IDADE MÉDIA (BAIXA): FORMAÇÃO DAS MONARQUIAS NACIONAIS CONTEÚDOS A formação da Espanha e as Guerras da Reconquista A formação de Portugal e a Revolução de Avis A formação da França e a Guerra dos 100 Anos A formação da Inglaterra e a Guerra das 2 Rosas AMPLIANDO SEUS CONHECIMENTOS As transformações econômico-sociais da Baixa Idade Média, como o renascimento comercial-urbano e o surgimento da classe burguesa, geraram a necessidade de adequar a estrutura política da Europa desse período. O sistema feudal não atendia mais as necessidades desse novo cenário histórico que marca o início da Idade Moderna e, por isso, nasce a necessidade de formar países representados por monarquias nacionais absolutas. A formação das monarquias surgiu como consequência do enfraquecimento das relações servis e do crescimento das relações capitalistas no desenvolvimento das atividades comerciais e artesanais. O crescimento urbano e o aparecimento da burguesia, que passou a ascender economicamente, influenciou a criação de poder político que favorecesse as atividades mercantis, ou seja, a monarquia nacional absolutista surgiu da aliança entre o rei e a burguesia. A monarquia absoluta proporcionava, nesse contexto, o surgimento de um Estado Nacional capaz de estabelecer leis, regular impostos, padronizar pesos e medidas, criar uma moeda e unificar a comunicação por meio de uma língua nacional única. Desse modo, a burguesia emergente se beneficiava dessa unificação, pois ela possibilitava a dinamização do comércio interno que ficava menos sujeito aos desmandos dos senhores feudais e fortalecia o mercado internacional, que passava a receber investimentos estatais. Saiba mais: O rei para governar precisava de se apoiar sobre duas classes: a Burguesia (que lhe patrocinava economicamente) e a Nobreza (que compunha a sua cavalaria de defesa e ataque). Porém, para conseguir o apoio dessas classes o monarca precisava oferecer alguma vantagem a elas, Desse modo, para favorecer a burguesia o monarca criou regras para favorecer o desenvolvimento do comércio e, para favorecer a nobreza, ele criou uma vida de luxo e privilégios dentro da sua corte. Figura 1 – O poder do monarca Assim, muitos nobres abandonaram seus feudos para se Fonte: Fundação Bradesco dedicar a vida política que se concentrava em torno do rei. A formação da Espanha e as Guerras da Reconquista Durante a Idade Média, os reinos católicos encontravam-se concentrados no norte da Península Ibérica e o restante desse território era ocupado pelos Mouros, ou seja, a parte da Europa ocupada pelos muçulmanos durante a expansão do Império Islâmico. Os muçulmanos da Península Ibérica organizaram-se politicamente a partir do Califado de Córdoba, onde eles criaram grandes polos comerciais, construíram mesquitas e fundaram hospitais, bibliotecas e universidades. Na época, essa região ficou famosa por desenvolver atividades de cunho cultural, consideradas sofisticadas quando comparadas com o conhecimento produzido pelo feudalismo. A arquitetura islâmica marcou a região que herdou um rico conjunto arquitetônico desse período. Figura 2 – Vista da “Ponte Romana” e da Catedral de Córdoba, na atual Espanha Fonte: Wikimedia Commons Até meados do século 9, apesar de existirem pequenos conflitos, esses povos coexistiram. Mas, com o advento das cruzadas, os católicos iniciaram as chamadas Guerras da Reconquista (1031-1492), que tinham o claro objetivo de expandir os domínios católicos sobre os territórios muçulmanos. Desse modo, para vencer os muçulmanos, observamos uma série de alianças político-militares entre os reinos de Leão, Castela, Navarra e Aragão, onde algumas delas foram legitimadas pelo casamento entre os herdeiros desses tronos. Essa expansão territorial, terá como consequência a centralização do poder nas mãos de um monarca e dará origem a dois países da Idade Moderna: Portugal e Espanha. Figura 3 – Expansão dos Reinos Católicos nas Guerras da Reconquista Fonte: Fundação Bradesco No processo de formação da Espanha como uma monarquia nacional, foi fundamental a aliança entre os reinos de Leão e de Castela, que expulsaram boa parte dos muçulmanos da Península Ibérica, contando com o apoio do nobre francês