Bactérias aceleram processo de biodegradação de

BACTÉRIAS ACELERAM PROCESSO DE
BIODEGRADAÇÃO DE AGROTÓXICOS AGRÍCOLAS
Itamar Soares de Melo
Jaguariúna, fevereiro 2006.
Os danos ambientais provocados pelos agrotóxicos não se restringem à
contaminação de alimentos. A biodegradação de poluentes orgânicos no solo é
um processo que, para algumas substâncias, pode durar anos. O DDT, por
exemplo, leva 21 anos para se decompor. Uma alternativa para acelerar esse
fenômeno natural é a utilização de microorganismos.
No Brasil, terceiro maior consumidor de pesticidas do planeta, o uso de
bactérias e fungos para biorremediar áreas contaminas é uma atitude recente.
Uma das poucas instituições que pesquisam nessa área é a Embrapa Meio
Ambiente, localizada em Jaguariúna (SP). Em seis anos de estudos, foram
obtidos resultados satisfatórios com o emprego de bactérias Acinetobacter sp
como degradadora de herbicidas.
Presentes no solo, essas bactérias se alimentam dos pesticidas que vão
se depositando. Multiplicadas em laboratório e devolvidas à terra sob a forma
de grânulos compostos de argila e alginoto (polímero usado para dar liga na
mistura), as bactérias aceleram o processo natural de biodegradação. O Diuron
é um exemplo de herbicida que pode ter sua vida útil reduzida com o composto
da bactéria. Usado no controle de plantas daninhas nas culturas de citros,
cana-de-açúcar e milho, o Diuron, pelos métodos naturais demora em média
90 dias para se degradar. Em solo tratado, esse tempo de biodegradação é
reduzido pela metade. Outros herbicidas como o Propanil (usado no cultivo do
arroz) e a Atrazina (culturas diversas) também têm sua vida útil reduzida pela
aplicação de microorganismos no solo.
Para os fungicidas há microorganismos que degradam cerca de 60% do
produto absorvido no solo. Um deles, o Benomil, é utilizado contra a podridão
do morango, maçã e uva e para controle de fungos patogênicos que persistem
durante meses no solo. Para que esse fungicida não cause mutações nos
fungos biodegradáveis, foram isolados fungos e bactérias capazes de degradar
o produto em moléculas menos tóxicas, permitindo uma limpeza da área
contaminada.
Os
microorganismos
proporcionam
a
mineralização,
desaparecimento completo do poluente, sem deixar resíduos, possibilitando a
rotação de culturas em uma mesma área. Caso o agricultor cultive a mesma
lavoura durante anos seguidos, sempre aplicando herbicidas, mais tarde poderá
haver dificuldade no cultivo de outras espécies em decorrência dos resíduos
desses agrotóxicos.
Acelerando a biodegradação com a dispersão do composto, o solo fica
apto a receber outras culturas em menos tempo. Com o tratamento do terreno,
os pesquisadores esperam evitar que se verifique com novas áreas o que
ocorreu no passado com lavouras tratadas com agrotóxicos hoje proibidos, que
já se incorporaram ao solo e tornaram-se indisponíveis para o ataque de
microorganismos. Alguns desses poluentes proibidos como o DDT e o dieldrin
constam da lista dos "12 sujos" abolidos em recente convenção em
Estocolmo, Suécia.
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