“O ÚLTIMO NARRADOR”: OS CAUSOS DE GERALDINHO E OS

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“O ÚLTIMO NARRADOR”:
OS CAUSOS DE GERALDINHO
E OS SABERES POPULARES
EM GOIÁS*
ELIÉZER CARDOSO DE OLIVEIRA**,
CAROLINA DO CASTRO CARMO***
Resumo: esta pesquisa visou estudar os saberes populares em Goiás, a partir do estudo das
produções culturais de Geraldo Policiano Nogueira, o Geraldinho. A hipótese básica dessa
pesquisa é que os causos de Geraldinho não são apenas um espetáculo de humor, mas também
manifestações da cultura popular rural. São ritos populares, assim como os provérbios, as
modinhas, as festas religiosas, os carros de boi. Esses causos são mecanismos de acesso às práticas
e representações da cultura popular rural em Goiás, possuindo características estéticas “grotescas” (principalmente relacionadas às funções corporais, à sexualidade e devoção religiosa).
Palavras-chave: Geraldinho. Cultura caipira. Bela Vista. Humor
G eraldo Policiano Nogueira nasceu em 18 de dezembro de 1913, na fazenda
Aborrecido em Sussuapara (atual Bela Vista–GO). Durante grande parte de sua
vida, foi um caipira típico: trabalhou em atividades rurais, casou-se cedo, teve
muitos filhos1, foi um ardoroso participante das manifestações culturais sertanejas (como a
Folia de Reis e a Catira) e um apreciador da brasileiríssima cachaça. Geraldinho seria apenas
mais um dos inúmeros sertanejos goianos, se não fosse a sua ímpar habilidade em contar
engraçados causos, numa linguagem tipicamente sertaneja. Graças a isso, em 1984, os produtores do programa Frutos da Terra (José Batista e Hamilton Carneiro), convidaram-no a
participar do programa. O sucesso foi imediato: a partir daí, seus causos foram apresentados
em teatros (inclusive o Nacional, de Brasília), rádios e televisão. De uma hora para outra,
Geraldinho tornou-se uma celebridade, até que faleceu em 1o de dezembro de 1993, vítima
de trombose intestinal, faltando apenas 18 dias para completar 80 anos.
* Recebido em: 17.08.2016. Aprovado em: 15.09.2016. Este artigo foi resultado da pesquisa “Geraldinho,
entre práticas e representações da cultura popular sertaneja goiana” desenvolvida na Universidade Estadual
de Goiás durante o ano de 2006.
** Doutor em Sociologia pela UnB. Professor no curso de História e no Mestrado em Territórios e Expressões
Culturais no Cerrado da Universidade Estadual de Goiás – Campus de Anápolis. E-mail: [email protected]
***Mestra em História pela UFG. E-mail: [email protected]
FRAGMENTOS DE CULTURA, Goiânia, v. 26, n. 3, p. 415-426, jul./set. 2016.
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Qual o interesse de Geraldinho para o conhecimento histórico?
Os causos de Geraldinho são depositários das práticas e das representações da cultura
rural em Goiás. Por meio deles, é possível compreender aspectos da mentalidade da cultura
popular dos homens e mulheres dos séculos passados. Pode-se, portanto, afirmar que os
causos são instrumentos para a análise da representação coletiva sertaneja em Goiás, e não
meramente uma produção individual, uma vez que
As representações coletivas são produto de uma imensa cooperação que se estende não
apenas no espaço, mas no tempo; para criá-las, uma multidão de espíritos diversos associou, misturou, combinou suas idéias e seus sentimentos; longas séries de gerações nelas
se acumularam sua experiência e seu saber (DURKHEIM, 1996, p. XXIII).
Geraldinho soube, como ninguém, absorver esse saber e essas experiências populares. Ele constitui uma personalidade-síntese da cultura popular; foi, conforme a expressão
imortalizada por Walter Benjamin (1994, p. 197-221), um grande narrador, um dos últimos
caracteristicamente sertanejos, que possuía total domínio da narrativa, da arte do improviso,
deixando o público dominado por sua retórica. Narrador é aquele que sabe contar histórias,
porque viveu numa época em não havia uma especialização funcional radical: as pessoas podiam trabalhar, ouvir e contar histórias ao mesmo tempo. Uma época, como em Goiás do
início do século XX, de pouca leitura, sem rádio e televisão, no qual ouvir causos era uma das
poucas oportunidades de se deixar levar pela fantasia e pela imaginação.
Portanto, utilizar-se-á os causos de Geraldinho para compreender vários aspectos
da mentalidade sertaneja em Goiás, principalmente as representações sobre a sexualidade e
sobre a religiosidade.
