Relatório de Inflação I Trimestre • 2015

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Relatório de Inflação I Trimestre • 2015
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2 Fachada do edifício da Delegação Regional - Huambo
•
Índice Geral
Sumário Executivo...............................................................................................................................................4
1. Economia Internacional.................................................................................................................................6
1.1. Crescimento Económico Mundial............................................................................................................6
1.2. Inflação e Mercados Monetários.............................................................................................................8
1.3. Mercado das Commodities....................................................................................................................10
1.4. Mercado Cambial Internacional............................................................................................................12
2. Economia Nacional......................................................................................................................................14
2.1. Comércio Externo e Reservas Internacionais......................................................................................14
2.2. Mercado Cambial Nacional....................................................................................................................15
2.3. Políticas Macroeconómicas....................................................................................................................16
2.3.1. Política e Situação Orçamental...........................................................................................................16
2.3.2. Política Monetária e Desenvolvimentos Monetários e Financeiros............................................21
Desenvolvimentos Monetários e Financeiros............................................................................................22
2.4. Actividade Económica Nacional............................................................................................................26
Indicadores da Actividade Económica.........................................................................................................26
Produto Interno Bruto.......................................................................................................................................27
3. Inflação...........................................................................................................................................................29
4. Previsão da Inflação para os Próximos Três Meses..............................................................................33
Anexo Estatístico..............................................................................................................................................37
Anexo 1 – Contas Externas............................................................................................................................37
Anexo 2 – Contas Monetárias.......................................................................................................................39
Índice de Tabelas
Tabela 1 – Principais Projecções Económicas do FMI (em %)...................................................................7
Tabela 2 - Oferta e Procura Global de Petróleo (em Milhões de barris/dia)..........................................11
Tabela 3 – Situação Orçamental no I Trimestre de 2015 (Valores Acumulados).................................17
Tabela 4 - Principais Indicadores da Situação Monetária (em t.v.h.)......................................................23
Tabela 5 - Agregados Monetários (em t.v.h.)..............................................................................................24
Tabela 6 - Taxas de Crescimento do PIB Real por Sectores de Actividade (em %).............................28
Índice de Gráficos
Gráfico 1 - Índice de Preços no Consumidor dos Principais Parceiros Comerciais de Angola..............9
Gráfico 2 - Taxas de Juro de Referência nas Principais Economias Avançadas..................................10
Gráfico 3 - Saldo da Conta de Bens..............................................................................................................14
Gráfico 4 - Saldo Global e Primário Não Petrolífero (em % do PIB)........................................................18
Gráfico 5 – Receitas Correntes (em % do PIB)...........................................................................................20
Gráfico 6 - Distribuição por Sectores de Actividade (em % do Crédito Total)......................................23
Gráfico 7 - Contributos das Classes na Inflação Homóloga (em p.p.)....................................................31
Gráfico 8 - Variação de Preços por Província...............................................................................................32
Índice de Painéis
Painel 1 - Preços de Referência das Commodities....................................................................................11
Painel 2 -Variações Cambiais Internacionais..............................................................................................12
Painel 3 - Reservas Internacionais e Rácio de Cobertura das Importações..........................................15
Painel 4 - Taxas de Câmbio KZ/USD nos Mercados Cambiais...............................................................16
Painel 5 – Despesas do Exercício (em % do PIB).......................................................................................19
Painel 6 – Financiamento Líquido do Sector Público e Dívida Titulada (em % do PIB).......................21
Painel 7 - Taxas de Juro Directoras e Taxas do MMI................................................................................22
Painel 8 - Depósitos Totais e Créditos e Depósitos em ME.....................................................................25
Painel 9 – Taxas de Juro do Crédito Empresarial e a Particulares em MN (em f.d.p.)........................25
Painel 10 – Taxas de Juro dos Depósitos a Prazo em MN e ME (em f.d.p.).........................................26
Painel 11 - Indicadores de Clima Económico e de Confiança (s.r.e.).......................................................27
Painel 12 -Taxas de Crescimento Real do PIB e respectivos contributos dos Sectores de Actividade.29
Painel 13 - Índice de Preços no Consumidor (Taxas de Variação, em %)..............................................30
Painel 14 - Índice de Preços no Consumidor de Bens e Serviços (em t.v.h. e t.v.média).....................30
Painel 15 - Índice de Preços no Grossista (Taxas de Variação, em %)...................................................32
Painel 16 – Inflação e Indicadores seleccionados (t.v.h., em %).............................................................35
Painel 17 - Taxas de Inflação Trimestral e Homóloga para os próximos Três meses..........................36
Sumário Executivo
O Relatório de Inflação é uma publicação trimestral do Banco Nacional de Angola (BNA) que tem como principais
objectivos analisar os desenvolvimentos económicos e financeiros a nível internacional e as políticas macroeconómicas
nacionais, em particular, as políticas fiscal e monetária, e o seu impacto na evolução e perspectivas da inflação para
os próximos três meses. Este relatório pretende ser um meio de comunicação do BNA para a partilha de informação
económica e financeira mais recente sobre a economia nacional e internacional e destina-se aos agentes económicos,
instituições académicas e outros operadores da economia nacional.
O Relatório de Inflação aborda a evolução dos principais indicadores macroeconómicos da economia nacional e
internacional, que poderão ter influenciado a evolução da inflação no decorrer do I Trimestre de 2015, num momento
particularmente desafiante para a economia do país. Com efeito, a diminuição do preço do petróleo desde meados
do II Trimestre de 2014 e que se tem mantido até à actualidade trouxe à discussão a necessidade urgente de Angola
construir uma base de sustentação económica mais sólida e diversificada, de forma a mitigar o risco que a dependência
de um recurso natural não renovável pode trazer.
O ano de 2014 foi encerrado com as ramas angolanas a serem transaccionadas a 57 USD/Barril, o que representa
praticamente uma queda para metade do preço praticado no início desse ano. Esta queda materializou-se num preço
médio do barril de petróleo de 96,4 USD/Barril em 2014, o que contribuiu para o défice orçamental que se veio a
verificar.
Entretanto, no I Trimestre de 2015 o preço do barril de crude manteve-se baixo, devido, entre outros factores, ao
arrefecimento do ritmo de crescimento mundial e ao alívio das tensões geopolíticas, e ainda ao aumento da oferta por
parte de alguns países.
A manutenção desta situação fez com que houvesse a necessidade de rever o Orçamento de Estado para 2015. O
orçamento revisto trouxe alterações profundas na estratégia do Governo para este ano, nomeadamente a redução
drástica da despesa pública, tanto corrente como de investimento, este último, por via do Programa de Investimentos
Públicos, de forma a acomodar a diminuição significativa da receita fiscal, em particular, das receitas petrolíferas.
A redução das receitas do sector petrolífero e consequente redução da entrada de divisas no país tem trazido algumas
dificuldades no que respeita à obtenção das mesmas para garantir a importação de bens e serviços, o que tem sido um
factor que tem colocado alguma pressão a nível dos preços internos nos últimos dois trimestres, a par da desvalorização
cambial que se tem assistido desde o II semestre de 2014, devido ao desequilíbrio existente entre a procura e oferta
de divisas.
Ainda assim, e por intermédio dos esforços que têm sido feitos ao longo dos últimos anos, neste momento a economia
encontra-se melhor preparada para suportar um choque externo com esta amplitude, se compararmos com o que
ocorreu em 2009.
Do lado da economia real, espera-se que em 2015, a economia continue a crescer com o sector petrolífero a apresentar
o maior contributo para o crescimento do produto, seguido dos serviços mercantis e da construção.
Todos estes factores explicam de alguma forma a evolução da inflação neste I Trimestre. Assim, a taxa de inflação
trimestral apresenta um aumento, tendo-se situado nos 2,13% no I Trimestre de 2015 contra os 1,76% do trimestre
homólogo. Relativamente à taxa de inflação homóloga, esta também registou um aumento para os 7,87% em Março de
2015, comparado com os 7,32% do mesmo mês do ano anterior. Contudo, realça-se que, em termos médios dos últimos
doze meses, a inflação continua a apresentar um perfil descendente, efeito ainda da baixa dos preços internacionais
de bens alimentares e dos preços no produtor dos principais fornecedores do País.
O modelo de previsão da inflação para o próximo trimestre prevê uma taxa de inflação trimestral a situar-se num
intervalo entre os 3,96% e os 4,33%, com a previsão central em 4,15%, representando uma continuidade à tendência
crescente que tem vindo a ser verificada desde o início deste ano. Para a taxa de inflação homóloga, prevê-se igualmente
uma tendência crescente, podendo situar-se num intervalo entre 7,96% e 8,35%, cuja previsão central corresponde a
8,15%.
Contudo, existem alguns riscos associados às previsões da inflação, propensos a influenciar a volatilidade em torno
dos limites definidos. Destaca-se como principais riscos, as cargas pluviométricas perturbadoras, que poderão afectar
principalmente o sector agrícola, os factores estruturais relacionados com a cadeia de distribuição e importação de
alimentos e outros bens e a contínua depreciação da taxa de câmbio, resultante de uma maior necessidade de divisas
para liquidação das importações.
6
Relatório de Inflação I Trimestre • 2015
1. Economia Internacional
1.1. Crescimento Económico Mundial
Em Abril de 2015, o Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou novas projecções referentes ao crescimento da economia mundial
para 2015 e 2016, não apresentando diferenças significativas em relação às divulgadas no World Economic Outlook (WEO) de Janeiro
de 2015. Segundo o FMI, é expectável que as políticas e os programas de estímulo monetário se mantenham, perspectivando-se
o surgimento de sinais de melhoria na actividade económica mundial a partir do II Semestre de 2015 que conduzirá a uma taxa de
crescimento de 3,50% no ano em curso (+0,1 p.p. em relação ao ano de 2014), acelerando para 3,80% em 2016.
Segundo o mesmo organismo, as performances económicas dos países divergem cada vez mais, estando as economias
avançadas a realizar esforços para contrariar o ciclo económico ao apresentar dados animadores, enquanto as
economias emergentes e em desenvolvimento padecem com o arrefecimento do comércio mundial.
As economias avançadas estão a mostrar-se mais resilientes, assumindo um papel relevante no crescimento global
neste período considerado crítico. Assim, nas economias avançadas, prevê-se um crescimento de 2,40% em 2015 e
2016 (mais 0,6 p.p. relativamente a 2014), impulsionado pelos EUA e pela Zona Euro. Estas economias deverão crescer
3,14% e 1,50%, respectivamente, em 2015. Em 2016, espera-se que o crescimento venha a desacelerar ligeiramente
para 3,06% nos EUA (limitado pela queda das encomendas de bens duráveis) e a acelerar para 1,60% na Zona Euro,
impulsionado pelo aumento da actividade nos sectores da indústria e serviços. Relativamente ao Japão, espera-se uma
taxa de crescimento de 1,04% em 2015 e 1,17% em 2016 (depois da contracção de 0,06% em 2014) e no Reino Unido
prevê-se que o PIB cresça 2,72% em 2015 e 2,33% em 2016 (após uma expansão de 2,55% em 2014).
No Japão espera-se que o Banco Central adopte estímulos monetários mais agressivos em 2015 para reanimar o
crescimento económico e evitar a deflação. Por outro lado, no Reino Unido as perspectivas económicas são animadoras
face à queda do desemprego e ao crescimento dos salários, factores que contribuirão para a manutenção da confiança
do consumidor nos próximos meses, não obstante o aumento do défice fiscal.
Tabela 1 – Principais Projecções Económicas do FMI (em %)
Unidade: percentagem
FMI (Out’14)
FMI (Jan’15)
FMI (Abr’15)
Países/Região
2013
2014
2015
2013
2014
2015
2016
2013
2014
2015
2016
Economia Mundial
3,30
3,30
3,80
3,28
3,28
3,54
3,70
3,40
3,40
3,50
3,80
Economias Avançadas
1,40
1,80
2,30
1,35
1,80
2,40
2,40
1,40
1,80
2,40
2,40
EUA
2,20
2,20
3,10
2,22
2,40
3,60
3,30
2,22
2,39
3,14
3,06
Reino Unido
1,70
3,20
2,70
1,73
2,60
2,70
2,40
1,67
2,55
2,72
2,33
Zona Euro
-0,40
0,80
1,30
-0,49
0,84
1,20
1,40
-0,50
0,90
1,50
1,60
Japão
1,50
0,90
0,80
1,61
0,10
0,60
0,80
1,61
-0,06
1,04
1,17
Economias Emergentes e em Desenvolvimento
4,70
4,40
5,00
4,70
4,41
4,30
4,70
5,00
4,60
4,30
4,70
China
7,70
7,40
7,10
7,80
7,40
6,80
6,30
7,75
7,36
6,76
6,30
Índia
5,00
5,60
6,40
5,02
5,80
6,30
6,50
6,90
7,20
7,50
7,50
Brasil
2,50
0,30
1,40
2,50
0,10
0,30
1,50
2,74
0,15
-1,03
0,98
Rússia
1,30
0,20
0,50
1,30
0,60
-3,00
-1,00
1,30
0,62
-3,83
-1,10
África do Sul
1,90
1,40
2,30
2,20
1,40
2,10
2,50
2,21
1,53
2,00
2,10
Nigéria
5,40
7,00
7,30
5,40
6,10
4,80
5,20
5,40
6,30
4,80
5,00
SADC*
3,80
3,20
4,10
…
…
…
…
…
…
…
…
Fonte: World Economic Outlook, FMI, Abril de 2015
*SADC Macroeconomic Information, Junho de 2014
7
Para as economias emergentes, espera-se que o crescimento económico seja de 4,30% em 2015 (contra os 4,60% em
2014) e de 4,70% em 2016, determinado pela China e Índia, que deverão apresentar em 2015 taxas de crescimento
de 6,76% (7,40% em 2014) e 7,50% (7,20% em 2014), respectivamente. Para 2016, a China deverá apresentar uma
desaceleração para 6,30% e a Índia deverá manter-se nos 7,50%.
