140 ARTIGO ORIGINAL / ORIGINAL ARTICLE Agenesia da coluna lombossacra Lumbosacral agenesis Luiz Henrique Fonseca Damasceno1 Marcello Henrique Nogueira-Barbosa2 Helton LA Defino3 RESUMO ABSTRACT Objetivo: apresentar um estudo retrospectivo de nove pacientes com agenesia da coluna lombossacral considerando os aspectos da história gestacional e familiar, o quadro clínico, radiológico e o tratamento. Métodos: foram estudados, retrospectivamente, nove pacientes com graus variados de agenesia vertebral com idade de cinco a 27 anos (média de 12 anos ± nove meses). Os pacientes foram avaliados por meio de questionário padrão para avaliação da história familiar, gestacional, neonatal, desenvolvimento, exame físico e radiografias simples (AP e perfil) da coluna torácica, lombar e sacral. Resultados: foram identificados cinco pacientes sem limitações importantes das atividades diárias, com intelecto normal e marcos do desenvolvimento adequados para a idade; quatro pacientes com lesões mais altas e incapacitantes, com limitações das suas atividades, sendo incapazes de locomoverem-se sem auxílio e dependentes dos cuidados de terceiros; uma paciente com disgenesia lombar segmentar com grave instabilidade do tronco e infecções urinárias de repetição, tendo sido submetida à artrodese lombossacra, obtendo-se postura sentada estável, sem apoios, e resolução das infecções urinárias. Conclusões: a agenesia lombossacal é rara e de gravidade variável. A correção das deformidades pode contribuir para melhorar as atividades funcionais dos pacientes. Objective: Retrospective study of nine patients with lombosacral agenesia analyzing some aspects as gestational conditions, familiar history, clinical picture, radiology and treatment. Methods: it was retrospectively studied the documentation of nine patients with diagnosis of lombosacral agenesia and with different degrees comprometiment; the age of the patients ranged from five to 27 years, with an average of 12 years ± nine months. The patients were evaluated by a special protocol designed to assess the familiar history, the gestational history, neonatal conditions and growth, clinical picture, standard x-rays of spine – dorsal, lumbar and sacral in two projections, AP and lateral views. Results: five patients presented almost normal daily activities with growth and skills development in accordance with the age group. Four patients in which the lesions were localized in a higher level, presented a greater limitation of daily activities, and were unable of independent walking; a female patient with lumbar segmental disgenesis with severe thoracic instability and urinary tract infections was submitted to a lombosacral fusion with a good sitting position without any aid and cure of the urinary infections. Conclusion: lumbosacral agenesia is a rare condition with different degrees of comprometiment. The surgical deformities correction can contibute to a better function and daily living activities. DESCRITORES: Região lombossacral/anormalidades; Vértebras lombares; Sacro KEYWORDS: Lumbosacral region/abnormalities; Lumbar vertebrae; Sacrum Trabalho realizado no Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, Ribeirão Preto, SP, Brasil. 1 Pós-Graduando do Departamento de Biomecânica, Medicina e Reabilitação do Aparelho Locomotor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo – USP – Ribeirão Preto (SP), Brasil. 2 Médico Radiologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo – USP – Ribeirão Preto (SP), Brasil. 3 Professor Associado Departamento de Biomecânica, Medicina e Reabilitação do Aparelho Locomotor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo – USP – Ribeirão Preto (SP), Brasil. Recebido: 17/06/2005 - Aprovado: 02/04/06 COLUNA/COLUMNA. 