Tecnologia Safetac Prevenção e Tratamento de RADIODERMATITES Enfermeira Kátia Trigo História da Radiação Os primeiros relatos sobre lesões radioinduzidas surgiram no século XIX, com descoberta do Raio-X e da Radioatividade. Henri Becquerel, após descobrir a radioatividade, usou uma amostra de material radioativo no bolso do colete durante semanas, apresentando lesão eritematosa e de difícil cicatrização. Este, portanto, foi o primeiro caso de Radiodermatite diagnosticado. Desde então, a busca por avanços tecnológicos e melhor entendimento da utilização da radiação, passaram a ser estuados e descritos. Definição de Radiodermatite Radiodermatite são: Lesões na pele semelhantes a uma queimadura. Aparecem por volta da segunda semana de tratamento após exposição à radiação. Podem ser agudas ou tardias. Definição de Radiodermatite Agudas Tardias • Aparecem durante ou até 1 ano após o término do tratamento • Aparecem após um ano do término do tratamento Definição de Radiodermatite Radiodermatite provoca: Hipersensibilidade local, prurido. Dor por exposição das terminações nervosas. Perda da barreira protetora e processo inflamatório. Desenvolvimento da Radiodermatite Severidade das reações de relacionados a RADIAÇÃO: Dose total Fracionamento Energia Volume do tecido irradiado Técnica de tratamento pele atribuída a fatores Desenvolvimento da Radiodermatite Severidade das reações de pele atribuída a fatores relacionados ao PACIENTE: Idade Fumo e etilismo Doenças crônicas Condições da pele Tratamentos concomitantes. Tipo de pele Radiossensibilidade Fisiopatologia da Radiodermatite A Radioterapia inibe a divisão celular e a produção de células. Na fase aguda, a inibição da mitose ocorre em 1 hora após uma pequena dose de 5 cGy. Após duas semana de tratamento é possível observar: Dilatação capilar e aumento da permeabilidade; Perda da camada basal da epiderme; Exposição da derme causando processo inflamatório e; Em alguns casos edema ulceração e necrose. Fisiopatologia da Radiodermatite 1º semana Inibição da mitose e eritema leve 2º semana Dilatação capilar e aumento do eritema Após 3º semana Perda da camada basal da epiderme e processo inflamatório estabelecido Classificação das Radiodermatites Cerca de 95% dos pacientes em tratamento de Radioterapia desenvolvem alguma forma de reação na pele. Em 1982 o grupo de radioterapia em oncologia Radiation Therapy Oncology Group (RTOG) criou critérios para classificar os efeitos da Radioterapia. Desta forma, as Radiodermatites são classificadas de 0 à 4 conforme a intensidade da lesão. RTOG – 0 e 1 RTOG 0 Sem Sintomas RTOG 1 Eritema folicular fraco, epilação, descamação seca. RTOG 2 Eritema folicular brando, descamação úmida. RTOG 3 Descamação úmida confluente, dobras da pele ou edema em “casca de laranja” RTOG 4 Ulceração, hemorragia e necrose Prevenção das Radiodermatites Estudos têm sido realizados para avaliar a capacidade dos produtos em diminuir a incidência ou gravidade das lesões, porém ainda não existe um padrão ouro para realização da prevenção. Portanto, recomenda-se utilizar produtos que promovam a hidratação da pele, mantenham a elasticidade, diminuam o prurido, o eritema e descamação e que permitam a troca de calor ou mantenham o microclima da área. Prevenção das Radiodermatites A atuação do Enfermeiro na avaliação e tratamento das reações de pele é fundamental. Na consulta de Enfermagem é preciso: Orientar o paciente quanto aos cuidados com a área irradiada, durante o tratamento, visando o autocuidado. Realizar avaliações durante e após o término do tratamento, para a elaboração de um plano de cuidados eficaz. . Protocolo AC Camargo Câncer Center Prevenção das