Farmacologia dos AINEs

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Universidade Federal Fluminense
Departamento de Fisiologia e Farmacologia
Disciplina de farmacologia
Analgésicos, Antipiréticos e
Antiinflamatórios Não Esteroidais
(AINEs)
Profa. Elisabeth Maróstica
INTRODUÇÃO
9 DOR é sintoma comum de muitos quadros clínicos e razão
freqüente da procura de auxílio médico
9 1/3 da população experimenta dor que requer atenção médica
e determina incapacitação total ou parcial.
9 Sucesso da terapêutica → importante valorizar a dor referida pelo paciente
Conceito da dor: “Experiência sensorial e emocional desagradável,
relacionada com lesão tecidual real ou potencial, ou descrita em termo
deste tipo de dano.” (International Association for the Study of Pain)
→ Nocicepção:
ão refere-se a atividade do sistema nervoso aferente induzida por
estímulos nocivos, tanto exógenos (mecânico, físico, químico, biológicos)
quanto endógenos (inflamação, isquemia, ↑ peristaltismo).
→ A percepção da dor é variável e influenciada por vários fatores
Critérios de Classificação da DOR
Temporal
Aguda: Inflamação (c/s infecção), espástica, isquêmica
Crônica: etiologia (-) conhecida (> dor/depressão)
Orgânica: causa conhecida, bem descrita
Fisiopatológico Psicogênica: sem causa conhecida, pouco definida,
não responde à analgésicos convencionais
Topográfico
Intensidade
Localizada e generalizada
Tegumentar (pele, ossos, músculos) e visceral
Leve: preferencialmente AINEs
Moderada (ou leve não responsiva): AINEs + Opióides
Intensa (ou moderada não responsiva): Opiódes
→ Dor neuropática: dor intensa por lesões do SNC ou periférico, assoc. disestesias
Antiinflamatórios não-esteroidais (AINEs)
9 Existem mais de 50 AINEs diferentes
no mercado
9 Estão entre os agentes terapêuticos mais
utilizados no mundo inteiro
9 Ações farmacológicas:
• antiinflamatórios
• analgésicos
• antipiréticos
DOR
• Mecanismo da Dor:
Dor
- Nociceptores Polimodais (NPM) → estímulos mecânico, térmico, químico
- Lesão tecidual → ↑ Prostaglandinas → sensibilização dos NPM (hiperalgesia )
- Bradicinina, Histamina + NPM → ∑ fibras aferentes → SNC
Fibras Nociceptivas → Camadas superficiais do corno dorsal → Tálamo
Mecanismo da Dor
s
e
Teoria do
Sistema de
Comporta
da Dor
REAÇÃO INFLAMATÓRIA
- Resposta Inata não adaptativa
- Resposta Imunológica Específica (adaptativa): Celular e Humoral
AINEs
SÍNTESE DE EICOSANÓIDES
Fosfolipídios
AINES
Fosfolipase A2
Ácido Araquidônico
Lipooxigenase
12-HETE, 15-HETE, LTA4
LTB4
Quimiotaxia
PMN
LTC4, LTD4, LTE4
Broncoconstrição
Ciclooxigenases
(COX-1 e COX-2)
PGH2/PGG2
PGE2
PGI2
PGF2α
Vasodilatação Vasodilatação Contração
Hiperalgesia Hiperalgesia musc lisa
Inibe agr plaq uterina
Febre
TXA2
Vasoconstrição
Agreg plaq
Enzimas Específicas em Determinados Órgãos ou Tecidos
PROSTAGLANDINA H2
PGE isomerase
útero
FOSFOLIPÍDEOS
PGE2
macrófago
PGF sintetase
end
oté
lio
PGF2
PGI sintetase
pla
qu
eta
s
PGI2
Tromboxano
sintetase
TXA2
ÁC. ARAQUIDÔNICO
FOSFOLIPASES
Ação dos Prostanóides:
PGE2:
Receptores EP1: contração do músculo liso brônquico e
gastrintestinal
Receptores EP2: broncodilatação, vasodilatação, estimulação da
secreção de líquido intestinal e relaxamento do músculo liso
gastrintestinal
Receptores EP3: inibição da secreção gástrica e ↑ de muco e
NaHCO3, contração do músculo liso intestinal, inibição da
lipólise, inibição da liberação de neurotransmissores autonômicos
e estimulação da contração do útero grávido humano.
