiamentos impostos pelo seu supervisor – o químico francês Charles Adolphe Wurtz (1817-1884), não publicou imediatamente os seus trabalhos. Como consequência, o químico alemão August Kekulé von Stradonitz (1829–1896) publicou um artigo com representações similares algumas semanas antes que Couper, tendo assim Kekulé ficado historicamente conhecido pela introdução da estrutura molecular e da tetravalência do carbono.[1] No decurso dos seus trabalhos Kekulé ficou igualmente conhecido pela proposta da estrutura cíclica do benzeno (figura 2). Posteriormente o químico norte-americano Gilbert Newton Lewis (1875-1946) publicou, em 1916, o artigo The atome and the molecule em que introduziu as fórmulas químicas actualmente designadas por fórmulas ou estruturas de Lewis, nas quais representa os electrões de valência que participam nas ligações covalentes entre os átomos e os respectivos electrões não partilhados existentes na molécula. Assim, utiliza-se uma linha/traço (–) para representar uma ligação simples ou um par de electrões, podendo utilizar-se o ponto (•) como símbolo gráfico para representar um electrão ou dois pontos para um par de electrões (••). Deste modo, as fórmulas de estruturas indicam a conectividade e o tipo de ligação que ocorre entre os átomos, em Figura 3 - Fórmulas de Lewis: (a) molécula de H2 que as ligações simples são caracterizadas pela partilha de um par (ligação covalente simples); (b) molécula de O2 (ligação covalente dupla); (c) molécula de N2 (ligação de electrões (figura 3a), as ligações duplas por dois pares de covalente tripla). electrões partilhados (figura 3b) e as ligações triplas pela partilha de três pares de electrões (figura 3c). Os electrões de valência que não partilhados são colocados de forma adjacente ao átomo ao qual estão associados (figura 3b e 3c). As fórmulas de estrutura são muito utilizadas em Química Orgânica, devido à enorme variedade de compostos que o carbono pode originar. Assim, de modo a tornar a representação molecular mais simples utilizam-se formas abreviadas em que, por exemplo, os compostos representados na figura 1 podem ser escritos ao longo de um texto de uma forma condensada como CH3-CH2-OH (etanol) e CH3-O-CH3 (metoximetamo). Fórmula de estrutura 23 Adicionalmente, foram introduzidas fórmulas de estrutura ainda mais simplificadas, que têm a vantagem de serem fáceis de desenhar, para representar estruturas complexas de uma forma clara e concisa. Nestas estruturas os átomos de carbono e de hidrogénio estão representados de modo implícito na extremidade das linhas e nos vértices ao longo da estrutura, representando-se apenas os átomos que não sejam carbono ou hidrogénio (heteroátomos). Por exemplo, na figura 4 estão representadas as fórmulas dos isómeros constitucionais etanol e éter dimetílico. Figura 4 - Isómeros constitucionais: (a) etanol; (b) éter dimetílico. Referências 1. August Kekulé and Archibald Scott Couper [2], consultado em 20/08/2010. IUPAC Gold Book: Structural formula [3], consultado em 20/08/2010. IUPAC Gold Book: Lewis formula [4], consultado em 20/08/2010. Criada em 14 de Dezembro de 2010 Revista em 15 de Dezembro de 2010 Aceite pelo editor em 15 de Dezembro de 2010 Aminoácido Referência : Manuel Ferreira Fernandes, R. (2010), WikiCiências, 1(12):0210 Autor: Ricardo Manuel Ferreira Fernandes [1] Editor: Jorge Gonçalves Um aminoácido é uma substância cuja molécula contém os grupos funcionais - amino (-NH2) e carboxilo (-COOH). Num α-aminoácido existe um substituinte na posição 2 (R), que pode ser uma cadeia alquílica ou arílica, podendo conter um dos seguintes grupos: hidroxilo, amino, mercapto, sulfureto, carboxilo, guanidininilo ou imadazolilo (figura 1). O primeiro aminoácido natural a ser descoberto, a asparagina, foi isolado a partir do espargo (Asparagus officinalis), em 1806, pelos químicos franceses Louis Figura 1 - Estrutura genérica de um α-aminoácido. Nicolas Vauquelin (1736-1829) e Pierre Jean Robiquet (1780-1840). Posteriormente, em 1810, foi descoberto o aminoácido cistina, que mais tarde, em 1884, se verificou ser um dímero constituído por duas moléculas de cisteína. À medida que a química orgânica se foi desenvolvendo, novos aminoácidos foram isolados e na actualidade já se identificaram cerca de 700.[1] Aminoácido Os aminoácidos são compostos anfotéricos, uma vez que a sua estrutura apresenta dois grupos funcionais - amino e carboxilo - que actuam como base e como ácido, respectivamente. Assim, ocorrem transferências de protões dos grupos ácidos para os grupos básicos, formando espécies designadas por iões dipolares ou zwitteriões (do germânico zwitt, que significa ambivalente). A elevada polaridade da estrutura zwitteriónica permite que o aminoácido forme estruturas cristalinas relativamente solúveis em água. Porém, quando aquecidos (473-573 K ou 200-300 ºC), tendem a decompor-se, antes de atingirem a temperatura de fusão. Em solução, os aminoácidos, se não têm cadeias laterais ionizáveis, apresentam dois grupos capazes de sofrer protonação/desprotonação. Assim, a carga do aminoácido varia com o pH da solução. A pH baixo o grupo amina encontra-se protonado originando um catião (figura 2a). À medida que o pH aumenta o grupo carboxílico é desprotonado, existindo um pH designado por pH ou ponto isoeléctrico, em que a que a extensão de protonação é igual à extensão de desprotonação, correspondendo à concentração máxima de aminoácido sob a forma de zwitterião (figura 2b). Aumentando mais o pH, apenas o grupo ácido se encontra desprotonado, ficando assim o aminoácido com carga negativa (figura 2c). Figura 2 - As três formas de um aminoácido de acordo com o pH da solução: (a) forma catiónica; (b) forma zwitteriónica; (c) forma aniónica. Os aminoácidos são extremamente importantes a nível bioquímico, uma vez que são a unidade básica de construção (monómeros) das proteínas, as quais desempenham funções vitais nos organismos como, por exemplo, na respiração celular e no metabolismo. Apesar do elevado número de aminoácidos identificados até à actualidade, apenas cerca de duas dezenas de α-aminoácidos entram na constituição das proteínas de todas as espécies, desde os humanos até às bactérias. No organismo humano, alguns α-aminoácidos são sintetizados pelo próprio organismo, porém, existem 8 α-aminoácidos (fenilalanina, isoleucina, leucina, lisina, metionina, treonina, triptofano e vanilina) que o organismo não consegue produzir, mas indispensáveis para o seu funcionamento. Assim, estes compostos designados por aminoácidos essenciais, necessitam obrigatoriamente de ser incluídos na dieta alimentar humana. Os aminoácidos apresentam diversas aplicações tecnológicas, sendo principalmente utilizados como aditivos alimentares em rações de animais, uma vez que o componente principal destas é à base de soja ou outras leguminosas similares, que apresentam baixa percentagem de aminoácidos essenciais. Na indústria alimentar o ácido glutâmico é utilizado como um aromatizante.