2006;5(1):13-18 2006;5(3):140-147 Agenesia da coluna lombossacra 141 INTRODUÇÃO A agenesia lombossacra é uma anomalia esquelética e neurológica caracterizada pela ausência de quantidades variáveis do sacro, da coluna lombar e dos seus elementos neurológicos associados1-7. Concomitantemente com as anomalias dos membros inferiores, são observadas anomalias viscerais, particularmente do trato gastrintestinal baixo e geniturinário1-5,7-12. Os menores graus de envolvimento, tais como a ausência dos segmentos coccígeos distais passam despercebidos com freqüência, sendo, em geral, achados ocasionais, enquanto os casos mais graves podem ser incompatíveis com a vida, tendo sido observados em natimortos15,7-8,10,13-15 . As crianças afetadas podem ter múltiplas anormalidades musculoesqueléticas como deformidades nos pés, contraturas em flexão dos quadris e dos joelhos (com pterigium poplíteo), luxação de quadris, instabilidade espino-pélvica, hemivértebras, espinha bífida e escoliose2-4,14,16. A força muscular geralmente é normal nos níveis acima do último corpo vertebral que possui pedículos, enquanto a sensibilidade está preservada até alguns níveis mais caudais1,4,6,7,10. O controle esfincteriano anal e vesical está freqüentemente prejudicado1-2,4-5,7-8,10,14. Neste relato, são apresentados os resultados da observação de um grupo de oito pacientes com agenesia da coluna lombossacra e uma paciente com disgenesia vertebral segmentar. materna, gestacional e do parto, o desenvolvimento neuropsicomotor, o grau de escolaridade e a história evolutiva dos indivíduos. A avaliação radiológica foi realizada por meio de radiografias simples da coluna torácica, lombar e sacral nas incidências ântero-posterior e perfil. Os pacientes foram submetidos a exame ortopédico de rotina para avaliação das deformidades, da mobilidade articular e do quadro neurológico, de acordo com a classificação padrão para lesão medular da American Spinal Injury Association – International Medical Society of Paraplegia (ASIA/IMSOP)12. A idade dos pacientes variou de cinco a 27 anos (média de 12 anos e nove meses) (Tabela 1). Em três pacientes, o diagnóstico foi realizado logo após o nascimento; em três pacientes até a idade de um ano e, nos demais, após um ano de idade. Dois dos pacientes (pacientes 2 e 3), que tiveram o diagnóstico feito após um ano de idade, não apresentavam alterações físicas importantes durante a primeira infância. Um paciente (3) foi diagnosticado devido à avaliação da presença de escoliose lombar e outro paciente (2) foi diagnosticado por meio de achado incidental em radiografias do abdome. A paciente 6 convivia com as suas deformidades e o diagnóstico foi realizado aos 10 anos de idade devido às complicações urológicas. Houve discreta predominância do sexo feminino (cinco feminino:quatro masculino) (Tabela 1). RESULTADOS MÉTODOS Foram avaliados, retrospectivamente, de 1982 a 1999, oito pacientes com agenesia lombossacra e uma paciente com disgenesia vertebral segmentar. A todos os pacientes foi aplicado um questionário padrão no qual era registrada a história História gestacional, neonatal e familiar Sete das mães (pacientes 1, 3, 4, 5, 7, 8 e 9) referiam ter seguimento pré-natal de rotina. Apenas duas mães (pacientes 6 e 7) eram gestantes idosas na época do nascimento do caso índice (47 e 43 anos, respectivamente). TABELA 1 - Dados gerais dos pacientes com graus variados de agenesia vertebral Pacientes Sexo Idade Idade ao História Gestação Tipo de parto/ (anos) diagnóstico obstétrica caso índice Apresentação Não da mãe 1 M 2 M 3 M 14+9 4 F 8+9 5 M 14+10 12+9 13 Anomalias congênitas 8m G6/P6 G4 Normal / cefálico Não 5a G6/P6 G5 Normal / pélvico Não 8a G5/P5 G4 Normal / cefálico Fenda palatina Nascimento G2/P2 G2 Cesária1 Hérnia ingunal e supra- 1a G5/P4/A1(G4) G5 Normal / cefálico umbilical Não 6 F 27+5 7 F 5+7 10 + 7 a* G9/P9 G7 Normal / cefálico Nascimento G5/P5 G5 Normal-fórceps / cefálico 8** F 5+8 9 F 12+1 Não PTC bilateral + LCQ 2 Nascimento G5/P5 G5 Cesária 1m G3/P2/A1(G1) G2 Cesária3 bilateral + BN Atresia de esôfago com fístula tráqueoesofágica + PTC bilateral Fonte: Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP.*Morava em área rural. **Caso submetido à artrodese lombossacra. Pcte- paciente; cesária1- devido à cesária prévia; cesária2- devido apresentação pélvica; cesárea3- ausência de dilatação do colo uterino; dist.- distúrbio; M – masculino; F – feminino; PTC- pé torto congênito; LCQ- luxação congênita de quadril; BN- bexiga neurogênica COLUNA/COLUMNA. COLUNA/COLUMNA. 