efeito da densidade de plantio no desenvolvimento de plantas de

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EFEITO DA DENSIDADE DE PLANTIO NO DESENVOLVIMENTO DE PLANTAS DE
UVAIA
1
NEI PEIXOTO , JOSIMAR ALBERTO PEREIRA2, FABRÍCIO DE CARVALHO PEIXOTO3,
DIANA CRISTINA DA SILVA4, FERNANDA DE CÁSSIA SILVA4
1
Orientador, docente do Curso de Agronomia, UnU Ipameri – UEG.
2
Pesquisador da Secretaria de Agricultura do Estado de Goiás, Estação Experimental de Anápolis.
3
Bolsista CNPq, mestrando em Agronomia, Área de Concentração em Ciências do Solo, UNESP-
Jaboticabal.
. 4 Acadêmica PVIC/UEG, graduandos do Curso de Agronomia, UnU Ipameri - UEG.
2
Orientador, docente do Curso de Agronomia, UnU Ipameri – UEG.
RESUMO - Eugenia uvalha (uvaia), é uma espécie frutífera, nativa do Brasil, utilizada em
programas de reflorestamento e como ornamental em áreas urbanas. Seus frutos apresentam
potencialidades de uso industrial para confecção de geléias, sucos, licores, sorvetes e picolés.
Entretanto, não há referências de cultivo para fins comerciais em solo de cerrado, o que motivou a
implantação de um experimento, em latossolo amarelo. O delineamento utilizado foi em blocos
casualizados, com 4 tratamentos (5m x 4m, 5m x 3m, 5m x 2m e 5m x 1m) e 5 repetições, utilizando-se
05, 06, 08 e 14 plantas por parcela, respectivamente. O plantio foi feito em sulcos com 40 cm de
profundidade. Foram obtidos dados de crescimento em altura da planta e diâmetro da copa, cinco anos
e meio após o plantio. O espaçamento entre plantas não afetou, significativamente, o crescimento em
altura das plantas, mas o espaçamento de 5m x 4 m proporcionou maiores diâmetros de copa.
Termos para indexação: Eugenia uvalha, espaçamento, crescimento e desenvolvimento.
EFFECT OF PLANT DENSITY IN UVAIA PLANT GROWTH
ABSTRACT - Eugenia uvalha (uvaia), is a fruit producer specie, native of Brazil, used in reforest
program and in urban areas. Their fruits have potential use for processing to produce
jelly, juice, liquor and ice cream. However there is not any reference about its cultivation with
marketing purpose in cerrado (Brazilian savanna) soil conditions. So a field trial was carried out in
Ipameri County, State of Goias, Brazil, from February of 2003 to August of 2007, in a yellow latossolo,
before cultivated with field crops. The experimental design was randomized blocks, with four
treatments (1, 2, 3 and 4 meters between plant in row) and five replications, composed, by 05, 06, 08 e
12 plants per plot, respectively. The space between rows was 5 meters for all treatments. The planting
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was done in furrow with 40 cm of dept. It was obtained data of plant growth in height of plant and
diameter of canopy, in August of 2007, five years and half after planting. The space between plants
within rows didn’t affect significantly, plant height, but the space of 5m x 4 m resulted in the largest
canopy diameter.
Index words: Eugenia uvalha, density of planting, plant growth.
INTRODUÇÃO
A partir da década de 1960, os programas de pesquisa desenvolvidos pelas instituições brasileiras,
públicas e privadas, enfocaram, fundamentalmente no desenvolvimento de tecnologias voltadas para a
produção em alta escala. Resultados de pesquisa, baseadas nos pressupostos básicos da revolução
verde, proporcionaram crescimento e desenvolvimento das explorações agropecuárias brasileiras.
Graças à adoção dessa tecnologia, áreas naturalmente improdutivas, como as do cerrado, foram
transformadas em campos férteis, mas sem nenhuma preocupação conservacionista, levando à perda de
biodiversidade do ecossistema.