[2] Os aminoácidos são igualmente utilizados como precursores na síntese de alguns medicamentos utilizados, por exemplo, no tratamento da síndrome de Parkinson. Para aumentar a biodegrabilidade e biocompatibilidade de polímeros e tensioactivos os aminoácidos são também incorporados na sua síntese.[3] 24 Aminoácido 25 Referências 1. A. Quintas, A. P. Freire, M. J. Halpern, Bioquímica - Organização Molecular da Vida, Lidel: Lisboa, 2008, ISNB: 978-972-757-431-5. 2. S. Garattini, J. Nutrition 130 (2000), 901S-909S Glutamic Acid, Twenty Years Late [1] 3. F. Sanda, T. Endo, Macromol. Chem. Phys. 200 DOI:10.1002/(SICI)1521-3935(19991201)200:12<2651::AID-MACP2651>3.0.CO;2-P [2] (1999) 2651–2661, INTRODUCING AMINO ACIDS [3], consultado em 3/06/2010. Criada em 28 de Setembro de 2010 Revista em 15 de Dezembro de 2010 Aceite pelo editor em 16 de Dezembro de 2010 Fórmula estereoquímica AVISO: Não foi possível gerar a página – será produzido texto simples. As causas potenciais do problema são: (a) um erro do programa responsável pelo PDF (b) sintaxe problemática do MediaWiki (c) uma tabela demasiado larga Referência : Manuel Ferreira Fernandes, R. (2010), WikiCiências, 1(12):0211Autor: Ricardo Ferreira FernandesEditor: Jorge Gonçalves Figura 1 - Fórmulas estereoquímicas de um par de enantiómeros. O arranjo espacial relativo dos átomos é diferente, porém, os compostos estão um para o outro como a imagem está para o objecto num espelho plano.A fórmula estereoquímica é uma representação que indica a disposição espacial relativa dos átomos numa molécula (figura 1).Estas fórmulas foram introduzidas, por volta de 1859, no âmbito da estereoquímica (área que estuda as propriedades químicas dos compostos em função da disposição espacial dos átomos que compõem as moléculas) quando o químico francês Louis Pasteur observava cristais de sais do ácido tartárico. Pasteur verificou que os cristais apresentavam duas formas distintas que eram a imagem uma da outra num espelho. Quando separadas, estas duas formas de cristais apresentavam actividade optica, isto é, tinham a capacidade de rodar o plano de polarização da luz polarizada. Posteriormente, em 1872, o químico holandês Jacobus Henricus van’t Hoff, baseado na tetravalência do carbono enunciada pelo químico alemão August Kekulé, propôs que a actividade óptica poderia ser explicada a partir dos arranjos espaciais dos substituintes em torno do carbono.Figura 2 - Fórmulas estereoquímicas de isómeros cis-trans: (a) cis-1,2-dicloroeteno; (b) trans-1,2-dicloroeteno.As fórmulas estereoquímicas permitem compreender a relação entre a disposição espacial dos átomos e as propriedades das moléculas. Veja-se o exemplo dos isómeros cis-trans do 1,2-dicloroeteno (figura 2), em que os átomos de cloro se podem encontrar do mesmo lado ou em lados opostos da ligação dupla. Como consequência, as duas moléculas apresentam diferentes momentos dipolares, o que afecta várias propriedades físicas. A forma cis, de maior polaridade, será menos volátil. Assim, a temperatura de ebulição é 333 K (60 ºC) para a forma cis e 321 K (48 ºC) para a forma trans.Figura 3 - Projecção de Fisher da D-glucose.O arranjo espacial relativo dos átomos nas moléculas pode também ser representado de um modo simplificado através da projecção da molécula no plano da folha de leitura (plano do papel). As projecções de Fisher, Haworth e Newman são as mais conhecidas.As projecções de Fisher, assim designadas em homenagem ao químico alemão Hermann Emil Fisher, são particularmente utilizadas em Química Orgânica na representação de monossacarídeos (glucose, frutose). Nestas projecções, cada carbono e as quatro ligações que dele partem representam-se por uma cruz, na qual o átomo central (carbono) se encontra no Fórmula estereoquímica ponto de intersecção. As linhas horizontais representam as ligações que estão na direcção do observador (para a frente do plano do papel) e as linhas verticais as ligações que se afastam do utilizador (para trás do plano do papel). A figura 3 representa a projecção de Fisher para a D-glucose.Figura 4 - Projecção de Haworth da β-D-glucose. As projecções de Haworth, assim denominadas em homenagem ao químico inglês Sir Walter Norman Haworth que as introduziu, utilizam-se para representar a estrutura tridimensional das formas cíclicas dos monossacarídeos. Nestas projecções, o anel é representado por um hexágono tendo como vérices um átomo de oxigénio e cinco átomos de carbono; os substituintes colocam-se nos extremos de segmentos de recta verticais, que partem dos vértices, para cima ou para baixo, conforme se trate de substituintes acima ou abaixo do plano do hexágono (figura 4).Figura 5 Projecção de Newman das conformações gauche e anti do butano.As projecções de Newman, assim denominadas em homenagem ao químico norte-americano Melvin Spencer Newman, utilizam-se para representar a disposição espacial de 6 substituintes em torno de dois carbonos adjacentes. Consistem na projecção das 6 ligações e substituintes num plano perpendicular à ligação C-C (plano do papel). Utilizam-se para representar confórmeros. Os substituintes ligados ao átomo de carbono mais próximo do observador são ligados ao centro de um pequeno círculo, enquanto os substituintes ligados ao carbono mais afastado ligam-se à parte