2006;5(3):140-147 2006;5(1):13-18 142 As demais apresentavam idade média de 27 anos ao nascimento do caso índice. Quatro mães (pacientes 2, 6, 7 e 8) não apresentaram intercorrências nas gestações anteriores. Diabetes gestacional foi diagnosticado durante a gestação do caso índice 8. Duas outras mães (pacientes 4 e 7) já eram diabéticas quando da gestação do caso índice. Todas foram tratadas com injeções de insulina e controle dietético durante a gestação. Em seis casos foi detectada a presença de outros portadores de diabetes na família que não a própria mãe (paciente 1: pai; paciente 2: tio materno e irmã; paciente 3: avó materna; paciente 4: tio paterno, tia e avó materna; paciente 5: pai e; paciente 9: avó materna). A maioria das mães era multípara e apenas duas (pacientes 5 e 9) apresentaram abortos espontâneos, ambas na gestação imediatamente anterior ao nascimento do caso índice. Todos os pacientes nasceram a termo, seis por meio de parto normal e três por meio de cesariana. Apenas dois pacientes tiveram apresentação pélvica, nascendo um por parto normal e outro por cesariana (Tabela 1). Cinco pacientes não apresentaram qualquer complicação durante ou logo após o parto. Um apresentou hipotonia generalizada (paciente 1); outros dois tiveram problemas respiratórios (pacientes 4 e 7); e outro icterícia neonatal e diagnóstico de hipotireoidismo congênito (paciente 8). Em quatro dos pacientes as malformações foram detectadas ao nascimento (Tabela 1). Em apenas um paciente (caso 1) a deformidade da coluna vertebral foi detectada nos familiares (irmão com escoliose). Desenvolvimento e estado geral Apenas duas crianças apresentaram retardo dos marcos do desenvolvimento neuropsicomotor. As demais alcançaram os marcos de desenvolvimento dentro da idade esperada, exceto para o início da marcha. Os pacientes 4, 6, 7 e 8 eram incapazes de deambular devido às suas malformações. Seis pacientes não apresentavam controle vesical. Um paciente (paciente 2) teve diagnóstico de medula presa e cisto medular durante a investigação devido à bexiga neurogênica. Ele adquiriu controle esfincteriano vesical e intestinal após ter sido submetido, aos 11 anos de idade, à liberação do filo terminal e ressecção do cisto medular. Dois pacientes (pacientes 7 e 9) foram submetidos à cistostomia (um deles associado à nefroureterostomia – paciente 9) antes de completar um ano de idade, e o outro foi submetido à vesicostomia aos 13 anos de idade (paciente 6). Um dos pacientes apresentava controle vesical até ser vítima de acidente automobilístico (paciente 5) com fratura de L5 e déficit motor e sensitivo temporário. Dois pacientes (pacientes 8 e 9) foram submetidos à correção cirúrgica do pé torto congênito, um à correção cirúrgica de fenda palatina (paciente 4), um à correção cirúrgica de hérnia inguinal (paciente 5), e um à correção cirúrgica de fístula traqueoesofágica (paciente 9). Apenas quatro pacientes (paciente 1, 2, 3 e 5) apresentaram controle esfincteriano anal, sendo que o paciente 2 apresentou o controle após a correção cirúrgica para liberação da medula presa e ressecção do cisto medular. Cinco pacientes apresentavam marcha independente. A locomoção era realizada com o apoio das mãos no solo e levantando o próprio corpo (paciente 4); utilizando as mãos COLUNA/COLUMNA. 2006;5(1):13-18 2006;5(3):140-147 Damasceno LHF, Nogueira-Barbosa MH, Defino HLA para arrastar o corpo (paciente 8); por meio de cadeira de rodas (paciente 6) ou por meio de velocípede, fazendo às vezes de uma cadeira de rodas (paciente 7). Exame físico geral Foram observadas as seguintes deformidades: da coluna vertebral, em flexão dos quadris e joelhos, nos pés e da caixa torácica (Tabela 2). Não foram observadas úlceras de pressão, anomalias perianais ou genitais. Três pacientes (pacientes 4, 6 e 7) apresentavam instabilidade espinopélvica e a paciente 8 apresentava instabilidade lombar, todos com cifose segmentar. Deformidades em flexão dos quadris e joelhos foram observadas em três pacientes (pacientes 4, 7 e 8), sendo que nos pacientes 4 e 7 assumiam a típica “posição de buda” ou “em borboleta”, na posição sentada. Estes pacientes apresentavam pterigium poplíteo bilateral que limitava a extensão dos joelhos (Tabela 2). Mobilidade articular Cinco pacientes apresentavam amplitude normal dos movimentos dos quadris e joelhos (pacientes 1, 2, 3, 5 e 9). Destes cinco pacientes, apenas um paciente (caso 4) possuía limitação da mobilidade dos pés devido ao pé eqüinocavo rígido. Quatro pacientes apresentavam grave limitação da mobilidade dos joelhos e quadris, três deles (pacientes 4, 7 e 8) devido à