Copyright © Todos os direitos reservados Revisado em Agosto 2013 Aceito em Outubro 2013 Controle de Qualidade das Folhas de Ginkgo biloba L. Comercializadas para Decocção e Infusão RomanitaC.Moschen1*,ChristianeC.Pereira1, JairoP.Oliveira2,AdilsonR.Prado3,4 1Departamento de Farmácia – UNESC, Colatina-ES. 2Departamento de Morfologia - CCS / UFES, Vitória - ES 3Pós-graduação em Engenharia Elétrica - Labtel - UFES 4Instituto Federal do Espírito Santo - IFES, Serra – ES *[email protected] Resumo As plantas medicinais são amplamente conhecidas e utilizadas em todo o mundo. Ao contrário do que se pensa e por ter um conhecimento empírico muito difundido, os produtos de origem vegetal podem sim trazer prejuízos à saúde se usados indiscriminadamente. Desta forma, surge o controle de qualidade que busca a segurança e a garantia da eficácia desses medicamentos. O controle de qualidade de fitoterápicos foi desenvolvido neste trabalho utilizando-se três amostras de folhas secas de Ginkgo biloba L. adquiridas no comércio de Colatina e Vitória – ES. Foram realizados testes de Cromatografia em Camada Delgada (CCD), para verificar a autenticidade e a eficiência das substâncias nelas contidas, e, por se tratar de um método confiável e preciso, pôde auxiliar na confirmação de substâncias que estão presentes nesta planta em comparação com o descrito na literatura. Foi realizada também a análise macroscópica da amostra, o que mostrou não haverem outros componentes senão as folhas de Ginkgo. Testes para o teor de umidade e de cinzas totais mostraram que as amostras encontravamse dentro da conformidade exigida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e os testes microbiológicos constataram a ausência de microrganismos patogênicos e presença de microrganismos viáveis, porém dentro dos limites aceitáveis pela legislação vigente. Palavras-chave: Fitoterápicos, controle de qualidade, Ginkgo biloba L. Introdução O Ginkgo biloba é um dos mais famosos fitoterápicos do mercado mundial, seu processo de produção é extremamente complexo e custoso, o que torna este extrato alvo comum de adulteração. Os extratos de Ginkgo biloba foram introduzidos na medicina em 1965, através das pesquisas do médico-farmacêutico alemão Willmar Schwabe. Há uma quantidade enorme de fontes bibliográficas que descrevem a investigação científica relacionada com o efeito do Ginkgo biloba e foram documentadas várias atividades farmacológicas do extrato de suas folhas e/ou de seus componentes, que incluem seu efeito sobre a conduta, o aprendizado, a memória, a atividade cardiovascular, e seu efeito sobre a circulação sanguínea e sua atividade antioxidante.1 Os efeitos farmacológicos do extrato do Ginkgo biloba e seus componentes são amplamente descritos, dados estes que comprovam evidências e apóiam o uso clínico moderno do extrato padronizado da folha de Ginkgo biloba. Os princípios ativos mais importantes do extrato de Ginkgo biloba incluem os glicosídeos de flavonóides e as lactonas terpênicas. Foi descrito que ele realiza uma atividade polivalente, é provável que a atividade combinada de vários de seus componentes seja responsável por seu efeito.1 Desde a aplicação de compressas das folhas, a ingestão de chás, tinturas, extratos espessos e secos, até a incorporação de produtos otimizados na obtenção de formas farmacêuticas sólidas, esse vegetal é um dos exemplos mais consistentes do aprimoramento do conceito de produto fitoterápico e de estratégia terapêutica.2 Na comercialização de plantas medicinais, como é o caso do Ginkgo biloba, o conhecimento popular pode gerar erros na identificação da planta e, ainda, não se pode descartar a possibilidade de adulterações, interações de plantas 45 SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 com medicamentos alopáticos e reações alérgicas e tóxicas. Para a garantia da qualidade do produto final, é essencial que se faça análise e controle de matériaprima, embalagem e formulação farmacêutica, além de estudos de