exterior do círculo (figura 5). Representam aquilo que um observador veria se olhasse a molécula na direcção da ligação C-C.Referências IUPAC Gold Book: stereochemical formula, consultado em 30/06/2010. IUPAC Gold Book: projection formula, consultado em 30/06/2010. IUPAC Gold Book: Fischer projection, consultado em 30/06/2010. IUPAC Gold Book: Newman projection, consultado em 30/06/2010. Chemical Heritage Foundation: Jacobus Henricus van’t Hoff, consultado em 30/06/2010.Criada em 14 de Dezembro de 2010 Revista em 15 de Dezembro de 2010 Aceite pelo editor em 16 de Dezembro de 2010 Período de semi-desintegração Referência : Spencer Lima, L. (2010), WikiCiências, 1(12):0212 Autor: Luis Spencer Lima [1] Editor: Jorge Gonçalves O período de semi-desintegração (t1/2) de uma espécie radioactiva (também designado por tempo de semi-vida, tempo de meia-vida ou período de semi-transformação) representa o intervalo de tempo que é necessário decorrer para que a sua actividade diminua para metade. Como a actividade (número de desintegrações radioactivas por unidade de tempo) é directamente proporcional ao número de núcleos atómicos radioactivos, o período de semi-desintegração é o tempo necessário para diminuir para metade o número de partículas radioactivas. A velocidade de desintegração radioactiva é directamente proporcional ao número de núcleos presentes não desintegrados em que N representa o número de núcleos (não desintegradas) existente no instante t e λ a constante de desintegração radioactiva (ou de decaimento), o que corresponde a um processo de decaimento primeira ordem. Por integração da equação diferencial obtém-se a equação que relaciona o número de partículas não desintegradas com o tempo: Nesta equação, N0 representa o número inicial de núcleos. A constante de desintegração (ou de decaimento) é característica de cada isótopo radioactivo (radioisótopo) e é independente da temperatura, da pressão e da substância a que o radioisótopo pertence. A partir da equação (1) pode deduzir-se a equação que permite o cálculo de t1/2. Para 26 Período de semi-desintegração tal, e atendendo à definição de período de semi-desintegração, substitui-se na equação (1) N por N0/2 e t por t1/2, após rearranjo e simplificação, obtém-se o que mostra que t1/2 é constante. Isto significa que, por cada período de semi-desintegração decorrido, o número de partículas radioactivas reduz-se para metade da anterior: Isto significa que, ao fim de 5 períodos de semi-desintegração, restam apenas 3,125 % do número inicial de partículas. É prática corrente considerar que ao fim de 10 períodos de semi-desintegração o produto radioactivo se esgotou (a quantidade presente é cerca de mil vezes menor do que a inicial). O período de semi-desintegração é característico de cada isótopo e pode assumir valores tão distintos como alguns milissegundos (3,4 ms é o t1/2 do meitnério-266, 266Mt) ou milhares de milhões de anos (4,468 109 anos é o t1/2 do urânio-238, 238U). Uma das aplicações mais importantes do período de semi-desintegração de um radioisótopo é na datação de objectos e é com base em t1/2 que é feita a escolha do radioisótopo mais adequado à datação do objecto em questão. Por exemplo, se se pretende determinar a idade de uma rocha do período jurássico, ocorrido há mais de 145 milhões de anos, não se pode utilizar o método de datação com carbono-14 (14C), porque como o seu período de semi-desintegração é de 5730 anos, significa que se passaram mais de 25300 períodos de t1/2, o que implica que a quantidade de 14C é praticamente nula. Os radioisótopos mais adequados para este caso seriam, por exemplo, o 238U (t1/2 = 4,468 109 anos), o 235U (t1/2 = 7,04 108 anos) ou o 40K (t1/2 = 1,248 109 anos). Para determinar a idade de um vinho, o radioisótopo mais adequado é o trítio, 3H, pois t1/2 = 12,3 anos. Quando o vinho é submetido à determinação do nível de trítio, juntamente com a água (que fornece o valor inicial de trítio), e se verifica que este apresenta apenas 30,6 % (por exemplo) da quantidade de inicial de 3H (o que significa que 69,4 % do trítio sofreu desintegração), tal significa que foi engarrafado há 21 anos. Criada em 16 de Dezembro de 2010 Revista em 16 de Dezembro de 2010 Aceite pelo editor em 17 de Dezembro de 2010 27 Ligação iónica Ligação iónica Referência : Manuel Ferreira Fernandes, R. (2010), WikiCiências, 1(12):0213 Autor: Ricardo Ferreira Fernandes [1] Editor: Jorge Gonçalves A ligação iónica é um tipo de ligação química que ocorre através da atracção electrostática entre iões de carga oposta. A ligação iónica foi proposta no início do século XX pelo físico alemão Walther Ludwig Julius Kossel, e foi interpretada com base na máxima estabilidade alcançada quando os átomos adquirem a configuração electrónica de um gás nobre, que neste caso é atingida pela transferência de electrões entre os átomos que participam na ligação. A ligação iónica ocorre entre átomos que apresentam diferenças acentuadas de electronegatividade, isto é, diferenças apreciáveis na capacidade de atrair electrões dos átomos a que se encontram ligados, como sucede entre os metais e os não-metais. O átomo não-metálico, que é mais electronegativo, capta os electrões do metal, adquirindo carga negativa (-) adquirindo a configuração electrónica do gás nobre mais próximo. Por seu lado, o átomo menos electronegativo - o metal - que perde menos dificilmente os electrões de valência, alcançando a configuração electrónica do gás nobre mais próximo na tabela periódica, adquire simultaneamente carga positiva (+). Após se terem formado os respectivos catiões e aniões, surgem forças electrostáticas atractivas entre iões de carga oposta (mais próximos) e repulsivas entre os iões de carga igual (mais afastados). Como consequência destas interacções, a força resultante é atractiva e estabelece-se uma ligação, denominada ligação iónica, que mantém os aniões e os catiões unidos no cristal. Na prática, todas as ligações iónicas têm algum carácter covalente, sendo possível avaliar a quantidade de carácter covalente (e iónico) de uma ligação, em vez de se considerar uma ligação como puramente