deformidade em flexão dos quadris e dos joelhos e; o quarto paciente (paciente 6), devido a deformidade em extensão dos joelhos. Todos esses pacientes apresentavam diminuição da mobilidade dos pés, estando associadas a deformidades em três pacientes (pacientes 4, 8 e 9). Exame neurológico Em dois pacientes o reflexo patelar e o aquileu estavam normais. Três pacientes não apresentavam alterações de força ou sensibilidade. Os pacientes 5 e 8 apresentavam déficit sensitivo segmentar, e correspondente às vértebras não formadas. O comprometimento motor e sensitivo estava associado apenas no paciente 4, sendo que nos outros (pacientes 6, 7, 8 e 9) não foi observada a associação entre a alteração motora e sensitiva (Tabelas 3-4). Avaliação radiológica Os achados radiológicos encontram-se sumarizados na Tabela 5. De acordo com a classificação de Renshaw6 (Figura 1) um paciente (paciente 3) foi classificado como tipo I, três pacientes (pacientes 1, 2 e 5) como tipo II, um paciente (paciente 9) como tipo III, e três pacientes (paciente s 4, 6 e 7) como tipo IV (Figura 2). Em uma paciente (paciente 8), a classificação de Renshaw não se aplicava pela presença de agenesia segmentar. Cinco pacientes apresentavam escoliose, sendo em três deles associada a hemivértebras, alterações dos arcos costais e desvios do eixo sagital da coluna vertebral foram observados. Tratamento cirúrgico Uma paciente de cinco anos (paciente 8), com agenesia dos corpos vertebrais L2 e L3, com grave instabilidade lombar, apresentava hipotireoidismo congênito e complicações renais relacionadas com infecções de repetição do trato urinário. Agenesia da coluna lombossacra 143 TABELA 2 - Características clínicas dos pacientes com graus variados de agenesia vertebral Pacientes Deformidades Coluna 1 Quadris Joelhos Pés Outras - - - Tronco curto, tórax em quilha Pescoço curto; escoliose torácica 2 - - - equinocavo bilateral - 3 Escoliose lombar - - - - 4 Saliência coluna Posição de buda Flexo bilateral com pterigium poplíteo lombar proximal 5 - Cifoescoliose - Tronco encurtado com tórax discreto eqüino globoso; atrofia mmii Garra dos dedos e - cavo bilat complexa 6 planovalgo bilateral - Saliência lombar - - Tórax encurtado distal 7 Ausência de Posição de buda Flexo bilateral com pterigium poplíteo vértebras Hipoplásico, mínima Tronco encurtado com tórax mobilidade globoso; vesicostomia, atrofia de mmii lombares distais 8 Cifose torácica Contratura em Flexo bilateral com flexão pterigium poplíteo equinocavo Tronco encurtado, pectus escavado; mancha mongólica lombar; atrofia de mmii 9 - Escoliose torácica - Cavo-aduto bilateral Hemangioma sacral Fonte: Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP TABELA 3 - Achados neurológicos relacionados à força muscular e aos reflexos miotendíneos gerais dos pacientes com graus variados de agenesia vertebral Pacientes Reflexos Força muscular* Patelar/aquilieu L1 L2 L3 L4 L5 S1 D E D E D E D E D E D E D E 1 +/+ +/+ 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 2 -/- -/- 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 3 +/+ +/+ 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 4 -/- -/- 4 4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 5 -/- -/+ 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 6 -/- -/- 4 5 4 5 0 0 0 0 0 0 0 0 7 -/- -/- 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 8** -/+ -/+ 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 9 -/- +/- 5 5 5 5 5 5 0 0 0 0 0 0 Fonte: Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP *Avaliados como: reflexo: (+) normal, (-) ausente; força: 0= paralisia total, 1= contração visível ou palpável, 2= movimento ativo sem oposição da força da gravidade, 3= movimento ativo contra a força da gravidade, 4= movimento ativo contra alguma resistência, 5= movimento ativo contra grande resistência. ** Discreta flexão dos dedos dos pés por ação dos flexores curtos Essa paciente foi submetida, aos cinco anos de idade, à artrodese e fixação posterior pela técnica de Galveston9,13, seguida de artrodese anterior com enxerto autólogo de ilíaco (Figura 3). Foi obtida boa postura nas posições sentada, sem apoio e também observada melhora dos episódios de infecção urinária. Dois anos após a cirurgia foram realizadas correções cirúrgicas para a correção das deformidades dos joelhos e quadris. COLUNA/COLUMNA. COLUNA/COLUMNA. 