CIRCULAR N° 124 JULHO/02 ISSN 0100-3356 MANEJO INTEGRADO DAS PRINCIPAIS DOENÇAS E DE PRAGAS DA CULTURA DA BATATA Uma visão holística de controle para o Estado do Paraná1 2 Aírton D. Brisolla, MSc - Bntomologia Nilceu R.X. de Nazareno, PhD - Fitopatologia 3 Renato Tratch, MSc - Manejo de Solo e Fítossanidade 4 Rui S. Furiatti, PhD - Bntomologia 4 David S. Jaccoud Filho, PhD - Fitopatologia 2 (Complementar à Circular N° 118) INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ - IAPAR 1 Recursos advindos do PRONAF/Difusão de Tecnologia Área de Proteção de Plantas; Pólo Regional de Pesquisa de Curitiba; Caixa Postal 2031; 80011970 Curitiba, PR 3 Pontifícia Universidade Católica do Paraná e Faculdades Integradas "Espírita". 4 Universidade Estadual de Ponta Grossa - UEPG 2 INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ VINCULADO À SECRETARIA DE ESTADO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO Rodovia Celso Garcia Cid km 375 - Fone: (43) 3376-2000 - Fax: (43) 3376-2101 Cx. Postal 481 - 86001-970 - LONDRINA-PARANÁ-BRASIL Visite o site do IAPAR: http://www.pr.gov.br/iapar DIRETORIA EXECUTIVA Diretor-Presidente: Florindo Dalberto PRODUÇÃO Coordenação Gráfica: Márcio Rosa de Oliveira Arte-final: Sílvio Cézar Boralli / Capa: Tadeu K. Sakiyama Impresso na Área de Reproduções Gráficas Todos os direitos reservados ao Instituto Agronômico do Paraná. É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem a autorização prévia do IAPAR. M274 - Manejo integrado das principais doenças e pragas da cultura da batata - uma visão holística de controle para o Estado do Paraná / Airton D. Brisolla... [et ai.] Londrina : IAPAR, 2002. 43f. il. (IAPAR. Circular, 124). Complementar à Circular n. 118. ISSN: 0100-3356 1. Batata - Doenças e pragas - Paraná. 2. Batata Doenças e pragas - Controle - Paraná. I. Brisolla, Airton D. II. Instituto Agronômico do Paraná, Londrina, PR. III. Série. CDU 632.633.491 SUMÁRIO Pâg. INTRODUÇÃO 5 MANEJO INTEGRADO DE DOENÇAS Doenças Fúngicas 6 6 (Rizoctoniose, Sama pulverulenta, Sama prateada, Podridões secas de tubérculos, Murcha de Fusarium sp, outras doenças fúngicas). Doenças Viróticas 15 (Vírus do enrolamento da folha, Mosaicos). Doenças Bacterianas 21 (Murchadeira, Canela preta e Podridão mole, Sama comum). MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 29 .. . 39 INTRODUÇÃO O Paraná continua sendo um dos principais Estados na produção agrícola, onde a cultura da batata (Solanum tuberosum L) é um dos destaques. Especificamente para essa cultura, é na Região Metropolitana de Curitiba e seus arredores que se concentra a maior parte do cultivo, chegando a corresponder a aproximadamente 70% da área do Estado. Apesar de estar muito bem adaptada em nossa região, essa cultura necessita de intenso controle químico preventivamente, em virtude de haver condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento de epidemias de doenças e pragas. As doenças fúngicas foliares, requeima e pinta preta, importantes na Região Sul, são as responsáveis pela maioria do consumo de fungicidas nas lavouras. Uma revisão sobre as principais características epidemiológicas e controle integrado dessas duas doenças podemser encontradas na Circular 118, do IAPAR. Uma característica do sistema de produção da região é que a cultura da batata é rotacionada com outras como a do milho e do feijão, ou serve como renovadora de pastagens. Pelo seu tipo de reprodução vegetativa e pela inexistência de métodos e equipamentos de colheita que permitam a completa catação dos tubérculos nessa operação, inevitavelmente sempre são encontradas plantas voluntárias dentro das outras culturas do sistema de produção, durante todo o ano, através da brotação dos tubérculos remanescentes e emergência de plantas. Essas plantas permanecem no campo sem nenhum acompanhamento e servem como fonte de sobrevivência para doenças e pragas da cultura. Assim, as plantas voluntárias se constituem em um dos principais desafios para o manejo integrado de doenças e pragas da batata em nossa região. Outro fator importante a ser considerado para o manejo integrado de doenças e pragas da cultura da batata é que a região metropolitana de Curitiba e seus arredores se constituem numa importante zona de captação de água para a população. Portanto, os riscos do uso indiscriminado de agroquímicos devem ser diminuídos. Além disso, o número de produtores de batata interessados em modificar seus sistemas de produção para o orgânico e alternativos ao convencional está aumentando gradativamente. Este boletim técnico tem como objetivos: 1) trazer alguns conceitos de manejo integrado para outras doenças e pragas não contem5 piadas na Circular 118; 2) apresentar alguns conceitos que possam oferecer aos pequenos produtores e aos técnicos do serviço de extensão rural, o conhecimento básico para o desenvolvimento de estratégias preventivas e de controle de doenças e pragas que minimizem o impacto que as tradicionais tecnologias oferecem ao meio ambiente. MANEJO INTEGRADO DE DOENÇAS As doenças que serão abordadas nesta publicação se constituem em grandes desafios aos produtores de batata, tanto no sistema de produção convencional como no orgânico, porque muitas delas são veiculadas pelo solo, como a rizoctoniose e a sarna pulverulenta, de difícil controle, como as de origem bacteriana, à exemplo do complexo de podridão mole e canela preta, ou a sarna comum. Além dessas, pretende-se abordar as principais doenças de origem virótica, cujo controle tem que levar em conta o manejo de seus insetos vetores. Será descrita, resumidamente, a sintomatologia que as caracterizam, principais aspectos da epidemiologia e medidas a serem consideradas para prevenir as perdas em produção. DOENÇAS FÚNGICAS Rizoctoniose (Rhizoctonia solani Kühn) A rizoctoniose é uma doença de ocorrência frequente nas diversas regiões produtoras de batata, especialmente naquelas de cultivo intensivo, onde os sistemas de rotação são normalmente colocados em segundo plano. Negligenciar a rotação de culturas, como também a utilização de tubérculos sementes contaminados em áreas novas, têm sido os maiores responsáveis pelo aumento substancial das lavouras infectadas por R. solani e, consequentemente, o aumento do potencial de danos. R. solani é um fungo que tem seu ataque facilitado pela demora na emergência das brotações novas ou hastes dos tubérculos, especialmente sob condições climáticas adversas, como temperaturas baixas, alta umidade dos solos e profundidade de plantio dos tubérculos (> 10 cm). Além desses fatores, o acúmulo de matéria orgânica não decomposta e o ataque de pragas, também podem facilitar a vulnerabilidade das plantas ao ataque do fungo. 6 As fases de maior suscetibilidade da cultura ao ataque desse patógeno variam do plantio à fase de amontoa, correspondendo aproximadamente ao período de 25 a 40 dias após o plantio. R. solani, mesmo na fase de armazenamento, pode ocasionar o comprometimento e morte de brotações novas nos tubérculos-semente infectados. Nas fases de pré e pós-emergência os sintomas se caracterizam por lesões fundas, amarronzadas a marrom-avermelhadas, que evoluem para a morte dos brotos. Com a emissão de novas brotações, estas também podem ser infectadas pelo fungo. A emissão das novas brotações para compensar as mortas, favorece o esgotamento de energia dos tubérculos-semente, podendo haver o comprometimento da densidade de plantas nos campos de produção. Além do ataque das brotações novas, a doença também pode comprometer os estolões e a haste principal, ocorrendo a expressão dos mesmos sintomas descritos anteriormente (Figura 1). . Dependendo da quantidade de propágulos do fungo disponivel para o ataque, a intensidade dos sintomas pode variar de pequenas "ranhuras" ou necroses nas hastes ou estolões, até lesões mais deprimidas que chegam a envolver toda haste da planta. Esses ferimentos podem possibilitar o surgimento de outros sintomas refleFigura 1. Ataque de rizoctoniose em batata xos na parte aérea das formando cancros com estranguplantas. Pode-se observar lamento de hastes. (Foto: N. Nazaconcentração de pigreno). mentos arroxeados nas folhas, enrolamento apical dos folíolos, produção de tubérculos aéreos (Figura 2) e clorose dos folíolos superiores das plantas. Sintomas estes que podem ser confundidos com os do vírus do enrolamento das folhas. Portanto, para a identificação da doença, é importante a observação de sintomas nas brotações, estolões e hastes das plantas de batata no campo. 