A CULTURA POPULAR
Este trabalho é um exercício de História Cultural. Ele fica nos limites que foram definidos por Roger Chartier (1990), ou seja, entre “as práticas e as representações”. Isso
caracteriza bem a proposta dessa metodologia: não desconsidera as práticas dos sujeitos, mas
valoriza, sobremaneira, as representações. Portanto, os diversos modelos de História Cultural
não procuram reconstruir um discutível “passado real” (perspectiva dominante da metodologia histórica no século XIX e parte do XX), nem procuram retirar o véu das ideologias que
cobre como uma névoa o passado (perspectiva marxista); pelo contrário, a história cultural
procura compreender, simplesmente, como as pessoas interpretavam o mundo em que viviam
e como, a partir disso, davam sentido a sua vida.
Assim uma das novas possibilidades advindas com a História Cultural foi a valorização das diversas interpretações do real como sendo tão importantes quanto o próprio. Ela não
interessa apenas em analisar como é uma realidade social, mas como ela é pensada, construída
e lida pelos diversos sujeitos que a compõem. Desse modo, as representações que as pessoas
têm sobre si e sobre os outros podem ser explicadas pelas ciências que têm por objeto a cultura. O pressuposto básico para isso é considerá-las, não como discursos neutros, mas sim como
discursos que “Produzem estratégias que tendem impor uma autoridade à custa de outros,
por elas menosprezadas, a legitimar um projeto reformador ou a justificar, para os próprios
indivíduos, as suas escolhas e condutas” (CHARTIER, 1990, p. 17). Essas admoestações
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possibilitam evitar uma abordagem ingênua das representações e perceber nelas, por exemplo,
os interesses ideológicos e as relações de poder.
A história cultural abriu várias possibilidades para a análise da cultura popular.
É um pressuposto aceito pelos estudiosos do tema que existe uma cultura, isto é, um modo
de comportamento específico, das classes populares em relação às classes altas, ou letradas. No
entanto, é muito complicado delimitar as fronteiras entre as classes altas e as baixas, ou entre
o povo e a elite. Há uma interpenetração entre as duas culturas, confundindo, muitas vezes,
as práticas e as representações populares com as da elite. Por isso,
Os especialistas várias vezes sugeriram que as muitas interações entre a cultura erudita e popular eram uma razão para abandonar de vez os dois adjetivos. O problema é que
sem eles é impossível descrever as interações entre o erudito e o popular. Talvez a melhor
política seja empregar os dois termos sem tornar muito rígida a oposição binária, colocando
tanto o erudito como o popular em uma estrutura mais ampla (BURKE, 2005, p. 42).
Um dos primeiros a perceber isso foi Mikhail Bakhtin, no seu clássico A cultura
popular da Idade Média e do Renascimento, no qual mostrou que, para compreender um
autor como Rabelais, é necessário inseri-lo dentro do universo das manifestações culturais
populares da época medieval e renascentista: o carnaval e as festas populares. É importante
destacar que Rabelais utilizou as práticas e as representações populares para compor suas
obras, dirigidas principalmente à cultura letrada do Renascimento. É claro que essas obras
não se restringiam aos membros da cultura letrada, repercutindo também na cultura popular,
completando, assim, a circularidade cultural.
No entanto, mesmo reconhecendo toda essa fluidez entre as duas culturas, Bakhtin
pode caracterizar bem a cultura popular, como sendo marcada pela transgressão dos limites,
enquanto a cultura oficial era marcada pela seriedade. O que caracterizava a cultura popular
era o riso, presente no carnaval e em outros rituais populares. Essa cultura marcada pelo riso
traduziu-se num princípio estético, denominado realismo grotesco. Esse conceito, conforme
será analisado posteriormente, será de grande valia para uma caracterização dos causos de
Geraldinho.
Também Peter Burke (1989) fez uma análise da cultura popular européia durante
a Idade Moderna, utilizando o pressuposto da biculturalidade: assim como existem pessoas
que falam duas línguas, muitos membros das classes altas tinham duas culturas; utilizavam a
cultura oficial no seu dia-a-dia e a cultura popular como diversão:
Assim, a diferença cultural crucial nos inícios da Europa moderna (quero argumentar)
estava entre a maioria, para quem a cultura popular era a única cultura, e a minoria,
que tinha acesso à grande tradição, mas que participava da pequena tradição enquanto
uma segunda cultura. Esta minoria era anfíbia, bicultural e também bilíngue (BURKE,
1999, p. 55).