estabilidade.3,4 Comerciantes e usuários de plantas divulgam seus usos medicinais muitas vezes sem nenhuma comprovação de suas propriedades farmacológicas. Às vezes o uso medicinal destas plantas é bem diferente do uso popular.3 A qualidade dos produtos à base de plantas medicinais, comercializados no Brasil, é cada vez mais preocupante. Pesquisas científicas têm apontado a presença de diversas irregularidades que comprometem a eficácia do princípio ativo e põem em risco a saúde do consumidor. Uma das justificativas seria a de as indústrias responsáveis pela fabricação desses produtos serem basicamente constituídas por empresas de pequeno porte que funcionam de modo precário.5 Assim como os medicamentos sintéticos, a qualidade da matéria prima vegetal é de extrema importância para a qualidade do produto final. No caso dos fitoterápicos, os insumos vegetais são geralmente de fácil análise, mas os extratos e formas farmacêuticas derivadas requerem análises mais apuradas, pois devem garantir que a ação biológica e a segurança na utilização sejam constantes e devem ter sua autenticidade comprovada através da análise de sua composição química, aspectos botânicos, fitoquímicos, farmacológicos e toxicológicos.6,7 O controle de qualidade na manipulação do fitoterápico assegura que os produtos manipulados estejam de acordo com as boas práticas de manipulação, tendo em vista o aumento da procura e consumo dessa espécie de medicamento. Fraudes e adulterações de produtos vegetais são frequentes e ocorrem por diversos fatores, como por exemplo, a falta de conhecimento dos produtores, distribuidores e deficiência na fiscalização. A finalidade desse estudo foi avaliar se a matéria-prima vegetal encontrada em farmácias, lojas de produtos naturais e mercados atendem às especificações de qualidade descritos na literatura e demonstrar a importância deste controle. Material e Métodos A escolha do material vegetal utilizado neste trabalho se deu por uma pesquisa qualitativa e quantitativa através de um questionário, que foi respondido pelos farmacêuticos das farmácias de manipulação de ColatinaES. Com esse questionário, foi levantado os fitoterápicos mais comercializados nas farmácias de manipulação na cidade de Colatina e Vitória-ES. Através do resultado do questionário, adquiriram-se amostras de 3 (três) fabricantes de folhas de Ginkgo biloba L. em farmácia, lojas de produtos naturais e mercados da cidade de 46 Colatina-ES, conforme pode ser observado na figura 1. Em seguida, foram realizados testes de cromatografia em camada delgada (CCD) com o objetivo de identificação de constituintes químicos, teor de umidade e teor de cinzas, detecção de falsificação e adulteração, além de testes microbiológicos. Também foi feita uma análise das informações contidas nas embalagens para verificação se estavam de acordo com a Portaria nº 6/MS/SNVS, de 31 de janeiro de 1995,8 quanto às informações contidas na rotulagem, embalagem e bulas. Figura 1. Folhas secas de Ginkgo biloba L. na forma em que são comercializadas. Para a preparação da amostra a ser analisada, reduziu-se o material vegetal em partículas de tamanho homogêneo através de trituração. Para a obtenção do extrato foi utilizada a amostra vegetal obtida como descrito anteriormente. A preparação das amostras para a CCD consistiu na pesagem de 1,0 g destas amostras A, B e C, adicionou-se 10 ml de metanol e a mistura foi deixada sob refluxo em Soxlet por 30 minutos a 65°C. Obteve-se um líquido claro que foi evaporado em banhomaria a 60°C até secura e depois resuspendido em 2 ml de metanol, utilizando-se, então, 10µL deste material final para aplicação na CCD.9 Na CCD, a fase estacionária consistiu em placa de vidro 10x10 cm com uma camada de 25 mm de sílica gel 60 com indicador fluorescente UV254 da marca alemã Macherey-Nagel. Foram preparadas três placas para a analise dos extratos, sendo usado três fases móveis diferentes para a detecção dos vários flavonoides que são encontrados no Ginkgo biloba