iónica ou puramente covalente. Assim, o químico norte-americano Linus Pauling propôs uma relação que permite estimar o carácter iónico de uma ligação que ocorre entre os átomos A e B: Fracção de carácter iónico em que χA e χB representam a electronegatividade dos átomos A e B. 28 Ligação iónica Deste modo, as ligações com elevado carácter iónico originam compostos, geralmente sólidos, designados por compostos iónicos, os quais não existem como moléculas discretas, mas sim como estruturas gigantes tridimensionais organizadas (estruturas cristalinas). A figura 1 representa a estrutura cristalina do cloreto de sódio (NaCl), em que o balanço das forças repulsivas e atractivas entre os iões Na+ e Cl- conduz a um empacotamento organizado numa estrutura cristalina. Os compostos iónicos formam-se igualmente entre iões com cargas não unitárias como, por exemplo, o cloreto de magnésio (MgCl2), em que o catião magnésio (Mg2+), que é um catião bivalente (carga 2+), interage com dois aniões cloreto (Cl-). Os iões poliatómicos como, por exemplo, o catião NH4+ e o anião NO3-, formam também compostos iónicos dando origem, neste caso, ao nitrato de amónio (NH4NO3). 29 Figura 1 - Estrutura cristalina do composto iónico cloreto de sódio (NaCl). As esferas violeta representam os catiões sódio (Na+); as esferas verdes representam os aniões cloreto (Cl-). As elevadas temperaturas de fusão dos sólidos iónicos como, por exemplo, o cloreto de potássio (KCl) 1043 K (770 ºC), indica que as ligações iónicas são fortes, sendo necessário elevar consideravelmente a temperatura para aumentar a agitação de modo a vencer as elevadas forças electrostáticas entre os iões. Referências IUPAC Gold Book: Ionic bond [1], consultado em 11/07/2010. Criada em 17 de Dezembro de 2010 Revista em 17 de Dezembro de 2010 Aceite pelo editor em 17 de Dezembro de 2010 Auto-ionização da água 30 Auto-ionização da água Referência : Spencer Lima, L. (2010), WikiCiências, 1(12):0214 Autor: Luis Spencer Lima [1] Editor: Jorge Gonçalves A auto-ionização da água consiste na transferência de um protão entre duas moléculas de água com formação dos iões hidróxido (OH-) e oxónio (H3O+). A transferência é possível pelo facto de a água ser uma substância anfotérica, isto é, poder actuar como ácido e como base. A equação que ilustra a reacção de auto-ionização da água é a seguinte: 2 H2O(l) H3O+(aq) + HO-(aq) A água desionizada, apesar do nome, contém os iões resultantes da sua auto-ionização. O número de aniões hidróxido formados é igual ao número de catiões oxónio, pelo que, em água pura, a sua concentração é igual: [H3O+] = [OH-] = 1,0 10-7 mol dm-3, a 298 K (25 ºC) e a 105 Pa (1 bar). Quando [H3O+] = [OH-], a água diz-se neutra (em termos ácido-base), sendo esta a única condição que define neutralidade. Daqui resulta que o valor do pH da água neutra é 7,0 à temperatura de 298 K e à pressão de 105 Pa. A constante de equilíbrio desta reacção é definida da seguinte forma: em que Kw representa a constante de auto-ionização da água, também denominada produto iónico da água. A 298 K (25 ºC) e a 105 Pa (1 bar), Kw = 1,0 10-14. A temperatura tem uma influência considerável na extensão da reacção de auto-ionização da água, ao contrário da influência da pressão, que é praticamente nula. Quanto maior for a temperatura maior é a extensão da reacção, o que significa que a concentração dos iões H3O+ e HO- é maior e, por conseguinte, menor é o valor de pH da água neutra e maior é o valor de Kw. Por exemplo, a 323 K (50 ºC) e a 105 Pa, Kw = 5,5 10-14 [1], logo [H3O+] = [HO-] = 2,3 10-7 mol dm-3, ou seja, para água pura neutra a esta temperatura e pressão, pH = 6,6. Para soluções de concentrações moderadas, o valor de Kw indica os valores mínimo e máximo de [H3O+] para uma determinada temperatura, isto é, impõe os limites na escala de pH. A 298 K, o valor máximo de pH é 14, enquanto a 323 K o valor máximo de pH é 13.2. Referências 1. A. V. Bandura, S. N. Lvov, J. Phys. Chem. Ref. Data 35 (2006) 15-30. Criada em 17 de Dezembro de 2010 Revista em 17 de Dezembro de 2010 Aceite pelo editor em 17 de Dezembro de 2010 Modelo atómico de Thomson Modelo atómico de Thomson AVISO: Não foi possível gerar a página – será produzido texto simples. As causas potenciais do problema são: (a) um erro do programa responsável pelo PDF (b) sintaxe problemática do MediaWiki (c) uma tabela demasiado larga Referência : Corrêa, C. (2010), WikiCiências, 1(12):0215Autor: Carlos CorrêaEditor: Jorge Gonçalves Neste modelo o átomo é constituído por electrões encastrados numa esfera maciça com carga eléctrica positiva uniformemente distribuída. O número de electrões é tal que torna o átomo electricamente neutro. O modelo é conhecido como "o do bolo de passas".MODELO ATÓMICO DE THOMSONDescrição histórica do modeloO modelo atómico de Thomson (J. J. Thomson, F.R.S., Cavendish Professor de Física Experimental na Universidade de Cambridge) foi apresentado numa comunicação publicada na revista Philosophical Magazine and Journal of Science, em Março de 1904, com o título “Sobre a Estrutura do Átomo: uma Investigação da Estabilidade e Períodos de Oscilação de um número de Corpúsculos dispostos com iguais Intervalos numa Circunferência, com aplicação dos resultados à Teoria da Estrutura Atómica”[1]. Segundo Thomson, “A ideia de que os átomos dos elementos consistem num certo número de corpúsculos com carga eléctrica negativa embebidos numa esfera com carga eléctrica positiva uniforme(...), sugere o estudo do movimento de um anel de partículas negativamente electrificadas embebidas numa esfera uniformemente electrificada”. É este o modelo de Thomson: anéis de electrões igualmente intervalados movendo-se em movimento circular, embebidos numa esfera maciça com carga positiva uniformemente distribuída (bolo de passas). Thomson tratou matematicamente este modelo considerando a força atractiva (de um electrão ao centro das esfera) e as forças repulsivas (dos restantes electrões sobre um electrão), que deveriam ser iguais para que o conjunto fosse estável. Considerou que os electrões se moveriam, rodando periodicamente no plano da circunferência