PGI2:
Inibição da agregação plaquetária
Vasodilatação
Liberação de renina
Natriurese através de efeitos sobre a reabsorção tubular de Na+
Ação dos Prostanóides:
TXA2:
Vasoconstrição
Agregação plaquetária
Broncoconstrição
PGF2α:
Contração do miométrio nos seres humanos
Luteólise (bovinos)
Broncoconstrição (gatos e cães)
PGD2:
Vasodilatação
Inibição da agregação plaquetária
Relaxamento uterino
Relaxamento do músculo gastrointestinal
Modificação da liberação nos hormônios hipotalâmicos/hipofisários
Efeito Antipirético dos AINEs
Hipotálamo: Controle da temperatura corporal
→ equilíbrio entre perda e produção de calor
Reação
inflamatória
Macrófagos
AINES
IL-1
PGE2
Hipotálamo
↑ set-point da toC
9 Aspirina, Paracetamol (Acetominofeno) e Dipirona (Metamizol)
Efeito Analgésico
Lesão
tecidual,
Inflamação
PGE2 e PGI2
Sensibilização
dos nociceptores
AINES
9 Em artrite, bursite, dor de dente, dismenorréia
9 Em combinação com opióides → ↓ dor pós-operatória
9 Alívio de cefaléia → ↓ efeito vasodilatador das PGs sobre
vasos cerebrais
Efeito Antiinflamatório
9 Redução dos produtos da ação da ciclooxigenase
que atuam sobre componentes da resposta
inflamatória e imune:
• Vasodilatação
• Edema
• Dor
Ciclooxigenases
•
•
•
COX-1
– Constitutiva
– TGI, rins e plaquetas (função homeostática)
– Outras funções
• Agregação plaquetária
• Diferenciação de macrófagos
COX-2
– Induzida em céls inflamatórias qdo ativadas por IL-1 e TNF-α
– Presente no cérebro, rins e endotélio (shear stress)
– Importância renal
– Desenvolvimento de neoplasias (↑ expressão em câncer de
mama e de colo)
COX-3 (?)
– Splicing alternativo de COX1
– variante presente no SNC
Mecanismo de ação
AINEs
Inibição da COX-1
Inibição da COX-2
Efeitos colaterais
TGI, Rins
Efeitos antiinflamatórios
Fármacos seletivos para a COX-2
Mecanismo de ação
Comparação da seletividade dos agentes antiinflamatórios
não-esteroidais para isoenzimas da ciclooxigenase
2
Analgésicos e Antiinflamatórios Não-esteroidais
Fármaco
Aspirina
Ibuprofeno
t 1/ 2
Comentários
3-5 h
Um dos fármacos mais comumente consumido no mundo
inteiro, sendo também utilizado em condições não-inflamatórias
2h
Fármaco de 1a. escolha, menor incidência de efeitos adversos
Naproxeno é semelhante, mais potente, mais efeitos no TGI
Paracetamol
2-4 h
Não é antiinflamatório; ingestão regular de altas doses pode
causar lesão renal e hepatotoxicidade
Diclofenaco
1-2 h
Potência moderada; risco moderado dos efeitos adversos do TGI
2h
Potente inibidor da COX in vitro; efeitos colaterais não-TGI
(cefaléia, tonteira); 1a. escolha espondilite anquilosante
Indometacina
Nimesulida
Meloxicam
Celecoxib
Etoricoxib
Lumiracoxib
2-4 h
Ef. sobre leucócitos, PMN e metaloproteinases de condrócitos;
Ind. hipersensibilidade ao ASS ou outros AINES (+ COX2)
20 h
Menos efeitos no TGI; mais seletivo COX 2
Piroxam e semelhante, de ação curta, menos seletivo
11 h
Toxicidade TGI acentuadamente menor, Inibidores da COX-2
efeitos cardiovasculares
24h
12-24h
Toxicidade TGI acentuadamente menor, Inibidores da COX-2
mais seletivos e mais efeitos cardiovasculares
Efeitos Colaterais
9 Distúrbios gastrointestinais
•
PGE2 Æ estimula produção de muco e bicarbonato e modula secreção de HCl.