Na China, em particular, o crescimento económico continua abaixo da meta do Governo, pelo que foram aprovadas medidas
de forma a redinamizar a economia, nomeadamente a redução dos impostos às PME e a aceleração das despesas públicas
em infraestruturas. Contudo, espera-se que a trajectória de desaceleração da economia venha a manter-se nos próximos anos.
A Rússia e o Brasil deverão registar em 2015 contracções de 3,83% e 1,03%, respectivamente e, em 2016 uma melhoria,
com o Brasil a registar um crescimento de 0,98% e a Rússia novamente uma contracção, mas desta vez em menor escala, de
1,10%. O ténue crescimento da economia brasileira resulta essencialmente da fraca confiança dos empresários e do conjunto
de reformas que irão ser instauradas para conter o défice orçamental, reduzir a inflação e melhorar a competitividade do país,
que poderão afectar o consumo a curto prazo. Os resultados continuam a evidenciar as fragilidades desta economia e as
perspectivas são pouco optimistas, embora positivas. Na Rússia, o Governo alocou 2,3 Mil Milhões de Rublos (USD 37,51 Mil
Milhões) para estabelecer um plano anti-crise de forma a reverter o quadro de contracção económica.
Por sua vez, as economias da região da África Subsariana continuam a ressentir-se dos efeitos negativos dos baixos
preços das commodities, sem mostrarem sinais de reversão do quadro económico. O PIB da maior parte das economias
da região está em desaceleração, prevendo-se um crescimento económico de 4,5% em 2015 para a região (-0,5 p.p.
relativamente a 2014) e 5,1% em 2016. A desaceleração da actividade económica é reflexo da vulnerabilidade da
região, visto que o continente é exportador de petróleo e de outras commodities.
Para a região da SADC, a desaceleração dos preços das commodities pesa significativamente nas exportações,
pressionando as contas correntes e os saldos fiscais dos países, sobretudo naqueles em que os níveis de diversificação
são baixos, tais como Angola, RDC e Moçambique. Contudo, países importadores de petróleo, como a África do Sul,
Ilhas Maurícias e Zâmbia estão a beneficiar do baixo preço energético na desaceleração dos preços internos. Neste
contexto, para 2015, o FMI prevê um crescimento de 4,5% para Angola, 4,2% para o Botswana, 9,2% para o RDC, 4%
para o Lesoto, 5,5% para o Malawi, 3,5% para Seychelles e para as Maurícias, 6,5% para Moçambique, 5,6% para a
Namíbia, 2% para a Suazilândia, 7,2% para a Tanzânia, 6,7% para a Zâmbia e 2,8% para o Zimbabwe.
As perspectivas têm sido, em geral, revistas em baixa reflectindo uma trajectória menos favorável na África do Sul,
onde se espera um crescimento de 2,00% em 2015 (-0,10 p.p. em relação a 2014) e de 2,10% em 2016 (-0,4 p.p. em
relação a 2015). Na África do Sul o indicador de confiança empresarial tem estado a cair, devido à quebra de confiança
nos sectores da construção e da indústria transformadora, face ao anúncio da redução da produção de energia por
parte da produtora nacional de electricidade, a Eskom.
1.2. Inflação e Mercados Monetários
Relativamente à inflação, no I Trimestre de 2015 as economias avançadas registaram em geral valores reduzidos, com destaque
para o cenário de deflação nos EUA e na Zona Euro. Os EUA registaram em Março de 2015 uma taxa de inflação de -0,10%
(contra os 1,50% no período homólogo) e a Zona Euro uma taxa de -0,10% (contra os 0,50% no período homólogo). Nos EUA,
em particular, a baixa inflação reflecte os baixos preços da energia (combustível, electricidade e gás).
No Japão, a taxa de inflação aumentou em 0,7 p.p. para os 2,30%. Contudo, o Banco Central afirma que não existe uma pressão
altista sobre os preços devido à queda das cotações do petróleo no mercado internacional e à fraca procura interna e externa.
No Reino Unido, a inflação reduziu em Março para os 0% (1,6% no período homólogo) devido aos baixos custos do transporte,
alimentos e lazer que compensaram os aumentos dos preços verificados na educação, saúde, bebidas tabaco e restauração.
Por seu turno, nas economias emergentes, a inflação continuou a acelerar no Brasil, passando para os 8,13% em Março
de 2015 (contra os 6,15% no período homólogo do ano anterior) sobretudo devido à subida dos custos de energia,
8
Relatório de Inflação I Trimestre • 2015
depois de o governo ter aumentado os impostos sobre a mesma e, desacelerou na China para os 1,4% em Março de
2015 (2,40% no período homólogo) devido ao abrandamento nos custos dos bens não alimentares.
Impulsionada pela desvalorização do rublo e pelo aumento dos custos de importação, a inflação acelerou na Rússia
para os 16,9% em Março de 2015 (6,9% em Março de 2014). Já na Índia, a taxa de inflação desacelerou de 8,31% para
5,17%, impulsionada pelo abrandamento que se regista nos preços dos alimentos e bebidas.
Nas economias da SADC, a trajectória da inflação foi de desaceleração na maioria das economias, tendo desacelerado no
Botswana para os 2,80% (-1,6 p.p.), na RDC para os 1,46% (-0,4 p.p.), no Malawi para os 18,20% (-5,80 p.p.), nas Ilhas Maurícias
para os 2,20% (-2,30 p.p.), na Namíbia para os 3,40% (-1,90 p.p.), na Africa do Sul para os 4% (-2 p.p.) na Tanzânia para os 4,30%
(-1,8 p.p.), e na Zâmbia para os 7,20% (-0,54 p.p.). Contudo, registou-se uma aceleração nas Ilhas Seychelles para os 5,80% (+3,60
p.p.) e em Moçambique para os 3,11% (+0,11 p.p.). Em Angola, a taxa de inflação acelerou para os 7,87% (+ 0,55 p.p.).
Gráfico 1 - Índice de Preços no Consumidor dos Principais Parceiros Comerciais de Angola
9,0
Percentagens
7,0
5,0
3,0
Mar/15
Fev/15
Jan/15
Dez/14
Nov/14
Out/14
Set/14
Ago/14
Jul/14
Jun/14
Mai/14
Abr/14
Mar/14
Fev/14
-1,0
Jan/14
1,0
I Trimestre 2014 II Trimestre 2014 III Trimestre 2014 IV Trimestre 2014 I Trimestre 2015
EUA
Zona Euro
China
Brasil
África do Sul
Reino Unido
Japão
Fonte: FMI e Bloomberg
Relativamente aos mercados monetários internacionais, os bancos centrais dos EUA, Zona Euro, Reino Unido e Japão
decidiram nos primeiros três meses do ano manter as suas taxas directoras. Pode-se esperar o regresso de uma
política monetária tradicional por parte da Reserva Federal dos EUA (Fed), e, ao mesmo tempo, uma renovada política
monetária do Banco do Japão (BoJ) e do Banco Central Europeu (BCE). Este último anunciou o programa de compra de
títulos de dívida pública e privada, avaliada em EUR 61 mil milhões, prevista até ao fim de Setembro de 2016 ou até à
retoma da trajectória da inflação para o objectivo de 2%.
No Reino Unido, o Banco da Inglaterra decidiu manter a taxa básica de juros em 0,5% ao ano e o stock do programa
de compra de activos em 375 mil milhões de libras esterlinas, que deverá manter-se até ao primeiro aumento da taxa
de juro. Segundo a autoridade monetária, a trajectória dos juros dependerá da evolução da economia e a elevação das
taxas deve ser gradual.
O Banco Central do Japão admitiu a dificuldade em alcançar o objectivo de aceleração da inflação no país, não obstante
a implementação de um programa de estímulos iniciado pelo Governo em 2013 para encerrar um ciclo deflacionário de
20 anos. Contudo, a entidade decidiu manter o programa intacto e irá permitir uma expansão da base monetária em 80
triliões de ienes (US 666,3 mil milhões) ao ano através da compra de títulos estatais e activos de risco.
9
Gráfico 2 - Taxas de Juro de Referência nas Principais Economias Avançadas
Percentagem
0,75
0,50
0,25
01/01/14
15/01/14
29/01/14
12/02/14
26/02/14
12/03/14
26/03/14
09/04/14
23/04/14
07/05/14
21/05/14
04/06/14
18/06/14
02/07/14
16/07/14
30/07/14
13/08/14
27/08/14
10/09/14
24/09/14
08/10/14
22/10/14
05/11/14
19/11/14
03/12/14
17/12/14
31/12/14
14/01/15
28/01/15
11/02/15
25/02/15
11/03/15
25/03/15
0,00
I Trim 2014
II Trim 2014
EUA
III Trim 2014
Zona Euro
IV Trim 2014
Reino Unido
I Trim 2015
Japão
Fonte: Respectivos Bancos Centrais
Nos países que compõem os BRIC, os Bancos Centrais da China e da Índia reduziram as taxas de juro de referência em Março
de 2015 para os 5,35% e 7,75%, respectivamente, contra os 6,00% e 8,00%, enquanto os Bancos Centrais do Brasil e da Rússia
aumentaram as suas taxas de referência nos primeiros meses do ano para os 12,75% e 14%, respectivamente, contra os 10,75%
e 7,00% no período homólogo do ano anterior. Por fim, na região da SADC, em Março de 2015, os Bancos Centrais da região
mantiveram as suas taxas de juro de referência, com excepção de Angola que aumentou a Taxa BNA para os 9,25% (+0,25 p.p.).
1.3. Mercado das Commodities
Os preços das commodities, em geral, têm caído desde o final de 2014 devido, por um lado, ao facto de os níveis
da procura estarem abaixo dos níveis da oferta na maioria dos produtos e, por outro lado, ao alívio das tensões
geopolíticas (tendo o impacto do conflito no Iémen sido redundante) e à apreciação do Dólar no mercado internacional.
No mercado das commodities petrolíferas, a queda dos preços do petróleo foi impulsionado pelo aumento da oferta em
algumas regiões (mediterrâneo), enquanto a procura continuou limitada pela fraca actividade da economia mundial e
pela paragem das refinarias europeias, que estiveram em período de manutenção. Assim, segundo os dados da OPEP,
a procura global de petróleo no I Trimestre de 2015 foi de 91,4 Mb/d, tendo subido cerca de 1,2 Mb/d em relação ao
trimestre homólogo de 2014 (90,2Mb/d), com a procura por petróleo nos países da OCDE e fora da OCDE a subir cerca
de 0,2 Mb/d e 1 Mb/dia, respectivamente, fixando-se no I Trimestre de 2015 nos 45,9 Mb/d e nos 45,5 Mb/d.
Do lado da oferta, em termos homólogos, registou-se um aumento de 2,5 Mb/d no I Trimestre de 2015 para os 93,9
Mb/d em resultado, sobretudo, do aumento da oferta dos países fora da OPEP em 2 Mb/d para os 57,8 Mb/d, enquanto
nos países da OPEP o aumento foi de apenas 0,4 Mb/d, para os 30,3 Mb/d.
Tabela 2 - Oferta e Procura Global de Petróleo (em Milhões de barris/dia)
Petróleo
2014
2015
I Trim
II Trim
III Trim
IV Trim
Anual
I Trim*
II Trim
III Trim
IV Trim
Anual
Países da OCDE
45,70
45,00
46,00
46,60
45,80
45,90
45,00
46,00
46,50
45,90
Países Fora da OCDE
44,50
45,20
46,00
46,20
45,50
45,50
46,30
47,20
47,40
46,60
Procura Global
90,20
90,20
92,00
92,80
91,30
91,40
91,30
93,20
93,90
92,50
Países da OPEP
29,90
29,90
30,30
30,30
30,10
30,30
…
…
…
…
Países Fora da OPEP
55,80
56,10
56,40
57,70
56,50
57,80
57,10
56,80
57,00
57,20
OPEP Gás Natural**
5,70
5,80
5,90
5,90
5,80
5,90
5,90
6,10
6,20
6,00
Oferta Global
91,40
91,70
92,50
94,00
92,40
93,90
…
…
…
…
Fonte: OPEP, Monthly Oil Market Report, 16 de Abril de 2015.
*Óleos não convencionais.
10
Relatório de Inflação I Trimestre • 2015
Os preços do petróleo reduziram no trimestre em análise, tendo o preço médio do Brent sido de USD 55,16 por barril
contra os USD 107,89 por barril no trimestre homólogo anterior (-48,87%). O preço médio do WTI foi de USD 48,68 por
barril contra os USD 98,67 por barril no trimestre homólogo anterior (-50,66%) e o preço médio das Ramas Angolanas
situou-se nos USD 51,17 por barril contra os USD 106,50 por barril no trimestre homólogo anterior (-51,95%).
Relativamente aos spreads, estes registaram um aumento tanto em relação ao Brent/WTI como em relação ao Brent/
Ramas angolanas, que se fixaram nos 9,08 e 4,52 USD/bbl em finais de Março de 2015, respectivamente, acima dos
7,28 USD/bbl e dos 2,42 USD/bbl alcançados em finais de Março do ano anterior.
O spread Brent/WTI aumentou com o crescimento da produção de crude nos EUA que arrastou para baixo os contratos
futuros do WTI, que se encontram agora num nível inferior ao dos contratos futuros do Brent. No I Trimestre de
2015, o spread Brent/WTI subiu para o seu maior nível face ao ano anterior, na sequência do aumento dos stocks de
petróleo bruto de Cushing e Oklahoma para um recorde de 12 semanas consecutivas. Este diferencial terá aumentado
o interesse na compra de crude no Golfe do México em detrimento das importações relacionadas com o Mar do Norte.