L., sendo para cada placa as seguintes fases móveis: Placa 1: a primeira mistura composta de acetato de etila/ácido acético glacial/ácido fórmico/água (100:11:11:26); Placa 2: a segunda mistura composta por clorofórmio/acetona/ ácido fórmico (75:16,5:8,5); Placa 3: a terceira mistura composta de tolueno/acetona (70:30). Em três cubas de vidro previamente saturadas com as misturas citadas anteriormente, foi feita a corrida para glicosídeos flavonoides e visualizou-se sob luz UV de 365nm.9 A análise de perda por secagem consistiu na pesagem de 1,0 g de cada uma das amostras pulverizadas em uma placa de petri previamente seca e tarada, levou-se em SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 estufa a 100-105 °C por 2h. A pesagem foi realizada e então, o material foi novamente colocado em estufa, sendo feitas mais duas pesagens, somando-se 3h e 4h a partir do início do procedimento. É interessante ressaltar que tal procedimento foi realizado em triplicata.10 A determinação do teor de cinzas consistiu no aquecimento ao rubro de um cadinho de porcelana durante 30 minutos em forno mufla. Esfriou-se em dessecador e pesou-se. Acrescentou-se ao cadinho 1,0 g da amostra pulverizada e foi feito seu espalhamento uniformemente no fundo do mesmo (procedimento realizado em triplicata). Secou-se em estufa durante 1h a 100-105 ± 5 °C e após este procedimento levou-se ao forno mufla aumentando a temperatura gradativamente, sendo 30 minutos em 200 °C, 60 minutos a 400 °C e 90 minutos a 600 ± 25 °C. O material foi esfriado em dessecador e pesado. O procedimento foi repetido a 600 ± 25 °C até massa constante, deixando-se esfriar em dessecador a cada incineração. 10 Para a pesquisa de bactérias aeróbias, foi utilizado o meio de cultura Agar Contagem de Placas (Agar métodos padrão), que é um meio de cultura ótimo para crescimento de Escherichia coli, Lactobacillus casei, Staphylococcus aureus entre outros, mas infelizmente não inibe o crescimento de fungos e leveduras. Por esse motivo, foi realizado o método de semeadura por profundidade, para tentar diminuir o crescimento destes microrganismos e confirmar se a contagem feita havia sido somente de bactérias ou se possivelmente havia fungos. Resultados e Discussão Na cromatografia em camada delgada (CCD) foram detectadas nitidamente em todas as amostras manchas reveladas em fonte luminosa UV de 365 nm e foram calculados seus respectivos Rf’s (coeficiente de retenção) para a identificação das mesmas. O agente revelador utilizado foi o cloreto de alumínio a 1% em etanol que é um agente revelador para flavonóides em geral. Isso ajudou a destacar as manchas encontradas nas amostras que foram corridas com três tipos de fases móveis diferentes, o que indicou a presença dos vários flavonóides que a literatura descreve conter no Ginkgo biloba L., conforme mostrado na figura 2 abaixo. De acordo com Hildebert, 9 uma mancha amarelo-laranja com Rf superior a 0,75 indica presença de agliconas flavonol e biflavonóides.9 Os Rf ’s das manchas reveladas para a placa 1 podem ser observados na Tabela 1. 47 Figura 2. Revelação em lâmpada de UV a 365 nm das Placas: (A) Placa 1, (B) Placa 2 e (C) Placa 3, em todos os casos contendo as amostras de estrato rotuladas por A, B e C. A Tabelas 2 e 3 a seguir mostram os dados obtidos para as demais placas, é interessante ressaltar que para as outras placas foram calculados diferentes valores de Rf, já que o processo de eluição com as outras misturas foram mais eficientes. Desse modo é possível verificar uma considerável variação de cores ao logo de todo caminho da fase móvel. SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 Tabela 1. Cálculos dos Rf’s das manchas reveladas na placa 1. Amostra A (Rf) Amostra B (Rf) Amostra C (Rf) Cálculo Resultado Cálculo Resultado Cálculo Resultado 5,5/6,7 0,8 5,5/6,7 0,8 5,45/6,7 0,8 A tabelas 2 e 3 a seguir mostram os dados obtidos para as demais placas, é interessante ressaltar que para as outras placas foram calculados diferentes