Enfim, Burke defende que havia um tráfego de mão dupla entre a cultura popular
e a cultura erudita. Por exemplo: os romances da cavalaria foram criados originalmente para
o deleite da nobreza, mas foram apropriados – e cantados em praça pública – pelas classes
populares urbanas e pelos camponeses.
Outro autor que partiu da circularidade cultural para problematizar sua pesquisa da
cultura popular foi Carlo Ginzburg em os Queijos e os vermes. Neste belo livro, o autor analisa
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a cosmologia original criada por um simples moleiro, Menochio, habitante de uma pequena
aldeia italiana no século XVI e que foi condenado pela Inquisição. A conclusão de Ginzburg
é que a origem das idéias religiosas de Menochio não deriva exclusivamente da cultura oral
camponesa, da qual fazia parte, nem da cultura erudita, dos protestantes e dos humanistas, na
qual ele conhecia por suas ávidas leituras e por conversas. Desse modo,
[...] o que torna muito mais complicado o caso de Menochio é o fato desses obscuros
elementos populares estarem enxertados num conjunto de idéias muito claras e conseqüentes, que vão do radicalismo religioso ao naturalismo tendencialmente científico, às
aspirações utópicas de renovação social. A impressionante convergência entre as posições
de um desconhecido moleiro friulano e as de grupo de intelecturias dos mais refinados
e conhecedores de seu tempo repropõe com toda a força o problema da circularidade da
cultura formulado por Bakhtin (GINZBURG, 1987, p. 24).
Portanto, a partir dessas colocações de Bakhtin, Burke e Ginzburg, é possível afirmar que existe uma maneira específica de agir e de pensar das camadas populares em relação
às camadas letradas. No entanto, não é possível compreender essa cultura popular (nem a cultura letrada), sem considerar os seus contatos e a violação de fronteira. Isso fica bem evidente
nos causos de Geraldinho, nos quais muitas palavras utilizadas são originadas do português
erudito do século XVII, XVIII e XIX: Aluir: “sair-se do lugar”; Azogado [azougado]: “muito
esperto, vivo, inquieto”; Bulir: “tocar, enconstar, mexer”.
Além desses vocábulos, é possível que algumas das concepções de mundo presentes
nos causos fossem compartilhadas, há tempos, pelas camadas letradas da população goiana.
Um exemplo disso está presente bem no início do chamado “Causo da bicicleta”, no qual o
narrador manifesta uma visão irônica e zombeteira do médico:
Uai minino, nesta época, sô!, que pegô a sai essas bicicleta, esses recursu, nunha ocasião a
muiê rumô lá uma perrenguice, uma clamura, uma gemura esquisita, aquilo não miorava;
eu rancava uma saroba ali no terreiro memo, fazia uma xaropada, dava pra ela bebê...
foi ficanu pió; aí eu manei: danô!. Aí eu tentei levá ela pra cidade prum doutô dá uma
reforma nela pra mim. Aí fui lá, rumei um agasaio, e levei ela... falei pro doutô: “oiá eu
troxe a muié, o sinhó espia o que tá fartanu nela e arruma ela pra mim eu não posso ficá
aí não, eu tinha serviço e era longe” (CAUSO DA BICICLETA, 2001).
A confiança incondicional nos poderes da medicina, sendo o médico comparado
a um mecânico e o paciente a uma máquina que pode ser consertada, reformada e aditivada
peças, contrapondo-se à ineficiência das práticas curativas populares, é fundamentalmente
irônica. A ironia consiste num falso elogio, feito de tal forma exagerado para que todos percebam sua falsidade – senão seria uma mera mentira.
O surpreendente é que essa visão crítica de Geraldinho à medicina é uma sobrevivência de uma atitude que era bastante comum no início do século XX. Muitas piadas sobre
médicos circulavam nos jornais, inclusive no jornal Santuário da Trindade, publicado, na
década de 1920 e parte da de 1930, pelos padres redentoristas de Campinas, lugar próximo
a Bela Vista. Desse modo, é provável que quando criança ele tenha entrado em contato com
algumas das anedotas sobre médicos, que circulavam no seu meio cultural.
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Numa delas se nota a confiança incondicional e absurda no saber médico:
Em um hospital
_ “Aquele, pode mandá-lo enterrar que já está morto” diz o médico ao enfermeiro.
_ “Não, Sr. Não estou morto!” Geme o doente, deitando a cabeça fora do lençol.
_ “Cala-te burro” – grita o enfermeiro – “então queres saber mais que o doutor?”
(SANTUÁRIO DA TRINDADE, Campinas, 7 de abril de 1923).
Em outra transparece a ineficiência dos procedimentos médicos:
Doente: agora já faz uma semana que esfrego os pés com aguardente e ainda não adiantou nada.
