Geografia

Propaganda
Professor • Sabbath
Aluno (a): _____________________________________
01
15/02/2013
Geografia
Guerra Fria
e descolonização
As sombras da Guerra Fria
internacional, que dividiram o mundo em capitalista e socialista.
Dessa oposição derivou uma imensa corrida armamentista,
ideológica e territorial, que colocou o mundo à beira do extermínio
total. De 1945 a 1991, a crescente polarização e tensão entre esses
dois blocos e suas implicações em todo o mundo caracterizaram a
chamada Guerra Fria.
O desenvolvimento do capitalismo no Ocidente, nesse período,
aconteceu diante e em confronto com o crescimento comunista. Da
disputa entre os blocos surgiram desde o crescimento econômico,
científico e tecnológico, até as guerras, invasões e disputas mais
violentas, além de um clima de pânico constante. Assim, a grande
novidade do século XX desde a Revolução Russa de 1917 foi que o
socialismo impulsionou transformações dentro do capitalismo, mas
pagando um preço alto: anos de instabilidade e crise constante que
colocavam o mundo diante da expectativa de uma nova guerra,
maior que as anteriores.
A criação da ONU
O então presidente norte-americano, Barack Obama, e o então presidente
russo, Dmitri Medvedev, assinam o Tratado de Redução de Armas
Estratégicas no Castelo de Praga. República Tcheca, 2010. O Tratado é um
avanço nas negociações para redução de ogivas nucleares. Analistas
acreditam, contudo, que o Tratado também servirá para pressionar países
interessados em desenvolver programas nucleares.
Em 8 de abril de 2010, os então presidentes dos Estados Unidos
(Barack Obama) e da Rússia (Dmitri Medvedev) renovaram o Tratado
de Redução de Armas Estratégicas (Start, na sigla em inglês).
Considerado um momento histórico, os dois países se
comprometeram em ter, no máximo, 1.550 ogivas nucleares cada
um. O tratado também previa um limite de mísseis balísticos intercontinentais.
Há pouco mais de vinte anos, Estados Unidos e União Soviética
eram superpotências inimigas que dividiam o mundo em dois blocos
de influência. Buscando o domínio global, iniciaram uma corrida
armamentista caracterizada pela construção de armas nucleares e
equipamentos de guerra que, se usados, poderiam acabar com a vida
do planeta.
Essa disputa perdeu sentido com o fim da União Soviética, em
1991, que inaugurou a era da supremacia política e militar norteamericana sobre o mundo. O arsenal bélico dos dois países, porém,
ainda constitui uma sombra desse período e um perigo em potência
para a humanidade. Com o Start, Estados Unidos e Rússia deram um
importante passo nas relações diplomáticas e no processo de
desarmamento, principalmente das ogivas nucleares.
A Guerra Fria
E Depois das guerras, a Guerra Fria
Em termos gerais, a consequência mais importante do final da
Segunda Guerra Mundial foi o fim da hegemonia mundial europeia.
Estados Unidos e União Soviética passaram a disputar a supremacia
econômica, militar, política e cultural. Em torno dessas novas
superpotências foram criados dois blocos de poder e de atuação
www.cursosimbios.com.br
Quando a Segunda Guerra Mundial terminou em agosto de
1945, o saldo foi devastador: cerca de 55 milhões de mortos, mais de
35 milhões de feridos e 3 milhões de desaparecidos. Para a maioria
das nações vencedoras, era preciso criar um mecanismo de controle
internacional que evitasse não só uma Terceira Guerra Mundial, mas
principalmente o início de uma nova e potencialmente pior: a guerra
nuclear.
Foi com essas preocupações que, em 24 de outubro de 1945,
foi criada a Organização das Nações Unidas (ONU). Reunindo
representações da maioria dos países do mundo, a ONU nascia com a
obrigação de manter a paz mundial, garantir a defesa dos direitos
humanos e a igualdade entre os diferentes povos [doc. 1], Embora a
ONU tenha nascido com esses objetivos, durante a Guerra Fria, quem
ditava o ritmo dos acontecimentos eram os blocos formados e
dominados por Estados Unidos e União Soviética.
DOC 01.
Carta Geral das Nações Unidas (1945)
"Artigo 1
Os propósitos das Nações Unidas são:
1.