•
Perda da ação protetora sobre a mucosa e deixa de inibir a secreção ácida
•
Dispepsia, diarréia (ou constipação), náuseas, vômito, sangramento
gástrico e ulceração
9 Reações cutâneas
•
Erupções leves, urticária, fotossensibilidade (ác. Mefenâmico, sulindaco)
9 Efeitos renais adversos
•
PGE2, PGI2 Æ envolvidos na manutenção da hemodinâmica renal
•
Nefropatia por analgésicos: nefrite crônica e necrose papilar renal
(⇑ doses por longo período Fenacetina) – retirada do mercado
9 Distúrbios hepáticos e depressão da medula óssea
9 Broncoespasmos em indivíduos asmáticos
9 Efeitos cardiovasculares - mais com inibidores de COX2
AÇÃO FISIOLÓGICA DOS PROSTANÓIDES
SOBRE A SECREÇÃO GÁSTRICA
M
COX1
AINES
Risco de complicações gastroinstestinais com vários AINEs
em comparação com o risco associado ao ibuprofeno
(risco relativo =1)
AGREGAÇÃO PLAQUETÁRIA
PGI2 x TXA2
COX2
COX2
PGG2
Plaqueta
AA
COX1
PGG2
PGI2
TXA2
AA
AA
PGG2
AINEs
COX2
seletivo
ANTIAGREGANTE
e
VASODILATADOR
PGI2
endotélio
VASOCONSTRIÇÃO
AGREGANTE
VASO
Aspirina (Ácido Acetilsalicílico)
9 Inibidor irreversível da COX-1 e COX-2
9 Utilizado tb em distúrbios cardiovasculares por sua ação
anti-plaquetária (baixas doses)
9 Uso regular reduz o risco de câncer de colo e retal
(inibidores seletivos da COX-2 podem ser mais eficazes)
9 Evidências preliminares de que a aspirina reduz o risco
da doença de Alzheimer e tb retarda seu início
9 Diarréia induzida por radiação
Aspirina (Ácido Acetilsalicílico)
9 Efeitos colaterais
– Doses terapêuticas
• Sangramento gástrico mínimo
– Doses altas
• Salicismo (tonteira, zumbido e diminuição da audição)
• ↑ cons. O2, alcalose respiratória compensada ( ↑ exc. renal HCO3-)
– Doses tóxicas
• acidose metabólica (hiperpnéia, hiperpirexia, convulsão, coma)
– Relação com o desenvolvimento da Síndrome de Reye
• Crianças – distúrbio hepático e encefalopatia que pode surgir após
infecção viral aguda, com taxa de mortalidade de 20-40%
9 Interação medicamentosa
– Em combinação com o warfarin →↑do risco de sangramento
Paracetamol
9 Um dos agentes analgésicos e antipiréticos não-narcóticos
mais utilizado
9 Não tem ação antiinflamatória
9 Efeitos colaterais
– Dose terapêutica
• Raros efeitos colaterais (reações cutâneas alérgicas)
– Dose alta
• Ingestão regular por um longo período: ↑ risco de
lesão renal
– Dose tóxica
• 2 a 3 vezes a dose terapêutica máxima
• Hepatotoxicidade grave e potencialmente fatal,
pondendo ocorrer também toxicidade renal
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