2006;5(3):140-147 2006;5(1):13-18 Damasceno LHF, Nogueira-Barbosa MH, Defino HLA 144 TABELA 4 – Achados neurológicos relacionados à sensibilidade táctil e dolorosa dos pacientes com graus variados de agenesia vertebral Pacientes Sensibilidade tátil (toque leve)* / dolorosa (agulha)* T10 D T12 E D L1 E D L2 E D L3 E D L4 E D L5 E D S1 E D S2 E D S3 E D S4-5 E D E 1 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 0/1 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 3** 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 4 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/1 2/1 2/1 2/1 1/1 1/1 1/1 1/1 1/1 1/1 1/1 1/1 1/1 1/1 1/1 1/1 5 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 1/1 1/1 1/1 1/1 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 6 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 7 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 8 2/2 2/2 2/2 2/2 0/0 0/0 0/0 0/0 0/0 0/0 0/2 0/2 2/2 2/2 0/2 0/2 0/2 0/2 0/2 0/2 0/2 0/2 9 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 2/2 Fonte: Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP *avaliada como: 0 - ausente, 1- comprometido, 2 - normal; ** Paciente apresentava clônus esgotável bilateralmente; D - lado direito; E - lado esquerdo Figura 1 Classificação de Renshaw para a agenesia lombossacra6. Tipo 1: ausência do hemisacro; Tipo 2: ausência do sacro, com S1 hipoplásica, mas mantendo a articulação lombopélvica estável; Tipo 3: ausência de vértebras lombares mais caudais, sacro e cóccix, mas a vértebra lombar mais caudal articula-se com as asas do ilíaco; Tipo 4: ausência das vértebras lombares mais caudais, do sacro e do cóccix, com fusão entre as asas do ilíaco e articulação da coluna lombar remanescente com os ilíacos Figura 2 Radiografias ilustrando os diferentes tipos de agenesia lombossacra observados segundo a classificação de Renshaw6. A) Paciente 3 (Tipo 1); B)Paciente 2 (Tipo 2); C)Paciente 9 (Tipo 3); D)Paciente 6 (Tipo 4) Figura 3 Radiografias ilustrando o caso de disgenesia lombar segmentar. A)Vista em AP préoperatória; B) vista em perfil pré-operatória; C) vista em AP pósoperatória e; D) vista em perfil pósoperatória COLUNA/COLUMNA. 2006;5(1):13-18 2006;5(3):140-147 Agenesia da coluna lombossacra 145 TABELA 5 - Achados radiológicos dos pacientes com graus variados de agenesia vertebral Pacientes Vértebra distal com 2 pedículos Escoliose Hemi-vértebras Vértebras displásicas Vértebras não formadas (agenesia) Outros 1 T8 torácica T1-T2 e T4-T5 à E; T3-T4 e T5- T6 àD quatro vértebras lombares e sacro hipoplásico L5 Aumento da lordose lombar e da cifose torácica; nove arcos costais à D e E; fusão T7-T8; 2 L4 Não Não L5 Sacro distal Espinha bífida na coluna sacral, 3 L2 Lombar por barra óssea Não Barra óssea de L1-L3 D e L2-L3 E Sacro distal Presença de 13 arcos costais; hipoplasia do 6o arco costal à D; 4 L1 Não Não L2a L5 e sacro total Fusão dos ilíacos; bacia hipoplásica (mas com quadris centrados); articulação de L1 com ilíacos; retificação da coluna torácica 5 T7 Cervical por hemivértebra Três hemivértebras e uma vértebra em borboleta torácica Várias vértebras torácicas e todas as quatro lombares displásicas; fusão de L1 e L2 L5 e sacro distal Fusão do 9o ao 11o arcos costais D; onze arcos costais bilateralmente, retificação da cifose torácica e cifose lombar baixa; articulação L5-sacro 6 T12 Torácica Não L1 e L2 L3-L5 e sacro total Articulação L2 com sacro; fusão entre ilíacos; luxação de quadril bilateral com pseudo acetábulo, inversão da lordose torácica 7 T10 Torácica Não Fusão de T9-T10 L1-L5 e sacro total Lordose torácica; fusão entre ilíacos; bacia hipoplásica; cifose lombar 8* T11 Não L4 T11-L1 hipoplásicas L2-3 Sacro normal; cifose lombar; retificação da cifose torácica 9 L2 Torácica por hemivértebra T5 e T6 à D Disrafismo T8-T9; hipoplasia de L3 e L4 L5 e sacro total Fusão L4 com ilíacos Fonte: Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP . D – direita; E - esquerda DISCUSSÃO Neste estudo, relatamos nossa experiência com oito pacientes portadores de agenesia lombossacra. Embora não haja consenso entre os autores quanto à classificação mais adequada para os pacientes com essa deformidade3-5,10,12, adotamos a classificação de Renshaw6 por ser de mais