Henrique de Borgonha, nobre que participou das Guerras de Reconquista em troca do Condado Portucalense. Com o avanço dos reinos católicos e com a presença muçulmana restrita ao Reino Mouro de Granada, os territórios do Reino de Castela (que na época já havia incorporado Leão) e o Reino de Aragão (que na época já havia incorporado o Condado da Catalunha) foram unificados graças ao casamento entre os monarcas cristãos Isabel de Castela e Fernando de Aragão. Depois disso, novos exércitos foram responsáveis por expulsar os muçulmanos definitivamente com a tomada de Granada, no ano de 1492. A partir de então, com um herdeiro único, nasce a monarquia absoluta espanhola, que adota a língua castelhana como idioma oficial e que passa a incentivar o comércio marítimo das especiarias. A formação de Portugal e a Revolução de Avis As Guerras da Reconquista (1031-1492), foram marcadas pela aliança dos reinos católicos de Leão, Castela, Navarra e Aragão que tinham o claro objetivo de expandir os domínios católicos sobre os territórios dos Mouros (muçulmanos) que ocupavam o centro sul da Península Ibérica desde a expansão do Império Islâmico durante a Idade Média. Nesse contexto, D. Henrique de Borgonha, participou das Guerras de Reconquista ao lado de Castela contra os muçulmanos e, em 1096, recebeu como recompensa o domínio das terras do Condado Portucalense, tornando-se o Conde de Portugal. No decorrer dessas guerras, as campanhas militares portuguesas contribuíram para aumentar os domínios de seu território, expandindo as suas fronteiras até o sul da Península Ibérica. Porém, foi seu filho, D. Afonso Henriques que em 1139 organizou a luta para conseguir a independência e se tornar rei de Portugal, de modo a continuar o processo de expansão territorial do seu reino. Observe no esquema a seguir, o traçado da atual fronteira de Portugal e a gradual ocupação do seu território desde a doação do Condado Portucalense até a sua independência com relação ao reino de Castela. Figura 4 – Formação de Portugal durante as Guerras da Reconquista Fonte: Fundação Bradesco Oficialmente Portugal só foi reconhecido como nação independente em 1143 com a assinatura do Tratado de Zamora. Desde então, D. Afonso Henriques (Afonso I) procurou consolidar a independência fazendo importantes doações à Igreja Católica, fundando diversos conventos e construindo grandes catedrais. Ele também declarou Portugal um país tributário da Santa Sé, ou seja, o país contribuiria, pagando impostos ao Vaticano, para em troca receber a proteção pontifícia do seu reino. Em 1179 o papa Alexandre III, por meio da Bula Manifestis Probatum, confirma e reconhece Portugal como país independente e seu soberano como um protegido da Igreja Católica. O renascimento comercial, favoreceu bastante o desenvolvimento português já que o país era um importante entreposto entre o Mar Mediterrâneo e o Mar do Norte. Assim, nasce nesse país uma forte burguesia ligada ao mercado das especiarias e produtos de luxo. A relativa estabilidade política que Portugal tinha alcançado foi ameaçada quando D. Fernando I morre em 1383, sem deixar herdeiros. A ausência de descendentes diretos gerou uma crise de sucessão monárquica. Dois grupos rivais passam a disputar o trono: de um lado, Dona Leonor Teles (viúva de D. Fernando), que comandava o grupo apoiado pela nobreza tradicional, defendia a união de Portugal ao reino de Castela; de outro lado, D. João, o Mestre de Avis (irmão ilegítimo de D. Fernando), que encabeçava o grupo apoiado pela burguesia, pela nobreza militar e pelas plebes urbanas e rurais. Figura 5 – Tropas portuguesas e castelhanas na Batalha de Aljubarrota Fonte: Wikimedia Commons Dessa forma, muitas batalhas foram travadas entre os portugueses e os castelhanos durante a Revolução de Avis (1383-1385), mas por fim ela consagrou o rei D. João I como o rei burguês de Portugal, que centralizou as decisões políticas, criou leis para incentivar o comércio e incentivou a expansão marítima portuguesa. A formação da França e a Guerra dos 100 Anos A dinastia Capetíngia (987-1328) foi fundada por Hugo Capeto, que se proclamou rei da França, alegando ser o herdeiro do antigo Império Carolíngio (fragmentado a