Painel 1 - Preços de Referência das Commodities
Índices de Preços dos Bens Alimentares da FAO
I Trim. 2014
II Trim. 2014
Ramas Angolanas
WTI
Brent
IV Trim. 2014
300
220
210
200
250
190
180
200
170
I Trim 2014
II Trim 2014
IV Trim 2014
Fev/15
Mar/15
Jan/15
Dez/14
Nov/14
Set/14
III Trim 2014
índice de bens alimentares (ELE)
índice de preços dos laticínios (ELD)
índice de preços do açúcar (ELD)
Out/14
Jul/14
Ago/14
Jun/14
Abr/14
Mai/14
Mar/14
150
Fev/14
160
Jan/14
Fev/15
I Trim. 2015
Spread Brent/WTI
Spread Brent/Ramas Angolanas
Mar/15
Jan/15
Dez/14
Nov/14
Set/14
III Trim. 2014
Out/14
Jul/14
Ago/14
Jun/14
Abr/14
Mai/14
Fev/14
Mar/14
14
12
10
8
6
4
2
0
Spreads USD
130
120
110
100
90
80
70
60
50
40
Jan/14
USD/Barril
Preços de Petróleo de Referência
150
I Trim 2015
índice de preços da carne (ELD)
índice de preços do óleo (ELD)
índice de preços dos cereais (ELD)
Fonte: Bloomberg (Brent e WTI), DES/BNA (Ramas angolanas) e Food and Agriculture Organization (FAO) of the United Union
*EIA,U.S. Energy Information Administration (Estimativas 2014), 13 de Janeiro de 2015.
Relativamente às commodities alimentares, no I Trimestre de 2015, o Índice de Preços de Alimentos da FAO fixouse nos 173,8 pontos (valor de Março), apresentando uma redução em termos homólogos de 18,7% em resultado da
queda generalizada dos preços de todos os bens alimentares. Esta evolução dos preços alimentares reflecte, em geral,
o excesso de oferta por parte da maioria dos produtos alimentares e, em particular, factores como a melhoria das
perspectivas das colheitas nos principais países produtores de açúcar, em especial o Brasil, a apreciação do Dólar
em relação às suas congéneres, o anúncio de concessão de um subsídio à exportação de açúcar por parte da Índia, o
excesso de oferta da carne (suína da Europa, bovina da Austrália e ovina da Nova Zelândia) dos cereais (trigo e arroz) e
da soja, a fraca importação de óleo de palma, e a queda dos preços do petróleo que pesaram sobre os preços de óleo
vegetal usados como matéria-prima do biodiesel.
1.4. Mercado Cambial Internacional
Face aos recentes dados publicados sobre os EUA que estabelecem uma melhoria do mercado de trabalho e um aumento
do PMI homólogo, o Dólar norte-americano valorizou-se frente às suas principais congéneres com destaque para a
apreciação face ao Euro (19,73%), ao Real (19,48%), ao Rand (7,92%) e ao Renminbi (2,20%) em termos homólogos.
11
0,60
9,00
6
II Trim 2014
III Trim 2014
USD/REAL
IV Trim 2014
27/02/15
30/01/15
31/12/14
28/11/14
31/10/14
30/09/14
29/08/14
31/07/14
30/06/14
30/05/14
30/04/14
31/03/14
28/02/14
31/01/14
I Trim 2014
I Trim 2014
I Trim 2015
II Trim 2014 III Trim 2014 IV Trim 2014
USD/ZAR
USD/EUR
27/02/15
6,05
2,00
30/01/15
9,50
31/12/14
0,65
28/11/14
6,1
2,20
31/10/14
10,00
30/09/14
6,15
0,70
2,40
29/08/14
6,2
10,50
USD/REAL
0,75
31/07/14
6,25
11,00
0,80
2,60
30/06/14
11,50
30/05/14
0,85
30/04/14
6,3
2,80
31/03/14
12,00
28/02/14
0,90
31/01/14
6,35
3,00
31/12/13
6,4
12,50
USD/ZAR
13,00
0,95
USD/EUR
1,00
3,20
I Trim 2015
USD/Renminbi
Fonte: Bloomberg
A decisão do BCE em ampliar o Quantitative Easing (QE) através da compra de dívida pública, a rejeição da Alemanha
em expandir o resgate financeiro solicitado pela Grécia e as taxas de inflação e de juro negativas conduziram à
depreciação do Euro.
Em relação ao comportamento da moeda brasileira, a depreciação deveu-se aos receios de contracção económica, à
inflação acima da meta, à crise na Petrobras e no sector de energia e águas. Estes factores poderão levar à redução do
grau de investimento brasileiro, o que diminui o apetite por activos nacionais.
A taxa de câmbio do Rand face ao Dólar norte-americano também se depreciou no I Trimestre de 2015. A desaceleração
da inflação, os dados económicos negativos como os problemas no fornecimento de energia e o défice da balança
comercial contribuíram para essa tendência cambial.
A moeda chinesa foi a que menos se depreciou, numa altura em que foi afectada pela divulgação da queda do índice
PMI oficial da indústria e redução da taxa de juro de referência face aos sinais de desaceleração da economia.
Resumo e Perspectivas do Panorama Internacional
A recuperação económica global continua condicionada por alguns dos efeitos secundários da crise financeira. A
crescente importância da política monetária de vários países, bem como os níveis de dívida elevados em algumas das
principais economias avançadas, levou a um nível de crescimento global que ainda permanece abaixo do seu potencial.
Tendo em conta esses desafios, a previsão de crescimento do PIB Mundial em 2015 permanece nos 3,5%, depois do
crescimento em 2014 de 3,4%.
O cenário económico é mais favorável nas economias avançadas onde as políticas monetárias acomodatícias, os
ajustes nas políticas fiscais e a expectativa de aumento do consumo poderão catapultar o crescimento do PIB. Segundo
o FMI, espera-se que os sinais de melhoria se evidenciem, a partir do segundo semestre de 2015. Os EUA deverão
continuar a registar taxas de crescimento mais elevadas do que as restantes economias, com o PIB a crescer 3,14%
este ano e 3,06% em 2016. O crescimento económico no Reino Unido também deverá ser superior ao da Zona Euro,
com taxas de crescimento acima de 2,0%. Para a Zona Euro, as estimativas apontam para um crescimento do PIB de
1,5% em 2015 e de 1,6% em 2016.
As economias emergentes, apesar de o cenário não ser auspicioso diante da saída de capitais e elevadas taxas de
inflação, poderão beneficiar da recuperação das economias avançadas tão logo essa melhoria se reflicta sobre os
preços das commodities. No entanto, o crescimento nas economias emergentes poderá ser limitado pela desaceleração
do crescimento económico da China, cuja economia está a passar por alterações estruturais. As últimas previsões apontam
12
USD/Renminbi
Painel 2 -Variações Cambiais Internacionais
Relatório de Inflação I Trimestre • 2015
para um crescimento económico da China em 2015 e 2016 de 6,8% e 6,3% respectivamente. Na Índia, com base nas últimas
revisões, a previsão de crescimento da economia foi revista para os 7,5% em 2015 e 2016. Por sua vez, o Brasil e a Rússia têm
apresentado baixos níveis de desempenho em termos económicos, com a Rússia em particular, a apresentar em 2015 uma
contracção económica de 3,83% e 1,10% para 2015 e 2016, respectivamente.
Neste âmbito, a visão mais optimista do FMI para a evolução das principais economias está sobretudo relacionada com
os baixos preços do petróleo e a política monetária expansionista implementada pelos bancos centrais. No entanto, a
organização salienta que no curto prazo o ritmo de crescimento continua modesto, a inflação em níveis baixos e as taxas de
juro a apontarem para riscos de alguma instabilidade financeira.
2. Economia Nacional
2.1. Comércio Externo e Reservas Internacionais
No I Trimestre de 2015 as trocas com o exterior resultaram num saldo superavitário de USD 1.424,72 Milhões da
Conta de Bens, o que representa uma redução de 84,31% face ao período homólogo de 2014. Um dos motivos centrais
que contribuiu para esta redução do saldo da Conta de Bens relaciona-se com o efeito negativo da baixa do preço do
petróleo no mercado internacional. Desta forma, o valor das exportações petrolíferas diminuiu 48,01%, reflectindo-se
numa redução considerável do total das exportações em 48,91% face ao período homólogo.
Importa salientar que no final do I Trimestre de 2015 o peso das exportações petrolíferas sobre as exportações totais de bens
aumentou face ao período homólogo em cerca de 3,06 p.p., apresentando um peso de 96,84% no total das exportações de bens.
As Importações, por sua vez, diminuíram 0,83% face ao período homólogo, sobretudo em resultado da redução das
importações de combustíveis e alimentos em 28,13% e 17,56%, respectivamente. O desequilíbrio no mercado cambial bem
como o aumento dos preços dos combustíveis que ocorreu no trimestre anterior, em consequência da diminuição dos subsídios
aos combustíveis que o Executivo decidiu implementar há poucos meses, poderão explicar a redução das importações.
Gráfico 3 - Saldo da Conta de Bens
18.000
16.000
USD Milhões
14.000
12.000
10.000
8.000
6.000
4.000
2.000
0
I Trim 14
II Trim 14
Exportações
III Trim 14
Importações
IV Trim 14
I Trim 15
Conta de Bens
Fonte: BNA
Em termos de origem das importações, a China passou a deter o maior peso nas importações angolanas com 15,22%,
seguido de Portugal e Bélgica, com 9,90% e 4,26%, respectivamente. A China foi o único país a aumentar a sua
representatividade no total das importações. Portugal foi o parceiro comercial que mais peso perdeu em termos de
importações, já que no I Trimestre de 2014 apresentava um peso de 16,11% no total das mesmas.
Em relação às Reservas Brutas , estas apresentaram em finais de Março de 2015 um stock de USD 25.976,69
Milhões, representando uma contracção de 20,81% face ao stock de Março de 2014. Paralelamente, o stock das
Reservas Internacionais Líquidas (RIL) também registou uma diminuição de 17,06%, alcançando o valor total de USD
25.576,81 Milhões em finais de Março de 2015. Esta evolução desfavorável das reservas está relacionada com a queda
significativa das receitas de exportação de petróleo, como consequência da queda do preço médio por barril do crude.
13
Painel 3 - Reservas Internacionais e Rácio de Cobertura das Importações
1.653,05
1.549,46
1.495,00
1.540,10
jan/15
fev/15
mar/15
1.440,00
nov/14
dez/14
1.337,97
out/14
set/14
jul/14
ago/14
1.034,51
2.367,87
2.070,00
2.350,00
jun/14
1.050,00
abr/14
1.760,00
925,00
Rácio de Cobertura das Importações
mar/14
jan/14
Ja
Reservas Brutas
1.290,00
5,00
n/
1
Fe 4
v/
1
M 4
ar
/1
Ab 4
r/1
M 4
ai/
1
Ju 4
n/
14
Ju
l/1
Ag 4
o/
14
Se
t/1
Ou 4
t/1
No 4
v/
1
De 4
z/1
Ja 4
n/
15
Fe
v/
1
M 5
ar
/1
5
5,50
24.000
fev/14
6,00
26.000
USD Milhões
6,50
28.000
1.450,00
7,00
30.000
Meses de Importaçao
7,50
32.000
USD Milhões
Venda de Divisas no Mercado Primário
8,00
mai/14
Rácio de Cobertura das Importações
34.000
Fonte: BNA
Por fim, o rácio de cobertura das importações atingiu os 7,30 meses de importações de bens e serviços em finais de
Março de 2015, contra o rácio de 6,51 meses de importações em finais de Dezembro do ano anterior, representando
em termos homólogos uma subida de 0,46 meses. Refira-se que o rácio de cobertura das importações ainda se mantêm
acima da meta da SADC, definido em 6 meses de importações.
2.2. Mercado Cambial Nacional
No I Trimestre de 2015 verificou-se uma depreciação do Kwanza em relação ao Dólar norte-americano em todos os
mercados, destacando-se o mercado informal.
Especificamente, a taxa de câmbio do Kwanza face ao Dólar no mercado primário registou uma depreciação trimestral
de 4,99% (10,63% em termos homólogos), nos bancos comerciais depreciou-se em 5,08% no caso das divisas (10,33%
em termos homólogos) e 3,95% das notas (10,92% em termos homólogos). No mercado informal e nas casas de
câmbio, as taxas depreciaram-se 25,59% e 15,78% (48,84% e 32,03% em termos homólogos), respectivamente.
Painel 4 - Taxas de Câmbio KZ/USD nos Mercados Cambiais
AKZ/USD
150,000
130,000
110,000
90,000
Jan/14 Fev/14 Mar/14 Out/14 Nov/14 Dez/14 Jan/15 Fev/15 Mar/15
I Trim 2014
Mercado Primário (Taxa Referência)
Bancos (Notas)
Casas de Câmbio
IV Trim 2014
Taxas de Câmbio Reais
110,00
35,00
30,00
25,00
20,00
15,00
10,00
5,00
0,00
100,00
90,00
80,00
70,00
60,00
Jan/13
Fev/13
Mar/13
Abr/13
Mai/13
Jun/13
Jul/13
Ago/13
Set/13
Out/13
Nov/13
Dez/13
Jan/14
Fev/14
Mar/14
Abr/14
Mai/14
Jun/14
Jul/14
Ago/14
Set/14
Out/14
Nov/14
Dez/14
Jan/15
Fev/15
Mar/15
Taxa de câmbio AKZ/USD
Taxas de Cambio nos Vários Mercados
I Trim 2015
I Trim
2013
Bancos (Divisas)
Mercado Informal (Notas)
II Trim
2013
Diferencial (ELD)
III Trim
2013
IV Trim
2013
I Trim
2014
II Trim
2014
Taxa de Câmbio Real (Oficial)
III Trim
2014
IV Trim
2014
Taxa de Câmbio Real (Informal)
Fonte: BNA
*Informação obtida a partir do SSIF.