Manter a paz e a segurança internacionais e,
para esse fim: tomar, coletivamente, medidas
efetivas para evitar ameaças à paz e reprimir os
atos de agressão ou outra qualquer ruptura da
paz e chegar, por meios pacíficos e de
conformidade com os princípios da justiça e do
direito internacional, a um ajuste ou solução das
controvérsias ou situações que possam levar a
uma perturbação da paz; [...]
3.
Conseguir uma cooperação internacional para
resolver os problemas internacionais de caráter
econômico, social, cultural ou humanitário, e
para promover e estimular o respeito aos direitos
humanos e às liberdades fundamentais para
todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou
religião [...]."
Nações Unidas no Brasil. Disponível em www.onu-brasil.org.br. Acesso em 28 abr. 2010.
1
Além daquela linha ficam as capitais dos antigos
Estados da Europa Central e Oriental. Varsóvia, Praga,
Viena, Budapeste, Belgrado, Bucareste e Sofia, todas
essas cidades famosas e as populações adjacentes
estão sujeitas à influência soviética e ao crescente
controle de Moscou.
Os partidos comunistas, que eram muito
pequenos em todos esses países da Europa Oriental,
foram colocados em preemi- nência e poder muito
além de seu número e estão procurando obter em toda
frente o controle totalitário.
Eu não acredito que a Rússia soviética deseje a
guerra. 0 que eles querem são os frutos da guerra e
uma indefinida expansão do seu poder e doutrinas.
[...]"
CHURCHIL, Winston. Discurso no Westminster College, de Fulton, Missouri.
[5 maio 1946]. In: Coletânea de documentos históricos para o l9 grau - 5- a 8S
séries. São Paulo: SE/Cenp, 1980. p. 95.
DOC 03.
Representantes de vários países na conferância de fundação das Nações
Unidas no Opera House. São Francisco, Estados Unidos, 1995
O mundo dividido em dois
A divisão do mundo entre socialismo e capitalismo começou a
se delinear na Conferência de Ialta, cidade da Crimeia, na região do
Mar Negro, em fevereiro de 1945, antes mesmo do fim da Segunda
Guerra Mundial. Ali, os líderes dos Estados Unidos (Franklin D.
Roosevelt), da Grã- Bretanha (Winston Churchill) e da União Soviética
(Josef Stálin) se reuniram para delimitar suas zonas de influência. Os
acordos resultantes desse encontro delinearam o mapa do mundo
sob a Guerra Fria. A União Soviética impôs seu controle sobre os
países do Leste europeu e os Estados Unidos assumiram a hegemonia
política e econômica da maior parte do mundo capitalista, como a
Europa Ocidental, a América Latina e o Japão [doc. 2].
O grande símbolo da repartição do mundo aconteceu na
Alemanha. Após a Segunda Guerra Mundial, o país foi ocupado pelos
vencedores e dividido em duas áreas, uma capitalista outra socialista.
O país e a capital, Berlim, foram repartidos entre a União Soviética,
de um lado, e Estados Unidos, França e Grã-Bretanha do outro. Em
1949, a Alemanha foi dividida em dois países: nascia a República
Democrática da Alemanha, com capital em Berlim, situada na zona de
influência soviética, e a República Federal da Alemanha, com capital
em Bonn, sob a influência dos países capitalistas [doc. 3]. A cidade de
Berlim também foi dividida em duas partes, mas as pessoas podiam
ainda transitar de um lado a outro da cidade. Em 1961, foi construído
o Muro de Berlim, que separava fisicamente o lado oriental do lado
ocidental.
DOC 02.
A "cortina de ferro"
Leia o discurso feito em 1946 pelo então primeiro-ministro
inglês, Winston Churchill, sobre a influência da União Soviética
sobre o Leste europeu.
"Uma sombra caiu sobre as cenas tão
recentemente iluminadas pela vitória aliada. Ninguém
sabe o que a Rússia Soviética e a sua Organização
Comunista Internacional pretendem fazer em futuro
imediato, ou quais são os limites de suas tendências
expansionistas e proselitistas.