partir do Tradado de Verdum em 843). Porém, até o século 12, o território francês ainda era bastante marcado pela força dos senhores feudais e a pouca eficiência do poder real. Dessa forma, foi apenas com o rei Filipe II que a dinastia Capetíngia conseguiu ganhar força. Para isso ele usou as constantes guerras contra a Inglaterra, como pretexto para centralizar o poder e formar um grande exército sustentado pelos impostos cobrados em todo o território nacional. A partir de então, o rei francês criou um articulado corpo de funcionários públicos que deveria impor a autoridade real em oposição aos senhores feudais. Paralelamente, a burguesia passou a ceder grandes quantias para que o rei garantisse a liberdade das cidades liberando-as das taxações feudais. Figura 6 – Eduardo I da Inglaterra, jurando vassalagem ao suserano Filipe IV da França Fonte: Wikimedia Commons Filipe IV, o Belo, governou o país sobre uma grave crise econômica e para superála ele criou a Assembleia dos Estados Gerais que reunia os representantes do clero (1º Estado), da nobreza (2º Estado) e dos camponeses, artesões e burgueses (3º Estado). Assim, o monarca conseguia apoio popular para impor tributos a Igreja Católica, mesmo sob a ameaça de ser excomungado. Esse monarca exterminou a ordem dos Templários e confiscou seus bens. Sua força sobre o papado influenciou o próximo conclave (reunião de Bispos católicos para eleger um novo Papa) de 1303, que nomeou um Papa francês, que se vê obrigado a transferir a sede do papado para a cidade de Avignon no sul da França. Como o clero católico estava insatisfeito com essas mudanças, eles rompem com o papa e nomeiam um novo pontífice em Roma, gerando o Cisma Católico do Ocidente (1307-1417). Dessa forma, a Igreja Católica só volta a se unificar com a eleição do Papa Martin V e o regresso da corte papal para o Vaticano. Figura 7 – Château des Papes em Avignon no sul da França Fonte: Wikimedia Commons A dinastia Capetíngia se encerra com a morte do rei Carlos IV que morre sem deixar herdeiros, gerando uma crise de sucessão que desencadeará a Guerra dos 100 Anos (1337-1453). Inicialmente, quem vence a disputa pelo trono francês é Filipe de Valois (sobrinho de Filipe o Belo), que dá origem a uma nova dinastia na França. A Dinastia dos Valois (1329-1588) foi marcada pela Guerra dos 100 anos que se estende sob a influência das graves crises de fome e com o avanço exponencial da Peste Negra, de modo que o país acaba dividido entre norte (domínio inglês) e sul (domínio francês). Nesse contexto, surge uma camponesa chamada Joana D’arc que passa a liderar, quase que de forma messiânica, alguns grupos de soldados franceses, garantindo importantes vitórias contra a Inglaterra. Apesar de sua contribuição para a vitória da França na guerra dos 100 anos, a Igreja Católica condena Joana D’arc a morrer na fogueira pelo crime de heresia em 1431. A vitória definitiva da França nessa guerra só foi atingida pelo rei Carlos VII em 1453. Figura 8 – Joana D’arc na fogueira da Inquisição Católica Fonte: Wikimedia Commons Após a vitória na Guerra dos 100 Anos, a dinastia dos Valois irá enfrentar sérios conflitos religiosos entre católicos e protestantes. Esses conflitos acarretarão na morte do rei Carlos IX que falece sem deixar herdeiros. Os católicos acusaram os protestantes de serem os responsáveis pela morte do rei e promoveram um massacre que matou centenas de protestantes franceses em 1572 na Noite de São Bartolomeu. Após esse conflito, a rainha Margot de Valois (irmã do rei Carlos IX) assume o trono francês ao lado do seu marido Henrique de Bourbon, dando início a uma nova dinastia. A dinastia dos Bourbons (1589-1789) assume o governo da França e para apaziguar os conflitos religiosos estabelece o Édito de Nantes que garante a liberdade de culto aos cidadãos franceses. Sob o reinado de Luís XIII, o país é governado pelo cardeal de Richilieu que criou leis que favoreceram a burguesia e restringiu a influência da nobreza. O apogeu do absolutismo francês foi atingido com o monarca Luís XIV, o rei sol, que construiu o luxuoso palácio de Versalhes. Essa dinastia caiu apenas no reinado de Luís XVI em consequência da Revolução Francesa. Figura 9 – Vista aérea do Palácio de Versalhes e seus jardins Fonte: Wikimedia Commons A formação da Inglaterra e a Guerra das 2 Rosas A formação da monarquia inglesa, ocorreu tardiamente, devido a sua descentralização política e as constantes guerras com a França. Assim, foi apenas durante o governo de Ricardo, Coração de Leão, no século 12, que o país se unificou sob o comando de um único rei. Porém, quando esse monarca partiu com seu exército para as cruzadas e o seu sucessor rei João, Sem Terra (irmão de Ricardo, Coração de Leão) que foi obrigado pelos nobres senhores feudais a assinar um documento que limitava os poderes do rei e submetia as suas decisões a um Grande Conselho. Figura 10 – Ricardo Coração de Leão obra de Merry-Joseph Blondel Fonte: Wikimedia Commons O prestígio e a força da monarquia só recuperam-se minimamente com a formação de um grande exército inglês para lutar na Guerra dos 100 Anos. As sucessivas vitórias da Inglaterra no início do conflito garantiam um fortalecimento do poder monárquico frente ao poder local dos nobres. Porém, com as vitórias de Joana D’arc e a consequente derrota da Inglaterra ao final dessa guerra, esse cenário de uma monarquia centralizada novamente se abala, gerando disputas internas pelo trono inglês, como foi o caso da Guerra das 2 Rosas (1455-1485). O conflito se deu, depois que o monarca Henrique VI renuncia ao trono devido estar com sérios problemas mentais. A partir daí, a família dos Yorks (representada pelo brasão da rosa branca) e dos Lancasters (representada pelo brasão da rosa vermelha) disputaram o trono inglês e a simbologia das rosas branca e vermelha deram origem ao nome do conflito. Figura 11 – Símbolo da casa dos York Figura 12 – Símbolo da casa dos Lancaster Fonte: Wikimedia Commons Fonte: Wikimedia Commons Vale lembrar que essas duas famílias nobres eram muito fortes e influentes na Inglaterra e que elas se diziam as herdeiras legítimas do trono desse país. Por fim, a guerra fez com que lutassem entre si até o enfraquecimento mútuo, o que possibilitou que uma terceira família, os Tudors, se aproveitarem desse contexto para tomar o poder e se consagrar como a nova dinastia inglesa. A dinastia Tudor (1487-1603), inicia sob o governo de Henrique VII, que estabeleceu o fim das guerras internas por meio de uma série de alianças conquistadas em casamentos de conveniência. O apogeu dessa dinastia se deu sob o reinado de Henrique VIII que rompe com a Igreja Católica, confiscando as suas terras e fundando a Igreja Anglicana. Figura 13 – Coroação da rainha inglesa Elizabeth I Fonte: Wikimedia Commons Após a morte de Henrique VIII o trono inglês passa para as mãos de sua filha Mary I, a sangrenta, (filha do primeiro casamento de Henrique VIII) que persegue os protestantes e morre alguns anos após sua posse. Assim, o poder passa para Elizabeth I, a virgem (filha do segundo casamento de Henrique VIII), que amplia as conquistas de seu pai, investindo muitos recursos na marinha inglesa ao ponto de derrotar a “Invencível Armada Espanhola” e se tornar a “Rainha dos Mares”. Durante seu reinado a monarca se aproximou da burguesia e a Inglaterra prosperou economicamente, vivendo anos de relativa estabilidade. Após sua morte, por falta de um herdeiro direto, o trono passou para seu primo James Stuart, finalizando o reinado dessa dinastia. A dinastia Stuart, (1603-1649) teve monarcas menos habilidosos para conciliar a política absolutista inglesa aos interesses da burguesia mercantil do país. Surgiu, assim, uma série de insatisfações que desencadearam na Revolução Puritana que derruba o último monarca dessa dinastia, o rei Charles I e coloca o militar Oliver Cromwell no comando da república inglesa. Curiosidade: A Itália e a Alemanha tiveram sua unificação tardiamente, quando o absolutismo monárquico europeu já havia entrado em crise. Dessa forma, durante praticamente toda a Idade Moderna, essas nações não existiram como um país unido ou com um governo centralizado, ou seja, elas mantinham o poder local dos principados. ATIVIDADES 1.Observe a imagem que mostra a Rendição de Granada de Francisco Pradilla Ortiz: Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Reconquista#/media/File: La_Rendici%C3%B3n_de_Granada_-_Pradilla.jpg>. Acesso em: 24 fev. 2016. 