e ou vibrando perpendicularmente a este plano, e relacionou as frequências de vibração mecânicas com as frequências dos espectros atómicos, sem, no entanto ser capaz de prever os valores experimentais das frequências espectrais (como haveria de suceder com a teoria de Bohr). Thomson estudou sistemas com números variáveis de electrões e verificou que a estabilidade dos sistemas dependia do número de electrões e da velocidade angular dos anéis electrónicos. Para sistemas com mais de 6 electrões, poderia conseguir sistemas estáveis se colocasse um ou mais electrões em circunferências interiores. Calculou mesmo o número mínimo, p, de electrões internos que tornariam estável um anel de n electrões: n .....5 6 7 8 9 10 15 20 30 40 p .....0 1 1 1 2 3 15 39 101 232~ o que implicava que, para um número elevado de electrões, se formariam vários anéis. Os que se situavam perto da superfície da esfera teriam maior número de electrões. Para diferentes sistemas (átomos) viria: Número de Electrões51015202530354045505560Electrões em cadaanel58101213151616171819202579101213141516161356810111213134578113A partir da semelhança entre alguns destes sistemas de corpúsculos, Thomson interpretou a semelhança de propriedades de famílias de elementos, a sua variação ao longo da tabela de Mendeleieve, a diferente electronegatividade dos elementos bem como a formação de ligações iónicas entre certos átomos. A existência de elementos radioactivos foi interpretada como resultado da diminuição da velocidade angular dos corpúsculos abaixo de um certo valor, que tornaria o sistema de corpúsculos instável com emissão de uma parte do átomo. 1. Phil. Mag., S. 6, Vol. 7, No.39, March. 1904 Criada em 25 de Outubro de 2009 Revista em 17 de Dezembro de 2010 Aceite pelo editor em 17 de Dezembro de 2010 31 Modelo atómico de Thomson 32 pH Referência : Corrêa, C. (2010), WikiCiências, 1(12):0216 [1] Autor: Carlos Corrêa [1] Editor: Jorge Gonçalves Tanto em Química como na vida corrente é muitas vezes necessário exprimir quantitativamente a acidez e a basicidade de soluções de um modo fácil, de preferência por um simples número. Assim, em 1909 o bioquímico dinamarquês Sorensen, para medir a acidez de soluções aquosas diluídas, introduziu uma grandeza denominada pH, que quantifica a maior ou menor quantidade de H+(aq) existente por litro de solução, através da relação . A escala de pH foi introduzida para simplificar a escrita de concentrações expressas por números muito pequenos. Assim, em vez de [H+(aq)] = 0,000025 mol dm-3 ou 2,5 x 10-5 mol dm-3, é mais prático escrever pH = 4,60. A 25 ºC, soluções com pH < 7 dizem-se ácidas e soluções com pH > 7 dizem-se alcalinas ou básicas; as soluções neutras, a 25 ºC, têm pH = 7,0. Solução pH Solução pH ~ 1,3 - 2,5 Leite ~ 6,6 ~2-3 Saliva ~ 6,8 - 7,3 ~4 Bílis ~ 7,6 - 8,5 Urina ~ 4,7 - 7,4 Água do mar ~8 Café ~ 5,0 Suco pancreático ~9 Chuva normal ~ 5,6 Amónia ~ 11 Suco gástrico Vinagre Sumo de tomate Tabela 1 - Exemplo de soluções aquosas ácidas e alcalinas (25 ºC). Em soluções aquosas diluídas (até cerca de 0,1 mol dm-3), a acidez é tanto maior quanto maior for [H+(aq)]. Para soluções mais concentradas, em que a abundância de moléculas de água para solvatar os iões H+ é mais escassa, os iões H+ encontram-se menos ligados a moléculas de água e a acidez do meio (capacidade para doar protões) é superior e não pode ser medida pelo pH. Por esta razão é vulgar apresentar-se a escala de pH compreendida entre 0 e 14, pois dada a relação pH 33 se [H+(aq)] = 1 mol dm-3 = 100 mol dm-3, vem pH = 0. Se [HO–(aq)] = 1 vem [H+(aq)] = 10-14 mol dm-3 e pH = 14. O pH é medido utilizando eléctrodos de vidro, que deixam de dar resultados aceitáveis quando [H+(aq)] e [HO–(aq)] se tornam superiores a 0,1 mol dm-3 (pH fora do intervalo 1 - 13)a. Na definição rigorosa de pH, em vez de concentração, utiliza-se a actividade, A actividade é uma grandeza termodinâmica que se torna igual à concentração em soluções bastante diluídas. A acidez e a alcalinidade de soluções de ácidos e de bases muito concentrados é medida por outras funções de acidez, com as Funções de Acidez de Hammett. Criada em 20 de Maio de 2010 Revista em 17 de Dezembro de 2010 Aceite pelo editor em 17 de Dezembro de 2010 Campo Eléctrico Referência : F., M. (2010), WikiCiências, 1(12):0217 Autor: Miguel F. Editor: Joaquim Agostinho Moreira [1] O campo eléctrico é uma realidade física com origem em cargas eléctricas ou em variações temporais de um campo magnético. No que se segue, apenas será discutido o campo eléctrico com origem em cargas estacionárias. Quando um corpo electricamente carregado é colocado na região do espaço onde existe um campo eléctrico criado por um conjunto de cargas estacionárias, esse corpo fica sujeito à acção de uma força eléctrica. Considere-se que num ponto do espaço onde existe um campo eléctrico se coloca uma partícula carregada positivamente, mas cujo valor é muito pequeno, designada por carga de teste. Esta condição garante que a carga de prova ou de teste não influência significativamente a distribuição de cargas que cria o campo eléctrico. Por definição, o campo eléctrico num ponto do espaço é igual à força eléctrica que actua por unidade de carga positiva colocada nesse ponto, no limite em que o valor da carga tende para zero: . Por simplicidade, iniciaremos a discussão do campo eléctrico criado por uma única carga pontual, Q, colocada na origem de um referencial. Para caracterizar o campo produzido pela carga Q, utiliza-se uma carga de prova q. A força eléctrica que actua na carga de prova, quando esta se encontra na posição definida pelo vector de posição , é dada pela lei de Coulomb, que pode ser formulada matematicamente do seguinte modo: . Utilizando a definição operacional apresentada anteriormente, o campo eléctrico criado pela carga pontual Q, num ponto na posição , é: , sendo o versor da direcção definida pelo vector . Da expressão anterior podemos concluir que o campo eléctrico criado por uma carga pontual é radial, decai com o quadrado da distância entre o ponto considerado e a carga criadora de campo, pelo que a sua intensidade é