De Stettin, no Báltico, a Trieste, no Adriático,
uma cortina de ferro desceu através do continente.
www.cursosimbios.com.br
Fonte: CHALIAND, Gérard; RAGEAU, Jean-Pierre. Atlas strategíque. Paris:
Complexe, 1988. P. 40 e 97
A reconstrução capitalista
Antes mesmo do final da Segunda Guerra Mundial, uma
conferência conhecida como Bretton Woods (1944) decidiu que era
preciso criar instituições e normas para administrar a economia
mundial e salvar o capitalismo. Assim, nasceram instituições como o
Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial. No pósguerra, o poder econômico, político e militar dos Estados Unidos
impôs o dólar como a moeda internacional, e o país assumiu a
responsabilidade de prover a liquidez internacional, tornando-se o
grande empresta- dor de dinheiro para o mundo capitalista.
2
O Plano Marshall
DOC 04.
A Guerra Fria gerou outra alternativa de transferência de
recursos para a Europa, sem as restrições políticas das instituições de
Bretton Woods: o Plano Marshall, um programa de ajuda econômica
dos Estados Unidos para reconstruir países europeus destruídos pela
guerra [doc. 4], Seu objetivo principal era evitar a influência
comunista na Europa Ocidental e garantir a hegemonia norteamericana sobre a região. Em resposta à iniciativa dos Estados
Unidos, em 1949, a União Soviética criou o Conselho para Assistência
Econômica Mútua (Comecon), com o objetivo de garantir auxílio
mútuo entre os países socialistas.
Elaborado pelo general George Catlett Marshall, o Plano
Marshall permitia aos Estados Unidos oferecer à Europa matériasprimas, produtos e capitais, na forma de créditos e doações. Em
contrapartida, o mercado europeu não podia impor qualquer
restrição à atividade das empresas norte-americanas. Estima-se que
entre 1948 e 1952, por meio do Plano Marshall, os Estados Unidos
forneceram cerca de US$ 13 bilhões para a reconstrução europeia, o
que, em valores atuais reajustados, equivaleria a mais de 130 bilhões
de dólares [doc. 5]. Depois da vitória da revolução comunista na
China, os Estados Unidos estenderam o Plano Marshall ao Japão,
incentivando a reforma agrária e a formação de grandes indústrias.
Isso permitiu a fantástica recuperação econômica japonesa a partir
dos anos 1950, sua ocidentalização e a dependência em relação à
economia norte-americana.
Os Estados Unidos eram quem fornecia diretamente
empréstimos bilaterais e doações para reconstruir a Europa e o
Japão. Como o dólar era a moeda das trocas internacionais, ter
dólares era essencial para as economias em reconstrução.
Duas grandes fontes de dólares foram a instalação de bases
militares, cuja construção e pagamentos aos soldados eram feitos em
moeda norte-americana, e a instalação de empresas dos Estados
Unidos, as "multinacionais", nos países situados na sua área de
influência.
Cartaz alemão de 1950 em que está escrito: “Passagem livre para o Plano
Marshall”
DOC 05.
Fonte: História do século 20: 1942-1956. São Paulo: Abril Cultural, 1968, p.2.327
www.cursosimbios.com.br
3
O Estado de bem-estar social
A reconstrução do capitalismo na Europa não foi feita
respeitando os princípios do liberalismo. No pós--guerra, a
reconstrução dos países europeus contou, além do dinheiro do Plano
Marshall, com um novo papel atribuído ao Estado como regulador da
economia e da vida social.
O programa de reconstrução da Europa combinou princípios da
economia de mercado, capitalista, com as exigências de justiça social,
o bem-estar social, que era a principal bandeira do socialismo. O
Estado de bem-estar social, também chamado de Welfare State, foi
estabelecido principalmente nos países da Europa Ocidental, como
Grã-Bretanha, França, Alemanha Ocidental e nos países
escandinavos. Ele priorizava a educação, a saúde e os direitos sociais
dos trabalhadores.
Na Europa, durante a Guerra Fria, o Welfare State garantiu a
permanência da democracia e do capitalismo, agora transformado
pela idéia de prioridade para o bem- estar social [doc. 6].
DOC 06.
Definindo o Estado de bem-estar social
"Se a investigação mais recente permitiu [...]
esclarecer melhor a complexa rede de determinações
econômicas, ideológicas e políticas que definem e
diferenciam o Estado de bem-estar social
contemporâneo dos sistemas anteriores de organização
das políticas sociais governamentais, ela também
explicitou melhor as diferenças que separam as várias
experiências nacionais do mesmo Welfare State
[Estado de bem-estar social]. Já não cabe a menor
dúvi da, por exemplo, de que o modelo norteamericano tem muito pouco a ver com o modelo
nórdico, e este com o da Europa continental, e de
todos eles com o Japão. Para não falar de sua
diferença com o welfare [bem-estar] que fo sendo
construído em algumas periferias capitalistas, em
particular no caso latino-americano. [...]"