Na Região Sudeste de Goiás a ocupação do solo, ocorreu de forma mais acelerada, a partir da
década de 1980, pela presença de imigrantes vindos principalmente do sul e sudeste, que, encontraram
na região facilidades de exploração, pela característica física do solo, experiência de cultivos em locais
de origem e graças à tecnologias desenvolvidas para o solo sob cerrado.
O preço das terras, aliado a incentivos fiscais, também contribuiu para a expansão agrícola da
região. Tal, situação não apenas proporcionou concentração de terras, mas também, estabelecimento de
monocultivos, principalmente de grãos com predominância de oleaginosas.
A
fruticultura,
englobando espécies nativas e exóticas, pode configurar uma alternativa para a produção sustentável. A
geração de tecnologias acessíveis, que viabilizem a sustentabilidade de pequenas e médias propriedades
remanescentes, proporcionará ao homem do campo, crescimento e desenvolvimento e principalmente
evitar o êxodo rural.
A uvaia pertencente à família Mirtaceae a espécie Eugenia uvalha, é nativa do Brasil, encontrada
na Mata Atlântica, desde o Sul ao Norte do país (Andersen & Andersen, 1988). É uma planta arbórea
podendo atingir de 6 a 13 metros de altura (Lorenzi, 2002; Scalon et al., 2004a). Seu florescimento dáse entre agosto e setembro com maturação dos frutos de novembro a dezembro. Muito apreciada pela
fauna silvestre é utilizada em reflorestamentos, arborização urbana e ornamentação (Bonsaikai, 2008).
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Há certa divergência quanto ao nome científico da uvaia. Andrade & Ferreira (2000) e Lorenzi
(2002) citam-na como Eugenia pyriformis Cambess., enquanto Andersen & Andersen (1988), Scalon et
al. (2004), Scalon et al. (2004a) citam-na como Eugenia uvalha Cambess. Andersen & Andersen
(1988), mencionam que recebem o nome de uvaia as espécies Eugenia uvalha Cambess., Eugenia
pyriformis St. Hill e Eugenia arabidea Berg. Entretanto, todos a descrevem como sendo uma planta
arbustiva de tamanho variável. Já Lorenzi et al. (2006) citam-na como uma espécie arbórea, tendo
como sinonímia Eugenia pyriformis Cambess., Eugenia pyriformis var. uvalha (Cambess.) D. Legrand,
Eugenia uvalha Cambess., além de Pseudomyrcianthes pyriformis (Cambess.) Kausel.
Segundo Andersen & Andersen (1988), a uvaia é uma das frutíferas de grande potencial para
cultivo, principalmente por agricultores familiares, podendo compor o sistema agrossilvipastoril. Seus
frutos apresentam potencialidades de uso industrial para confecção de geléias, sucos, licores, sorvetes e
vinho (Andersen & Andersen, 1988; Scalon et al., 2004; Scalon et al., 2004a; Todafruta, 2008). A alta
perecibilidade dos frutos restringe a sua comercialização in natura, mas a conservação pós-colheita dos
frutos pode ser ampliada pelo uso de baixas temperaturas e embalagens apropriadas no armazenamento
(Scalon et al., 2004).
Há poucos trabalhos sobre o desenvolvimento de sistemas de produção para a cultura o que
dificulta sua recomendação para cultivo comercial. Não há registro de pomares comerciais da uvaia na
região Centro-Oeste ou de instituições que disponibilizem sementes e mudas a potenciais produtores.
Estas são encontradas em viveiros de mudas frutíferas em pequena escala, que atendem, basicamente,
pomares domésticos.
MATERIAL E MÉTODOS
O projeto foi implantado em fevereiro de 2003, no município de Ipameri-GO, situado a 17º
42’39,08’de latitude Sul, 48º 07’40,26’de longitude Oeste e altitude de 800 metros. Utilizaram-se
mudas obtidas por sementes, oriundas de plantas matrizes com cerca de 3 metros de altura 15 anos de
idade, de viveiro de frutíferas, localizado em Anápolis-GO.