fácil aplicação e por ter boa correlação com o prognóstico desses pacientes. A etiologia da agenesia lombossacra permanece desconhecida. Acredita-se que fatores genéticos e ambientais atuem sobre o embrião durante as primeiras semanas do desenvolvimento. Vários autores descreveram a associação com o diabetes materno2-4,7,14-17. Porém, dada a pequena percentagem de mães diabéticas com filhos porta- dores dessa deformidade, esta associação de causa e efeito é difícil de ser corroborada2-4,11. Pacientes com agenesia lombossacra sem a ocorrência de diabetes materna e com a presença de parentes colaterais e ascendentes diabéticos foram descritos7,2. Em nosso estudo, observamos três casos com diabetes materno e, em outros seis casos, havia história familiar de diabetes em parentes de até segundo grau do caso índice, sendo que em apenas um desses casos a mãe era também diabética. Encontramos uma proporção de mães diabéticas semelhante à de muitos autores, sendo que apenas uma desenvolveu a doença durante a gestação do caso índice2-4,7,14. COLUNA/COLUMNA. 2006;5(3):140-147 COLUNA/COLUMNA. 2006;5(1):13-18 146 A maioria das mães era multípara quando da gestação do caso índice e, em dois casos, a gestação do caso índice foi precedida por aborto espontâneo. A falta de informações a respeitos desses fetos abortados não nos permite avaliar a recorrência da deformidade. Nos dois casos em que as mães (uma delas diabética) eram gestantes idosas, nasceram crianças com acometimento grave, sendo classificados como Tipo IV de Renshaw. Foram descritos três casos, que ocorreram de mães gestantes idosas e com episódios de abortos espontâneos anteriores18. A ocorrência de abortos em mães de pacientes com agenesia lombossacra também foi descrita2, e talvez a gestação após os 40 anos de idade e a multiparidade sejam fatores de risco associados à malformação. Em nenhum dos pacientes o diagnóstico foi realizado no período pré-natal e em muitos o diagnóstico ocorreu durante exames para a avaliação de outras doenças. Atualmente a ultra-sonografia é um exame que permite o diagnóstico precoce dessa deformidade, podendo confirmar sua presença ainda no primeiro trimestre de gestação19. A presença de deformidades vertebrais nos familiares tem sido descrita e relacionada com a presença de escoliose5 ou casos de agenesia14. No entanto, detectamos essa avaliação em apenas um paciente de nossa série, cujo irmão apresentava escoliose. A típica postura sentada de Buda nos casos mais graves consiste no estreitamento do diâmetro transversal da pelve, atrofia das nádegas, prega interglútea rasa com o ânus horizontalizado e os membros inferiores afunilados e atróficos com os quadris fletidos, abduzidos, rodados externamente e fixos no plano frontal3-4,6. Essa postura foi observada em dois de nossos pacientes com agenesia Tipo IV de Renshaw. As alterações nas costelas e as deformidades nos pés foram os achados mais freqüentes no nosso estudo, seguidos da escoliose, freqüentemente associada à hemivértebras. As deformidades do tórax foram observadas nos pacientes com doença mais grave, com acometimento de maior número de vértebras lombares. Observamos a associação entre a mobilidade e a gravidade da lesão, variando de mobilidade articular completa com um exame neurológico normal à diminuição da mobilidade articular associada à ausência de força muscular nos segmentos acometidos. A sensibilidade manteve-se preservada distalmente à lesão em quase todos os casos e, quando prejudicada, ocorria distalmente ao déficit motor. A capacidade da marcha independente também correspondeu aos casos mais leves, nos quais a mobilidade não estava acometida e havia boa força muscular. O tratamento desses pacientes ainda é orientado para as deformidades individualmente presentes1,4-5 e pode variar desde a liberação das partes moles e osteotomias3-4 até a amputação subtrocanteriana seguida de prótese20. Os autores que não preconizam a amputação precoce afirmam que a presença da sensibilidade protetora, da propriocepção e de uma imagem corporal dos membros inferiores, presentes mesmo nos casos mais graves de COLUNA/COLUMNA. 