No que toca aos diferenciais da taxa de câmbio do Kwanza face ao Dólar norte-americano, entre o mercado informal
e o mercado secundário de notas, observou-se um aumento dos diferenciais em todas as províncias, destacando-se as
províncias de Benguela, Luanda, Huambo, em que o diferencial subiu 38,76 p.p. (para os 44,76%), 25,99 p.p. (para os
41,28%) e 36,84 p.p. (para os 43,04%), respectivamente, em termos homólogos.
Relativamente às taxas de câmbio do Kwanza face ao Euro e ao Rand, ambas apresentaram uma apreciação: o Kwanza
apreciou-se face ao Euro em 12,99% e face ao Rand em 3,47%.
14
I Trim
2015
Relatório de Inflação I Trimestre • 2015
No que respeita às taxas de câmbio reais, verificou-se que a taxa de câmbio real de fim de período no mercado oficial
depreciou em termos homólogos 2,46%, ao passar de 73,99 Kz em Março de 2014 para 75,81 Kz em Março de 2015.
Por sua vez, a taxa de câmbio real de fim de período no mercado informal também se depreciou, mas a níveis superiores
aos da taxa de câmbio oficial. Em finais de Março de 2015, a taxa de câmbio real no mercado informal depreciou-se em
termos homólogos 37,85%, fixando-se nos 109,11 Kz, quando em Março de 2014 se encontrava nos 79,15 Kz.
Esta depreciação cambial surge num momento em que a entrada de divisas na economia tem sido inferior desde o II semestre
de 2014 até à actualidade, no seguimento da diminuição do preço do crude nos mercados internacionais e, consequentemente,
das receitas petrolíferas. Este é um dos factores que poderá ter contribuído para a aceleração da inflação desde então.
2.3. Políticas Macroeconómicas
2.3.1. Política e Situação Orçamental
A política orçamental veiculada pelo Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2015 e consubstanciada no Quadro Fiscal de
Médio Prazo (QFMP) de 2013-2017, tem como objectivo principal racionalizar as despesas e melhorar a sua qualidade,
tendo em conta o comportamento das receitas vulnerável aos choques do sector petrolífero e, potencializar as receitas
não petrolíferas com a continuidade do processo de reforma tributária. Tudo isto, no pressuposto conservador de que o
preço médio da exportação do petróleo rondará os 40 USD/barril e o PIB registará uma aceleração no seu crescimento.
Tabela 3 – Situação Orçamental no I Trimestre de 2015 (Valores Acumulados)
I Trim. 2014
(Preliminar)
II Trim. 2014
(Preliminar)
III Trim 2014
(Preliminar)
IV Trim. 2014
(Preliminar)
I Trim. 2015
(Preliminar)
Em taxas de variação homologas (%)
Receitas Totais
-8,5
-16,4
-3,4
-6,4
-33,2
Receitas correntes (a)
-22,4
-25,8
-18,0
-19,1
-24,7
Receitas Petrolíferas
-32,4
-36,7
-28,3
-29,4
-40,7
Dq.: Receitas Consignadas
-99,0
-96,6
-93,0
-83,2
-----
Receitas Não Petrolíferas
31,0
27,0
29,3
24,8
19,5
Dq.: Imposto do Sector Diamantífero
-26,4
-43,3
-21,5
-26,3
69,6
Imposto sobre o Comércio Exterior
23,8
34,1
43,2
43,6
25,0
Outros impostos
32,6
26,5
27,5
22,1
18,4
-----
155,4
21,5
-2,1
-----
Receitas de capital
Despesas Totais
105,0
43,9
28,0
21,0
-45,0
Despesas correntes
60,5
18,0
4,4
-2,4
-34,1
Despesas com pessoal
11,3
13,7
12,5
13,8
11,5
Aquisição de bens e serviços
68,0
-13,2
-25,8
-38,0
-74,6
Juros da Dívida
52,2
56,2
41,9
55,9
1,4
Transferências
5,4
-3,3
1,9
3,9
1,8
Subsídios
415,6
92,2
32,8
8,5
-67,0
Despesas de Capital
108,3
13,9
5,7
5,3
-74,5
Investimento Público
164,8
37,4
11,1
14,4
-71,4
0,0
0,3
2,2
1,2
Em percentagem do PIB
Saldo Global (b)
2,7
Saldo Corrente
1,5
3,8
6,7
7,8
1,7
Saldo Primário não Petrolífero
-5,5
-10,0
-13,7
-17,9
-2,0
Fonte: MINFIN, Balanço de Execução da PFT 2013/2014 e PC de Outubro, Novembro e Dezembro de 2014
15
Neste contexto, o balanço da execução da política orçamental no I Trimestre de 2015 caracterizou-se por uma melhoria
generalizada dos saldos orçamentais relativamente ao trimestre homólogo do ano anterior. Com efeito, tendo em conta
os dados preliminares da Programação Financeira do primeiro trimestre do ano, o saldo global registou um superavit de
cerca de 1,2% do PIB, o saldo corrente aumentou em 0,2 p.p. para os 1,7% do PIB comparado com o período homólogo
de 2014 e o défice primário não petrolífero reduziu em 3,5 p.p., situando-se nos 2% do PIB.
Note-se que, apesar das reduções significativas na maioria das rubricas orçamentais, estas reduções estão em linha com
o que foi delineado pelo Executivo angolano no sentido de acomodar no OGE para 2015 a recente queda do preço do crude
no mercado internacional e garantir o equilíbrio das finanças públicas tendo em conta esta fase de maiores fragilidades
na arrecadação de receitas.
Gráfico 4 - Saldo Global e Primário Não Petrolífero (em % do PIB)
45,0
5,0
40,0
% do PIB
30,0
-5,0
25,0
20,0
-10,0
15,0
10,0
% do PIB
0,0
35,0
-15,0
5,0
0,0
I Trim. 2014
II Trim. 2014
III Trim 2014
Receitas totais (ELE)
Saldo Global (ELD)
IV Trim. 2014
I Trim. 2015
(Prel.)
-20,0
Despesas totais (ELE)
Saldo Primário Não petrolífero (ELD)
Fonte: MINFIN
Esta evolução favorável das contas públicas no I Trimestre de 2015 foi determinada pela redução das despesas que
superou a redução nas receitas. Com efeito, o peso das despesas públicas no PIB registou um decréscimo de 4,5 p.p.
situando-se nos 5,7% do PIB (contra os 10,2% no trimestre homólogo do ano anterior) e o das receitas públicas um
decréscimo de 3,2 p.p., fixando-se nos 6,9% do PIB (10,1% no trimestre homólogo de 2014).
Despesas Públicas
As despesas totais reduziram 45% em termos homólogos, devido à redução nas despesas correntes, despesas de
capital e despesas do exercício anterior, conforme previsto no Documento Revisto do OGE para 2015.
As despesas correntes registaram uma evolução negativa (de 34,1%), traduzindo essencialmente, os decréscimos em
termos homólogos registados nos gastos com aquisição de bens e serviços (-40,5%) em actividades permanentes e
em programas e projectos específicos e, nos gastos com os subsídios (-67%), em virtude da redução dos subsídios aos
preços dos combustíveis e dos subsídios operacionais. As despesas com o pessoal, com os juros da dívida e com as
transferências, pelo contrário, registaram um aumento em termos homólogos de 11,5%, 1,4% e 1,8%, respectivamente.
As despesas de capital evidenciaram, igualmente, uma queda de 74,5%, em resultado sobretudo da evolução das
despesas de investimento público. Estas, no I Trimestre de 2015, contabilizaram um total de Kz 63,7 mil milhões (contra
os Kz 222,9 mil milhões no trimestre homólogo de 2014), apresentando um decréscimo em termos homólogos de 71,4%.
Estas despesas foram direccionadas sobretudo ao PIP sectorial (cerca de 85,7% do total dos investimentos públicos)
e, abrangeram na sua maior parte em termos de volume de pagamentos, os programas de ordenamento do território
e urbanismo, construção de equipamentos sociais e edifícios públicos e promoção do fomento e desenvolvimento da
16
Relatório de Inflação I Trimestre • 2015
actividade económica. Para o PIP provincial e para os programas municipais, foram direccionados 10,3% e 4% do total dos
investimentos públicos, respectivamente. Realça-se ainda que, as despesas de investimento representaram no I Trimestre de
2015, 0,5% do PIB, caindo em 1,3 p.p. relativamente ao trimestre homólogo (período no qual representou 1,8% do PIB).
Painel 5 – Despesas do Exercício (em % do PIB)
Despesas Correntes
25,0
6,0
20,0
5,0
15,0
4,0
10,0
3,0
5,0
0,0
Despesas com Investimento
7,0
2,0
I Trim. 2014
II Trim. 2014
III Trim 2014
Despesas com pessoal
Juros da divida
Subsidios
IV Trim. 2014
I Trim. 2015 (Prel.)
Aquisição de bens e serviços
Transferências
Despesas correntes
1,0
0,0
I Trim. 2014
II Trim. 2014
III Trim 2014
IV Trim. 2014
Fonte: MINFIN
As despesas do período anterior, por sua vez, evidenciaram um valor de Kz 113,2 mil milhões, quando no período
homólogo tinham registado um valor de Kz 211,7 mil milhões, apresentando uma redução de 46,5%.
Receitas Públicas
As receitas totais reduziram 33,2% em termos homólogos em virtude, essencialmente, da redução nas receitas
correntes (-24,7%) e nos saldos livres acumulados no período anterior (-61,3%).
Em resultado da baixa do preço médio do barril de petróleo e, não obstante a entrada no período de um montante
significativo de receitas consignadas (de Kz 169,4 mil milhões), as receitas correntes e, em particular, as receitas do
sector petrolífero, registam no I Trimestre de 2015 uma redução em termos homólogos de 40,7%.
As receitas não petrolíferas (composta pelos impostos do sector diamantífero, impostos sobre o comércio exterior
e outros impostos), por sua vez, em virtude da reforma tributária implementada em Julho de 2014 e do aumento
da actividade económica, registaram no I Trimestre de 2015 um aumento de 19,5%. Destacam-se nas receitas não
petrolíferas o bom desempenho ao nível da cobrança dos impostos sobre as importações e as exportações (25%
relativamente ao trimestre homólogo) e dos outros impostos (dentre os quais os impostos sobre os rendimentos, sobre
o consumo, taxas, custos e emolumentos e impostos diversos) que registam um crescimento de 18,4% em termos
homólogos.
Os saldos livres acumulados do período anterior, por sua vez, apresentaram uma queda evidenciando um valor de Kz
118,7 mil milhões, quando no período homólogo tinham registado um valor de Kz 306,4 mil milhões.
17
I Trim. 2015 (Prel.)
Gráfico 5 – Receitas Correntes (em % do PIB)
35,0
30,0
25,0
20,0
15,0
10,0
5,0
0,0
I Trim. 2014
II Trim. 2014
Receitas Petroliferas
III Trim 2014
IV Trim. 2014
Receitas não petroliferas
I Trim. 2015 (Prel.)
Receitas correntes
Fonte: MINFIN
Financiamento
Em termos de financiamento e, não obstante o saldo da execução orçamental no I Trimestre de 2015 ter sido
superavitário no valor de Kz 149,9 mil milhões, o Governo continua a recorrer a financiamento, essencialmente interno,
nomeadamente à emissão de bilhetes e obrigações do tesouro e ao crédito por via bancária.
Assim, em termos de financiamento interno, os Desembolsos da dívida interna no trimestre em análise aumentaram
mais de 100% relativamente ao trimestre homólogo, enquanto as amortizações aumentaram 59,2%. Quanto ao
financiamento externo, os desembolsos da dívida externa reduziram em 58%, enquanto o pagamento de amortizações
da dívida, neste trimestre, aumentaram 10,3% relativamente ao trimestre homólogo.
Consequentemente, o volume significativo de desembolsos de financiamento interno do Governo reflectiu-se no
aumento do stock da dívida titulada e das taxas de juro, nomeadamente dos Bilhetes do Tesouro. O stock da dívida
titulada aumentou no I Trimestre de 2015 em mais cerca de Kz 675,9 mil milhões, representando 18,3% do PIB contra
os 12,5% no período homólogo (representando um aumento de 5,8 p.p.).
De realçar que, desta análise é visível que a dívida interna tem crescido a um ritmo acelerado. O Governo tem recorrido
ao financiamento interno, nomeadamente à emissão de BT e OT.
Painel 6 – Financiamento Líquido do Sector Público e Dívida Titulada (em % do PIB)
Dívida Titulada
Financiamento Líquido do Sector Público
5,0
% do PIB
4,0
3,0
3,0
2,5
2,0
2,0
15,0
1,5
1,0
0,0
20,0
10,0
1,0
I Trim. 2014
II Trim. 2014
III Trim 2014
5,0
IV Trim. 2014 I Trim. 2015 (Prel.) 0,5
-1,0
0,0
-2,0
I Trim. 2014
Financiamento interno líquido Financiamento externo líquido
Emissão de BT e OT
Fonte: MINFIN
18
II Trim. 2014
III Trim 2014
IV Trim. 2014
Resgate de BT e OT
I Trim. 2015 (Prel.)
Stock da dívida
0,0
Relatório de Inflação I Trimestre • 2015
Apesar de se ter preparado um Orçamento Rectificativo tendo por base um preço médio do barril de petróleo de USD
40 em 2015, o preço em Março fixou-se nos USD 52,42, o que representa um diferencial de USD 12,42, logo existe uma
almofada orçamental que poderá vir a aumentar ao longo do ano, tendo em conta que se fixou um preço de referência
conservador. No entanto, Angola tem estado a tomar medidas de forma a poder ultrapassar este cenário de crise, de
entre as quais se destaca a redução recente dos subsídios aos combustíveis e a implementação de reformas fiscais
aplicáveis ao sector não petrolífero com o objectivo de estimular o crescimento das receitas deste sector.