O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados com 4 tratamentos e 5
repetições. Utilizaram-se quatro espaçamentos de plantio (5x4 m, 5x3 m, 5x2 m e 5x1m ), em
combinação com quatro densidades de plantio, 05, 06, 08 e 14 plantas por parcela. Consideraram-se
como área útil da parcela os 12 metros centrais de cada parcela.
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O transplantio foi feito em sulcos medindo 40 cm de profundidade, abertos com sulcador para
cana-de-açúcar. A adubação de plantio foi feita à base de 300 kg.ha-1 de superfosfato simples e 4000
kg.ha-1 de cama de frango curtida. Foram feitas, anualmente, adubações em cobertura com
macronutrientes e esterco de aviário, de acordo com a idade das plantas. Os tratos culturais foram
basicamente capinas manuais nas linhas, roçagem nas entrelinhas e podas de limpeza e formação.
Foram obtidos dados de crescimento em altura da planta e diâmetro da copa, aos cinco anos e meio
após o plantio. Os dados foram submetidos à análise de variância, utilizando-se o aplicativo ESTAT e
as médias comparadas pelo teste de Tukey, ao nível de 5 % de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O espaçamento entre plantas não afetou, significativamente, o crescimento em altura das
plantas, mas o espaçamento de 5m x 4 m proporcionou maiores diâmetros de copa (Tabela 1). No
espaçamento de 1 m entre plantas, na fileira, houve entrelaçamento dos ramos baixeiros, o que poderá
afetar o pegamento de frutos à medida que as plantas cresçam.
Tabela 1 - Altura das plantas e diâmetro da copa de uvaia 66 meses após o plantio. Ipameri 2007.
Espaçamento
Altura das plantas
Diâmetro da copa
(m)
(m)
5m x 4m
1,75 a
1,22 a
5m x 3m
1,72 a
1,36 a
5m x 2m
1,85 a
1,40 a
5m x 1m
1,70 a
0,95 b
CV %
16,37
9,89
*
Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, ao nível de 5 %
de probabilidade.
O início da frutificação ocorreu em novembro de 2006. Além da desuniformidade de
frutificação, também houve grande variação entre plantas, quanto ao porte e tamanho dos frutos,
atribuindo-se tal situação ao método de propagação por sementes. Isto poderá possibilitar a seleção de
plantas, com características superiores, para propagação vegetativa, caso esta seja possível, utilizandose de métodos de enxertia ou estaquia.
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CONCLUSÃO
O plantio adensado de 5 m x 2 m poderá resultar em maiores colheitas nos primeiros anos,
proporcionando maior aproveitamento da área, sem afetar o diâmetro da copa, o que possibilitará
maior produtividade nos primeiros anos de produção e a movimentação de pequenas máquinas entre
fileiras.
REFERÊNCIAS
ANDERSEN, O.; ANDERSEN, V.U. As frutas silvestres brasileiras: uvaia. Rio de Janeiro: Globo,
p. 198-200, 1988.
BONSAIKAI. Guia de cuidados: uvaia.
Disponível em www.bonsaikai.com.br. Acesso em
09/01/2008.
SCALON, S de P.Q.; DELL’OLIO, P; FORNASIERI, J.L. Temperatura e embalagens na conservação
pós-colheita de uvaia Eugenia uvalha Cambess.- Mirtaceae. Santa Maria: Ciência Rural, v.34,
n.6, p.1965-1968, 2004.
SCALON, S de P.Q.; SCALON FILHO, H; RIGONI, M.R. armazenamento e germinação de sementes
de uvaia Eugenia uvalha Cambess. Lavras: Ciênc. Agrotec., v.28, n.6, p.1228-1234, 2004a.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas do
Brasil, vol.1, 4 ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum de Estudos da Flora, p. 277, 2002.
LORENZI, H.; BACHER, L.B.; LACERDA, M.T.C de; SARTORI, S.F.
Frutas brasileiras e
exóticas cultivadas (de consumo in natura). São Paulo: Instituto Plantarum de Estudos da
Flora, p. 210-211, 2006.
TODAFRUTA. Característica da uvaia. Disponível em www.todafruta.com.br. Acesso em
08/01/2008
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