DESAFIOS DA LÍNGUA PORTUGUESA PROF. JOSÉ ALMIR FONTELLA DORNELLES MÚLTIPLA ESCOLHA A partir deste, teremos DESAFIOS do tipo múltipla escolha, em que haverá sempre uma única opção certa ou errada para ser assinalada. Depois de escolher a resposta, leia com atenção os comentários para que você possa fazer uma boa revisão. 1º DESAFIO Sobre a conjugação de verbos irregulares. a) “Quando a crise parecia contornada, sobrevieram novas agitações”. (pretérito perfeito do indicativo) b) “As colônias americanas, no período colonial, proviram a Europa de açúcar”. (pretérito perfeito do indicativo) c) “O vendedor se desaveio no preço com o comprador”.(pretérito perfeito do indicativo) d) “Nós, incautos, supúnhamos verídico o que não passava de grosseiro boato“.(pretérito imperfeito do indicativo) RESPOSTA ( b ) & COMENTÁRIOS a) Certo. Sobrevir (sobre + vir). O verbo vir e todos seus derivados (advir, convir, avir-se, desavir-se, intervir, provir, sobrevir) têm a mesma conjugação. Pret. perf. indic.: sobrevim, sobrevieste, sobreveio, sobreviemos, sobreviestes, sobrevieram . b) Errado. Prover (fornecer, abastecer, munir). Todos os derivados do verbo ver (antever, entrever, prever, rever) seguem-lhe a conjugação; no entanto, prover e desprover no pret. perf. e m.-q.-perf. indic., imperf. subj. e particípio não seguem a conjugação do verbo ver, e sim a de vender. Daí o pret. perf. indic. de prover: (vendi) provi, (vendeste) proveste, (vendeu) proveu, (vendemos) provemos, (vendestes) provestes, (venderam) proveram. O certo é “... proveram a Europa de açúcar”. c) Certo. Desavir-se (discordar) é derivado do verbo vir, daí o pret. perf. indic.: (me) desavim, (te) desavieste, (se) desaveio, (nos) desaviemos, (vos) desaviestes, (se) desavieram. d) Certo. Os derivados do verbo pôr (antepor, apor, compor, contrapor, depor, dispor, expor, impor, propor, repor, supor etc.) têm a mesma conjugação. Imperf. indic.: supunha, supunhas, supunha, supúnhamos, supúnheis, supunham. 2º DESAFIO Sobre a conjugação de verbos irregulares. a) “Subscrições populares remediam a carência de recursos no tesouro público". (presente do indicativo) b) "Quando um ônibus freiou bruscamente e o chofer mastigou um nome feio". (pretérito perfeito do indicativo) c) "Mobilie seu apartamento e pague em suaves prestações". (presente do subjuntivo) d) "Grande altercação. Intervim, intervieram os vizinhos, e tudo acabou em paz". (pretérito perfeito do indicativo) RESPOSTA ( d ) & COMENTÁRIOS a) Errado. Mediar, remediar, ansiar, incendiar e odiar são verbos irregulares no pres. indic. (remedeio), no pres. subj. (remedeie) e nos imperativos (remedeia tu..., não remedeies tu...), pois nesses tempos recebem em seus radicais o acréscimo de e nas formas rizotônicas, daí o pres. indic.: remedeio, remedeias, remedeia (formas rizotônicas), remediamos, remediais (formas arrizotônicas), remedeiam (forma rizotônica). – Obs.: forma rizotônica: vogal tônica no radical (remede/io); arrizotônica: vogal tônica fora do radical (remed/iamos). Portanto, a forma correta é “Subscrições populares remedeiam a carência...”. b) Errado. Os verbos terminados em ear (frear, passear, pentear, chatear, etc.) recebem acréscimo de i em seus radicais apenas no pres. indic. (freio, freias, freia, freamos, freais, freiam), no pres. subj. (freie, freies, freie, freemos, freeis, freiem) e, consequentemente, imperativos (freia tu..., não freies tu...). Daí o pret. perf. indic. sem "i" no radical: freei, freaste, freou, freamos, freastes, frearam. Então, a forma correta é "Quando um ônibus freou bruscamente...". c) Errado. O verbo mobiliar, excepcionalmente, tem o acento tônico na sílaba bi nas formas rizotônicas do pres. indic. (mobílio, mobílias, mobília, mobiliamos, mobiliais, mobíliam), e do pres. subj. (mobílie, mobílies, mobílie, mobiliemos, mobilieis, mobíliem). Portanto, o certo é "Mobílie seu apartamento...". d) Certo. Intervir e todos os derivados do verbo vir (advir, convir, avir-se, desavir-se, provir, sobrevir, etc) têm a mesma conjugação. Daí, o pret. perf. indic.: intervim, intervieste, interveio, interviemos, interviestes, intervieram. Portanto, está correto: "Grande altercação. Intervim, intervieram os vizinhos...". 