2.3.2. Política Monetária e Desenvolvimentos Monetários e Financeiros
A política monetária do BNA no I Trimestre permaneceu focada no controlo da liquidez do sistema bancário, visando
a manutenção e garantia da estabilidade de preços e da estabilidade do sistema financeiro, proporcionando assim o
espaço para o aumento do crédito a outros residentes e, consequentemente, do crescimento económico.
Neste contexto, o BNA interveio mais uma vez fazendo uso dos seus instrumentos de gestão de política monetária. Em
Março de 2015, o Comité de Política Monetária (CPM) decidiu, por um lado, aumentar a taxa de juro básica e a taxa
de juro da facilidade de cedência de liquidez, ambas em 0,25 p.p., para os 9,25% e 10%, respectivamente, e manter a
taxa de juro da facilidade de absorção de liquidez, já decidida em Fevereiro, nos 0%, de modo a atingir os objectivos
de política monetária propostos.
Entretanto, o BNA já tinha decidido aumentar em Janeiro o coeficiente das reservas obrigatórias em MN em 5,0 p.p.
para os 20%, entrando em vigor a partir de Março, justificada pela necessidade de garantir a estabilidade de preços
e atenuar o aumento da inflação que vinha se registando desde Julho de 2014. De realçar que esta medida facilita o
financiamento do governo, pelo facto de 5% do coeficiente de reservas obrigatórias poder ser cumprido com títulos do
tesouro.
Para além destas decisões de política monetária, o BNA interveio igualmente no mercado monetário, recorrendo às
suas operações de política monetária em coordenação com as operações de política cambial e fiscal, no sentido de
garantir uma gestão prudente da liquidez do sistema bancário e controlar a expansão monetária.
Painel 7 - Taxas de Juro Directoras e Taxas do MMI
Taxas de Juro Directoras
12,00%
Taxas LUIBOR
12,00%
10,00%
10,00%
8,00%
8,00%
6,00%
6,00%
4,00%
4,00%
2,00%
0,00%
Dez/12 Mar/13
Jun/13
Set/13
Dez/13 Mar/14
Taxa de juro de referência - Taxa BNA
Jun/14
Set/14
Dez/14 Mar/15
2,00%
Dez/12 Mar/13 Jun/13 Set/13 Dez/13 Mar/14 Jun/14 Set/14 Dez/14 Mar/15
Taxa de absorção de liquidez
Overnight
1 mês
3 meses
6 meses
9 meses
Taxa de cedência de liquidez
Fonte: BNA
No mercado monetário interbancário, as taxas LUIBOR mantiveram em geral a tendência crescente que vêm
apresentando nos últimos meses, sobretudo a taxa LUIBOR overnight que aumentou em 3,06 p.p., fixando-se em Março
de 2015 nos 6,21%, e as taxas para as maturidades de 1, 3 e 6 meses, que registam acréscimos de 0,97 p.p., 0,91 p.p.
e 0,89 p.p., fixando-se nos 7,77%, 8,37% e 8,95%, respectivamente.
19
12 meses
Não obstante a redução das taxas de juro dos títulos públicos, nomeadamente dos bilhetes do tesouro nos meses de
Janeiro e Fevereiro, a evolução das taxas LUIBOR reflectiu-se, de certa forma, no aumento destas taxas em termos
homólogos em fim de período. Com efeito, as taxas de juro dos Bilhetes do Tesouro a 91, 182 e 364 dias aumentaram
em 1,23 p.p., 2.68 p.p. e 3,03 p.p. para os 5,05%, 6,74% e 8,10%, respectivamente.
Desenvolvimentos Monetários e Financeiros
O I Trimestre de 2015 foi caracterizado por uma expansão monetária, reforçada mais uma vez por uma política monetária prudente
do BNA, bem como por algum dinamismo a nível da actividade económica nacional estimulando o aumento das necessidades de
financiamento para consumo e investimento do sector privado. Com efeito, a oferta de moeda em sentido mais lato, representada
pelo agregado monetário M3, e o agregado monetário M2, cresceram ambos em termos homólogos cerca de 12,2%.
Realça-se contudo, mais uma vez, uma deterioração da posição externa do país reflectindo essencialmente a redução dos
activos externos líquidos (em -5,8%), em resultado sobretudo da redução das reservas internacionais líquidas no BNA
(em -9,5%), num contexto em que os activos externos líquidos dos bancos comerciais registam um aumento excepcional.
O crescimento do crédito a outros sectores residentes em 13,2%, particularmente do crédito a outros residentes e do crédito
à Administração Central (líquido) determinaram o aumento do crédito interno líquido em 48,7% no I Trimestre de 2015.
Tabela 4 - Principais Indicadores da Situação Monetária (em t.v.h.)
I Trim. 2014
II Trim. 2014
III Trim. 2014
IV Trim. 2014
I Trim. 2015
-4,7
-17,3
-21,3
0,4
-5,8
BNA
-2,3
-7,1
-18,4
-6,2
-8,0
Reservas Internacionais Líquidas
-2,1
-6,6
-19,9
-7,7
-9,5
Bancos Comerciais
-119,8
-123,8
-1.103,3
1.105,3
524,1
Activos Internos Líquidos
202,2
240,1
180,2
55,6
49,2
Activos Externos Líquidos
Crédito Interno Líquido
73,2
103,6
97,7
51,0
48,7
Crédito à Administração Central (líquido)
60,1
79,9
90,3
111,9
170,7
Crédito a Outros Sectores Residentes
12,4
16,3
17,7
14,0
13,2
Outros activos e passivos (líquidos)
-6,3
-24,1
-25,0
-45,1
-48,0
M3
22,8
16,1
15,2
16,5
12,2
M2
23,7
16,9
16,5
16,4
12,2
Base Monetária Ampla
16,0
28,4
3,5
13,5
9,4
Fonte: BNA
O crédito a outros residentes, que representa 94,5% do total do crédito a outros sectores residentes, apresentou
um aumento de 13,7% (14,6% no I Trimestre do ano anterior). É de realçar contudo, uma desaceleração no ritmo de
crescimento do crédito a outros residentes relativamente ao trimestre homólogo, em virtude do desempenho do crédito
às empresas privadas.
20
Relatório de Inflação I Trimestre • 2015
Gráfico 6 - Distribuição por Sectores de Actividade (em % do Crédito Total)
Outros
Particulares
Serviços sociais
Activ. Imob.,Alugueres e Serv.Prest. as Empresas
Actividades Financeiras, Seguros e Fundos de
Transportes, Armazenagem e Comunicações
Alojamento e Restauração (Restaur. e Similares)
Comércio por Grosso e a Retalho
Construção
Indústrias Transformadoras
Indústria Extrativa
Agricultura, Produção Animal, Caça e Silvicultura.
0,0
I Trim.2015
5,0
I Trim.2014
10,0
15,0
20,0
25,0
I Trim.2013
Fonte: BNA
O crédito concedido teve como destino os particulares, que arrecadaram cerca de 18% (19,1% no trimestre homólogo
de 2014) do total do crédito concedido à economia, e as empresas ligadas aos sectores de “Serviços Sociais” com
19,4% do total do crédito (22,6% em 2014), “Actividades Imobiliárias, de Aluguer e Serviços prestados às empresas”
com 16,7% (10,4% em 2014), “Comércio a grosso e a retalho” com 16,2% (17% em 2014), “Construção” com 9,9%
(9,9% em 2014) e “Indústrias transformadoras” com 7,3% (7,6% em 2014).
Realça-se, em termos homólogos, uma redução quase generalizada do crédito aos sectores, com excepção do crédito
concedido às “Actividades Imobiliárias, de Aluguer e Serviços prestados às empresas” e à “Agricultura, produção
animal, caça e silvicultura” que apresentaram um aumento em termos de peso no total do crédito em 6,3 e 1,4 p.p.,
respectivamente. Realça-se igualmente que, no I Trimestre de 2015, os financiamentos concedidos pelos bancos
comerciais mantêm-se concentrados nos sectores do comércio, serviços e construção, sendo que o sector industrial
continua a apresentar um reduzido volume de crédito.
O Crédito à Administração Central (líquido) aumentou significativamente (em 170,7%), explicado não só pelo aumento
do crédito à Administração Central (em 44,6%), mas também pela redução (em -6,4%) dos depósitos da Administração
Central no sistema bancário.
Relativamente à base monetária ampla, esta cresceu 9,4% em termos homólogos, ao situar-se no I Trimestre de
2015 nos Kz 1.586,3 mil milhões (Kz 1.450,6 mil milhões no trimestre homólogo do ano anterior), permitindo assim
uma expansão monetária. Esta expansão monetária fez-se reflectir no aumento das notas e moedas em circulação
e da reserva bancária. Realça-se contudo, um abrandamento no ritmo de crescimento da base monetária ampla de
16% no I Trimestre de 2014 para 9,4% no I Trimestre de 2015, em virtude por um lado, da desaceleração registada na
evolução das notas e moedas em circulação (de 28% para os 17,5%) e, por outro lado, da redução de 97,2% nas outras
obrigações face às Outras Instituições Monetárias.
A reserva bancária, por sua vez, aumentou significativamente em 58,7% em termos homólogos (10,8% em 2014),
explicado pelos acréscimos registados tanto nos depósitos obrigatórios como nos depósitos livres. Em resultado do
aumento do coeficiente de reservas obrigatórias em MN com efeitos a partir de 1 de Março e da redução para zero da
taxa de juro da facilidade de absorção de liquidez, os depósitos obrigatórios em MN e os depósitos livres registaram
um aumento de 31,3% e 356,7% em termos homólogos, respectivamente.
21
Tabela 5 - Agregados Monetários (em t.v.h.)
I Trim. 2014
II Trim. 2014
III Trim. 2014
IV Trim. 2014
I Trim. 2015
M3
22,8
16,1
15,2
16,5
12,2
M2
23,7
16,9
16,5
16,4
12,2
M1
31,7
18,2
18,2
20,0
13,9
Notas e Moedas em poder do público
28,9
37,5
30,3
24,0
20,0
Depósitos Transferiveis- MN
67,4
63,5
34,0
30,1
28,5
Depósitos Transferiveis - ME
-4,6
-25,0
-8,2
1,0
-14,5
Quase-Moeda
13,1
15,0
14,2
11,3
9,6
Outros Depósitos - MN
35,3
34,7
43,3
30,3
14,2
Outros Depósitos - ME
-5,3
-2,6
-11,3
-7,4
4,2
Outros Instrumentos Equiparáveis a Depósitos
-82,7
-82,9
-88,5
235,3
16,8
Fonte: BNA
O agregado monetário M2 totalizou Kz 5.154,2 mil milhões (Kz 4.593,5 mil milhões no trimestre homólogo do ano anterior),
representando um aumento de 12,2%, em resultado da evolução tanto dos passivos monetários (13,9%) como dos passivos
quase monetários (9,6%). O crescimento das notas e moedas em poder do público (20%) e dos depósitos transferíveis em
moeda nacional (28,5%), explicam o comportamento dos passivos monetários (M1), enquanto o aumento dos outros depósitos
em moeda nacional (em 14,2%) e em moeda estrangeira (em 4,2%) explica o comportamento dos passivos quase-monetários.
Contudo, realça-se uma desaceleração no ritmo de crescimento relativamente ao trimestre homólogo, tanto dos passivos
monetários como quase monetários, em virtude sobretudo, do forte abrandamento que se regista nos depósitos transferíveis e
outros depósitos em moeda nacional e da redução nos depósitos transferíveis em moeda estrangeira.
Painel 8 - Depósitos Totais e Créditos e Depósitos em ME
Depósitos Totais (t.v.h.)
30,0
0,0
10,0
%
20,0
%
50,0
50
I Trim. 2014
II Trim. 2014
III Trim. 2014
IV Trim. 2014
I Trim. 2015
-50,0
% dos Créd. e Dep. Totais
100,0
Créditos e Depósitos em ME
40
30
20
10
0
0,0
015
014
014
014
014
013
013
013
013
m. 2 Trim. 2 Trim. 2 Trim. 2 Trim. 2 Trim. 2 Trim. 2 Trim. 2 Trim. 2
I
I
I Tri
II
II
III
III
IV
IV
Depósitos sector público excl. administração central
Depósitos de OIFNM
Depósitos do sector privado
Depósitos Totais
Crédito em ME
Depósitos em ME
Fonte: BNA
Em termos agregados, os depósitos no sistema bancário registaram no I Trimestre de 2015, uma desaceleração no
ritmo do seu crescimento, passando de uma taxa de crescimento de 23,4% no trimestre homólogo de 2014, para
11,7%. Esta evolução deveu-se ao abrandamento registado nos depósitos do sector privado (13,8% contra os 20,9%
em 2014) e à redução nos depósitos do sector público excluindo a administração central (em -7,5%). Por outro lado,
deveu-se também, ao abrandamento que se verifica tanto nos depósitos transferíveis como nos outros depósitos.
De realçar que, no I Trimestre de 2015, a tendência de desdolarização da economia continuou, com o crédito e os
depósitos em moeda estrangeira a reduzirem o seu peso no total do crédito e dos depósitos. O crédito em moeda
estrangeira reduziu em 5,2 p.p. representando 34,6% do total do crédito a outros sectores residentes (contra os 39,7%
no I Trimestre de 2014), e os depósitos em moeda estrangeira reduziram em 1,5 p.p., representando 33,7% do total dos
depósitos (quando no I Trimestre de 2014 representavam 35,1%).
22
Relatório de Inflação I Trimestre • 2015
Painel 9 – Taxas de Juro do Crédito Empresarial e a Particulares em MN (em f.d.p.)