valores de Rf, já que o processo de eluição com as outras misturas foram mais eficientes. Desse modo é possível verificar uma considerável variação de cores ao logo de todo caminho da fase móvel. Tabela 2. Cálculos dos Rf’s das manchas reveladas na placa 2. Amostra A (Rf) Cálculo Amostra B (Rf) Amostra C (Rf) ResultaResultaResultaCálculo Cálculo do do do 1/6,8 0,14 1/6,8 0,14 1/6,8 0,14 1,3/6,8 0,19 1,3/6,8 0,19 1,3/6,8 0,19 2,5/6,8 0,36 2,4/6,8 0,35 2/6,8 0,29 3,4/6,8 0,5 3,3/6,8 0,48 2,5/6,8 0,36 4/6,8 0,58 3,8/6,8 0,55 3,9/6,8 0,57 4,4/6,8 0,64 4,2/6,8 0,61 4,1/6,8 0,60 5,2/6,8 0,76 5/6,8 0,73 4,6/6,8 0,67 5,8/6,8 0,85 5,7/6,8 0,83 5,4/6,8 0,79 6,1/6,8 0,98 6,1/6,8 0,98 5,9/6,8 0,86 - - - - 6,2/6,8 0,91 Através dos Rf’s calculados, constatou-se a presença de várias substâncias, de acordo com Hildebert (1996). Estes autores afirmam que os Rf’s entre 0,25 e 0,4, com manchas nas cores amareloverde/laranja, indicam presença de rutina, quercetina, kaempferol e isorhamnetin-3-O-(2”-6”-di-O-L-rhamnopyranosyl)- -D-glucopyanoside. Os Rf’s de 0,45 a 0,49, apresentando cores verde-amarelo, indicam narcissin, isorhamntin-rutinoside. Rf’s na faixa de 0,5, com coloração azul claro fluorescente, indicam ácido 6-hydroxikynurenic kaempferol, quercentina3-O-(6”’-trans-p- coumaroyl-4”-glucosyl)- rhamnoside. Os Rf’s de 0,6, de cor laranja-amarelo, indicam quercitrina e os Rf’s acima de 0,6 e até 0,75, na cor verde-amarelo, indicam isoquercitrina e astragalin, dihydrokaempeferol-7-O-glucoseide. Já os Rf’s de 0,75 ou maiores, de coloração amarela-laranja, indicam preseça de agliconas flavonol e biflavonóides.9 48 Tabela 3. Cálculos dos Rf’s das manchas reveladas em luz UV na placa 3. Amostra A (Rf) Amostra B (Rf) Amostra C (Rf) Cálculo Resultado Cálculo Resultado Cálculo Resultado 0,5/7,1 0,07 0,4/7,1 0,05 0,5/7,1 0,06 0,9/7,1 0,12 0,7/7,1 0,09 0,8/7,1 0,10 1,2/7,1 0,16 1,1/7,1 0,15 1,1/7,1 0,15 1,6/7,1 0,22 1,5/7,1 0,21 1,5/7,1 0,20 2,1/7,1 0,29 1,9/7,1 0,26 1,9/7,1 0,26 2,6/7,1 0,36 2,5/7,1 0,34 2,4/7,1 0,33 3,5/7,1 0,49 3,3/7,1 0,46 3,3/7,1 0,46 3,8/7,1 0,53 3,6/7,1 0,51 3,7/7,1 0,51 4,6/7,1 0,65 4,7/7,1 0,66 4,6/7,1 0,64 5,6/7,1 0,78 5,6/7,1 0,78 5,6/7,1 0,78 6,5/7,1 0,91 6,5/7,1 0,91 6,4/7,1 0,90 Não se quantifica compostos químicos pelo método de CCD e, em se tratando de matéria-prima em forma de folhas, possivelmente cada amostra apresentaria valores diferentes, pois somente o extrato seco padronizado EGb 761 contém uma quantidade conhecida de princípio ativo, que a RDC 89/2004 diz que deve conter no mínimo 24% de ginkgoflavonóides e 6% de terpenóides 11. Em estudo feito por Bara,12 foi pesquisado o teor do princípio ativo contido no extrato seco de várias matériasprimas vegetais e foi encontrada uma amostra de Ginkgo biloba que possuía um teor de princípio ativo muito abaixo, o que levou à dedução de que a amostra se tratava do pó da planta e não do extrato. Isso mostrou a importância do uso do extrato seco padronizado para que se tenha um resultado eficiente e confiável, pois em outra forma como, por exemplo, o pó das folhas desta planta poderia conter ácido ginkgólico e por se tratar de uma substância alergênica não tem o uso recomendado. Nos extratos secos, sua concentração deve ser menor que 5 ppm. Para a análise de perda por secagem, todas as amostras mostraram-se dentro do ideal aceito que é de até 11% de umidade pela recomendação da OMS, sendo que a amostra A apresentou uma média de 6,43%, a amostra B de 5,82% e a amostra C de 6,02%. Em material vegetal, o baixo teor de umidade é importante, por se tratarem de amostras de folhas secas que não passaram por nenhum processo senão a secagem. A diminuição da atividade de água diminui também a possibilidade do crescimento de microrganismos e a deterioração a amostra.10 No ensaio para determinar o teor de cinzas, todas as amostras apresentaram resultados satisfatórios dentro do exigido pela OMS para folhas secas de Ginkgo biloba L. de SAPIENTIA - PIO XII <em revista> n‘ 12 