Doutor: qual foi o burro que lhe ordenou tal coisa?
Doente: vós mesmo, Sr. Doutor.
(SANTUÁRIO DA TRINDADE, Campinas, 20 de outubro de 1923).
Os médicos e os policiais2 eram as principais personagens das piadas e anedotas publicadas nos jornais nas primeiras décadas do século XX. A baixa popularidade dos policiais
é compreensível, mas como se explica a dos médicos? Provavelmente, isso se deve à revolução
pausteriana, ocorrida com a descoberta dos microorganismos como a causa de doenças, provocando uma forte alteração nos conceitos e na prática médica. As velhas teorias miasmáticas
foram abandonadas. Houve uma mudança na linguagem e na forma de abordar as doenças.
As primeiras décadas do século XX foram uma fase de transição. Essa nova atitude dos médicos teve ter provocado uma desconfiança na população, que reagiu fazendo piadas sobre eles.
Portanto, a atitude irônica e sarcástica de Geraldinho em relação aos médicos causa
uma estranheza às pessoas do século XXI. Essa estranheza tem uma utilidade metodológica,
pois conforme Robert Darton (1986, p. XV), “quando não conseguimos entender um provérbio, uma piada, um ritual ou um poema, temos a certeza de que encontramos algo”. Nesse
caso, percebe-se imediatamente que Geraldinho está inserido numa tradição cultural, que
não demonstrava nenhum pudor em fazer piadas sobre os saberes médicos. Além disso, essa
tradição era compartilhada com a cultura erudita, como pela cultura popular, o que mostra a
pertinência da tese da circularidade cultural.
Ao considerar os causos de Geraldinho como produções discursivas das camadas
populares goianas, abriu-se um horizonte amplo de interpretação, possibilitando vê-los não
apenas como instrumento de humor, mas como expoentes de uma mentalidade coletiva.
Nesse sentido, os causos demonstram a maneira de pensar da cultura sertaneja em relação à
tecnologia, à sexualidade, às funções corporais e à religião.
O REALISMO GROTESCO
Um dos conceitos mais promissores para a análise da cultura popular foi o de “realismo grotesco”, utilizado por Mikhail Bakhtin, para expressar o conjunto de imagens da
cultura cômica popular. De acordo com ele, “O traço marcante do realismo grotesco é o
rebaixamento, isto é, a transferência ao plano material e corporal, o da terra e do corpo na sua
indissolúvel unidade, de tudo que é elevado, espiritual, ideal e abstrato” (BAKHTIN, 1999,
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p. 17). O realismo grotesco demonstra a irreverência das preferências estéticas populares. Há
um fascínio pelo corpo e uma ausência de pudor na referência suas partes inferiores: os órgãos genitais, o ventre, o coito, a concepção, a gravidez, o parto, a satisfação das necessidades
naturais, a doença e a morte.
Nesse sentido, o realismo grotesco é pertinente para analisar a irreverência dos causos de Geraldinho em relação às funções corporais e sexualidade e à religiosidade.
O realismo grotesco expressa a verdade com franqueza, podendo chocar os ouvidos pudicos da sociedade refinada pelo processo civilizatório. Isso fica evidente no “Causo
do peãozinho novo” que explora o descontrole das funções corporais. A história é sobre um
jovem trabalhador rural, especializado em serviços agrícolas, que é obrigado, pela necessidade
urgente de emprego, trabalhar com as lides pecuárias. No seu primeiro dia de trabalho, juntamente com outros peões da fazenda, é encarregado de ir atrás de um “boi brabo” (o boi bravo
é uma imagem sempre recorrente nos contos sertanejos). O ingênuo peão escolhe um cavalo,
que erroneamente julgava ser manso, para perseguir o boi. No entanto, ao avistar o animal, o
cavalo sai em disparada em sua perseguição, amedrontando o novato peão:
Aquele solavanco do cavalo foi chocaiando ele demais. O medo dele tava demais! E acho
que a barriguinha dele não tava bem normalizada e o registro dele foi e bambeou e ele
estrumou no arrei, rapaz... Aí... o estrume saino e pau tá quebranu... (CAUSO DO
PEAOZINHO NOVO, 2003).
Por sorte do rapaz, o cavalo acaba jogando o boi num vale, terminando a perseguição, sem maiores sobressaltos. No entanto, quando um dos seus colegas aproxima e nota a
desregulação intestinal do peãozinho, exclama:
_ Nossa Senhora, rapaz! O que que o ocê aprontou? Espia a sua arreata...