Crédito a Particulares
Crédito Empresarial
20,00%
18,00%
17,00%
18,00%
16,00%
15,00%
16,00%
14,00%
14,00%
13,00%
12,00%
12,00%
11,00%
10,00%
10,00%
IV
5
4
3
3
4
3
4
3
4
12
. 20 im. 201 im. 201 im. 201 im. 201 im. 201 im. 201 im. 201 im. 201 im. 201
Trim
Tr
Tr
Tr
Tr
Tr
Tr
Tr
Tr
Tr
I
II
III
Ate 180 dias
I
IV
II
III
De 181 dias a 1 ano
IV
3
3
3
15
14
14
14
14
13
12
201 m. 201 m. 201
. 20
. 20
. 20 im. 20 rim. 20
. 20
im.
i
ri
r
rim I Trim II Trim II Trim
IT
I Tr
II Tr
I
III T
IV T
IV T
. 20
rim
IV T
I
Mais de 1 ano
Ate 180 dias
De 181 dias a 1 ano
Mais de 1 ano
Fonte: BNA
Relativamente às condições de financiamento no sector bancário, realça-se que, no I Trimestre de 2015, as taxas de
juro praticadas nas operações activas ao sector empresarial em moeda nacional registaram um aumento em todas as
maturidades, com excepção da taxa de juro de 181 dias a 1 ano, enquanto as taxas de juro praticadas nas operações
activas aos particulares em MN evidenciaram uma redução com excepção da taxa de juro de mais de 1 ano. As taxas de
juro do crédito empresarial oscilaram entre os 13,7% e os 18,9%, enquanto as taxas de juro do crédito aos particulares
oscilaram entre os 12,5% e os 14,1%.
Painel 10 – Taxas de Juro dos Depósitos a Prazo em MN e ME (em f.d.p.)
Taxas de Juro dos DP em MN
8,00%
Taxas de Juro dos DP em ME
5,50%
5,00%
4,50%
4,00%
3,50%
3,00%
2,50%
2,00%
1,50%
1,00%
7,00%
6,00%
5,00%
4,00%
3,00%
2,00%
3
3
3
4
4
3
4
5
4
12
201 m. 201 m. 201 m. 201 m. 201 m. 201 m. 201 m. 201 m. 201
i
im.
i
i
i
ri
ri
ri
ri
I Tr
I Tr
I Tr
II Tr
II Tr
III T
III T
IV T
IV T
. 20
rim
IV T
Ate 90 dias
De 91 dias a 180 dias
De 181 dias a 1 ano
Mais de 1 ano
4
4
3
3
4
3
5
4
3
12
201 m. 201 m. 201 m. 201 m. 201 m. 201 m. 201 m. 201 m. 201
i
i
i
i
im.
ri
ri
ri
ri
I Tr
I Tr
I Tr
II Tr
II Tr
III T
III T
IV T
IV T
. 20
rim
IV T
Ate 90 dias
91 a 180 dias
De 181 dias a 1 ano
Mais de 1 ano
Fonte: BNA
As taxas de juro praticadas nas operações passivas em moeda nacional registaram reduções em quase todas as taxas,
com excepção da taxa de juro dos depósitos com maturidade superior a 1 ano. As taxas de juro passivas em moeda
nacional oscilaram entre os 3,3% e os 5,2%. Por sua vez, as taxas de juro praticadas nas operações passivas em moeda
estrangeira, apresentaram decréscimos em todas as maturidades, oscilando entre os 1,6% e os 2,4%.
23
2.4. Actividade Económica Nacional
Indicadores da Actividade Económica
Os dados relativos ao Indicador de Clima Económico (ICE) disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística
sugerem que o clima económico em Angola registou um arrefecimento no último trimestre de 2014 , contrariando assim
a tendência que o indicador manteve ao longo de todo esse ano. Este resultado é reflexo das claras contracções nos
Indicadores de Confiança dos vários sectores da economia. Ainda assim, o ICE manteve-se acima da média da série.
Painel 11 - Indicadores de Clima Económico e de Confiança (s.r.e.)
Clima Económico
Média
01
.2
im
Tr
IV
IC Construção
IC Comércio
IC Transportes
IC Turismo
IC Extractiva
Nota: s.r.e. refere-se aos saldos de respostas extremas
Todos os Indicadores de Confiança apresentaram um desempenho desfavorável relativamente ao trimestre anterior,
com principal destaque para os sectores da Indústria Transformadora, da Indústria Extractiva e da Construção. Os
principais catalisadores da quebra de confiança nestes três sectores estão associados à insuficiência da procura e
deterioração das perspectivas de venda no caso do sector da Construção, à falta de água e energia no sector da
Indústria Transformadora, à falta de mão-de-obra especializada no sector da Indústria Extractiva e às avarias frequentes
do equipamento em ambas as indústrias.
4
4
01
4
.2
01
Tr
III
IC Indústria Transf.
Fonte: INE
24
im
.2
rim
II T
IT
rim
.2
.2
im
Tr
IV
01
01
4
3
3
01
3
.2
01
im
III
Tr
.2
rim
II T
.2
01
01
IT
rim
.2
im
Tr
IV
III
3
2
2
01
.2
01
im
Tr
.2
rim
II T
4
01
.2
im
IV
Tr
.2
im
Tr
III
II T
rim
.2
01
01
4
4
4
01
3
.2
IT
rim
01
3
im
Tr
IV
III
.2
01
3
im
.2
01
ICE
Tr
.2
rim
II T
.2
IT
rim
.2
im
Tr
IV
01
01
3
2
2
01
2
.2
01
im
III
Tr
.2
rim
II T
IT
rim
.2
01
2
IT
rim
.2
01
2
2
Indicadores de Confiança
Relatório de Inflação I Trimestre • 2015
Produto Interno Bruto
O Plano Nacional de Desenvolvimento 2013-2017 criado pelo Executivo, no qual se revelam as projecções e as grandes
linhas orientadoras das principais políticas a desenvolver no quadriénio, tem como meta para 2015 um crescimento
global do PIB projectado em 8,8%, com o sector petrolífero a crescer 4,0%, com uma produção petrolífera anual de
2.007 milhões de barris/dia, e o não petrolífero a crescer 11,2%. Entretanto, e após a observação dos dados relativos
ao I Trimestre do ano, foram levados a cabo alguns reajustamentos a nível das projecções apresentadas.
Desta forma, as últimas revisões efectuadas às projecções para 2015 dão conta de um crescimento real de 4,4% do PIB
global, sendo que este acomoda um crescimento real de 7,8% do sector petrolífero e de 2,9% do sector não petrolífero. Estas
projecções tiveram como pressupostos uma taxa de câmbio média de 112,5 USD/Kz, com o preço médio do barril do petróleo de
USD 53,00 (45,30% abaixo do preço médio apurado no ano anterior) e a taxa de inflação de 9% (1,5 p.p. acima do nível de 2014).
Tabela 6 - Taxas de Crescimento do PIB Real por Sectores de Actividade (em %)
Sectores de Actividade
2011
2012
2013
2014
2015
Agricultura
9,2
-22,5
41,7
11,9
2,5
Pescas e derivados
17,2
9,7
2,4
19,1
2,0
Diamantes e outros
-0,7
0,3
3,3
1,0
3,2
Petróleo
-5,6
4,3
-0,9
-2,6
7,8
Indústria Transformadora
13,0
14,0
8,6
8,1
3,5
Construção
12,0
11,7
8,1
8,0
3,5
Energia
3,5
10,4
34,4
17,3
12,0
Serviços mercantis
9,5
13,4
7,0
8,0
2,2
Outros
9,6
8,3
0,7
6,0
4,5
PIB a preços de mercado
3,9
5,2
6,8
4,8
4,4
PIB Petrolífero
-5,6
4,3
-0,9
-2,6
7,8
PIB Não Petrolífero
9,7
5,6
10,9
8,2
2,9
Fonte: MPDT
Os dados disponibilizados pela Sonangol fazem referência a uma produção média diária de cerca de 1.802 milhões
de barris/dia para 2015, o que representa um aumento da produção de 7,79% face a 2014, não obstante a queda dos
preços do petróleo.
O sector não petrolífero, que tem ganho cada vez mais peso na economia angolana e que tem caminhado, ainda que de
forma subtil, no sentido da tão desejada diversificação económica, apresenta uma taxa de crescimento real de 2,9%
tendo por base o crescimento que se espera sobretudo, nos sectores da energia (12%), da indústria transformadora
(3,5%), da construção (3,5%) e de Outros (4,5%).
Os sectores das Pescas e derivados e da Agricultura apresentam as maiores reduções no ritmo de crescimento,
reduções essas numa escala de -17,1 p.p. e -9,4 p.p. respectivamente. Na base da desaceleração do sector das Pescas
e derivados, em 2015, está o pico inesperado verificado em 2014 bem como a dificuldade na importação de ração
e a materialização das actividades de desenvolvimento deste sector devido à limitação de recursos financeiros. A
suportar as projecções mais conservadoras para o sector da Agricultura estão as reavaliações da produção esperada
nos diferentes projectos e empreendimentos em curso. No entanto o ligeiro crescimento justifica-se no aumento da
produção decorrente de novos projectos agrícolas privados que iniciaram actividade na primeira época desta campanha
agrícola, da expansão das áreas cultivadas em fazendas já existentes e da introdução de novas tecnologias em algumas
áreas de cultivo.
25
Quanto ao sector da Indústria Transformadora, a redução da taxa de crescimento real face ao previsto do PND 20132017 está associada à previsível redução das importações resultante da diminuição de divisas com a baixa dos preços
do petróleo. Também como consequência deste facto está a revisão em baixa para o Sector da Construção, uma vez
que o Orçamento Rectificativo aprovado para 2015 veio reacomodar negativamente os valores afectos ao Programa
de Investimentos Públicos, conducente com a necessidade de ajustar as despesas à quebra das receitas expectável
para este ano decorrente do cenário de fraca arrecadação de receitas públicas. Para o sector dos serviços mercantis, a
redução das importações já referida, a contracção dos grandes investimentos das cadeias comerciais e de distribuição
e, consequentemente, o possível enfraquecimento da cadeia de distribuição, poderão também contribuir para um
abrandamento do crescimento deste sector.
Painel 12 -Taxas de Crescimento Real do PIB e respectivos contributos dos Sectores de Actividade
Taxa de Crescimento Real do PIB (em %)
Contributos dos Sectores para o Crescimento do PIB (em p.p)
0,7
4,3
5,2
9,7
3,9
5,6
- 5,6
2011
2012
PIB não petrolífero
6,8
10,9
4,8
7,8
4,4
8,2
2,9
- 0,9
- 2,6
2013
2014
PIB petrolífero
2015
PIB pm
0,8
2,1
1,1
0,9
1,0
-2 ,1
- 2,5
2011
2012
Agricultura
Petróleo
Energia
3,2
1,1
1,0
1,5
0,1
1,8
0,8
0,7
- 0,3
0,5
2,1
0,8
0,7
1,3
- 0,8
2013
2014
3,4
Pescas e derivados
Indústria transformadora
Serviços mercantis
0,4
0,6
0,4
0,3
2,3
0,3
2015
Diamantes e outros
Construção
Outros
Fonte: MPDT
Em termos de contributos dos sectores para o crescimento do PIB global, contrariamente a anos anteriores, verifica-se
que segundo as projecções para 2015 o sector da agricultura deixa de ser o que mais contribui para o crescimento real
do produto (esperando-se que contribua com apenas 0,9 p.p.), para ser o sector do petróleo a tomar esse lugar com
uma contribuição de 2,3 p.p..
Comparando o ano de 2015 com o ano de 2009, que têm em comum a queda dos preços internacionais do petróleo,
cabe salientar que, mesmo com o preço de 53 USD/Bbl previstos para 2015 (contra os 60 USD/Bbl de 2009), a situação
actual continua a ser mais confortável que a experiência anterior, considerando que em 2009 a taxa de crescimento
global do PIB foi de 2,4%, tendo o PIB petrolífero contraído 5,1% e o PIB não petrolífero crescido 8,3%. Para esta tímida
taxa de crescimento global contribuiu o facto de o peso do Sector petrolífero (que foi amplamente atingido pela crise
internacional), nesse ano, ser muito superior ao peso que apresenta neste momento, o que de alguma forma permite
atenuar os efeitos da queda do preço do petróleo sobre a economia em geral, embora em termos fiscais as receitas
deste sector tenham ainda o peso bastante significativo.
Entretanto, a posição externa medida em termos de Rácio de Cobertura das Importações é agora mais confortável do
que era em 2009 (3,8 meses de cobertura de importações de bens e serviços em 2009 contra 7,3 meses em Março de
2015), facto que se faz acompanhar por uma inflação mais reduzida (13,99% no final de 2009 contra os 7,87% no final
do I Trimestre de 2015).
26
Relatório de Inflação I Trimestre • 2015
3. Inflação
No I Trimestre de 2015 o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) de Luanda registou uma taxa de variação de 2,13%,
acelerando em 0,18 p.p. relativamente ao trimestre anterior, cuja taxa de variação do IPC ficou nos 1,95%. Em termos
homólogos a taxa de inflação trimestral também acelerou, transitando de 1,76% para 2,13% (+0,37 p.p.). É bem visível
no gráfico abaixo que a inflação trimestral apresenta uma tendência crescente a partir do II Trimestre de 2014, altura
em que a economia começou a ressentir-se da instabilidade provocada pela diminuição do preço do crude e pela
diminuição de divisas.
A análise anterior pode ser segmentada considerando as categorias que compõem o indicador (IPC Bens e IPC Serviços).
Desta forma, destaca-se o aumento registado na variação trimestral dos preços nas categorias de serviços em 0,28 p.p.
e de Bens, em particular, dos bens alimentares não processados em 0,58 p.p. e processados em 0,56 p.p.. O preço da
categoria de outros bens registou, pelo contrário, uma redução na variação de preços de cerca 0,55 p.p..