FIORI, José Luís. Estado do bem-estar social: padrões e crises.Disponível em www.iea.usp.br.
Acesso em 3 maio 2010. p. 5-6.
A perseguição ao "inimigo"
Nos Estados Unidos, o período imediatamente posterior à
Segunda Guerra Mundial assistiu a uma perseguição violenta e
sistemática a tudo que pudesse representar antiamericanismo ou
simpatia pelo socialismo e, sobretudo, pelo comunismo soviético. Nos
Estados Unidos, essa perseguição sistemática ficou conhecida como
macartismo, em alusão a Joseph McCarthy, senador anticomunista.
A campanha de perseguição teve como alvo tanto pessoas
ligadas à arte e à cultura quanto trabalhadores e sindicalistas. Durante
o macartismo, as pessoas consideradas suspeitas eram presas,
demitidas de seus empregos, proibidas de trabalhar, além de passar
por interrogatórios, muitos deles transmitidos pela televisão para todo
o país.
Na União Soviética, o Partido Comunista, utilizando a justificativa
de se defender da propaganda capitalista e de seus agentes, organizou
uma grande máquina de perseguição, prisão e assassinato de todos
aqueles que eram considerados dissidentes, tanto os de direita quanto
aqueles de esquerda que tivessem opiniões e princípios diferentes do
partido.
As agências de espionagem
Um sistema de investigação e espionagem fortíssimo foi criado,
tanto na União Soviética quanto nos Estados Unidos. No caso norteamericano, esse sistema era organizado pela Agência Central de
Inteligência (CIA). Na União Soviética, esse papel cabia à KGB, que agia
em vários países do bloco socialista, associada também às polícias
políticas e agências de espionagem locais, como a temida Stasi, da
Alemanha Oriental.
A Grã-Bretanha também manteve uma vasta rede de
espionagem pelo mundo, associada aos interesses dos Estados Unidos.
O governo inglês usou a imagem de sua espionagem internacional para
criar uma eficiente máquina de propaganda por meio do cinema. É o
caso dos filmes estrelados pelo personagem 007, um espião a serviço
da Coroa britânica que, em seus primeiros filmes, basicamente lutava
contra comunistas e fazia propaganda de produtos (carros, roupas etc)
ingleses [doc. 7], Os filmes de 007 continuam até hoje, constituindo-se
um resquício do tipo de propaganda ideológica da Guerra Fria.
A corrida espacial
A disputa entre Estados Unidos e União Soviética em torno da
corrida espacial não foi apenas uma forma de investimento econômico,
mas significava também uma hegemonia política e cultural. Com a
conquista do espaço, cada um dos blocos queria se mostrar mais
"avançado" e moderno, portanto mais ligado ao futuro, do que o outro.
A corrida espacial era parte da máquina de propaganda da
Guerra Fria e teve seus momentos espetaculares. Em 1957, a União
Soviética lançou o foguete Sputnik, "tripulado" pela cadela Laika, que
se tornou o primeiro ser vivo a ir ao espaço. O último grande episódio
dessa disputa aconteceu em 1969, quando boa parte do mundo
assistiu ao vivo pela televisão à chegada do homem à Lua, com a
missão espacial norte-americana Apollo 11 [doc. 8].
DOC 07.
"Qualquer que seja o tempo, somente alcançaremos o bem -estar social
juntos" cartaz de 1947. O financiamento do Estado de bem-estar social pelo
Plano Marshall também foi uma maneira de impediro avanço soviético no
continente europeu.
www.cursosimbios.com.br
Cena do filme Moscou contra 007, de Terence Young, Grã-Bretanha, 1964. Nesse filme, o
agente britânico James Bond tem a missão de ajudar uma agente espiã soviética desertora.