7 Em condições intensas de ataque, pode-se observar com freqüência nos tubérculos formados, a presença da "crosta negra" ou "mancha de piche", firmemente aderidas à casca, mesmo após a lavagem dos tubérculos (Figura 3). Além desses sintomas típicos, os tubérculos Figura 2. Sintoma indireto do ataque de rizoctotambém podem niose através da produção de tubérapresentar sintomas culos aéreos. (Foto: N. Nazareno). de "enrugamento" da casca e "deformação dos tubérculos" ou "rachaduras" as quais se assemelham a distúrbios fisiológicos. Figura 3. Tubérculos de batata com vá rios graus de severidade dos sintomas, denominados "piche" ou as falto. (Foto: N. Nazareno). Medidas de controle antes do plantio • Utilização de tubérculos-semente sadios: tubérculos com "crosta preta" são uma das principais formas de disseminação do fungo para novas áreas; portanto, a utilização de sementes sadias é de grande importância para se evitar a introdução do fungo. • Sobrevivência do fungo: considerando que R. solani sobrevive no solo mesmo depois da safra e que este fungo ataca vários outros cultivos, deve-se ter o cuidado de preparar o solo com antecedência 8 • • para a eliminação ou redução dos restos culturais ou através de sua incorporação ao solo, visando à degradação mais rápida dos restos contendo o fungo. Época de plantio: sendo as condições favoráveis para o ataque de R. solani, as mesmas que atrasam a emergência, recomenda-se o plantio em solos com umidade e temperatura adequadas a uma rápida emergência, isto é, evitar solos frios e úmidos. Profundidade de semeadura: para a emergência rápida e segura das brotações, realizar um bom preparo do solo e plantar o tubérculo semente na profundidade adequada (5 a 7 cm). Sarna pulverulenta (Spongospora subterranea (Wallr.) Lagerh. f. sp. subterranea Tomlinson) A doença é conhecida pelos produtores como "sarna" ou "espongospora". No Brasil, a sua detecção já foi reportada no Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Distrito Federal e, mais recentemente, Paraná. As lavouras atacadas não apresentam sintomas visíveis na folhagem, pois o fungo ataca superficialmente os tubérculos e raízes, sem ocasionar reflexos significativos na parte aérea das plantas. A infecção é favorecida por temperaturas baixas e solos úmidos e por meio de injúrias ou aberturas naturais da planta. A doença é mais severa em áreas de baixadas, com acúmulo de umidade e em lavouras irrigadas. As observações de campo também têm demonstrado maior severidade da doença em solos mais arenosos do que em argilosos. Os sintomas da doença tornam-se evidentes principalmente no início da formação dos tubérculos (Figura 4), os quais apresentam lesões com formato arredondado ou irregular, em forma de "pústulas ou verrugas", com entumescimento ou depressão no centro. O tecido atacado Figura 4. Tubérculos de batata com pústulas apresenta-se com o cresde sarna pulverulenta. (Foto: N. Nacimento irregular, nozareno). tando-se uma massa negra de pó quando a lesão está madura. Os tubérculos atacados podem ser deformados. Nas raízes ou estolões, pode-se observar "verrugas", entre 2 e 10 mm, inicialmente com coloração marrom-clara e, posteriormente, tornando-se escuras e pulverulentas com o tempo. Esse pó negro (esporos) corresponde às estruturas do fungo que sobrevivem no solo por mais de 10 anos e são de extrema importância para o diagnóstico da doença e diferenciação da sarna comum. Os esporos de resistência, além de sobreviverem no solo, não perdem a viabilidade mesmo passando pelo trato digestivo dos animais. Assim, o estéreo bovino pode estar contaminado, caso seja dado ao animal tubérculos contaminados com "espongóspora". As áreas lesionadas facilitam a entrada de outros patógenos indutores de podridões secas e/ou moles, os quais podem mascarar a presença de S. subterranea, devido ao grau de deterioração dos tubérculos. Além de batata, o patógeno também pode infectar outras solanáceas, tais como S. nigrum e S. lycopersicum (tomate), além de raízes de nabo e canola. Medidas de controle antes do plantio • Qualidade do tubérculo-semente: como a sarna pulverulenta é transmitida pelo tubérculo infectado, evitar plantio com semente oriunda de campo infectado é certamente a medida mais importante a ser tomada para evitar a introdução dessa doença numa região produtora. • Escolha da área de cultivo: considerando que o fungo sobrevive por longos períodos no solo, saber se houve ocorrência da doença na área. Procurar cultivar a batata em locais onde não há acúmulo de umidade ou encharcamento do solo. • Variedades resistentes: não se corihece até o momento variedades resistentes ao fungo. No Paraná, á doença foi detectada nas variedades Bintje e Achat e no Estado de São Paulo, acredita-se que a doença se tornou limitante em 'Achat' produzida sob pivot central, tal a sua suscetibilidade naquelas condições favoráveis. • Rotação de cultura: a sobrevivênvia do fungo no solo por muito tempo, impossibilita o cultivo da batata por vários anos, estimando-se pelo menos 10 anos de cultivo com espécies não hospedeiras. Assim, recomenda-se rotação de culturas especialmente com gramíneas. 10 Medidas de controle após o plantio • Irrigação: como a disseminação do patógeno é favorecida pela água e a cultura é mais vulnerável especialmente no período de 3 a 4 semanas após a iniciação da formação dos tubérculos, sugere-se a suspensão da irrigação em áreas comprometidas, na tentativa de reduzir a disseminação do fungo para outras áreas da lavoura. • Tratos culturais: não utilizar implementos agrícolas provenientes de áreas infestadas com o patógeno. Estruturas do fungo certamente poderão estar aderidas aos restos culturais e a porções de solo contaminado. Sarna prateada (Helminthosporium solani Dur. & Mont.) A sarna prateada era uma doença de armazenamento, onde sua ocorrência estava associada ao murchamento de tubérculos ao longo do período de permanência na câmara fria, ou em armazéns, servindo, como porta de entrada para outras podridões. Nos últimos tempos, essa doença tem se tornado fator de depreciação de mercado, pela alta incidência em tubérculos para consumo, face ao aumento do fungo e distribuição generalizada nos solos e à dificuldade e inconsistência nas medidas de controle. Altas intensidades de sarna prateada têm sido observadas em tubérculos de batata colhidos em área nunca cultivada com a espécie, no Norte do Paraná, em plantio de inverno. Os sintomas da doença se caracterizam pelo aparecimento de manchas irregulares escuras e com um brilho prateado sobre a casca do tubérculo. Esse brilho se torna mais evidente quando o tubérculo é lavado e ainda está molhado. Essas manchas podem juntar-se e tomar quase toda a superfície do tubérculo. As perdas também ocorrem no processo de lavagem e descarte de tubérculos para comercialização. Não se dispõe de muitas informações sobre essa doença em nossas condições. Considera-se que alta umidade e retardamento da colheita agravam o problema. Medidas de controle antes do plantio • Sobrevivência do fungo: não se dispõe de informações detalhadas sobre a forma de sobrevivência deste fungo. De acordo com a literatura, a principal forma de sobrevivência e propagação do patógeno é através do tubérculo-semente e a transmissão pelo solo ocorre com menor importância, e esse fungo não tem outros hospedeiros. Muitos produtores têm encontrado problemas com sarna prateada e afirmam ter tido dificuldades com o controle. No Norte do Paraná 11 • • tem sido encontrada alta incidência da doença em tubérculos colhidos em área nunca submetida ao plantio da cultura. Este fato, portanto, induz à conclusão de que H. solani é eficientemente transmitido pela semente, ou ele é cosmopolita e se encontra sobrevivendo na natureza de forma saprofítica muito habilmente. Desta forma, deve-se fazer uso de semente certificada e sadia para diminuir a chance de problemas futuros. Escolha de cultivar: não se dispõe de informação sobre resistência de cultivares ao patógeno; no entanto, os sintomas são mais facilmente visíveis em cultivares de pele rosada ou avermelhada. Produção de semente própria: como a sarna prateada é uma doença que avança em seu desenvolvimento durante o armazenamento, um repasse na semente antes do plantio, para eliminar tubérculos com sintomas, pode diminuir os problemas no campo posteriormente. Medidas de controle após o plantio • Manejo da cultura: como a doença é intensificada com o atraso na colheita, recomenda-se que se processe essa operação tão logo a pele esteia firme. Podridões secas de tubérculos (Fusarium spp.) As podridões secas constituem outro problema em armazenamento de sementes. Várias são as espécies de Fusarium que podem induzir podridão seca. Os prejuízos causados por este patógeno são Figura 5. Sintomas de podridão seca em tu potencializados por dabérculos de batata causada por di nos mecânicos nos tuferentes espécies de Fusarium. (Fo bérculos, durante as to: N. Nazareno). operações de colheita. Como o fungo é habitante normal de solo, a contaminação dos tubérculos é inevitável, pois o processo de invasão e apodrecimento dos tecidos é contínuo, mesmo após o armazenamento dos tubérculos. 