A.4.3 - Química Ambiental. Biodegradação do pesticida piretroide esfenvalerato por bactérias de ambiente marinho Willian G. Birolli1, Eloá B. Meira2, Marcia Nitschke3, André L. M. Porto3* 1. Doutorando do Instituto de Química de São Carlos – Universidade de São Paulo, [email protected] 2. Aluna de IC do Instituto de Química de São Carlos – Universidade de São Paulo 3. Professor do Instituto de Química de São Carlos – Universidade de São Paulo Palavras Chave: Biotransformação, inseticida, Kocuria marina. Introdução O esfenvalerato é um inseticida da classe dos piretróides amplamente utilizado. Atualmente sua biodegradação vem sendo amplamente estudada visando a busca de novos biocatalisadores de diversos ambientes (Birolli et al., 2014; Hu et al., 2014; Wang et al., 2011). Sendo assim, bactérias marinhas podem apresentar enzimas únicas e com diversas vantagens para o processo biodegradativo (Dash et al., 2013). Este trabalho visou o estudo da biodegradação do esfenvalerato por bactérias isolada de esponjas marinhas. residual de 67,3 mg L-1 de esfenvalerato. Foi observado que o FBAld foi completamente consumido por todas as linhagens, logo conclui-se que ele é rapidamente biotransformado. O FBAc e o CLAc foram os principais metabólitos de biodegradação, fato importante uma vez que estes compostos também são tóxicos e podem representar perigo à saúde e ao meio ambiente. Com os metabólitos identificados foi possível a elaboração de uma rota de biodegradação (Figura 1). Tabela 1. Concentração do Esf. e de seus metabolitos. Linhagem Resultados e Discussão O pesticida esfenvalerato (Esf, 98%, Sigma-Aldrich) e seus principais metabólitos de biodegradação [3fenoxibenzaldeído (FBAld, 98%, Sigma-Aldrich), ácido 3fenoxibenzoico (FBAc, 98%, Sigma-Aldrich) e ácido 2-(4clorofenil)-3-metilbutanoico (ACl, 96%, Sigma-Aldrich) foram quantificados utilizando um método validado. A formulação comercial do pesticida esfenvalerato denominada Sumidan 150SC foi doada pela empresa IHARABRAS S.A., com a seguinte composição: esfenvalerato (150 g L-1); xileno (160 g.L-1) e outros ingredientes não especificados (720 g.L-1). Alíquotas de 1 ml (108 UFC mL-1) de suspensão das bactérias Kocuria sp. CBMAI 135, Kocuria sp. CBMAI 136, Kocuria marina CBMAI 141, Kocuria sp. CBMAI 145 foram inoculados em frascos Erlenmeyers de 125 mL contendo 50 mL de caldo nutriente (Himedia). Cada linhagem foi cultivada durante 24 h para um crescimento adequado das células em agitador orbital a temperatura de 30 °C e 150 rpm e, posteriormente, foram adicionados 100 mg L-1 de esfenvalerato (formulação comercial SUMIDAN 150SC) para a biodegradação que ocorreu durante 5 dias. Os metabólitos gerados foram identificados por CG-EM e por LC-Tof e comparados com padrões analíticos. Figura 1. Proposta de rota de biodegradação do esfenvalerato por bactérias de ambiente marinho. Foi possível observar pela diminuição da concentração residual do esfenvalerato (105,5-67,3 mg L-1) e formação dos metabolitos (PBAc 0,9-2,4 mg L-1 e CLAc 1,5-1,6 mg L-1) que todas as linhagens aceleraram a degradação do esfenvalerato quando comparado com o controle abiótico (Tabela 1). A bactéria Kocuria marina CBMAI 145 apresentou o melhor resultado de biodegradação com um c. Esf. (mg mL-1) 98,9±2,2 c. PBAc (mg mL-1) NQa c. PBAld (mg mL-1) 1,1±1,1 c. CLAc (mg mL-1) NDd Abiotic control Method 103±3 (%) 80±8 (%) 80±6 (%) 80±6 (%) Recovery Kocuria sp. 80,9±3,0 0,9±0,1 NDb NDd CBMAI 135 Kocuria sp. 101,6±2,5 2,4±0,4 NDb 1,6±0,1 CBMAI 136 Kocuria marina 67,3±11,8 1,8±0,3 NDb 1,5±0,2 CBMAI 141 Kocuria sp. 105,5±0,4 1,3±0,1 NDb NDd CBMAI 145 ND = Não detectado; c = concentração determinada por HPLC Conclusões Bactérias marinhas do gênero Kocuria são capazes de biodegradar o esfenvalerato com diferentes eficiências, com destaque para a linhagem Kocuria marina CBMAI 141 que pode ser empregada em futuros estudos de biorremediação. Foi possível elaborar uma rota de biodegradação do esfenvalerato frente os metabolitos identificados Agradecimentos Willian G. Birolli agradece ao CNPq e Eloá B. Meira à Superintendência de Gestão Ambiental (SGA) da Universidade de São Paulo (USP) pela concessão de bolsas. André L. M. Porto e Marcia Nitschke agradecem ao Núcleo de Pesquisas em Ciência e Tecnologia de Biorrecursos (CiTecBio). ____________________ Birolli, W.G., Alvarenga, N., Vacondio, B., Seleghim, M.H.R., Porto, A.L.M. 2014. Growth Assessment of Marine-Derived Fungi in the Presence of Esfenvalerate and its Main Metabolites. Journal of Microbial & Biochemical Technology, 6(5), 260-267. Dash, H.R., Mangwani, N., Chakraborty, J., Kumari, S., Das, S. 2013. Marine bacteria: potential candidates for enhanced bioremediation. Applied Microbiology and Biotechnology, 97(2), 561-571. Hu, G.P., Zhao, Y., Song, F.Q., Liu, B., Vasseur, L., Douglas, C., You, M.S. 2014. Isolation, identification and cyfluthrin-degrading potential of a novel Lysinibacillus sphaericus strain, FLQ-11-1. Research in Microbiology, 165(2), 110-118. Wang, B.-z., Ma, Y., Zhou, W.-y., Zheng, J.-w., Zhu, J.-c., He, J., Li, S.-p. 2011. Biodegradation of synthetic pyrethroids by Ochrobactrum tritici strain pyd-1. World Journal of Microbiology & Biotechnology, 27(10), 2315-2324. 67ª Reunião Anual da SBPC