igual em todos os pontos à mesma distância da carga criadora de campo. O campo eléctrico é centrípeto se a carga criadora for Campo Eléctrico 34 negativa, e centrífugo se a carga for positiva. A força de Coulomb obedece ao princípio da sobreposição; isto é, a força que várias cargas exercem sobre uma carga q é igual à soma vectorial das forças individuais que cada carga do conjunto exerce sobre q. De acordo com a definição operacional, o campo eléctrico também obedece ao princípio da sobreposição. Matematicamente, o campo criado por um conjunto de n cargas pontuais é dado por: . A expressão matemática que descreve o campo eléctrico criado por uma distribuição contínua de carga é mais complexa do que esta. Contudo, as ideias de base envolvem o princípio da sobreposição de campo criados por elementos de carga da distribuição. No sistema internacional de unidades, o campo eléctrico pode ser expresso newton por coulomb (N/C) ou volt por metro (V/m). A unidade recomendada é o volt por metro. 1 V/m é a intensidade de um campo eléctrico uniforme tal que a diferença de potencial entre duas superfícies equipotenciais separadas de 1 m, é 1 V. Linhas de Campo Uma maneira útil de representar graficamente o campo eléctrico é através de linhas imaginárias, paralelas ao vector campo eléctrico em todos os pontos. Estas linhas têm o nome de linhas de campo. A representação de um campo eléctrico por linhas de campo permite visualizar a direcção e sentido do campo eléctrico em cada ponto do espaço, e permite comparar a intensidade do campo eléctrico em duas regiões do espaço distintas. Ao representar-se um campo eléctrico através das linhas de campo, a sua densidade espacial deve ser proporcional à intensidade do campo eléctrico: em zonas onde o campo eléctrico é mais intenso, as linhas devem estar mais próximas umas das outras. Para além disso, as linhas nunca se podem cruzar porque nesse caso haveria uma ambiguidade na determinação do vector campo eléctrico nesse ponto [ver figura]. Dependência do módulo do campo eléctrico criado por uma carga pontual na distância à fonte. Campo eléctrico criado por uma carga positiva. Campo eléctrico criado por uma carga negativa. Campo Eléctrico Carga pontual positiva. As linhas estendem-se até ao infinito e têm a mesma direcção e sentido do vector campo eléctrico em todos os pontos do espaço. 35 Duas carga pontuais positivas. As linhas de campo não existem onde o campo é nulo. Cargas pontuais de sinais opostos. As linhas de campo começam na carga positiva e terminam na negativa. está bem definido: é o único vector tangente à linha de campo naquele ponto. Não é possível definir o vector porque no ponto em questão as linhas de campo se cruzam. Campo Eléctrico em Condutores Um material condutor caracteriza-se por ter cargas eléctricas que se podem mover sob a acção de um campo eléctrico aplicado, dando origem a uma corrente eléctrica. Diz-se que um condutor está em equilíbrio electrostático quando não há movimento organizado de carga, mesmo na presença de um campo eléctrico externo. No interior de materiais condutores em equilíbrio electrostático, o campo eléctrico é nulo. De facto, enquanto o campo eléctrico não for nulo no interior do condutor, haverá movimento organizado de carga no sentido de o anular. Por exemplo, quando um condutor é colocado num campo eléctrico externo, as cargas livres tendem a reorganizar-se de maneira a anular o campo eléctrico no interior do condutor criando um outro campo eléctrico de intensidade igual e sentido oposto ao campo eléctrico externo. De acordo com o princípio da sobreposição, na região interna do condutor os campos somam-se vectorialmente e o resultado é um campo nulo. Uma vez que o campo eléctrico no interior do condutor é nulo, o seu volume e superfície encontram-se ao mesmo potencial eléctrico. O campo eléctrico na superfície de um material condutor em equilíbrio electrostático, é perpendicular a essa superfície. A condição de se considerar uma situação electrostática é fundamental para se compreender a razão pela qual o campo só pode ser perpendicular. Se o campo não fosse perpendicular, isto é, se fosse possível decompor o campo numa componente paralela à superfície do condutor, haveria um movimento de cargas na superfície, o que contradiz a condição de equilíbrio electrostático. É possível provar [ver Leitura Recomendada],que o excesso de carga eléctrica num condutor em equilíbrio electrostático se encontra distribuída na sua superfície externa. Quer isto dizer que não há carga livre no interior do condutor. Campo Eléctrico 36 1. Condutor em equilíbrio electroestático; 2. Liga-se um campo eléctrico externo reorganizam-se e criam um campo e passa a haver campo no interior do condutor; 3. As cargas ; 4. O movimento de cargas pára quando o campo eléctrico que criam tem o mesmo valor que o campo eléctrico exterior e o anula no interior do condutor. Blindagem Electroestática Um material condutor, que envolve por completo uma dada região do espaço (cavidade) é capaz de a isolar da influência de campos eléctricos exteriores . Prova-se que o campo eléctrico no interior de uma cavidade vazia de um condutor é nulo. Imagine-se que assim não é. Isso significa que no interior da cavidade podemos traçar linhas de campo com origem num ponto da superfície da cavidade para outro. Consideremos um percurso fechado que é contituído por uma das linhas de campo na cavidade e por um percurso totalmente inserido np condutor. Uma vez que o campo eléctrico é conservativo e o campo eléctrico no interior do condutor é nulo, a existência de linhas de campo na cavidade permite concluir que o O campo eléctrico numa cavidade de um condutor é independente do campo eléctrico no seu exterior. trabalho realizado para transportar uma carga no percuro fechado definido atrás não é nulo. Assim sendo, o campo eléctrico deve ser nulo na cavidade vazia do condutor. Para que isso aconteça, as cargas no condutor reorganizam-se de modo a anular o campo eléctrico externo. Campo Eléctrico 37 Descontinuidade do Campo Eléctrico numa superfície electricamente carregada Considere-se uma superfície electricamente carregada. O vector campo eléctrico num ponto dessa superfície pode ser decomposto numa componente perpendicular e numa componente paralela à superfície condutora. É possível mostrar [ver Leitura Recomendada] que a componente perpendicular à superfície condutora é descontínua, enquanto que a componente paralela é contínua. Isto quer dizer que se se medir o campo eléctrico nos dois lados da uma superfície carregada, o valor da componente normal é diferente, e a sua diferença é uma constante que se relaciona com a densidade superficial de carga da superfície. De facto, é possível mostrar que , em que é a densidade superficial de carga. Exemplos de Campos Eléctricos 1. Campo eléctrico criado por uma esfera maciça de raio R, carregada uniformemente com carga : , para Decomposição do vector campo eléctrico em duas componentes: é perpendicular à superfície e , é paralela. 