12 Os sintomas da podridão seca se caracterizam pelo apodrecimento generalizado do tubérculo, com tecidos enegrecidos internamente, bordas bem definidas entre o tecido ainda sadio e presença de um bolor esbranquiçado a rosado sobre a lesão (Figura 5). À medida que o tempo de armazenamento aumenta, os tubérculos atacados murcham acentuadamente pela desidratação excessiva. Normalmente, a podridão seca dá prosseguimento à podridão mole. Medidas gerais de controle Os principais cuidados devem ser tomados por ocasião da colheita. Esta operação não deve ser efetuada com o solo excessivamente seco, pois aumenta as machucaduras nos tubérculos, e nem com o solo excessivamente úmido, pois estas condições são propícias para a multiplicação do agente causador. Além disso, colheita com o solo muito úmido favorece a aderência de terra nos tubérculos, predispondo a danos. Deve-se evitar colheitas com arrancadeira de discos para minimizar danos mecânicos. A colheita deve ser efetuada quando a casca da batata estiver bem desenvolvida e os tubérculos devem ser armazenados em ambiente fresco e bem areiado para acelerar a cicatrizacão de injúrias. Os tubérculos muito danificados deverão ser eliminados e os recipientes para o armazenamento fcaixaria, sacos, etc.) devem estar bem limpos e de preferência esterilizados. Na época em que os tubérculos forem utilizados para plantio, deve-se fazer nova seleção para eliminar aqueles apodrecidos total ou parcialmente, pois as plantas deles oriundas serão mais fracas e terão grande chance de morrer antecipadamente. Murcha de fusário (Fusarium solani (Mart.) App. & Wr. Emend Snyd. & Hans.) A murcha de fusário não é uma doença que ocorre com freqüência e em alta intensidade na Região Sul. Incide em plantas isoladas, onde os sintomas de murcha da planta são acompanhados de escurecimento dos tecidos vasculares, com coloração marrom avermelhada. Fazendo-se o "teste do copo", não se evidencia nenhum corrimento dos tecidos vasculares, como ocorre com a murchadeira bacteriana. Quando a invasão dos tecidos avança e as condições para o desenvolvimento da doença são favoráveis, os tecidos vasculares dos tubérculos são invadidos pelo fungo e adquirem a coloração escurecida, chegando também aos brotos, o que se dá o nome de Olho Preto. Eventualmente, o progresso da doença nos tubérculos serve como 13 porta de entrada para outros agentes apodrecedores durante o armazenamento. Os maiores danos causados pela doença estão associados aos tubérculos que perdem o valor comercial. A murcha de fusário, causada pela forma vascular de F. solani, tem sido associada com nomes considerados sinônimos como F. eumartii Carp., F. solani f. sp. eumartii (Carp.) Snyd. & Hans. Outras espécies citadas na literatura associadas ao complexo, são: F. oxysporum Schl. e F. avenaceum (Fr.) Sacc. Estimativas de perdas totais são relatadas em lavouras de regiões da Bahia, onde esta doença ocorreu de forma devastadora, especulando-se que este patógeno foi introduzido na área através de batata semente contaminada. Em nossas condições existem poucas informações acerca da epidemiologia desse complexo. Porém, pelo potencial de dano que ela encerra, é fundamental que os produtores e técnicos fiquem atentos para ocorrências suspeitas dessa doença em nossas regiões produtoras. Medidas de controle antes do plantio • Escolha do local: como a doença não tem sido registrada em sua forma de máxima expressão no Paraná, deve-se manter estado de alerta para o registro de eventuais casos de ocorrências de epidemias catastróficas. • Escolha da cultivar: não se dispõe de informação da reação de cultivares quanto à maior ou menor suscetibilidade à doença. No entanto, deve-se prevenir quanto à origem e qualidade da semente, para se evitar situações como a ocorrida na Bahia. Medidas de controle após o plantio • Medidas, sanitárias: caso sejam detectados tubérculos com sintomas característicos durante o processamento, procurar destruí-los completamente na operação de descarte, evitando-se a distribuição em áreas agricultáveis. Outras doenças fúngicas Consideradas de menor importância na Região Sul pela baixa e esporádica incidência, são encontradas a roseliniose (Figura 6), causada por Rosellinia sp, geralmente associada com plantios em áreas recém desbravadas, com excesso de matéria orgânica em decomposição. A podridão branca basal, causada por Sclerotium rolfsii Sacc, é outra doença facilmente identificada pela formação de pequenas esferas de 14 0,5 a 2,0 mm de diâmetro, de coloração castanha clara a marrom (esclerócios). O mofo branco, causado por Sclerotinia sclerotiorum (Lib.) de Bary também tem sido encontrado raramente, em plantas isoladas. Sua presença é caracterizada por um mofo branco nas hastes e folhas e, mais tarde, a Figura 6. Tubérculos de batata com sintomas de estruturas negras, de roseliniose. (Foto: N. Nazareno). irregulares e semelhantes a esterco de rato. Essa doença tem sido mais importante em áreas sob pivô central, pela menor rotatividade da cultura, ou pelo aproveitamento da infraestrutura para outras culturas também suscetíveis ao patógeno, como o feijão. DOENÇAS VIRÓTICAS As doenças viróticas são causadas por uma ampla gama de agentes sub-microscópicos (invisíveis ao microscópio ótico comum) e têm características epidemiológicas e descritivas semelhantes. A maioria das viroses da cultura da batata é transmitida, de planta a planta, por insetos vetores, onde os pulgões são muito importantes (ver seção de controle integrado de pragas). Algumas são transmitidas somente por vetores, enquanto que outras podem o ser por contato (folha a folha, tubérculo a tubérculo, mão do homem, etc), chamada transmissão mecânica e outras por ambas as formas. As plantas ficam suscetíveis à transmissão durante toda a fase de desenvolvimento, desde o estágio de brotação, onde os tubérculos ficam expostos à visitação de populações de pulgões em ambiente de armazenamento, até a fase de secamento de ramas no campo. Como a cultura da batata é propagada pelo seu tubérculo brotado, que é um tecido vivo da planta, este é certamente outro veículo eficiente para a propagação de doenças viróticas para novos plantios. Quando um tubérculo brotado, isento de viroses, dá origem a uma 15 planta sadia e esta vem a ser infectada, diz-se que ocorreu uma "infecção primária". Caso contrário, quando o tubérculo já contém um vírus, diz-se que é "infecção secundária" em relação ao plantio da lavoura. Assim, os prejuízos causados e a presença ou não de vírus nos tubérculos dependem do tipo de infecção, além de outros fatores como estirpe do vírus, nível de resistência da cultivar, condições ambientais, época que ocorre a infecção, efeito sinérgico pela presença de mais de um vírus na planta, entre outras. Apesar de existirem vários tipos de viroses na cultura da batata, registradas no Brasil, propõe-se a discussão de duas principais que ocorrem no Paraná e que representam modelos distintos, quanto às suas formas de transmissão, formando-se uma base genérica para a estratégia de controle integrado desse tipo de doença. Vírus do Enrolamento da Folha da Batata VEFB O vírus do enrolamento da folha da batata, também conhecido pela sigla inglesa, PLRV (Potato Leaf Roll Virus) é uma doença encontrada praticamente em todos os campos de produção de batata no Paraná (Figura 7). Sua presença Figura 7. Sintoma típico de vírus do enrolaé constante em virtude mento da folha da batata, em planta das características do oriunda de tubérculo já contaminasistema de produção do. (Foto: N. Nazareno). regional, onde os produtores fazem uso de semente informal (própria), reservando sempre cerca de 10 a 20% de sua área para semente. Assim, a presença de campos de produção próximos e em diversas gerações e estágios de desenvolvimento, além da ocorrência de plantas espontâneas ("soca" ou "soqueira") em outras lavouras (Figura 8) ou em campos em pousio (Figura 9), garantem a perpetuação do VEFB nas regiões produtoras do Estado. Estimam-se perdas que variam de 10 a mais de 50% em produtividade, dependendo da época de entrada na lavoura, estirpe do vírus, condições ambientais, tipo de cultivar, entre outras. 