Novembro/2013 no máximo 11%. A amostra A apresentou uma média de 9,22%, a amostra B de 10,97% e a amostra C de 10,76%. Este ensaio se fez importante pois através dele, seria possível detectar contaminantes inorgânicos não voláteis como pedras, cimento, pedaços de cerâmica e areia que é o mais comum entre outros se estivessem presentes 10. Na análise microbiológica, a monografia da OMS informa os limites aceitos para os microrganismos pesquisados na folha do Ginkgo biloba L. e foram obtidos os seguintes resultados, conforme pode ser observado na Tabela 4. Tabela 4. Resultados das análises microbiológicas.8 Microrganismos *Limites aceitáveis Resultado Amostra A Resultado Amostra B Resultado Amostra C Bactérias aeróbias <107 UFC/g 15x10-3 UFC/g 3x10-2 UFC/g 7x10-3 UFC/g Fungos <105 UFC/g <105 UFC/g Ausente <105 UFC/g Escherichiacoli <102 UFC/g Ausente Ausente Ausente Salmonella Ausência Ausente Ausente Ausente A Tabela 4 apresenta os resultados das análises microbiológicas das amostras A, B e C de Ginkgo biloba L. e, como pode ser observado, todas as amostras encontraram-se dentro da quantidade de colônias aceitas. A amostra B trazia em sua embalagem a informação de “produto esterilizado” e provavelmente por esse motivo o crescimento de microrganismo foi praticamente nulo. Estudos microbiológicos de fitoterápicos presentes na literatura demonstram que a quantidade de microrganismos encontrados nestes produtos raramente ultrapassa os valores aceitos de contaminação, o que está de acordo com os resultados encontrados no presente estudo. Isso foi demonstrado nos estudos de Andrade,13 em que foram feitas análises de matériasprimas e formulações farmacêuticas magistrais que incluíam o Ginkgo biloba na forma de extrato seco, cápsulas e folhas secas para chás. Porém, não se pode descartar a possibilidade deste tipo de contaminação, por se tratarem de materiais vegetais e seu cultivo, coleta e manipulação nem sempre serem feitos de forma higiênica, motivo pelo qual é necessário que seja efetuado o controle microbiológico destes produtos. Vários estudos pesquisam a qualidade e quantidade dos flavonóides encontrados no Ginkgo biloba L., mostrando a importância deste componente para a ação terapêutica desta planta, porém fica claro que o extrato seco deve ser a matéria-prima utilizada nas formulações deste fitoterápico. O grande problema de se consumir produtos como os chás das folhas dos vegetais é que não se sabe a quantidade do princípio ativo presente no produto, o que gera a possibilidade de ocorrência de reações adversas, como intoxicações, ou, ainda, o produto pode não apresentar o resultado esperado. O ideal é que os pacientes consumam produtos fitoterápicos que tenham seu extrato padronizado. O objetivo do controle de qualidade é que o produto 49 atenda adequadamente o seu consumidor não gerando riscos para sua saúde e, ao mesmo tempo, trazendo benefícios para o mesmo, de acordo com as normas disponíveis na literatura. Isso se aplica aos fitoterápicos, sendo essas análises de extrema importância para a garantia de que um produto bom e eficiente seja colocado no mercado. Dessa forma, observou-se através dos testes realizados neste trabalho que as três amostras de Ginkgo biloba L. analizadas encontravam-se dentro dos limites esperados para os testes quantitativos. No caso da cromatografia em camada delgada, apesar de o método ser qualitativo, se mostrou importante por apresentar resultados que indicaram a presença dos flavonóides característicos do Ginkgo biloba L., de acordo com as descrições das literaturas pesquisadas. Referências 1.BarnesJ,AndersonLA,PhillipsonJD2005.Plantasmedicinales: guía para los profesionales de la salud. Barcelona:Pharma Editores. 2. SIimões CMO et al 1999. Farmacognosia: da planta ao medicamento. Florianópolis:UFSC; Porto Alegre: Ed. da UFRGS. 3. Veiga Junior VF, Pinto AC, Maciel MAM 2005. Plantas medicinais: cura segura? Química Nova 28: 519-528. 4. 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