16h. Sabe-se que essa batalha de cristãos contra muçulmanos foi bastante importante no processo de formação das monarquias nacionais ibéricas. Nesse contexto, explique qual foi o fator comum no processo de formação da monarquia espanhola e portuguesa. 2. O conflito se caracterizou pela disputa de duas nações que queriam exercer o controle de alguns territórios e dos respectivos impostos de suas áreas mercantis. Esse domínio de importantes áreas econômicas era necessário para o fortalecimento de qualquer monarquia que pretendia realizar uma centralização política. Nesse contexto, pode-se dizer que as nações envolvidas na Guerra dos 100 Anos eram a) a França e a Inglaterra. b) a Espanha e a França. c) a Inglaterra e Portugal. d) a Espanha e Portugal. e) a Inglaterra e a Espanha. 3. O absolutismo inglês foi tardio. Por anos, os reis ingleses tiveram que se submeter a pressão política dos nobres que exerciam o poder local. Assim, a monarquia inglesa praticamente só ganhou força durante a dinastia Tudor. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Henrique_VIII_de_Inglaterra#/media/File:After_Hans_ HOLBEIN_the_younger_-_King_Henry_VIII_-_Google_Art_Project.jpg>. Acesso em: 24 fev. 2016. 17h. Nesse contexto, pode-se afirmar que o rei Henrique VIII fortaleceu o seu governo na medida em que ele a) aliou-se aos Católicos Ortodoxos do Império Bizantino. b) rompeu com a França declarando apoio a Guerra das 2 Rosas. c) aliou-se a coroa espanhola para formar a Invencível Armada. d) rompeu com a Igreja Católica, confiscando as suas terras. e) absteve-se da Guerra da Reconquista da Península Ibérica. LEITURA COMPLEMENTAR Joana D’arc Joana D’arc nasceu na França, no ano de 1412, no lugarejo de Domrémy. No contexto histórico do século 15, a França se encontrava em meio a uma “turbulência” política, social e econômica. O rei Carlos VI estava doente e, por suas ausências no governo, a rivalidade entre a casa da França e a casa de Borgonha (também na França) acentuou-se. A França, no século 15, encontrava-se quase que em uma total anarquia e permeada por motins e assassinatos. Assim, os conflitos civis e a desordem social estavam instalados na França. Dentro desse contexto, a Inglaterra, sob o comando do rei Henrique V, viu a oportunidade de tomar o poder na França. No ano de 1422, no entanto, o rei Carlos VI, da França, e o rei inglês Henrique V, morreram. A irmã de Carlos VI, casada com Henrique V, assumiu a regência do trono francês. Sem nenhum sucessor para o trono francês, os ingleses aproveitaram para uma possível invasão da França. No momento em que a França estava sendo invadida pelos ingleses, surgiu a figura mítica da história francesa: Joana D’arc, insatisfeita com o governo britânico, assim como os camponeses e populares. Joana, quando era criança, divertia-se normalmente, brincava, mas tinha responsabilidade sobre outros afazeres: tomava conta do rebanho de carneiros, costurava e cuidava dos serviços domésticos. A religiosidade era outra característica presente na vida de Joana D’arc, tanto é que, aos 12 anos de idade, conta-se que a menina afirmou ter ouvido vozes vindas do céu que lhe diziam para salvar a França e coroar o rei. Em certo dia, Joana escreveu ao rei uma carta, pedindo conselhos, e o rei aceitou recebê-la (os motivos da concordância do rei são desconhecidos). Dessa maneira, Joana D’arc partiu para a corte no dia 13 de fevereiro de 1429 e chegou ao Castelo de Chinon, residência do rei Carlos VII (filho de Carlos VI. É interessante ressaltar que a Inglaterra não reconhecia a legitimidade do governo de Carlos VII), no dia 23 de fevereiro. As primeiras palavras de Joana para o rei foram em relação à visão que havia tido. Entretanto, o rei somente acreditou em Joana quando ela falou sobre os vários pedidos que ele fizera a Deus, enquanto rezava solitário na Igreja. Após ser testada também por teólogos, Joana D’arc recebeu do rei uma espada, um estandarte e o comando geral dos exércitos franceses. Joana queria atacar a região de Orleans sob o comando dos ingleses, por isso enviou um aviso a eles: “A vós, ingleses, que não tendes nenhum direito neste