16 Esta virose é exclusivamente transmitida por insetos, onde o pulgão Myzus persicae Sulz é considerado o mais eficiente; porém, as espécies Macrosiphum euphorbiae Thomas e Aulacorthum solani Kaltenbach são consideradas transmissoras. Uma vez que o pulgão visita uma planta atacada e ali Figura 8. Enrolamento da folha causado pelo permanece por tempo VEFB em plantas voluntárias de batasuficiente para adquirir ta nascidas em lavoura de feijão. (Foo vírus, este se mantém to: N. Nazareno). com a capacidade de transmitir a doença indefinidamente. Assim, tanto a disseminação do VEFB poder ocorrer dentro da lavoura como vir de fora, por pulgões já infectados e trazidos pelo vento de outros locais. No entanto, a transmissão não é instantânea, pois o pulgão deve chegar com seu aparelho bucal sugador Figura 9. Sintoma do vírus do enrolamento até os vasos condutores em plantas voluntárias desenvolvidas em campo em pousio. (Foto: da seiva elaborada (floN. Nazareno). ema), o que pode levar vários minutos. É característica deste grupo de vírus, sua concentração no floema, o que deriva muitos dos sintomas que caracterizam a doença. Os sintomas variam desde parada de crescimento da planta jovem, empinamento e enrolamento de folhas, amarelecimento e/ou arroxeamento entre nervuras, pontuações pardo-escuras nas margens de folíolos, forma de colher de folíolos, aparente consistência de papel 17 ao toque das folhas, redução do tamanho de tubérculo e encurtamento de estolões. Pela ampla variação sintomatológica, um diagnóstico correto depende de confirmação através de análise laboratorial específica. Outro aspecto complicador é que o tempo para aparecimento visual dos sintomas varia muito. Dependendo do estágio em que a planta foi infectada pelo vetor, do estágio nutricional da lavoura, de condições de temperatura ambiente, estirpe do vírus, resistência da cultivar, entre outros, os sintomas podem aparecer entre 4 a 10 semanas, ou até nem aparecer. Mosaicos Os mosaicos da cultura da batata são causados por um complexo maior de viroses, onde o vírus Y (PVY) e o A (PVA), do mesmo grupo, são os principais causadores de danos na produtividade e qualidade do produto. Assim como para o VEFB, o sistema de produção regional, onde a cultura da batata faz parte, mantém plantas vivas o ano inteiro, o que oferece risco constante para problemas locais de danos por mosaicos. Além dos vetores do VEFB e do tubérculo semente, os vírus do grupo do PVY são mecanicamente transmitidos, o que aumenta ainda mais o risco de rápida disseminação do agente causador. Diferentemente do sistema de transmissão do VEFB pelo pulgão, os vírus deste grupo não persistem no vetor, permanecendo por tempo determinado no aparelho bucal do pulgão. No entanto, o tempo para que o vetor possa transmiti-lo é muito curto, bastando que ele se alimente em plantas atacadas e se desloque para uma planta sadia e a infecção ocorre. Naturalmente, que vários fatores influenciam nessa capacidade quase instantânea de transmissão. Algumas picadas de prova feitas pelo pulgão contaminado são suficientes para transmitir o vírus. Assim, todas as práticas agrícolas que venham irritar o pulgão, fazendo com que ele se desloque mais, ou condições que favoreçam seu vôo para maiores distâncias, como ventos fortes, podem aumentar a taxa de evolução da epidemia dos mosaicos. Os sintomas dos mosaicos também são muito variados e dependem de vários fatores intrínsecos da planta e sua idade, dos vetores e do meio ambiente. Podem ser mosaicos leves, severos e rugosos, redução de porte da planta (Fig. 10), pontuações escuras, necroses de tecidos, secamento de folhas baixeiras em plantas jovens, dando-lhes a 18 Figura 10. Sintomas de mosaico em batata, cultivar Léo. (Foto: N. Nazareno). Figura 11. Sintoma de anelamento em tubérculos causado por uma estirpe agressiva do PVY. (Foto: N. Nazareno). aparência de um mini pinheirinho, necrose em tubérculos, entre outros. A severidade maior ou menor de sintomas e, conseqüentemente, de danos na produtividade depende da estirpe do vírus e da presença de vírus de outros grupos, como é o caso do vírus X (PVX), que associado ao PVY, causa mosaico severo e perdas que podem chegar a 80%. Nos últimos 3 a 4 anos tem-se procurado caracterizar a natureza de uma estirpe variante do PVY, distinta das já estudadas, e que causa um anelamento necrótico ao redor das gemas nos tubérculos (Fig. 11). Essa variante tem grande potencial para riscos de perdas ao produtor porque os tubérculos com esse tipo de sintoma são descartados na operação de classificação comercial do produto. Medidas gerais de controle das doenças viróticas Antes do plantio • Escolha da cultivar: a maioria das cultivares é suscetível às viroses. Cultivares como 'Santée', 'Contenda', 'Apua', 'Aracy', Itararé' e 'Baronesa' são consideradas moderadamente resistentes a resis19 Murchadeira ou murcha bacteriana (Ralstonia (Smith) comb. Nov. (Pseudomonas solanacearum) solanacearum Figura 12. Murchadeira em planta de batata (foto original do Centro Internacional de Batata, Peru). (Foto: N. Nazareno). A murcha bacteriana ou murchadeira está presente em todas as áreas de produção de batata (Figura 12). É considerada uma das doenças mais importantes da cultura, principalmente na produção de batata semente. As perdas estão associadas às condições ambientais favoráveis e ao número de plantas infectadas. A bactéria pode sobreviver no solo, no próprio tubérculo (Figura 13) ou em outras plantas hospedeiras. No solo, o principal local de sobrevivência é a raiz de plantas hospedeiras, podendo ser localizada até um metro de profundidade. O tubérculo infectado nem sempre apresenta sintomas externos da doença o que dificulta a seleção no momento do plantio, introduzindo a doença em áreas livres. Os principais hospedeiros são: tomate, pimentão, be- 22 Figura 13: Tubérculos de batata oriundos de planta de batata atacada pela murchadeira. (Foto: N. Nazareno). ringela, jiló e fumo, porém existem citações da existência de mais de 50 famílias de plantas com esta característica. A introdução da doença em áreas novas ocorre via batatasemente infectada. Dentro da lavoura ocorre a disseminação na realização da capina e amontoa, devido à contaminação dos implementos e se não lavados podem contaminar outras lavouras. O deslocamento de água por erosão na entrelinha transporta a bactéria para outras plantas. A entrada da bactéria se dá principalmente pelas raízes, através de ferimentos resultantes de pragas, nematóides e tratos culturais, além das aberturas naturais. Após a amontoa, o risco de infecção é acentuado pelo aumento de danos no sistema radicular e na base das plantas e também pela disseminação dos implementos contaminados. Após a infecção as bactérias colonizam e entopem os vasos condutores da planta, impedindo o transporte de água e nutrientes e resultando nos sintomas de murcha. A ausência de nutrientes nas folhas faz com que a planta fique amarelada, porém este sintoma nem sempre aparece, depende das condições ambientais. Inicialmente, apenas parte da planta apresenta sintomas e após irrigação, chuva ou à noite ocorre recuperação aparente da planta. Decorridos alguns dias, não há mais recuperação e a planta morre. Uma identificação expedita pode ser feita colocando-se um pedaço da haste da planta doente em um copo claro com água. Imediatamente observa-se o muco ou pus bacteriano saindo dos vasos condutores. O corte do tubérculo faz com que ocorra também a exsudação da região dos vasos. Pode ocorrer aderência de solo nas gemas do tubérculo devido à saída de pus bacteriano, contafhinador do solo e água de erosão. Medidas de controle antes do plantio • A tolerância para campos de produção de batata-semente é zero, isto é, caso uma planta apresente sintomas da doença toda a área é condenada. O uso de batata-semente certificada é a principal forma de evitar a entrada da doença em áreas novas. Mesmo usando material livre da bactéria pode ocorrer a doença caso implementos de áreas contaminadas sejam utilizados sem a devida limpeza. • Não existem cultivares resistentes. Atualmente somente a cultivar Achat é considerada tolerante, isto é demora mais tempo para murchar. 