Painel 13 - Índice de Preços no Consumidor (Taxas de Variação, em %)
IPC - Variação Trimestral (em %)
IPC (Taxas de Variação, em %)
2,20
10,00
2,10
8,00
2,00
1,90
1,80
0,90
0,80
6,00
0,70
4,00
0,60
0,50
2,00
1,70
0,40
I Trim. 15
set/14
jun/14
set/13
Tx. Var. Homóloga
Tx. Var. Média 12 Meses
mar/15
IV Trim. 14
dez/14
IIITrim. 14
mar/14
II Trim. 14
dez/13
I Trim. 14
mar/13
IV Trim. 13
0,30
jun/13
0,00
1,60
Tx. Var. Mensal (ELD)
Fonte: INE
Centrando a análise nos últimos 12 meses, verifica-se que, a taxa de variação homóloga do IPC apresentou uma
tendência crescente, invertendo a tendência decrescente que vinha apresentando. Assim em termos homólogos
assistiu-se no I Trimestre de 2015 a um acréscimo da taxa de variação do IPC em 0,55 p.p. fixando-se nos 7,87% (7,32%
em 2014). A taxa de variação média anual, por sua vez, continua a registar uma tendência decrescente, apresentando
uma diminuição de 1,11 p.p. situando-se nos 7,31% (8,42% em 2014).
Painel 14 - Índice de Preços no Consumidor de Bens e Serviços (em t.v.h. e t.v.média)
IPC de Bens e Serviços
Variação Média do IPC de Bens e Serviços
17,00
12,00
10,00
12,00
8,00
6,00
7,00
4,00
IPC Alimentares Não Processados
IPC Outros Bens
IPC Bens
T.v.média IPC
Serviços
Bens Alimentares Não Processados
Outros Bens
Bens
Bens Alimentares
Bens Alimentares Processados
Fonte: INE
27
mar/15
jan/15
fev/15
dez/14
nov/14
set/14
out/14
jul/14
ago/14
jun/14
abr/14
mai/14
fev/14
mar/14
jan/14
dez/13
4
5
ma
r/1
z/1
de
4
4
t/1
se
4
3
3
/1
jun
/1
ma
r
z/1
de
t/1
se
3
3
/1
jun
/1
2
z/1
ma
r
IPC
IPC Alimentares Processados
IPC Serviços
IPC Aliment.
nov/13
2,00
2,00
de
1,50
1,00
O perfil ascendente dos preços em termos homólogos no I Trimestre de 2015 deveu-se sobretudo ao aumento verificado
nos preços tanto da categoria de Bens, com o registo de uma variação de 8,63% (+0,38 p.p.), como na categoria
de Serviços com uma variação de 5,92% (+0,93p.p.). Destaca-se também o aumento dos preços na subcategoria de
Outros Bens com uma variação de 11,82% (+2,73 p.p.), o que sugere que os Outros Bens estão a exercer uma maior
pressão sobre os preços do que qualquer outra categoria. Por outro lado, nas Subcategorias de Bens Alimentares (Bens
Alimentares Processados e Bens Alimentares Não Processados), apesar de terem registado subidas de preços a rondar
os 6%, assistiu-se a uma desaceleração em ambas, com os Bens Alimentares Processados a abrandarem -1,40 p.p. e
os Bens Alimentares Não Processados -0,27 p.p..
Em termos médios dos últimos doze meses, conforme referido anteriormente, o IPC apresenta um perfil descendente,
que se ficou a dever ao abrandamento que se registou na variação média dos preços dos Bens alimentares, quer
processados quer não processados, e dos preços dos serviços. Com efeito, os preços dos bens alimentares e dos
serviços registaram em Março de 2015 uma variação da ordem dos 6,56% (9,77% em Março de 2014) e 5,33% (5,44%
em Março de 2014) em termos médios, respectivamente. Os outros bens, pelo contrário registaram ao longo dos
últimos 12 meses, uma aceleração em termos médios, passando de uma taxa de 9,44% em Março de 2014 para
10,63% no período em análise.
Quanto aos preços por Classes, em termos homólogos, realçam-se sobretudo os acréscimos na variação dos preços
das classes de Saúde (Classe 06) com +1,84 p.p., Transportes (Classe 07) com +1,27 p.p. e Educação (Classe 10) com
+0,74 p.p.. A única classe a registar uma desaceleração foi a de Lazer, Recreação e Cultura (Classe 09) com -1,50 p.p..
Gráfico 7 - Contribuição das Classes na Inflação Homóloga (em p.p.)
10,00
9,00
8,00
7,00
6,00
5,00
4,00
3,00
2,00
1,00
/1
5
r/1
ma
5
14
jan
4
v/
no
4
4
t/1
se
jul
/1
i/1
4
r/1
ma
/1
4
ma
13
jan
v/
3
no
3
13
t/1
se
jul
/
3
i/1
r/1
ma
/1
jan
ma
3
-
Classe 01 Classe 02 Classe 03 Classe 04 Classe 05 Classe 06
Classe 07 Classe 08 Classe 09 Classe 10 Classe 11 Classe 12
Fonte: INE/BNA
Em termos de contribuição, as classes que mais contribuíram para a taxa de variação homóloga do IPC, foram as
classes de Alimentação e Bebidas Não Alcoólicas (Classe 01) com 3,06 p.p., Bens e Serviços Diversos (Classe 12) com
0,96 p.p., Vestuário e Calçado (Classe 03) com 0,93 p.p., Mobiliário, Equipamentos Domésticos e Manutenção (Classe
05) com 0,86 p.p., Habitação, Água, Electricidade, Gás e Combustíveis (Classe 04) com 0,47 p.p., Transportes (Classe
07) com 0,48 p.p., Hotéis, Cafés e Restaurantes (Classe 11) com 0,35 p.p. e Bebidas Alcoólicas e Tabaco (Classe 02)
com 0,30 p.p..
Relativamente ao Índice de Preços Grossista (IPG) de Luanda, este registou em termos trimestrais uma variação de
1,71%, o que corresponde a um acréscimo de 0,44 p.p. comparativamente ao trimestre homólogo do ano de 2014
(1,27%) e a uma diminuição na ordem dos -0,11 p.p. face ao trimestre anterior (1,82%). Esta aceleração do IPG face
ao período homólogo é suportado pelo aumento registado na variação dos preços tanto dos produtos importados como
dos produtos nacionais. O sector da indústria Transformadora é o que mais se destaca, com variações em relação ao
trimestre homólogo de 7,00% e 6,58% nos produtos nacionais e produtos importados, respectivamente.
28
Relatório de Inflação I Trimestre • 2015
Painel 15 - Índice de Preços no Grossista (Taxas de Variação, em %)
IPG - Variação Trimestral (em %)
IPG (Taxas de Variação, em %)
9,00
1,00
2,20
7,00
0,80
5,00
0,60
1,60
3,00
0,40
1,40
1,00
0,20
2,00
1,80
1,20
-1,00 nov/13
IV Trim. 13
I Trim. 14
II Trim. 14
IIITrim. 14
IV Trim. 14
I Trim. 15
jan/14
mar/14
mai/14
Tx. Var. Homóloga
jul/14
set/14
Média dos últimos 12 Meses
nov/14
jan/15
Fazendo uma análise do IPG ao longo dos últimos 12 meses, assiste-se a uma desaceleração das taxas em termos
médios. Para esta evolução descendente do IPG contribuíram os preços dos produtos importados do sector da
“Agricultura, Produção Animal, Caça e Silvicultura” com uma desaceleração média de -0,12 p.p. e os preços dos
produtos nacionais do sector das – “Pescas” com um abrandamento médio de -0,23 p.p..
Em termos de Províncias, no I Trimestre de 2015, a província de Luanda foi a que registou a maior variação de preços
(2,13%), seguida da província do Bengo (2,00%) e Lunda Sul (1,78%). A província de Cabinda foi a que registou a menor
variação de preços (0,60%).
Gráfico 8 - Variação de Preços por Província
2,15%
1,65%
1,15%
0,65%
Variação Trimestral por Província
Cabinda
Namibe
Benguela
Cuanza Norte
Huíla
Moxico
Cunene
Cuanda Cubango
Uíge
Huambo
Malanje
Zaire
Cuanza Sul
Bié
Lunda Norte
Bengo
Lunda Sul
0,15%
-0,35%
mar/15 0,00
Tx. Var. Mensal (ELD)
Fonte: INE
Luanda
1,00
Variação Trimestral Nacional
Fonte: INE
Na Província de Luanda, à semelhança do trimestre anterior, o acréscimo dos preços no I Trimestre de 2015 justifica-se
sobretudo pelas classes de Bens e Serviços diversos (2,34%) e, em particular, pela classe da Saúde que registou uma
variação dos preços acima dos 2%. Nas províncias do Bengo e de Lunda Sul, a evolução registada foi principalmente
resultado da variação dos preços verificada na classe de Transportes em 4,91% e 7,10%, respectivamente. Por fim,
na província de Cabinda, embora tenha registado somente uma ligeira subida de preços, esta deveu-se às Classes de
Hotéis, Cafés e Restaurantes (1,59%), Lazer, Recreação e Cultura (1,54%) e Saúde (1,04%).
Para concluir esta análise importa referir que não obstante o nível de preços no consumidor registar uma tendência
ascendente nos últimos dois trimestres em decorrência, entre outros factores, dos efeitos da depreciação da moeda
nacional e do aumento dos preços dos combustíveis face à redução pelo executivo dos subsídios aos combustíveis,
o comportamento da inflação ao longo dos últimos 12 meses (em termos médios) continua ainda a apresentar uma
tendência em geral descendente, reflectindo os efeitos da redução dos preços dos bens alimentares no mercado
internacional, bem como dos preços no produtor dos principais fornecedores de Angola.
29
4. Previsão da Inflação para os Próximos Três Meses
Tal como referido anteriormente, a inflação apresentou uma tendência de aceleração nos últimos dois trimestres,
desafiando a prossecução do objectivo do BNA de garantir a estabilidade dos preços na economia . Têm sido encetados
esforços conjuntos no sentido de suavizar o impacto da recente queda das cotações do crude. Quando comparado
à crise de 2009, a economia beneficia hoje de uma condição bastante mais fortalecida, dispondo de buffers mais
sólidos, o que acompanhado com a execução coordenada das políticas monetária e cambial, garantiu-se que a inflação
desenhasse uma tendência de aceleração mais controlada e suave.
Apesar deste incontornável facto, e embora a posição das reservas internacionais seja actualmente mais confortável
do que era no início de 2009 , a necessidade de proteger a posição externa do país dada a diminuição das receitas das
exportações do petróleo e a consequente diminuição da entrada de divisas, levou à depreciação da moeda nacional em
8,38% nos últimos 12 meses.
De facto, após um período em que a estabilidade cambial foi apontada como determinante na tendência de
desaceleração da inflação, a recente depreciação cambial que ficou evidente a partir de Junho de 2014, visível no
gráfico abaixo, contribuiu para pressionar os preços no sentido ascendente desde então.
Adicionalmente, a quebra nas receitas das exportações petrolíferas veio impor alguma dificuldade na obtenção de
divisas, que tem criado diversos constrangimentos no lado real da economia. A título de exemplo podem-se referir as
dificuldades na importação de matérias-primas indispensáveis ao bom funcionamento da indústria transformadora, na
manutenção dos stocks de mercadorias tal como no atraso dos pagamentos a fornecedores. Tais constrangimentos
criaram condições para que se desse um aumento do nível de preços no quadro interno (primeiro a nível do Grossista,
que depois se transmite naturalmente ao Consumidor).
Do lado monetário, o forte aumento verificado no agregado monetário M2 pode ter criado condições para a existência
de pressões no sentido da aceleração dos preços, sendo que foi identificado entre estes um coeficiente de correlação
de 0,7729 no período em análise no painel de gráficos abaixo, evidenciando a relação próxima que estas duas variáveis
assumem. Dando-se o caso de os agregados monetários expandirem a ritmos mais acelerados do que o próprio
crescimento económico, esta situação poderá conduzir a um aumento do nível geral de preços.
Com um coeficiente de correlação ainda mais forte do que o do M2 surge o crédito à economia, que revelou uma forte
correlação com a inflação de 0,8587. Na verdade, o crédito à economia mantém taxas de crescimento homólogas na
casa dos dois dígitos em todo o período apresentado, demonstrando de alguma forma o empenho do Executivo em criar
condições favoráveis à tão desejada diversificação económica. No entanto, estas altas taxas de crescimento também
podem criar ambientes propícios à aceleração dos preços no curto prazo , facto que se verifica pela tendência que
ambas as séries partilham no gráfico abaixo.
Dos indicadores abaixo representados (Painel 16), aquele que revelou uma maior correlação face à Inflação foi o
Índice de Preços Grossista dos Produtos Importados (IPG – PI), tendo revelado uma correlação de 0,9082 com um
desfasamento de um período. A taxa de câmbio oficial média apresentou uma correlação também forte e positiva
de 0,7822 perante a inflação homóloga com um desfasamento de 7 períodos, ou seja, conclui-se daqui que a taxa de
câmbio oficial é um factor determinante no nível geral dos preços internos.
30
Relatório de Inflação I Trimestre • 2015
Painel 16 – Inflação e Indicadores seleccionados (t.v.h., em %)
IPC e TCm Oficial
25,00%
20,00%
14,00%
15,00%
9,00%
10,00%
8,00%
TCm Oficial t-7 (t.v.h.)
Inflação Homóloga (ELD)
Linear (TCm Oficial t-7 (t.v.h.))
Linear (Inflação Homóloga (ELD))
IPC e M2
110,00%
IPG - PI t-1 (t.v.h.)
Linear (IPG - PI t-1 (t.v.h.))
mar/15
dez/14
set/14
jun/14
mar/14
dez/13
0,00%
6,00%
set/13
8,00%
7,00%
jun/13
0,00%
5,00%
mar/13
10,00%
mar/10
jun/10
set/10
dez/10
mar/11
jun/11
set/11
dez/11
mar/12
jun/12
set/12
dez/12
mar/13
jun/13
set/13
dez/13
mar/14
jun/14
set/14
dez/14
mar/15
5,00%
21,00%
100,00%
16,00%
70,00%
6,00%
Inflação Homóloga (ELD)
Linear (Inflação Homóloga (ELD))
IPC e Crédito à Economia
21,00%
90,00%
80,00%
16,00%
60,00%
50,00%
30,00%
11,00%
40,00%
11,00%
Inflação Homóloga (ELD)
Linear (Inflação Homóloga (ELD))
Créd. à Econ. t-8 (t.v.h.)