4
A corrida armamentista
Tanto nos Estados Unidos quanto na União Soviética, a
economia interna foi direcionada para uma economia de guerra. A
corrida armamentista, tecnológica (voltada para a energia nuclear) e
aeroespacial animava a economia, absorvia boa parte dos empregos
e da mão de obra. União Soviética e Estados Unidos se tornaram
verdadeiras máquinas de guerra voltadas para o controle de seus
satélites e para o desenvolvimento interno de suas economias.
Os conflitos políticos e econômicos do período foram marcados
por um perigo iminente, que foi progressivamente usado como
pressão e ameaça internacional: a bomba atômica. De uma certa
forma, a manipulação e a produção de arsenal bélico nuclear mudou
a configuração e a política internacional e, consequentemente, o
equilíbrio político do período, além de efetivamente colocar em risco
a vida no planeta.
Depois dos norte-americanos, que usaram a bomba nuclear
duas vezes contra o Japão, a União Soviética fabricou sua bomba em
1949. Em 1952, a Grã-Bretanha fabricou a sua e, nos anos 1960, foi a
vez da China comunista e da França anunciarem sua capacidade
nuclear. A rivalidade fez com que as superpotências passassem a
acumular um arsenal nuclear capaz de aniquilar o planeta várias
vezes.
DOC 09.
DOC 08.
Caricatura russa de 1949 que representa o Tio Sam (Estados Unidos)
forçando os países da Europa Ocidental a assinar o Tratado do Atlântico
Norte.
Os países não alinhados
O astronauta Edwin E. Aldrin Jr. Posa ao lado da bandeira norte-americana
na Lua, em 24 de julho de 1969. À esquerda, é possível reconhecera sombra
do módulo lunar da Apollo 11
Otan e Pacto de Varsóvia
A polaridade política, a nova tecnologia militar destrutiva e a
fraqueza da ONU resultaram em outra repartição de poderes e zonas
de influência. Decididos a ter controle total sobre sua área de
influência, no mesmo ano em que a União Soviética anunciou sua
bomba atômica, os Estados Unidos comandaram a criação da
Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) [doc. 9], O objetivo
declarado era garantir a defesa dos países associados no caso de um
ataque da União Soviética. Mesmo com o fim da Guerra Fria e da
União Soviética, a Otan ainda existe, demonstrando que não se
tratava apenas de um acordo ocasional, mas de uma estratégia de
domínio global.
Em contrapartida, em 1955, a União Soviética criou o Pacto de
Varsóvia, reunindo os Estados do Leste europeu sob seu domínio. A
única exceção foi a Iugoslávia, então dirigida pelo Marechal Tito, cuja
política era tentar uma certa independência em relação a Moscou. As
principais ações do Pacto foram internas e não externas ao bloco. As
forças do Pacto de Varsóvia foram usadas para reprimir
manifestações populares que exigiam abertura política ou criticavam
as imposições do regime soviético, como ocorreu na Hungria e na
Polônia, em 1956, e na Tchecoslováquia, em 1968.0 Pacto de
Varsóvia foi extinto com o fim da União Soviética e do socialismo no
Leste europeu a partir de 1991.
www.cursosimbios.com.br
Uma terceira associação internacional tentou criar um bloco de
países que pretendia permanecer fora do jogo entre União Soviética
e Estados Unidos, reivindicando uma certa neutralidade. Em 1955,
um grupo de países afro-asiáticos se reuniu na Conferência de
Bandung, formando o bloco que ficou conhecido como de países não
alinhados. Esses países, liderados pela índia, lutavam também para
conseguir sua emancipação política, econômica e cultural dos antigos
impérios europeus [doc. 10].
DOC 10.
Comunicado final da Conferência de Bandung (1955)
"[. .] As nações deveriam praticar a tolerância,
viver em paz num espírito de boa vizinhança e
desenvolver uma cooperação amigável na base dos
seguintes princípios: [...]
2.
Respeito da soberania e integridade territorial de
todas as nações;
3.
Reconhecimento da igualdade de todas as raças
e da igualdade de todas as nações, pequenas e
grandes;
4.
Não intervenção e não ingerência nos negócios
dos outros países; [...]
6.
a) Recusa de recorrer a acordos de defesa
coletiva destinados a servir aos interesses
particulares das grandes potências, quaisquer
que sejam elas. [...]"
In: MATTOSO, Kátia M. de Queirós (Org.). Textos e documentos para o estudo da história
contemporânea: 1789-1963.São Paulo: Hucitec/Edusp, 1977. p. 202.
5
Download