23 • • • • • Escolher áreas onde não haja histórico de murchadeira, e que não tenham sido cultivadas com espécies hospedeiras (tomate, beringela) na safra anterior. Fazer rotação de culturas, principalmente com gramíneas, como milho, arroz, sorgo, pastagem por um período mínimo de 3 anos. Porém, há necessidade de controlar as plantas espontâneas de batata, picão preto (Bidens pilosa), beldroega (Portulaca oleracea), maria-pretinha (Solanum nigrum), joá-bravo (Solanum sisymbriifolium), pois a bactéria pode sobreviver nestes hospedeiros. Fazer adubação equilibrada de nitrogênio, cálcio e potássio para promover redução dos sintomas. Existem dúvidas sobre o efeito da adição de matéria orgânica e o controle da murchadeira; alguns trabalhos sugerem o uso conjunto de adubos orgânicos e químicos para reduzir os sintomas. O manejo de solo pode também reduzir os danos provocados pela doença. A boa drenagem do solo é fundamental, pois dificulta a disseminação da bactéria. Usar escarificador para romper camadas compactadas auxilia nesta drenagem. Os equipamentos utilizados em áreas com suspeita da doença devem ser muito bem limpos, incluindo o trator. Medidas de controle após o plantio • A irrigação deve ser moderada, evitando encharcamento do solo. A fonte da água é muito importante. Caso receba solo de erosão ou enxurrada de áreas contaminadas estará disseminando a bactéria que sobrevive na água. • Não realizar a amontoa quando o solo estiver com umidade elevada ou com umidade muito baixa. Podridão mole e canela preta (Brwinia carotovora (Jones) Bergey, Harrison, Breed, Hammer & Huntoon) A canela preta ocorre no campo com a planta em estágio vegetativo (Figura 14) e a podridão mole ocorre no tubérculo. As perdas ocorrem no campo com redução do número de plantas ou nos armazéns/depósitos com o apodrecimento de tubérculos. Estas doenças são também consideradas de difícil controle, pois a bactéria apresenta grande variação genética e isto dificulta a seleção de cultivares resistentes. A sobrevivência é outro fator que contribui para a dificuldade de controle, pois pode sobreviver em inúmeras plantas, causando podridão mole, como no caso das hortaliças, ou nas raízes de plantas concorrentes presentes na lavoura, porém sem causar danos. 24 O trânsito de máquinas e equipamentos por áreas infectadas pode transportar a bactéria em resíduos de solo e plantas, para áreas isentas da doença. Caixas, sacos ou recipientes de coleta são meios de disseminação, causando problemas principalmente no armazenamento. Os tuFigura 14: Planta de batata com sintomas de murcha causada por canela prebérculos-semente pota. (Foto: N. Nazareno). dem ter a bactéria sem expressar sintomas, o que se denomina infecção latente, aumentando o risco da doença na lavoura. Essas doenças estão associadas a ferimentos que ocorrem na haste, provocados por danos físicos de implementos ou ataque de pragas e no caso dos tubérculos por lesões ocorridas na colheita ou na fase de armazenamento. É nestes ferimentos que a bactéria penetra, coloniza os tecidos e a planta apresenta os sintomas característicos da doença. A podridão mole ocorre no tubérculo apresentando aspecto aquoso, coloração marrom a negra e odor desagradável. Podem ocorrer infecções nas lenticelas (abertura natural) e, em condições ambientais desfavoráveis à doença, observam-se lesões secas na forma de pontuações enegrecidas. Quando plantados, ocorre o apodrecimento das hastes resultando na doença chamada de canela preta. A canela preta é caracterizada pelo enegrecimento da base da haste o que resulta no tombamento e morte da planta. Este sintoma também ocorre quando as bactérias estão aderidas aos tubérculos ou no solo. Como as plantas murcham antes de morrer, pode ocorrer confusão com a murcha bacteriana, porém a diferenciação é feita observando a base da haste (Figura 15); caso esteja escurecida trata-se da canela preta. Condições de alta umidade do solo, temperatura entre 20 e 300 C e adubação nitrogenada excessiva tornam as plantas mais suscetí25 veis ao patógeno. O molhamento do tubérculo facilita o desenvolvimento da doença. Figura 15: Haste de batata enegrecida com a presença de canela preta. (Foto: N. Nazareno). Medidas de controle antes do plantio • Em áreas com histórico de ocorrência das doenças deve-se adotar a rotação de culturas por 3-4 anos com espécies não hospedeiras, principalmente gramíneas, mantendo um bom maneio de plantas concorrentes e eliminação de plantas de batata voluntárias. • O solo deve ser bem drenado, o que pode ser melhorado com o uso de escarificador. • A adubação deve ser equilibrada, evitando excesso de nitrogênio, normalmente fornecido por uréia ou sulfato de amônio. No caso do sistema de produção orgânica, deve-se usar esterco bem curtido sendo preferencial a utilização de composto orgânico. • O tubérculo-semente certificado não garante a ausência do patógeno, porém é o que se indica para o plantio. O manuseio dos tubérculos na hora do plantio deve ser feito com cuidado, evitando a quebra de brotos. Medidas de controle após o plantio • Evitar excesso de irrigação principalmente logo após o plantio e após a amontoa. • Não realizar amontoa com o solo com umidade em excesso. • Os equipamentos, máquinas, sacarias, caixarias e materiais utilizados em áreas com a presença da bactéria devem ser devidamente lavados e desinfetados. • A colheita devg ser feita com umidade de solo adequada para evitar a formação de torrões, que causam maçhuçadura nos tubérculos; e sendo antecipada diminui os riscos de podridão mole, pois reduz o tempo de exposição à bactéria no campo. 26 Medidas de controle após a colheita • Evitar excesso de batidas nos tubérculos na colheita, transporte e armazenamento, pois causam ferimentos. • Antes do armazenamento, os tubérculos devem sofrer o processo de cura realizado a temperaturas entre 10 e 15° C. • O armazém deve ser constantemente vistoriado, retirando-se tubérculos que apresentem os sintomas, evitando a contaminação dos lotes. • A lavagem dos tubérculos para consumo deve ser evitada. Caso não seja possível, deve ocorrer uma boa secagem antes do ensacamento e transporte. • No armazém, a limpeza e o movimento do ar são muito importantes para evitar disseminação da bactéria e a formação de película de água na superfície de tubérculos. Sarna comum (Streptomyces scabies (Thaxter) Waskman & Henrici) A sarna comum da batata está amplamente distribuída nas regiões produtoras. A sarna comum dificilmente causa perdas de produtividade. Porém, o problema ocorre com a depreciação comercial do produto, Figura 16: Tubérculos de batata com vários visto que o tubérculo graus de severidade de sarna coinfectado tem péssima mum, causando depreciação coaparência cosmética (Fimercial do produto. (Foto: N. Nazareno)). gura 16). O agente causai sobrevive na matéria orgânica do solo por tempo indefinido ou em outros hospedeiros como: beterraba, rabanete, nabo, cenoura, batatasalsa. A introdução do agente causai em novas áreas ocorre via tubérculo-semente infectado, apesar de que suspeita-se da bactéria fazer parte da microflora de muitos solos. O trânsito de máquinas e a erosão do solo também podem disseminar o agente causai. A baixa umidade do solo no período de tuberização, o pH do solo superior a 5,2, e temperaturas entre 20-22°C favorecem a ocorrência da sarna comum. 