Linear (Créd. à Econ. t-8 (t.v.h.))
mar/15
set/14
mar/14
set/13
mar/13
set/12
mar/12
set/11
mar/11
set/10
mar/10
set/09
5
4
r/1
0,00%
ma
4
t/1
se
3
r/1
ma
3
t/1
se
2
r/1
ma
2
t/1
se
1
r/1
ma
1
t/1
se
0
r/1
ma
0
t/1
se
9
r/1
ma
9
t/0
r/0
ma
se
M2 t-12 (t.v.h.)
Linear (M2 t-12 (t.v.h.))
6,00%
mar/09
20,00%
10,00%
-10,00%
10,00%
12,00%
10,00%
-5,00%
IPC e IPG - PI
15,00%
16,00%
6,00%
Inflação Homóloga (ELD)
Linear (Inflação Homóloga (ELD))
Fonte: INE
Nota: A simplicidade do exercício demonstra apenas a correlação entre as variáveis, o que não implica necessariamente a existência de causalidade latente entre as mesmas.
Sendo assim, apresentam-se as previsões da inflação efectuadas com recurso aos modelos de previsão de curto/médio
prazo em uso no BNA, complementado pelo julgamento efectuado sobre a dinâmica de outros factores relevantes para
a evolução futura dos preços.
As projecções são mensais e têm um horizonte de até três meses. São efectuadas com base nas seguintes abordagens:
(1) Método de Holt-Winters; (2) Modelo Auto-regressivo e de Médias Móveis (ARMA); (3) Modelo Vectorial
Autoregressivo (VAR); (4) Modelo de Correcção do Erro (VEC) e, (5) Combinação dos Modelos de Previsão. A previsão da
inflação leva em conta os resultados de todos os modelos, complementado com algum julgamento.
A projecção da inflação com recurso a estas abordagens toma por base as seguintes variáveis explicativas da inflação
em Angola: os meios de pagamento, a taxa de câmbio oficial, a taxa de juro activa a 180 dias, o Índice de Preços no
Produtor dos principais países de origem das importações de Angola (ou, em alternativa, a taxa de variação do índice
de preços no produtor deduzida da taxa de variação do preço do petróleo, principal produto de exportação do País, o
que representa o termo de troca) e a evolução passada da própria inflação.
Tendo por base as variáveis acima descritas, perspectiva-se que a taxa de variação homóloga da inflação acelere
nos primeiros três meses do ano, situando-se num intervalo entre 7,96% e 8,35% (com o cenário central nos 8,15%).
A nível trimestral prevê-se igualmente um aumento da inflação, com a taxa a situar-se num intervalo entre 3,96% e
4,33% (com o cenário central nos 4,15%).
31
Painel 17 - Taxas de Inflação Trimestral e Homóloga para os próximos Três meses
Inflação Trimestral
5,00
Inflação Homóloga
10,00
4,00
9,00
3,00
8,00
2,00
7,00
1,00
Inflação prevista (cenário central)
Limite inferior
4
.1
rim
IT
5
.1
II
m
Tri
.1
6,00
5
Limite Superior
Infação prevista (cenário central)
Limite inferior
Fonte: INE, BNA
A tendência crescente da inflação prevista para os próximos três meses poderá justificar-se através de vários
factores, nomeadamente o sentido depreciativo da moeda nacional, a evolução crescente dos meios de pagamento,
o desequilíbrio no mercado cambial, que poderá afectar pela via da oferta de bens importados, assim como alguns
aspectos sazonais.
No entanto, existem factores que poderão contribuir para atenuar esta tendência crescente, tais como a manutenção
em baixa dos preços das commodities alimentares no mercado internacional e dos preços no produtor dos principais
fornecedores de Angola.
Entretanto, carece acrescentar que existem alguns riscos associados às previsões da inflação, propensos a influenciar
a volatilidade em torno dos limites definidos. Destacam-se como principais riscos, os factores estruturais relacionados
com a cadeia de distribuição e importação de alimentos e outros bens e a contínua depreciação da taxa de câmbio,
resultante de uma maior necessidade de divisas para a liquidação das importações.
32
/1
5
IV
m
Tri
jun
4
.1
ma
r/1
5
I
rim
II T
z/1
4
4
.1
de
II
m
Tri
se
t/1
4
4
.1
/1
4
I
m
Tri
jun
3
.1
ma
r/1
4
IV
m
Tri
z/1
3
13
de
III
m.
Tri
se
t/1
3
3
.1
/1
3
II
m
Tri
jun
3
.1
ma
r/1
3
I
m
Tri
z/1
2
2
.1
de
IV
m
Tri
Limite superior
Relatório de Inflação I Trimestre • 2015
Anexo Estatístico
Anexo 1 – Contas Externas
Saldo da Conta de Bens (Exportações vs. Importações)
2015
2014
Unidades: em milhões USD
Jan
Fev
Mar
I Trim
Out
Nov
Dez
IV Trim
Var. Trimestral
Var. Acumulada
Var. 12 Meses
Exportações
5.280,17
5.207,56
5.282,89
15.770,62
4.686,75
3.772,11
3.246,23
11.705,08
-24,91%
-26,99%
-26,99%
Importações
2.436,53
1.925,40
2.326,22
6.688,16
2.324,86
2.522,83
2.351,18
7.198,87
-7,66%
10,60%
10,60%
Conta de Bens
2.843,63
3.282,17
2.956,67
9.082,47
2.361,89
1.249,28
895,04
4.506,21
-42,16%
-52,68%
-52,68%
Exportações
2.674,79
2.632,25
2.750,10
8.057,14
…
…
…
…
-31,17%
-31,17%
-48,91%
Importações
2.126,59
2.606,20
1.899,63
6.632,42
…
…
…
…
-7,87%
-7,87%
-0,83%
Conta de Bens
548,19
26,05
850,47
1.424,72
…
…
…
…
-68,38%
-68,38%
-84,31%
Fonte: DES/BNA
Principais Rúbricas dos Activos Externos
Reservas Brutas
Dec-14
Jan-15
Feb-15
Mar-15
Var. I Trim 2015
28.173,10
27.345,24
26.637,62
25.976,69
-7,80%
Reservas Internacionais Líquidas
26.513,49
26.861,19
26.189,35
25.576,81
-3,53%
Ouro
72.231,82
79.290,80
76.443,82
75.782,25
4,92%
Haveres em DSE
34.528,52
34.005,14
34.501,56
34.363,76
-0,48%
16,50
16,37
16,67
16,75
1,51%
1.386.313,41
1.382.900,63
1.345.360,47
1.314.168,10
-5,20%
975.239,37
962.320,52
976.819,50
976.004,26
0,08%
Moeda Estrangeira (3)
Depósitos (3)
Títulos
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00%
Acções e outras participações
Posição De Reserva no FMI
390.710,54
390.034,19
397.784,63
404.936,24
3,64%
2. Outros activos externos (3)
139.411,82
139.157,54
141.835,37
139.113,68
-0,21%
B. Passivos externos
94.020,87
90.520,26
88.554,78
83.936,30
-10,73%
1. Relacionado com reservas
53.334,48
50.424,30
47.639,88
43.184,49
-19,03%
2. Outros
40.686,39
40.095,96
40.914,90
40.751,81
0,16%
Fonte: DES/BNA
33
Peso das importações angolanas por países de origem
Dec-14
Jan-15
Feb-15
Mar-15
Var. I Trim 2015
Reservas Brutas
28.173,10
27.345,24
26.637,62
25.976,69
-7,80%
Reservas Internacionais Líquidas
26.513,49
26.861,19
26.189,35
25.576,81
-3,53%
Ouro
72.231,82
79.290,80
76.443,82
75.782,25
4,92%
Haveres em DSE
34.528,52
34.005,14
34.501,56
34.363,76
-0,48%
Moeda Estrangeira (3)
16,50
16,37
16,67
16,75
1,51%
1.386.313,41
1.382.900,63
1.345.360,47
1.314.168,10
-5,20%
975.239,37
962.320,52
976.819,50
976.004,26
0,08%
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00%
Acções e outras participações
390.710,54
390.034,19
397.784,63
404.936,24
3,64%
2. Outros activos externos (3)
139.411,82
139.157,54
141.835,37
139.113,68
-0,21%
B. Passivos externos
94.020,87
90.520,26
88.554,78
83.936,30
-10,73%
1. Relacionado com reservas
53.334,48
50.424,30
47.639,88
43.184,49
-19,03%
2. Outros
40.686,39
40.095,96
40.914,90
40.751,81
0,16%
Depósitos (3)
Títulos
Posição De Reserva no FMI
Fonte: DES/BNA
Comportamento da taxa de câmbio nos Mercados Primário, Secundário, Informal e Casas de Câmbio
I Trim 2014
Jan/14
Fev/14
IV Trim 2014
Mar/14
Out/14
Nov/14
I Trim 2015
Dez/14
Jan/15
Fev/15
Variações
Mar/15
Trim.
Acum.
12 Meses
Mercado Primário (Taxa Referência)
Compra
97,371
97,359
97,368
99,436
100,906
102,786
103,652
105,747
107,455
4,542%
4,542%
10,359%
Venda
97,858
97,846
97,855
99,684
101,057
102,940
104,689
106,804
108,529
5,430%
5,430%
10,908%
Média
97,615
97,603
97,612
99,560
100,982
102,863
104,171
106,276
107,992
4,986%
4,986%
10,634%
Bancos (Divisas)
Compra
97,830
97,237
97,214
100,564
101,041
102,663
104,358
105,762
106,775
4,006%
4,006%
9,835%
Venda
100,007
100,243
100,369
102,255
103,570
104,791
107,243
109,424
111,215
6,130%
6,130%
10,806%
Média
98,919
98,740
98,791
101,409
102,306
103,727
105,800
107,593
108,995
5,079%
5,079%
10,329%
Compra
97,254
97,091
97,354
99,063
103,388
104,440
103,666
106,062
107,487
2,917%
2,917%
10,408%
Venda
101,019
100,932
100,999
103,600
104,930
107,210
108,672
110,995
112,532
4,965%
4,965%
11,419%
Média
99,137
99,012
99,176
101,332
104,159
105,825
106,169
108,529
110,010
3,954%
3,954%
10,923%
102,333
102,333
102,333
112,167
113,833
118,833
135,833
133,333
149,167
25,526%
25,526%
45,765%
Bancos (Notas)
Mercado Informal (Notas)
Compra
Venda
107,000
106,333
106,500
117,833
119,667
128,667
147,500
146,667
161,667
25,648%
25,648%
51,800%
Média
104,667
104,333
104,417
115,000
116,750
123,750
141,667
140,000
155,417
25,589%
25,589%
48,843%
Casas de Câmbio
Compra
101,250
100,950
101,550
107,750
108,450
112,600
118,500
122,500
127,750
13,455%
13,455%
25,800%
Venda
104,530
104,470
105,220
116,330
117,180
123,200
131,313
149,125
145,250
17,898%
17,898%
38,044%
Média
102,890
102,710
103,385
112,040
112,815
117,900
124,906
135,813
136,500
15,776%
15,776%
32,031%
Fonte: BNA/DMA/DSI/DES
*Informação obtida a partir do SSIF.
* Até Março de 2013, as taxas do mercado secundário foram calculadas com base no método manual.
34
Relatório de Inflação I Trimestre • 2015
Comportamento da taxa de câmbio do Euro e Rand no Mercado Primário (Taxas de Referência)
I Trim 2014
Taxas Médias
Jan/14
Fev/14
IV Trim 2014
Mar/14
Out/14
Nov/14
I Trim 2015
Dez/14
Jan/15
Fev/15
Variações
Mar/15
Trim.
Acum.
12 Meses
KZ/EUR
132,556
133,281
134,328
124,614
126,655
125,195
118,212
119,370
116,880
-6,64%
-6,64%
-12,99%
Compra
132,240
132,953
133,998
124,474
126,570
125,111
117,640
118,781
116,309
-7,04%
-7,04%
-13,20%
Venda
132,872
133,609
134,658
124,755
126,740
125,278
118,785
119,958
117,450
-6,25%
-6,25%
-12,78%
KZ/RAND
8,731
9,059
9,214
9,073
9,194
8,875
9,013
9,145
8,894
0,21%
0,21%
-3,47%
Compra
8,713
9,034
9,187
9,060
9,185
8,867
8,966
9,096
8,848
-0,21%
-0,21%
-3,68%
Venda
8,749
9,084
9,241
9,087
9,203
8,884
9,060
9,194
8,940
0,64%
0,64%
-3,26%
Fonte: DES/BNA
Anexo 2 – Contas Monetárias
Correspondência entre algumas rubricas das Contas Monetárias (antes e depois do novo formato)
Nomenclatura Antiga
Nova Nomenclatura
Crédito à Economia
Crédito a Outros Sectores Residentes
Crédito ao Sector Privado
Crédito a Outros Residentes
Crédito Líquido ao Governo Central
Crédito à Administração Central (líquido)
Crédito Concedido ao Governo Central
Crédito à Administração Central
Depósitos do Governo Central
Depósitos da Administração Central
Outros Activos Líquidos
Outros Activos e Passivos (líquido)
Depósitos à Ordem
Depósitos Transferíveis
Depósitos a Prazo
Outros Depósitos
Outros Instrumentos Financeiros
Outros Instrumentos Equiparáveis a Depósitos
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Relatório de Inflação I Trimestre • 2015
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Av. 4 de Fevereiro, nº 151 - Luanda, Angola - Caixa Postal 1243
Tel: (+244) 222 679 200 - Fax: (+244) 222 339 125
www.bna.ao
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