O peãozinho ainda teve sagacidade para uma resposta espirituosa:
_ (...) é por isso que o oceis não pega um boi desses, pois oceis pára pra cagá... eu não tenho
disso não.
Os excrementos são um tema recorrente no realismo grotesco. Como bem nota
Bakhtin (1999, p. 126),
Sabemos que os excrementos desempenharam sempre um grande papel no ritual da
“festa dos tolos”. No ofício solene celebrado pelo bispo para rir, usava-se na própria igreja
excremento em lugar do incenso. Depois do ofício religioso, o clero tomava lugar em
charretes carregadas de excrementos; os padres percorriam as ruas e lançavam-nos sobre
o povo que os acompanhava.
Elias (1994, p. 140) afirma que na época de Erasmo “era comum encontrar alguém
urinando ou defecando” e, com a emergência do processo civilizador, surgiu um padrão de comportamento que suprimiu gradativamente essas atividades da vida pública, tornando-se indelicado fazer mesmo um comentário sobre elas. Nas sociedades camponesas, esse processo foi mais
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demorado, pois geralmente não havia muita privacidade durante a realização das necessidades
fisiológicas e, conseqüentemente, o camponês tinha menos pudor de falar sobre isso.
Nos causos de Geraldinho, esse é um tema recorrente. O “causo do Maribondo”, por
exemplo, narra com detalhes inquietantes, o momento em que um rapaz estava defecando:
I é que o miolo da tripa dele tava era muito seco, num dava de si, ele pegô na gaia [galho]
e foi ispremeno, foi ajuntano força, foi ajuntano, i foi correno água no zói; i tinha hora
que veia do pescoço dele, ia quase arrebentanu, i aquilo num abalava, sô. I aquela dor...
Aí, com muito que ele ia fazeno muita força, aquilo foi dano num di laciá um poquim,
aquilo foi dano de alui, i ele apertano, apertano, quando aponto aquela batata, minino.
I ele ajuntano força, i quando aquilo deu di rompe um poquim... i ele ajuntava, aquilo
viajava um tantim assim.
Quando ele parava pra toma fôlego, aquilo quetava outra vez, ele tornava a juntá, quase
arranca a gaia do murici e aquilo foi indo desse jeito divargazim, ocê oiava aquilo, ce
memo que vê um caibo de formão, lisim..
I aquilo foi viajano divargazim, di tanto ele fazê força, foi até que aquilo bateu a testa no chão,
mais ainda tinha muito mantimento pra viajá ali...(CAUSO DO MARIBONDO, 2001).
O clímax da história se dá quando um maribondo resolve ferroar as partes íntimas
do infeliz rapaz:
I a aba do trem [do ânus] tava pra baixo um tanto assim, cumpanhando aquilo i quando
o maribondo tacô aquela tesourinha que feiz coisca [cócegas], rapaz! Ele fechô o rigistro
duma veiz e fechô a gabina do maribondo pra dentro, rapaz!
I aí... a carroceria dele fico pra fora i trusquio [tosquiar] a popa desse caboco, um ferrão
que era isso... (CAUSO DO MARIBONDO, 2001).
No entanto não se pode conceber essas imagens grotescas, sobre os excrementos e
sobre as baixas funções corporais, apenas no sentido negativo. Elas são ambivalentes, sendo,
ao mesmo tempo, negação e afirmação, destruição e construção. Na cultura sertaneja, por
exemplo, os excrementos não significavam apenas degradação, mas também regeneração e
vida, ao serem utilizados como adubo natural. Além disso, urina e fezes, muitas vezes, eram
componentes importantes da medicina popular. Essa prática é narrada no “Causo do carro
boi”, quando um senhor, depois de se acidentar com umas lenhas num carro de boi,
[...] caminhou para a banda de um imburuçuzim [uma espécie de paineira]... ele rancou
uma foiona daquela sô. Dobrou ela e fez um copo da foia; rancou a ferramenta de mijá
e encheu aquilo de urina... e mandou aquela foiada de urina, sô. [...] Bebeu... e ele era
cheiradô de pó, sô, o bigode dele pro dentro da boca virou uma breieira [de brear, untar,
no caso sujeira] de pó e virou um aruvai [orvalho, utilizado no sentido de molhado]
de urina naquilo. Ai ele tirou um trapo da gibeira e enxugo aquele aruvai do bigode...
(CAUSO DO CARRO DE BOI, 2003).
Em Rabelais, o tema da urina é recorrente, sendo famosa a passagem em que o gigante Gargântua urina sobre as pessoas. Enfim, a utilização dessas imagens do baixo corporal
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(fezes, urinas, ânus, pênis), nos causos de Geraldinho é um forte indício de sua vinculação à
estética do realismo grotesco, conforme foi definido e estudado por Bakhtin.