2. Campo eléctrico criado por uma superfície esférica de raio R uniformemente carregada, com carga , fora da esfera: , 3. Campo eléctrico produzido por um filamento rectilíneo de comprimento ilimitado, com densidade linear de carga constante : Campo eléctrico criado por uma esfera maciça carregada com carga Q. 4. Campo eléctrico criado por um plano infinito com densidade superficial de carga : , em que perpendicular ao plano é o versor que aponta na direcção Campo eléctrico criado por um filamento muito comprido. Campo Eléctrico 38 Leitura Recomendada 1. Alonso, M. e Finn, E. J., Física, Addison Wesley, 1999 2. Purcell, E. M., Electricity and Magnetism, McGraw Hill, 1985 3. Brito, L., Fiolhais, M. e Providência, C., Campo Electromagnético, McGraw Hill, 1999 Criada em 03 de Outubro de 2010 Revista em 28 de Dezembro de 2010 Aceite pelo editor em 28 de Dezembro de 2010 Massa Referência : de Araújo, M. (2010), WikiCiências, 1(12):0218 Autor: Mariana de Araújo Editor: Joaquim Agostinho Moreira [1] Em ciência, o termo "massa de um corpo" pode referir-se à sua massa inercial, bem como à sua massa gravitacional, apesar de estar verificado que as duas são equivalentes. Também é comum, no contexto da relatividade restrita, designar por "massa" a massa em repouso do corpo. A massa inercial (mi) de um corpo é a constante de proporcionalidade entre a força resultante que actua nele e a sua aceleração (excepto se considerarmos um sistema de massa variável). A massa inercial pode ser medida através de um método dinâmico, fazendo colidir frontalmente o corpo com outro em repouso, cuja massa é tomada como unidade. Temos então que: . Medindo as velocidades finais dos dois corpos e conhecida a massa do corpo de referência, podemos calcular a massa inercial do outro. A massa gravitacional (mg)é a propriedade dos corpos responsável pela interacção gravítica entre eles, tal como a carga é reponsável pela interacção eléctrica e magnética. A massa gravitacional é medida através de um método estático, utilizando uma balança de dois pratos em equilíbrio. Quando os pratos da balança estão equilibrados, a força gravítica exercida pela Terra em cada corpo colocado nos pratos da balança é igual. A equivalência entre massa inercial e gravitacional foi observada pela primeira vez por Galileo, ao verificar que corpos com massas diferentes em queda livre têm a mesma aceleração. Pela segunda lei de Newton e pela lei da gravitação universal (próximo da superfície da Terra) temos: pelo que a aceleração de um corpo em queda livre é sempre igual a g se para todos os corpos . Esta relação é chamada princípio da equivalência, de grande importância na teoria da relatividade geral. Actualmente a razão entre massa inercial e gravítica está confirmada com uma precisão de 10-13 [1]. Massa 39 Referências 1. Adelberger, E.G., “New tests of Einstein’s equivalence principle and Newton’s inverse-square law” Quantum Grav., 18, 2397–2405, (2001). Criada em 06 de Setembro de 2010 Revista em 28 de Dezembro de 2010 Aceite pelo editor em 28 de Dezembro de 2010 [1] , Class. Fontes e Editores da Página Fontes e Editores da Página Leis de Kepler Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?oldid=22794 Contribuidores: Admin Leis da dinâmica de Newton Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?oldid=5903 Contribuidores: Jamoreir Campo Eléctrico Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?oldid=5922 Contribuidores: Admin Constante de Avogadro Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?oldid=5940 Contribuidores: Jmgoncalves Efeito fotoeléctrico Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?oldid=7122 Contribuidores: Admin Electrólise Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?oldid=7144 Contribuidores: Admin Reagente limitante Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?oldid=7157 Contribuidores: Admin Modelo atómico de Bohr Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?oldid=24111 Contribuidores: Admin Modelo atómico de Rutherford Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?oldid=17094 Contribuidores: Admin Fórmula de estrutura Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?oldid=7158 Contribuidores: Admin Aminoácido Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?oldid=5994 Contribuidores: Admin, Jmgoncalves Fórmula estereoquímica Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?oldid=7159 Contribuidores: Admin Período de semi-desintegração Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?oldid=7184 Contribuidores: Admin Ligação iónica Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?oldid=7160 Contribuidores: Admin Auto-ionização da água Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?oldid=7187 Contribuidores: Admin Modelo atómico de Thomson Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?oldid=17093 Contribuidores: Admin pH Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?oldid=17095 Contribuidores: Admin Campo Eléctrico Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?oldid=6257 Contribuidores: Admin Massa Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?oldid=7223 Contribuidores: Admin 40 Fontes, Licenças e Editores da Imagem 41 Fontes, Licenças e Editores da Imagem