Liliane Lemos Santana Barreiros

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BAHIA HUMORÍSTICA DE EULÁLIO MOTTA: EDIÇÃO E ESTUDO
LEXICAL DE 48 CAUSOS SERTANEJOS
Liliane Lemos Santana Barreiros (UEFS/PPGLINC-UFBA)1
RESUMO: Apresenta-se a dissertação de mestrado intitulada Bahia Humorística de
Eulálio de Miranda Motta: edição e estudo lexical de causos sertanejos (2012),
realizada no Programa de Pós-Graduação em Estudo de Linguagens da Universidade do
Estado da Bahia, sob a perspectiva teórica dos Estudos Lexicais, com orientação da
Professora Doutora Celina Márcia de Souza Abbade. O interesse em estudar o
manuscrito inédito Bahia Humorística, do escritor baiano Eulálio de Miranda Motta
(1907-1988), motivou-se por se tratar de uma fonte significativa de informações sobre a
linguagem regional e o universo sociocultural do sertão baiano. Bahia Humorística
apresenta, através de causos com tom humorístico, registros da cultura popular do
sertão, tanto em seus aspectos sociais quanto linguísticos. No processo de criação de
seus causos, Eulálio Motta observava in loco, fazia anotações em cadernos e depois
escrevia seu registro literário, explorando a cultura sertaneja, como por exemplo, as
cantigas que ouvia dos trabalhadores nas colheitas. Esses causos foram escritos entre
1933 e 1934, porém não foram publicados. Entre as funções de pecuarista e
farmacêutico, Eulálio Motta desenvolveu uma intensa atividade literária. Em seus
escritos, registrou conflitos pessoais; descreveu cenas do dia-a-dia do homem do
campo; situações diversas da sociedade mundonovense; acontecimentos políticos locais,
nacionais e internacionais; expôs suas ideias; criticou e mostrou-se um homem
atualizado e à frente do seu tempo. Ele publicou dois livros de poesias Ilusões que
passaram (1931) e Alma enferma (1933) e seus textos circulavam em revistas e jornais
da época como, por exemplo, A Luva, Renascença, O Imparcial etc. Em 1948, publicou
outro livro de poesias Canções do meu caminho, que teve a segunda edição publicada
em 1983. A terceira edição, revista e ampliada deste mesmo livro, estava prevista para
1986, juntamente com a primeira edição de Meu caderno de trovas, mas não foi
possível por conta do seu falecimento. Entre os textos éditos e inéditos, concebidos pelo
escritor, Bahia Humorística destaca-se por retratar com riqueza os costumes do povo do
sertão baiano, evidenciando uma linguagem típica sertaneja, rica e diversificada. Com
base nesse corpus, realizou-se um levantamento do vocabulário regional presente nos 48
causos que compõem o manuscrito. A metodologia utilizada foi: digitalização, descrição
e edição semidiplomática de todos os textos; levantamento das lexias peculiares do
sertão encontradas nos causos; consulta a alguns dicionários de língua portuguesa Silva
(1922), Figueiredo (1926) e Nascentes (1932) para a definição das lexias de acordo com
os seus significados nos textos; apresentação das lexias em ordem hierárquica dos
campos, seguidas da categoria gramatical, do conceito e de exemplos remetidos ao
corpus, constituindo-se, ao final, um vocabulário organizado em seis campos lexicais, a
saber: Partes do corpo humano; Alimentos; Males sertanejos; Utensílios de cozinha;
1
Doutorado em andamento pelo Programa de Pós-graduação em Língua e Cultura (UFBA), Mestre em
Estudo de Linguagens pela Universidade do Estado da Bahia (2012), Professora de Filologia Românica
da Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS, lotada no Departamento de Letras e Artes. E-mail:
[email protected]
Instrumentos utilizados nas atividades do campo; e Meios de transporte; Por fim,
analisou-se os dados obtidos da realidade sociocultural sertaneja presentes nos causos e
no contexto da sua escrita. Para tanto, utilizou-se como aporte teóricos: Stephen
Ullmann (1973 [1964]), Pierre Guiraud (1989 [1969]), Horst Geckeler (1976), Mario
Vilela (1979; 1995), Eugenio Coseriu (1964a; 1964b; 1967; 1973; 1976) entre outros.
Além disso, realizou-se um estudo acerca da sóciohistória do texto e uma abordagem
teórica sobre o gênero discursivo causo, a partir dos preceitos bakhtinianos presentes
em Estética da criação verbal (2006 [1979]) e em Marxismo e filosofia da linguagem
(2010 [1929]) e dos estudos de Câmara (2007) e Batista (2007). O intuito desse
trabalho, ao resgatar uma obra do anonimato e estudá-la, foi de contribuir para o
conhecimento de costumes e valores socioculturais do homem sertanejo, expresso no
seu uso da língua, e ressaltar a importância de se preservar, através de textos literários, a
cultura, a língua e a história local de um povo.
PALAVRAS-CHAVE: Eulálio Motta. Causos sertanejos. Edição. Campos Lexicais.
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