O mesmo se pode dizer das imagens com teor sexual, também muito presentes nos
causos. No “Causo da namoradinha”, a história é sobre o encontro do narrador, já casado, com
uma antiga namorada:
Ai, uma ora, mininu, a paciência minguô, eu num atulerei... eu levantei, sô, e vim por
trais dela e infiei o braço por baixo dus trapim dela: foi buli lá na güelinha dela. E aí,
eu vim rastanu a mão assim, lerdo... pra trás... fui rastanu.. quando chegô nu umbim
[úbere] dela... macio, mininu, eu azonei um pouquim e fui rastanu... Quando chegô eu
cheguei nu subaquim da perna dela, aí eu garrei a inzoná. E num sei se eu fiquei mei
estovado... é que ela mudou de idéia da ora pra outra, rapaz: ela firmô na fornainha e
me chamô us dois pé num umbigo e tascou eu cum a nuca numa pratelerinha que tinha
atrás... (CAUSO DA NAMORADINHA, 2001).
A sexualidade para a cultura camponesa moderna está numa permanente tensão,
resultante da preservação de traços de “um naturalismo ingênuo do sexo”, inserido no “ciclo orgânico da vida” (WEBER, 1982, p. 394) e a transformação do sexo em erotismo, isto
é, “uma esfera cultivada conscientemente, portanto não-rotinizada”. Portanto, a cultura
sertaneja vive num ambiente rico em experiências do sexo natural orgânico – o sexo entre
os animais, por exemplo, - e pobre em erotismo. Daí, apesar dos vários tabus do catolicismo sobre o assunto, serem freqüentes os casos de sexo zoomórfico (FREIRE, 1946, p.
618; CÂNDIDO, 1982, p. 252). No próprio causo em questão, há uma forte exploração
metafórica do zoomorfismo. A garota que antes estava faceira (fora visitar o ex-namorado casado), fica, repentinamente, imóvel, como uma vaca leiteira: “que ela tava quetinha
memo”. As expressões: “guelinha dela”, “umbim dela” (úbere) e o “coice dublo” confirmam
a metáfora da vaca.
Em outro causo, “O causo do osso” aparece uma metáfora de reificação, isto é, dotar
de características animadas os seres inanimados, para se referir à sexualidade:
E aí, quando eu peguei naquele osso pra jogá ele lá nu curral, eu oei, ele tava cum miolu
bonitu. Ai eu pensei: “eu tô sozim aqui, vou proveitá esse trem”. Pelejei pra chupa ele: ele
tava mei garradu. Aí eu tambuei esse dedo na broca dele, assim por baixo, fui empurrano
e mamanu da outra banda. Foi até que, quando eu tava lambeno a cabeça du dedo, eu
fui tira u dedo, cadê, rapaz! U coro empelotava lá na frente assim que num dava de si
de jeitu nenhum... eu trucia ele assim, queria rasgá u coro e num sai memo (CAUSO
DO OSSO, 2001).
O osso representa o desejo do protagonista pela filha do dono da casa (ele estava
num mutirão), daí a forte conotação sexual das seguintes expressões: “pelejei pra chupá ela”,
“tambuei esse dedo na broca dele”, “fui empurranu e mamanu”, “lambenu a cabeça du dedo”,
“u coro empelotava”, “tava [o dedo] que nem uma cenoura, quando ocê dispena”. Enfim, os
dois causos expressam uma maneira toda especial em referir a sexualidade, próxima ao naturalismo e à irreverência do realismo grotesco, em que o sexo não é apenas erotismo ou pecado,
é, sobretudo, vida3.
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DEVOÇÃO RELIGIOSA
A maioria dos estudos sobre religião, talvez inspirados na sociologia da religião de
Durkheim que estabelece uma rígida separação entre o sagrado e o profano4, quase sempre
ignorou a presença do lúdico e do humor na devoção religiosa popular. Na verdade, essa presença era bastante forte na religiosidade da Idade Média e Renascimento europeu, quando o
catolicismo estava demasiadamente próximo às práticas e representações populares. Por isso,
A tradição antiga permitia o riso e as brincadeiras licenciosas no interior da igreja na
época da Páscoa. Do alto do púlpito, o padre permitia-se toda a espécie de histórias e
brincadeiras a fim de obrigar os paroquianos, após um longo jejum e uma longa abstinência, a rir com alegria e esse riso era um renascimento feliz (BAKHTIN, 1999, p. 68).