27 Os sintomas mais importantes ocorrem nos tubérculos (Figura 17). A infecção ocorre através das lenticelas, de ferimentos ou diretamente na pele, em tubérculos jovens. Nos locais de infecção a bactéria se desenvolve superficialmente e, em resposta à infecção, a planta reage formando Figura 17: Lesões de sarna comum em tubéruma camada de cortiça culos de batata, com sintoma ao redor da lesão, impechamado "estrelinha". (Foto: N. dindo o avanço da inNazareno). fecção. Com o crescimento do tubérculo o tecido atacado aflora, com coloração de pardo clara a escura, e normalmente ocorrem rachaduras sobre a lesão, formando o sintoma chamado de "estrelinha". As lesões são normalmente circulares com 5 a 10 mm de diâmetro e podem ser superficiais e corticosas, ou salientes, com 1-2 mm de altura, ou profundas com 7 mm de profundidade. Essa variação depende de condições ambientais e suscetibilidade da cultivar, podendo ocorrer os vários tipos de sintomas num mesmo tubérculo. As lesões no tubérculo podem também ser irregulares devido à infecção através dos ferimentos provocados por insetos ou outros danos mecânicos ou devido à proximidade das próprias lesões. Podem ocorrer sintomas nas raízes, caules e estolões de maneira similar às dos tubérculos, porém sem reflexos significativos na parte aérea da planta. Medidas de controle antes do plantio • Evitar o plantio em áreas com histórico de ocorrência severa da doença. • Realizar rotação de culturas com espécies não hospedeiras, principalmente gramíneas, por um período mínimo de 3 anos, evitando a presença de plantas espontâneas de batata. 28 • • • • O uso de calcário deve ser feito com moderação, corrigindo apenas os níveis de cálcio e magnésio necessários para o desenvolvimento da planta, evitando elevação do pH acima de 5,2. Uso de adubos verdes, como aveia e azevém, pode reduzir a ocorrência da doença. Os tubérculos-semente devem estar livres dos patógenos, evitando a introdução em áreas novas ou aumentando os sintomas nas áreas onde já está presente. Recomenda-se a utilização de material propagativo oriundo do serviço de certificação de semente. Usar compostos estabilizados, bem curtidos, pois materiais orgânicos não decompostos, como os estercos, podem aumentar a ocorrência da doença. Medidas de controle após o plantio • Na fase de tuberização a cultura não deve sofre deficiência hídrica, pois isto potencializa a ocorrência da sarna. A irrigação é uma das medidas importantes no maneio desta doença. É importante ressaltar que a irrigação deve ser equilibrada e com fonte segura de água para evitar a ocorrência de outros patógenos. MANEJO DAS PRAGAS DA PARTE AÉREA DA BATATA A parte aérea da batata é hospedeira de diversos insetos e ácaros, os quais podem causar expressivos danos, dependendo das condições climáticas e da variedade cultivada. No entanto, a importância de cada espécie varia nas diferentes regiões produtoras dos três Estados do sul do Brasil. Entre as espécies de insetos de maior importância econômica se encontram os afídeos, a mosca minadora e traça-da-batata. Os primeiros têm grande importância na produção de batata-semente, em virtude da transmissão de vírus. A mosca minadora ocasiona perda de área foliar e predispõe a planta ao ataque de doenças, principalmente nas épocas mais quentes do ano. A traça-da-batata é mais importante nos armazéns da região sul, porém pode ocasionar danos na parte aérea, sob determinadas condições climáticas. 29 AFIDEOS - Myzus persicae (Sulzer) e Macrosiphum euphorbiae (Thomas) (Homoptera: Aphididae). O M. persicae é o mais importante vetor do Vírus do Enrolamento da Folha da Batata (VEFB) e do Vírus Y da batata (PVY), apontados como os mais importantes na cultura e os principais responsáveis pela degenerescência da batata-semente. Nas regiões tropicais o M. persicae, assim como os demais afídeos que colonizam a batata, reproduzem-se por partenogênese telítoca. A forma áptera desse inseto (Figura 18) tem formato ovóide, cor geral Figura 18. Myzus persicae áptero. (Agriculture verde clara a verde Canada). transparente, sem manchas no corpo. Porém, podem ocorrer populações ápteras de coloração rosada ou avermelhada, sobretudo nos cultivos de outono. A forma alada (Figura 19) possui cor geral verde clara, com tonalidades amareladas, rosadas, roxas e com manchas escuras características no dorso. A cabeça e o tórax são de cor preta. Ambas as formas têm Figura 19. Myzus persicae alado. (Agriculture Canada). aproximadamente 2 mm de comprimento. A duração do ciclo de M. persicae em condições de laboratório, com temperatura média entre 23 e 24°C, é de cinco a oito dias, com 30 longevidade média de 20 dias. A fêmea é capaz de produzir até 80 descendentes. O M. euphorbiae também é importante vetor de VEFB e PVY. O áptero (figura 20) possui o corpo ovóide alongado — com aproximadamente 3,0 mm de comprimento — , de coloração geral esverdeada, com extremidades do corpo escuras. O alado — com cerca de 2,5 mm de comprimento — possui a cabeça e o tórax verdeamarelados e o abdômen rosa-esverdeado, sem manchas (Figura 21). Os afídeos podem ocasionar, ainda, perdas decorrentes da alimentação, dependendo da ocasião na qual ocorre à infestação; por exemplo, Figura 20. Macrosiphum euphorbiae áptero. o peso seco das plantas (Agriculture Canada). pode ser reduzido em até 54%, durante o período de desenvolvimento. A saliva tem ação tóxica nas plantas, ocasionando necroses, principalmente ao longo das nervuras. O M. persicae prefere colonizar as folhas inferiores das plantas de batata, enquanto que o M. euphorbiae, prefere as folhas superiores, brotos e as inflorescências. Figura 21. Macrosiphum euphorbiae alado. M. persicae e Au(Agriculture Canada). lacorthum. solani podem infestar brotos de batatasemente nos armazéns. 31 O monitoramento de afídeos alados que infestam a batata pode ser realizado com o auxílio de armadilhas amarelas de água, as quais devem ser instaladas às margens dos campos de batata-semente. A presença dos afideos nessas armadilhas serve de alerta para o produtor. Nos campos destinados à produção de batata-semente não pode haver colônias de afídeos; já nas áreas de batata-consumo toleram-se populações maiores. No entanto, não há nível de controle estabelecido para as condições brasileiras. As áreas escolhidas para a produção de batata-semente devem apresentar pequena atividade dos vetores, o que pode ser conhecido através de um criterioso estudo com armadilhas. Outros pontos importantes na escolha dessas áreas: ocorrência de ventos constantes e ausência de plantas voluntárias e plantas daninhas. Tratos culturais adequados podem contribuir no controle dos afideos. Entre eles, a adubação equilibrada — evitar o uso excessivo de nitrogênio, o qual beneficia o crescimento das colônias de afideos - a irrigação adequada — plantas com certo grau de murcha beneficiam a alimentação dos afideos - e a dessecação das ramas, evitando a descida dos vírus para os tubérculos. Quando o controle químico for necessário, deve-se optar pelo uso de inseticidas com modos de ação distintos, em rotação, na parte aérea. Esse procedimento é importante no manejo da resistência desses insetos a inseticidas, a qual foi constatada em campos de batata em Contenda e Piraí do Sul, a fosforados, carbamatos e piretróides. Inseticidas granulados ou aplicados via líquida podem ser utilizados no sulco de plantio ou após a emergência inicial das plantas ou, ainda, durante a amontoa. O VEFB é controlado eficientemente com inseticidas, porém o controle de PVY, através dos mesmos, é limitado. Esse fato se deve ao modo de transmissão desses vírus. Mosca minadora - Liriomyza huidobrensis (Blanchard, 1926) (Diptera: Agromyzidae) A importância da mosca minadora deve-se, possivelmente, ao ciclo de vida rápido, alta mobilidade, alta capacidade reprodutiva, e ovos e larvas protegidas no interior das folhas. A possibilidade de resistência a inseticidas, mesmo em freqüência e intensidade baixas, é citada por alguns autores, porém não há comprovação no país. 32 A fêmea, a qual tem cerca de 1,5 mm, e o macho, menor que ela, apresentam