2006;5(1):13-18 2006;5(3):140-147 Damasceno LHF, Nogueira-Barbosa MH, Defino HLA agenesia, justificaria preservação dos membros inferiores, e relatam bons resultados funcionais5. Alguns autores acreditam que a luxação dos quadris exige tratamento agressivo para evitar a dor, as escaras, a deterioração da marcha e a acentuada obliqüidade pélvica com a evolução do quadro clínico6,8,11. Outros autores afirmam que a preservação da sensibilidade torna rara a ocorrência de úlceras de pressão, e por isso o tratamento pode ser postergado 5. As deformidades dos pés resultam do desequilíbrio muscular ou de contraturas posturais3-4,6,11. Quando a sensibilidade nos pés está preservada, vários métodos de tratamento podem ser aplicados para corrigir a deformidade4,6. Distúrbios do sistema geniturinário são comuns sendo a bexiga neurogênica, a agenesia renal e a criptorquidia os achados mais freqüentes1-2,6,11,14. Em um de nossos pacientes os sintomas relacionados com a bexiga neurogênica melhoraram após a liberação do filo terminal e do cisto medular. A avaliação detalhada do canal medular dos pacientes com agenesia mais caudal e com déficit neurológico progressivo é necessária, pois anomalias passíveis de tratamento cirúrgico podem ser detectadas 7,10. Uma das nossas pacientes apresentava características da recentemente descrita disgenesia lombar segmentar11,21-23. Essa malformação vertebral é incomum, caracterizada pela disgenesia ou agenesia localizada, segmentar, da região tóracolombar ou lombar alta21-23. Os defeitos ósseos incluem importante estenose focal do canal vertebral, vértebras hipoplásicas ou aplásicas, subluxação da coluna e instabilidade21-22. A arquitetura óssea distal é freqüentemente normal22. Ocorre importante estenose do saco dural e a ausência das raízes nervosas adjacentes à área da lesão21-23. O déficit neurológico distal é variável, a prevalência da bexiga neurogênica é alta e a presença de anomalias associadas é comun22. A cifose progressiva é inevitável22. Essa paciente (paciente 8) apresentava alterações da sensibilidade nos segmentos correspondentes às vértebras aplásicas. Foi descrito um caso de paciente com anomalias de segmentação da coluna lombar, porém com a região sacral preservada, dentre outros de agenesia lombossacra, e considerado como uma variação no espectro da lesão da agenesia lombossacra11. A cifose espinopélvica resultante da instabilidade da pelve sob a coluna é a responsável pelo encurtamento do tronco, colapso abdominal e pela instabilidade do tronco quando na posição sentada4,6,8-9. O encurtamento do tronco e o colapso abdominal são responsáveis pelo aumento da pressão intra-abdominal e alteração da função renal e do trânsito intestinal4,8. O tratamento da instabilidade na junção espinopélvica é tema controvertido, variando desde o tratamento não cirúrgico até a artrodese espinopélvica, passando pela amputação subtrocanteriana com posterior aparelhamento4,6,8-9,19,21. A artrodese permite a obtenção de uma posição sentada estável, sem apoio dos membros superiores. A artrodese auxilia na correção das deformidades em flexão dos quadris e joelhos, e me- Agenesia da coluna lombossacra 147 lhora a função intestinal e a reserva respiratória por evitar a compressão visceral causada pela cifose e telescopagem do tronco 6,8-9,20-21,24 . A não realização da artrodese é justificada pela falta de compensação causada pela flexão dos quadris, o que pode dificultar o paciente para sentarse4-5. A presença de uma articulação espino-pélvica tipo “bola e soquete” torna a artrodese desnecessária, pois permite suficiente estabilidade, deambulação aparelhada4-5. Os autores que defendem a não realização da artrodese 4-5, não apontaram a ocorrência de compressão das vísceras abdominais, o que poderia exigir a estabilidade do segmento espinopélvico. Três pacientes de nossa série apresentaram instabilidade espinhal, sendo que apenas uma apresentava intercorrências clínicas que indicavam o tratamento cirúrgico, cujo resultado foi satisfatório até o momento da avaliação com resolução das infecções urinária de repetição e melhora da posição sentada sem apoio das mãos. CONCLUSÃO A agenesia lombossacra é uma entidade nosológica rara, de gravidade variável. A correção das deformidades pode contribuir para uma maior independência funcional do paciente, e auxiliar na resolução dos problemas clínicos como as disfunções respiratórias e urológicas. A abordagem desses pacientes é complexa, e a maioria dos pacientes com acometimento grave necessita apenas de cuidados especiais, adaptando-se bem às suas limitações. A correção das deformidades e adaptação dos pacientes a uma vida com menos limitações é possível, sendo reservada àqueles pacientes em que complicações clínicas afetam sua saúde. REFERÊNCIAS 1. Freedman B. Congenital absence of the sacrum and coccyx; report of a case and review of the literature. Br J Surg. 1950; 37(147):299-303. 