Burke (1999, p. 216) relata que, durante a “Festa dos Bobos” (realizada no dia 28
de dezembro), elegia-se um bispo dos bobos, havendo dança na igreja e nas ruas; havia também uma missa ou procissão simulada, na qual os padres usavam máscaras, roupas de mulher
ou vestiam seus hábitos de trás para frente, jogavam cartas, comiam salsichas, cantavam cantigas obscenas e maldizia a congregação, em vez de abençoá-la.
No entanto, as reformas protestantes e católica do século XVI produziram uma
forte mudança na consciência religiosa, distanciando-se das práticas religiosas populares. Do
lado católico, essa estratégia de disciplinar a religiosidade popular foi denominada de “romanização”, sendo que
Os reformadores também incentivaram o desenvolvimento de uma vida litúrgica
mais efetiva nas paróquias, outra maneira de desviar a atenção dos rituais da religião
popular. Tentaram incrementar a consciência leiga de que a igreja paroquial era um
lugar sagrado, proibindo que fosse utilizada para cerimônias locais irregulares. Bispos
como Carlos Borromeo baniram a dança e festas locais nos domingos e dias santos.
Foi dada maior ênfase à correta e reverente recepção dos sacramentos (DAVIDSON,
1991, p. 47).
Com isso, a liturgia católica e protestante afastou-se do lúdico e do riso e passou a
enfatizar “o pecado e o medo5” como estratégia de conversão. No Brasil, onde a religiosidade
popular possuía uma solidez maior que na Europa, o processo de romanização só vai ganhar
força no final do século XIX. Em Goiás, um marco dessa nova estratégia da Igreja foi a vinda,
em 1895, dos padres redentoristas alemães, que chegaram com a responsabilidade de retirar
das mãos dos leigos a lucrativa Romaria de Barro Preto (atual Romaria de Trindade). Esses
padres estabeleceram-se em Campinas e sua influência se estabeleceu por todas localidades
próximas, inclusive Bela Vista. Eles foram os principais expoentes da romanização em Goiás,
condenando com veemência as práticas do catolicismo popular em Goiás.
No entanto, apesar deles, sobreviveram alguns aspectos da devoção religiosa católica
popular, que fazem referência ao lúdico e ao humor. Um exemplo evidente são os palhaços
nas Folias de Reis, responsáveis por fazer peraltices, assustando as crianças e divertindo os
adultos. Também em alguns dos causos de Geraldinho estão presentes a irreverência e o tratamento humorístico das coisas sagradas. No “Causo da bicicleta”, por exemplo, a especialiFRAGMENTOS DE CULTURA, Goiânia, v. 26, n. 3, p. 415-426, jul./set. 2016.
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zação funcional e a intimidade com os santos católicos são levadas às últimas consequências,
provocando um sentido irônico e divertido:
Ai, eu gritei um santu, sô, ele num tava em casa, gritei outro, ele tava acudino outor
pra outras banda; até que gritei um mais agraduado, mas aí já tava cheganu nu arame
(CAUSO DA BICICLETA, 2001).
Esta representação dos santos católicos é típica da religiosidade popular, na qual eles
“eram aceitos não como modelos da vida cristã – o que era a intenção da igreja –, mas como
representantes da comunidade, com poderes para protegê-la e curá-la” (DAVIDSON, 1991,
p. 41).
No “Causo do rádio” o narrador trata de modo meio zombeteiro o ritualismo católico, exigido na celebração da missa. Ele e um amigo vão à casa do “seu Enoque”, ouvir uns
cantores de música caipira, num aparelho de rádio, tecnologia nova no lugar:
Quando ela chegô [a esposa do seu Enoque] naquele caixotinho lá em riba da mesa e eu
assim perto oiano aquilo, quando ela pegô no uimbigo dele que torceu, eu vi que tinha
um palitinho lá dentro que rolô, mais ele tá campeando os caipira...
Rapaz! Ele desviou dos caipira e engarupou numa missa. E o véio era daqueles devoto
antigo, quando o padre raiou lá dentro daquele caixote, ele barreu os joelhos no chão lá
adiante, e aí nóis foi obrigado a jogá o chapéu de costas i ajoelhá também; i eu não sei o
que tinha enfezado esse padre esse dia, rapaz... ele tirava uma meia hora pra rezar e uma
meia hora pra daná cum nóis, rapaz... i eu fui enfezando com aquilo:
_ I eu nunca vi esse omi i ele dana cum nóis desse jeito, sô. Esse omi tá loco! (CAUSO
DO RÁDIO, 2003).