um ponto amarelo localizado no dorso, próximo à cabeça (Figura 22). A fêmea deposita os ovos no interior da folha (cerca de 500700). As larvas, cujo tamanho varia de entre 0,6 e 2,3 mm, são cilíndricas e quase transparentes no inicio e passam a amarelas quando completamente desenvolvidas (figura 23). As larvas se alimentam no interior das folhas, ocasionando minas serpentiformes (figura 24) e vivem entre sete e 15 dias. As pupas (figura 23) ocorrem nas folhas, caules ou mais comumente no solo, permanecendo nesse estágio de nove até 15 dias, dependendo da temperatura, quando emergem os adultos. O Figura 22. Adulto de Liriomyza sp. (University ciclo completo do inseto of California). varia de 21 a 28 dias, dependendo das condições climáticas. A fêmea se alimenta do conteúdo celular que exsuda de perfurações realizadas por ela nas folhas, também chamadas puncturas. As puncturas podem servir também para a postura (Figura 23). As minas (Figura 24) aparecem primeiro Figura 23. Puncturas na folha, larvas e pupa nas folhas baixeiras das de Liriomyza huidobrensis. (Rui plantas e, dependendo Furiatti). do nível de infestação, passam para as folhas 33 superiores. Minas e puncturas chegam a matar os folíolos, folhas ou a planta inteira. O ataque da mosca predispõe as plantas a doenças fúngicas, como a pinta preta. A resistência da variedade de batata à mosca minadora tem grande importância na redução do uso de inseticida. Em trabalhos realizados em Ponta Grossa, PR, observou-se que a variedade Monalisa foi a mais resistente e a 'Atlantic' a mais suscetível, sendo que as variedades Bintje, JaetteBintje e Crebella ficaram em posições intermediárias. O controle químico de adultos e larvas pode ser realizado com inseticidas fosforados, carbamatos, piretróides, reguladores de crescimento e outros. Porém, devem-se escolher inseticidas com modos de ação diferentes e aplicáFigura 24. Minas de larvas de Liriomyza em los em rotação. folha de batata. (R. Furiatti). Na escolha dos inseticidas deve-se optar pelos seletivos aos inimigos naturais e também a outros insetos que não se encontram no nível de controle. É importante a seleção de bicos e volume de calda adequados, pois tem se observado que o controle das larvas da mosca tem sido mais efetivo nas folhas situadas na parte superior das plantas, demonstrando que o inseticida não alcançou os estratos inferiores. Dosagens inferiores às recomendadas e o momento da aplicação também podem originar fracassos no controle da mosca minadora. O nível de controle não foi estabelecido; tem-se optado iniciar o controle após a constatação da presença de adultos e/ou das puncturas. Porém, é importante lembrar que, dependendo da temperatura (ideal entre 20 e 27°C), pode não haver posturas. Assim, as puncturas podem ser importantes no monitoramento da mosca minadora, desde que se conheça, para cada micro região, o histórico de ocorrência do inseto. 34 Após a colheita, o produtor deve incorporar os restos culturais, pois esses abrigam as pupas e larvas da mosca, servindo de fonte para a disseminação do inseto para áreas vizinhas. Traça da batata Phthorimaea operculella (Zeller, 1873) (Lepidoptera : Gelechiidae) Praga de infestação cruzada, a traça da batata pode ser encontrada tanto no campo como nos armazéns, danificando folhagens e tubérculos. Os adultos (Figura 25) são mariposas de Figura 25. Adulto, lagarta e pupa de Phthorimaea operculella, (R. Furiatti). hábitos noturnos - com cerca de 12 mm de envergurada - que durante o dia permanecem refugiados nas folhas das plantas de batata, na vegetação próxima as lavouras ou embaixo de torrões e detritos. Machos e fêmeas têm coloração geral acinzentada, com as asas anteriores exibindo pequenas manchas irregulares escuras e ornadas com pêlos nas bordas; as asas posteriores são branco acinzentadas. Durante a fase adulta, que transcorre entre 10 a 15 dias, as fêmeas ovipositam nas folhas (principalmente junto às nervuras da superfície inferior), nos pecíolos, nos brotos e gemas. Nos armazéns, a postura é realizada na caixaria, sobre os tubérFigura 26. Lagarta e galeria da traça em folha culos ou nos estrados. de batata. (R. Furiatti). 35 Os ovos são pequenos (cerca de meio mm), lisos, ovalados, de coloração branca ou amarelada. As lagartas (Figuras 25 e 26) eclodem cerca de cinco dias após a oviposição. Inicialmente de coloração branca a amarelada podem, ao final do desenvolvimento larval, exibir tonalidade verde clara ou rosada. Têm cabeça marrom e uma placa dorsal retangular escura no primeiro segmento do tórax. Alimentam-se preferencialmente nas folhas baixeiras, abrindo no limbo foliar amplas galerias (Figura 26), podendo causar a morte das folhas atacadas. Usualmente abrigam-se em um "casulo" construído junto à galeria com fios de seda e detritos. Atacam igualmente os tubérculos, tanto no campo como nos armazéns, abrindo nos mesmos galerias (Figura 28), depreciando-os comercialmente. Na superfície dos tubérculos atacados pode-se observar acúmulo de detritos e fios de seda, indicando os pontos de entrada das lagartas Figura 27. Danos e detritos da traça da batata (Figura 27). na superfície de tubérculo. (R. FuDuas semanas riatti). após a eclosão, as lagartas, medindo cerca de 10 mm, empupam em folhas secas, sob torrões, em restos de cultura, nas caixarias ou nas paredes e pisos dos armazéns. As pupas medem ao redor de seis mm de comprimento e têm coloração castanha (Figura 25). Após cerca de dez dias, emergem os adultos, completando-se em aproximadamente 25 a 30 dias o ciclo de ovo a adulto. O manejo da traça da batata envolve uma série de procedimentos, discutidos abaixo. Da mesma forma que para as outras pragas aqui relatadas, o controle químico é importante ferramenta no manejo da traça da batata e inúmeros princípios ativos, de diferentes classes e modos de ação, estão à disposição do bataticultor. Importante é conhecer ade36 quadamente estes produtos e utilizálos em rotação, retardando o aparecimento de populações resistentes. Assim, também deve-se atentar para o uso de uma metodologia de aplicação correta (bicos, pressão, volume de calda, etc.) de modo a maximizar o potencial de controle dos produtos, minimizando desperdícios e a contaminação ambiental. O controle cultural envolve um conjunto de práticas que visam principalmente evitar o acesso da traça aos tubérculos, interrompendo o ciclo da praga. Destacam-se: • Plantar sementes isentas de ovos, lagartas ou pupas da traça, evitando-se a reinfestação das lavouras. • Preparar adequadamente o solo, Figura 28. Dano da traça da evitando a formação de torrões, e batata no interior plantar na profundidade adequada do tubérculo. (R. à época, evitando tanto o prolonFuriatti). gamento do ciclo da cultura quanto o fácil acesso de adultos e lagartas aos tubérculos. • Realizar amontoa adequada, mantendo os tubérculos protegidos. • A irrigação por aspersão diminui as rachaduras no solo, dificultando o acesso de adultos e lagartas aos tubérculos. • Eliminar outros hospedeiros da traça, principalmente outras espécies de solanáceas, das proximidades das lavouras. • Destruir restos de cultura. • Não atrasar a colheita após a senescência ou dessecação das plantas. • Durante o beneficiamento, destruir os tubérculos atacados e utilizar armazéns limpos, desinfestados e protegidos. Além dos tratos culturais e do controle químico, o manejo da traça da batata inclui, notadamente dentro de armazéns, o uso do feromônio e de armadilhas luminosas. O feromônio (atrativo sexual da fêmea) acondicionado em uma cápsula é colocado em uma armadilha, com o objetivo de atrair os ma37 chos da espécie. A campo, a quantidade de machos capturados pode servir como segura orientação ao produtor no sentido de adotar medidas de controle químico. Nos armazéns, o uso das armadilhas com feromônio serve tanto para monitorar a atividade da traça quanto para efetivamente reduzir sua população e danos. As armadilhas luminosas são distribuidas dentro dos armazéns sobre bandejas contendo óleo queimado ou água com detergente. As mariposas atraídas pela luz chocam-se com estruturas das armadilhas e são capturadas nas bandejas. 38 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ARCE, F.A. El cultivo de la patata. Madrid, Ediciones Mundi-Prensa. 