3º DESAFIO Sobre a conjugação de verbos irregulares. a) "A oposição não pode acusar-me: não apaniguo e não faço uso das mordomias do poder". (presente do indicativo) b) "Temos a esperança de que o orvalho ainda ágüe a relva nestas noites de estio". (presente do subjuntivo) c) "Nesta lide, averigua-se o mérito, desde que algum prócer requeira". (presente do subjuntivo) d) "Os imigrantes teriam tantas sesmarias quantas requisessem e pudessem cultivá-las". (imperfeito do subjuntivo) RESPOSTA ( d ) & COMENTÁRIOS a) Certo. Com apaniguar, averiguar, apaziguar e obliquar, o u é a vogal tônica nas formas rizotônicas do pres. indic.: (apaniguo, apaniguas, apanigua, apaniguamos, apaniguais, apaniguam) e do pres. subj.: (apanigúe, apanigúes, apanigúe, apanigüemos, apanigüeis, apanigúem). b) Certo. Aguar, desaguar, enxaguar e minguar não têm o u como vogal tônica e, sim, a vogal anterior, nas formas rizotônicas do pres. indic. (águo, águas, água, aguamos, aguais, águam) e do pres. subj. (ágüe, ágües, ágüe, agüemos, agüeis, ágüem). c) Certo. O verbo requerer só não é conjugado igual ao verbo querer na 1ª pes. sing. do pres. indic. (requeiro), no pret. perf. indic. e tempos derivados (rever o 5ọ exercício). Portanto, o pres. subj. é requeira, requeiras, requeira, requeiramos, requeirais, requeiram. d) Errado. Como já se comentou no item anterior, o verbo requerer no pret. perf. indic. e tempos derivados é conjugado como verbo regular, isto é, segue a conjugação de vender. Portanto, pret. perf. indic.: requeri, requereste, requereu, requeremos, requerestes, requereram; pret. m.–q.–perf. indic.: requerera, requereras, requerera, requerêramos, requerêreis, requereram; fut. subj.: requerer, requereres, requerer, requerermos, requererdes, requererem; imperf. subj.: requeresse, requeresses, requeresse, requerêssemos, requerêsseis, requeressem. Assim, a forma correta é "Os imigrantes teriam tantas sesmarias quantas requeressem e pudessem cultivá-las". 4º DESAFIO Sobre a conjugação de verbos irregulares. a) "À noite, ela frita um ovo para a marmita do marido.” Substituindo fritar por frigir, obtém-se: "Á noite, ela frige um ovo para a marmita do marido”. b) "Rebato, veementemente, esses argumentos insidiosos.”Se em vez de rebater fosse usado repelir, seria certa a frase "Repilo, veementemente, esses argumentos insidiosos.”? c) "Nos dias de hoje, não mais se cosem roupas e meias". Substituindo coser por cerzir, obtém-se "Nos dias de hoje, não mais se cerzem roupas e meias". d) "No fim da semana, eles lustram os carros com esmero". Se em vez de lustrar fosse usado polir, seria correta a frase "No fim da semana, eles polem os carros com esmero.”? RESPOSTA ( b ) & COMENTÁRIOS a) Errado. Frigir é verbo irregular: troca o i por e nas formas rizotônicas do pres. do indic.: frijo (g por j), freges, frege, frigimos, frigis, fregem; e do pres. subj.: frija, frijas, frija, frijamos, frijais, frijam. – Obs.: O pres. subj. é todo grafado com j, haja vista derivar-se da 1ª pes. sing. do pres. indic. (ver 4ọ exercício, letra a). Portanto, o correto é "Á noite, ela frege um ovo...”. b) Certo. Repelir é verbo irregular: troca o e por i na 1ª pes. sing. do pres. indic.(repilo, repeles, repele, repelimos, repelis, repelem) e em todo o pres. subj. (repila, repilas, repila, repilamos, repilais, repilam).Tal qual repelir, conjugam-se aderir, a aferir, auferir, competir, consentir, convergir, ferir, deferir, desferir, diferir, discernir, divergir, expelir, gerir, impelir, inferir, inserir, investir, mentir, perseguir, preferir, preterir, refletir, repetir, revestir, sugerir, etc. – Obs.: Esses verbos não são defectivos. c) Errado. Cerzir é verbo irregular: troca o "e" por "i" nas formas rizotônicas do pres. indic. (cirzo, cirzes, cirze, cerzimos, cerzis, cirzem) e em todo o pres. subj. (cirza, cirzas, cirza, cirzamos, cirzais, cirzam). – Obs.: Tal qual cerzir conjugam-se agredir, regredir, progredir, transgredir, prevenir e denegrir. Portanto, o certo é "Nos dias de hoje, não mais se cirzem roupas e meias". d) Errado. Polir é irregular: troca o "o" por "u" nas formas rizotônicas do pres. indic. (pulo, pules, pule, polimos, polis, pulem) em todo o pres. subj. (pula, pulas, pula, pulamos, pulais, pulam). – Obs.: Tal qual polir conjugam-se despolir e sortir. 