2. Blumel J, Evans EB, Eggers GW. Partial and complete agenesis or malformation of the sacrum with associated anomalies; etiologic and clinical study with special reference to heredity; a preliminary report. J Bone Joint Surg Am. 1959; 41-A(3):497-518. 3. Banta JV, Nichols O. Sacral agenesis. J Bone Joint Surg Am. 1969; 51(4):693-703. 4. Phillips WA, Cooperman DR, Lindquist TC, Sullivan RC, Millar EA. Orthopaedic management of lumbosacral agenesis. Long-term follow-up. J Bone Joint Surg Am. 1982; 64(9):1282-94. 5. Andrish J, Kalamchi A, MacEwen GD. Sacral agenesis: a clinical evaluation of its management, heredity, and associated anomalies. Clin Orthop Relat Res. 1979;(139):52-7. 6. Renshaw TS. Sacral agenesis. J Bone Joint Surg Am. 1978; 60(3):373-83. 7. Pang D, Hoffman HJ. Sacral agenesis with progressive neurological deficit. Neurosurgery. 1980; 7(2): 118-26. 8. Perry J, Bonnett CA, Hoffer MM. Vertebral pelvic fusions in the rehabilitation of patients with sacral agenesis. J Bone Joint Surg Am. 1970; 52(2):288-94. 9. Dumont CE, Damsin JP, Forin V, Carlioz H. Lumbosacral agenesis. Three cases of reconstruction using CotrelDubousset or L-rod instrumentation. Spine. 1993; 18(9):1229-35. 10. Pang D. Sacral agenesis and caudal spinal cord malformations. Neurosurgery. 1993; 32(5):755-78; discussion 778-9. 11. Carlo WA, Kliegman RM, Dixon MS Jr, Fletcher BD, Fanaroff AA. Vertebral agenesis: comprehensive care and outcome. Am J Dis Child. 1982;136(6):533-7. 12. American Spinal Injury Association. International Standards for the Neurological Classification in Spinal Cord Injury. Chicago: Americam Spine Injury Association; 1996. 13. Allen BL Jr, Ferguson RL. The Galveston technique of pelvic fixation with L-rod instrumentation of the spine. Spine. 1984; 9(4):388-94. 14. Stanley JK, Owen R, Koff S. Congenital sacral anomalies. J Bone Joint Surg Br. 1979; 61-B(4):401-9. 15. Sarnat HB, Case ME, Graviss R. Sacral agenesis. Neurologic and neuropathologic features. Neurology. 1976; 26(12):1124-9. 16. Russell HE, Aitken GT. Congenital absence of the sacrum and lumbar vertebrae with prosthetic management. J Bone Joint Surg Am. 1963; 45:501-8. 17. Garcia T, Lobório R, Pais R, Gonçalves O, Seabra J, Pais FF. Síndrome de regressão caudal /agenesia lombosagrada. Acta Med Port [serial on the Internet]. 2001[cited 2005 Nov 12]; 14(1): [about 3p.]. Avaliable from: http://www.ordemdosmedicos.pt/ie/ institucional/publicacoes/ACTA/101/b1.htm 18. Rusnak SL, Driscoll SG. Congenital spinal anomalies in infants of diabetic mothers. Pediatrics. 1965; 35:989-95. 19. Subtil D, Cosson M, Houfflin V, Vaast P, Valat A, Puech F. Early detection of caudal regression syndrome: specific interest and findings in three cases. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol. 1998; 80(1):109-12. 20. Elting JJ, Allen JC. Management of the young child with bilateral anomalous functionless lower extremities. J Bone Joint Surg Am. 1972; 54(7):1523-30. 21. Faciszewski T, Winter RB, Lonstein JE, Sane S, Erickson D. Segmental spinal dysgenesis. A disorder different from spinal agenesis. J Bone Joint Surg Am. 1995; 77(4): 530-7. 22. Scott RM, Wolpert SM, Bartoshesky LE, Zimbler S, Karlin L. Segmental spinal dysgenesis. Neurosurgery. 1988; 22(4):739-44. 23. Hughes LO, McCarthy RE, Glasier CM. Segmental spinal dysgenesis: a report of three cases. J Pediatr Orthop. 1998; 18(2):227-32. 24. Rieger MA, Hall JE, Dalury DF. Spinal fusion in a patient with lumbosacral agenesis. Spine. 1990; 15(12):1382-4. Review. Correspondência Helton LA Defino Depto. Biomecânica, Medicina e Reabilitação do Aparelho Locomotor Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP Av. Bandeirantes, 3.900 Campus Universitário, Monte Alegre, Ribeirão Preto, SP 14.048-900 Tel: 55 16 3602-2513 E-mail: [email protected] COLUNA/COLUMNA. 2006;5(3):140-147 COLUNA/COLUMNA. 2006;5(1):13-18