1996. ASSCHEMAN, E.; BRINKMAN, H.; BUS, C. B.; DELFT, M. van;. HOTSMA, P.H.; MEIJERS, CP.; MULDER.A; TURKENSTEEN, L.J. & WUSTMAN,R. Potato Diseases - Diseases, Pest and Defects. NIVAA, Holland. 1996. CAMPOS, T. B. & A. P. TAKEMATSU Ocorrência de díptero minador em diversas culturas no Estado de São Paulo, Liriomyza huidobrensis (Blanchard, 1926) (Diptera, Agromyzidae). Biológico 48(2): 39-41. 1982. CHANDLER, L. D.; C. E. THOMAS. Effect of leafminer feed infectivity on the incidence of Alternaria leafblight lesions on muskmelon leaves. Plant Disease, 75(9): 938-940. 1991. CRUZ, C. A. Observações sobre o comportamento de Liriomyza huidobrensis Blanchard, 1926 (Diptera: Agromyzidae) em cultura de batatinha (Solarium tuberosum L.). Piracicaba: USP/ESALQ. 53 p. Tese de Mestrado em Ciências Biológicas, Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz"/ USP. 1988. DIAS, A. M. P.; R. A. PINTO; P. E. B. PAIVA & S. GRAVENA. Ocorrência de parasitóides em Liriomyza spp. (Diptera: Agromyzidae) e Plutella xilostella (Lepidoptera: Plutellidae) na região de Piedade, SP. 1997. DIAS, J. A. C. & IAMAUTI, M. T. Doenças da batateira. In: Manual de Fitopatologia, Kimati, H., Amorim, L., Bergamin Filho, A., Camargo, L. E. A. & Rezende, J. A. M., Editores. Vol. 2: Doenças das plantas cultivadas. Editora Agron. Ceres Ltda., S. Paulo, SP. p. 137-164. 1997. FRANÇA, F. H. & S. BARBOSA. Manejo de pragas, p. 73-84. In Reifschneider, F. J. B. (ed.), Produção de batata. Brasília, Linha Gráfica Editora, 1987. FURIATTI, R. S. & A. A. DE ALMEIDA. Flutuação da população dos andeos Myzus persicae (Sulzer, 1778) e Macrosiphum euphorbiae (Thomas, 1878) (Homoptera: Aphididae) e a sua relação com a temperatura. Revta. Bras. Ent. 37(4): 821-826. 1993. FURIATTI, R. S. ; J. A. DIONIZIO & C. H. SANTOS. Influência dos nutrientes na população de Myzus persicae (Sulzer, 1778), sobre plantas de batata (Solanum tuberosum L.). Publicatio UEPG - Ciencias Exatas da Terra 3(1): 7-17. 1995. 39 FURIATTI, R. S. & S. M. N. LAZZARI. Efeito da aplicação de pirimicarbe sobre populações de campo de Myzus persicae (Sulz.) (Homoptera: Aphididae) com diferentes níveis de esterases. An. Soe. Entomol. Brasil 29(3): 739-747. 2000. FURIATTI, R. S. & S. M. N. LÁZZARI. Determinação da concentração dignóstica de pirimicarbe para a detecção de populações de Myzus persicae (Sulz.) (Homoptera: Aphididae) com diferentes níveis de esterases. An. Soc. Entomol. Brasil 29(4): 731-737. 2000. GLIESSMAN, S.R. Agroecologia: processos ecológicos em agricultura sustentável. Porto Alegre, UFRGS. 2000. GUDMESTAD, N.C.; SECOR, G.A. Management of soft rot and ring rot. In.: ROWE, R.C. ed. Potato health management. St. Paul, APS, 1993. p. 135-140. HOOKER, H. J. Compendium of potato diseases. American Phytopath. Soc. Press. St. Paul, MN, USA. 1981. INTERNATIONAL POTATO CENTER. Major Potato Diseases, Insects, and Nematodes. CIP ed. Lima, Peru. 1983. ISSA, C. J. Armadilhas com feromônio sexual da traça da batata Phthorimaea operculella (Zeller, 1873) (Lepidoptera: Gelechiidae) em campo de batata. Trabalho de Monografia. Universidade Estadual de Ponta Grossa. 1998. JACCOUD FILHO, D.S.; NAZARENO, N. R.X & FURIATTI, R. S. Sarna pulverulenta (Spongospora subterrânea) uma ameaça a bataticultura do Paraná. Fitopatologia Brasileira 24 (suplemento): 282. 1999. KATOVICH, K.; LEVINE, S. J.; YOUNG, D. K. Characterization and usefulness of soil-habitat preferences in idetification of Phyllophaga (Coleoptera: Scarabaeidae) larvae. Annals of the Entomological Societyof America 91(3). 1998 LOPES, C. A. & VENTURA, J. A. Detecção e caracterização do olhopreto (Fusarium solani), uma nova ameaça à bataticultura brasileira. Fitopatologia Brasileira 21:513- 516. 1996. LOPES, C. A. & BUSO, J. A. O cultivo da batata (Solanum tuberosum L.). Embrapa, Brasília, DF. Instruções Técnicas da Embrapa Hortaliças, 8. 1997. LOPES, C. A. & REIFSCHNEIDER, F. J. B. Manejo integrado das doenças da batata. EPAMIG, Informe Agropecuário. Vol. 20, Na. 197. p. 56-71. 1999. 40 LOPES, C.A.; QUEZADO-SOARES, A. M. Doenças causadas por bactérias em batata, In.: ZAMBOLIM, L.; VALE, F.X.R. do; COSTA, H. ed. Controle de doenças de plantas - hortaliças. Viçosa, p. 209-250. 2000. NAZARENO, N.R.X.DE & BOSCHETTO, N. Seed tuber transmission of potato powdery scab - Spongospora subterranea. Fitopatologia Brasileira 27: (no prelo). 2002. NAZARENO, N. R. X.; BRISOLLA, A. D & ZANDÓNA, J.C. Uso de Agroquímicos na cultura da batata em Curitiba e Guarapuava. IAPAR, Informe de Pesquisa, 114. 1995. OLIVEIRA, A. M. Observações sobre a influência de fatores climáticos nas populações de afídeos em batata. Pesq. Agropec. Brás., Brasília. 6:163-172. 1971. OLIVEIRA, G. C. Comportamento da mosca-minadora Liriomyza huidobrensis, em genótipos de batata, sob condições de campo. Trabalho de Monografia. Universidade Estadual de Ponta Grossa. 1999. PARRELA, M. P. & J. A. BETHKE. Biological studies of Liriomyza huidobrensis (Diptera, Agromyzidae) on Chrysanthemum, aster and pea. J. Econ. Entomol. 77 (2): 342-345. 1984. PEREZ, K. Resultados de dos niveles de alturas de trampas en Ia captura de áfidos, con referencia a cinco espécies, en el cultivo de Ia papa (Solanum tuberosum), durante los anos 1979, 1980 y 1961. Agrotecnia de Cuba 17: 121-179. 1985. PEREZ, K. & Y. ROBERT. Observaciones sobre estacionalidad de vuelos de áfidos cubanos y particuiarmente de Myzus persicae (Sulz.) en cultivo de batata. Agronomie 4(2): 161-169. 1984. PETERS, D. & R. A. C. JONES. Enfermidades virosicas, p. 95-98. In W. J. Hooker (ed.), Compendio de enfermidades de la papa. Lima, CIP. 1980. PETITT, F. L. & Z. SMILOWITZ. Green peach aphid feeding damage to potato in various plant growth stages. J. Econ. Entomol. 75(3): 431-435. 1982. PRANDO, H. F. & F. Z. CRUZ. Aspectos da biologia de Liriomyza huidobrensis (Blanchard, 1926) (Diptera, Agromyzidae) em laboratório. An. Soe. Entomol. Brasil 15 (1): 77-88. 1986. RADCLIFE, E. B. Insect pests of potato. Annu. Rev. Entomol. 27: 173204. 1982. RAMAN, K. V. Transmisión de virus de papa por áfidos. Boletin de Información Técnica 2, Lima, CIP, 1965. 41 K. V. La polilla de la papa. Lima, CIP, Boletín de Información Técnica, 3, 1980. REIS, P. R. & J. C. SOUZA. O Minador das folhas da Batata. Informe Agropecuário, Belo Horizonte.20 (197): 77-84. 1999. ROBERT, Y. Dispersion and migration, p. 299-313. In A. K. Minks & R. Harrewijn (eds.), Aphids, Their Biology, Natural Enemies and Control, Volume A. Amsterdam, Elsevier Science Publishers B.V. 1967. RYDEN, K; S.; B. R. BRISHAMMAR & R. SIOVALD. Relationship between the frequency of winged aphids of different species and spread of potato virus Y in potato fields. Vaxtskyjddsrapporter 20: 182-Í84. 1982. RICH, A. E. Potato diseases. Academic Press. New York, NY, USA. 1983. ROWE, R. C. Potato health management. American Phytopath. Soc. Press. St. Paul, MN, USA. 1993. SCOTTI, CA. & NAZARENO, N.R.X. DE. A Batata. In: IAPAR, Estudo de Cadeias Produtivas do Agronegócio Paranaense - Agronegócio do Paraná: Perfil e Características das Demandas das Cadeias Produtivas. Instituto Agronómico do Paraná, Londrina, Documento, 24. p. 109-114. 2000. SINGH, R. P. & G. BOITEAU. Reevaluation of the potato aphid, Macrosiphum euphorbiae (Thomas), as vector of potato virus Y. Amer. Potato J. 63(6): 335-340. 1986. SOUZA, J. C. & P. R. REIS. Pragas da batata em Minas Gerais. Belo Horizonte, EPAMIG, Boletim Técnico 55, 62p. 1999. SPENCER, K. A. Agromyzidae (Diptera) of economic importance. The Hague, W. Junk, 1973. STORCH, R. H. & F. E. MANZER. Effect of time and date of inoculation, plant age, and temperature cm translocation of potato leaf roll virus into potato tubers. Amer. Potato J. 63: 137-143. 1985. SYLVERTER, E. S. Circulative and propagative virus transmission by aphids. Annu. Rev. Entomol. 25: 257-286. 1980. TAYLOR, C. E. Growth of the potato plant and colonization. Ann. Appl. Biol. 43: 151-136. 1955. VAN EMDEN, H. F..; V. F. EASTOP; R. D. HUGHES & M. J. WAY. The ecology of Myzuspersicae. Annu. Rev. Entomol. 13: 197-243. 1968. ZAMBOLIM, L.; PARIZZI, P.; MATSUOKA, K.; RIBEIRO DO VALE, F. X. & CHAVES, G. M. Sarna pulverulenta da batata. Fitopatologia Brasileira. Vol 20, No. 1. p.5-12. 1995. RAMAN, 42