5º DESAFIO Sobre a conjugação de verbos defectivos. a) Em "Sou cauteloso, perscruto a marcha dos fatos, previno-me contra intrigas...", a substituição da forma assinalada por precavenho-me não traria erro sintático ou semântico. b) "Uma ova! quero que você estoure, dizia o farmacêutico, fazendo com a destra fechada um gesto indecoroso." Estaria correto o uso de exploda em lugar de estoure? c) "As primeiras palavras da carta foram-lhe congelando nos lábios o sorriso que os florava." Poder-se-ia substituir florar por florir nesse tempo verbal (imperfeito do indicativo)? d) "À atividade agrícola falta a regulamentação das horas de trabalho como a que vigora na indústria". Seria inadmissível a substituição de vigora por vige. RESPOSTA ( c ) & COMENTÁRIOS a) Errado. Precaver (-se) e reaver são verbos defectivos, no pres. indic. (só têm as formas arrizotônicas): precavemos, precaveis / reavemos, reaveis. Em conseqüência, não há pres. subj. nem imper. negativo. As pessoas inexistentes devem ser supridas por verbos sinônimos ou, então, por locuções. Exemplo: Em lugar de “precavenho-me”(forma inexistente), usa-se previno-me ou fico precavido...– Obs.: Nos demais tempos, precacer conjuga-se como vender e reaver, como vender. Portanto, há erro sintático haja vista a defectividade do verbo. b) Errado. Explodir é verbo defectivo, só pode ser conjugado nas formas em que aparecerem e ou i depois do radical: explode, explodiu, explodem, explodirá, etc. – Obs.: Tal qual explodir conjugam-se abolir, aturdir, banir, brandir, carpir, colorir, demolir, delinqüir, esculpir, extorquir, feder, fulgir, impingir, puir, ruir, retorquir, soer... Portanto, a forma “exploda” não existe. c) Certo. Florir é verbo defectivo que só pode ser conjugado nas formas em que aparecer i depois do radical: floriu, florirá, floriram, floria, etc. – Obs.: Tal qual florir conjugam-se adir, foragir, empedernir, esbaforir, falir, transir, remir, ressarcir... Portanto, seria correta a substituição " ...o sorriso que os floria". d) Errado. 1ọ) Porque vigorar e viger são sinônimos; 2ọ) porque o verbo viger (verbo defectivo) só não admite, a rigor, a ou o depois do radical. Portanto, é correto: “... das horas de trabalho como a que vige na indústria". 6º DESAFIO Sobre as vozes verbais. a) "As gaivotas faziam grandes giros no ar." É certo afirmar-se que essa oração está na voz ativa e que "Grandes giros eram feitos pelas gaivotas no ar" é a voz passiva analítica. b) "A soldadesca indisciplinada ia invadindo a cantina para a pilhagem.” Na voz passiva analítica, a locução verbal transforma-se em ia sendo invadida. c) "O túmulo singelo fora coberto por saudades roxas e perpétuas.” Essa oração, na voz ativa, passa a ser: "Cobriram o túmulo singelo com saudades roxas e perpétuas”. d) "Ofereceu-se a anistia; mas, jamais, o perdão.” Seria correto afirmar-se que essa oração está na voz passiva e que "A anistia foi oferecida; mas, jamais, o perdão" é a voz ativa. RESPOSTA ( c ) & COMENTÁRIOS a) Certo. 1ọ) Porque quando o sujeito pratica a ação (sujeito agente) tem-se a voz ativa. 2ọ) Porque a passagem para a voz passiva analítica é feita da seguinte forma: Voz ativa: As gaivotas (sujeito) faziam (v.t.d.) grandes giros (obj. direto) no ar. Voz passiva analítica: Grandes giros (sujeito) eram feitos (ser + particípio) pelas gaivotas (ag. da passiva) no ar. – Obs.: O verbo ser fica na mesma flexão do verbo da voz ativa (pret. imperf. indic.). b) Certo. A voz passiva das locuções verbais é feita com a inserção do verbo ser na forma nominal correspondente à do verbo principal da locução (v. aux. + v. ser + particípio). Portanto, "A cantina ia sendo invadida pela soldadesca indisciplinada ...” e) Errado. A passagem da voz passiva analítica para a voz ativa é feita assim: o ag. da passiva volta a ser sujeito; o sujeito, a obj. direto; retira-se o verbo ser; flexiona-se o verbo que está no participo no tempo em que estiva o verbo ser. Portanto, o correto é “Saudades roxas e perpétuas cobriram o singelo túmulo”. d) Errado. Trata-se, realmente, da voz passiva sintética (ou pronominal), construída com o pronome se (partícula apassivadora); entretanto, "A anistia foi oferecida; mas, jamais, o perdão" não é voz ativa e, sim, a voz passiva analítica (ser+ particípio). A passagem para a voz ativa é feita com a retirada do se e a flexão do verbo na 3ª pes. pl. (indeterminação do sujeito). A voz ativa correta é "Ofereceram a anistia; mas, jamais, o perdão".