Ficheiro:Elipse.png Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?title=Ficheiro:Elipse.png Licença: desconhecido Contribuidores: Marianaraujo Ficheiro:Binario.png Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?title=Ficheiro:Binario.png Licença: desconhecido Contribuidores: Marianaraujo Ficheiro:Graf.png Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?title=Ficheiro:Graf.png Licença: desconhecido Contribuidores: Jamoreir Ficheiro:Cpos.png Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?title=Ficheiro:Cpos.png Licença: desconhecido Contribuidores: Jamoreir Ficheiro:Cneg.png Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?title=Ficheiro:Cneg.png Licença: desconhecido Contribuidores: Jamoreir Image:Ce5.png Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?title=Ficheiro:Ce5.png Licença: desconhecido Contribuidores: Miguel.cfer Image:Ce2.png Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?title=Ficheiro:Ce2.png Licença: desconhecido Contribuidores: Miguel.cfer Image:Ce1.png Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?title=Ficheiro:Ce1.png Licença: desconhecido Contribuidores: Miguel.cfer Image:Ce8.png Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?title=Ficheiro:Ce8.png Licença: desconhecido Contribuidores: Miguel.cfer Ficheiro:Ce9.png Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?title=Ficheiro:Ce9.png Licença: desconhecido Contribuidores: Miguel.cfer Ficheiro:Ce7.png Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?title=Ficheiro:Ce7.png Licença: desconhecido Contribuidores: Miguel.cfer Ficheiro:Ce6.png Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?title=Ficheiro:Ce6.png Licença: desconhecido Contribuidores: Miguel.cfer Ficheiro:EsfgrafRR.png Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?title=Ficheiro:EsfgrafRR.png Licença: desconhecido Contribuidores: Jamoreir Ficheiro:Ce3.png Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?title=Ficheiro:Ce3.png Licença: desconhecido Contribuidores: Miguel.cfer Ficheiro:Avogadro.png Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?title=Ficheiro:Avogadro.png Licença: desconhecido Contribuidores: Rmfernandes Ficheiro:Electrólise - Figura 1.png Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?title=Ficheiro:Electrólise_-_Figura_1.png Licença: desconhecido Contribuidores: Rmfernandes Ficheiro:Fórmulas_de_estrutura_de_isómeros_constitucionais-_(a)_etanol;_(b)_metoximetano.png Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?title=Ficheiro:Fórmulas_de_estrutura_de_isómeros_constitucionais-_(a)_etanol;_(b)_metoximetano.png Licença: desconhecido Contribuidores: Rmfernandes Ficheiro:Figura_2_-_Representação_do_anel_do_benzeno_retirado_de_Kekulé's_Lehrbuch_der_organischen_Chemie_(1861–1867).jpg Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?title=Ficheiro:Figura_2_-_Representação_do_anel_do_benzeno_retirado_de_Kekulé's_Lehrbuch_der_organischen_Chemie_(1861–1867).jpg Licença: desconhecido Contribuidores: Rmfernandes Ficheiro:Fórmulas_de_Lewis-_(a)_molécula_de_H2_(ligação_covalente_simples);_(b)_molécula_de_O2_(ligação_covalente_dupla);_(c)_molécula_de_N2_(ligação_covalente_tripla).png Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?title=Ficheiro:Fórmulas_de_Lewis-_(a)_molécula_de_H2_(ligação_covalente_simples);_(b)_molécula_de_O2_(ligação_covalente_dupla);_(c)_molécula_de_N2_(lig Licença: desconhecido Contribuidores: Rmfernandes Ficheiro:Isómeros_constitucionais-_(a)_etanol;_(b)_éter_dimetílico.png Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?title=Ficheiro:Isómeros_constitucionais-_(a)_etanol;_(b)_éter_dimetílico.png Licença: desconhecido Contribuidores: Rmfernandes Ficheiro:Aminoacido figura 1.png Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?title=Ficheiro:Aminoacido_figura_1.png Licença: desconhecido Contribuidores: Rmfernandes Ficheiro:Aminoacido figura 2.png Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?title=Ficheiro:Aminoacido_figura_2.png Licença: desconhecido Contribuidores: Rmfernandes Ficheiro:Figura_1_-_Formulas_estereoquímicas_de_um_par_de_enantiómeros.png Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?title=Ficheiro:Figura_1_-_Formulas_estereoquímicas_de_um_par_de_enantiómeros.png Licença: desconhecido Contribuidores: Rmfernandes Ficheiro:Fórmulas_estereoquímicas_de_isómeros_cis-trans_do_1,2-dicloroeteno.png Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?title=Ficheiro:Fórmulas_estereoquímicas_de_isómeros_cis-trans_do_1,2-dicloroeteno.png Licença: desconhecido Contribuidores: Rmfernandes Ficheiro:Figura_3_-_Projecção_de_Fisher_da_D-glucose.png Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?title=Ficheiro:Figura_3_-_Projecção_de_Fisher_da_D-glucose.png Licença: desconhecido Contribuidores: Rmfernandes Ficheiro:Figura_4_Projecção_de_Haworth_da_D-glucose.png Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?title=Ficheiro:Figura_4_Projecção_de_Haworth_da_D-glucose.png Licença: desconhecido Contribuidores: Rmfernandes Ficheiro:Figura_5_Projecção_de_Newman_das_conformações_gauche_e_anti_do_butano.png Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?title=Ficheiro:Figura_5_Projecção_de_Newman_das_conformações_gauche_e_anti_do_butano.png Licença: desconhecido Contribuidores: Rmfernandes Ficheiro:Tempo_de_meia_vida_diagrama_decaimento.png Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?title=Ficheiro:Tempo_de_meia_vida_diagrama_decaimento.png Licença: desconhecido Contribuidores: Luisspencerlima Ficheiro:Figura_1_-_Estrutura_cristalina_do_composto_iónico_cloreto_de_sódio_(NaCl)..png Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?title=Ficheiro:Figura_1_-_Estrutura_cristalina_do_composto_iónico_cloreto_de_sódio_(NaCl)..png Licença: desconhecido Contribuidores: Rmfernandes FICHEIRO:Mat.png Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?title=Ficheiro:Mat.png Licença: desconhecido Contribuidores: Admin Ficheiro:PH figura.PNG Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php?title=Ficheiro:PH_figura.PNG Licença: desconhecido Contribuidores: Jrpinto Licença Licença Creative Commons - 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