Reino de França, o Rei dos Céus vos ordena, e manda, por mim, Joana, a Donzela, que deixeis vossas fortalezas e retorneis para vosso país, caso contrário farei grande barulho” *. A guerreira e a tropa francesa mobilizada pelo rei Carlos VII conseguiram empreender vitórias em diversas batalhas. Essa disputa ficou conhecida na história como a Guerra dos Cem Anos (1337-1453), da qual a França saiu vitoriosa, conseguindo expulsar os ingleses, principalmente do norte da França. Após a expulsão dos britânicos, os nobres franceses, representados pelo rei Carlos VII, temerosos de uma forte aliança popular entre Joana D’arc e a população camponesa, entregaram-na para os ingleses. Joana foi morta, queimada na fogueira, no ano de 1430 sob a acusação de bruxaria. No ano de 1453, a Guerra dos Cem Anos terminou com a assinatura do Tratado de Paz entre França e Inglaterra. * Trecho entre aspas retirado de: GARÇON, Maurice. Joana D’Arc. Uma santa em armas. In: Biografias. Os grandes nomes da Humanidade. Revista História Viva, nº 2, São Paulo: Duetto-Editorial, pp. 64-69 CARVALHO, Leandro. Joana D'arc. Brasil Escola. Disponível em: <http://brasilescola.uol.com.br/ historia/joana-d-arc.htm>. Acesso em: 24 de fev. 2016. 16h. Figura 14 – Joana D’arc volta para casa vitoriosa Fonte: Wikimedia Commons REFERÊNCIAS ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado Absolutista. São Paulo: Brasiliense, 1985. BATISTA NETO, Jônatas. História da Baixa Idade Média (1066-1453). Coleção Básica Universitária, São Paulo: Ática, 1989. CARVALHO, Leandro. Joana D'arc. Brasil Escola. Disponível em: <http://brasilescola.uol.com.br/historia/joana-d-arc.htm>. Acesso em: 24 de fev. 2016. 15h. DOBB, Maurice. A evolução do capitalismo. Rio de Janeiro: Zahar, 1972. PAIS, Marco Antonio de Oliveira. O despertar da Europa: a Baixa Idade Média. São Paulo: Atual, 1992 REILLY, Bernard F. Cristãos e muçulmanos: a luta pela Península Ibérica. Lisboa: Teorema, 1998. WIKIMEDIA COMMONS. Château des Papes em Avignon no sul da França. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Fa%C3%A7ade_du_Palais_des_Papes. jpg>. Acesso em: 22 fev. 2016. 14h. WIKIMEDIA COMMONS. Coroação da rainha inglesa Elizabeth I. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Elizabeth_I_in_coronation_robes.jpg>. Acesso em: 23 fev. 2016. 14h. WIKIMEDIA COMMONS. Eduardo I da Inglaterra, jurando vassalagem ao suserano Filipe IV da França. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/ wiki/File:Hommage_d_%C3%89douard_Ier_%C3%A0_Philippe_le_Bel.jpg>. Acesso em: 22 fev. 2016. 12h. WIKIMEDIA COMMONS. Joana D’arc na fogueira da Inquisição Católica. 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Acesso em: 22 fev. 2016. 11h. WIKIMEDIA COMMONS. Vista aérea do Palácio de Versalhes e seus jardins. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Vue_a%C3%A9rienne_du_domaine_ de_Versailles_par_ToucanWings_-_Creative_Commons_By_Sa_3.0_-_073.jpg>. Acesso em: 22 fev. 2016. 16h. WIKIMEDIA COMMONS. Vista da “Ponte Romana” e da “Catedral de Córdoba” na atual Espanha. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/ wiki/File:Puente_romano_y_mezquita.jpg>. Acesso em: 22 fev. 2016. 10h. GABARITO 1. Comentário: O Fator comum que marcou o processo de formação da monarquia nacional portuguesa e espanhola foram as Guerras da Reconquistas, onde os Reinos Católicos expandiam seus territórios e domínios sobre as áreas do centro e sul da Península Ibérica que, desde a Alta Idade Média, eram ocupadas pelos Mouros (muçulmanos). 2. Alternativa A. Comentário: Na Guerra dos 100 Anos, França e Inglaterra disputaram o domínio político da coroa francesa e, também, o domínio econômico da região norte da França e a região dos Flandres, onde existiam importantes áreas comerciais. 3. Alternativa D. Comentário: Para acabar com a força que a Igreja católica exercia sobre os monarcas da Inglaterra e, também, para aumentar o capital da coroa inglesa, o rei Henrique VIII, aproveita-se que o Papa se recusava a anular seu casamento por falta de um herdeiro varão, como pretexto para romper com a Igreja Católica, confiscar as suas terras e criar uma nova religião que seria comandada pelo monarca (o Anglicanismo).