O humor do causo deriva do fato do dono da casa agir num ambiente profano da
mesma maneira que se age num ambiente sagrado. De modo automático, a casa se transforma
numa igreja e os convidados são obrigados a portarem-se de maneira respeitosa. Portanto, é
bem significativo o fato do narrador utilizar um tema religioso para servir de pano de fundo a
uma anedota humorística, demonstrando uma irreverência típica do realismo grotesco.
CONCLUSÃO
Os causos do Geraldinho demonstram uma vinculação com as práticas e as representações da cultura popular sertaneja goiana. Por isso, eles são um material raro e rico para estudar a maneira de pensar e agir que dominou uma época, mas que hoje é motivo de riso: o que
é bastante significativo da distância temporal e cultural desta época em relação às passadas.
Nisso reside a importância da figura de Geraldinho para os estudos dos saberes
populares. Ele acompanhou todas as transformações que a sua Bela Vista passou no século
XX e, por meio dos seus divertidos causos, fez uma leitura dessas mudanças na perspectiva da
cultura sertaneja, sempre rica e bem-humorada. Nesta pesquisa, foi possível analisar alguns
aspectos dessa leitura, tais como a crítica a modernização e os elementos do realismo grotesco,
mas isso, de modo algum, esgotam as possibilidades analíticas presentes nos causos. Há muitas
coisas ainda a serem estudadas, como por exemplo, a figura do “vilão”, uma ética do caipira
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contraposta a uma ética da malandragem (conforme foi analisado por Roberto DaMatta
(1997), a partir dos causos sobre Pedro Malasartes).
A pesquisa, em termos metodológicos, confirma as novas possibilidades advindas
com a História Cultural, aberta a novos temas e novas fontes, prometendo um horizonte
fértil de complementaridade aos ricos estudos de história social e econômica existentes na
historiografia goiana.
Enfim, a risada raibelesiana de Geraldinho constitui-se como um lembrete de uma
época em que os homens e as mulheres sabiam rir de tudo: do sexo, das funções corporais, da
Igreja, dos santos. Talvez os antigos soubessem que em certas ocasiões, o riso era um melhor
remédio.
“THE LAST NARRATOR”: THE STORIES OF GERALDINHO
AND THE POPULAR KNOWLEDGE IN GOIÁS
Abstract: this research aimed to study the popular knowledge in Goiás, from the study of the
cultural productions of Geraldo Policiano Nogueira, the Geraldinho. The basic hypothesis of this
research is that the stories of Geraldinho are not just a humor show, but also demonstrations of
popular rural culture. They are popular rites, as well as proverbs, folk songs, religious festivals, the
cattle cars. These stories are access mechanisms to the practices and representations of country folk
culture in Goiás, having aesthetic characteristics “grotesque” (mainly related to bodily functions,
sexuality and religious devotion).
Keywords: Geraldinho. Countrified culture. Bela Vista. Humor.
Notas
1 Casou se com dona Joana Bonifácio e tiveram 8 filhos, Alcides, João, Divino, Dalva, Benedita, Sebastiana,
Aparecida e Sebastião.
2 Em Geraldinho aparece de maneira bem acentuada a desconfiança do homem rural goiano em relação aos
policiais. Isso fica bem evidente no “Causo do Soldado” (Trova , Prosa e Viola, Vol. 2), no qual o narrador
sofreu as conseqüências negativas da agressividade policial. Sobre a representação do “Soldado” na população
sertaneja goiana, ver Oliveira (2005, p. 41-44).
3 No “Causo do Casalzinho Novo”, aparece uma visão mais pudica da sexualidade, portanto, mas influenciada
pela moralidade católica. Na história, a jovem esposa, mesmo depois de oito meses de casada, resiste a
mostrar-se nua para o seu esposo, com medo de que outra pessoa possa vê-la. Enfim, ela resolve se despir,
embaixo de uma árvore, num largo campo aberto (lugar estratégico que denunciava a aproximação de
alguém). Porém, o que eles não sabiam é que um rapazinho estava em cima da árvore, presenciando a cena
e gerando a confusão da história.
4 Segundo Durkheim (1996, p. 23), “Os dois mundos”, isto é o sagrado e o profano, “não são apenas
concebidos como separados, mas como hostis e rivais um do outro”. Disso deriva que “a coisa sagrada é, por
excelência, aquela que o profano não deve e não pode impunemente tocar”.
5 Esse é o título de um exaustivo estudo de Delumeau (2003, p. 13), na qual ele analisa o sentimento de
culpa e ansiedade que se desenvolveu entre os séculos XIII e XVIII. Uma de suas conclusões foi que “a
dramatização do pecado e de suas conseqüências reforçou a autoridade clerical”.
Referências
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