Radiodermatites Hidratação com creme à base de Aloe Vera Não utilizamos compressas com chá de camomila, embora acredite-se que o óleo de camomila tenha propriedade antiinflamatória, entretanto seu mecanismo de ação e veracidade ainda são discutidos. Protocolo de Tratamento RTOG 1 Hidratação com gel hidratante de Aloe Vera. Compressa de espuma absorvente com camada de silicone suave Safetac® e filme de proteção impermeável. Protocolo de Tratamento RTOG 2 Compressa de espuma absorvente, camada de silicone suave Safetac® e filme de proteção impermeável Sulfadiazina de Prata 1% + Nitrato de Cério 0,4% Protocolo de Tratamento RTOG 3 Curativo de Transferência com espuma absorvente, camada de silicone suave Safetac® e filme de proteção impermeável Sulfadiazina de Prata 1% + Nitrato de Cério 0,4%; Protocolo de Tratamento RTOG 4 Curativo de Transferência com espuma absorvente, camada de silicone suave Safetac® e filme de proteção impermeável Sulfadiazina de Prata 1% + Nitrato de Cério 0,4%; Interrupção do tratamento em todos os casos. Casos Clínicos Caso Radiodermatite G1 segundo RTOG Paciente com 82 anos teve câncer de próstata tratado há 10 anos com diagnóstico de câncer de nádega e linfonodo inguinal. Realizou radioterapia do tipo IMRT 50Gy em região inguinal Ilíaca. Casos Clínicos Caso Radiodermatite G2 segundo RTOG Paciente 37 anos, com diagnóstico de câncer de mama, T2, N1, M0, realizou quimioterapia neoadjuvante, radioterapia 3D 45Gys em mama. Apresentou Radiodermatite G2 em axila. Casos Clínicos Caso Radiodermatite G3 segundo RTOG Paciente com 45 anos, com diagnóstico de câncer de mama T1, N2, M0. Realizou cirurgia conservadora e radioterapia do tipo 2D com dose de 40Gy em mama e FSC. Casos Clínicos Caso Radiodermatite G3 segundo RTOG Paciente com 54 anos diagnosticada com câncer de mama T4, N3, M0, realizou tratamento com quimioterapia neoadjuvante, mastectomia radical em 14/11 e Radioterapia do tipo 3D em parede costal D e FSC, utilizou bólus de 0,5 cm diário. Melhoria do Processo Com a mudança do protocolo e a utilização de novos produtos conseguimos diminuir: O tempo de trabalho da enfermagem. A dor e o trauma do paciente durante as trocas dos curativos, devido a aderência das placas. O uso de opióides, passando ao uso de analgésicos simples. O número de Radiodermatites G3 e G4 segundo RTOG. As interrupções durante o tratamento. Melhoria do Processo Para nós, a maior conquista com a melhoria do processo é proporcionar conforto e qualidade de vida ao pacientes. Referências Bibliograficas Manual de Condutas Diagnósticas e Terapeuticas em Oncologia; Kowalski, L.P.; Anelli, A.; Salvajoli, J. V.; Lopes, L. F.; São Paulo; Âmbito Editores, 2ª ed.; Radio-oncologia, p. 92-98. Radioterapia em Oncologia; Salvajoli, J. V.; Souhami, L.; Faria, S. L,; Rio de Janeiro; Editora Médica e Científica Ltda.; 1ª ed.; Princípios de Enfermagem em Radioterapia; Cap. 12. Rotinas e Condutas em Radioterapia; Pellizzon, A. C. A.; Salvajoli, J. V.; Castro, D.G.; São Paulo; Editora Lemar; 3ª ed. CTC – Common Toxicity Criteria of the National Cancer Institute; Revista Brasileira de Cancerologia , 2002, 48(1), p.63-69. POROCK, D. Factores influencing the severity of radiation skin and oral mucosal reactions. Development of a conceptual framework. Eur. Canal Care; 11(1);p33-34; 2002 COX, J. D., STEUTZ, J., PAJAK, T. F. Toxicity criteria of radiation therapy oncology group (RTOG) and european organization for research and treatment of cancer (EORTC), Int J. Radiat. Oncol. Biol. Phys, 31 (5): 134-6, 1995. Obrigada! Departamento de Radioterapia Enf. Katia Trigo – Coordenadora de Enfermagem Telefone: (11) 2189-5000 Ramal 2267 ou 5104 [email protected]